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O ex-presidente da CBF, José Maria Marin, não vai fechar um acordo de delação premiada com a Justiça norte-americana caso seja extraditado e não pretende entregar dados sobre outras pessoas envolvidas em supostos esquemas de corrupção no Brasil. A reportagem revelou com exclusividade que o ex-dirigente já considera aceitar a extradição aos Estados Unidos e negocia um acordo para poder aguardar o julgamento em prisão domiciliar.

A decisão sobre o destino do brasileiro seria tomada nesta semana. Mas deve ficar para o período entre os dias 22 e 24 deste mês por causa da presença na Suíça da procuradora-geral dos EUA, Loretta Lynch. A defesa dos acusados alertou que uma decisão de extradição aos Estados Unidos com a representante norte-americana em Zurique daria uma sinalização de que Washington estaria ditando o ritmo do processo.

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Marin e outros cartolas foram detidos no dia 27 de maio na cidade suíça e a pedido da Justiça norte-americana. Segundo o inquérito dos norte-americanos, o brasileiro teria pedido que parte da propina relativa à Copa do Brasil fosse direcionado a ele, em uma conversa gravada com o empresário José Hawilla. Ele também aparece quando uma das empresas que comprou os direitos para a Copa América indica a distribuição de propinas para os dirigentes sul-americanos.

Um dos cenários que está sendo planejado por sua defesa é a transferência aos Estados Unidos. O brasileiro tem um apartamento em Nova York e negocia uma fiança milionária que o permitisse ficar em prisão domiciliar enquanto o julgamento ocorre.

Um dos impasses na negociação, porém, é o valor da fiança. Apesar de ter recebido uma oferta de "milhões", a Justiça norte-americana ainda não aceitou o montante e insiste que precisa de "mais garantias financeiras".

Segundo fontes do Departamento de Justiça, o que foi descartado por enquanto é uma delação premiada. Se inicialmente o FBI insistiu em conseguir de Marin uma colaboração, a proposta foi retirada da mesa.

Conforme a reportagem revelou, a Justiça norte-americana investiga Marco Polo Del Nero, presidente da CBF. A esperança do FBI era de que Marin pudesse contribuir para dar detalhes sobre Del Nero, assim como sobre Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. Fontes próximas ao caso indicam que vão voltar a fazer a proposta uma vez que Marin esteja nos Estados Unidos. Mas que essa não será mais uma condição para um acordo inicial para garantir sua prisão domiciliar.

INTERROGATÓRIO - Na Suíça, Marin também não colaborou com as investigações conduzidas pelo Ministério Público sobre a corrupção no futebol conduzida por Berna. O brasileiro foi alvo de 50 perguntas em um interrogatório. Mas permaneceu em silêncio. Fontes do MP confirmaram que Marin fez parte da tentativa dos investigadores de entender o papel dos cartolas nos esquemas sob suspeita.

Uma fonte que esteve recentemente com o brasileiro contou que o cartola está "ansioso" diante da aproximação da data da decisão. Sem falar inglês ou alemão, Marin se comunica pouco na prisão. Ele passou os seus mais de três meses apenas lendo e deixou a barba crescer.

Marin também abandonou a ideia de escrever um diário. Orientado por seus advogados suíços, o brasileiro entregou tudo o que havia escrito. Caso ele seja extraditado, a decisão prevê que ele seja imediatamente retirado da prisão e levado para um avião. Tudo o que ficaria em sua cela seria confiscado pela polícia e o temor é de que o conteúdo do diário pudesse acabar vazando.

NA CBF - Marco Polo Del Nero articula a sua licença da presidência da CBF, mas vai ter de esperar para saber se o vice que quer pôr em seu lugar, Marcus Vicente, poderá assumir. Deputado federal, Vicente (PP-ES) fez consulta à Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) para esclarecer se poderia exercer ao mesmo tempo o mandato e a presidência da CBF. O relator Rubens Pereira Júnior (PC do B-MA) deu parecer favorável.

Mas nesta terça-feira a CCJ adiou a decisão porque cinco deputados pediram vistas. A dúvida é porque haverá acúmulo de salários. Pedindo licença, Del Nero, na mira do FBI e alvo da CPI do Futebol, poderá escolher quem fica em seu lugar. Se renunciar, o cargo passaria para Delfim Peixoto, da Federação Catarinense, seu adversário.

A decisão sobre o pedido de extradição de José Maria Marin, ex-presidente da CBF, da Suíça para os Estados Unidos foi adiada para a semana que vem. Fontes próximas ao caso indicaram à reportagem que o processo deveria estar concluído até dia 18. Mas, diante da presença da procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, na Suíça a defesa dos acusados pressionou para que os casos fossem julgados só depois de sua passagem pelo país.

Além de Marin, outros cinco dirigentes do futebol estão detidos em Zurique e aguardam também extradição. A defesa dos acusados alertou que uma decisão de extradição aos Estados Unidos com a presença da representante americana na cidade daria uma sinalização de que Washington estaria ditando o ritmo do processo. Agora, a nova previsão é de uma decisão entre os dias 22 e 24 de setembro.

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O Estado revelou com exclusividade que Marin poderá aceitar sua extradição aos Estados Unidos. Apesar de caber uma apelação à decisão dos suíços, sua defesa considera que, se o julgamento for "forte", ele abrirá mão de um recurso, o que prorrogaria o caso até o final do ano.

Marin e outros seis cartolas foram detidos no dia 27 de maio na cidade suíça à pedido da Justiça americana. Um dos dirigentes, Jeffrey Webb, aceitou de forma voluntária ser extraditado aos Estados Unidos. Mas os demais, entre eles Marin, optaram por questionar o processo. No caso de Marin, seus advogados apresentaram uma defesa baseada no fato de que não existiria base legal para a extradição e que as provas seriam "frágeis".

Segundo o inquérito dos americanos, Marin teria pedido que parte da propina relativa aos direitos de transmissão da Copa do Brasil fosse direcionado a ele, numa conversa gravada com o empresário José Hawilla. Ele também aparece quando uma das empresas que comprou os direitos para a Copa América indica a distribuição de propinas para os dirigentes sul-americanos.

Caso os suíços optem por extraditar o brasileiro para os Estados Unidos, Marin poderá ainda recorrer, o que deve arrastar o processo até o final do ano. Inicialmente, seus advogados indicaram que essa seria a estratégia.

Mas, agora, montaram pelo menos dois cenários diferentes. Se sentirem que a sentença é "frágil", um recurso de fato vai ser apresentado e vão recomendar a Marin que "aguente firme" na prisão por mais alguns meses.

Mas caso a decisão dos suíços de sinais de que não estão dispostos a reconsiderar o caso, a defesa do brasileiro acredita que apresentar um recurso seria apenas "perda de tempo" e que apenas prolongaria a permanência de Marin na prisão de Zurique.

O brasileiro tem um apartamento em Nova York e, pela lei, poderia negociar uma fiança milionária com os Estados Unidos que o permitisse ficar em prisão domiciliar enquanto o julgamento ocorre.

Uma fonte que esteve recentemente com o brasileiro contou que o cartola está "ansioso" diante da aproximação da data da decisão, e que deseja "mudar de ambiente". Sem falar inglês ou alemão, Marin se comunica pouco na prisão. Ele passou os mais de três meses em que está detido apenas lendo. Para garantir que o preso de 84 anos não se sentisse isolado, seus advogados organizaram uma agenda de três visitas semanais, apenas para manter ocupada a semana do cartola.

Quem esteve com ele conta que já não fala mais de futebol, não pergunta nem da seleção brasileira e nem do São Paulo, seu time. Ri pouco, anda sério e de cabeça baixa e apenas abraça quem o visita. Os visitantes ainda tentam animar o cartola com histórias e dizem que o foco no Brasil já mudou para a CPI do Futebol e a situação de Marco Polo Del Nero. Para testar se ele não entraria numa depressão ou lapso de memória, seus advogados ainda fazem perguntas para avaliar suas respostas.

José Maria Marin, o ex-presidente da CBF e preso em Zurique, poderá aceitar a sua extradição aos Estados Unidos. Nesta semana, a Justiça da Suíça anunciará a sua decisão de extraditar ou não o brasileiro, como haviam pedido os norte-americanos. Apesar de caber uma apelação, sua defesa considera que, se a decisão dos suíços for "forte", ele abrirá mão de um recurso, o que prorrogaria o caso até o final do ano.

Marin e outros seis cartolas foram detidos no dia 27 de maio na cidade suíça e a pedido da Justiça norte-americana. Um dos dirigentes, Jeff Webb, aceitou de forma voluntária ser extraditado aos Estados Unidos. Mas os demais, entre eles Marin, optaram por questionar o processo. No caso de Marin, seus advogados apresentaram uma defesa baseada no fato de que não existia base legal para a extradição e que as provas eram "frágeis".

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Segundo o inquérito dos norte-americanos, Marin teria pedido que parte da propina relativa à Copa do Brasil fosse direcionado a ele, em uma conversa gravada com o empresário José Hawilla. Ele também aparece quando uma das empresas que comprou os direitos para a Copa América indica a distribuição de propinas para os dirigentes sul-americanos.

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Caso os suíços optem por extraditar o brasileiro para os Estados Unidos, Marin poderá ainda recorrer, o que deve arrastar o processo até o final do ano. Inicialmente, seus advogados indicaram que essa seria a estratégia. Mas, agora, montaram pelo menos dois cenários diferentes. Se sentirem que a sentença é "frágil", um recurso de fato vai ser apresentado e vão recomendar a Marin que "aguente firme" na prisão por mais alguns meses.

Caso a decisão dos suíços dê sinais de que não estão dispostos a reconsiderar o caso, a defesa do brasileiro acredita que apresentar um recurso seria apenas "perda de tempo" e apenas prolongaria a situação de Marin na prisão de Zurique.

O brasileiro tem um apartamento em Nova York e, pela lei, poderia negociar uma fiança milionária com os Estados Unidos que o permitisse ficar em prisão domiciliar enquanto o julgamento ocorre.

Uma fonte que esteve recentemente com o brasileiro contou que o cartola está "ansioso" diante da aproximação da data da decisão, que pode ocorrer a partir desta terça-feira, e quer "mudar de ambiente". Sem falar inglês ou alemão, Marin se comunica pouco na prisão.

O dirigente passou os seus mais de três meses apenas lendo. Para garantir que o preso de 84 anos não se sentisse isolado, seus advogados organizaram uma agenda de três visitas semanais, apenas para manter ocupada a semana do cartola.

Quem esteve com Marin conta que já não fala mais de futebol, não pergunta nem da seleção brasileira nem do São Paulo, seu time. Ri pouco, anda sério e de cabeça baixa e apenas abraça quem o visita. Os visitantes ainda tentam animar o cartola com histórias e dizem que o foco no Brasil já mudou para a CPI do Futebol e a situação de Marco Polo Del Nero.

NOVAS REVELAÇÕES - A decisão sobre Marin ainda ocorre no mesmo momento em que a procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, realiza em Zurique nesta segunda-feira um novo anúncio dos avanços nas investigações sobre a corrupção na Fifa que começaram em maio. Essa será a primeira visita da norte-americana aos suíços desde a eclosão do caso.

Michel Lauber, o procurador suíço, também fará novas revelações sobre o que sua investigação descobriu sobre a suspeita de compras de votos para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia, e de 2022, no Catar.

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A primeira reunião de trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), realizada nessa terça-feira (4), resultou na criação de comissões de senadores para ouvir, na Suíça, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, e, nos Estados Unidos, o empresário José Hawilla, presos por envolvimento em corrupção no futebol.

Os requerimentos aprovados são de autoria do presidente da CPI, senador Romário (PSB-RJ), que também ficará encarregado de designar os membros das duas comitivas. A votação ocorreu na ausência do relator da CPI, senador Romero Jucá (PMDB-RR), que não participou da reunião.

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“Fiquei e fico feliz com o começo da CPI, apesar da ausência do relator. Acho que o que ocorreu hoje mostra que a CPI quer de fato mudar alguma coisa”, declarou Romário ao fim do encontro.

Romário também anunciou uma reunião com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e membros do Ministério Público e da Polícia Federal, de modo a definir a melhor estratégia para que as autoridades brasileiras solicitem às polícias suíça e norte-americana informações sobre as investigações que resultaram na prisão de Marín e Hawilla.

“Sou atacante nato e não será diferente na CPI. Vou me cercar de pessoas do bem, que queiram realmente que a CPI dê resultado. Por isso, os requerimentos para pedir apoio de pessoas do Ministério Público, da Polícia Federal, do TCU e de profissionais que realmente possam ajudar em todos os sentidos, de modo que possamos fazer um trabalho sério e verdadeiro”, explicou Romário.

A investigação americana sobre episódios de fraude e corrupção na Federação Internacional de Futebol (Fifa), inclusive na escolha dos países-sede das copas de 2008 e 2010, motivou a criação da CPI da CBF no Brasil. Marin e Hawilla foram presos por causa de denúncias do FBI, em parceria com a polícia suíça.

De acordo com o presidente da CPI, a expectativa é que na próxima semana o relator possa apresentar um plano de trabalho aos demais membros da comissão. Com o plano, também deve ser apresentado um cronograma, que deverá guiar os próximos passos da CPI.

José Maria Marin tenta prorrogar ao máxima sua detenção na Suíça e evitar uma extradição aos Estados Unidos. Os advogados do ex-presidente da CBF entraram com um pedido perante o Ministério Público em Berna para que sejam beneficiados com uma extensão do prazo para defender o brasileiro. Marin tinha até esta terça-feira para apresentar sua defesa contra a extradição por escrito. Agora, terá até o dia 10 de agosto.

Preso no dia 27 de maio em Zurique, Marin é acusado de corrupção pela Justiça dos Estados Unidos. A procuradoria-geral em Nova York pediu sua extradição para que responda a processo no país. Na Suíça, a meta de seus advogados é o de adiar ao máximo a extradição.

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Há duas semanas, o brasileiro foi ouvido pela Justiça suíça. O interrogatório não se referia aos supostos crimes, mas sim sobre a questão da extradição. Marin se recusou a ser voluntariamente enviado aos Estados Unidos e seus advogados argumentam que as provas apresentadas pelos americanos são "frágeis". Agora, terão de apresentar por escrito essa argumentação, na esperança de impedir a extradição. Se convencerem os juízes suíços, Marin então estaria livre e poderia retornar ao Brasil.

Advogados indicaram que uma recusa dos suíços de extraditar Marin ainda teria outra consequência: Marco Polo Del Nero poderia voltar a viajar, com a segurança de que a investigação envolvendo membros da CBF estaria enfraquecida. Em setembro, por exemplo, a Fifa volta a se reunir e sua esperança é de que, até la, o ex-presidente da CBF já esteja de volta ao Brasil.

Desde que voltou à pressas ao Brasil depois da prisão de Marin, Del Nero evitou deixar o território nacional. O presidente da CBF foi nem à Copa América no Chile, às reuniões da Fifa em Zurique, ao Mundial Feminino no Canadá, ao Mundial Sub-20 na Nova Zelândia, ao Mundial de Futebol de Areia em Portugal ou ao sorteio das Eliminatórias na Rússia.

Mas a Suíça já deu claras indicações de que considera que o pedido dos Estados Unidos tem "base legal". Entre os dias 22 e 26 de maio, antes das prisões, a solicitação americana foi considerada até mesmo pela ministra da Justiça, Simonetta Sommaruga.

A nota enviada anteriormente continha um erro de concordância no título. Segue a versão corrigida:

A administração da prisão onde José Maria Marin está preso na Suíça desde o fim de maio ofereceu aos dirigentes de futebol um trabalho para ajudar a passar o tempo. O brasileiro pode atuar em um setor de etiquetagem, em um de preencher endereços em pacotes para os serviços de correio e até mesmo ser ajudante de cozinheiro. Por dia, o ex-presidente da CBF receberia até R$ 60 pelos trabalhos prestados.

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Nem a administração nem os advogados confirmaram se Marin aceitou a oferta de emprego. Mas a proposta foi feita a todos os seis dirigentes de futebol detidos no país e que aguardam uma decisão sobre a eventual extradição aos Estados Unidos.

Preso desde o dia 27 de maio, o brasileiro se recusou a ser enviado de forma voluntária para os Estados Unidos, onde é acusado de corrupção e pode pegar 20 anos de prisão.

Entre as acusações está a de ter recebido pelo menos US$ 3 milhões por edição da Copa América, até 2019, além de mais de R$ 2 milhões por edição da Copa do Brasil, dinheiro que seria compartilhado com Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira.

Como o processo sobre a extradição pode ser longo, a administração carcerária suíça decidiu oferecer alternativas aos prisioneiros. Pelas regras, ele passam 23 horas do dia dentro da cela e apenas uma fora.

Aceitar um emprego de etiquetagem, por exemplo, significaria para Marin que poderia sair do pequeno espaço de que dispõe por mais tempo. O trabalho, porém, seria feito dentro da própria prisão. Na sua cela, Marin tem uma televisão e pode ler livros da biblioteca do local. Mas não tem nem celular nem internet.

Em agosto, a Suíça deve anunciar a sua primeira decisão sobre Marin. Caso a opção seja pela extradição, o brasileiro pode recorrer ainda a duas instâncias, o que atrasaria uma definição até o fim do ano. Seus advogados revelaram em maio que vão recorrer até onde for possível para tentar evitar a extradição.

Nos Estados Unidos, a esperança é de que Marin aceite colaborar nas investigações, o que reduziria bem sua pena. Para isso, porém, teria de revelar como o esquema funcionava.

O ex-presidente da CBF José Maria Marin se recusa a ser extraditado voluntariamente aos Estados Unidos e contrata para uma longa batalha jurídica um ex-chefe do Departamento de Justiça da Suíça. Nesta terça-feira (14), as autoridades suíças realizaram a primeira audiência com o cartola, preso desde o dia 27 de maio em Zurique, a pedido dos EUA. Ele é acusado de corrupção e fraude.

Segundo seus advogados, Marin não aceitou a extradição, o que obriga a Justiça suíça a abrir um procedimento e dar uma primeira resposta até 13 de agosto. Em sua defesa, os advogados de Marin insistiram que a documentação americana não trazia provas suficientes de um crime que, mesmo que houvesse, eles não seriam reconhecidos pelas leis suíças.

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Conforme a reportagem revelou na semana passada, as autoridades não o questionaram se ele era ou não inocente. O que se julga é apenas o pedido de extradição dos EUA, algo que os suíços já indicaram que "tem base".

O "não" de Marin deu início a um longo processo. Se os suíços autorizarem a extradição, ele ainda tem outras duas instâncias para recorrer, o que promete atrasar o processo até pelo menos o final do ano.

Até la, um dos advogados contratados para lutar contra a Justiça suíça é justamente um ex-funcionário de alto escalão do governo suíço. Ao lado de Georg Friedli, o principal advogado no caso, Marin será defendido por Rudolf Wyss, o ex-vice-diretor do Departamento de Justiça da Suíça.

Há poucos anos, ele ficou conhecido por ter sugerido aos banqueiros suíços que, se não quisessem ser presos nos EUA, que não viajassem mais para visitar clientes americanos. A administração de Barack Obama fez uma ofensiva contra as contas secretas. Ele ainda trabalhou na Polícia Federal suíça, responsável por todos os temas de cooperação internacional entre 1996 e 2011. Entre os casos mais emblemáticos de sua carreira na Justiça suíça estão os confiscos de fortunas relacionadas a ditadores asiáticos e africanos, como o nigeriano Sani Abacha.

A Justiça da Suíça vai se pronunciar até o dia 13 de agosto sobre o pedido de extradição de José Maria Marin feito pelos Estados Unidos. Advogados ligados ao caso disseram à reportagem que o ex-presidente da CBF será ouvido nesta terça-feira em Zurique em uma audiência. Ele e seus advogados pretendem rejeitar a extradição solicitada pelos norte-americanos - o que obrigará a corte a julgar o caso, avaliar o pedido dos EUA e se pronunciar em um prazo de no máximo 28 dias.

Marin foi preso no dia 27 de maio em Zurique, acusado pela Justiça norte-americana de ter organizado e recebido subornos em território norte-americano. No pedido de extradição, a Justiça dos Estados Unidos mostra como o brasileiro se reuniu na Flórida em abril de 2014 para discutir com o empresário J. Hawilla o pagamento de propinas relativas aos direitos da Copa do Brasil. A conversa foi gravada pelo executivo da Traffic.

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Também nos Estados Unidos, empresários fecharam acordos para o pagamento de propinas para Marin e outros cartolas envolvendo a Copa América. Outro argumento dos norte-americanos é de que parte desta propina foi paga usando o sistema financeiro do país.

Os advogados de Marin confirmaram à reportagem que, nesta fase do processo, não será questionado ao brasileiro se ele é ou não culpado. O que se avalia é se a extradição tem ou não base. Para tentar livrar Marin, os advogados vão tentar mostrar aos juízes suíços que os indícios não são suficientes e que os crimes supostamente cometidos sequer são considerados nas leis domésticas suíças.

DIVERGÊNCIA - O Departamento de Justiça tem outra opinião e indicou já no dia 27 de maio que o pedido norte-americano tinha "base" e que as evidências foram consideradas "suficientes" para que houvesse a operação que levou à prisão de sete dirigentes em um hotel de Zurique.

Os suíços terão 14 dias a partir desta terça-feira para avaliar o pedido de extradição, prazo que pode ser ampliado por mais 14 dias se os advogados solicitarem. Se a Suíça der sinal verde para a extradição, Marin promete apelar. Haveria então mais duas instâncias, o que arrastaria a decisão até o final do ano - e com ele preso em Zurique até lá.

O FBI quer a colaboração de José Maria Marin para chegar a Marco Polo Del Nero, Ricardo Teixeira, aos esquemas que envolveram a Copa do Mundo de 2014 no Brasil e até a empresas norte-americanas suspeitas de terem pago subornos por muitos anos no futebol, como a Nike. Neste sábado faz um mês que o ex-presidente da CBF foi preso em Zurique, acusado de corrupção, fraude e lavagem de dinheiro. E Marin ainda pode permanecer meses na prisão suíça.

Na sexta-feira foi revelado que a Justiça do país rejeitou um apelo de um outro cartola (o uruguaio Eugenio Figueredo) para aguardar a extradição em prisão domiciliar, fechando as portas para as esperanças dos demais dirigentes, entre eles o brasileiro. O processo de extradição para os Estados Unidos deve ser iniciado apenas na semana que vem, quando os norte-americanos repassarão aos suíços o pedido oficial para que Marin e os outros seis dirigentes detidos sejam transferidos para que sejam julgados.

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Se condenado, Marin, de 83 anos, pode pegar até 20 anos de prisão. Mas é acima de tudo com a colaboração de Marin que os norte-americanos esperam contar, inclusive para permitir que sua pena seja substancialmente reduzida ou mesmo permutada por uma prisão domiciliar e multas milionárias.

A demora pelo pedido oficial para que haja a extradição não ocorre por acaso. Os norte-americanos tinham 40 dias para formalizar o processo e devem esperar até o último minuto justamente para forçar os suspeitos a permanecer na cadeia e criar condições psicológicas para que aceitem colaborar.

No dia 3 de julho, os Estados Unidos devem apresentar o pedido de extradição. Mas um recurso não será possível imediatamente. Em primeiro lugar, os suíços precisarão de cerca de 20 dias para traduzir todos os documentos. Depois disso, um novo prazo vai ser estabelecido para que haja uma decisão por parte do Departamento de Justiça de Berna.

Neste caso, se a posição for favorável à extradição, Marin poderá apresentar seu recurso, o que significa que começaria a ser considerado apenas em setembro. A situação de Marin foi agravada pelo fato de que foi abandonado na prisão suíça, sem falar inglês ou alemão e tendo de lidar sozinho com um advogado que, nos últimos dias, resolveu tirar férias no sul da Europa.

"Todo mundo o abandonou", disse uma pessoa próxima a Marin. "Se fosse eu, contaria tudo o que sei. Mas não é muito o perfil dele, não sei se fará isso". Sua família não se pronuncia, mas vem defendendo que ele entregue todo mundo, principalmente Del Nero.

O atual presidente da CBF abandonou Zurique no dia seguinte à prisão de Marin, retirou da sede da entidade o nome do suspeito e fez questão de se afastar de seu ex-chefe. A atitude foi vista como uma traição por parte da família de Marin, já que Del Nero participou de todas as negociações com ele desde que Teixeira deixou a CBF em março de 2012.

Para fontes no FBI, a situação é "ideal" para propor uma colaboração com Marin. A meta dos Estados Unidos é chegar ao topo da estrutura de corrupção no futebol e não apenas aos cartolas presos. Mas para isso precisará contar com a ajuda de Marin e dos demais detidos.

Fontes próximas às investigações apontaram que esperam de Marin informações sobre Del Nero e Teixeira, até agora não indiciados mas sob investigação. Os norte-americanos também querem saber o que exatamente foi estabelecido no contrato entre a CBF e a Nike, uma empresa norte-americana.

Outro aspecto que os norte-americanos querem explorar é a participação de Marin como presidente do Comitê Organizador Local da Copa. O FBI quer conhecer detalhes das negociações de contratos do Mundial de 2014, principalmente envolvendo empresas americanas, e sua relação com a cúpula da Fifa. Coca-Cola, Visa, Mastercard, Nike, redes de televisão e dezenas de outros fornecedores do mundo do futebol têm sede nos Estados Unidos e a Justiça tenta identificar quem participou dessa estrutura corrupta por anos.

Enquanto a oferta de delação premiada não chega, Marin foi forçado a trocar a vida de luxo que manteve ao longo de décadas por uma prisão comum, ainda que considerada uma das mais adequadas do mundo. Isolado, ele pode receber apenas uma visita por semana. Tem uma hora de caminhada por dia e está sem telefone nem internet. A comida servida é correta. Mas sem luxo, sem variedade nem álcool.

O maior problema, segundo seus amigos, é o ânimo do cartola. "O contato é difícil. Pelo que sei, está bem de saúde. Ele foi atleta, tem saúde de ferro e não toma remédios contínuos. Mas o problema é psicológico. Tem 83 anos, está preso, sozinho. O Marin está se sentindo triste, abandonado. Pode entrar em depressão. Esse é o temor", disse um amigo.

ABANDONO - Amigos e parentes não têm escondido a revolta diante da atitude do governo de não dar assistência a Marin. "Ele é um cidadão brasileiro preso do exterior e o governo brasileiro não faz nada. Nem o Itamaraty nem o Ministério da Justiça", disse um aliado. "Ninguém faz nada. Não entro no mérito se ele é culpado ou não, isso é para a Justiça. Mas no caso do brasileiro traficante na Indonésia, o governo fez até pedido oficial para tentar defendê-lo. Pelo Marin, nada. É inacreditável".

Marin, ex-governador durante a ditadura, foi sempre desprezado pelo governo de Dilma Rousseff, presa nos anos 70 e torturada pela mesmo regime militar que colocou o cartola para comandar São Paulo. O Itamaraty tem outra versão. Segundo o consulado do Brasil em Zurique, a assistência é apenas prestada quando o cidadão a solicita. "Nada nos foi solicitado por parte do detido", declarou o consulado. "Só podemos agir quando há um pedido formal solicitando nossa colaboração".

O juiz Ulisses Pascolati Junior, do Juizado Especial Criminal Central, absolveu, na última sexta-feira, 19, o jornalista Juca Kfouri da acusação de injúria contra o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e ex-governador de São Paulo José Maria Marin - atualmente preso na Suíça sob acusação de corrupção. As informações foram divulgadas no site do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SP).

Marin ajuizou ação argumentando que teve a honra ofendida pelo jornalista. Segundo o ex-presidente da CBF, Kfouri teria excedido os limites da liberdade de expressão, informação e manifestação de pensamento, ao publicar em seu blog dois textos, que, de acordo com o cartola, estabeleceriam ligação entre um pronunciamento dele na Assembleia Legislativa - na época em que exercia o mandato de deputado estadual -, e a morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida dias depois, em outubro de 1975.

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O jornalista alegou que apenas publicou as matérias quando Marin, depois de longos anos afastado da vida pública, assumiu a presidência da CBF, o que tornou o fato motivo de interesse jornalístico, sendo importante relembrar sua história. Em relação à responsabilidade pela morte de Vlado, Kfouri relatou que não atribuiu diretamente a ele, Marin, mas sim a todos aos que apoiavam o regime militar.

Em sua decisão, o juiz Pascolati Junior destacou que "nos textos publicados pelo jornalista não se observa a tentativa de responsabilizar diretamente o ofendido pela morte de Vladimir Herzog". "Os textos são, na realidade, voltados na tentativa de não deixar a história ser esquecida", destacou o juiz.

A Fifa decidiu que vai deixar vazia a cadeira que era ocupada por José Maria Marin no Comitê Organizador dos Torneios Olímpicos de Futebol. Até a última terça-feira, o ex-presidente da CBF ainda aparecia na lista de integrantes do grupo, com a ressalva de que estava temporariamente banido do órgão. Desde esta quarta, no entanto, Marin foi retirado do Comitê e ninguém entrará no seu lugar. "Atualmente não há planos para substituí-lo", disse nota enviada pela Fifa à reportagem.

O dirigente foi detido no dia 27 de maio em Zurique, na Suíça, acusado de ter participado de um esquema de corrupção na Fifa e recebido propinas nas negociações da Copa América e suborno em contratos da Copa do Brasil, torneio organizado pela CBF. Logo em seguida, o Comitê de Ética da Fifa proibiu Marin de exercer qualquer atividade relacionada ao futebol.

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Enquanto esteve à frente da CBF, até abril deste ano, Marin trabalhou politicamente nos bastidores da Fifa no processo de escolha das cidades-sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O dirigente conseguiu, por exemplo, incluir Manaus na lista, contrariando os planos originais do COI (Comitê Olímpico Internacional) e da Fifa. O torneio de futebol dos Jogos Olímpicos será disputado em sete estádios, maior número desde 1964.

Marin também atuou para que o Itaquerão, em São Paulo, recebesse 10 partidas - quatro do torneio masculino e seis do feminino - mesmo sem garantias de que as obras necessárias para adaptar a arena seriam realizadas. O anúncio da presença do estádio do Corinthians na Olimpíada de 2016 foi feito em março, mas apenas no fim de abril, quando o dirigente já havia deixado a presidência da CBF, é que ficou definido que patrocinadores bancariam a reforma da arena.

A reportagem apurou que a avaliação da entidade e dos organizadores dos Jogos é que agora, restando um ano para a Olimpíada, os preparativos estão na fase técnica e de execução e que por isso não é necessário colocar um substituto para fazer o trabalho político que Marin exerceu nos bastidores.

Antes da saída de Marin da CBF, o Comitê Organizador dos Torneios Olímpicos de Futebol era composto por 17 dirigentes da Fifa. O órgão é comandado por Marco Polo Del Nero, presidente da CBF. Outro representante do Brasil no Comitê é Guilherme Marques, coordenador esportivo do Co-Rio. Mas ele não faz parte da lista de membros efetivos e atua apenas como assessor especial do órgão.

José Maria Marin desistiu de tentar aguardar em liberdade a decisão sobre se será ou não extraditado para os Estados Unidos e vai ficar preso na Suíça pelo menos até julho. Pessoas próximas ao vice-presidente da CBF, detido no dia 27 de maio em Zurique, informaram que ele está bem de saúde e que tomou a decisão de aguardar uma iniciativa da Justiça norte-americana antes de apresentar algum recurso.

Marin foi preso a pedido do governo dos Estados Unidos. Acusado de corrupção, poderá ser extraditado para que responda ao processo em Nova York. No indiciamento do Departamento de Justiça, ele é citado como tendo recebido propinas para diversos torneios, entre os quais a Copa do Brasil e as edições de 2015, 2016, 2019 e 2023 da Copa América.

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Inicialmente foi levantada a possibilidade de um pedido para que ele aguardasse o processo de extradição em um hospital e também foi considerada a possibilidade de apresentar uma garantia financeira milionária para que ele pudesse sair da prisão.

Mas a estratégia legal acabou mudando diante de indicações dos suíços de que essas propostas não prosperariam e que acabariam fechando as portas para uma tentativa de real de barrar a sua extradição. Esse seria seu principal objetivo e não simplesmente aguardar em liberdade condicional a decisão sobre a extradição.

MENOS CONFORTO - Os norte-americanos têm até o dia 3 de julho para enviar oficialmente o pedido de extradição para a Justiça suíça. A partir daí é que Marin e seus advogados decidirão sobre como vão agir para evitar seu envio a uma prisão nos Estados Unidos.

Sua condição de saúde foi considerada como estável e sem a necessidade de transferência para um hospital. Segundo fontes consultadas pela reportagem, existiria até mesmo a possibilidade de que o conforto no hospital fosse menor do que na cela em ele que se encontra na prisão na região de Zurique.

Em muitos casos, presos que vão para hospitais precisam dividir quarto com outros doentes, não podem receber visitas e têm, 24 horas por dia, policiais na porta do quarto e ao lado da cama para fazer a vigilância e impedir que tentem fugir.

Pessoas próximas a Marin também negam que ele tenha advogados enviados do Brasil e pagos por seu partido, o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). No sistema legal suíço, os advogados estrangeiros não podem atuar e mesmo o governo brasileiro é obrigado a contratar um advogado local para que defenda o Estado em casos de crimes financeiros.

A Justiça norte-americana está disposta a oferecer a José Maria Marin um acordo de delação premiada se ele for extraditado para os Estados Unidos, o que poderia causar um terremoto no futebol brasileiro. Fontes ligadas ao processo confirmaram que a proposta deve ser feita considerando que Marin, de 83 anos, pode se interessar por um acordo para reduzir uma eventual pena de 20 anos de prisão.

Marin foi presidente da CBF e também do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo, responsável por todos os contratos do Mundial. No Departamento de Justiça dos Estados Unidos ele é apontado como um dos que pediram subornos para conceder acordos comerciais. Mas ligados a ele em partes do processo ainda guardadas sob sigilo estão outros dirigentes brasileiros, sul-americanos e da Fifa.

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Em Zurique, advogados já se preparam para esta opção. Com 83 anos, Marin poderia pegar até 20 anos de prisão nos Estados Unidos. Mas uma delação premiada reduziria de forma significativa esse tempo de detenção. Os norte-americanos pediriam a ele mais informações sobre contratos comerciais e, em especial, sobre o envolvimento de outros dirigentes.

A Agência Estado revelou na semana passada que a Justiça norte-americana tenta colher informações sobre as relações entre Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, e Ricardo Teixeira, a partir de 2007 - quando o Brasil começou a se preparar para a Copa do Mundo de 2014.

Deixado em Zurique pela CBF, Marin chegou a se queixar de ter sido o único preso entre os brasileiros. Marco Polo Del Nero já tentou se afastar do caso, alegando que não tinha papel na gestão de Marin. Mas e-mails de empresários revelam que Del Nero era considerado "o homem forte" na CBF desde a renúncia de Ricardo Teixeira, em março de 2012.

O uruguaio Eugenio Figueredo, ex-presidente da Conmebol e que substituiu o argentino Julio Grondona no Comitê Executivo da Fifa, também deve receber proposta para fazer um acordo de delação premiada com a Justiça norte-americana. Assim como Marin, ele tem 83 anos.

Não por acaso, foi a Conmebol que rapidamente saiu em busca de um advogado em Zurique para os dirigentes. O responsável por esta busca foi seu diretor legal, Gorki Villar, filho do presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, Angel Maria Villar - que é apontado nos informes internos da Fifa como não tendo colaborado nas investigações sobre a designação da Copa de 2018.

Na Fifa, o clima é de tensão não apenas por conta da crise, mas diante do risco de que novas revelações sejam feitas pelas pessoas detidas. "Há um clima de traição", contou um alto funcionário da entidade.

Segundo o New York Times, o FBI tem esperança de que os cartolas que forem extraditados para os Estados Unidos colaborem com outras investigações que poderiam conduzir a Justiça até Joseph Blatter, presidente da Fifa.

José Maria Marin e os demais cartolas presos na Suíça negociam o pagamento de uma fiança milionária na esperança de convencer a Justiça a deixá-los aguardar uma eventual extradição para os Estados Unidos em liberdade condicional. Os sete cartolas foram presos no dia 27 de maio em Zurique, depois de um pedido da Justiça norte-americana. O governo dos Estados Unidos tem até o dia 3 de julho para fazer o pedido oficial de extradição. Caso nada seja entregue até lá, Marin será solto.

Mas até que a extradição seja avaliada, Marin e os demais dirigentes pediram para aguardar a sentença em liberdade. A decisão será tomada nos próximos dias pelo Tribunal Penal Federal, que avaliará o caso. O maior obstáculo é que os presos não têm propriedades na Suíça e, por isso, não teriam como dar garantias de que não fugiriam. "Existe o risco de fuga", disse a assessoria de imprensa da Polícia, que considera pequena a chance de a liberdade condicional ser concedida.

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Nos bastidores, porém, os advogados dos envolvidos buscam uma outra saída. A ideia é fazer um depósito milionário que represente uma garantia de que os suspeitos não fugirão. O dinheiro ficaria congelado em uma conta controlada pela Justiça na Suíça. Os valores não foram revelados.

Em um comunicado, o Departamento de Justiça da Suíça explicou o que essa possibilidade representaria. "A liberação sob caução ou outra condição não está excluída. Mas raramente é concedida. De fato, em alguns casos, mesmo cauções muito elevadas e outras medidas de garantia - como a obrigação de se apresentar e o depósito de documentos de identidade - não impediram que pessoas buscadas pudessem escapar".

No recurso, os advogados apresentam dois outros fatores para justificar a liberação de Marin: seu estado de saúde e sua idade (83 anos). Para o sistema judiciário suíço, porém, essas condições não necessariamente seriam fatores para autorizar uma liberdade condicional.

Em caso de problemas médicos, o Departamento de Justiça indica que Marin pode ser examinado por um médico a seu pedido ou sob a ordem da direção da prisão. "Se o médico estimar que ele não pode ter tratamento de maneira ambulatorial, o Departamento de Justiça o transferirá a um hospital com uma estrutura de detenção".

Brasil e Suíça fecharam um acordo para permitir que prisioneiros possam cumprir penas ou aguardar sentenças em seus países de origem. Mas o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, não será beneficiado do novo tratado, mesmo estando em uma prisão de Zurique. O cartola tem até segunda-feira para apresentar um recurso pedindo a espera por uma definição de extradição em liberdade condicional.

Marin foi detido na semana passada no luxuoso Hotel Baur au Lac, na Suíça. A polícia local atendeu a um pedido do FBI, depois do indiciamento do brasileiro por crimes financeiros na condição de presidente da CBF.

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O novo acordo prevê que "presos suíços e brasileiros possam cumprir o resto de suas penas em seus países de origem". O tratado foi aprovado pelo Conselho Federal suíço nesta sexta-feira, permitindo a transferência de detentos. Segundo os suíços, o acordo tem "uma meta humanitária e visa facilitar a reinserção social dos presos depois de sua liberação".

Mas para que a transferência de fato ocorra, precisa haver um sinal verde do estado onde ocorreu a condenação, o estado de execução da nova pena e do próprio condenado. "O tratado bilateral não prevê a possibilidade de uma transferência de um condenado contra sua vontade", disse um comunicado suíço.

Ao Estado de S. Paulo, o porta-voz do Departamento de Justiça da Suíça, Folco Galli, explicou que Marin não poderá evocar o tratado. "O tratado bilateral não tem um impacto no caso de Marin, já que ele é alvo de um processo criminal nos EUA, e não na Suíça", explicou.

A procuradoria nos EUA o acusa de uma série de crimes e teria grampeado reuniões com parceiros comerciais. Uma eventual condenação poderia significar 20 anos de prisão.

Marin deve apresentar um pedido para acompanhar o processo de extradição aos EUA em liberdade condicional. Mas os suíços já indicaram que dificilmente ele ganhará esse benefício, mesmo com 83 anos de idade. O brasileiro não tem propriedades na Suíça e o "risco de fuga" seria alto.

Quando a Conmebol ficou sabendo da prisão de Marin e de seu ex-presidente, Eugenio Figueredo, fontes de alto escalão na entidade repetiam nos corredores da Fifa que tal atitude aos dirigentes "jamais ocorreria na América do Sul". "Teríamos dado um jeito", declarou um deles.

Nicolas Leoz, um dos citados no indiciamento nos EUA, estava no Paraguai. Mas, depois de detido, foi autorizado a aguardar o processo em sua residência.

O filho do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, é desde o final do ano passado funcionário da CBF. Sebastien Valcke foi contratado pelo presidente José Maria Marin para ser diretor internacional da área de marketing da entidade. A contratação teve aval do atual mandatário, Marco Polo Del Nero. Sebastien mora no Rio de Janeiro desde antes da Copa do Mundo de 2014.

A contratação atendeu a pedido de Valcke, embora o secretário-geral da Fifa, segundo homem na hierarquia da entidade, viva dizendo que ele caminha com suas próprias pernas. Sebastien é encarregado de fazer todo o trabalho envolvendo o marketing de amistosos da CBF, cuja promoção e organização esta a cargo da Fifa.

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A contratação do filho de Valcke foi confirmada por dois funcionários ligados à Fifa e um ex-funcionário da CBF. O diretor de marketing da entidade, Gilberto Ratto, foi procurado pela reportagem, mas não atendeu à reportagem.

Em 2014, Sebastien trabalhou na Copa do Mundo realizada no Brasil como vice-coordenador geral para os jogos realizados no Maracanã. Ele tem uma empresa de marketing registrada na Itália e, durante a Copa, morava em um apartamento pertencente ao ex-jogador Ronaldo, alugada pelo pai por R$ 50 mil mensais.

A Justiça suíça não deverá conceder o direito a José Maria Marin para que aguarde a eventual extradição em liberdade. Segundo o Departamento de Justiça de Berna, o brasileiro não tem propriedades na Suíça e haveria um "risco de fuga" se ele recebesse permissão para ir a um hotel. Há dois dias, a Justiça norte-americana entregou um pedido oficial para que os sete dirigentes detidos em Zurique sejam extraditados. Como a reportagem antecipou, Marin se recusou a ser extraditado e vai perpetrar um recurso.

Enquanto isso, porém, permanecerá preso. "A norma é a de não conceder a liberdade condicional nesses casos", declarou Folco Galli, porta-voz do governo suíço. Segundo ele, o fato de Marin ser um estrangeiro ainda agrava essa situação diante da falta de um elemento que o manteria no país.

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Se o governo norte-americano não apresentar provas em 40 dias, os sete dirigentes seriam liberados. Mas O processo de extradição pode levar até seis meses e, enquanto isso, ele está em uma cela individual com banheiro, numa prisão modelo da Suíça. O Departamento de Polícia do país alpino revelou que o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, "passa bem" e que está recebendo todos os serviços que são garantidos a detentos, inclusive assistência jurídica. Mas as autoridades decidiram dividir os dirigentes presos nesta semana em diferentes locais para evitar que possam "conversar ou trocar informações" sobre o caso.

À reportagem, o porta-voz da Polícia de Zurique confirmou que o brasileiro está em uma das prisões da região. Mas evitou dar a localidade exata por "motivos de segurança". "O que podemos garantir é que todos os direitos humanos do brasileiro estão sendo assegurados", afirmou.

Ele garantiu que Marin "passa bem" e que não tem apresentado qualquer tipo de problemas de saúde. A comida, segundo o governo, seria "muito adequada". Durante a Copa do Mundo de 2014, ao ver a seleção perder de 7 a 1 para a Alemanha, Marin teve de ser medicado. Agora, em uma cela individual, o brasileiro de 83 anos ainda tem banheiro privado.

Mas o que os suíços quiseram garantir é que fosse afastado de qualquer outro cartola. "Não queremos que haja uma troca de informações", insistiu.

Marin, porém, não solicitou assistência do governo brasileiro ao ser detido em Zurique. Informações do Itamaraty indicam que, apesar de o cartola ter o direito de pedir um acompanhamento do consulado e de diplomatas, nenhuma medida foi tomada neste sentido.

Todos os brasileiros tem direito a receber tal ajuda, principalmente em casos de extradição. Como princípio, o Brasil não aceita entregar a uma Justiça estrangeira um cidadão do País.

Marin foi preso em Zurique e aguarda numa prisão da região da cidade uma eventual extradição aos Estados Unidos. Segundo fontes próximas à CBF, ele passou a última quinta-feira em busca de advogados na Suíça e nos EUA e deve resistir à extradição.

Ao sair preso do hotel, Marin estava abatido. Segundo pessoas que acompanharam a detenção, ele teria apenas dito. "Mas sou só eu? Onde estão os outros?".

No Brasil, a CBF já afastou o dirigente. Já a Fifa o puniu com uma suspensão temporária de todas as atividades relacionadas ao futebol.

José Maria Marin, detido na última quarta-feira (27) depois de ser indiciado por corrupção nos Estados Unidos, adotou uma metodologia inusitada para solicitar as suas propinas que chegou a surpreender parceiros comerciais, principalmente aqueles que não conheciam a CBF: para não deixar qualquer rastro do valor que pediria a cada contrato, o dirigente escrevia o quanto queria em sua conta privada sempre em guardanapos de papel.

A estratégia de Marin foi relatada à reportagem por três diferentes empresários que, desde 2012, foram obrigados a negociar contratos comerciais com a CBF. Era de costume que os guardanapos viajavam de um lado a outro das mesas de negociação, com os valores extraoficiais.

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Segundo pelo menos um deles, Marco Polo del Nero também estava em algumas dessas reuniões. Em um dos guardanapos usados em uma reunião realizada na Europa, os interlocutores da CBF se surpreenderam quando o valor colocado superava R$ 1 milhão em contratos ligados à seleção brasileira.

No indiciamento da Justiça norte-americana contra Marin, o brasileiro é pego falando abertamente de propinas e a conclusão do informe é de que ele "fraudou" a CBF. Em outras ocasiões, Marin também aceitou negociar com empresas no exterior, ainda que fossem oficialmente sediadas no Brasil.

E-mails confidenciais obtidos pela reportagem revelam que uma destas transações fora do País - e do controle do Fisco - envolveu uma empresa do Grupo Figer no exterior. Atuando como intermediadores na assinatura do que poderia ter sido um novo contrato com a CBF, os documentos mostram que a família Figer ficaria com US$ 132 milhões por permitir mais de 100 jogos da seleção entre 2012 e 2022, um valor superior ao que ficaria com a CBF. O acordo não foi selado.

Colocado em uma cela individual com banheiro, em uma prisão modelo da Suíça, o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin poderá ser extraditado para os Estados Unidos e cumprir a pena em território norte-americano, informou uma fonte do governo brasileiro.

Segundo a reportagem apurou, o destino de Marin depende, em um primeiro momento, do acordo de cooperação firmado entre autoridades norte-americanas e suíças. De acordo com a fonte, o governo norte-americano possui acordos bilaterais com cláusulas peculiares, que fogem do padrão, então seria possível que o ex-presidente da CBF cumprisse a pena nos Estados Unidos.

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O papel do governo brasileiro se restringiria, portanto, a ajudar as autoridades norte-americanos na investigação. "O Ministério da Justiça confirma a solicitação de Cooperação Jurídica Internacional por parte de autoridades dos Estados Unidos da América. Por se tratar de procedimento sigiloso, por ora, o MJ não se manifestará sobre seus detalhes", informou a pasta, em nota.

A operação de busca e apreensão realizada na noite desta quarta-feira no Rio de Janeiro, na sede da Klefer Marketing Esportivo, empresa responsável por negociar os direitos de transmissão da Copa do Brasil e das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, faz parte dessa parceria com as autoridades norte-americanas.

O Brasil poderia intervir no caso de Marin se houvesse violação de direitos humanos ou rompimento de acordos internacionais, o que não ocorreu, destacou a fonte.

A procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, já afirmou que o próximo passo do processo que investiga a corrupção no futebol é o pedido de extradição dos sete dirigentes da Fifa que foram presos na última quarta-feira, entre eles Marin.

Dentro do Palácio do Planalto, a avaliação é a de que o enfraquecimento da CBF e da Fifa favorece a aprovação de medida provisória que institui o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro.

Um dia após a prisão de José Maria Marin em Zurique, na Suíça, a CBF retirou da fachada da sua sede o nome do seu ex-presidente, no início da manhã desta quinta-feira. Marin dava o nome ao prédio inaugurado por ele mesmo, no ano passado, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Agora o edifício ostenta apenas o logo da CBF.

Foi o próprio presidente Marco Polo del Nero quem autorizou a medida, após reunião de seus pares no Brasil. Del Nero está na Suíça, mas vem acompanhando as ações no Brasil. Na noite de quarta, poucas horas após a prisão de Marin, a CBF anunciou o afastamento do ex-mandatário de suas funções na entidade. Ele era vice-presidente desde o dia 16 de abril, quando Del Nero assumiu a presidência.

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As duas medidas indicam a preocupação dos dirigentes do futebol brasileiro com os desdobramentos das investigações na Fifa. De acordo com a CBF, o afastamento de Marin será mantido "até a definitiva conclusão do processo".

Marin foi preso em Zurique por autoridades dos Estados Unidos, que acusam o ex-presidente da CBF de receber propinas milionárias nas negociações dos contratos comerciais da Copa do Brasil. Além de corrupção, Marin é acusado de "conspiração" e pode ser extraditado aos Estados Unidos.

Após a detenção de Marin, o ex-jogador Alex, do Palmeiras, e um dos membros do Bom Senso FC, criticou a CBF nas redes sociais: "Façam as mudanças necessárias e comecem pelo simples. O prédio da linda sede da CBF no Rio de Janeiro se chamar JOSÉ MARIA MARIN é piada de péssimo gosto. Façam homenagem a quem fez algo pelo nosso futebol, por favor", afirmou o ex-atleta.

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