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O chefe da força do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, disse que ordenou que seus mercenários, que estavam a 200 quilômetros de Moscou, interrompessem a marcha em direção à capital e se retirassem para seus campos na Ucrânia para evitar "derramar sangue russo".

O anúncio de Prigozhin parecia acalmar uma crise crescente. Moscou se preparava para a chegada do exército privado liderado pelo comandante rebelde, e o presidente Vladimir Putin prometeu enfrentar.

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Prigozhin não disse se o Kremlin respondeu à sua demanda para expulsar o ministro da Defesa, Sergei Shoigu. Não houve comentário imediato do Kremlin.

O anúncio segue-se a uma declaração do gabinete do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, dizendo que ele tinha negociado um acordo com Prigozhin depois de ter discutido anteriormente a questão com Putin.

Prigozhin aceitou a oferta de Lukashenko para deter o avanço do Grupo Wagner e outras medidas para reduzir as tensões, disse o escritório de Lukashenko, acrescentando que o acordo proposto contém garantias de segurança para as tropas Wagner.

O presidente russo, Vladimir Putin, se dirigiu à nação neste sábado (27) e prometeu defender o país e seu povo da rebelião armada declarada pelo líder mercenário Ievgeni Prigozhin do grupo Wagner. Putin também disse que rebelião é uma "punhalada nas costas" e prometeu "ações decisivas" para punir os "traidores".

Em discurso de cinco minutos à nação, Putin disse que as funções militares e civis da cidade haviam sido "essencialmente bloqueadas", parecendo reconhecer algum sucesso do Prigozhin, que na manhã de sábado reivindicou o controle de partes do quartel-general militar do sul das Forças Armadas russas.

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Putin disse que o motim representava "uma ameaça mortal à nossa condição de Estado" e prometeu "ações duras" em resposta. "Todos aqueles que prepararam a rebelião sofrerão uma punição inevitável. As forças armadas e outras agências governamentais receberam as ordens necessárias", disse Putin.

Ele chamou as ações de Prigozhin, sem se referir ao proprietário da empresa militar privada Wagner pelo nome, de "traidor" e afirmou que "aqueles que estão sendo arrastados para esse crime não cometam um erro fatal, trágico e único, e façam a única escolha certa - pare de participar de atos criminosos".

Putin condenou a rebelião no que disse ser um momento em que a Rússia estava "travando a mais dura batalha pelo seu futuro" com sua guerra na Ucrânia. "Toda a máquina militar, econômica e de informação do Ocidente está sendo usada contra nós", disse Putin.

"Essa batalha, quando o destino de nosso povo está sendo decidido, exige a unificação de todas as forças, unidade, consolidação e responsabilidade." Uma rebelião armada em um momento como esse é "um golpe para a Rússia, para seu povo", disse o presidente.

"Aqueles que planejaram e organizaram uma rebelião armada, que levantaram armas contra seus companheiros de armas, traíram a Rússia. E eles responderão por isso", disse Putin.

Em resposta. Priogozhin disse que Putin está "profundamente enganado" e que seus combatentes não irão se entregar.

O conflito que se desenrola nas ruas das cidades russas é uma reviravolta dramática para a guerra de Putin, parecendo configurar o maior desafio à sua autoridade desde a invasão.

Os governadores das regiões ao longo da principal rodovia M-4, que liga Rostov-on-Don a Moscou, disseram que equipamentos militares estavam sendo transportados pela rodovia e pediram aos moradores locais que ficassem longe do corredor.

"Estamos bloqueando a cidade de Rostov e indo para Moscou", diz Prigozhin em um vídeo que veio à tona na madrugada de sábado, verificado pelo The New York Times, mostrando-o na companhia de homens armados no pátio do quartel-general, perguntando pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas russas e pelo ministro da Defesa russo, Sergei K. Shoigu.

Prigozhin declarou que, enquanto Wagner "não tiver o chefe do Estado-Maior russo, Valery Gerasimov, e o ministro da Defesa, Sergey Shoigu, em seu poder, seus mercenários bloquearão a cidade de Rostov" e "avançarão em direção a Moscou".

Um assessor do presidente ucraniano Volodmir Zelenski disse no sábado que a crise causada pela rebelião do grupo paramilitar Wagner na Rússia está apenas começando.

"Isso é apenas o começo na Rússia", disse o assessor presidencial Mikhail Podoliak no Twitter. "A divisão entre as elites é evidente demais. Concordar e fingir que tudo está resolvido não funcionará", acrescentou.

Prigozhin responde

O chefe do Grupo Wagner, Ievgeni Prigozhin, respondeu ao apelo do presidente Vladimir Putin por unidade e fim do que ele chamou de "uma rebelião armada". Ele afirmou que o grupo não irá recuar ou confessar qualquer culpa.

"Em relação à traição à pátria, o presidente está profundamente enganado", disse Prigozhin em uma mensagem de áudio postada por seu serviço de imprensa, referindo-se aos comentários de Putin dizendo que Wagner traiu a Rússia ao encenar hostilidades dentro do país.

"Somos patriotas, lutamos e continuamos lutando, todos do Wagner, e ninguém pretende ir confessar ou se entregar a pedido do presidente, do FSB [Serviço de Segurança Federal] ou de quem quer que seja, porque nós não queremos que o país continue a viver na corrupção, na falsidade e na burocracia", completou Prigozhin.

Entenda o caso

Prigozhin, cuja empresa militar privada ajudou a Rússia a tomar a cidade ucraniana de Bakhmut, o único ganho territorial significativo de Moscou este ano, acusou os militares russos na sexta-feira de realizar um ataque a um campo de Wagner e pareceu ameaçar Shoigu, declarando: "Essa escória vai ser detida!"

Em uma rara declaração no final da noite, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o presidente Vladimir Putin havia sido informado sobre a situação e que "todas as medidas necessárias" estavam sendo tomadas.

Em janeiro, segundo os documentos secretos do Pentágono vazados na plataforma Discord, Prigozhin afirmou que se Kiev retirasse seus soldados da área ao redor de Bakhmut, ele daria a Ucrânia informações sobre as posições das tropas russas que a Ucrânia poderia usar para atacá-los. Prigozhin transmitiu a proposta a seus contatos no diretório de inteligência militar da Ucrânia, com quem manteve comunicações secretas durante a guerra.

Suposto ataque a acampamento

Na sexta-feira, Prigozhin postou um vídeo que supostamente mostrava o ataque ao acampamento onde, segundo ele, muitos de seus combatentes foram mortos. O vídeo mostrava fumaça crescente e sinais de destruição, mas nenhuma evidência do grande número de vítimas que ele alegou.

Após uma reunião que ele descreveu como um conselho de comandantes de guerra de Wagner, Prigozhin postou uma mensagem de áudio no Telegram no final da sexta-feira avisando que "aqueles que destruíram nossos homens hoje e dezenas de milhares de vidas de soldados russos serão punidos. Peço a ninguém que resista".

Qualquer resistência seria considerada uma ameaça e imediatamente destruída, incluindo bloqueios de estradas e aeronaves, declarou ele.

Prigozhin, um bilionário, ganhou sua fortuna e o apelido de "chef de Putin" por meio de contratos de aprovisionamento com o governo, inclusive para escolas e militares. Além de ser um dos fundadores da Wagner, ele é proprietário da Internet Research Agency, uma notória operadora de "fazendas de trolls", e se gaba de ter se intrometido nas eleições dos Estados Unidos, pelo que foi colocado sob sanções pelo Departamento do Tesouro dos EUA. (Com agências internacionais)

O motim do grupo Wagner é uma demonstração da "fragilidade" da Rússia, mergulhada "no mal e no caos", avaliou, neste sábado (24), o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, segundo quem seu país está protegendo o resto da Europa.

"A fragilidade da Rússia é evidente. Uma fragilidade total", destacou Zelensky nas redes sociais, avaliando ser "evidente que a Ucrânia é capaz de proteger a Europa de uma contaminação do mal e do caos russos".

Em sua primeira reação aos acontecimentos na Rússia, o presidente ucraniano afirmou que "quem escolhe o caminho do mal, se autodestrói", referindo-se ao seu contraparte russo, Vladimir Putin.

Segundo Zelensky, Putin "envia centenas de milhares de pessoas para a guerra para finalmente se entrincheirar na região de Moscou e se proteger dos que ele mesmo armou".

"A Rússia tem usado a propaganda para ocultar sua fragilidade e a estupidez de seu governo. E, agora, o caos é tal que ninguém pode mentir a esse respeito", acrescentou.

O líder da milícia Wagner, peça-chave na ofensiva militar russa na Ucrânia, acusou nesta sexta-feira (23) o Exército regular de Moscou de bombardear suas bases e convocou a população a se revoltar contra o comando militar.

O Exército negou as acusações, que chamou de "provocação", enquanto os serviços de segurança russos abriram uma investigação contra o líder do grupo de mercenários, Yevgeny Prigozhin, por tentativa de motim.

Prigozhin, que já foi considerado um aliado do presidente russo, Vladimir Putin, ganhou influência política e se lançou em um confronto com autoridades políticas e militares que parece ter ido além da retórica.

Tropas russas "realizaram bombardeios, lançamentos de mísseis, contra nossas bases de retaguarda" na frente ucraniana, declarou Prigozhin em mensagem de áudio. "Um grande número de combatentes nossos foi morto", acrescentou, prometendo responder aos ataques.

"O comitê de comando do Grupo Wagner decidiu que é preciso conter aqueles que têm responsabilidade militar no país", prosseguiu o chefe dos mercenários, 62 anos.

- Vinte e cinco mil combatentes -

"Nós somos 25.000 e iremos determinar as causas do caos que reina no país (...). Nossas reservas estratégicas são todo o Exército e todo o país", proclamou, convocando "todos os que quiserem" a se unirem a seus homens para "acabar com a desordem".

O Exército russo negou categoricamente as acusações de ataques. "As mensagens e os vídeos divulgados nas redes sociais por Y. Prigozhin sobre supostos 'bombardeios do Ministério da Defesa russo contra as bases de retaguarda do grupo paramilitar Wagner' não correspondem à realidade e são uma provocação", afirmou o ministério em comunicado.

O Kremlin informou que Putin está a par de todos os eventos relacionados a Prigozhin e que "as medidas necessárias estão sendo tomadas". Pouco depois, os serviços de segurança russos (FSB) anunciaram a abertura de uma investigação contra o líder do Grupo Wagner, por "incitação à rebelião armada". Prigozhin explicou, posteriormente, que não pretendia protagonizar um golpe de Estado, e sim organizar uma "marcha pela justiça".

- Militares 'se banham em seu sangue' -

A tensão ocorre em meio à contraofensiva das tropas ucranianas para reconquistar territórios tomados pela Rússia desde o início da intervenção militar, em fevereiro de 2022.

Horas antes do surgimento da crise, Prigozhin afirmou que o Exército russo estava "se retirando" no leste e sul da Ucrânia, contradizendo as afirmações do Kremlin, para o qual a contraofensiva de Kiev fracassa. "As Forças Armadas ucranianas estão fazendo as tropas russas recuarem", declarou, em entrevista publicada no aplicativo Telegram por seu serviço de imprensa.

"Não há controle algum, não há vitórias militares" de Moscou, insistiu Prigozhin, acrescentando que os militares russos "se banham em seu sangue", referindo-se às grandes perdas sofridas pelas tropas regulares. Putin e seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu, afirmam, por sua vez, que o Exército está "repelindo" todos os ataques ucranianos.

A inteligência militar britânica afirmou, nesta sexta-feira (23), que a Rússia parece estar treinando golfinhos de combate na península anexada da Crimeia para contra-atacar as forças ucranianas.

Em seu último relatório sobre a situação na Ucrânia, o Ministério da Defesa britânico explicou que há um ano a Rússia fez melhorias "significativas" em Sebastopol, a principal base de sua frota no Mar Negro.

"Isso inclui pelo menos quatro camadas de rede e barreiras na entrada do porto. Nas últimas semanas, as defesas provavelmente foram reforçadas pelo aumento do número de mamíferos marinhos treinados", escreveu no Twitter.

"As imagens mostram quase o dobro de gaiolas flutuantes de mamíferos no porto, que provavelmente contêm golfinhos-nariz-de-garrafa", disse ele, considerando que esses animais "provavelmente visam combater os mergulhadores inimigos".

Vários exércitos, em particular dos Estados Unidos e da Rússia, retomaram nas últimas décadas a velha prática de usar cetáceos altamente inteligentes para fins militares.

A Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia em março de 2014, abriga um centro de treinamento de mamíferos marinhos desde 1965. Após a queda da União Soviética em 1991, o centro foi fechado e seus golfinhos foram vendidos ao Irã, segundo a imprensa russa.

A Marinha ucraniana o reabriu em 2012, mas após a anexação da península o centro de treinamento passou para o controle de Moscou.

Segundo o relatório britânico, a Marinha russa usou baleias beluga e focas para várias missões nas águas do Ártico.

Uma baleia com arnês que apareceu na Noruega em 2019, gerando especulações de que estava sendo usada para vigilância, ressurgiu na costa da Suécia no mês passado. Os noruegueses a apelidaram de "Hvaldimir", um trocadilho com a palavra norueguesa para "baleia" (hval) e o nome do presidente russo Vladimir.

Seu arnês tinha um suporte adequado para acomodar uma câmera e as palavras "equipamento de São Petersburgo" impressas nos fechos.

Durante a Guerra Fria, tanto a União Soviética quanto os Estados Unidos usaram golfinhos, treinando-os para detectar submarinos, minas e objetos ou indivíduos suspeitos perto de portos e navios.

Um coronel soviético aposentado, Viktor Baranets, disse à AFP que Moscou chegou a treinar golfinhos para implantar explosivos em navios inimigos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs nesta quinta-feira, dia 22, que a guerra na Ucrânia seja paralisada como condição para o início das negociações de paz entre Kiev e Moscou. Lula sugeriu que os soldados ucranianos e russos devem "parar de atirar" para dar início a conversas em que cada lado na guerra ceda um pouco de sua posição inicial.

O presidente afirmou que busca a formação de um grupo de países não alinhados para sugerir mecanismos de resolução diplomática do conflito. Segundo ele, a abordagem conjunta para o cessar-fogo e posterior mesa de negociação envolveria Brasil, China, Índia, Indonésia, México e Argentina, além de representantes da África.

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"É preciso colocar os atores numa mesa de negociação, é preciso parar de atirar e tentar encontrar uma solução pacífica", afirmou o presidente. "É preciso convencer o Putin e o Zelenski que o melhor negócio é acabar com a guerra e tentar saber em que condições vamos voltar à normalidade."

Lula discutiu suas ideias com o Papa Francisco, no Vaticano, mas indicou que o pontífice não necessariamente vai participar desta tentativa de formar um grupo de países. Lula afirmou que o chefe de Estado da Santa Sé e autoridade máxima da Igreja Católica tem "personalidade própria do ponto de vista jurídico, moral e político" para liderar individualmente conversas de lado a lado. Tanto Kiev quanto Moscou mantêm interlocução com o Vaticano.

"O Papa Francisco é hoje a mais importante autoridade política que existe no Planeta Terra, não só pelo que representa, mas por sua postura", afirmou Lula, em entrevista a jornalistas. "O papa tem mandado seus cardeais que estão discutindo com Zelenski e com Putin."

Lula reiterou que o Brasil condenou a ocupação da Ucrânia pela Rússia em resoluções nas Nações Unidas. O País vem defendendo o cessar-fogo, o que se choca com a proposta das potências ocidentais aliadas da Ucrânia. Os Estados Unidos e a União Europeia exigem, ao lado dos ucranianos, a retirada imediata das tropas russas.

O petista disse que considera um problema o fato de Estados Unidos e União Europeia estarem completamente envolvidos na guerra, o que prejudica sua capacidade negociadora.

Lula disse que "ninguém mais aceita uma nova guerra fria", como a configuração polarizada entre EUA e China, e disse ter conversado sobre os aspectos da guerra com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, e o Papa Francisco.

"O jogo já não é mais o mesmo quando a guerra começou, tem outros ingredientes, porque tem muitas mortes e destruição. Na minha cabeça, a primeira coisa a fazer era convencê-los a parar a guerra e sentar para conversar e para dizer o seguinte 'eu não abro mão disso ou daquilo' até que a gente encontre um denominador comum. Isso leva tempo, mas quando o ser humano está disposto a fazer ele faz", afirmou Lula, durante entrevista coletiva antes de deixar a Itália rumo à França.

Lula foi questionado por jornalistas italianos se estava de acordo com as condições de paz propostas pela Ucrânia - a "fórmula da paz" de Zelenski - que prevê a retirada total das tropas russas e devolução do território ocupado, entre outros pontos. Ele respondeu a proposta equivale a uma rendição russa.

"Um acordo de paz não é uma rendição", respondeu Lula. "No acordo de paz, os dois envolvidos têm que ceder em alguma coisa, senão não tem acordo. Se tem uma proposta em que alguém tem que ceder 100%, não é acordo, é imposição. E quem sabe o que é necessário para ter acordo são os ucranianos e os russos, não sou eu brasileiro, muito menos qualquer pessoa que não seja russa nem ucraniana."

Amorim na Cúpula da Paz

O presidente também informou que vai enviar seu assessor especial Celso Amorim a uma reunião convocada pela Ucrânia, em Copenhagen, Dinamarca. Ele seguirá para a reunião na sequência da viagem a Roma e Paris.

O governo Volodimir Zelenski convidou o Brasil, África do Sul, Índia e China, além dos países do G7, para discutir a organização de uma conferência de paz. Segundo Lula, Amorim conversou com os bispos envolvidos nas tentativas de mediação da paz empreendidas pelo Papa Francisco. O cardeal Matteo Zuppi já visitou Kiev e deve ser recebido em Moscou.

Em visita à Itália, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou que não acredita que Rússia ou Ucrânia possam vencer a guerra em curso desde o ano passado entre os dois países.

A declaração foi dada em entrevista ao jornal Corriere della Sera, que questionou o mandatário brasileiro sobre o desejo de mediar uma solução para o conflito entre Moscou e Kiev.

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"Ambos os países acreditam que podem vencer militarmente. Eu não estou de acordo. Acho que tem muito pouca gente que fala de paz. A minha angústia é que, com tantas pessoas que passam fome no mundo, com tantas crianças sem comida, estamos pensando em guerra em vez de nos ocupar de como resolver as desigualdades", disse Lula.

Segundo o presidente, é "urgente que Rússia e Ucrânia encontrem um caminho comum rumo à paz". Lula também afirmou que espera "conhecer melhor" a premiê da Itália, Giorgia Meloni, para "reforçar os laços entre os países, que sempre foram muito fortes".

"Brasil e Itália têm uma longa história de colaboração no comércio e nos investimentos. Hoje miramos também na energia renovável. 87% da nossa eletricidade é proveniente de fontes renováveis, bem acima da média mundial, que é de 28%. Queremos expandir a produção de energia solar e eólica, o potencial do Nordeste brasileiro é enorme. Podemos ser um grande produtor de hidrogênio verde, com capacidade de apoiar o mundo na transição energética", acrescentou.

Lula ainda defendeu uma "nova visão de desenvolvimento sustentável" para a Amazônia, região que abriga 25 milhões de brasileiros. "Vamos investir em pesquisa científica, indústrias limpas e turismo para garantir que a floresta valha mais para quem vive nela. As populações que vivem na região precisam de renda, trabalho, proteção social, saúde e educação", afirmou.

*Da Ansa 

Três drones foram derrubados na madrugada desta quarta-feira (21) na região de Moscou, dois deles perto de uma base militar, anunciou o ministério da Defesa da Rússia, que acusou a Ucrânia pelo ataque.

"Hoje frustramos uma tentativa do regime de Kiev de executar um atentado terrorista com três drones contra pontos da região de Moscou", afirma um comunicado divulgado pelo ministério.

"Os drones foram neutralizados com sistemas de guerra eletrônica, perderam o controle e em seguida caíram", acrescenta a nota.

O ataque não provocou vítimas ou danos, informou o governador da região, Andrei Vorobiov.

"Dois drones caíram às 5H30 e 5H50 (23H30 e 23H50 de Brasília, terça-feira) quando se aproximavam dos depósitos de uma base militar no distrito de Naro Fominsk, 50 km ao sul de Moscou, anunciou Vorobiov no Telegram.

"Os destroços foram encontrados, não há vítimas ou danos", acrescentou o governador, que pediu calma aos moradores.

As autoridades russas não informaram se o terceiro drone estava direcionado contra a base militar ou tinha outro alvo.

O ataque aconteceu em plena contraofensiva ucraniana para recuperar parte do território tomado pelas tropas russas desde o início da operação militar, em fevereiro de 2022.

Vários ataques - a maioria com drones - foram registrados nas últimas semanas contra o território russo perto da fronteira com a Ucrânia.

Até recentemente, Moscou e seus arredores, a quase 500 quilômetros da fronteira ucraniana, estavam a salvo dos ataques.

Mas no início de maio, dois drones foram disparados na direção do Kremlin e, no fim do mesmo mês, vários drones atingiram arranha-céus de Moscou.

Também nesta quarta-feira, a Rússia aumentou para 41 o número de pessoas mortas em consequência das inundações nas áreas que suas tropas controlam no sul da Ucrânia, após a destruição de uma represa no rio Dnieper.

O balanço anterior registrava 29 vítimas fatais.

A represa hidrelétrica de Kakhovka, que fica em uma área sob controle russo na região de Kherson (sul da Ucrânia), foi destruída no dia 6 de junho.

Centenas de quilômetros quadrados foram inundados, o que forçou a retirada de milhares de moradores e provocou o temor de uma catástrofe humanitária e ambiental.

Rússia e Ucrânia trocam acusações sobre a destruição da represa.

minis/mas/zm/mas/mis/fp

A Rússia lançou nesta sexta-feira (16) uma série de mísseis contra Kiev, durante a visita de uma delegação de governantes africanos que pretende buscar uma solução para o conflito.

Os líderes africanos, incluindo o presidente da África do Sul Cyril Ramaphosa, se reunirão nesta sexta-feira com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e no sábado com o russo Vladimir Putin, em São Petersburgo.

Pouco depois da chegada da delegação, as sirenes do sistema de defesa antiaérea foram acionadas e várias explosões foram ouvidas em Kiev.

A Força Aérea da Ucrânia afirmou que derrubou 12 mísseis russos, incluindo seis Kinzhal hipersônicos. Todos os projéteis foram interceptados no espaço aéreo ao redor de Kiev, informou a administração militar.

Os bombardeios são uma mensagem de Moscou aos mediadores africanos, segundo o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba.

"Os mísseis russos são uma mensagem para a África: a Rússia quer mais guerra, não a paz", tuitou.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, informou que o ataque não provocou danos na cidade.

A delegação africana também visitou Bucha, nos arredores de Kiev e cenário, no ano passado, de um massacre de civis atribuído ao exército russo

- "Caminho para a paz" -

A delegação tem como objetivo "tentar encontrar um caminho para a paz no conflito", tuitou o porta-voz da presidência sul-africana, Vincent Magwenya.

A mediação acontece durante a contraofensiva das forças de Kiev, com a intensificação dos combates na frente de batalha e o aumento dos bombardeios russos contra as grandes cidades ucranianas.

Esta é a iniciativa mais recente de uma série de esforços diplomáticos que tentaram, em vão, acabar com o conflito.

Analistas, no entanto, consideram que a missão tem poucas possibilidades de sucesso.

"Os governantes africanos não podem ter um papel de mediação. Eles têm pouco peso político e não têm nenhuma influência", declarou à AFP o analista político ucraniano Anatoliy Oktysiuk.

A África do Sul, criticada por sua posição próxima a Moscou, se recusa a condenar a invasão russa e afirma que deseja permanecer neutra, com pedidos de diálogo.

Os países africanos criticaram de forma menos unânime a guerra iniciada pela Rússia na Ucrânia em fevereiro de 2022.

Putin tenta atrair os líderes africanos, alegando que a Rússia luta contra o imperialismo ocidental. E acusa os aliados da Ucrânia de bloquear, com as sanções, as exportações de cereais e fertilizantes russos, cruciais para a África.

- Retrocesso da Rússia -

No campo de batalha o exército russo reconheceu nesta sexta-feira que intensos combates estão em curso no sul da Ucrânia, pelo controle das cidades de Rivnopil e Urozhaine, e admitiu implicitamente pela primeira vez um retrocesso.

"Os combates mais ativos ocorrem nas cidades de Rivnopil e Urozhaine", afirmou o exército russo.

As cidades estão entre as que Ucrânia alegou ter recuperado na semana passada, na área de Vremivka.

A Rússia afirmou que "cinco ataques das Forças Armadas ucranianas foram impedidos".

Os combates pelo controle destas cidades provocam o retrocesso de alguns quilômetros das linhas russas para o sul e leste, na fronteira das regiões de Zaporizhzhia e Donetsk, parcialmente ocupadas pela Rússia.

O exército ucraniano relatou progressos na quinta-feira, apesar da "resistência intensa" das tropas russas.

Ao menos três pessoas morreram e 13 ficaram feridas em um ataque com mísseis das forças russas contra o porto de Odessa, no sul da Ucrânia, informaram nesta quarta-feira (14) as autoridades militares locais.

As tropas russas dispararam quatro mísseis de cruzeiro Kalibr a partir de um navio no Mar Negro, anunciou Sergiy Bratchuk, porta-voz da administração militar de Odessa, no Telegram.

Um projétil atingiu um depósito comercial e matou três funcionários. Sete pessoas ficaram feridas.

"Outras pessoas podem estar sob os escombros", disse o porta-voz militar, que também relatou um incêndio no local.

Além disso, outras seis pessoas ficaram feridas depois que um centro empresarial, estabelecimentos comerciais e um complexo residencial do centro da cidade foram atingidos "em consequência dos combates aéreos e da onda expansiva da explosão", disse Bratchuk.

A cidade portuária de Odessa, no Mar Negro, era um destino de férias muito apreciado por ucranianos e russos antes de o presidente Vladimir Putin determinar a invasão do país vizinho em fevereiro do ano passado.

Desde o início da invasão, Odessa foi bombardeada diversas vezes pelas tropas russas.

Em janeiro, a Unesco classificou o centro histórico de Odessa como um dos lugares sob ameaça na lista de Patrimônio da Humanidade.

O presidente da França, Emmanuel Macron, confirmou, nesta segunda-feira (12), que a contraofensiva do Exército ucraniano contra as forças russas começou.

"A contraofensiva ucraniana começou há vários dias", declarou Macron ao lado do chefe de Governo alemão, Olaf Scholz, e do presidente polonês, Andrzej Duda, no Palácio do Eliseu.

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A operação deve se desenvolver durante "várias semanas, ou até meses", indicou Macron, que se reuniu com os dirigentes alemão e polonês no marco da iniciativa "Triângulo de Weimar", que prevê cúpulas regulares entre os três países.

No sábado, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, anunciou que estavam sendo realizadas "ações de contraofensiva e defensivas" na Ucrânia, mas sem indicar se as mesmas faziam parte da grande operação de retomada de territórios preparada há semanas.

Sete vilarejos foram reconquistados das forças russas no sul e no leste do país como parte dessas operações, afirmou, na noite desta segunda, o governo ucraniano.

"Nós desejamos que [a contraofensiva] seja o mais vitoriosa possível para que, em seguida, seja possível iniciar uma fase de negociação em boas condições", explicou o presidente francês.

Macron também confirmou que a França continuará "intensificando" sua ajuda militar à Ucrânia.

"Intensificamos as entregas de armas e de munição, de veículos blindados, e também o apoio logístico", ressaltou.

"Continuaremos [fazendo isso], de acordo com o calendário que dei [ao presidente Zelensky] nos próximos dias e semanas", acrescentou o chefe de Estado francês.

Scholz, por sua vez, também destacou que a Ucrânia seguirá "recebendo apoio pelo tempo que for necessário", com tanques, artilharia e defesa antiaérea.

"A guerra de agressão travada pela Rússia já é um fracasso estratégico e geopolítico para o agressor", apontou Macron.

A Rússia afirmou nesta segunda-feira (5) que impediu uma ofensiva ucraniana em larga escala na região de Donetsk (leste), mas Kiev não fez qualquer comentário, o que mantém o mistério sobre a contraofensiva que o país prepara há vários meses para recuperar os territórios ocupados.

O ministério russo da Defesa informou em um comunicado que impediu ataques em cinco setores da frente de batalha "na direção sul da região Donetsk".

"O inimigo não alcançou o objetivo" de romper as linhas russas, acrescentou o ministério, que mencionou um número elevado de baixas do lado rival e divulgou imagens de blindados ucranianos destruídos, mas sem revelar detalhes sobre a localização dos combates ou sobre as vítimas das tropas de Moscou.

O comandante do Estado-Maior russo e coordenador das operações na Ucrânia, general Valeri Gerasimov, "estava em um dos postos de comando avançados", afirma um comunicado militar.

Vladimir Rogov, oficial da ocupação russa na região de Zaporizhzhia (sul da Ucrânia), relatou ataques ucranianos contra posições russas nesta segunda-feira, segundo a agência oficial TASS.

- Silêncio de Kiev -

As autoridades ucranianas permaneceram em silêncio. Kiev alertou que não revelaria nada sobre os planos ou o calendário da contraofensiva anunciada há vários meses para recuperar os territórios ocupados no sul e leste do país.

E para reforçar a estratégia, um vídeo que circula nas redes sociais mostra soldados com o dedo diante dos lábios e a frase: "Planos gostam de silêncio".

No domingo, o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, tuitou o vídeo e citou um trecho da canção "Enjoy the Silence", do grupo britânico Depeche Mode: "Words are very unnecessary. "They can only do harm" (Palavras são desnecessárias. Eles só podem fazer mal).

Analistas militares russos acreditam que as tropas ucranianas multiplicam os ataques nas linhas russas para descobrir suas falhas, antes do início de uma grande contraofensiva.

Foi isto que aconteceu em setembro de 2022, quando o exército de Kiev preparou de maneira sigilosa um ataque que resultou na retomada de quase toda a região de Kharkiv (nordeste).

Alexader Kots, um correspondente de guerra ligado ao Kremlin, relatou combates em curso a partir das primeiras horas da segunda-feira na área Vugledar, sul da região de Donetsk, e mais ao norte, perto de Soledar e Bakhmut, duas cidades ocupadas pelos russos após meses de batalhas violentas.

Ele afirmou, no entanto, que este ainda não é um ataque de grande envergadura.

Kots disse que Kiev "ainda não introduziu as principais forças na batalha. E quando isto acontecer, pode ocorrer em outro setor da frente de batalha".

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, confirmou os combates perto de Bakhmut e no sul da região de Donetsk, mas não fez comentários sobre o significado estratégico.

"Acredito que é melhor deixar que os ucranianos comuniquem sobre sua operação", declarou Austin em Nova Délhi.

- "O que vai acontecer?" -

Do outro lado da fronteira, a região russa de Belgorod é cenário, há duas semanas, de ataques, bombardeios e combates entre o exército de Moscou e combatentes russos pró-Ucrânia.

Em uma operação no domingo, um grupo fez prisioneiros e informou que eles serão entregues a Kiev. Um vídeo divulgado pelos combatentes mostra uma dezena de detidos, incluindo dois feridos.

Esta é a primeira vez que cidadãos russos são capturados em território russo.

O governador de Belgorod, Viacheslav Gladkov, mencionou possíveis negociações, mas os combatentes pró-Ucrânia afirmaram no vídeo que as autoridades russas não compareceram a um encontro acordado.

Nos últimos dias, os combates se concentraram nas localidades de Novaya Tavolzhanka e Shebekino, perto da fronteira, o que provocou a fuga de milhares de civis para capital regional homônima Belgorod.

"Estamos em péssimas condições, mas suportamos, tentamos ser fortes porque temos filhos (...) Mas o que vai acontecer depois? Não sabemos de nada", declarou à AFP Irina Burlakova, uma deslocada que buscava ajuda humanitária em um abrigo.

A mulher de 30 anos fugiu de Shebekino com o marido e o filho. A família morava no centro da cidade, que foi atingida nos últimos dias por disparos de artilharia.

Durante a noite, a região de Belgorod voltou a ser alvo de bombardeios e de um ataque com drones que deixaram um ferido e atingiram uma área de infraestrutura energética, segundo Gladkov.

A Ucrânia insiste que não tem envolvimento com os ataques.

Uma localidade russa na fronteira com a Ucrânia foi alvo neste domingo (4) de uma nova incursão de combatentes pró-Kiev, que foram expulsos de acordo com Moscou, que prosseguiu ao mesmo tempo com a campanha de ataques aéreos no país vizinho.

O governador da região russa de Belgorod, alvo nos últimos dias de bombardeios ucranianos, relatou "combates" neste domingo na localidade de Novaya Tavolzhanka, próxima da fronteira.

"Um grupo de sabotadores apareceu e está acontecendo um combate neste momento em Novaya Tavolzhanka", disse o governador Viacheslav Gladkov em seu canal no Telegram. "Espero que todos sejam destruídos", acrescentou.

O exército da Rússia afirmou pouco depois que impediu, com a ajuda da artilharia, a entrada de um grupo de "terroristas" ucranianos em Belgorod.

"As unidades que vigiam a fronteira estatal do distrito militar oeste e a unidade de fronteira do Serviço Federal de Segurança descobriram uma tentativa - de um grupo de sabotagem de terroristas ucranianos - de cruzar o rio perto da localidade de Novaya Tavolzhanka", afirma um comunicado militar.

O grupo foi "atingido pela artilharia. O inimigo se dispersou e recuou", acrescenta a nota.

O governador também afirmou que os agressores, que identificou como combatentes russos que lutam ao lado de Kiev, tomaram prisioneiros e apresentaram uma proposta de troca.

A nova incursão das forças pró-Ucrânia em território russo aconteceu poucas horas depois de um ataque aéreo contra a região central da Ucrânia.

Um ataque na noite de sábado matou uma menina de dois anos e deixou 22 pessoas feridas na cidade de Dnipro. Outro bombardeio, na manhã de domingo, atingiu uma base aérea.

O exército da Rússia confirmou ataques noturnos contra bases aéreas militares ucranianas e destacou que os bombardeios atingiram "postos de comando, estações de radar e equipamentos", mas não revelou a localização dos alvos.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, culpou a Rússia pelo ataque em Dnipro e afirmou que vítimas continuam nos escombros de dois prédios residenciais.

O governador da região afirmou que o ataque destruiu parcialmente dois edifícios de dois andares, 10 casas particulares, um estabelecimento comercial e um gasoduto.

A Rússia intensificou os bombardeios contra a Ucrânia nas últimas semanas, ao mesmo tempo que aumentaram as incursões das tropas de Kiev no território russo.

A Ucrânia prepara há vários meses uma grande contraofensiva para tentar recuperar os territórios perdidos desde a invasão russa iniciada em fevereiro de 2022.

- Base ucraniana atacada -

O exército ucraniano informou que mísseis russos atingiram uma base aérea próxima da cidade de Kropyvnytskyi, no centro do país.

"Seis mísseis e cinco ataques com drones foram executados pela Rússia", afirmou o porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yuriy Ignat.

Em Kiev, o comandante da administração militar local informou que as defesas aéreas da capital derrubaram vários mísseis e drones durante a noite.

"De acordo com informações preliminares, nenhum alvo foi atingido na capital", afirmou Serhiy Popko no Telegram.

Do lado russo, um bombardeio ucraniano no sábado matou duas pessoas em Belgorod, informou o governador Viatcheslav Gladkov.

Os municípios fronteiriços em Belgorod foram alvos de ataques sem precedentes, com o total de sete mortes durante a semana.

Gladkov pediu neste domingo aos moradores das áreas bombardeadas que abandonem suas casas. "Peço aos habitantes das localidades bombardeadas, em particular os moradores do distrito de Shebekino, que sigam as instruções das autoridades e abandonem temporariamente suas casas", declarou o governador.

Se o governo não nos ajudar a reconstruir e não entregar moradias, todos os habitantes (de Shebekino) ficarão desabrigados", disse Yevgeny Klioutshnikov, que descreveu a localidade como uma 'cidade fantasma' marcada por crateras provocadas por bombas.

Anastasia Domini e sua esposa Anna Domini andavam de mãos dadas em um recente dia ensolarado na capital da Argentina, enquanto seus quatro filhos agitados brincavam por perto.

É uma cena comum em um país onde o casamento entre pessoas do mesmo gênero foi legalizado há mais de uma década. O casal, porém, que se casou logo depois de chegar a Buenos Aires no começo do ano passado, ainda se lembra do medo que sentiu quando decidiram pela primeira vez dar as mãos em público depois de sair da Rússia, que proibiu expressamente os casamentos homoafetivos em 2020.

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"Foi muito assustador", disse Anastasia Domini, mas "olhávamos ao redor e realmente ninguém estava olhando".

Para as Domini, que alteraram seus sobrenomes para poder se passar por irmãs na Rússia de forma mais convincente, o passeio foi um bom exemplo do quanto suas vidas se alteraram desde a mudança, unindo-se a um número cada vez maior de russos LGBTQ+ que decidiram deixar sua terra natal e se estabelecer na Argentina para fugir da discriminação e da guerra contra a Ucrânia.

Ao longo da última década, tornou-se cada vez mais difícil viver abertamente como membro da comunidade LGBTQIA+ na Rússia.

Em dezembro de 2022, o presidente russo Vladimir Putin sancionou uma lei que ampliou substancialmente as restrições sobre atividades vistas como promoção de direitos LGBTQ+ no país, com base em uma lei que já estava em vigor desde 2013, apontada por pesquisadores independentes como causa de um aumento na violência contra as minorias sexuais e de gênero.

Mais recentemente, o Kremlin chegou a enquadrar a invasão à Ucrânia em fevereiro de 2022 em parte como uma tentativa de defender valores conservadores contra a promoção de direitos de pessoas gays e trans pelos países ocidentais.

A Federação Argentina LGBT recebeu cerca de 130 consultas, ao longo do último ano e meio, de russos interessados em buscar refúgio na Argentina, mais do que qualquer outra nacionalidade.

"O conflito entre Rússia e Ucrânia acelerou a decisão de muitas pessoas que já estavam em situação de vulnerabilidade", diz Maribe Sgariglia, que coordena o departamento de relações internacionais da organização.

Integrantes da comunidade LGBTQIA+ não são os únicos russos chegando à Argentina. Em janeiro, 4.523 russos entraram no país, mais de quatro vezes os 1.037 que chegaram no mesmo mês do ano passado, segundo dados do governo. Em 2022, aproximadamente 22.000 russos entraram na Argentina, inclusive um grande número de mulheres grávidas que chegaram ao país para dar à luz, em parte na tentativa de obter um passaporte que abra mais portas.

A Argentina, porém, não era a primeira escolha de alguns dos russos que chegaram ao país.

Mark Boyarsky, um homem trans de 38 anos que deixou Moscou com a esposa e dois filhos, de 5 e 8 anos, logo depois da invasão da Ucrânia pela Rússia no ano passado, mudou-se primeiro para o Nepal, na tentativa de obter um visto britânico. Depois de vários meses infrutíferos, decidiram se mudar para a Argentina em setembro.

"Tenho uma sensação de muita segurança aqui", diz Boyarsky, observando que ainda não contou aos filhos que é trans porque "parecia muito perigoso para eles" saber isso no país de origem, considerando-se a crença geral de que "não existem gays na Rússia".

O casamento igualitário se tornou lei na Argentina em 2010; dois anos depois, o Congresso aprovou uma pioneira Lei da Identidade de Gênero, que codificou os direitos dos indivíduos transgênero, inclusive a possibilidade de alteração de nome sem necessidade de avaliação médica.

Boyarsky trabalha como fotógrafo autônomo e frequentemente tira fotos de casamentos homoafetivos envolvendo imigrantes russos. Ao menos 34 casais de russos do mesmo gênero se casaram na Argentina em 2022, e 31 este ano até agora, segundo a Federação Argentina LGBT.

Recentemente, Boyarsky fotografou o casamento de Nadezhda Skvortosova, de 22 anos, e Tatiana Skvortosova, de 29, que se casaram menos de um mês depois de se mudarem para Buenos Aires. O casal também mudara os sobrenomes na Rússia para poderem se passar por irmãs.

"É um momento muito importante para nós. Estamos esperando há muito tempo para sermos oficialmente uma família", disse Nadezhda Skvortosova após se casar em um cartório de Buenos Aires.

Muitos dos russos que chegam à Argentina sabiam pouco sobre o país antes da mudança.

"Tango, Che Guevara, e que era uma colônia espanhola", brinca Nikolai Shushpan, um homem gay de 26 anos que se mudou para a capital argentina em outubro, quando começou a ter medo de ser convocado para a guerra.

Shushpan atualmente divide um apartamento no centro de Buenos Aires com Dimitry Yarin, outro russo que ele conheceu em um aplicativo de relacionamento.

Yarin, de 21 anos, conta que há muito tempo tinha planos de se mudar para um país mais tolerante, mas "a guerra acelerou essa decisão".

Por causa da discriminação que enfrentam no país natal, muitos dos russos que chegam à Argentina solicitam o status de refugiados, um processo que pode levar até três anos.

As autoridades aumentaram o controle sobre migrantes russos depois da recente prisão de dois supostos espiões russos com passaportes argentinos na Eslovênia, no final do ano passado.

Por enquanto, Shushpan está gostando de viver abertamente como homem gay pela primeira vez. Em seu país, sempre havia tensão e a sensação "de que algo poderia acontecer".

"O único país onde não senti isso é aqui. Você não precisa ficar preocupado o tempo todo. A única coisa com que você precisa se preocupar são os preços", diz Shushpan, referindo-se à taxa de inflação na Argentina, de cerca de 110%, uma das maiores do mundo.

Depois de pouco mais de um ano na Argentina, as Domini compartilham dessa sensação de alívio.

Na cidade de Petrozavodsk, no noroeste da Rússia, Anastasia, de 34 anos, e Anna, de 44, não contavam a quase ninguém sobre seu relacionamento e seus dois pares de gêmeos, de 3 e 6 anos de idade. Havia um medo constante de que as autoridades levassem seus filhos e os colocassem em um orfanato, diz Anastasia Domini.

Elas agora vivem sem precisar se preocupar que alguém possa tomar seus filhos ou colocá-las na prisão.

"Estamos totalmente acostumadas à nossa situação de mulheres casadas que são mães de muitos filhos, e a podermos ser livres aqui", diz.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou que conversou, na manhã desta sexta-feira, 26,, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e que recusou o convite feito para visitar o país neste momento. De acordo com Lula, foi reiterada a posição do Brasil em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia.

"Conversei agora por telefone com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Agradeci a um convite para ir ao Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, e respondi que não posso ir a Rússia nesse momento", declarou Lula, em publicação no Twitter. O Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo acontece entre os dias 14 e 17 de junho.

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Ao negar o convite, o chefe do Executivo disse ter reiterado a disposição do Brasil, "junto com a Índia, Indonésia e China, de conversar com ambos os lados do conflito em busca da paz".

Durante reunião do G7, na semana passada, que contou com a presença de Lula, o brasileiro tentou negociar o encontro com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, após pressão das sete principais democracias desenvolvidas do mundo reunidas no evento, que aconteceu em Hiroshima, no Japão. O encontro, contudo, não aconteceu. Durante sua passagem ao Japão, Lula reiterou que sente que nem Putin nem Zelenski "falam em paz" neste momento.

O presidente da Ucrânia se encontrou com o assessor da Presidência da República do Brasil para assuntos internacionais, Celso Amorim, em Kiev, capital do país, no início de maio e disse esperar uma visita de Lula ao país sobre a guerra.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, não vão se reunir no G-7. Após pressão da comunidade internacional, a delegação brasileira chegou a negociar o encontro com a contraparte ucraniana, mas as tratativas não prosperaram. O motivo ainda é pouco claro.

A informação oficial é a de que as agendas não se compatibilizaram. Lula ofereceu horários em aberto na sua programação deste domingo, mas a equipe de Zelensky não conseguiu encaixar nos horários vagos. O presidente ucraniano vai dar uma coletiva de imprensa em Hiroshima nesta noite e, em seguida, já retorna a Kiev. Lula decola para o Brasil amanhã cedo, depois de uma coletiva de imprensa.

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Até o horário do almoço, a probabilidade de um encontro entre Lula e Zelensky era considerada alta entre diplomatas que estão em Hiroshima, cidade-sede do G-7. Isso apesar da resistência de Lula em se reunir com Zelensky desde ontem, quando o pedido de encontro foi feito pela parte ucraniana.

No hotel em que Lula está instalado na cidade-sede do evento, e onde travou parte dos encontros de hoje, jornalistas chegaram a ser convocados para acompanhar o início das reuniões bilaterais e se instalaram no mesmo andar do presidente. No espaço reservado à imprensa, havia duas bandeiras, uma do Brasil e outra da Ucrânia, uma sobre a outra.

A principal hipótese é a de que elas teriam sido postas sobre a mesa para desamassar, antes de serem hasteadas na sala de reuniões de Lula. Sem explicações, os jornalistas foram dispensados após acompanharem as conversas bilaterais com os líderes de Ilhas Comores e Vietnã.

Mais cedo, Lula participou, em Hiroshima, de um painel do G-7 em que estava Zelensky. Diferentes líderes internacionais cumprimentaram o ucraniano, mas o presidente brasileiro permaneceu sentado, como se vê na transmissão oficial da cúpula.

Lula resistia ao encontro desde o início. Zelensky veio ao G-7 para tentar ampliar sua aliança na guerra contra a Rússia. De acordo com relatos, o presidente brasileiro ficou desconfortável com a pressão da comunidade internacional pela reunião bilateral diante da postura brasileira de manter neutralidade no conflito.

Há a previsão de uma coletiva de imprensa do presidente às 8 horas (horário do Japão, 12 à frente de Brasília) nesta segunda-feira. Lula volta ao Brasil logo em seguida, em voo que vai sair às 9h.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, comparecerá à reunião de cúpula do G7 em Hiroshima, onde as principais potências ocidentais definiram novas sanções contra a Rússia e os Estados Unidos abriram caminho para a autorização da entrega de caças F-16 de fabricação americana à Ucrânia.

A visita de Zelensky, que não havia sido anunciada, dará ao ucraniano a oportunidade de se reunir com os líderes das sete economias mais industrializadas (Estados Unidos, Canadá, Japão, França, Reino Unido, Alemanha e Itália), que apoiam financeira e militarmente seu país contra a invasão russa.

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O presidente ucraniano se reunirá, entre outros, com o colega americano, Joe Biden, que manifestou estar disposto a apoiar os programas de treinamento de pilotos ucranianos em caças F-16. "À medida que a capacitação se desenvolver nos próximos meses, nossa coalizão de países que participam deste esforço decidirá quando fornecer aviões, quantos serão fornecidos e para onde serão destinados", disse um funcionário do alto escalão da Casa Branca.

Zelensky expressou satisfação com o anúncio dos Estados Unidos. É "uma decisão histórica", que "reforçará nossas forças armadas" no espaço aéreo ucraniano, tuitou, afirmando que deseja "discutir a aplicação prática" do plano.

Vários países europeus, como Reino Unido e Holanda, anunciaram nesta semana que irão trabalhar em uma “coalizão internacional” para que a Ucrânia receba caças F-16. A entrega dos aviões, de fabricação americana, requer a autorização de Washington.

- Presença essencial -

Zelensky já deixou a Ucrânia e fez escala hoje na Arábia Saudita, para participar de uma reunião de cúpula da Liga Árabe e se encontrar com o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman, que mantém relações estreitas tanto com a Rússia quanto com a China.

"Coisas muito importantes serão decididas, por isso a presença do nosso presidente é absolutamente essencial para defender os nossos interesses", afirmou o secretário do Conselho de Segurança ucraniano, Oleksii Danilov.

Em Hiroshima, cidade vítima do primeiro bombardeio atômico da História, em 1945, os líderes do G7 anunciaram um endurecimento de suas sanções contra a Rússia e expressaram preocupação com o aumento do armamento nuclear chinês.

O G7 também anunciou medidas para "privar a Rússia da tecnologia, equipamento industrial e serviços do G7 que sustentam sua máquina de guerra" em território ucraniano. O pacote inclui restrições às exportações de produtos "críticos para a Rússia no campo de batalha", além de medidas contra entidades acusadas de transportar material para o front a favor de Moscou.

Horas antes, o governo dos Estados Unidos anunciou que restringiria o acesso da Rússia a "produtos necessários para suas capacidades de combate", com a proibição das exportações a 70 entidades russas e de outros países.

- Sanções contra os diamantes russos -

Reino Unido e União Europeia (UE) anunciaram restrições contra a indústria de diamantes da Rússia, que tem o comércio avaliado entre 4 e 5 bilhões de dólares por ano (19,8 e 24,8 bilhões de reais) e representa uma importante fonte de receita para o Kremlin.

O G7 se comprometeu, também, a "restringir o comércio e o uso de diamantes extraídos, processados ou produzidos na Rússia". Emirados Árabes, Índia e Bélgica, membro da UE, estão entre os principais importadores de diamantes russos.

Os líderes do G7 poderão apresentar seus argumentos a favor da medida diretamente ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, cujo país mantém relações militares estreitas com a Rússia e que se recusou a condenar a invasão da Ucrânia.

A Índia, ao lado do Brasil e da Indonésia, está entre os oito países não integrantes do fórum que foram convidados ao encontro de Hiroshima. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve na cidade japonesa uma primeira reunião bilateral com o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese.

"Falamos sobre a ampliação das relações Brasil-Austrália, a Copa do Mundo de Futebol Feminino (que será disputada na Austrália e Nova Zelândia em julho e agosto) e recebi o convite para visitar a Austrália", afirmou Lula no Twitter.

Antes do início da reunião de cúpula, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, nascido em Hiroshima, recebeu os outros seis líderes do G7, um a um, no Parque Memorial da Paz, Juntos, os sete governantes prestaram uma homenagem às vítimas da bomba atômica lançada pelas tropas americanas na cidade em 6 de agosto de 1945.

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Brittney Griner fará, à meia-noite, na virada desta sexta-feira para sábado (horário de Brasília), seu primeiro jogo pela WNBA após passar dez meses presa na Rússia por posse de maconha. A pivô já havia participado de uma partida de pré-temporada com o seu time, o Phoenix Mercury, na semana passada. Agora, a disputa é oficial, em duelo com o Los Angeles Sparks, na abertura da nova temporada da liga americana de basquete feminino.

Griner foi presa em fevereiro de 2022 e condenada por porte ilegal de drogas, após agentes de segurança encontrarem óleo de cannabis - substância legal em estados americanos - enquanto revistavam sua bagagem no Aeroporto Sheremetyevo, em Moscou. No decorrer dos dez meses seguintes, a jogadora de 32 anos virou protagonista de entraves diplomáticos entre Estados Unidos e Rússia.

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Em dezembro, foi liberada pelo governo da Rússia após uma troca de prisioneiros com a Casa Branca. Viktor Bout, traficante de armas russo que estava cumprindo uma sentença de 25 anos nos EUA e que já ganhou o apelido de "Mercador da Morte", foi a moeda de troca do governo americano.

A primeira manifestação pública de Griner sobre o drama vivido na Rússia foi no final de abril deste ano, quando concedeu uma entrevista coletiva no Footprint Center, arena do Phoenix Mercury. Emocionada, comentou sobre a força que teve para suportar o cárcere, agradeceu o apoio recebido e prometeu dar voz a outras pessoas detidas no exterior.

A pivô se colocou com uma ativista da causa e tem se envolvido com o caso de Evan Gershkovich, repórter do Wall Street Journal que está detido na Rússia sob acusação de espionagem, desde março. Segundo Griner, seus representantes estão em contato direto com a família do jornalista.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, quer uma reunião bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Hiroshima, no Japão. Autoridades ucranianas entraram em contato com a diplomacia brasileira solicitando o encontro na cidade-sede do G-7. Lula ainda não deu resposta formal ao convite.

Zelenski estará em Hiroshima no domingo, 21, para participar das discussões do G-7 sobre a guerra na Ucrânia. O bloco, formado pelos sete países mais ricos do mundo, tem adotado uma postura fortemente crítica à Rússia e anunciou mais cedo novas sanções a Moscou. Lula prefere uma posição de neutralidade para tentar negociar a paz, o que incomoda a Ucrânia e os países do G-7, incluindo os Estados Unidos.

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Fortes explosões foram ouvidas em Kiev na manhã desta quinta-feira (18) após um novo ataque da Rússia. Autoridades ucranianas disseram que todos os artefatos foram destruídos pela defesa antiaérea. Um prédio não residencial pegou fogo após ser atingido por destroços, segundo a Administração Militar da capital ucraniana.

Não há informações sobre vítimas, e não ficou claro qual seria o alvo principal da ofensiva. O ataque foi realizado a partir da região do Cáspio, provavelmente com mísseis de cruzeiro, e a Rússia posteriormente lançou naves de reconhecimento sobre Kiev.

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Foi a nona vez neste mês que ataques aéreos da Rússia atingiram a capital da Ucrânia, em uma clara escalada de tensão após semanas de calmaria, e antes de uma contra-ofensiva ucraniana muito esperada, com o uso de armas ocidentais avançadas recém-fornecidas. Em Odessa, no sul do país, mísseis russo mataram uma pessoa e feriram outras duas. Fonte: Associated Press.

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