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O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou nesta quarta-feira (2) que o golpe militar pedido nas ruas por apoiadores do governo deixaria o País "numa situação difícil" e que é preciso voltar "muito mais fortes" em 2026.

Em uma publicação no Twitter, o general disse que existe hoje um "sentimento de frustração" causado anos atrás quando "aceitamos passivamente" a "escandalosa manobra jurídica" que permitiu a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente eleito.

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"Agora querem que as Forças Armadas deem um golpe e coloquem o País numa situação difícil perante a comunidade internacional", comentou o militar.

Mourão propôs um manifesto que explicaria a força de movimentos à direita para "bloquear pautas puramente esquerdistas".

"Está na hora de lançar um manifesto explicando isso e dizendo que temos força para bloquear as pautas puramente esquerdistas, além de termos total capacidade de retornarmos muito mais fortes em 2026. Precisamos viver para lutar no dia seguinte", publicou.

O vice ainda citou frase atribuída ao ex-primeiro-ministro do Reino Unido Winston Churchill que recomenda "altivez na derrota".

Eleito senador pelo Rio Grande do Sul, Mourão já instruiu servidores da vice-presidência a facilitarem os trabalhos da transição. Sem que Bolsonaro reconheça publicamente a vitória de Lula, o general já conversou com seu futuro sucessor, Geraldo Alckmin (PSB), no primeiro contato entre autoridades da linha sucessória.

Hamilton Mourão também deve ganhar a atribuição de passar a faixa presidencial a Lula, em 1º de janeiro. Sem parabenizar ou citar o rival, Jair Bolsonaro dá sinais de que deve insistir no confronto com o petista e abrir mão dos ritos solenes da posse do novo presidente.

A atriz Cássia Kis, apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (PL), participou do ato antidemocrático de bolsonaristas em frente ao Comando Militar do Leste no centro do Rio de Janeiro, na tarde desta quarta-feira (2), contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais. A artista foi criticada recentemente por discurso homofóbico.

Dois vídeos que circulam entre os apoiadores de Bolsonaro mostram Cássia no ato. No primeiro, ela chega ao local da manifestação e é ovacionada pelos militantes. Em um segundo vídeo, ela aparece ajoelhada na Avenida Presidente Vargas rezando a oração Ave Maria com um terço católico na mão.

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A atriz acumula uma série de polêmicas. Márcia Verçosa de Sá Mercury, filha de Daniela Mercury e Malu Verçosa entrou com uma representação criminal no Ministério Público contra Cassia Kis, por conta de seus comentários homofóbicos feitos durante live com a jornalista Leda Nagle na última sexta-feira (21).

"Não existe mais o homem e a mulher, mas a mulher com mulher e homem com homem, essa ideologia de gênero que já está nas escolas. Eu recebo as imagens inacreditáveis de crianças de 6, 7 anos se beijando", disse Kis.

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O Ministério Público em Santa Catarina investiga manifestantes que fizeram uma saudação nazista durante manifestações em São Miguel do Oeste, em Santa Catarina. A tarefa de identificar os integrantes do ato que fizeram o gesto ficará à cargo do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), órgão especializado da Promotoria.

O ato, organizado para manifestar inconformismo com o resultado das eleições e com a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL), aconteceu nesta quarta-feira (2), em frente à base do Exército na cidade do Oeste catarinense. Durante a execução do hino nacional, manifestantes vestidos de verde e amarelo estenderam suas mãos para frente, em um gesto semelhante ao "sieg heil" - "viva à vitória", em alemão - usada pelo partido nazista alemão nos anos 30.

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Apologia ao nazismo é crime, e pode resultar em penas de dois a cinco anos de prisão.

"Uma vez identificadas [as pessoas], será produzido um relatório e as informações encaminhadas pra 2ª Promotoria de Justiça da Comarca, que possui atribuição criminal, para responsabilização dos envolvidos", esclarece a Coordenadora do GAECO de São Miguel do Oeste, Promotora de Justiça Marcela de Jesus Boldori Fernandes.

O Gaeco do MP de Santa Catarina também tem auxiliado na investigação sobre responsáveis pelo bloqueio em rodovias no Estado. O grupo é composto pelo Ministério Público, Polícias Militar, Civil, Rodoviária Federal e Penal, pela Fazenda Estadual e pelo Corpo de Bombeiros Militar.

A Promotoria pôs esta estrutura especializada em combate ao crime organizado à disposição nesta terça-feira, 1, em uma reunião do gabinete de crise criado pelo governador Carlos Moises (Republicanos) para tratar do desbloqueio destas vias. Especificamente no caso da saudação nazista, também haverá acompanhamento de promotores do Núcleo de Enfrentamento a Crimes Raciais e de Intolerância (NECRIM).

Confederação Israelita do Brasil diz que imagens são "repugnantes"

Em nota, a Confederação Israelita do Brasil afirma que as imagens dos manifestantes fazendo saudações nazistas "são repugnantes e precisam ser investigadas e condenadas com veemência pelas autoridades e pela sociedade como um todo". "O nazismo prega e pratica a morte e a destruição. A sociedade brasileira não pode tolerar posturas como essa".

"Fazer esse gesto vestindo camisa da seleção brasileira é também uma ofensa às nossas Forças Armadas, que lutaram bravamente contra as forças nazistas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial", afirma.

O presidente da Associação dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, mais conhecido como "Chorão", voltou a repudiar o fechamento de estradas federais e atos intervencionistas pelo País na manhã desta quarta-feira (2). Chorão tem tentado desvincular a imagem da categoria dos grupos bolsonaristas que questionam os resultados das eleições, como ele já havia feito na segunda-feira (31).

"Existe sim uma parcela de caminhoneiros (parados), mas muitos querem trabalhar, e nós estamos levando esse nome como baderneiro, como terrorista, como radical, e nós não podemos ser usados como massa de manobra por um grupo intervencionista que está trabalhando contra a democracia desse país", disse Chorão.

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Em tom convocatório para a categoria, Chorão afirmou que o primeiro passo em uma democracia é reconhecer o resultado das urnas. Em seguida, ele parabenizou o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo resultado, assim como o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e os demais que saíram vitoriosos do pleito.

"A eleição já acabou, tem muito caminhoneiro parado ali, mas querendo trabalhar. Muitos já saíram para trabalhar e estão parados porque estão sendo obrigados (pelos piquetes). Não somos nós caminhoneiros que estamos fazendo esse ato antidemocrático dentro desse país", continuou Chorão.

Ele ainda parabenizou autoridades como os governadores que empenharam esforços, como o envio de tropas das polícias militares, para desobstruir vias. "A sociedade não pode sofrer. Não é uma pauta econômica, é uma pauta antidemocrática", afirmou.

Chorão ganhou notoriedade em 2018, quando os caminhoneiros fizeram uma greve de 10 dias para reivindicar redução no preço do diesel e revisão da tabela de frete, entre outras pautas. O então governo Michel Temer (MDB) chegou a um acordo com a categoria nove dias depois de iniciada a greve. O movimento teria causado perdas da ordem de R$ 18 bilhões ao Comércio, segundo estimativas da Confederação Nacional do Comércio, de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Apoiadores bolsonaristas protestavam nesta quarta-feira (2) , embora o número de bloqueios e de interdições nas estradas tenha diminuído após o anúncio de que o presidente Jair Bolsonaro autorizou a transição para um novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Milhares de brasileiros se reuniram em frente ao Comando Militar do Sudeste, na cidade de São Paulo, apurou a AFP.

Aos gritos de "intervenção federal já!", pediam uma ação das Forças Armadas após a derrota de Bolsonaro para Lula no último domingo (30).

"Queremos intervenção federal porque exigimos a nossa liberdade. Não admitimos que um ladrão nos governe", disse Ângela Cosac, de 70 anos, à AFP ao lado de um cartaz que dizia "SOS Forças Armadas".

Outra manifestação de bolsonaristas estava planejada durante o dia na Avenida Paulista, em São Paulo.

Em todo país, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrava esta manhã 167 bloqueios em 17 estados. Na terça-feira (1º), esse número chegava a 271.

Na terça à noite, o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, pediu aos manifestantes a liberação das rodovias para "evitar prejuízos ao país" e garantir "a circulação em nossas rodovias de medicamentos, insumos, bens e combustível".

O número de bloqueios caiu, após o primeiro pronunciamento de Bolsonaro na terça-feira à tarde, no qual prometeu "cumprir a Constituição".

Bolsonaro ficou em silêncio por dois dias após perder na votação (49,1% dos votos contra 50,9% para Lula).

Seus críticos acusam-no de ter, com isso, estimulado a proliferação dos atos de protesto.

O presidente, que na terça-feira autorizou a transição no governo sem admitir sua derrota para Lula, transmitiu uma mensagem ambígua sobre os bloqueios.

Ele pediu que as manifestações fossem pacíficas e que seus seguidores não utilizassem "os mesmos métodos da esquerda", prejudicando "o direito de ir e vir". Justificou-as, porém, alegando que se originam de um sentimento de "injustiça" em relação ao processo eleitoral.

Nas redes, grupos bolsonaristas interpretaram a mensagem de Bolsonaro como um impulso para manter as mobilizações.

"O sonho continua vivo", dizia uma mensagem no Telegram, ecoando as palavras do presidente no dia anterior.

Em São Paulo, dezenas de manifestantes e caminhões permitiam a circulação por apenas uma das três pistas nos dois sentidos da principal rodovia que liga o estado ao centro-oeste do país.

Caminhões buzinavam, enquanto no asfalto os manifestantes agitavam bandeiras na frente dos veículos que passavam.

A PRF também informou que, até esta quarta, dispersou 563 manifestações.

Os bloqueios têm causado grandes transtornos, inclusive no acesso ao principal aeroporto do país, em São Paulo, Guarulhos, que teve de cancelar voos.

Ontem, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) alertou para um "risco iminente de desabastecimento e de falta de combustível", caso as estradas não sejam desbloqueadas rapidamente.

Mais de R$ 5,5 milhões em multas já foram aplicadas contra manifestantes que bloqueiam rodovias por todo o país. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (2) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Em nota, a pasta disse que os valores das 912 multas variam, conforme o tipo de infração, entre R$ 5 mil e R$ 17 mil.

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, é penalizado com infração gravíssima o condutor que utiliza veículos para, deliberadamente, interromper, restringir ou perturbar a circulação na via sem autorização de entidade de trânsito. A multa mais cara, de R$ 17 mil, é destinada àqueles identificados como organizadores dos bloqueios.

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“Em caso de reincidência, aplica-se em dobro a multa no período de 12 meses. Ainda de acordo com o CTB, as penalidades são aplicáveis a pessoas físicas ou jurídicas que incorram na infração”, informou o Ministério.

Os motoristas podem consultar as infrações na página da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Bloqueios

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, no início da manhã desta quarta-feira 17 estados ainda apresentavam bloqueios em estradas, apesar de 563 interdições liberadas.

A ação começou após manifestantes bolsonaristas se mostrarem inconformados com a proclamação do resultado das eleições pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com vitória do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, no domingo (31). Ontem (1), o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, veio a público e condenou os bloqueios nas estradas.

“As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedade, destruição do patrimônio e direito de ir e vir", disse Bolsonaro.

O ex-jogador e atual jornalista inglês Gary Lineker citou Neymar ao retweetar um vídeo em que um homem tenta simular um acidente ao se jogar em cima de um carro. A cena aconteceu em um dos pontos de manifestações bolsonaristas.

Em seu Twitter, Lineker escreveu que o homem "precisa de algumas aulas com Neymar", brincando com o fato do jogador ser conhecido por simulações dentro de campo.

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No vídeo, um homem com uniforme de ciclismo está atravessando a avenida e, ao perceber um carro passando, se joga no capô com o veículo já parado, simulando um atropelamento. Revoltado, o homem levanta rapidamente e começa a gritar com o motorista do carro.

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Protestos de caminhoneiros em diversos estados brasileiros, alguns iniciados na noite de domingo (30), atrapalharam o trânsito nas rodovias e levaram ao atraso de viagens de ônibus. Muitos passageiros foram pegos de surpresa no meio do caminho, o que fez dobrar o tempo de algumas viagens. Os manifestantes – que protestam contra o resultado das eleições - fecharam, total ou parcialmente, as estradas, usando os próprios veículos como bloqueio ou ateando fogo em pneus e outros materiais.

Em praticamente todos os casos houve intervenção da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na tentativa de desobstruir as pistas em diálogo com os manifestantes, muitas vezes sem sucesso. No meio da tarde desta segunda-feira (31), um grupo tentou parar a Ponte Rio-Niterói, mas foi logo contido pela Polícia Militar (PM), que liberou o trânsito.

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Segundo balanço parcial da PRF, divulgado no início da noite, houve bloqueios em pelo menos 20 estados. Entre os que tiveram maior número de casos, Santa Catarina registrou 42 bloqueios, Mato Grosso do Sul, 32 interdições, Paraná teve 18 interdições e 6 bloqueios, Pará teve 17 interdições, mesmo número de Rondônia. Goiás registrou 10 interdições, Rio de Janeiro, 9 interdições, São Paulo teve 7 bloqueios. De acordo com a PRF, 75 manifestações foram desfeitas

Viagens suspensas

Na Rodoviária do Rio de Janeiro, segundo a porta-voz Beatriz Lima, houve uma queda de 80% no movimento de embarques rumo a São Paulo, que num dia normal é cerca de 2,5 mil pessoas. As empresas que fazem a rota decidiram suspender as viagens e estão remarcando sem custo os bilhetes.

“A venda de bilhetes rodoviários do Rio de Janeiro em direção a São Paulo e regiões que utilizam a Via Dutra em seu trajeto estão suspensas, hoje, pelas empresas de ônibus regulares que estão monitorando a situação. Os passageiros devem procurar as centrais de atendimento das viações para remarcação das passagens sem custo. Lembramos que as demais linhas seguem normais e que os serviços do terminal continuam funcionando 24h”, se pronunciou em nota a porta-voz.

Justiça Federal

Em uma ação movida pela empresa K-Infra Rodovia do Aço, permissionária da Rodovia BR-393, no Rio de Janeiro, o juiz federal Iorio Siqueira D´Alessandri Forti acolheu ação de interdito proibitório, determinando que caminhoneiros ou pessoas se abstenham de fechar total ou parcialmente a BR-393. Ele ordenou também a remoção de pessoas ou veículos, bem como a identificação dos responsáveis, impondo multa de R$ 5 mil para cada pessoa, por hora de interrupção.

A decisão diz respeito unicamente à rodovia em questão e não afeta as demais estradas do estado ou do país.

Os iranianos voltaram às ruas nesta sexta-feira (28) em todo o país para denunciar a morte de manifestantes na repressão aos protestos motivados pela morte da jovem Mahsa Amini.

Mahsa morreu em 16 de setembro, três dias depois de ter sido detida em Teerã pela polícia da moralidade por suposta infração ao estrito código de vestuário imposto às mulheres na República Islâmica do Irã.

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Ao slogan inicial de "Mulher, Vida, Liberdade" se somaram, ao longo das manifestações, palavras de ordem contra o regime islâmico fundado em 1979.

O movimento de indignação foi, em seguida, atiçado pela repressão violenta, que, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR), radicada em Oslo, deixou até agora 160 mortos, incluindo cerca de 20 menores.

As ONGs temem que a repressão se intensifique com as homenagens às primeiras vítimas do movimento, ao final do luto tradicional de 40 dias. Na última quarta-feira, milhares de pessoas foram a Saghez, cidade da província do Curdistão de onde era originária Mahsa Amini, para este fim de luto.

Ontem, foram registrados incidentes perto de Joramabad (oeste), onde uma multidão se reuniu em frente ao túmulo de Nika Shahkarami, 16 anos, que morreu há 40 dias, segundo vídeos com autenticidade verificada. "Vou matar qualquer um que tenha matado a minha irmã", gritam os manifestantes em um vídeo publicado pelo grupo de defesa dos direitos humanos HRANA, radicado nos Estados Unidos.

- Tiros em Zahedan -

Outros incidentes foram registrados nesta quinta-feira, após o funeral de um manifestante de 35 anos, Ismail Mauludi, em Mahabad (oeste), onde as forças de segurança abriram fogo e mataram três pessoas, segundo o grupo de defesa dos direitos humanos Hengaw.

"Morte ao ditador!", gritaram os manifestantes, apontando para o aiatolá Ali Khamenei, segundo imagens de um vídeo com autenticidade comprovada pela AFP e compartilhado nas redes sociais. O vídeo também mostra o gabinete do governador de Mahabad em chamas.

Outros dois manifestantes morreram em Baneh, também no oeste, perto da fronteira com o Iraque, segundo a Hengaw.

No total, oito manifestantes em quatro províncias (Curdistão, Azerbaijão Ocidental, Kermanshah e Lorestão) foram mortos entre a noite de quarta e a quinta-feira, segundo a Anistia Internacional.

A cidade de Zahedan (sudeste), em uma das regiões mais pobres do Irã, é desde 30 de setembro palco de distúrbios provocados pelo estupro de uma jovem, atribuído a um policial. Estes enfrentamentos deixaram ao menos 93 mortos, segundo a ONG IHR.

Nesta sexta-feira, as forças de segurança abriram fogo contra manifestantes desta cidade, segundo HRANA e IHR, que publicaram vídeos nos quais aparecem pessoas fugindo dos tiros.

À noite, o Conselho de Segurança do Sistão-Baluchistão, região onde fica Zahedan, afirmou que uma pessoa morreu atingida por disparos "não identificados" e que outras 14, entre elas membros das forças de segurança, ficaram feridas nestes "distúrbios".

Antes, autoridades iranianas destituíram dois altos funcionários da segurança desta cidade, entre eles o chefe da polícia, após a publicação de um relatório que aponta para "negligências por parte de certos oficiais", que levaram à morte de civis "inocentes".

- Mais repressão? -

Analistas destacam que as autoridades buscam formas de sufocar os protestos sem se basearem exclusivamente em seu esmagamento maciço, para tentar conter a indignação popular.

"Por enquanto, parecem testar técnicas - como as detenções e intimidações, interrupções controladas da Internet, e, inclusive, matando alguns manifestantes", disse à AFP Henry Rome, especialista em Irã no Washington Institute. "Mas duvido que as forças de segurança tenham descartado a possibilidade de uma repressão muito mais violenta", avaliou.

Os dirigentes iranianos, por sua vez, continuam atribuindo os protestos aos "inimigos" do Irã.

O Ministério da Inteligência e os Guardiões da Revolução, exército ideológico do Irã, acusaram a CIA e seus "aliados" do Reino Unido, de Israel e da Arábia Saudita de "conspirarem" contra a República Islâmica.

Milhares de pessoas continuaram os protestos no Irã nesta quinta-feira (27), apesar da repressão sangrenta que deixou oito manifestantes mortos por disparos das forças de segurança nas últimas 24 horas, segundo uma ONG.

Além disso, o país foi sacudido na véspera por um atentado contra um mausoléu xiita que deixou 15 vítimas fatais. O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, prometeu "punir" os responsáveis.

Embora o atentado tenha sido reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico, Raisi pareceu vinculá-lo aos protestos, ao afirmar que estes abrem a via para ataques "terroristas".

"As forças de segurança do Irã mataram pelo menos oito pessoas desde a noite passada, quando abriram fogo contra pessoas em luto e manifestantes" nas províncias do Curdistão, Azerbaijão Ocidental, Kermanshah e Lorestão, informou a Anistia Internacional.

Na quarta-feira foram realizadas comemorações importantes para marcar os 40 dias da morte sob custódia policial de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, que foi o estopim dos protestos.

O relator especial da ONU sobre os direitos humanos no Irã, Javaid Rehman, denunciou nesta quinta-feira a "brutalidade" do regime iraniano e pediu a criação de um "mecanismo internacional" para investigar a morte de "pelo menos 250 pessoas" desde meados de setembro na repressão aos protestos.

Quase seis semanas depois da morte de Amini, a mobilização, alimentada pela indignação pública após a repressão que custou a vida de outras mulheres jovens e meninas, não dá sinais de perder força.

A França também condenou a repressão e informou que trabalhava com seus parceiros europeus em novas sanções contra autoridades iranianas.

- Conspiração -

O presidente iraniano afirmou nesta quinta que os "distúrbios" provocados pela morte de Mahsa Amini abriram a via para ataques "terroristas", após o atentado reivindicado pelo EI contra um mausoléu da cidade de Shiraz (sul).

"A intenção do inimigo é interromper o progresso do país e estes distúrbios abrem o caminho para atos terroristas", disse, em declarações transmitidas pela televisão.

Nesta quarta, ele prometeu "castigar" os autores do ataque em Shiraz.

O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, pediu nesta quinta-feira unidade ao país para combater a "conspiração" alimentada pelos "inimigos do Irã".

O Ministério das Relações Exteriores iraniano também convocou o embaixador alemão, Hans-Udo Muzel, nesta quinta para protestar contra os comentários de funcionários alemães, que "incitam distúrbios" no Irã, reportou a agência Irna.

Berlim havia dito na véspera que queria endurecer ainda mais suas relações com Teerã por causa da repressão.

- Manifestações noturnas -

o Irã vive a maior onda de protestos em anos, liderados por mulheres jovens que desafiam as forças de segurança saindo diariamente para se manifestar, não hesitando em repetir palavras de ordem contra as autoridades e exigindo mais liberdade.

Milhares de pessoas - 10.000, segundo a agência ISNA - foram nesta quarta-feira à cidade natal de Amini, Saqqez, na província do Curdistão, para homenageá-la em sua tumba no fim do período de luto tradicional no Irã.

"Não deveríamos chorar nossos jovens, deveríamos vingá-los", gritavam os manifestantes, segundo o grupo de direitos humanos Hengaw, com sede na Noruega.

Segundo vídeos publicados por esta ONG, as forças de segurança abriram fogo contra pessoas na praça Zindan em Saqqez e em Marivan, província do Curdistão.

Os manifestantes também cercaram uma base da milícia Basij em Sanandaj, na província do Curdistão, provocando incêndios e fazendo as forças de segurança recuarem, acrescentou Hengaw.

Houve cenas similares na cidade de Ilam, perto da fronteira ocidental do Irã com o Iraque.

Nesta quinta, os protestos prosseguiram com uma concentração em frente à tumba de Nika Shahkarami, de 16 anos, perto da cidade ocidental de Jorramabad, 40 dias depois de ela ter sido morta pelas forças de segurança, segundo o grupo de defesa dos direitos humanos HRANA, com sede nos Estados Unidos.

O site de monitoramento online NetBlocks informou mais tarde sobre uma "importante interrupção da Internet" na província do Azerbaijão Ocidental "com um grande impacto em Mahabad".

Os jovens também se reuniram nas universidades de Teerã e Karaj, a oeste da capital, segundo outras imagens compartilhadas nas redes.

A repressão aos protestos em todo o Irã deixou ao menos 141 mortos, entre eles crianças, segundo um balanço atualizado da ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega.

Também houve uma campanha de detenções em massa de manifestantes e simpatizantes, incluindo professores universitários, jornalistas e celebridades.

Pelo menos 50 pessoas morreram e cerca de 300 ficaram feridas no Chade, nesta quinta-feira (20), em enfrentamentos entre policiais e manifestantes que protestavam contra a permanência dos militares no poder.

Em diversas cidades do país africano, entre elas N'Djamena, a capital, e Moundou, a segunda maior, os manifestantes saíram às ruas para denunciar o prolongamento do período de transição para o sistema democrático.

Os enfrentamentos deixaram "cerca de 50" mortos e "mais de 300" feridos, segundo o primeiro-ministro do Chade, Saleh Kebzabo.

No início desta semana, a plataforma de oposição Wakit Tamma e o partido Os Transformadores convocaram a população a se manifestar contra o governo.

Esses dois grupos boicotaram o processo de diálogo nacional que, no início de outubro, atrasou em dois anos a transição para eleições "livres e democráticas" e abriu caminho para uma candidatura do general Mahamat Idriss Déby Itno, que tomou o poder há um ano e meio à frente de uma junta militar.

Após os protestos desta quinta, o primeiro-ministro anunciou a suspensão de "qualquer atividade pública" de diversos partidos e organizações de oposição e decretou o toque de recolher das 18h às 6h, até o "restabelecimento total da ordem" em N'Djamena, Moundou, Doba e Koumra.

Pela manhã, colunas de fumaça preta podiam ser vistas na capital e era possível ouvir o barulho de disparos de bombas de gás lacrimogênio. Barricadas foram erguidas em muitos bairros de N'Djamena e as principais vias de circulação da cidade foram bloqueadas, constataram os correspondentes da AFP.

"Uma manifestação proibida se transformou em uma insurreição", disse o porta-voz governamental Aziz Mahamat, acusando os manifestantes de atacar "edifícios públicos".

- 'Uma mudança no poder' -

"Vim me manifestar para denunciar este diálogo de fachada que perpetua um sistema e reivindicar uma mudança no poder. Em 31 anos, não vimos nenhuma mudança positiva em nosso país", declarou à AFP Abass Mahamat, de 35 anos.

A ONU lamentou "o recurso à força letal contra os manifestantes" e pediu às autoridades de transição "garantias de segurança e à proteção dos direitos humanos".

O presidente da Comissão da União Africana (UA) e ex-primeiro-ministro do Chade, Moussa Faki Mahamat, condenou a repressão e pediu a ambas as partes que "privilegiem as vias pacíficas para superar a crise".

O general Deby, de 38 anos, tomou o poder em abril de 2021, depois que seu pai, Idriss Deby Itno, morreu em uma operação contra rebeldes após três décadas dirigindo o país com mão de ferro.

A junta militar dissolveu o parlamento e o governo e prometeu "eleições livres e democráticas" após uma transição de 18 meses, renovável apenas uma vez.

A história do Chade independente, que foi uma colônia francesa até 1960, está marcada por golpes de Estado, tentativas de golpe e rebeliões.

A iraniana Elnaz Rekabi voltou à capital do seu país nesta quarta-feira depois de competir na escalada no Campeonato Asiático, disputado na Coreia do Sul, sem usar um véu na cabeça, um ato amplamente visto como apoio a manifestantes antigovernamentais em meio a semanas de protestos contra o hijab obrigatório. Seu paradeiro era motivo de preocupação.

Protestos em todo o país foram desencadeados após a morte de uma mulher de 22 anos em 16 de setembro. Mahsa Amini foi detida pela polícia por causa de suas roupas - e sua morte levou as mulheres a tirarem seus véus em público.

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Após o desembarque, Rekabi deu uma entrevista cuidadosa e sem emoção à televisão estatal do Irã, dizendo que ficar sem o hijab foi um ato "não intencional" de sua parte. No entanto, centenas de pessoas se reuniram do lado de fora do Aeroporto Internacional Imam Khomeini, incluindo mulheres que não usavam o hijab e aplaudiram "Elnaz, a campeã".

"Voltei ao Irã com paz de espírito, embora tivesse muita tensão e estresse. Mas até agora, graças a Deus, nada aconteceu", disse ela, que usava um boné de beisebol preto e um capuz.

O futuro que Rekabi enfrenta depois de voltar para casa permanece incerto. Apoiadores se preocuparam com a segurança de Rekabi após seu retorno, especialmente porque ativistas dizem que as manifestações viram as forças de segurança prenderem milhares até agora.

No início, Rekabi repetiu uma explicação postada anteriormente em uma conta do Instagram em seu nome, dizendo que não usar o hijab foi um ato "não intencional". Rekabi disse que estava em uma área de espera só para mulheres antes de sua escalada. "Porque eu estava ocupada colocando meus sapatos e meu equipamento, isso me fez esquecer de colocar meu hijab e então eu fui competir", afirmou.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) disse que realizou uma reunião conjunta com a Federação Internacional de Escalada Esportiva e autoridades do Irã. O COI informou que recebeu "garantias claras de que Rekabi não sofrerá nenhuma consequência e continuará treinando e competindo".

O Irã vive um novo dia de protestos neste sábado (8) marcado por confrontos de rua e trabalhadores em greve, quase quatro semanas após a morte da jovem Mahsa Amini, que desencadeou uma onda de condenações no mundo e uma repressão sangrenta do regime.

Amini, uma curda iraniana de 22 anos, foi detida em 13 de setembro pela polícia de moral de Teerã por supostamente desrespeitar o rígido código de vestimenta para mulheres no Irã, que exige o uso do véu na cabeça.

Ela faleceu três dias depois no hospital e sua morte provocou protestos no país e movimentos de solidariedade em todo o mundo.

As manifestações, as mais importantes no Irã desde 2019, quando o povo foi às ruas contra o aumento do preço da gasolina, foram reprimidas violentamente.

Na sexta-feira, as autoridades iranianas disseram que a morte da jovem não foi causada por "espancamento", mas pelas sequelas de uma doença. Sua família, por outro lado, insiste que ela estava bem de saúde.

Os iranianos, incluindo estudantes universitários, voltaram às ruas neste sábado, apesar do presidente, o ultraconservador Ebrahim Raisi, ter dito aos estudantes da Universidade Al-Zahra, em Teerã, que eles não deveriam servir aos interesses do "inimigo".

Houve protestos em vários bairros de Teerã, a capital, assim como em Isfahan, Karaj, Shiraz e Tabriz, entre outras cidades.

Segundo a organização não governamental Iran Human Rights (IHR, com sede em Oslo), pelo menos 92 manifestantes foram mortos desde o início da repressão.

- "Mulher, vida, liberdade" -

Em Saqqez, cidade localizada no Curdistão (oeste) e de onde Amini era originária, um grupo de alunas se manifestou agitando os véus acima de suas cabeças, segundo vídeos gravados neste sábado, informou a ONG de direitos humanos Hengaw, com sede na Noruega. "Mulher, vida, liberdade", cantavam.

Em outro vídeo amplamente compartilhado no Twitter, um homem parece ter sido morto enquanto estava sentado ao volante de seu carro em Sanandaj, capital da província do Curdistão, onde tiros foram ouvidos.

O chefe de polícia da província, Ali Azadi, disse que a vítima foi morta "por forças anti-revolucionárias".

Em outras imagens amplamente compartilhadas, homens enfurecidos parecem se vingar de um membro da Basij, uma milícia islâmica que trabalha sob ordens do Estado, espancando-o severamente.

Outro vídeo chocante mostra uma jovem supostamente morta a tiros em Mashhad, no nordeste. Muitos usuários nas redes sociais compararam as imagens com as de Neda Agha Soltan, uma jovem que se tornou símbolo da oposição após ser morta a tiros nos protestos de 2009.

As autoridades impuseram restrições ao acesso à Internet para evitar aglomerações e a divulgação de imagens da repressão. Mas os manifestantes adotaram novas técnicas para repassar suas mensagens.

"Não temos mais medo. Lutaremos", dizia uma grande faixa afixada em um viaduto da rodovia Modares, que atravessa o centro de Teerã, segundo imagens verificadas pela AFP.

Um homem foi visto mudando a frase de um cartaz de "A polícia é a serva do povo" para "A polícia é a assassina do povo".

- Greves massivas -

Segundo a ONG Hengaw, "greves massivas" também ocorreram em Saqqez, Sanandaj e Divandarreh, no Curdistão; e em Mahabad, no oeste do país.

O Irã acusa repetidamente forças estrangeiras de alimentar os protestos, particularmente os Estados Unidos, seu inimigo jurado.

Raisi, que em julho pediu a mobilização de todas as instituições estatais para garantir o cumprimento das regras sobre o uso do véu, agora pediu unidade.

"Apesar de todos os esforços dos mal-intencionados, o povo forte e trabalhador do Irã islâmico superará os próximos problemas com unidade e coesão", disse o mandatário neste sábado, segundo o site presidencial.

Na semana passada, o governo anunciou a prisão de nove estrangeiros de países como França, Alemanha, Itália, Polônia e Holanda.

Na sexta-feira, a França recomendou que seus cidadãos em visita ao Irã deixem o país "o mais rápido possível" devido ao risco de detenção arbitrária.

O mesmo fez a Holanda, que aconselhou seus cidadãos a não viajarem para a República Islâmica. "A polícia às vezes age com dureza. As autoridades iranianas também podem deter arbitrariamente pessoas de nacionalidade estrangeira", disse.

As jovens estudantes iranianas realizam manifestações esporádicas, nas quais retiram o véu, para protestar pela morte de Mahsa Amini, desafiando a forte repressão dos protestos que realizaram por quase três semanas no Irã.

Esta jovem iraniana de origem curda de 22 anos morreu em 16 de setembro, três dias depois de ter sido presa pela polícia da moral por supostamente violar o rígido código de vestimenta feminino, que inclui o uso de um véu sobre a cabeça.

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Uma onda de indignação agitou o país e o movimento de protesto se tornou o mais importante desde as manifestações de 2019 contra o aumento do preço da gasolina.

Ao menos 92 pessoas morreram desde 16 de setembro, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega. Por sua vez, as autoridades iranianas informaram 600 mortos, incluindo 12 agentes de segurança.

Mais de mil pessoas foram detidas e 400 já foram libertadas, segundo as autoridades.

No último fim de semana, um grupo de estudantes se reuniu e foi encurralado pela polícia antidistúrbio em um estacionamento subterrâneo da Universidade de Tecnologia de Sharif. Em seguida, foram presos.

Desde então, grupos de estudantes muito mais jovens, muitas vezes meninas do ensino médio, assumiram os protestos que consistem em retirar os véus e gritar palavras de ordem contra o governo.

Um vídeo verificado pela AFP mostra meninas jovens com a cabeça à mostra gritando "morte ao ditador", em alusão ao guia supremo Ali Khamenei, na segunda-feira em uma escola de Karaj, ao oeste da capital Teerã.

Outro grupo gritava "Mulher, vida, liberdade", enquanto se manifestava na rua.

"São cenas verdadeiramente extraordinárias. Se essas manifestações conseguirem algo, será graças a essas estudantes", declarou Esfandyar Batmanghelidj, do portal de informação e análise Bourse&Bazaar.

- Adolescente morta -

Desde o início do movimento de protesto, o governo iraniano intensificou a repressão prendendo os apoiadores das revoltas mais prominentes e impondo duras restrições ao acesso às redes sociais.

Na madrugada de terça-feira para quarta-feira, o cantor de pop Shirvin Hajipour - que foi detido depois de divulgar uma música a favor dos protestos que se tornou um sucesso viral - foi libertado sob fiança.

Ao mesmo tempo, as autoridades judiciais iranianas abriram uma investigação sobre a causa da morte de uma adolescente, supostamente assassinada durante uma manifestação.

A violenta repressão das manifestações no Irã gerou uma onda de condenação em todo o mundo e manifestações em apoio às mulheres iranianas em uma dezena de países.

Depois que Estados Unidos e Canadá anunciaram sanções, a União Europeia anunciou na terça-feira a intenção de impor "medidas restritivas" para protestar "pela forma em que as forças de segurança responderam às manifestações".

O Irã acusou diversas vezes as forças estrangeiras de atiçar os protestos. Em seus primeiros comentários públicos desde a morte de Mahsa Amini, o guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, acusou na segunda-feira os principais inimigos do Irã, Estados Unidos e Israel, de terem fomentado os incidentes.

Nesta quarta-feira, o Irã convocou o embaixador britânico Simon Shercliff para expressar seu protesto pela "interferência" do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido em assuntos internos do país, por suas críticas à forma em que as autoridades reagem aos protestos.

As camisas usadas pela seleção da Dinamarca na Copa do Mundo do Catar terão protestos contra o desrespeito histórico de direitos humanos da nação anfitriã. Uma opção negra revelada nesta quarta-feira vai homenagear os trabalhadores que morreram durante as obras para o torneio.

"A cor do luto", disse o fabricante Hummel em um post nas redes sociais. "Embora apoiemos a seleção dinamarquesa até o fim, isso não deve ser confundido com o apoio a um torneio que custou milhares de vidas", disse a empresa.

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Os designs parecem completar uma promessa feita pela Federação Dinamarquesa de Futebol em novembro passado para usar roupas com "mensagens críticas" na competição do Catar.

Embora as regras da Copa do Mundo da Fifa proíbam declarações políticas no uniforme da equipe, os três designs de camisa da Dinamarca em vermelho, branco e preto parecem não ter palavras ou símbolos que sejam uma declaração explícita. O escudo da seleção, logotipo da Hummel e divisas brancas decorativas - uma característica famosa da camisa da Dinamarca desde a década de 1980 - estão desbotadas na mesma cor da camisa.

"Nós não queremos ser visíveis durante o torneio", disse a Hummel. "Apoiamos a seleção dinamarquesa até o fim, mas isso não é o mesmo que apoiar o Catar como nação anfitriã."

A federação dinamarquesa também aderiu a uma campanha europeia lançada na semana passada, na qual os capitães de cada equipe usarão braçadeiras "One Love" em forma de coração e multicoloridas nos jogos da Copa.

O Catar foi duramente criticado na última década pelo tratamento dado os trabalhadores, principalmente do sul da Ásia, necessários para a construção de estádios, linhas de metrô, estradas e hotéis, nos quais foram gastos dezenas de bilhões de dólares.

Autoridades dinamarquesas assumiram um papel de liderança em um grupo de federações do futebol europeu, que visita o Catar para monitorar o progresso das reformas prometidas nas leis trabalhistas.

A Dinamarca está no Grupo D da Copa, juntamente com a atual campeã França, que normalmente veste uma camisa azul escura, a Austrália, cuja cor de primeira escolha é ouro, e a Tunísia, que se veste de branco.

O calendário de jogos da Fifa para o torneio lista a Dinamarca como o time da casa com primeira escolha de cor apenas para seu jogo de abertura em 22 de novembro contra a Tunísia.

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O Irã tem protestos em pelo menos 46 cidades do país, com a televisão estatal sugerindo que ao menos 41 pessoas tenham morrido em meio às manifestações dos últimos dias. As manifestações ocorrem desde 17 de setembro, com a contagem a partir de declarações oficiais em ao menos 13 mortos, além de mais de 1.200 manifestantes presos.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã afirmou neste domingo, 25, que convocou o embaixador britânico para protestar contra o que descreveu como atmosfera hostil criada pela mídia em língua farsi sediada em Londres. Teerã também criticou agências de notícias e convocou o embaixador da Noruega no país para protestar contra recentes declarações do presidente do Parlamento norueguês, Masud Gharahkhani.

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O estopim dos protestos foi a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, detida pela polícia da moralidade do país e morta enquanto estava sob custódia das autoridades. Confrontos entre manifestantes e as forças de segurança continuavam a ocorrer.

Amini foi detida pela polícia em Teerã por supostamente estar com seu véu islâmico muito frouxo sobre a cabeça. A polícia afirma que ela morreu por um ataque cardíaco e que não sofreu maus-tratos, mas sua família coloca a versão em dúvida. A morte da jovem gerou forte condenação de países do Ocidente e da Organização das Nações Unidas.

Houve, porém, também manifestações a favor do governo em várias cidades do Irã neste domingo. Milhares participaram de um ato na Praça da Revolução (Enghelab), e algumas autoridades estiveram presentes, entre eles o porta-voz do gabinete de governo, Ali Bahadori Jahromi.

Pelo menos 35 pessoas morreram nas manifestações iniciadas há mais de uma semana no Irã, após a morte de uma jovem detida pela polícia moral por usar o véu de forma "inapropriada" - conforme balanço oficial divulgado neste sábado (24).

Os manifestantes tomaram as ruas das principais cidades do Irã, incluindo sua capital, Teerã, por oito noites consecutivas desde a morte de Mahsa Amini, de 22 anos. Esta jovem curda foi declarada morta depois de passar três dias em coma.

"O número de pessoas que morreram nos recentes distúrbios no país subiu para 35", informou a imprensa estatal, elevando o número oficial anterior de pelo menos 17 mortos, incluindo cinco membros das forças de segurança.

Na província de Guilán (nordeste), o chefe da polícia anunciou hoje "a prisão de 739 manifestantes, incluindo 60 mulheres", apenas nesta região, desde o início dos protestos, segundo a agência de notícias iraniana Tasnim.

Na sexta-feira (23), novos protestos aconteream em todo país. Os vídeos que circulavam na Internet mostraram confrontos em Teerã e em outras grandes cidades, como Tabriz. Em algumas imagens, viam-se agentes das forças de segurança nas cidades de Piranshahr, Mahabad e Urmia atirando, com o que parecia ser munição real, contra manifestantes desarmados.

Em um vídeo compartilhado pela ONG Iran Human Rights, com sede na Noruega, um membro uniformizado das forças de segurança dispara com um fuzil de assalto AK-47 contra manifestantes no Ferdowsi Boulevard, em Teerã.

Segundo a organização, outras imagens mostram o "fluxo de forças de segurança do Estado (...) em uma rodovia em Teerã", na noite de sexta-feira.

Também houve uma onda de prisões de ativistas e de jornalistas, incluindo Niloufar Hamedi, do jornal reformista Shargh, que noticiou a morte de Amini. Desde segunda-feira, pelo menos 11 jornalistas teriam sido detidos, conforme a organização Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

De acordo com o grupo de direitos curdos Hengaw, com sede na Noruega, os manifestantes "tomaram o controle" de partes da cidade de Oshnavih, na província do Azerbaijão Ocidental.

Segundo a Anistia Internacional, com sede em Londres, evidências coletadas em 20 cidades no Irã indicam "um padrão terrível das forças de segurança iranianas, atirando, deliberada e ilegalmente, com munição real contra manifestantes".

Em paralelo, milhares de pessoas saíram às ruas de Teerã na sexta-feira em uma manifestação a favor do hijab, em homenagem às forças de segurança que tentam sufocar o que a imprensa oficial chama de "conspiradores". Também houve manifestações de apoio às forças de segurança em cidades como Ahvaz, Isfahan, Qom e Tabriz.

- Gestos de desafio -

Amini morreu após ser detida pela polícia moral iraniana, encarregada de aplicar e fazer cumprir o rígido código de vestimenta das mulheres no país. Segundo as ONGs, ela recebeu um golpe na cabeça enquanto estava presa. A informação ainda não foi confirmada pelas autoridades, que abriram uma investigação a esse respeito.

Alguns manifestantes tiraram seu hijab em sinal de desafio e o queimaram, ou cortaram simbolicamente o cabelo, em meio à ovação da multidão, de acordo com imagens publicadas nas redes sociais.

Na sexta-feira, o ministro iraniano do Interior, Ahmad Vahidi, insistiu em que Amini não havia sido agredida.

"Relatórios foram recebidos de agências de supervisão, testemunhas foram entrevistadas, vídeos foram revisados, opiniões forenses foram obtidas e se comprovou que não houve qualquer agressão", declarou Vahidi.

A Anistia Internacional rejeita, no entanto, a investigação oficial e pede ao mundo que tome "medidas significativas" contra a repressão "sangrenta".

burs/dv/pc/avl/tt

Ao menos 36 pessoas morreram na repressão dos protestos que explodiram há uma semana no Irã após a morte de uma mulher detida pela polícia da moral, denuncia uma ONG com sede em Nova York.

Mahsa Amini, 22 anos, foi detida pela polícia da moral em 13 de setembro em Teerã por utilizar "roupas inapropriadas". Ela faleceu três dias depois no hospital e sua morte provocou uma onda de protestos no país.

De acordo com ativistas, ela foi agredida de maneira fatal na cabeça, mas as autoridades iranianas negaram qualquer envolvimento das forças de segurança e anunciaram uma investigação.

Um meio de comunicação estatal informou que 17 pessoas morreram nas manifestações, mas várias ONGs, incluindo o Centro para os Direitos Humanos no Irã (CHRI), com sede em Nova York, anunciaram balanços mais graves.

"As autoridades reconheceram a morte de pelo menos 17 pessoas, mas fontes independentes citam 36 óbitos", denunciou o CHRI no Twitter.

"O número deve aumentar. Os líderes mundiais devem pressionar as autoridades iranianas para permitir protestos sem o uso de força letal", acrescentou a ONG.

Após a morte de Mahsa Amini, manifestações foram registradas nas principais cidades do Irã, incluindo Teerã, Isfahan (centro) e Mashhad (nordeste).

A Anistia Internacional denunciou recentemente uma "repressão brutal" e advertiu que as forças de segurança usaram balas de borracha e gás lacrimogêneo contra a multidão.

Manifestantes invadiram neste sábado (9), a residência oficial do presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, em Colombo. Segundo agências de notícias, eles pedem a renúncia do presidente em meio a crise econômica que o país enfrenta. Rajapaksa já não estava na residência oficial desde ontem, por motivos de segurança.

Os manifestantes arrombaram os portões em outros prédios do governo, como a secretaria presidencial e do Ministério das Finanças, mostraram imagens de TV. Militares e policiais tentaram impedir que os manifestantes entrassem nos edifícios, mas não conseguiram.

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O primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe convocou uma reunião de emergência dos líderes do partido para discutir a situação e chegar a uma resolução rápida. Ele pediu ao presidente para convocar o Parlamento, de acordo com um comunicado. Wickremesinghe também foi transferido para um local seguro.

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A polícia do país havia imposta um toque de recolher em Colombo e em outras áreas urbanas da cidade na sexta-feira à noite, mas retirou neste no sábado em meio a objeções de advogados e políticos da oposição, que a chamaram de ilegal.

A embaixadora dos Estados Unidos no Sri Lanka, Julie Chung, pediu na sexta-feira que as pessoas protestassem pacificamente e que os militares e a polícia" dessem espaço para que eles pudessem se manifestar com segurança''. "O caos e a força não vão consertar a economia ou trazer a estabilidade política que os cingaleses precisam agora'', disse Chung em um tweet.

Crise - No mês passado, Wickremesinghe, afirmou que a economia do país entrou em colapso. Ele disse que as negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) são complexas porque o país estaria falido.

Em abril, o Sri Lanka anunciou que estava suspendendo o pagamento de empréstimos estrangeiros devido a uma escassez dessas moedas. A dívida externa total do país é de US$ 51 bilhões, com previsão de crescimento de mais de US$ 28 bilhões até o final de 2027.

Primeiro-ministro renuncia

Depois que líderes do partido exigiram que o presidente renunciasse, o primeiro-ministro do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, concordou em renunciarao cargo ainda neste sábado. A decisão aconteceu após manifestantes invadirem a residência e o escritório do presidente na capital do país.

Segundo o porta-voz do premiê, Wickremesinghe disse aos líderes do partido que renunciará quando todos os partidos concordarem em formar um novo governo. Ele havia assumido o cargo em maio, após a renúncia do irmão mais velho do presidente.

O presidente, Gotabaya Rajapaksa, cuja família dominou a política no Sri Lanka por grande parte das últimas duas décadas, não realizou nenhum anúncio até o momento. Ele enfrenta o maior protesto ocorrido no país neste sábado, com a entrada de dezenas de milhares de pessoas na sua residência e no escritório oficial. Os manifestantes o consideram o responsável pela pior crise econômica do país e pedem que ele renuncie.

Não está claro se Rajapaksa estava dentro da residência no momento da invasão, mas as imagens mostraram centenas de pessoas dentro e fora da casa.

O Sri Lanka ficou sem reservas de divisas para a importação de itens essenciais como combustível e remédios, e a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que mais de um quarto dos 21 milhões de habitantes do país correm o risco de escassez de alimentos. A economia do país está em colapso e o governo suspendeu o pagamento de empréstimos estrangeiros. A dívida externa total é de US$ 51 bilhões, dos quais deve pagar US$ 28 bilhões até o final de 2027.

A crise econômica é um grande derrota para a nação asiática, que ainda lutava com o legado de guerra civil de três décadas. O conflito, entre o governo e os insurgentes Tamil Tiger, que assumiram a causa da discriminação contra a minoria étnica tâmil, terminou em 2009, mas muitas de suas causas subjacentes permaneceram, com a família Rajapaksa continuando a atender a maioria budista cingalesa.

Segundo as autoridades de saúde, pelo menos 42 pessoas ficaram feridas em confrontos com as forças de segurança na cidade neste sábado, depois que a polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água contra manifestantes e disparou tiros para o ar para tentar dispersá-los.

Os protestos ocorrem há meses, mas a manifestação deste sábado é uma das maiores até agora, apesar de as autoridades terem imposto um toque de recolher noturno e parado os trens na tentativa de impedir que as pessoas chegassem à capital.

Na sexta-feira, a ONU pediu às "autoridades do Sri Lanka que mostrem moderação no policiamento de assembleias e garantam todos os esforços necessários para evitar a violência".

Protestos organizados por estudantes do segundo grau tomaram nesta quarta-feira, 1º, o centro de Santiago. O presidente, Gabriel Boric, reconheceu que o Chile "atravessa o pior momento para sua segurança" desde a redemocratização, em 1990.

Enquanto Boric fazia sua primeira apresentação das contas públicas ao Congresso, em Valparaíso, estudantes que pediam educação gratuita e o cancelamento de dívidas estudantis, protagonizaram novos incidentes na capital, que terminaram com dois policiais feridos e vários manifestantes presos.

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O presidente prometeu lutar contra a crise de violência, sem deixar de lado suas promessas de melhorar os direitos sociais. "O Chile merece viver em paz. Necessitamos recuperar os espaços públicos, com atividades comunitárias, culturais que atraiam todos", disse. Boric, de 36 anos, que assumiu o cargo em 11 de março, substituindo o conservador Sebastián Piñera. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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