Nesta terça-feira (15), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE) debateu o relatório feito durante as visitas aos presídios do Estado de Pernambuco, no mês de fevereiro. Na ocasião foram apresentados os problemas do sistema carcerário do Estado, entre eles: superlotação, falta de higiene e número bastante reduzidos de agentes penitenciários.
O presidente da OAB de Pernambuco, Pedro Henrique Alves, contou que o atual método não ressocializa. “O cenário que vimos já era esperado, superlotações,ambientes muitos sujos com cheiro insuportável. Isso tudo só traz problemas de saúde e segurança para os detentos”.
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Segundo Alves, os presídios atuais são uma fábrica de monstros. “O problema da superpopulação gera outros problemas e isso vem de anos. O jeito que os presos são tratados lá dentro fica impossível ressocializar. Os presídios viraram uma fábrica de monstros”, frisou.
O presidente contou da primeira impressão ao entrar nos presídios. “Lembrei do navio negreiro, quando entrei, vi em que situação os presos são tratados”, disse.
Adeilson Nunes, presidente da subcomissão de Apoio Carcerário, apoia que a ação civil pública contra o Estado seja instaurada. “Tem que ter a ação civil. O sistema penitenciário tem que ser repensado. Já tivemos muitas reuniões sobre o assunto, mas pouquíssimas foram postos em pratica, então agora é hora de agir com a ação civil pública contra o Estado”.
População também marcou presença no encontro. O motorista aposentado, João Ferreira, 67 anos, contou o drama que seu filho passa no sistema carcerário. “Eu tenho um filho preso e o ‘chefe’ da cela cobra 700 reais por semana. Eu só tinha 500, dei pro meu filho pra ele repassar ao cara e fiquei devendo 200. Eles bateram no meu menino e mandam mensagem para o meu celular cobrando o dinheiro restante”, disse o pai bastante emocionado.
João quer que a ação civil seja instaurada para dar condições dignas aos detentos. “Eu espero que a OAB intervenha, porque os presos são tratados como animais. É uma vergonha”.
Nivaldo Oliveira, presidente do Sindicado dos Agentes Penitenciários de Pernambuco (Sindasp-PE) falou da ausência do Estado no sistema penitenciário. “O estado está ausente nas penitenciárias. A Funase (Fundação de Atendimento Socioeducativo) tem problemas mais sérios. Como o estado não vê isso? Se não reeducar eles lá (na Funase), os presídios ficarão ainda mais lotados”, disse.
A decisão final está marcada para o dia 28 de abril, quando, através de um colegiado. Nesta data, a OAB decidirá se irá ou não ser instaurada uma ação civil pública.