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O relator da reforma tributária no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), afirmou que vai delimitar as atribuições do Conselho Federativo, a ser criado para gerir o novo IVA (Imposto sobre Valor Agregado), na Proposta de Emenda Constitucional que altera a tributação sobre o consumo.

O texto da reforma aprovado na Câmara remete essa regulamentação a uma lei complementar, a ser discutida após a aprovação da espinha dorsal da reforma. Braga, contudo, afirmou que vai antecipar a discussão para esta etapa no Legislativo.

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"As competências do Conselho Federativo estarão no comando constitucional de forma clara, porque a questão federativa é uma questão do pacto federativo e está na Constituição, e assim será preservado", disse. "Agora as questões técnicas, assim como ocorre no Simples Nacional, serão exercidas pelo Conselho Federativo."

O relator participou de um debate sobre a reforma promovido pelo Grupo Esfera, no Guarujá, no sábado.

A opinião de Braga vai de encontro ao que propôs o Ministério da Fazenda na concepção da reforma, que queria evitar o assunto neste momento, concentrando-se sobre os princípios da mudança tributária. Mas a governança do conselho se transformou em um debate que divide os governadores, temerosos de perder autonomia sobre a gestão das receitas estaduais.

O Conselho Federativo vai concentrar a arrecadação de cinco tributos que incidem sobre o consumo - IPI, PIS e Cofins (federais) e ICMS (estadual) e ISS (municipal) - e distribuir para os entes federados. A centralização é importante para garantir que impostos recolhidos ao longo da cadeia sejam ressarcidos para as empresas sem que um Estado tenha que arcar mais com esse pagamento do que outros, o que poderia emperrar a devolução. A não cumulatividade é um dos pilares da atual reforma tributária.

MUDANÇA

Durante a tramitação na Câmara, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), patrocinou uma modificação no texto para evitar que os Estados do Norte e Nordeste, mais numerosos, controlassem as decisões do conselho. Isso incomodou os políticos dessas regiões, como Braga, que viram na iniciativa uma afronta ao equilíbrio federativo. Desde que a tramitação começou no Senado, o relator vem sinalizando que fará alterações ao texto para preservar o que ele considera ser uma relação equânime entre todos os Estados.

No sábado, Braga avançou ao indicar que, ao delimitar que o conselho será meramente operacional, não há motivos para disputas políticas pela sua governança.

"O Conselho Federativo será técnico, administrativo. Não tem espaço político no Senado para que o conselho tenha outras funções. Caso contrário, existem inúmeras emendas de senadores, inclusive com propostas radicais de extinção do conselho, o que inviabilizaria a metodologia aprovada na Câmara."

O relator afirmou ainda que esta é a principal preocupação dos governadores e que será esclarecida em reunião amanhã, em Brasília, que deverá reunir os líderes regionais para debater a reforma.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), encaminhou à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), nessa terça-feira (22), dois projetos de lei e um decreto que contemplam modificações na sistemática tributária do estado. Entre os tributos citados, estão o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O pacote fiscal é chamado de Descomplica PE e deverá ser apreciado pelos deputados nos próximos dias, em regime de urgência. 

O decreto foi publicado no Diário Oficial desta quarta-feira (23) e modifica a cobrança do ICMS, com a eliminação da cobrança antecipada para a indústria e a revogação das Margens de Valor Agregado (MVA) para uma série de atividades econômicas vinculadas ao comércio. Com o decreto, as empresas do setor industrial que se enquadram nas especificações não estarão mais obrigadas a recolher o ICMS antecipadamente. 

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Já os projetos de lei são um ordinário e outro complementar. A proposta governamental inclui ajustes na legislação do ICMS ainda referentes às leis complementares federais 192 e 194, ambas de 2022, que modificaram alíquotas relativas a produtos como combustíveis, energia elétrica e serviços de telecomunicação. Em relação a esses itens, não haverá qualquer modificação: as alterações são apenas adequações à nova legislação federal. 

A alíquota modal do ICMS (que não se adequa a vários produtos, como gasolina, óleo diesel, álcool combustível e cesta básica) passa a ser 20,5%, visando adequação frente à reforma tributária. O Descomplica PE estabelece alterações também no IPVA, que terá em Pernambuco a menor alíquota do Nordeste: 2,4% para automóveis.

Outras novidades são o parcelamento da cota do imposto de três para dez parcelas, a possibilidade de parcelamento da dívida em até 60 meses, a limitação das multas em até 15% (atualmente é 100%) do valor do imposto e a ampliação das isenções para portadores de síndrome de down, mototaxistas e transporte escolar com sete passageiros, já incluindo o condutor. A proposta do Governo de Pernambuco também reduz a alíquota para automóveis de até R$ 100 mil movidos a Gás Natural (GNV) para 1,5%, desde que com equipamentos comprados e instalados no território pernambucano.

Dívida Zero

A segunda matéria proposta pelo Executivo é um projeto de lei complementar que estabelece para este ano a implantação do Dívida Zero, um Programa Especial de Recuperação de Créditos Tributários para todos os impostos estaduais – o ICMS, o IPVA e o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de quaisquer Bens ou Direitos (ICD). O Dívida Zero garante redução de multas em 90%, de juros em 95% e o parcelamento das dívidas em até sessenta meses.   

Confira o resumo das mudanças

ICMS 

- Parcelamento do crédito tributário relativo ao ICMS será desburocratizado por meio da retirada de regras proibitivas e limitativas; 

- Instituição do Programa de Autorregularização e Conformidade Tributária – Coopera, consistindo basicamente em estimular a autorregularização dos contribuintes do ICMS mediante a adoção de medidas que assegurem a sua espontaneidade; 

- Modificação das regras relativas ao ressarcimento, com vistas a facilitar e agilizar a devolução do imposto antecipado a maior pelo contribuinte; 

- Ajuste da alíquota modal para 20,5%, a partir de 1º de janeiro de 2024. 

IPVA 

- Para automóveis, alíquota passa para 2,4%; 

- Ampliação de 3 para 10 a quantidade de cotas para pagamento do imposto; 

- Aplicação de benefícios fiscais, em especial aqueles concedidos a pessoas com deficiência, antes mesmo da conclusão da análise do processo de reconhecimento dos mencionados benefícios pela Secretaria da Fazenda; 

- Automóvel movido a gás natural, cujo valor da respectiva base de cálculo seja igual ou inferior a R$ 100 mil, passa de 2,5% para 1,5%; 

- Isenção para veículo destinado ao transporte escolar com capacidade superior a 7 (sete) passageiros; 

- Isenção para portadores de síndrome de down; 

- Isenção para motocicleta e veículo similar utilizados na categoria táxi; 

- Multa de 100% é substituída por multa de 0,25% do valor do imposto, por dia de atraso, tendo por limite máximo de 15%. A medida beneficiará, aproximadamente, 690 mil contribuintes e 837 mil veículos. 

 

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O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), voltou a fazer uma série de críticas à reforma tributária do Governo Federal. Em um evento junto a empresários pernambucanos nesta terça-feira (22), no Recife, o gestor estadual demonstrou preocupação com a medida e condenou a postura do Conselho Federativo, que, na opinião de Caiado, fere o pacto federativo e confere à União um direito e dever dos estados e municípios.

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“A política regional é fundamental para nós desenvolvermos nossos estados. ‘Eles’ [o Governo] criaram – o que, pra mim, é o máximo de agressão à Constituição brasileira – o Conselho Federativo. Quero conhecer esse iluminado, o homem mais competente do mundo, que resolve os problemas de 5.568 municípios e de 27 estados, em um Conselho Federativo em Brasília. Invertendo tudo aquilo na prática de que é preciso, cada vez mais, transferir aos municípios e estados a própria capacidade de gerir suas arrecadações ou os fundos que lá chegam”, afirmou o governador. 

Caiado foi a presença mais aguardada do evento, organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) no auditório do Empresarial MV, na Imbiribeira, Zona Sul do Recife. O tema do encontro foi “O Brasil pós-reforma tributária” e Ronaldo teve 30 minutos para discursar. Na sessão debate, ele foi acompanhado do deputado federal Mendonça Filho (União-PE) e do economista Caio Megale, da XP investimentos, que também foi convidado especial. Outros dois integrantes do Lide compuseram a mesa. 

Conselho Federativo 

A comissão federal que tem tratado dos impostos abordados na reforma tributária, em Brasília, e criticada pelo governador goiano, foi criada pelo Governo Lula em abril deste ano. O conselho se trata de um colegiado extraordinário, criado para gerir o Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS), que passaria a ser controlado pela União. Atualmente, o texto da reforma se encontra sob apreciação no Senado, após aprovação na Câmara dos Deputados. 

“Então, um cidadão vai lá representar Goiás no conselho. O cara vai me dar uma mesada por mês e vai dizer pra mim: ‘agora você é ordenador de despesas’; mas eu que fui eleito. A constituição preserva o pacto federativo, que garante a todos os governos independência para poder gerir a sua arrecadação. É inadmissível um conselho querer substituir as prerrogativas dos prefeitos e dos governadores. Nós que conhecemos a realidade de cada município e sabemos como que é cada município, cada estado. [...] Vou lutar fortemente para podermos derrubar isso no Senado Federal”, acrescentou o gestor. 

Ronaldo enfatizou que a renúncia de receitas aos estados é inferior para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, apesar da participação no Produto Interno Bruto (PIB) de alguns dos estados dessas regiões é maior que a de estados do Sul-Sudeste. O governador fez uma conexão Goiás-Pernambuco e exemplificou que as renúncias para as regiões que contemplam os estados são de 9% e 12% cada. O argumento foi colocado à mesa para reforçar a prerrogativa regional e persuadir o empresariado a entender o impacto da reforma e da federalização da gerência tributária.  

Na apresentação de apoio, a equipe do governador propôs uma síntese que dizia: "Ao comprar o livro pela capa, sem avaliar o conteúdo, os defensores da reforma tributária não atentaram que o texto atual: 1) acaba com importantes mecanismos de desenvolvimento regional; 2) destrói o pacto federativo e transfere para um Conselho Nacional a definição de políticas tributárias que competem a estados e municípios". 

Pacto federativo 

O pacto federativo está previsto da Constituição Federal de 1988 e dispõe dos dispositivos que configuram a moldura jurídica, as obrigações financeiras, a arrecadação de recursos e os campos de atuação dos entes federados. O debate em torno do pacto federativo que está sendo travado atualmente no Congresso Nacional gira em torno, sobretudo, de questões fiscais. 

De acordo com a Constituição de 1988, a República Federativa do Brasil é composta pela parceria indissolúvel de estados, municípios e distrito federal. A organização político-administrativa brasileira compreende a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, todos autônomos, nos termos da Constituição. 

 

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, confirmou a participação dos 27 governadores na sessão temática sobre a reforma tributária (PEC 45/2019) no Plenário, na terça-feira (29), a partir das 10h. Ele disse que a sessão deve durar todo o dia, sendo organizada por blocos de representantes por cada região. Pacheco afirmou que a discussão poderá auxiliar no amadurecimento em torno da proposta de emenda à Constituição (PEC).

— A ideia é usarmos o dia todo de terça-feira, começando às 10 da manhã, e dar aos governadores o direito de ocupar a tribuna do Senado para poder fazer suas exposições em relação à reforma tributária. Aqueles que aqui estiverem vão ter essa oportunidade e também vão poder ouvir os senadores, que também terão o direito à palavra — disse o presidente do Senado em coletiva de imprensa nesta terça-feira (22) após participar da Conferência de Cidades da América Latina, que acontece em Brasília.

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A matéria tem como relator o senador Eduardo Braga (MDB-AM) e será tema de oito audiências públicas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), único colegiado que vai apreciar o texto antes de ir ao Plenário.   

Offshores

Ainda de acordo com Rodrigo Pacheco, três medidas provisórias que podem perder a vigência nos próximos dias devem ser analisadas no Senado na sessão de quinta-feira (24). Entre elas, a MP 1.172/2023 que elevou o valor do salário mínimo para R$ 1.320 e que também determina a taxação de fundos offshores e trusts. 

Apesar de considerar legítima a inclusão dos assuntos por medida provisória, Pacheco disse que é preciso aguardar a decisão da Câmara dos Deputados. Ele ainda afirmou que caso seja retirado do texto, o conteúdo poderá ser objeto de um projeto de lei, que poderá tramitar no Congresso sob regime de urgência constitucional.  — Há sempre caminho para entendimentos.

O governo propõe a taxação das offshores, o fez na medida provisória, houve uma percepção de que esse tema deveria ter sido trazido por projeto de lei. Mas o governo, na comissão mista da medida provisória do salário mínimo, acabou incorporando também esse texto e houve por mim o despacho para que a Câmara possa votar. Então vamos aguardar o que vai ser de deliberação da Câmara — explicou Pacheco.

Além da MP 1.172/2023, perderá a validade na sexta-feira (25) a MP 1.170/2023 que reajustou os vencimentos de servidores públicos e a MP 1.173/2023, que prorrogou até maio de 2024 o prazo para regulamentação, pelo Executivo, dos programas de alimentação do trabalhador. 

*Da Agência Senado

A Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) realiza, na próxima semana, o 6º Congresso Pernambucano de Municípios. O evento será de 28 e 30 de agosto, no Centro de Convenções, em Olinda. Temas como inovação, desenvolvimento, reforma tributária, segurança pública, comunicação, mobilidade e infraestrutura estão na pauta de discussões entre os prefeitos.

Na segunda-feira (28), a abertura pela manhã contará com a presidente da Amupe e prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado, e as ministras Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação).

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À tarde, o Congresso também abre espaço para discutir a Reforma Tributária, o Pacto Federativo e o Futuro dos Municípios, tema urgente, que permeia as rodas de política nos últimos meses. Para isso, conta com o reforço do deputado federal Sílvio Costa Filho, do estadual José Patriota, do secretário especial de Assuntos Federativos da Presidência da República André Ceciliano, do secretário estadual da Fazenda, Wilson José de Paula e do prefeito do Recife, João Campos.

O segundo dia do Congresso, a terça-feira (29), será destinado à realização das mesas temáticas, no turno da manhã e na parte da tarde. São encontros de discussão que acontecem simultaneamente. Já no dia 30, uma palestra show, que encerra o Congresso Pernambucano de Municípios, será realizada pelo ator, escritor e diretor Miguel Falabella, falando sobre a reinvenção do presente.

 

A governadora Raquel Lyra (PSDB) recebeu, na noite dessa segunda-feira (21), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), no Palácio do Campo das Princesas, no Recife. A vice-governadora Priscila Krause e o secretário estadual da Casa Civil, Túlio Vilaça, também participaram do encontro.

Uma das principais pautas do Congresso Nacional na atualidade, a reforma tributária esteve no centro da conversa entre Raquel e Caiado, que vem debatendo sobre o assunto em eventos pelo Brasil. 

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Janaína Pepeu/Secom

O governador de Goiás está na capital pernambucana para participar, nesta terça-feira (22), de um evento do LIDE – Grupo de Líderes Empresariais do Estado. O goiano é um dos convidados de um café da manhã com empresários ligados à entidade e logo em seguida comparecerá a um debate sobre os desafios econômicos do País e os impactos da reforma tributárias para a União, estados e municípios.

O almoço-debate do LIDE Pernambuco acontece no Empresarial MV começando ao meio-dia e estão confirmados 200 líderes empresariais do Estado.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse nesta segunda-feira, 21, não ver problemas se a Casa precisar de alguns dias a mais para votar o texto da reforma tributária além dia 4 de outubro. A previsão de a votação ocorrer em 4 de outubro, de acordo com Pacheco, foi estabelecida pelo relator da reforma no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), pelo simbolismo de a data marcar o aniversário de 35 anos da Constituição Federal.

"Precisava ter um cronograma. Então o senador Eduardo Braga fez e apresentou à Comissão de Constituição e Justiça CCJ. Foi uma previsão de andamento da reforma tributária, que envolve audiências publicas, sessões de debates, muitas reuniões e eventos como este que o Grupo Esfera e a Fiesp proporcionaram hoje", disse o senador ao participar do evento "Reforma Tributária Já" organizado pelas duas entidades.

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"Agora, se houver necessidade de alongar por alguns dias ou por algumas semanas, não há problema algum. Nós temos que ter segurança para poder votar, e votar um texto que seja bom e seguro para que todos nós e para que a sociedade brasileira tenha a compreensão do que exatamente se está votando e qual é a consequência para as relações de consumo nas relações negociais, sociais e de arrecadação", disse Pacheco.

O presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse nesta segunda-feira (21) que para se chegar a um consenso na reforma tributária em tramitação na Casa, depois de passar pela Câmara dos Deputados, cada uma das partes envolvidas tem que ceder um pouco. Segundo o parlamentar, se todos quiserem sair ganhando, não será possível chegar ao novo sistema tributário.

De acordo com Pacheco, é bom que todos tenham essa compreensão para alcançar a aprovação da reforma tributária. 

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“Nós temos que ter mais a lógica de ceder do que conquistar. Vamos buscar sempre ceder um pouco mais do que pretender conquistar mais direitos, mais prerrogativas, porque aí a conta não fecha. Cedendo um pouco podemos sim ter um sistema tributário mais claro, mais unificado, mais transparente”, defendeu 

O senador participou do seminário Reflexões sobre a Reforma Tributária, promovido pela FGV Conhecimento. 

Pacheco disse que a disposição de ceder deve ser de todos os setores envolvidos. “Todos os municípios, os municípios grandes em relação aos pequenos, os pequenos em relação aos grandes, os estados federados, o Distrito Federal, a União, os setores de serviços, de comércio, agro, indústria. É muito importante que todo mundo ceda um pouco para a gente ter um sistema unificado na compreensão de que isso vai ser bom para o país e, no fim das contas, bom para todo mundo na sequência”.

Para buscar um entendimento com estados e municípios, o presidente do Senado anunciou que vai conduzir um encontro na próxima semana, no plenário da Casa, com os governadores. Segundo ele, esse é o papel do Senado Federal. 

“Quero deixar bem claro aos governadores e aos prefeitos que, de nossa parte, não haverá nenhum tipo de açodamento, nenhum tipo de prejuízo a esses entes federados na interlocução da reforma tributária. Tanto que já para o próximo dia 29, que é uma terça-feira, reservamos um dia importante, de bom quórum no Senado Federal, para que estejam no plenário do Senado todos os governadores dos estados e o governador do Distrito Federal para que possam fazer, no tempo necessário, as suas falas e seus pronunciamentos sobre reforma tributária no plenário com a presença de todos os senadores da República”, disse, admitindo que há muitas ponderações dos governadores sobre o tema. 

Governadores

Para ampliar o debate, os senadores devem ouvir também os prefeitos. “É muito importante o Senado abrir as portas aos estados federados, Distrito Federal e aos municípios. Isso vai acontecer no Senado e vamos buscar equacionar tudo desses dilemas e todas essas controvérsias, porque, no final das contas, todo mundo concorda que a unificação é boa, a simplificação é boa, que a desburocratização é boa, então nós temos que fazer. [Sabemos] que o sistema tributário é ruim e precisa ser reformado. Todo mundo concorda com a reforma tributária. É só um ajuste em relação ao mérito”, disse. 

Voto de confiança

O presidente do Senado defendeu um voto de confiança no Parlamento, que, conforme afirmou, tem a responsabilidade de uma reforma que, diferentemente das outras, guarda uma quantidade enorme de divergências, de dilemas ou de dificuldades. “A reforma tributária não é nada fácil. Esse voto de confiança evidentemente partirá de nós com mais absoluta responsabilidade, com senso de importância e de urgência respeitando todos os personagens que deverão ser ouvidos”, completou.

Para Pacheco, a obviedade da reforma está na simplificação, desburocratização, na unificação tributária, na não cumulatividade tributária, no fim de guerras fiscais que sacrificam direitos dos contribuintes.

De acordo com o cronograma de tramitação no Senado, as avaliações para reduzir dúvidas e resolver os dilemas vão seguir até o fim de setembro para que em outubro “a melhor reforma tributária possível” seja apreciada no plenário. 

“É preciso estabelecer uma previsão inicial. E 4 de outubro foi a data estipulada pelo relator, senador Eduardo Braga. Vamos nos dedicar muito nesse fim de agosto e em todo o mês de setembro em receber todas as pessoas, instituições, fazer as audiências públicas, as sessões de debates, fazer as projeções, colher números e votar com segurança. Evidentemente se tiver alguma necessidade de algum tipo de adiamento, vamos obviamente fazer, porque é importante entregar uma reforma com boas bases e com conhecimento profundo do que se está fazendo. A projeção inicial é essa e acredito que é possível cumprir”, disse.

“Não desejamos sacrificar nenhum tipo de setor, sacrificar nenhum ente federado, mas chegou a hora do Brasil escolher, nós temos que exercer o que aquilo na política é muito caro, que é a arte de escolher uma opção política em relação ao sistema tributário de arrecadação do Brasil”, defendeu.

A expectativa, de acordo com Pacheco, é ter o texto da reforma tributária aprovado no Congresso até o fim de 2023. “Nós pretendemos votar este ano. Acho que é muito importante chegarmos ao final, após modificações do Senado voltar para a Câmera e depois novamente voltar para o Senado, mas promulgar a emenda constitucional ainda este ano. Seria muito positivo para o Brasil termos a reforma tributária ainda em 2023”. 

A coordenação do seminário Reflexões sobre a Reforma Tributária é do ministro do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e coordenador do Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário da FGV Conhecimento, Luis Felipe Salomão, e do desembargador federal Marcus Abraham. Além de Pacheco, participaram da abertura do encontro o relator da proposta na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro; e de Goiás, Ronaldo Caiado.

O Senado deve realizar reunião temática com prefeitos para ouvir suas impressões sobre a reforma tributária (Proposta de Emenda à Constituição — PEC 45/2019), disse o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (21). Pacheco participou do seminário "Reflexões sobre a Reforma Tributária", promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Segundo o presidente do Senado, os chefes do Executivo dos municípios devem ser ouvidos após a sessão especial na terça-feira (29), no Plenário, com os 27 governadores. Eles debaterão o impacto da reforma tributária nos entes federativos. Pacheco não especificou possível data ou horário para a reunião com os prefeitos.

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— É muito importante o Senado abrir as portas para ouvir estados federados, Distrito Federal e municípios. No final das contas todo mundo concorda que a unificação é boa, que a simplificação é boa, que a desburocratização é boa — disse Pacheco.

Ele também observou que a previsão de votação do texto no dia 4 de outubro na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) está sujeita a algum adiamento, caso seja necessário mais tempo para análise. 

— A previsão inicial é para 4 de outubro, data estipulada pelo relator, senador Eduardo Braga [MDB-AM]. Acredito que é possível cumprir. Evidentemente se tiver alguma necessidade de algum tipo de adiamento mínimo, nós vamos obviamente fazer, porque é importante entregar uma reforma com boas bases e com conhecimento profundo do que estamos fazendo. Seria muito positivo para o Brasil votar a reforma tributária ainda no ano de 2023.

A reforma tem três fundamentos: a simplificação tributária; o reequilíbrio federativo; e a neutralidade da carga tributária, disse Eduardo Braga ao presentar seu plano de trabalho na Comissão de Constituição e Justiça. O texto chegou ao Senado no dia 3 de agosto e tramitará somente na CCJ antes de ser votada em Plenário, ainda que tenha debates também na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

*Da Agência Senado

O emaranhado tributário brasileiro impede que o País conceda um benefício cada vez mais comum em outros países: o tax free, a isenção ou devolução de parte dos impostos cobrados de turistas estrangeiros. A prática tem o objetivo de ampliar o tíquete médio gasto pelos visitantes mediante uma compensação parcial dos tributos pagos em bens ou serviços.

No Brasil, especialistas apontam que a adoção de um sistema similar exige a aprovação da reforma tributária e a instituição do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). O sistema atual inviabiliza qualquer tentativa de estimativa tributária para esse tipo de operação.

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Se há perda de arrecadação ao permitir a devolução de parte do imposto, ela é compensada pelo aumento do consumo do turista. Uma pesquisa da Fecomércio RJ, divulgada em abril, estimou que o gasto médio do turista pularia de US$ 542,90 em compras para US$ 665,50 com a adoção do modelo. A entidade projetou que o gasto adicional movimentaria R$ 2,1 bilhões por ano.

O advogado Alberto Medeiros, tributarista sócio da TozziniFreire, explica que esse mecanismo de devolução de parte do IVA é concebido partindo da premissa de que o estrangeiro não precisa arcar com o ônus tributário, por não receber contrapartidas do Estado, como os residentes. "É certamente um grande instrumento de fomento do comércio local e, por isso, extremamente positivo para o desenvolvimento da economia e do turismo."

Cada país adota regras específicas para delimitar bens e serviços que estarão sujeitos à devolução tributária, como valor mínimo de gasto. Também há um regramento para a recuperação dos valores, que é normalmente feita após o preenchimento de formulários entregues em postos no momento da saída do país. Outra possibilidade adotada em países como Argentina e Chile, por exemplo, é a isenção a turistas do pagamento de IVA em serviços de hospedagem.

Para Douglas Guilherme Filho, coordenador da área tributária no Diamantino Advogados Associados, esse tipo de sistema é interessante para o Estado, porque provoca aumento na atividade econômica. "Você geralmente tem uma lista de produtos ou serviços que dão isenção ou devolução do tributo. Além disso, as empresas ou lojas que participam do modelo precisam estar cadastradas em programa governamental. Não é simplesmente dizer que o turista não paga imposto", diz.

SISTEMA COMPLEXO

Fernando Lima, advogado tributarista sócio do Lavocat Advogados, diz que a complexidade do sistema tributário brasileiro é o principal entrave para a adoção do sistema, porque a devolução do tributo pago envolveria procedimentos específicos de cada ente federativo.

Mas a adoção do IVA tornaria mais simples o uso do mecanismo. "Embora alguns setores do turismo estejam abarcados por regimes tributários específicos nesta reforma, existe uma preocupação de quanto será a alíquota deste novo IVA com a reforma tributária. Logo, mais do que nunca, faz-se necessária a implementação do sistema de tax free para fazer frente a outras economias no mundo", defende.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Senado definiu que a sessão temática que fará com todos os governadores para discutir a reforma tributária será realizada na próxima quinta-feira (24), às 10 horas (de Brasília). O assunto foi debatido em reunião do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com líderes partidários nesta quinta-feira.

Serão convidados os 27 governadores dos Estados e do Distrito Federal para apresentarem seus argumentos, pró e contra a reforma.

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A ideia de realizar a reunião temática com os governadores foi apresentada pelos próprios líderes no início do mês.

Pacheco gostou da ideia e ficou de definir a data após a apresentação do plano de trabalho do relator da reforma tributária, o senador Eduardo Braga (MDB-AM).

A definição da sessão temática em 24 de agosto deve postergar mais um pouco a discussão da reforma.

Pelo cronograma inicial de Braga, uma audiência pública seria realizada no dia 23, mas, a pedido do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), havia sido marcada para o dia 24.

O cronograma estipulado por Braga prevê a realização de oito audiências públicas na CCJ e a votação do relatório no início de outubro.

O próprio relator, porém, já confirmou que a data prevista em seu plano de trabalho para a votação (4 de outubro) é apenas uma estimativa já com uma margem de segurança. Braga disse, na quarta-feira (16), que seu compromisso é entregar o texto final até o fim de outubro para votação no plenário do Senado.

As declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ao Estadão, sobre buscar o "protagonismo" dos Estados das regiões Sul e Sudeste repercutiu entre parlamentares, com potencial para trazer impactos para votações importantes no Congresso, como a reforma tributária. Prestes a ser discutida pelo Senado, a PEC 45/2019, no entanto, é blindada por senadores. Lideranças ouvidas pelo Estadão elencam a proposta como prioridade e minimizam o peso do que foi dito pelo governador. O objetivo é que o texto, aprovado na Câmara, não volte à estaca zero.

Na entrevista publicada no sábado (5), Zema tocou em dois pontos da reforma tributária: a divisão do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR), que a PEC cria, mas não diz como será repartido; e a representatividade dos Estados no Conselho Federativo, responsável por gerir o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que unifica os atuais ISS e ICMS.

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O senador Efraim Filho (União Brasil-PB), líder do Bloco Parlamentar Democracia, o maior da Casa, com 31 dos 81 parlamentares, avalia que as declarações do governador mineiro podem instigar os senadores do Norte e do Nordeste a se protegerem ao longo da discussão sobre a reforma tributária. "A fala de Romeu Zema vai gerar nas bancadas do Norte e Nordeste um sentimento de autoproteção muito forte. Vamos ficar muito atentos com lacunas e arestas", disse.

Outras lideranças seguem linha diferente e tentam esfriar os ânimos. Líder do PDT no Senado, Cid Gomes (CE) não acredita que as declarações do governador possam inflamar o debate. "Não reconheço nele (Zema) autoridade para isso. No Senado, não há diferença entre Roraima e São Paulo. Todos os Estados têm três senadores, porque somos uma federação e uma federação tem que ser entendida assim."

O senador defende que o fundo para reduzir as desigualdades regionais seja dividido de forma "proporcional à população, e inversamente proporcional à renda", mas crê que a fixação desses critérios seja feita por meio de lei complementar, "como a boa técnica legislativa diz" e nos termos já previstos pela Câmara. "(As declarações de Zema) significam muito pouca coisa para nós mudarmos a abordagem e a análise de uma matéria tão importante", disse Cid, classificando os posicionamentos como "infelizes".

"O Senado Federal não vai se contaminar por esse populismo irresponsável", disse o senador Fabiano Contarato (PT-ES), líder petista na Casa. "A aprovação da própria reforma tributária na Câmara representa a vitória do diálogo entre os Poderes. O Senado vai cumprir o seu papel revisor e analisar a proposta com olhar atento, enquanto Casa da Federação."

A senadora Teresa Leitão (PE), vice-líder do PT, avalia que o clima em torno da discussão da reforma tributária é "muito favorável" e diz que o roteiro inicial da tramitação já está "bem redondo". Na avaliação da petista, as declarações de Zema têm pouco impacto no Senado e beneficiam os Estados do Nordeste, por causa da má repercussão que tiveram. "Não estamos fazendo uma queda de braço. Zema deu um tiro no pé. Foi muito desproposital e ofensiva a declaração dele", disse.

"Com todo o respeito, o governador Zema não tem nenhuma relevância dentro do Plenário do Senado. O clima é positivo", acrescentou Alessandro Vieira (MDB-SE).

Na entrevista concedida ao Estadão, o governador mineiro defendeu que os Estados do Sul e do Sudeste lutem por mais espaço tanto na divisão das verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional e que tenham mais espaço no Conselho Federativo. Os governadores Eduardo Leite (PSDB-RS), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) também se aglutinaram em torno dessa última proposta.

"Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade... Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então, Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década", disse Zema na entrevista.

O governador de Minas defende que a divisão desse dinheiro deveria ser proporcional à contribuição dos Estados. "É preciso tratar a todos da mesma forma. As decisões têm que escutar ambos os lados e o Cosud (Consórcio de Integração Sul e Sudeste) vai fazer esse papel, porque ninguém pode ignorar o peso de expressivo de 256 deputados na Câmara", disse o governador, destacando o número de parlamentares do Sul e do Sudeste na Casa.

"Não tenha dúvidas de que vamos debater sobre isso", afirmou a senadora Zenaide Maia (PSD-RN) sobre a divisão das verbas do fundo entre os Estados. "Zema está propondo um apartheid entre a região Sul-Sudeste. É uma proposta condenável e até indecente. O Nordeste contribui sim, e muito, com a economia."

O líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF) também ressalta que o fundo deverá ser analisado no Senado, "assim como toda a proposta", mas defende Zema, dizendo que "estão criando uma polêmica" em torno do que o governador disse na entrevista. "Ele (Zema) defendeu a criação de um grupo para discutir as questões do Sul e do Sudeste. Nada mais normal."

Marcelo Castro (PI), vice-líder do MDB, avalia, em relação à quantidade de votos que cada Estado poderá ter no Conselho Federativo, que o colegiado deve "espelhar o pacto federativo", e não priorizar um ente sobre o outro. "Não é porque há Estados maiores que eles devem ter mais representantes do que outros."

Se o texto for aprovado com mudanças pelo Senado, precisará voltar para a Câmara e ser votado outra vez antes de ir para sanção presidencial. Procurado pela reportagem, o relator, Eduardo Braga (MDB-AM), não comentou o tema.

Caminhos para a divisão do fundo

"O pano de fundo (da declaração do Zema) é: quais são os critérios para distribuir a verba desse fundo de desenvolvimento?", disse Rodrigo Frota da Silveira, pesquisador do Núcleo de Estudos Fiscais da FGV-SP. A proposta aprovada na Câmara cria o fundo, mas não detalha como ele pode ser dividido entre os Estados.

"Há algumas formas de se resolver isso. O Senado, ao avaliar o texto, o mantém e o aprova como está, e depois o Congresso edita uma lei complementar que estabelece um critério de como esse dinheiro vai ser distribuído. Ou o Senado fixa o critério, altera o projeto e, depois, ele volta para a Câmara", explicou Silveira. "São critérios de distribuição de receita, que uma hora terão que ser decididos."

Protagonismo político

Para além dos interesses econômicos para Sul e Sudeste, as declarações feitas por Zema têm um teor estratégico, na visão do cientista político e professor da Mackenzie Rodrigo Prando. Para ele, elas ocorrem em momento desfavorável para a imagem do governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos).

"Penso que Zema pode ter usado uma estratégia objetivando ganhar espaço na mídia e testar suas ideias ou sua força política. No limite, Zema, assim como Tarcísio, são potenciais candidatos à Presidência e que disputarão o espólio político de Bolsonaro", avaliou.

Na última semana, o governador de São Paulo enfrentou duas crises: a operação policial que deixou 16 mortos no Guarujá e a retirada dos livros didáticos impressos das escolas públicas. Os dois episódios repercutiram mal para Tarcísio. Tanto ele quanto Romeu Zema são possíveis substitutos para o nome de Jair Bolsonaro (PL), inelegível por ordem do TSE, nas próximas eleições - apesar de o governador de São Paulo negar que participará do pleito em 2026.

A estratégia, no entanto, pode ter tido um resultado do diferente do esperado, principalmente pelo fato de o governador de Minas estar planejando ampliar presença no País.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado formalizou, nesta quarta-feira (9), a indicação do senador Eduardo Braga (MDB-AM) como relator da reforma tributária. A indicação de Braga já havia sido anunciada em julho pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas faltava ser formalizada pela CCJ.

Braga anunciou nesta quarta-feira que apresentará seu plano de trabalho para a tramitação da reforma tributária na próxima quarta-feira (16).

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"A partir de agora, iniciamos, oficialmente, de fato e de direito, o trabalho na relatoria da reforma tributária, contando com a contribuição de todos os senadores", disse Braga durante a sessão da CCJ.

A reforma tributária passará apenas pela CCJ do Senado antes de ir ao plenário. A expectativa da cúpula do Senado é que a proposta seja analisada até novembro.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu, nesta segunda-feira (7), um tratamento igualitário aos Estados brasileiros na reforma tributária. Após passar pelo crivo da Câmara, o texto agora está em tramitação na Casa Alta e foi alvo de discussões no meio político durante o fim de semana, depois que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), declarou-se a favor de um protagonismo do Sul e Sudeste.

Pacheco, que também é mineiro, pregou a unidade nacional.

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“Não cultivamos em Minas a cultura da exclusão. JK, o mais ilustre dos mineiros, ao interiorizar e integrar o Brasil, promoveu a lógica da união nacional. Fiquemos com seu exemplo. Ao valoroso povo do Norte e Nordeste, dedico meu apreço e respeito. Somos um só país”, escreveu no Twitter.

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Zema defendeu a criação de um consórcio composto por autoridades do Sul e Sudeste e o seu posicionamento foi visto como uma espécie de propagação separatista, causando reações de políticos e, inclusive, do Consórcio Nordeste – formado por governadores dos estados nordestinos.

A redução da desigualdade regional e social no Brasil é um dos pontos defendidos pela governadora Raquel Lyra a partir da aprovação da Reforma Tributária. Em entrevista à GloboNews na noite deste domingo (6), a chefe do Executivo estadual ressaltou que o Nordeste deve fazer parte da solução para avanços regionais mais equilibrados e que a reforma possa fortalecer a competitividade na região.

“Temos diante de nós uma grande oportunidade, que é finalmente o Brasil conseguir aprovar a sua Reforma Tributária, uma simplificação tributária, tendo sob o ponto de vista dos governadores brasileiros, especialmente do Nordeste, a oportunidade de trabalhar o combate à desigualdade social e regional. Esperamos trabalhar a reforma como um grande fator de união do Brasil e não de sua divisão”, destacou Raquel Lyra.

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Raquel explicou a defesa dos governadores do Nordeste e Norte do país em relação ao critério de composição do Conselho Federativo, colegiado que ficará responsável por distribuir os recursos do tributo criado pela proposta da reforma, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). “O que os governadores do Nordeste e do Norte defendem é a semelhança daquilo que acontece no Senado Federal, ou seja, para cada ente federado representado que se possa valer um voto”, registrou.

Outro ponto mencionado durante a entrevista foi a divisão de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, no qual a governadora defendeu que os critérios da partilha possam ser colocados na Constituição, e não levados para Lei Complementar. As discussões sobre o tema já estão sendo feitas pelos governadores do Nordeste em fóruns, encontros do Consórcio Nordeste, entre outros ambientes.

“Também defendemos que se possa utilizar critérios, como o do PIB invertido, para permitir que os estados que têm menor arrecadação possam receber mais recursos do fundo. Assim, a gente consegue ter uma política verdadeira de enfrentamento de uma desigualdade histórica, sob pena da Reforma Tributária não cumprir o seu papel, que é de equilibrar o Brasil. O Nordeste precisa começar a ser visto como parte da solução do nosso país”, frisou a governadora.

Ainda nesse domingo, Raquel também se posicionou sobre as declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sobre a reforma tributária. Ela deixou claro que os pleitos do Nordeste são nada além do que a região tem direito. 

"[O Nordeste] deve receber atenção nas discussões federativas por tanto tempo de descaso e indiferença. Nossos pleitos não vão além do que é justo diante de uma construção histórica tão conhecida", disse. 

Romeu Zema defendeu a criação de um consórcio composto por autoridades do Sul e Sudeste, por um protagonismo maior da região.  O posicionamento foi visto como uma espécie de propagação separatista, causando reações de políticos. 

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*Com a assessoria de imprensa

A reunião do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para a entrega da reforma tributária será às 15h, nesta quinta-feira (3). A informação foi confirmada pela assessoria da Presidência do Senado.

O encontro representa um gesto simbólico de envio da reforma tributária ao Senado. Além de Lira e Pacheco, também deve participar da reunião o relator da reforma no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM).

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Após o recebimento da proposta oficialmente pelo Senado, o relator deve intensificar as reuniões com governadores, prefeitos e representantes dos setores produtivos interessados em mudanças na reforma tributária.

O Senado espera receber em agosto a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019, que trata da reforma tributária. A Câmara ainda não enviou a proposta, que foi aprovada pelos deputados no dia 7 de julho, mas deverá fazê-lo após o recesso parlamentar, conforme anunciou o senador Eduardo Braga (MDB-AM).

Tanto ele quanto outros senadores já identificaram pontos no texto aprovado pelos deputados que podem ser alterados na tramitação no Senado, principalmente aqueles introduzidos no final da tramitação na Câmara (leia mais abaixo).

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Braga foi designado relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O presidente espera que o texto seja votado até outubro e promulgado ainda em 2023. 

— Estimamos um prazo de dois ou três meses para o amadurecimento de todos os pontos [da reforma]. O Congresso deve uma reforma tributária ao Brasil, tenho muita convicção de que a entregaremos ainda esse ano — disse Pacheco.

O tema da reforma tributária tem sido discutido no Congresso Nacional há três décadas, mas nunca foi aprovada uma modificação sistemática. Em seu perfil no Twitter, Pacheco defendeu que o Brasil tenha, o mais rápido possível, um modelo tributário simplificado e moderno. Esses são os objetivos principais da PEC, que transformará cinco tributos (ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins) em três: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto Seletivo. Cada novo tributo terá um período de transição.

Próximos passos

A CCJ será a única comissão em que a PEC passará antes de ser analisada em Plenário. Segundo Eduardo Braga, o plano de trabalho deverá ser apresentado em agosto e terá destaque para conflitos sobre a autonomia dos estados e municípios. 

—  [A possibilidade de os estados criarem novos tributos] será um dos pontos que terá ênfase no plano de trabalho. Teremos reuniões com as diversas instâncias federativas. Acho que a Câmara discutiu muitos conceitos, [mas] nós queremos quantificar esse modelo e verificar seus impactos. Apenas com os resultados desses modelos sendo rodados a gente poderá ter ideia [se aumentará carga tributária ou não]. Mas uma coisa eu posso dizer: não vejo espaço para aumento de carga tributária no país — disse Braga em entrevista coletiva, rechaçando a possibilidade de a reforma ser fatiada para uma aprovação rápida. 

Após a tramitação oficial do texto, o relator terá 15 dias úteis para elaborar seu relatório e a CCJ terá 30 dias úteis para emitir parecer.  O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), disse que o colegiado contribuirá para os debates com até três audiências públicas por semana.

— Vamos instruir um grupo de trabalho para fazer audiências públicas ouvindo os setores [da economia], o governo e as prefeituras para colaborar com o relator, que também fará parte do grupo. Tão logo voltar do recesso, a gente vai começar a marcar essas audiências públicas, podendo ser duas ou três por semana, devido à urgência. Tem diversos pontos em que há polêmica e que com certeza devem ser alterados — afirmou Vanderlan. 

Apesar de a versão original da PEC ter sido apresentada em 2019 na Câmara, o texto atual foi resultado de negociações que a mesclaram com a PEC 110/2019, apresentada primeiramente pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP), atual presidente da CCJ. Outra proposta apresentada no Senado é a PEC 46/2022, do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR). Ela é apoiada por alguns críticos da reforma em discussão, como o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS). 

Para ser aprovada a mudança na Constituição, é necessário o apoio de três quintos dos 81 senadores em uma primeira votação. Depois, é preciso aguardar cinco dias ou cinco sessões para fazer uma segunda deliberação, que também deverá ter três quintos de votos favoráveis. É preciso total concordância entre as Casas, de modo que as alterações no Senado retornam para a Câmara. Aprovada, a emenda é promulgada pelas Mesas das duas Casas em sessão solene do Congresso Nacional.

Por se tratar de Emenda Constitucional, não há participação ou necessidade de sanção pelo presidente da República. Caso a PEC da reforma tributária seja aprovada e promulgada, o governo deverá enviar ao Congresso, em 180 dias, uma segunda reforma: um projeto de lei de reforma sobre o Imposto de Renda. 

Possíveis mudanças

As principais críticas dos senadores recaem sobre dispositivos modificados de última hora na Câmara. O relator Eduardo Braga já se pronunciou contrariamente à possibilidade de estados criarem novo tributo para produtos primários e semielaborados. 

“Vão merecer nossa atenção alguns dos artigos incluídos de última hora (...) [como] o artigo 20, pelo qual os estados poderão criar uma nova contribuição para as atividades de agropecuária, mineração e petróleo. Esse novo tributo parece estranho, já que um dos fundamentos da reforma é a simplificação tributária”, escreveu Braga em seu perfil no Twitter. 

O artigo foi incluído para atender governadores do Centro-Oeste, cujos estados temem perder arrecadação. Com a novidade da tributação no local de consumo, esses estados, que são grandes produtores do setor primário, poderiam ter queda no recolhimento de tributos. 

A transição para o IBS também impactará a arrecadação dos estados que concedem benefícios fiscais no ICMS, em troca de aportes feitos pelas empresas beneficiadas em fundos governamentais de compensação, para investimentos e habitação. A possibilidade de tributar com uma nova contribuição seria para compensar essas perdas de arrecadação. 

O senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo na Casa, espera que volte a constar na reforma a prorrogação de benefícios fiscais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que será extinto, para plantas automobilísticas nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste até dezembro de 2032. Essa previsão também foi retirada na Câmara na votação do dia 7 de julho. Para o senador Angelo Coronel (PSD-BA), benefícios fiscais são vitais para a indústria de sua região. 

— Qual empresa grande vai se instalar no Nordeste se não houver o incentivo fiscal dado pelos governos? — questionou o senador em entrevista à TV Senado. 

Regimes diferenciados

Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do governo no Congresso Nacional, o Senado poderá diminuir a quantidade de setores que se beneficiam de isenções ou alíquotas menores. Segundo Randolfe, muitas isenções aumentarão a alíquota dos novos tributos para os demais setores, para compensar a perda em arrecadação. 

 — Quanto mais isenções, maior a alíquota será. O Senado vai ter que cumprir esse papel de tentar ajustar ou reduzir o número de isenções para poder reduzir, ao fim, o percentual da alíquota. Esse é o desafio — disse o senador.  O texto da PEC inclui serviços de hotelaria, parques de diversão e parques temáticos nos regimes especiais de tributação, em que há aplicação de alíquotas diferenciadas em razão da natureza da atividade, mas não necessariamente menores. É o que ocorre com bancos e seguros, por exemplo.

Já setores como educação, saúde e medicamentos devem possuir regimes que poderão ter diminuição das alíquotas da CBS e do IBS, juntas, de 60% a 100% (ou seja, imposto zerado). Uma lei complementar definirá que tipos de serviços ou de bens desses setores serão beneficiados e as formas de compensar a arrecadação governamental. Também serão contemplados ramos da cultura, de produtos agropecuários, de transporte coletivo de passageiros e de alimentos.

Tributos estaduais e municipais

O IBS, que será disciplinado por lei complementar, substituirá definitivamente o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nos estados e o Imposto sobre Serviços (ISS) em 2033. Como os valores arrecadados em IBS serão agregados nacionalmente, haverá um conselho federativo que irá gerir esses recursos e distribuir os valores entre os entes federativos. O conselho terá 27 representantes estaduais (um para cada estado e o Distrito Federal) e 27 dos municípios e do DF.

  A nova dinâmica difere das regras atuais, em que cada estado e cada município gere com autonomia seus impostos. Por essa razão, a instituição do conselho recebe críticas de senadores da oposição, como Hamilton Mourão (Republicanos-RS), para quem o modelo “rompe o pacto federativo”.

O senador Rogerio Marinho (PL-RN) considera que a figura do conselho federativo não é oportuna e que o texto precisa de mais tempo para debate.  — O projeto de fato foi apresentado 10 minutos antes do [início da sessão do] Plenário da Câmara. Não tenho dúvida que a grande maioria dos parlamentares votou sem conhecer as minúcias e os impactos [do texto]. O governo sequer teve a preocupação de acompanhar essa discussão, todas as concessões que foram feitas não passaram pelo crivo da Receita Federal, do Ministério da Fazenda… Há necessidade enorme que o Senado se debruce para verificar as incongruências. Defendemos a descentralização dos recursos, [e] a criação desse conselho que concentra os recursos no governo federal para depois distribuir [os impostos arrecadados] para estados e municípios vai na contramão do que entendemos como adequado — apontou Marinho.

Durante o período de transição entre a implementação do IBS e extinção do ICMS e ISS, que durará de 2029 a 2034, 90% do montante arrecadado será redistribuído pelo conselho entre os estados e municípios, respeitando a proporção média de receita arrecadada entre 2024 e 2028. A medida busca evitar a perda de arrecadação, apesar de ser inevitável que alguns entes arrecadem em quantidade maior ou menor com relação ao modelo atual.

As regras de distribuição do IBS entre os entes terão uma longa transição de 50 anos (de 2029 a 2078). Também caberá ao Conselho Federativo decidir sobre a gestão desses recursos.

Serão aprovadas as definições acordadas , simultaneamente, pela maioria absoluta dos representantes dos municípios e pela maioria absoluta dos representantes estaduais que, somados, correspondam a pelo menos a 60% da população brasileira 

Quanto à arrecadação dos contribuintes, o IBS terá período de transição de quatro anos (de 2029 a 2033), em que os entes cobrarão apenas partes do ICMS e o ISS, a cada ano menores. Concomitantemente, o IBS será cobrado progressivamente para compensar a diminuição desses impostos. O IBS terá uma alíquota de referência estipulada pelo Senado, mas cada ente definirá a sua. O contribuinte pagará a soma da alíquota estadual e da municipal.

Antes da transição, o IBS poderá ser testado com a alíquota de 0,1% a partir de 2026. Os contribuintes enquadrados nesse teste poderão ser compensados com valores menores no PIS ou Cofins, ou de outra forma que lei complementar definir. 

Tributos federais

A CBS, que também terá regras dispostas em lei complementar, vigorará integralmente em 2027 e terá suas alíquotas fixadas pelo Senado. Mas em 2026 a União poderá aplicar alíquota de 0,9% como teste. Assim como o IBS, o contribuinte terá valores reduzidos do PIS e da Cofins, além de outras formas previstas em futura lei. 

Já o Imposto Seletivo poderá ser criado pelo governo por medida provisória assim que a PEC for aprovada, ainda em 2023. Sua função é tributar produtos e serviços nocivos ao meio ambiente e à saúde, como cigarros e bebidas alcoólicas. Essa função já é exercida em alguns setores pelo IPI, que terá alíquota zerada em 2027, mas só será extinto em 2033. Porém, enquanto o Imposto Seletivo e o IPI coexistirem, não poderá ocorrer a chamada bitributação, quando dois impostos incidem sobre o mesmo produto.   

Imposto sobre Valor Agregado

Um dos principais pontos na simplificação na reforma é a adoção do modelo de Imposto sobre Valor Agregado (IVA). A CBS e o IBS são formas de IVA, que tributa apenas as etapas do comércio que geram novo valor ao produto ou serviço, no entanto, sem incluir o tributo pago em uma operação anterior no cálculo do que será tributado na etapa seguinte. Por isso é chamada de não cumulativa. 

Da maneira que ocorre hoje, uma fábrica, para produzir um móvel, acaba comprando a madeira de um fornecedor por um preço que já tem embutido o valor que esse fornecedor pagou de imposto. Com o imóvel pronto, esse fabricante vende ao lojista por um preço que inclui os tributos pagos por ele. Ou seja, até chegar ao consumidor final do móvel, os tributos vão se acumulando na base de cálculo. É essa dinâmica que o IVA busca evitar. 

Outros pontos   

O relator, que representa o estado do Amazonas, defende no Senado a manutenção dos privilégios fiscais da Zona Franca de Manaus (ZFM). Segundo a PEC, até 2078 as empresas da região poderão contar com mecanismos para manter o diferencial competitivo nos mesmos níveis estabelecidos pela legislação dos tributos extintos pela reforma. 

Nesse sentido, um dos fundos criados na reforma é o Fundo de Sustentabilidade e Diversificação Econômica do Estado do Amazonas, que poderá suportar eventual perda de receita do estado. Será criado por lei complementar e terá recursos da União.  Também serão criados o Fundo de Desenvolvimento Regional, para financiar projetos de desenvolvimento em estados mais pobres, e o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais, para que empresas com promessas de benefícios fiscais de ICMS até 2032 possam receber esses valores. Esses fundos objetivam compensar os estados pelo fim da guerra fiscal (processo pelo qual os estados usam incentivos tributários para competir por investimentos).   

O texto prevê um sistema de devolução de imposto pago por pessoas de baixa renda, a ser regulado em lei complementar. Chamado de “cashback”, o mecanismo corrige distorções da economia, em que o consumidor acaba pagando impostos acumulados no preço final dos produtos. Essa tributação pesa mais sobre a renda dos mais pobres, por isso a ideia de devolução das taxas pagas. A cesta básica também será isenta dos novos tributos, mas uma lei complementar deverá definir os produtos que a comporão. 

Impostos subnacionais também são mencionados na PEC. O Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) cobrado pelas prefeituras poderá ser criado por decreto municipal, dispensando o aval dos vereadores. Já em relação ao Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), recolhido pelos estados, a PEC permite a aplicação de alíquotas diferenciadas em função do impacto ambiental do veículo. Embarcações e aeronaves, como iates e jatinhos, passarão a ser tributados. 

*Agência Senado

Com informações da Agência Câmara e Agência Brasil 

"A gente sente falta, sim, quando a gente vê uma semana tão importante como a da reforma tributária e não vê a governadora Raquel Lyra em Brasília pra dizer o que Pernambuco pensava e precisava dessa reforma".

O deputado federal Pedro Campos foi enfático, em entrevista à Rádio Cultura do Nordeste, ao pontuar que a atual governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, tem se abstido de debates cruciais para a política do estado, como a Reforma Tributária, aprovada este mês na Câmara Federal. 

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A entrevista ao programa Mesa Redonda foi ao ar nesta sexta-feira (21), em Caruaru, agreste de Pernambuco. Nela, Pedro Campos foi questionado acerca das forças políticas do estado, e o deputado fez uma análise crítica e direta ao vácuo da gestão do estado em pautas vitais.

Um outro exemplo citado foi a vinda da fábrica da Shein para o Brasil, a ser sediada no Nordeste: "Quando o governo federal sinalizou que iria trazer uma fábrica da Shein pro Brasil, eu achei que a governadora Raquel iria, no mesmo momento, bater na porta de Lula e dizer que temos um polo de confecção. A fábrica da Shein foi pro Rio Grande do Norte." 

Ainda sobre a necessidade de os políticos pernambucanos estarem cada vez mais enganados nos debates nacionais, Pedro Campos relembrou o protagonismo de João Campos, prefeito do Recife, na interlocução da Reforma Tributária junto à Frente Nacional dos Prefeitos. A FNP garantiu, por exemplo, que a incentivos fiscais para manutenção dos centros históricos estejam inclusos na reforma.

Durante cerca de duas horas de entrevista, Pedro Campos também realizou um balanço dos seis meses de mandato na Câmara Federal, reforçou as prioridades dos projetos de lei que encabeça e fez uma leitura da conjunta política nacional.

*Da assessoria 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta terça-feira, 18, que as exceções incluídas no texto da reforma tributária aprovado pela Câmara dos Deputados podem "distorcer" e "deformar" a proposta. Ele falou ainda em "supervalorização" das discussões sobre a governança do Conselho Federativo, que ficará responsável pela gestão do IBS, o imposto a ser repartido entre Estados e municípios.

"Quanto mais exceção, mais distorção e mais deformação a gente vai ter na reforma", reclamou o governador, em entrevista a jornalistas após o lançamento do UniversalizaSP, programa que visa ampliar investimentos estaduais na universalização do saneamento em 250 municípios paulistas.

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Ao falar sobre as exceções, Tarcísio lembrou do incentivo fiscal para montadoras de veículos, que beneficiaria Estados do Nordeste, mas foi retirado do texto momentos antes da votação na Câmara.

"Teve o benefício tributário da fábrica de Pernambuco e da Bahia, que caiu. Veja, você está deliberando sobre uma reforma tributária, e o objetivo da reforma é acabar com a guerra fiscal. Você coloca uma cláusula para criar guerra fiscal na reforma tributária. Não faz o menor sentido. Pelo amor de Deus, se a gente está aprovando uma reforma tributária, é justamente para acabar com a distorção, com a guerra fiscal", criticou.

Tarcísio defendeu a inclusão, no texto da reforma, de um item que considera a população dos Estados para definir o peso de cada um nas deliberações do Conselho Federativo, que ficará responsável pela gestão do IBS, imposto a ser repartido entre as unidades da federação e os municípios. A norma foi um pleito do governador para dar apoio à proposta.

"Quando a gente coloca uma cláusula de participação proporcional à população, o que a gente está forçando, na verdade, é o estabelecimento de consenso nas decisões que forem tomadas", disse. Para ele, há supervalorização nas discussões sobre a questão.

O governador ainda minimizou a movimentação de Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste para alterar o texto da reforma no Senado. "É natural. Cada Estado vai querer defender seu interesse", analisou. Como mostrou o Estadão/Broadcast, o governador monitora a movimentação e prevê uma contraofensiva, segundo auxiliares.

Na última sexta-feira (7), a Câmara dos Deputados aprovou, em segundo turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/19, que estabelece os termos para a Reforma Tributária. O texto foi encaminhado para o Senado Federal, que vai debater o assunto após o recesso parlamentar, que retoma as atividades a partir de 1º de agosto. 

Para iniciar os debates acerca das mudanças, a Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) recebeu, na última segunda-feira (10), empresários e especialistas em economia, que foram esclarecidos acerca dos efeitos futuros da Reforma Tributária. 

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Segundo o texto da matéria, as mudanças começarão a ser notadas, na prática, a partir de 2026, em se tratando dos setores de produção, indústria e comércio. Já para a população no geral, a reforma passa a valer a partir de 2033. 

Segundo o consultor jurídico da Fiepe, Humberto Vieira de Melo, a visão geral da Reforma Tributária é tida com bons olhos pelo setor da indústria, em especial ao modelo que será implementado, do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Mesmo sendo novidade no Brasil, o IVA já é utilizado em mais de 150 países, e a tendência é que a total aplicação dele no país, a partir de 2033, seja de grandes benefícios para a população. “Ele é o programa que vai dar competitividade à economia brasileira, porque ele vai retirar os resíduos tributários que nós pagamos sem saber que estamos pagando. Então ele dá clareza, transparência e segurança ao sistema tributário”, comentou. 

O economista da Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan), Jorge Jatobá, explica que mesmo com os debates que serão levantados, os princípios básicos já foram estabelecidos. “Existe muita curiosidade sobre quem vai perder, quem vai ganhar, se melhorou o ambiente de negócios, e de que forma melhorou. E quais são as grandes dúvidas que ainda persistem, e que terão oportunidade de ser regularizadas nos próximos meses, semanas, no debate quando for ao Senado Federal”, declarou.  

Um dos pontos positivos trazidos pela PEC 45/19 é a simplificação dos tributos, tornando mais transparente e fácil de entender o que se paga por cada produto e serviço. “O fato de você ter uma reforma que seja transparente, e que muda a tributação da origem para o destino, simplifica muito a burocracia, o entendimento, a importância de um tributo e a contribuição que ele dá para o desenvolvimento de um país”, comentou Jatobá. 

Vantagens para a indústria 

Assim como Jatobá, os governos enxergam oportunidades de crescimento da economia nos estados, principalmente tendo como base as vantagens do setor industrial. É o que explica o Secretário da Fazendo de Pernambuco, Wilson José de Paula, que também esteve presente no evento da Fiepe.  

“O princípio fundamental da reforma é o não aumento da carga tributária. Esse é um ponto importante, é um princípio básico. Como a base de tributação no Brasil passa a ser uma base ampla, ou seja, vamos tributar as operações, os bens materiais e imateriais, estamos trazendo pra essa base ampliada novas tributações. O princípio da Reforma é que não tenha aumento de carga tributária, com esse aumento da base, nós vamos então diluir a carga tributária que hoje a gente tem no Brasil”, comentou o secretário. 

Com a espera da avaliação da proposta pelo Senado Federal, as expectativas parecem altas para o que ainda pode ser alterado no texto original. O economista cita alguns pontos: “A regulamentação do Fundo [Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR)], a definição das alíquotas e a definição do que é isento ou não isento pode ser objeto ainda de muita controvérsia no Senado Federal e em toda a legislação subsequente que vai ser discutida pelas duas casas do Congresso”, listou Jorge Jatobá. 

O economista explicou ainda que a Reforma Tributário deverá beneficiar o setor da indústria mais do que os serviços, pois a indústria acumula os impostos da cadeia produtiva e os transforma em crédito. Um fator que fará os serviços pagarem mais, tendo em vista que quase 70% da composição do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil se concentra na área de serviços, e só em Pernambuco, esse valor é de 75%. 

 

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