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Ao menos 24 pessoas morreram nesta sexta-feira (17) em um incêndio em uma clínica de saúde mental localizada em um edifício comercial da cidade japonesa de Osaka.

A polícia investiga se o incêndio foi criminoso.

No início da tarde, a imprensa japonesa informou o balanço de 24 mortes confirmadas e três pessoas hospitalizadas.

Algumas horas antes, um oficial do corpo de bombeiros de Osaka disse à AFP que 27 pessoas haviam sido levadas para um hospital em situação de parada cardíaca, termo utilizado no país antes de um médico atestar oficialmente a morte.

O incêndio começou pouco depois das 10h15 locais (22h15 de Brasília, quinta-feira) no quarto andar do edifício e foi controlado depois de meia hora.

Imagens exibidas na televisão mostram dezenas de bombeiros trabalhando dentro e fora do edifício de oito andares depois do incêndio. O prédio fica em um bairro comercial da segunda maior cidade do país.

O interior carbonizado do quarto andar do prédio era visível através das janelas quebradas. Este andar abrigava uma clínica que oferecia serviços médicos gerais e de saúde mental, informou a imprensa local.

- "Possível incêndio provocado" -

As causas do incêndio ainda não foram determinadas, mas os investigadores privilegiam a pista de um um crime intencional.

"O departamento municipal de bombeiros está investigando a causa do incêndio. Recebi um relatório de que a polícia de Osaka está investigando o incêndio como um possível incêndio provocado", afirmou o governador regional Hirofumi Yoshimura.

A imprensa local informou que um homem teria derramado um líquido inflamável no local. Muitas vítimas morreram por intoxicação de monóxido de carbono.

Uma mulher que testemunhou o incêndio disse ao canal NHK que havia "muita fumaça... e um cheiro muito forte também".

Outra testemunha afirmou que uma mulher bloqueada no quarto andar "se inclinou (na janela) e gritava coisas como 'ajuda'. Ela parecia muito fraca. Inalou muita fumaça".

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, ofereceu condolências às vítimas.

"Devemos chegar ao fundo deste caso horrível, esclarecer por quê e como aconteceu. E devemos tomar medidas para evitar a repetição", disse Kishida.

Os incêndios fatais são raros no Japão, um país com regulamentações rígidas de construção e baixos índices de criminalidade.

No ano passado, no entanto, um homem foi acusado pelo incêndio criminoso de 2019 em um estúdio de animação de Kyoto que matou 36 pessoas, o crime mais violento no país em décadas.

Em 2008, um ataque similar em uma locadora de vídeos de Osaka matou 16 pessoas. O autor do crime foi condenado e está no corredor da morte.

Em texto publicado neste domingo (24) na sua conta no Instagram, o pernambucano Gil do Vigor postou um desabafo sobre sua saúde mental. O ex-BBB disse que sofreu nos últimos dois dias, provavelmente, com crises de ansiedade.

Gilberto não deixou claro qual foi o problema que o afetou, mas relatou que se culpou por estar com sentimentos ruins, principalmente, com a pressão que ele mesmo cria para si.

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Por fim, o pernambucano disse estar se sentindo melhor, mas que todos que passarem por "esse sentimento" devem buscar a “ajuda de um profissional qualificado”.

Confira a postagem:

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Um estudo de pesquisadores brasileiros publicado no periódico internacional The Lancet apontou uma queda do atendimento de saúde mental durante a pandemia. O trabalho indicou o impacto da pandemia da Covid-19 sobre este tipo de cuidado, em um momento de crescimento de transtornos mentais, como ansiedade e depressão.

Segundo análise de pesquisadores da Universidade de Brasília, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, foram registrados nos primeiros seis meses da pandemia 1,18 milhão de atendimentos ambulatoriais relacionados à saúde mental.

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Esse número, segundo os autores, é 28% abaixo do que seria esperado. A expectativa a partir dos dados de períodos anteriores era de uma média de 1,66 milhão de procedimentos deste tipo.

Os atendimentos de grupo tiveram uma queda de 68%. Nos seis meses examinados pelo estudo, ocorreram 102,4 mil atendimentos coletivos. Entretanto, a expectativa a partir das médias de anos anteriores era de 317,8 mil.

A hospitalização psiquiátrica também sofreu com a pandemia, com uma redução de 33%. As internações entre março e agosto de 2020 totalizaram 289,2 mil. Mas a média esperada era de 430,3 mil.

A pesquisa também identificou procedimentos associados à saúde mental que cresceram durante a pandemia. As consultas de emergência nessa área subiram 36%. Já o atendimento domiciliar teve um acréscimo de 52%. Os dados sinalizam a opção das pessoas por evitar o ambiente de clínicas e hospitais e serem atendidas em seus lares.

“Nossos achados mostram uma mudança dramática na assistência à saúde mental durante a pandemia. Esse fenômeno pode agravar a crise de saúde mental e gerar uma pandemia paralela que pode durar por um tempo maior do que a pandemia da Covid-19”, concluem os autores no estudo.

Preparar materiais, pesquisar, gravar aulas, corrigir provas e organizar os conteúdos são apenas uma parte da jornada de trabalho dos professores. Trabalhadores essenciais durante a pandemia do novo coronavírus, os docentes não tiveram as atividades interrompidas. No período mais crítico da Covid-19 no Brasil, as aulas presenciais foram suspensas e a sala de casa ou o quarto dos docentes se transformou em espaço de ensino. Os desafios passaram a ser outros.

Os profissionais da ducação conviveram, além dos baixos salários e da falta de reconhecimento, com o excesso de carga horária, dificuldade para o uso de plataformas digitais que os auxiliavam a ministrar aulas remotas e com preocupação, quase que constante, de perder o emprego. Tudo isso somado às incertezas geradas pela crise sanitária causou impactos na saúde mental dos docentes.

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Lecionando há nove anos e dividindo os dias entre duas instituições de ensino da rede pública e privada, do ensino fundamental 2, além das demanadas pessoas, Arline Vasconcelos iniciou nas aulas remostas em maio de 2020. Diferente de boa partes dos educadores, Arline já tinha familiaridade com as plataformas utilizadas pelas escolas. No entanto, a sobrecarga não diminuiu por isso.

"A demanda de atividades e criações de conteúdos atrativos, além do isolamento, tornaram o trabalho exaustivo. Comecei a sentir [a sobrecarga] no segundo semestre, quando acontecem as conclusões do ano letivo", conta.

Ao LeiaJá, a professora fala sobre os fatores que contribuíram para o desgaste mental neste período. "Incertezas sobre o futuro, preocupações com a saúde dos meus pais, preocupação com o desenvolvimento dos conteúdos, levaram que eu desenvolvesse crises de ansiedade fortes", relata. A profissional precisou buscar acompanhamento especializado e contar com o apoio de familiares para seguir.

Home office não é sinônimo de redução de carga horária

O argumento de que trabalhando em home office os professores e professoras desempenhavam as funções com horários flexíveis e com jornada reduzida é falacioso. As demandas, principalmente para as mulheres, aumentaram, como observa a coordenadora geral do Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino da Rede Oficial do Recife (Simpere), Cláudia Ribeiro, em entrevista ao LeiaJá

“A educação básica dos anos iniciais é composta majoritariamente por mulheres. Portanto, ao terem que transformar a casa em sala de aula, acumularam no mesmo ambiente o trabalho e as atividades domésticas e cuidado com os próprios filhos e idosos que estivessem sob sua responsabilidade", afirma.

De acordo com dados colhidos pelo Grupo de Estudos sobre Políticas Educacionais e Trabalho Docente (Gestrado), vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), houve aumento das horas de trabalho durante o ensino remoto tanto em instituições do setor privado quanto público. Confira os gráficos:

Valores de acordo com a pesquisa do Gestadro (UFMG). Arte: Elaine Guimarães/LeiaJáImagens

Valores de acordo com a pesquisa do Gestadro (UFMG). Arte: Elaine Guimarães/LeiaJáImagens

Sobrecarga e falta de apoio

Em frente à tela do notebook ou do celular, os alunos acompanhavam os conteúdos e os esforços dos educadores para que o distanciamento social não afetasse o processo de aprendizagem. As preocupações dos docentes não estavam apenas restritas ao quesito conteudístico, como pontua o professor do Programa de Pós-Graduação em Estado e Sociedade da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e pesquisador do Gestrado (UFMG), Gustavo Gonçalves: “Os professores viam seus alunos em situação de risco: trabalho infantil, violência, gravidez na adolescência, transtornos mentais. Isso também refletia nos docentes.” 

"Os desgastes físico e, sobretudo, mental desses profissionais, são reflexo da angústia diante de uma possível perda de familiares, retorno ao presencial sem a vacinação contra a Covid-19, ausência ou baixa interação do alunos durante as aulas remotas,  gravação de vídeo, envio de atividade, registro das atividades e retorno dos alunos, preenchimento de frequência. Tudo isso de forma remota, com poucos recursos e estrutura”, salienta Cláudia.

Partindo da mesma premissa, Gustavo Gonçalves menciona que o desgaste ocorreu de forma acelerada porque "os professores e professoras foram solicitados a mudar rapidamente sua forma de trabalhar, muitos, sem recursos necessários e também contando com pouco apoio de colegas, que também estavam isolados, e apoio institucional". "Muitos professores se queixaram de passar a utilizar seus próprios aparelhos de comunicação pessoal para fazer o trabalho da escola, quando o correto seria o trabalhador contar com o fornecimento de seu instrumento de trabalho", expõe.

O momento também é de reflexão e mudança

Com a retomada das aulas presenciais em diversos Estados e a vacinação contra a Covid-19 avançando, os questinamentos por parte dos docentes passam a ser outros. "Muito se fala sobre condições de biossegurança nas escolas para que o retorno seja de fato seguro", aponta Gonçalves.

De acordo com o pesquisador do Gestrado (UFMG), "os impactos negativos na saúde mental, que de fato ocorreram de modo pontual, abrem um processo de reflexão sobre as situações escolares no período pandêmico que é muito maior e poderia trazer mudanças na organização do trabalho escolar no médio prazo", explica.

E analisa: "Esse processo poderia ser positivo na medida em que incorporasse o aprendizado recente, fosse apropriado pelos sindicatos e coletivos e compartilhado entre os pares, sendo também reconhecido pela sociedade, criando a base para novas estratégias de planejamento que considerassem a jornada de trabalho real dos professores e também os riscos derivados das situações de vulnerabilidade próprias dos alunos".

A reportagem do LeiaJá Na pandemia, a saúde mental também pede socorro”, de autoria do jornalista Nathan Santos, editor do portal, foi premiada na noite desta quarta-feira (6), em Porto Alegre-RS. O trabalho venceu a categoria “On-line” do Prêmio ABP de Jornalismo, organizado pela Associação Brasileira de Psiquiatria.

A cerimônia de premiação ocorreu durante a abertura do XXXVIII Congresso Brasileiro de Psiquiatria, que reúne especialistas, profissionais e estudantes da área em uma série de atividades, tais como palestras e exposição de trabalhos científicos. O presidente da ABP, Antônio Geraldo da Silva, parabenizou o LeiaJá pela importante conquista e ressaltou a relevância dos psiquiatras brasileiros para a medicina nacional e internacional.

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Autor da reportagem que aborda os impactos da pandemia da Covid-19 na saúde mental da população brasileira, Nathan Santos celebrou o prêmio, o 11º de sua carreira, além de reforçar o valor do conteúdo da matéria. “A reportagem multimídia abordou, de maneira aprofundada, um assunto sério, que é a questão da saúde mental no Brasil. Com a pandemia, o emocional do brasileiro foi ainda mais castigado e, nesse sentido, precisamos mostrar os trabalhos de psicólogos e psiquiatras durante dias pandêmicos, em prol do acolhimento mental dos pacientes”, comentou o jornalista. A reportagem ainda conta com artes do designer João de Lima e edição de vídeo de Danillo Campelo.

Além do LeiaJá, a ABP premiou os seguintes trabalhos:

Categoria "Impresso" - 'Covid e isolamento criam alerta sobre depressão infantil', de Júlia Marques - O Estado de São Paulo

Rádio - 'Desassistência na saúde mental', de Cléber Moletta Gomes - Rádio Cultura Guarapuava Jornal Brasil Hoje

Televisão - 'Brasil tem maior índice de pessoas com transtornos de ansiedade do mundo, de Luiz Fernando Pereira Castiglioni - Fantástico/ TV Globo.

O jornalista Cléber Moletta, vencedor da categoria “Rádio”, destacou a importância da premiação. Seu trabalho denunciou a ausência de serviços para o atendimento de pessoas com problemas de ordem mental, na cidade de Guarapuava, interior do Paraná. “Esse trabalho foi produzido por mim e publicado em outros locais, em um trabalho colaborativo. Na minha cidade, não tem uma série de equipamentos públicos para atender pessoas com transtornos ou doenças mentais. Quando foi divulgado o resultado do prêmio, houve uma grande repercussão na cidade”, relatou Moletta.

Em 2021, o LeiaJá celebra dez anos de existência. Em comemoração à década de atuação, a empresa promove uma premiação jornalística dedicada a estudantes de jornalismo, abordando o tema “Empatia e solidariedade: imunizantes contra a desigualdade social em tempos de pandemia”. Saiba como participar.

O LeiaJá é o grande vencedor da categoria “Online” do “7º Prêmio ABP de Jornalismo”, promovido pela Associação Brasileira de Psiquiatria, com a reportagem especial “Na pandemia, a saúde mental também pede socorro”. O trabalho, de autoria do jornalista Nathan Santos, editor do portal, mostra os impactos dos efeitos da Covid-19 na saúde mental da população brasileira, além de destacar depoimentos de especialistas que apresentam soluções para que o poder público atue contra o risco de uma onda de adoecimento psicológico. A reportagem tem artes do designer João de Lima e edição de vídeo de Danillo Campelo.

De acordo com a ABP, o Prêmio busca “reconhecer trabalhos jornalísticos que tiveram como objetivo desmistificar vários aspectos que envolvem os transtornos mentais, o estigma que pesa sobre a psiquiatria e todos os assuntos relacionados à especialidade e seus pacientes”. A cerimônia de entrega da premiação será realizada no dia 6 deste mês, em Porto Alegre, durante o XXXVIII Congresso Brasileiro de Psiquiatria.

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Para o jornalista Nathan Santos, a reportagem tem um papel social importante, a partir do momento em que traz um alerta para os riscos de adoecimento mental da população. O comunicador também destacou a felicidade em ter o trabalho reconhecido. “É uma reportagem necessária, que permite um debate aprofundado sobre a maneira como a pandemia da Covid-19 afeta a nossa saúde mental. Casos de ansiedade e depressão, por exemplo, aparecem em números assustadores de pesquisas. Fico muito feliz pelo reconhecimento do trabalho e espero que mais pessoas possam ter acesso ao conteúdo”, declarou o jornalista.

Além do LeiaJá, a ABP premiará os seguintes trabalhos:

Categoria "Impresso" - 'Covid e isolamento criam alerta sobre depressão infantil', de Júlia Marques - O Estado de São Paulo

Rádio - 'Desassistência na saúde mental', de Cléber Moletta Gomes - Rádio Cultura Guarapuava Jornal Brasil Hoje

Televisão - 'Brasil tem maior índice de pessoas com transtornos de ansiedade do mundo, de Luiz Fernando Pereira Castiglioni - Fantástico/ TV Globo.

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O Prêmio ABP é o 11º de Nathan Santos. Em sua trajetória, o jornalista também conquistou, por exemplo, o Grande Prêmio MPT de Jornalismo, ao lado das repórteres Marília Parente e Eduarda Esteve, além do Abrafarma, Sebrae – etapa estadual -, NHR, Urbana de Jornalismo, entre outros. Todas as conquistas foram na categoria on-line, pelo portal LeiaJá.

Em 2021, o LeiaJá celebra dez anos de existência. Em comemoração à década de atuação, a empresa promove uma premiação jornalística dedicada a estudantes de jornalismo, abordando o tema “Empatia e solidariedade: imunizantes contra a desigualdade social em tempos de pandemia”. Saiba como participar.

A saúde mental dos atletas tem se tornado um tema cada vez mais presente no esporte. Nos últimos meses, nomes como Simone Biles e Naomi Osaka jogaram luz sobre o tema, fazendo com que outros atletas se pronunciem sobre o assunto. No Brasil, foi a vez da ginasta Flávia Saraiva e da atleta paralímpica Verônica Hipólito falarem abertamente sobre o tema. Elas revelaram terem sofrido crises de ansiedade e burnout durante a carreira e contaram como superaram os episódios com ajuda psicológica.

Flávia Saraiva conta que seu drama começou em 2018, quando sofreu com burnout, um distúrbio psíquico causado por exaustão e geralmente relacionado ao excesso de trabalho. A ginasta conta que não conseguiu treinar com afinco durante o período, perdendo a capacidade de realizar exercícios nos quais sabia executar, mas não tinha concentração para fazê-los.

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"Eu fiquei dois meses sem dormir. Dormia três horas por noite e treinava sete horas por dia. Fiquei desesperada. Tinha vontade de chorar o tempo todo. Eu entrava no ginásio e falava: 'preciso ir embora'", disse a atleta no Liga NESCAU Summit, congresso digital voltado para profissionais de educação física.

A ginasta revelou que a cura só veio quando aceitou que deveria primeiramente cuidar de si antes de voltar aos treinos e iniciou um tratamento com uma psicóloga, destacando que apoio de familiares e do próprio treinador foi essencial para sua recuperação. "Não é simples, nem fácil. Fui para um período de dois meses de treinos em Portugal e só chorava. Ligava para minha psicóloga no meio do treino, com falta de ar", disse "E eu não sabia o porquê. E ela me ajudou 100%. Me fez entender que eu precisava me aceitar."

Medalhista no Rio-2016, a velocista paralímpica Verônica Hipólito, por sua vez, conta que vivenciou fortes crises de ansiedade devido à pressão para voltar a competir em um momento que precisou se ausentar para cuidar de sua saúde. Há pelo menos cinco anos a atleta trata um tumor no cérebro, tendo se submetido a três cirurgias para a sua retirada. Atualmente, ela faz sessões de radioterapia e diz ter aprendido a separar cada momento, para que um não interfira no outro.

"Meu psicólogo me ajudou muito a entender que eu não assumia o medo. Eu sentia medo de me paralisar. Só ficava pensando no que iria acontecer. Hoje, tenho a hora da rádio e a hora do treino. E entendo que, no meu tempo de treinar em altíssimo rendimento, preciso blindar as fraquezas até transformá-las em pontos fortes."

Durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, Flávia Saraiva integrou a equipe de ginástica brasileira. A ginasta conseguiu superar uma lesão no tornozelo durante a competição e alcançou a final, apesar de não ter subido ao pódio. Já Verônica não alcançou índice olímpico, mas se destacou nas redes como comentarista do canal SporTV. Ambas iniciaram os treinamentos para a Olimpíada de Paris, em 2024.

Simone Biles tem sido cada vez mais expoente dos cuidados dos atletas com a saúde mental. A ginasta também tem refletido sobre as consequências de sua decisão de abandonar algumas finais olímpicas em Tóquio e entende que o melhor seria ter ficado fora dos Jogos Olímpicos disputados na capital japonesa.

Em entrevista à revista The Cut, Biles relembra o sofrimento por revelar, em 2018, ter sofrido abusos sexuais de Larry Nassar, médico da seleção norte-americana de ginástica artística. Ele foi condenado por molestar mais de 300 jovens.

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"Eu deveria ter desistido muito antes de Tóquio, quando Larry Nassar estava na mídia. Eu não quis que ele tirasse tudo de mim, tudo pelo que batalhei desde os meus seis anos. Então me forcei a estar nessa situação, mas meu corpo e minha mente não me deixaram ir até o fim", contou Biles.

Há cerca de duas semanas, a ginasta compareceu ao Senado dos Estados Unidos para falar sobre os casos de assédio. Biles culpou a federação norte-americana da modalidade e o 'sistema', que teria sido conivente com a situação. Ela também denunciou o FBI por ter respondido de maneira inadequada e lenta às primeiras acusações contra Nassar, que atuou na equipe nacional por 20 anos.

"Uma manhã, você acorda e não consegue ter perspectiva, mas as pessoas dizem para você continuar e fazer seu trabalho diário como se você ainda a tivesse. Você estaria perdido, não é? Essa é a única coisa que posso relacionar. Faço ginástica há 18 anos. Eu acordei e perdi o controle. Como é que vou continuar com o meu dia?", questionou Biles sobre a maneira como a saúde mental interfere no desempenho do atleta e na busca por uma vida equilibrada.

A ginasta também comentou o que passou em sua cabeça quando se deu conta de que não teria condições de seguir na competição após sua participação no salto na final por equipes. "É tão perigoso. É basicamente vida ou morte. É um milagre eu cair de pé. Assim que concluí o salto, fui e disse ao meu treinador: 'Não posso continuar'", contou.

O Brasil é o país com maior índice de depressão da América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Aproximadamente 6% dos brasileiros sofrem com a doença, sendo 7,7% das mulheres e 3,6% dos homens. Este é um dos pontos mais discutidos no Setembro Amarelo, mês da prevenção do suicídio, com comunicados que incentivam a promoção da saúde mental. No mundo, o ato de se suicidar também continua sendo uma das principais causas de morte — uma em cada cem — e as pessoas já morrem mais por esse motivo do que pela Aids, malária, câncer de mama ou guerras e homicídios. A comparação alarmante foi divulgada no relatório “Suicide worldwide in 2019”, também da OMS. 

O suicídio é frequentemente associado a problemas de saúde mental, pois vai contra o instinto de sobrevivência do ser humano. A decisão, que é influenciada por fatores psicossociais, também pode ter ligação com uma predisposição genética, problemas pessoais, baixa adesão ao tratamento terapêutico, além da falta de apoio e escuta. No entanto, persiste a ideia de que o suicídio e as patologias associadas são “para chamar a atenção”, ou que quem precisa de psicólogos e psiquiatras é “louco” ou “fraco”, contribuindo para que nem todas as pessoas procurem ajuda. 

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Desde 2015, ocorre no Brasil a campanha “Setembro Amarelo”, com o objetivo de prevenir o suicídio. É uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). A escolha do mês de setembro se deve à proximidade do Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio (10 de setembro), e a cor amarela fica por conta de Dale Emme e Darlene Emme, que iniciaram uma campanha da fita amarela depois que seu filho Mike se suicidou com um carro amarelo. 

O tema ainda é considerado tabu em algumas sociedades, incluindo a brasileira, e a ausência de debate pode ser prejudicial aos índices do país, já consideram alguns especialistas. O doutor e neurocientista Pablo Vinicius se manifesta contra o debate enxuto sobre o assunto e alerta que o suicídio é um problema “biopsicossocial”, logo, além das questões genéticas e do estado de saúde mental da pessoa que sofre com ideações suicidas, o fator social pesa e noções hostis sobre suicídio e doenças mentais podem afastar a vontade de procurar ajuda. 

“O suicídio é uma somatória de fatores de risco. Nesse contexto, podemos considerar sim que o meio familiar, o meio acadêmico e o meio de trabalho podem funcionar como fatores protetores ou de risco para o suicídio. Então, não é que um meio familiar por si só indica o fator de risco. Inclusive, ele pode ser protetor e a gente sabe hoje que é porque nós sabemos do ponto de vista epidemiológico. O fator que mais protege as pessoas de entrarem em depressão e de cometerem o suicídio é a rede de apoio social, é como ela interage com as pessoas, é a qualidade dessas interações”, explica o especialista. 

Para as redes de apoio e círculos sociais de uma pessoa com histórico suicida ou que apresenta comportamento próximo, Dr. Pablo deixa o recado: “é preciso estar atento aos sinais”. De acordo com o médico, o suicídio é precedido e há fases até a sua consumação.  

“No primeiro momento, a pessoa não fala que quer se matar. O primeiro sinal é apenas um desejo de estar morto, é um desejo de não estar vivo. A partir do momento em que vai ficando mais grave, o pensamento de morte vai evoluindo para um desejo de se matar e uma terceira fase é quando ela já começa a pensar em métodos de cometer o suicídio. O paciente ou a pessoa também pode começar a registrar as suas vontades. Deixar uma cartinha de despedida, fazer um testamento, isso mostra a ideação suicida. Um outro sinal, é a falta de interesse que essas pessoas começam a ter pelo seu bem-estar. Tomar banho já não é tão importante, arrumar o cabelo e fazer a maquiagem vão perdendo a importância”, continua. 

Dando continuidade à discussão, Dr. Pablo responde às perguntas feitas pelo LeiaJá, em uma entrevista voltada à conscientização e conhecimento sobre o comportamento suicida. Confira abaixo: 

— Dr. Pablo Vinicius, psiquiatra especialista em saúde mental e neurocientista (Universidade Federal de Uberlândia) 

LJ: Toda pessoa suicida tem quadro depressivo? Por que a associação? 

PV: É comum as pessoas acharem que todo suicida é depressivo, mas isso não é uma verdade. Podemos afirmar é que a depressão é a causa mais frequente de suicídio, mas nem todo suicida sofre da doença. Existem outras doenças psiquiátricas que podem levar ao suicídio ou que podem contribuir para o suicídio, como transtornos relacionados ao álcool ou às drogas ilícitas, a esquizofrenia, o transtorno afetivo bipolar, transtornos de personalidade e também condições não psiquiátricas. Síndromes dolorosas crônicas também aumentam o risco de suicídio e é uma das formas de ocorrer o suicídio entre pessoas sem diagnóstico clínico psiquiátrico. Por outro lado, é importante deixar registrado que a depressão é a principal doença que relacionada ao risco de suicídio aumentado. Usei esse termo porque o suicídio tem causas multifatoriais. Normalmente falamos em riscos de suicídio, o envolvendo de uma doença psiquiátrica, como a depressão; tentativa de suicídio, fatores genéticos e até a rede de apoio social e familiar da pessoa. Por isso que nós [profissionais] não falamos de causa de suicídio, nós falamos de fatores de risco para o suicídio. Geralmente o suicida apresenta mais de um fator e o conjunto o leva a cometer o ato. 

LJ: Quais as principais inverdades sobre o comportamento suicida? Como combatê-las? 

PV: A primeira grande inverdade, acreditada por muitos, é a seguinte a seguinte frase: “falar de suicídio com as pessoas aumenta o risco de suicídio”. “Não devemos falar sobre suicídio na sociedade, não devemos divulgar os dados de suicídio”. Isso é um grande mito e nós da saúde mental sabemos que é exatamente o oposto. A gente sabe que as pessoas precisam falar do seu sofrimento, precisam colocar para fora as suas dores e se a gente inibe essas pessoas de falarem do seu pensamento de morte, elas vão falar com quem? Às vezes o próprio ato suicida é uma forma de extravasar a tensão que não conseguiu ser compartilhada com os outros. Nós [profissionais] da saúde mental damos muito valor ao conflito para que as pessoas possam falar de suas dores e de seus pensamentos, ainda que sejam os mais esdrúxulos. Podemos considerar que falar de forma bem orientada e profissional sobre o sofrimento humano ajuda as pessoas a buscarem. É isso que devemos proporcionar às pessoas em relação aos pensamentos de morte e aos de suicídio. Falar de suicídio diminui o risco de suicídio. 

Um outro conceito muito comum na sociedade e que também se trata de uma grande inverdade é que o suicídio é coisa de gente “fraca da cabeça” e que “gente forte” não se mata e se resolve. O suicídio não é um sinal de fraqueza, nem um sintoma, ele é um fenômeno complexo e multifatorial que está acontecendo na vida da pessoa e esses componentes do suicídio não representam a expressão de uma fraqueza do ser humano. Por que as pessoas não falam que o diabético é fraco? Porque elas sabem que é uma doença, elas sabem que não é uma escolha. Com a depressão, nós falamos que esses pacientes são fracos, que precisam se fortalecer, porque na verdade as pessoas não sabem que estamos falando de uma doença. Ninguém escolhe estar depressivo, ninguém quer estar depressivo. Suicídio não é uma fraqueza, o suicídio é um desfecho trágico na vida de qualquer pessoa que pensa nisso e que chega a executar.  

LJ: Como identificar os sinais de ideação suicida? 

PV: Na grande maioria das vezes, o ato de tentativa de autoextermínio é precedido. Inclusive, é aqui que nós falamos de prevenção de suicídio. Podemos considerar a prevenção de suicídio em dois momentos. No primeiro, a prevenção do suicídio é o estilo de vida saudável. Se exercitar, se alimentar bem, estar no peso, dormir bem, fazer terapia, meditar, fazer ioga. É fazer com que essas pessoas fiquem longe de uma doença mental, de um pensamento de morte. Um outro ponto da prevenção é a identificação precoce dessas doenças que aumentam o risco de suicídio. Ajuda identificar precocemente a depressão ou uso e abuso de substâncias, um transtorno afetivo bipolar, por exemplo. A primeira coisa que a pessoa começa a apresentar é uma alteração do comportamento e dos pensamentos. Essa pessoa normalmente começa a ficar mais isolada, introspectiva, menos expansiva e mais pensativa. Ao conversar, se tornam mais negativistas. Sem esperança de futuro, sem perspectiva de futuro. Começa a achar e falar frases como “eu já não queria estar mais aqui”, “eu acho que a morte pra mim seria lucro”. 

No primeiro momento, a pessoa não fala que quer se matar. O primeiro sinal é apenas um desejo de estar morto, é um desejo de não estar vivo. A partir do momento em que vai ficando mais grave, o pensamento de morte vai evoluindo para um desejo de se matar e uma terceira fase é quando ela já começa a pensar em métodos de cometer o suicídio. 

O paciente ou a pessoa também podem começar a registrar as suas vontades. Deixar uma cartinha de despedida, fazer um testamento, isso mostra a ideação suicida. Um outro sinal, é a falta de interesse que essas pessoas começam a ter pelo seu bem-estar. Tomar banho já não é tão importante, arrumar o cabelo e fazer a maquiagem vão perdendo a importância. Ela deixa de se cuidar progressivamente, isso também é um sinal de abandono da própria vida. Então, poderíamos falar nesses sinais que indicam uma ideação suicida. 

LJ: Quais os danos que um meio familiar acadêmico ou de trabalho podem causar ao não serem engajados ou conscientes de transtornos psiquiátricos? 

PV: Há de se considerar o suicídio como um fenômeno biopsicossocial. Nós temos componentes genéticos envolvendo o suicídio, que estão o tempo todo interagindo com componentes socioambientais. O suicídio é uma somatória de fatores de risco. Nesse contexto, podemos considerar sim que o meio familiar, o meio acadêmico e o meio de trabalho podem funcionar como fatores protetores ou de risco para o suicídio. O fator que mais protege as pessoas de entrarem em depressão e de cometerem o suicídio é a rede de apoio social, é como ela interage com as pessoas, é a qualidade dessas interações. E, com uma rede de apoio social, eu estou falando de família, amigos e parentes. Mas esse meio também pode ser um fator de risco. 

Relacionamentos tóxicos ou até a própria falta deles, como a solidão, estão relacionados no momento do risco e isso vale para o meio acadêmico e para o meio de trabalho. Hoje, nós entendemos como um dos grandes causadores de adoecimento mental na sociedade contemporânea por meio de trabalho nos locais extremamente tóxicos por seres humanos. O indivíduo que geneticamente tem uma condição que aumenta o risco de suicídio, trabalha num ambiente tóxico, de assédio moral e ele não tem uma rede de apoio social familiar. Os fatores vão somando e já se torna mais fácil entender que esse indivíduo está mais próximo do suicídio e do adoecimento mental pelos fatores de risco, ou por outro lado, podemos entender esses fatores também como protetores. 

LJ: Além da ajuda médica, que é sempre indicada com urgência nesses casos, o que as pessoas do círculo mais próximo a um suicida devem fazer para amenizar o sofrimento dessa pessoa? Como trabalhar para um acolhimento eficaz? 

PV: A primeira coisa que as pessoas em um círculo próximo de alguém que esteja passando pelo risco de suicídio é entender que esta pessoa não está naquela situação que quer. Frases como “você precisa tirar umas férias pra melhorar”, “você precisa arrumar um namorado”, “você precisa arrumar alguma coisa pra melhorar”: elas fazem mais mal do que bem, porque isso traz uma cobrança para uma pessoa que já não está dando conta nem de viver, quanto mais mais de namorar, viajar, de cuidar de uma outra coisa. O familiar e/ou pessoa do círculo próximo devem entender a situação de vulnerabilidade que aquela pessoa está e que ela precisa de ajuda e apoio, não de mais compromissos e cobranças. O mais aconselhado nesse momento é nunca deixar a pessoa sozinha, principalmente quando ela está em alto risco pro suicídio. É preciso sempre conversa e um acolhimento de forma empática, sem julgamento e sem preconceito. Isso é o que chamamos de acolhimento eficaz. Conseguir ouvir sem pré-julgamento. É muito importante que alguém que esteja sofrendo confie em quem o está ouvindo. O suicídio muitas vezes será a falta dessa escuta, dessa oportunidade. Acolhimento eficaz passa pela consideração, pelo respeito com a dor do outro. 

LJ: Quais grupos sociais e etários são mais acometidos com esse tipo de ideação? 

PV: O Ministério da Saúde nos traz uma pesquisa que diz que homens negros e jovens são os mais acometidos pelo suicídio. Na relação homens e mulheres, os homens morrem por suicídio mais do que as mulheres, porém as mulheres tentam o suicídio mais do que os homens. Isso quer dizer que, normalmente, quando o homem tenta o suicídio, ele costuma usar métodos mais letais, como arma de fogo. As mulheres costumam usar métodos com risco menor de morte, como o medicamentoso. Do ponto de vista etário, duas faixas etárias são preocupantes: a dos adolescentes de 14 a 19 anos, grupo no qual o suicídio é a segunda maior causa de morte. O número cresce no mundo e a taxa de suicídio nesse grupo, em relação aos outros, é três vezes maior. Um outro grupo etário de risco é o de idosos. Nesse grupo há geralmente a presença de algumas doenças que aumentam o risco de suicídio, a exemplo da depressão, doenças neurodegenerativas, Parkinson, Alzheimer, doenças clínicas crônicas; doenças que causam uma terceira idade mais sofrida, com muitas dores e limitações. 

LJ: Quais as características que mais afastam a população de um bom entendimento sobre o suicídio? Seria preconceito? 

PV: Seriam os mitos. Por exemplo, dizer que falar do suicídio aumenta o risco. Esse é o mito que mais afasta as pessoas de uma conversa sobre o assunto. Talvez não seja tão interessante para a mídia trazer esse assunto, pelo entendimento de que falar de suicídio é falar de sofrimento, de dor, de morte, mas é o oposto. É falar de plenitude de vida, é falar de saber viver bem, de prazer, de alegria, de felicidade. Quando a sociedade começar a entender que falar de suicídio não é falar de morte, mas falar de vida, talvez a gente consiga espaços maiores para falar melhor disso. Debater o suicídio é promover e estimular a vida, é falar em prevenção. 

A Universidade de Pernambuco (UPE), por meio do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Práticas e Inovação em Saúde Mental do Campus Garanhuns, divulgou a abertura das inscrições para o Mestrado Profissional em Psicologia. São 27 vagas no total, sendo 16 para ampla concorrência, três para servidores da UPE e oito para ações afirmativas da instituição.

As inscrições podem ser feitas até o dia 12 de outubro. As vagas reservadas para ações afirmativas estão distribuídas em quatro categorias distintas, sendo duas para pessoas autodeclaradas pretas e pardas, duas para indígenas, duas para quilombolas e duas para pessoas transexuais e travestis. O edital informa ainda que se a reserva não for preenchida, as vagas serão remanejadas para ampla concorrência.

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O programa possui três linhas de pesquisa concentradas em Práticas e Inovação em Saúde Mental (PRISMAL). Os aprovados poderão se aprofundar na Intervenção, Prevenção e Promoção em Saúde Mental. Segundo o edital do certame, os candidatos devem enviar toda a documentação exigida para o endereço eletrônico selecoes.prismal@upe.br. A taxa de inscrição é no valor de R$ 150.

O processo de seleção terá quatro etapas, sendo as três primeiras a entrega do relato de experiência e plano de trabalho, uma prova escrita e uma entrevista, todas de caráter eliminatório. A quarta etapa, análise curricular, é de formato classificatório.

Ainda há uma última fase para avaliar a proficiência dos candidatos em língua estrangeira, mas o candidato pode ser dispensado se apresentar certificado de conhecimento em inglês, francês ou espanhol. O resultado tem previsão para ser divulgado no dia 16 de novembro, e as aulas no dia 25 do mesmo mês.

O programa Trace Trends recebeu para um bate-papo a cantora Karol Conká. No episódio disponível no Globoplay, a rapper falou um pouco sobre saúde mental, principalmente após sua saída conturbada da 21ª edição do Big Brother Brasil. "Nunca tinha feito terapia. [...] Até entrar em um reality, dar uma surtada e falar, 'deixa eu calçar a sandália da humildade aqui', porque a gente tem muito orgulho", contou.

"No meu caso, eu estava com o meu orgulho já ferido mesmo... Teve coisas que descobri só na terapia", completou. Logo nos primeiros dias de confinamento no programa da Globo, Karol passou a colecionar diversas discussões com os participantes. Gerando críticas dentro e fora da atração, a curitibana teve que enfrentar a cultura do cancelamento.

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Ela declarou que não imaginava ser uma pessoa tão sofrida: "Aí eu surtei e pronto, 'é a psicopata'. Chegou um ponto em que eram os loucos chamando a outra de louca, mas ninguém vai se tratar?! Eu vou porque não quero ser essa pessoa aí que fica só apontando a loucura dos outros. Aprendi isso vivendo. É triste, mas é a realidade: a gente apanha, mas levanta e segue. Não combina com o meu look, desistir".

Karol Conká deixou o BBB21 com 99,17% do voto popular. O resultado fez da cantora a participante mais rejeitada da história do programa. A passagem polêmica dela acabou se transformando no documentário A Vida Depois do Tombo, mostrando suas falhas no reality show, dramas na vida pessoal e artística, além de exibir situações jamais reveladas.

Sete em cada dez moradores do Complexo da Maré, entrevistados em uma pesquisa sobre saúde mental disseram ter medo frequente de que uma pessoa querida seja atingida por um tiro. O estudo das organizações não governamentais (ONGs) People’s Palace Projects e Redes da Maré sobre saúde mental mostra que o receio está relacionado à frequência com que esses moradores se veem expostos à violência: 44% relataram que estiveram em meio a um tiroteio nos 12 meses anteriores à entrevista, e 32% passaram por isso mais de uma vez.

Além de presenciar tiroteios, os moradores também contaram com frequência que viram pessoas feridas pela violência. Chega a 17% a proporção de entrevistados que testemunharam alguém ser baleado ou assassinado no ano anterior à pesquisa, e um quarto dos moradores disse ter presenciado um espancamento ou agressão física.

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A pesquisa foi realizada entre 2018 e 2020 e ouviu 1.411 moradores da Maré acima de 18 anos. As respostas dos entrevistados indicam que a violência já atingiu seu círculo social, uma vez que um em cada quatro relatou que alguém próximo já foi baleado ou assassinado. No caso de 13% dos entrevistados, mais de uma pessoa próxima foi ferida ou morta pela violência armada.

Os pesquisadores avaliam que essas experiências produzem traumas, afetam a saúde mental e reduzem a confiança dos moradores nas instituições. Segundo o estudo, 55,6% dos moradores estão sempre com medo de alguém próximo ser atingido por uma bala perdida, 15,3% sentem esse medo muitas vezes, e 14,1%, algumas vezes. Somente 8,7% disseram não ter esse medo, e 6,3%, raramente.

Quando perguntados sobre si mesmos, metade dos moradores (50,2%) afirmou que sempre tem medo de ser atingido por um tiro. Apesar de 67,3% dizerem que não têm medo de circular na Maré, 55,1% afirmam já ter sentido medo de falar o que pensam ou sentem no complexo de favelas.

"A discussão sobre saúde mental de moradores de favelas e periferias, no contexto da violência a que esses territórios são submetidos, é urgente e fundamental" avalia Eliana Silva, diretora da Redes da Maré. A ONG promove, a partir de hoje (23), a 1ª Semana de Saúde Mental da Maré, a Rema Maré, que vai até 28 de agosto. Entre as ações previstas estão a distribuição do Guia de Saúde Mental da Maré e intervenções artísticas.

Depressão e ansiedade

A pesquisa mostra que um terço dos moradores enfrenta impactos da violência em sua saúde mental. Os problemas mais comuns são episódios depressivos (26,6%) e ansiedade (25,5%). Entre as pessoas que estiveram em meio a tiroteios, 12% relatam pensamentos suicidas.

Os efeitos da exposição à violência também são frequentemente físicos, já que há relatos de sintomas como dificuldade para dormir (44%), perda de apetite (33%), vontade de vomitar e mal-estar no estômago (28%) e calafrios ou indigestão (21,5%). Também há impactos relatados em doenças crônicas, como hipertensão arterial.

O cotidiano de violência se traduz ainda em prejuízos às atividades dos moradores e no acesso a serviços públicos. Segundo a pesquisa, 26,5% da população tiveram algum problema no trabalho, escola ou universidade, devido a situações de violência na Maré nos 12 meses anteriores à entrevista.

Bem-estar

A pesquisa sobre saúde mental também buscou entender que atividades os entrevistados procuram para o seu bem-estar. Os pesquisadores constataram percentuais acima de 80% para a satisfação dos moradores com as relações familiares e amizades. Para os responsáveis pelo estudo, redes de apoio formadas por pessoas como familiares e vizinhos são fundamentais para lidar com adversidades, incluindo a violência.

A prática religiosa foi relatada por 71% dos moradores, sendo os católicos (30%) e os evangélicos pentecostais (28,5%) os maiores grupos. Já o esporte faz parte da vida de 46% dos adultos da Maré, destacando-se a caminhada (28,4%), o futebol (23,6%) e a ginástica e/ou musculação (18,7%).

Sete em cada dez entrevistados afirmaram conhecer ao menos um espaço cultural no complexo de favelas, mas só 18% afirmaram frequentar algum deles ao menos uma vez por mês.

Dentro de casa, as formas de cultura mais consumidas (ao menos uma vez na semana) são televisão (92,5%), música na internet (67,2%), vídeos na internet (64,3%), música por outros meios (46,3%), filmes ou séries na internet (44,8%), filmes ou séries em outros meios (44%), escrita (26,7%), leitura de livros de papel (25,6%), leitura de livros digitais (9,1%) e pintar (3,2%).  

Fora de casa, os moradores relataram com mais frequência que fotografaram (27,9%), ouviram música ao vivo (15,8%), dançaram (15,7%) e cantaram/tocaram instrumentos (10,3%).

A Organização Pan-Americana da Saúde informou nesta quarta-feira(18) que 60% da população sofre de ansiedade ou depressão nas Américas, alertando para uma "crise de saúde mental" na região devido à pandemia e instando os países a tomarem medidas para aliviá-la.

“Hoje enfrentamos uma crise de saúde mental que, se não for resolvida, terá graves consequências. Não só agravará o fardo dos transtornos mentais em nossa região, mas também prolongará o impacto da pandemia”, alertou em coletiva de imprensa a diretora da Opas, Carissa Etienne.

Desde que a covid-19 chegou à região, há 16 meses, lembra ela, o estresse e o medo invadiram o cotidiano, com perdas de empregos sem precedentes que se somaram à emergência sanitária.

Etienne disse que embora a demanda por apoio psicológico nunca tenha sido tão alta, três quartos dos países que forneceram dados à Opas relataram problemas para oferecer apoio à população.

"Mais da metade dos programas escolares de saúde mental e mais de três quartos dos programas fora da escola foram parcial ou totalmente interrompidos em um momento em que mais de 15% dos jovens sofrem de depressão", disse ela.

“Quase 90% dos países participantes relatam que os serviços de psicoterapia e aconselhamento em saúde mental foram interrompidos, mas hoje até 60% das pessoas em nossa região sofrem de ansiedade ou depressão”, acrescentou. Ela também destacou maiores dificuldades no acesso a medicamentos e tratamentos especiais.

Etienne ressaltou a importância de integrar a atenção à saúde mental aos planos de resposta à covid-19 e instou os países a honrar seus compromissos a esse respeito.

"Os países devem investir em saúde mental agora para enfrentar a ameaça constante da pandemia e limitar seus efeitos em cascata nos próximos anos", disse ela.

Nesse sentido, destacou o fortalecimento dos serviços psicossociais no Chile, em Trinidad e Tobago e na Costa Rica, que, segundo ela, são modelos a serem seguidos.

"Esta pandemia é um lembrete de que uma boa saúde mental é vital para a saúde de nossa região e o bem-estar de nossas sociedades", disse Etienne.

A atleta norte-americana Simone Biles, quatro vezes medalhista de ouro em olimpíadas, acabou virando símbolo da luta sobre saúde mental no mundo e no esporte. Favorita à conquista na decisão individual da ginástica artística, ela abandonou a competição com a justificativa que precisava se cuidar.

Nesta quarta-feira (28), ela recebeu o carinho do carismático Adriano Imperador. "Didico", além da qualidade no campo, também é conhecido por problemas de saúde mental que ele mesmo admitiu ter sofrido ao longo da carreira, que acabou terminando precocemente. O jogador simpatizou com a situação da atleta e enviou uma mensagem.

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"Simone Biles… sei exatamente o que está passando e não deixe as pessoas te crucificarem. Seja feliz e cuide da cabeça!Passei por isso e até hoje sou questionado. Que Deus perdoe essas pessoas ruins", disse Adriano.

A superestrela da ginástica, a americana Simone Biles, declarou que preocupações com sua "saúde mental" levaram-na a abandonar a final por equipes nas Olimpíadas de Tóquio, nesta terça-feira (27).

"Assim que eu piso no tatame, sou só eu e a minha cabeça... lidando com demônios (...) Tenho que fazer o que é certo para mim e me concentrar na minha saúde mental, e não prejudicar minha saúde e meu bem-estar", explicou a americana depois que sua equipe foi derrotada pelo quarteto russo em sua ausência.

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Biles saiu da final no Centro de Ginástica Ariake, depois de um salto de abertura sem brilho, e deixou a área de competição antes de retornar pouco depois.

A seleção americana então retirou a atleta do restante da final.

Depois que ela se juntou a suas companheiras para receber a medalha de prata, a quatro vezes campeã olímpica confirmou que não havia se machucado.

"Só não confio tanto em mim mesma como antes e não sei se é a idade. Fico um pouco mais nervosa", desabafou.

"Sinto que também não estou me divertindo tanto e sei que esses Jogos Olímpicos... Eu queria que fossem para mim", disse ela, começando a chorar.

"É uma droga que isso aconteça aqui nos Jogos Olímpicos... mas, com o ano que tem sido, eu realmente não estou surpresa com a forma como aconteceu", completou.

A pandemia de coronavírus terá um impacto de "longo prazo" na saúde mental das populações - advertiram a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os ministros europeus da Saúde europeus nesta quinta-feira (22), por ocasião de uma reunião de dois dias em Atenas.

"Da ansiedade com a transmissão do vírus, o impacto psicológico dos confinamentos e do autoisolamento, as consequências ligadas ao desemprego, as dificuldades financeiras, à exclusão social: (...) todo mundo se vê afetado de uma maneira, ou de outra", afirmam os ministros e a OMS em um comunicado.

A pandemia terá um "impacto de longo prazo e de grande alcance", alertam.

"Estamos falando de um componente-chave da nossa saúde, que requer ação agora" dos governos, convocou o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, na abertura de um fórum de dois dias, em Atenas, sobre o impacto da pandemia da Covid-19.

"Precisamos falar abertamente sobre o estigma que acompanha a saúde mental", acrescentou.

Para o vice-presidente da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, "a pandemia da covid-19 exacerbou o enorme desafio da saúde mental (...) Não há desculpa para adiar (esse debate)".

A OMS considera que "não é apenas o contágio, ou o medo de contágio, que tem afetado a saúde mental da população".

"O estresse causado pelas desigualdades socioeconômicas e os efeitos da quarentena, do confinamento, do fechamento de escolas e dos locais de trabalho tiveram consequências enormes", destacam os ministros e a OMS, em seu comunicado conjunto.

"A pandemia abalou o mundo. Mais de 4 milhões de vidas foram perdidas em todo planeta, rendas foram destruídas, famílias e comunidades se separaram, empresas quebraram", lembra o diretor da OMS na Europa, doutor Hans Kluge.

"A saúde mental e o bem-estar devem ser percebidos como direitos humanos fundamentais", continua, pedindo aos Estados que reconsiderem o acesso à atenção em saúde.

Entre as recomendações da OMS para os países europeus, estão o fortalecimento dos serviços de saúde mental em geral, a melhora do acesso à atenção por meio da tecnologia digital, o aumento dos serviços de apoio psicológico nas escolas, universidades, no local de trabalho e para as pessoas que trabalham na linha de frente na luta contra a Covid-19.

 A pandemia do coronavírus (Covid-19) trouxe impactos a diversos segmentos do mundo, entre eles a economia, que sofreu duros golpes durante a crise sanitária. Segundo dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o período de um ano de pandemia fez com que o desemprego no Brasil alcançasse 14,4%, um aumento de 11,6% quando comparado ao ano passado. Esse valor é equivalente a 2 milhões de brasileiros desempregados, o que tem gerado vários impactos sobre a saúde mental do brasileiro. 

De acordo com o economista e gestor empresarial Jean Crouzillard, o fator principal que contribui com o desemprego do país é a ausência de um plano econômico de longo prazo. Ele aponta que nos últimos 20 anos, os políticos se preocuparam apenas com as eleições. “Muitos projetos estão parados no congresso e, quando colocados em pauta, perdem suas características iniciais, sua eficácia e se tornam soluções de curto prazo", comenta.

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Crouzillard lembra que o Brasil já convive com o desemprego desde antes da pandemia e que a crise sanitária apenas agravou a situação. Para resolver a questão, o economista afirma que é necessário ter vontade e liderança política como prioridade, uma vez que soluções voltadas apenas para planos econômicos só servirão para amenizar o problema. “É primordial investir em micros e pequenas empresas, as quais geram muitos empregos. Porém, é muito importante que o país conte com um plano de investimento estrutural para que a retomada seja sólida”, calcula.

Segundo o economista, focar em empréstimos de dinheiro não será a solução, pois as empresas precisam de consumo para que a economia se recupere com estabilidade. Para Crouzillard, o ideal seria um direcionamento voltado para investimentos estruturais, além de aprovar o novo plano fiscal que está parado no congresso. “O orçamento público concentra verbas para pagar juros e estrangular investimentos públicos. É necessário ter coragem de alavancar a economia com o excesso de liquidez do mercado financeiro, ou seja, ter em mãos um plano de captação deste excesso”, ressalta.

O economista estima que a vacinação deve criar um ambiente economicamente viável a partir de agosto, mas os prazos para recuperar as perdas são de três a quatro anos. Já o índice de desemprego não deve se alterar até o final de 2021 e permanecerão altos no ano que vem. “Por 2022 ser um ano de eleição, com um cenário muito conturbado, não é de se esperar por uma estabilidade econômica. Talvez apenas pequenos progressos em alguns setores da economia”, prevê.

Uma das sugestões apontadas por Crouzillard, seria explorar setores da economia que detêm resposta ágil da recuperação. “Um bom exemplo disso é o setor de turismo que é, ainda, muito subutilizado no país. Além disso, fica a lição de que um país deve ser autossuficiente em vacinas, essa é uma estratégia que deverá evitar’ ‘solavancos futuros’”, recomenda.  

Os impactos do desemprego na saúde mental das pessoas

O atual cenário econômico junto às preocupações com a saúde causam consequências psicológicas no trabalhador, que busca por maneiras de contornar a crise. A psicóloga e terapeuta integrativa Bianca Panvequi Liberati explica que a perda de um emprego funciona como um processo de luto, junto ao desespero de não saber o que fazer para se manter e sustentar a família.

Além disso, o desemprego também afeta a autoestima. “Um emprego, uma posição ou uma ocupação gera bem-estar e autovalorização. Você valoriza o seu tempo no momento em que você realiza uma atividade e é pago por ela, o que proporciona autoestima”, explica Bianca.

A psicologia destaca que o contexto de pandemia já é um momento doloroso e a perda de um emprego aumenta as sensações de mal estar e impotência. Por conta disso, as pessoas passam a ter crises de ansiedade e depressão com maior frequência.

Diante desta situação de desemprego, Bianca reforça que é importante possuir uma rede de apoio, amigos ou familiares que possam auxiliar nos momentos difíceis e transmitir segurança. “Algo que pode ser muito útil é ter uma fé ou algo em que acreditar, independente da religião”, orienta.  Outra dica da psicóloga é realizar atividades físicas ou buscar por diversas maneiras de entretenimento, pois elas ajudam a aliviar o estresse e geram sensações de prazer.

Não há como negar que a pandemia do novo coronavírus mudou o mercado de trabalho. Em um cenário atípico, aconteceram mudanças nas relações entre empregadores e profissionais, e o alto número de desempregados chegou a um patamar crítico: 14 milhões de pessoas sem emprego, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Diante da crise econômica e da baixa nas contratações, deixar uma função se mostra uma atitude quase que impensável para um trabalhador, uma vez que, hoje, manter-se em um emprego é um privilégio. No entanto, quando o profissional está insatisfeito e desmotivado em um determinado cargo, tomar essa decisão pode ser, muitas vezes, a melhor escolha tanto para a carreira quanto para a saúde mental do indivíduo. É o caso, por exemplo, de Geraldo José dos Santos Barros, morador de Salvador, Bahia.

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"Eu entrei em uma empresa varejista e tinha o objetivo de chegar a um patamar que eu almejava, mas vi que a organização não estava dando essa oportunidade. Nos últimos três anos, estava muito puxada a jornada de trabalho para mim, porque o departamento tinha deficiência de recursos e de pessoas, as demandas eram todas urgentes, não tinha uma demanda de planejamento para compras e, a partir disso, eu e outros funcionários ficaram sobrecarregados. Isso desencadeou em mim um processo de ansiedade e estresse. Então, comecei a conversar com a empresa que eu não tinha mais interesse em permanecer nela”, relata.

Foi então que surgiu uma nova oportunidade para o especialista em compras. Um diretor que trabalhava com ele na antiga organização abriu uma empresa do ramo de supermercados, o 'Atacadão Centro Sul'. “Outro colega que trabalhou comigo na antiga empresa me falou que o ex-diretor estava com interesse de me levar para trabalhar lá. Mantive contato com ele, fiz todo o processo seletivo e passei. Acabei saindo da outra empresa. Eu já estava querendo sair de lá, já tinha colocado isso para o meu coordenador há uns dois anos", explica. "Hoje é um trabalho que eu faço com maior prazer”, conta o profissional formado em administração de empresas.

Assim como Geraldo, outros profissionais já pensaram em trocar de emprego ou até mesmo de profissão por diversos motivos. Um estudo do Instituto Locomotiva aponta que 56% dos trabalhadores formais estão insatisfeitos com o trabalho. Mas, quando sair de um emprego pode trazer benefícios para a carreira e para a mente? A resposta, para a professora de Recursos Humanos do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Carol Ramalho, é: "Quando a pessoa estiver infeliz, não estiver realizada profissionalmente, estagnada, quando não se sente reconhecida, quando não está se desenvolvendo, quando deixa de aprender algo novo, entre outros motivos".

Para o psicólogo organizacional Cleyson Monteiro, mudar de emprego pode trazer benefícios para a saúde mental quando o trabalho gera sofrimento no profissional. “Por exemplo, pessoas que estão apresentando um quadro de estresse por causa de uma cobrança muito intensa, que acordam de manhã e não tem ânimo para ir ao trabalho, como também os indivíduos que vão para o emprego, mas já vão triste, chateados, cansados, independente de sua remuneração”, pontua.

De acordo com a professora Carol Ramalho, sair do emprego pode enriquecer a carreira do profissional, “mas é uma decisão que precisa ser muito bem pensada”. “Essa mudança tem que ser com muita responsabilidade, tem que analisar se esta mudança vai de acordo com o que você planeja para sua carreira, se essa mudança vai ser benéfica para a questão profissional e como isso vai impactar também sua família e seu lado pessoal”, explica.

Ela ainda alerta: “Por mais que às vezes a gente tende a ficar no mesmo emprego por questão de hábito, a gente também não pode cair na armadilha do comodismo, porque muitas vezes essa comodidade vai afastando as pessoas do seu objetivo profissional. O ideal é ter um plano de carreira, que você trace seus objetivos, destrinche em metas e trilhe esse caminho”.

Encontrar um equilíbrio entre trabalhar com mais eficiência e ter qualidade de vida é fundamental para o bem-estar dos profissionais, aponta o psicólogo Cleyson Monteiro. Ele, porém, alerta: "É óbvio que em determinados momentos vão haver estresses, não existe emprego que não tenha estresse, mas quando o profissional está bem, ele consegue reagir de forma positiva e, inclusive, sendo eficiente na tomada de decisões”.

Cleyson Monteiro complementa: “Quando você está satisfeito, fazendo o que gosta, quando você está sendo reconhecido, isso é um indicador que você está motivado e que está equilibrado emocionalmente. Já quando acontece o inverso, ou seja, quando você não tem o reconhecimento, quando a empresa assedia você moralmente, quando o nível de estresse e insatisfação é tão grande que caracteriza insônia, pensamentos acelerados, discordância de ações nas organizações, alteração de humor, é sinal de que seu equilíbrio psíquico não está bem e que essa empresa é tóxica para você. O ideal é buscar outras oportunidades”, concluiu o psicólogo.

"Investimentos e qualidade do atendimento" em saúde mental devem ser aumentados "com urgência", alertou a OCDE em relatório divulgado nesta terça-feira (8).

O relatório destaca a importância dos custos sociais e econômicos associados aos transtornos mentais e o aumento acentuado dos problemas de saúde mental produzidos pela pandemia de Covid-19.

“Os países devem fornecer apoio adequado às pessoas afetadas e aumentar urgentemente o investimento e a qualidade do atendimento para reduzir os altos custos sociais e econômicos associados aos problemas de saúde mental”, diz um comunicado da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

“Os serviços psiquiátricos foram negligenciados por um longo tempo, não foram financiados o suficiente e as necessidades de cuidados não atendidas permanecem altas nos países da OCDE”, de acordo com os autores do relatório.

Antes da crise sanitária, estimava-se que uma em cada duas pessoas já havia sofrido de transtornos mentais durante a vida e que uma em cada cinco estava permanentemente afetada.

A “pandemia de covid-19 causou um aumento acentuado dos problemas de saúde mental, especialmente entre os jovens, os desempregados e pessoas em situação financeira precária”, segundo a organização.

De acordo com o relatório, os custos econômicos associados aos transtornos mentais representam mais de 4,2% do PIB nos países da OCDE.

Alguns desses custos estão diretamente relacionados ao tratamento, mas mais de um terço está relacionado a menores taxas de emprego e perda de produtividade.

No entanto, esses custos podem ser evitados, pelo menos em parte, melhorando a prevenção, o cuidado, permitindo um melhor acesso à educação e ao emprego, afirma o trabalho.

De acordo com o relatório, 67% das pessoas que desejavam se beneficiar de cuidados de saúde mental disseram ter dificuldade em obtê-lo.

“Onze países da OCDE têm apenas um psicólogo ou menos para cada 10.000 habitantes”, observam os autores do relatório.

A apresentadora americana Oprah e o Príncipe Harry produziram documentário especial “The me you can’t see” (O que você não pode ver, em tradução literal para o português), que trás personalidades discutindo a forma com que lidam com experiências traumáticas e sua saúde mental. A produção estreia no Brasil nesta sexta (21) no Apple TV+ e um dos relatos chocantes é da cantora pop Lady Gaga, que revelou ter sido estuprada por um produtor e ficado grávida do ato, aos 19 anos de idade.

A cantora relatou na produção que já trabalhava na área musical e estava com um produtor, quando ouviu que tinha que tirar suas roupas. “Eu tinha 19 anos de idade e estava trabalhando. E um produtor disse para mim: ‘Tire as suas roupas’. E eu disse que não. Eu fui embora e eles me disseram que iam queimar todas as músicas. E eles não queriam parar. Eles continuaram a me perguntar e eu só congelei. Eu nem mesmo consigo me lembrar”, disse.

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Gaga continuou contando que prefere não nomear o produtor para não ter que encarar ele novamente e disse que após o estupro, descobriu que estava grávida do agressor.

Por muito tempo a cantora sofreu com o trauma da agressão, anos depois sentindo dores no corpo decidiu ir ao hospital e pouco depois, no lugar de um médico, mandaram um psiquiatra para atendê-la. Gaga contou que foi nesse percebeu que realmente continuava sofrendo muito com o abuso.

“Primeiro senti uma dor total, depois fiquei paralisada. E então fiquei doente por semanas e semanas e semanas e semanas depois, e percebi que era a mesma dor que senti quando a pessoa que me estuprou me deixou grávida em uma esquina na casa dos meus pais, porque eu estava vomitando e enjoando. Porque fui abusada. Fiquei trancada em um estúdio por meses”, finalizou.

 

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