A polícia chinesa anunciou nesta quarta-feira ter prendido cinco suspeitos de um ataque terrorista que fez cinco mortos e 40 feridos na praça Tiananmen (Paz Celestial), em Pequim.
A praça, que simboliza o poder político na China, foi palco de um "violento ataque terrorista, minuciosamente preparado, organizado e premeditado", afirmou o escritório de segurança pública da capital chinesa em seu site oficial.
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Na segunda-feira, segundo a polícia, um jipe atropelou turistas e policiais na Praça Tiananmen, diante da entrada da Cidade Proibida, antes de explodir perto do retrato de Mao Tse-tung.
O veículo estaria matriculado na região de Xinjiang, de maioria uigure, uma minoria muçulmana de língua turca.
Esta grande região autônoma, situada no extremo oeste da China, registra com frequência distúrbios relacionados à tensão entre Han (etnia majoritária na China) e uigures. As autoridades acusam com regularidade os militantes uigures de "terrorismo".
O motorista e os dois passageiros do veículo morreram, assim como uma turista filipina e um turista chinês da província meridional de Guangdong. Quarenta pessoas ficaram feridas, segundo o último balanço das autoridades.
Sem empregar o termo "ataque suicida", a polícia indicou que os suspeitos, mortos no local, colocaram fogo em galões de gasolina, provocando a explosão e o incêndio do veículo.
De acordo com a emissora estatal CCTV, as três pessoas eram de uma mesma família: o motorista, chamado Osmane Hassan, sua mãe e sua esposa, segundo um comunicado da polícia.
Os investigadores encontraram na carcaça do veículo traços de gasolina, duas facas, uma barra de metal e bandeiras com inscrições religiosas fundamentalistas, informaram autoridades policiais.
Nos domicílios provisórios dos cinco suspeitos detidos, foram encontrados faixas evocando a jihad e sabres, segundo a polícia, que não forneceu mais detalhes.
As autoridades se negavam a admitir, até o momento, que o centro de Pequim pudesse ter sido alvo de um atentado.
Foi nos arredores da Praça Tiananmen que milhares de pessoas morreram na repressão do movimento de 1989, quando o Partido Comunista enviou tanques do exército para acabar com sete semanas de manifestações, que foram chamadas pelo regime de "revolta contrarrevolucionária".
Desde então, a polícia está permanentemente mobilizada nesta imensa esplanada, onde também se encontram a entrada da Cidade Proibida, o mausoléu de Mao e o Palácio do Povo.
As autoridades enviaram uma mensagem aos hotéis da capital na noite de segunda-feira para indagar sobre "hóspedes suspeitos" a partir do dia 1º de outubro.
Na mesma mensagem, o gabinete de Segurança Pública pede informações sobre "veículos suspeitos".
Na mensagem, a polícia não utiliza a palavra "atentado" e qualifica os fatos ocorridos na Praça Tiananmen de "um assunto maior ocorrido na segunda-feira".
Só nesta quarta que a televisão CCTV deu informações mais concretas sobre o assunto e as prisões.
"As detenções aconteceram 10 horas depois dos fatos, que de agora em diante podem ser chamados de ataque terrorista", afirmou a CCTV.
Ainda há várias vítimas do atentado hospitalizadas. Um jornalista da AFP tentou entrar em contato com os feridos internados no hospital público de Tongren, mas não obteve sucesso.
"Todos os pacientes envolvidos no caso estão sendo tratados e estarão mais cômodos se não receberem ninguém por enquanto", declarou uma enfermeira.
Uma organização exilada também afirmou nesta quarta-feira temer um aumentou da repressão aos uigures, após a explosão do carro.
"Agora eu temo pelo futuro do Turquestão Oriental e pelo povo uigure", declarou à imprensa Rebiya Kadeer, presidente do Congresso Mundial Uigur, uma organização de defesa dos uigures com sede em Munique, na Alemanha.
O termo "Turquestão Oriental" está sendo usado por separatistas uigures para descrever a região autônoma chinesa de Xinjiang.
Kadeer passou vários anos em prisões chinesas antes de tomar o caminho do exílio.