O coletivo Juntas (PSOL) vai presidir a Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). A eleição da codeputada [como elas se intitulam] Jô Cavalcanti - que representa o mandato em grupo entre oficialmente entre os parlamentares - aconteceu no início da tarde desta quinta-feira (14), depois de uma tumultuada sessão.
A ascensão das Juntas ao cargo também foi fruto de um acordo firmado com a bancada do governo, liderada pelo deputado Isaltino Nascimento (PSB). A deputada Clarissa Tércio (PSC) também pleiteou o cargo, mas não conquistou êxito porque o PSB trocou o titular do colegiado, o deputado Adalto Santos (PSB), pelo próprio Isaltino que apoiou as Juntas.
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Além de Jô Cavalcanti, a condução dos trabalhos na Comissão será partilhada por Carol Vergolino, Robeyoncé Lima, Joelma Carla e Kátia Cunha. As cinco formam o coletivo do PSOL.
Embate
Antes da eleição das Juntas, um embate duro entre os deputados marcou a reunião de instalação da Comissão de Direitos Humanos, que foi acompanhada por membros de movimentos sociais que chegaram a disparar contra parlamentares. Os que compunham a bancada evangélica e faziam parte do colegiado reivindicaram o posto e contestaram o acordo feito pela bancada do governo para que o coletivo fosse eleito.
“Se eu eu tivesse batido chapa aqui naquele dia [terça-feira] eu tinha ganho. Manobra terrível do deputado Isaltino Nascimento. O governo está apadrinhando a deputada Jô Cavalcanti”, disparou Clarissa Tércio, fazendo referência a troca dos deputados do PSB do colegiado.
Quem também questionou a atitude governista foi o deputado Joel da Harpa (PP) que, inclusive, acusou a gestão de Paulo Câmara (PSB) de interferir no Legislativo. “Me estranha, e meu posicionamento é pessoal, a bancada do governo indicar as Juntas que tem totalmente um perfil de ser oposição. Não quero jamais colocar em xeque o trabalho que as Juntas irão desempenhar nesta Casa, mas é estranho o líder do governo indicar alguém com perfil de oposição”, cravou, pontuando ainda que a disputa era entre governo e oposição e não entre ser “evangélico ou não”.
“A questão não é ser evangélicos. Essa comissão é de Direitos Humanos, não é de evangélicos ou de LGBTs. Seja quem for que esteja a frente essa comissão precisa estar aberta a todos e todas”, completou.
Líder da oposição, o deputado Marco Aurélio (PRTB), por sua vez, disse que o cenário era um “vergonha” para a Alepe. “Fica claro a justificativa da tratoragem do líder do governo. Isto não é democrático. É uma vergonha. O presidente da Alepe está começando muito mal”, disparou, mencionando o presidente Eriberto Leão (PP).
Eriberto, inclusive, precisou ser chamado a estar na comissão para esclarecer pontos do regimento interno antes das Juntas serem anunciadas oficialmente eleitas.