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Com mais de um ano de pandemia da covid-19, especialistas alertam para um cenário preocupante: notícias em excesso causam impactos negativos no estado psicológico das pessoas, provocando pânico e medo. Mais alarmante ainda é a divulgação diária e crescente do número de mortes

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Além das perdas e da nova rotina, o isolamento incomoda adultos e crianças. “Meu filho é um recém-nascido e é impactado diretamente pela pandemia. Não pôde conhecer os familiares, não pôde receber visitas em casa nem na maternidade. Meu filho não pode nem passear no carrinho na rua ou ir à praça passear no carrinho. Ele é obrigado a ficar dentro de casa, para a própria segurança, assim como todos nós”, relata a publicitária Lídia de Menezes. 

Os telejornais abordam diariamente a covid-19. O número de mortes faz parte das pautas, deixando as pessoas mais cautelosas e ao mesmo tempo mais preocupadas.

Ana Cristina Costa França, psicóloga e professora do curso de Psicologia na UNAMA - Universidade da Amazônia, acredita que esse “novo normal” ainda vai durar bastante tempo e que a crise generalizada que se configurou com a pandemia tem causado impactos nas mais diferentes esferas.

“Em crise, há uma tendência a comportamentos/pensamentos extremos, do tipo 'tudo ou nada'; encontramos desde os 'negacionistas' até os 'paranoicos'. Ambos são prejudiciais, o ideal seria encontrar o 'meio termo', nem minimizar a situação, nem se tornar monotemático em torno do assunto”, observa a psicóloga.

Ana Cristina aponta que os negacionistas e os paranoicos demonstram uma visão egoísta da situação, "esquecendo que somos seres coletivos, sociais e que o bem comum deveria ser a principal preocupação". Ela também afirma que não existe “grupo de risco”, mas “comportamento de risco”.

“Buscar excesso de informações é prejudicial para a saúde emocional, mas ainda pior é quando não se leva em conta a fonte dessas informações: compartilhar 'notícias' através das redes sociais sem verificar a veracidade e espalhar fake news. Assim, saber a origem e veracidade é tão importante quanto evitar viver imerso e obcecado pelo tema”, explica.

Segundo a psicóloga, a quantidade de notícias a respeito de determinado assunto torna-se prejudicial para a saúde das pessoas quando esses pensamentos tomam conta da maior parte do dia delas: “Quando o dia gira em torno do tema, quando você não consegue desenvolver outras atividades, apenas as que estão relacionadas com a obsessão – o pensamento monotemático que invade sua mente a qualquer instante”.

Ana Cristina afirma que é possível controlar esse comportamento antes que a situação se agrave. A psicóloga diz que a medida de todas as coisas é o equilíbrio. “É claro que essa medida é muito subjetiva, e cada um deve procurar e encontrar esse limite. A medida é que não altere sua rotina e não se torne um pensamento 'obsessor'. E claro, cuidado com a fonte dessas informações”, orienta.

Para que não haja uma sobrecarga causada pelo excesso de informações, Ana Cristina diz que é importante desenvolver hábitos que evitem esse excesso. “Fazer os que os jovens tanto falam: 'inspira, respira e não pira'. Ter uma rotina (hora para acordar, dormir, se alimentar, se exercitar), fazer atividades prazerosas e diminuir o acesso às redes sociais; quando buscar informações, o faça em fontes confiáveis. Nosso cérebro só consegue fazer uma coisa de cada vez: substitua hábitos ruins por hábitos saudáveis. Os resultados serão duradouros e manterão sua saúde emocional”, complementa.

A psicóloga afirma que não há dúvidas de que estamos vivendo um novo paradigma de realidade e que coronavírus, covid-19, pandemia, entre outros, são algumas palavras que fazem parte do nosso cotidiano há mais de um ano e que vão continuar por muito tempo.

“As ondas e variações do vírus - e uma onda que considero ainda mais grave, a da saúde mental – fazem e farão parte da nossa rotina por muito tempo. Se mudamos a forma como encaramos o problema, mudamos o problema. Vamos aproveitar que estamos vivos e respirando, exercitar nossa paciência, nossa autoestima e nosso autoconhecimento. Vai passar, afinal tudo na vida passa”, finaliza Ana Cristina.

A perspectiva do jornalista

O olhar do jornalista sobre sua importância no contexto pandêmico é de que o jornalismo se fortalece como principal veículo para garantir o acesso à informação para a população. A jornalista Sheila Faro, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará (Sinjor), membro da Academia Paraense de Jornalistas e proprietária da empresa de consultoria Faro Assessoria e Consultoria, destaca que a informação é fundamental para o combate ao vírus. "Então, conhecer as formas mais seguras de proteção e disseminar isso por meio do jornalismo é o que mostra a importância suprema do jornalismo”, comenta.

Sheila também cita a relevância do jornalismo em relação às fake news. Além de informar, alertar e trazer dados reais sobre a pandemia, assinala, deve-se também combater essa desordem de informação. A jornalista também alega que a desinformação tem sido responsável pelo aumento do número de mortes por covid-19, já que as pessoas acabam recebendo informação errada sobre tratamentos, curas.

Para Sheila, o jornalista deve se posicionar, ao noticiar sobre o novo coronavírus, de forma ética, responsável e comprometida com a população, de modo que ela tenha acesso aos dados reais sobre a covid-19. A jornalista também fala sobre empatia. “Nós, antes de sermos jornalistas, somos, em primeiro lugar, pessoas. Então uma das formas de não permitimos esse excesso é a gente se colocar no lugar do outro. O próprio período da pandemia tem nos feito ser mais empáticos”, complementa.

Sheila também pondera a respeito de como divulgar a informação. “Informar-se antes de maneira saudável é como ler uma bula antes de tomar o remédio. Precisamos saber que fonte é aquela, que sensação aquilo vai gerar, filtrar as informações, saber se a fonte é segura ou não. Infelizmente também existem jornalistas que não têm tanto compromisso com a informação, só fazem disseminar notícias falsas, esse desserviço para com a população.”

A jornalista ainda acrescenta: “Acho que esse é o momento da gente exercitar em todas as áreas da nossa vida, um pouquinho mais de 'O que é o amor?', de como podemos mudar esse momento, de como podemos mudar a nossa profissão, de como podemos mudar a nossa vida, em favor do amor, em favor de outrem”, finaliza Sheila.

Por Alessandra Nascimento e Isabella Cordeiro.

 

O Senado aprovou, nesta quarta-feira (7) projeto que cria, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), um programa específico para acolhimento de pessoas que estão em sofrimento emocional causado pela pandemia da covid-19. O PL 2.083/2020, do senador Acir Gurgacz (PDT-RO), foi aprovado por unanimidade e segue para a Câmara dos Deputados.

O texto foi aprovado com mudanças, na forma do substitutivo do relator, senador Humberto Costa (PT-PE). Entre principais alterações está a ampliação da abrangência do programa. Originalmente, o projeto previa o tratamento dos problemas decorrentes do isolamento, mas com a alteração, o programa deverá tratar todos os problemas decorrentes da pandemia de covid-19 ou potencializados por ela.

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De acordo com o autor, senador Acir Gurgacz, o isolamento social tem potencializado os casos de sofrimento por conta do afastamento de familiares, amigos e principalmente, de psiquiatras e psicólogos. Esses profissionais, segundo Gurgacz, têm encontrado dificuldades para ajudar todas as pessoas que precisam de atendimento para cuidar das questões emocionais.

"Quando apresentei esse projeto, em abril do ano passado, não poderia imaginar a dimensão e os impactos dessa pandemia na saúde das pessoas, em especial a saúde mental. De lá para cá, nós aprendemos muito com o que aconteceu durante o ano passado todo e este ano, e as emendas aqui acatadas pelo senador Humberto Costa aperfeiçoaram e melhoraram ainda mais esse projeto", disse Gurgacz.

No parecer, Humberto Costa lembrou que uma parcela significativa da população também sofre de preocupações com a possibilidade de infecção e também com a sobrevivência, em um momento de agravamento da crise econômica.

"De fato, diversos estudos têm apontado para as consequências danosas da pandemia para a saúde mental da população. Assim, nada mais justo que se instituir uma política voltada para acolher e assistir essas pessoas no âmbito do SUS", explicou o relator.

Rede

Entre as alterações feitas por Humberto Costa no texto está a determinação de que o programa seja desenvolvido dentro da Rede de Atenção Psicossocial e pelas unidades básicas de saúde do SUS, com o apoio dos centros de atenção psicossocial (CAPS), presentes em todos os estados e municípios.

"O SUS já dispõe de uma rede bem estruturada de atenção à saúde mental, que é capaz de responder a essa situação de agravamento dos problemas mentais na população em decorrência da pandemia", avaliou o relator, que já foi ministro da Saúde.

Foi mantida no texto a possibilidade de o SUS firmar parcerias com órgãos da administração pública e com serviços privados para que atuem no programa, mas de forma complementar e integrada à rede de atenção psicossocial.

Além disso, ele também ressaltou que os gestores de saúde das três esferas de governo devem estabelecer em conjunto os parâmetros para a organização e os critérios de priorização do ingresso das pessoas no programa. Essa tarefa será da Comissão Intergestores Tripartite, foro permanente de negociação, articulação e decisão entre os gestores nos aspectos operacionais e na construção de pactos no SUS.

O relator também incluiu no texto a previsão de que a União destinará recursos para os fundos de saúde dos Estados, Distrito Federal e Municípios que aderirem ao programa. O dinheiro, segundo Humberto Costa, será usado na ampliação dos serviços, com contratação de pessoal especializado e compra e instalação dos equipamentos necessários para o atendimento remoto.

Emendas

Foram acatadas várias emendas de senadores. Uma delas, do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) determina que o atendimento deve ser virtual sempre que possível, com o uso de recursos de telessaúde. Também por sugestão do senador Alessandro, entre os critérios de prioridade do programa, deve estar contemplado o atendimento aos profissionais de saúde que atuam diretamente na assistência aos pacientes com covid-19.

O relator também acolheu emenda do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR) para exigir que os planos de saúde privados também ofertem serviços de atenção à saúde mental para as pessoas afetadas, nos moldes do que é será feito pelo SUS. Para Humberto Costa, a medida é benéfica para ampliar o acesso da população a esse tipo de serviço.

Além disso, foram feitos ajustes para que as alterações ficassem fora da Lei 13.979, de 2020, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da covid-19.  A lei era vinculada ao decreto de calamidade pública, que teve a vigência encerrada em 31 de dezembro de 2020.

Com isso, o relator acatou também emenda do senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL), para que o programa se estenda por dois anos (730 dias) após o fim da emergência de saúde pública, e não mais após o término do estado de calamidade.

Humberto Costa informou, ainda, ter aceito emenda da senadora Rose de Freitas (MDB-ES), para determinar que o programa tenha atendimento ambulatorial em psiquiatria, inclusive para urgências e emergências.

Mérito

Todos os parlamentares que se pronunciaram defenderam a aprovação da proposta. Para o senador Eduardo Braga (MDB-AM), o projeto atende à necessidade da população, já que uma das grandes consequências do enfrentamento da covid são as consequências mentais, psicológicas e emocionais. 

"Os brasileiros todos estão vivendo um estresse emocional gigantesco diante de tantas mortes e de um período tão longo de uma pandemia", lamentou.  

Os senadores Izalci Lucas (PSDB-DF) e Zenaide Maia (Pros-RN) também ressaltaram o aumento das preocupações dos cidadãos, o que impacta na saúde mental.

"Quando o projeto foi apresentado, pensava-se só no isolamento social, mas eu digo que os problemas mentais dos brasileiros são bem maiores: o medo de morrer pela covid ou de fome, desespero de uma grande parte que perdeu toda a renda. Então esse projeto veio a calhar", disse Zenaide Maia.

Os líderes da minoria, senador Jean Paul Prates (PT-RN), do governo, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e da bancada feminina, senadora Simone Tebet (MDB-MS) elogiaram o trabalho do autor e do relator. Prates e disse ter orgulho do Senado pelo texto aprovado.

"Esse trabalho conjunto é que nos enche de orgulho aqui no Senado, que, mais uma vez, nesta semana, faz a sua parte e dedica toda a sua pauta ao tratamento da pandemia. Quero agradecer à presidência por ter atendido ao nosso pedido especial pela liderança da minoria de pautar esse importante projeto", disse.

*Da Agência Senado

 

A pandemia de covid-19 tem gerado impactos na saúde mental de brasileiros. Um projeto auxilia pessoas que desejam ter atendimento psicológico a encontrar serviços públicos ou de organizações não governamentais.

O Mapa da Saúde Mental disponibiliza em seu site informações sobre iniciativas de atendimento em diversas cidades do país, com explicação sobre o serviço e contatos para acioná-lo.

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O site traz projetos relacionados a saúde mental para público em geral, para trabalhadores da saúde e para grupos específicos, como comunidade LGBTTTQI+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros, pessoas queers e intersex), negros, mulheres, idosos, pacientes de determinadas doenças (como câncer) e casais.

No mapa presencial, os serviços e projetos são exibidos de forma geolocalizada, em que o interessado pode colocar seu CEP e visualizar as opções mais próximas do local onde está ou quer buscar ajuda.

Além disso, o site também traz explicações sobre como saber quando buscar ajuda, quais são os direitos das pessoas, como ajudar, como receber ajuda e como identificar se alguém precisa de apoio psicológico.

Segundo a presidente do Instituto Vita Alere, Karen Scavacini, responsável pelo projeto, a iniciativa surgiu da demanda por informações sobre apoio psicológico. “Sentíamos falta de um local onde as pessoas poderiam facilmente encontrar a informação de onde havia ajuda. Pois na maioria das vezes falamos: 'se não estiver bem, busque ajuda'. Mas como se faz isso, que tipo de ajuda procurar? Reunimos tudo isso no mapa”, diz.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) promoverá um workshop gratuito sobre “Como anda sua saúde mental?”. O evento será realizado no dia 31 deste mês, das 15h às 17h, pela plataforma Teams.

O workshop abordará pautas sobre o bem-estar da mente e falará das contribuições das terapias integrativas para a busca pelo bem-estar psicológico. O debate será mediado por Andressa Brito, mestre em psicologia da saúde, e Ana Paula de Oliveira, psicóloga clínica, pedagoga e psicopedagoga.

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Para participar, os interessados devem se inscrever por meio do endereço eletrônico do Senac. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones 0800.081.1688 ou (81) 3413.6728/6729/6730.

Lembra que dias atrás o príncipe Harry havia gravado uma entrevista ao James Corden? Pois bem, ela foi ao ar na noite da última quinta-feira (25) e o marido de Meghan Markle fez revelações de deixar qualquer um de queixo caído. Para começar, o bate-papo foi bem informal, com os dois bebendo chá enquanto passeavam por Los Angeles, nos Estados Unidos, em um ônibus de dois andares daqueles clássicos do local.

O duque estava bastante animado com o passeio, que incluiu até mesmo uma visita à casa usada nas gravações de Um Maluco no Pedaço - quando Harry até cantou a música de abertura do seriado -, uma pausa para ir ao banheiro e, depois, algo mais sério: a saída do príncipe da realeza britânica.

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Para Harry essa história é simples. Ele admitiu que fez o que qualquer pai ou marido. "Eu nunca iria abandonar - estava recuando em vez de abandonar. Era um ambiente realmente difícil, como muitas pessoas viram. Todos nós sabemos como pode ser a imprensa britânica. Isso estava destruindo minha saúde mental. Era tóxico", disse ele na entrevista ao The Late Late Show.

Ao tomar a decisão, o casal ainda resolver deixar o Reino Unido com o filho Archie Harrison Mountbatten-Windsor, de um aninho de idade, e se mudou para Montecito, Califórnia, nos Estados Unidos. Mas Harry deixou bem claro sobre essa mudança: "Nunca fomos embora.. Estarei sempre contribuindo, mas minha vida é um serviço público".

Para deixar claro sobre o que estava falando, Harry comparou sua experiência com tabloides à série The Crown, que mostra a vida da realeza britânica.

"Eles não fingem ser notícia, é fictício. Mas é vagamente baseado na verdade. Claro que não é estritamente preciso... Estou muito mais confortável com The Crown do que lendo histórias sobre minha família e minha esposa ou eu mesmo. Isso é obviamente ficção, veja como você quiser - mas [outras histórias] estão sendo relatadas como fatos. Eu tenho um problema real com isso", explicou ele.

E sabe como o duque mantém contato com a família, que está a milhares de quilômetros de distância? Via Zoom, uma vídeo chamada. Ele até contou como a Rainha Elizabeth II, sua avó, fez para presentear o bisneto no Natal: "Meu filho já tem mais de um ano e meio, tem uma personalidade incrível, já está juntando duas, três palavras, já está cantando. Sua primeira palavra foi crocodilo, três sílabas. Curiosamente, minha avó nos perguntou o que Archie queria de Natal e Meg disse que uma máquina de waffles, ela nos enviou uma máquina de waffles para Archie, então o café da manhã agora, Meg faz uma mistura orgânica, na máquina de waffles, ele adora. Archie literalmente acorda de manhã e diz waffle".

Agora o casal está esperando o segundo filho, notícia dada ao público em geral no começo de fevereiro.

Em redes sociais, os chamados digital influencers, ou somente influencers, estão sempre felizes e pregam a felicidade como um estilo de vida. Essas pessoas espalham conteúdo para milhares de seguidores, principalmente no Instagram, rede de compartilhamento de fotos e vídeos, que permite aplicar filtros digitais nas fotos e compartilhá-los em outras redes sociais.

Os influencers ditam tendência e estão sempre mostrando um estilo de vida sonhado por muitos, como o corpo esbelto, viagens incríveis, casas deslumbrantes, carros novos e alegria em tempo integral. Algo bem improvável de ocorrer o tempo todo, aponta a psicóloga Carla Furtado, mestre em psicologia e fundadora do Instituto Feliciência. 

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“A diferença entre a felicidade autêntica, legítima e real e a felicidade postada nas redes é abismal. Porque a felicidade, tal qual nós abordamos via psicologia positiva, é uma experiência intrínseca, interna, que pode, claro, ser manifestada, mas nada tem a ver com a ostentação de felicidade”, afirma a psicóloga.

A chamada psicologia positiva é o campo da psicologia que investiga a felicidade e os vários aspectos positivos da experiência humana.

A problemática pode surgir com a busca incessante por essa felicidade, que gera efeitos colaterais em quem consome diariamente a "vida perfeita" de outros. Daí vem o conceito de positividade tóxica: a expressão tem sido usada para abordar uma espécie de pressão pela adoção de um discurso positivo aliada a uma vida editada para as redes sociais, avalia a profissional.

O engenheiro mecânico Itamar Brandão Sangi, de 28 anos, disse que atualmente se sente atingido por essa positividade tóxica das redes. “Ao conversar com uma amiga sobre academia, ela me disse que eu nunca estou 100% satisfeito com o meu corpo, aí eu parei e pensei. Eu me considero uma pessoa com uma ‘cabeça boa’, mas mesmo assim fico um pouco insatisfeito por não ter um corpo parecido com aquele influencer”, reflete.

Carla Furtado explica que não é saudável tentar repetir o que se vê na rede. “Não é saudável repetir o que outra pessoa faz, seja uma celebridade ou uma pessoa da rede de convivências. Quando eu tento mimetizar [assumir a forma] o comportamento de outra pessoa, tornar o indivíduo o modelo que eu vou seguir, porque ele alcançou algo na vida que eu desejo alcançar, estou fazendo um caminho equivocado para me construir enquanto ser humano”, argumenta.

Formas de felicidade

A especialista explica que a felicidade tem alguns princípios similares para a humanidade, mas a forma de vivê-la é individual. “A gente tem quase oito bilhões de habitantes no planeta. A gente pode dizer que há quase oito bilhões de formas de se viver a felicidade, embora a gente tenha quase dois pilares em comum: uma vida com um pouco mais de emoções positivas do que negativas e a percepção de uma vida significativa e com propósitos.” 

Itamar conta que não é todo o tipo de post que gera nele essa positividade tóxica. “Em relação à infelicidade por não poder visitar aqueles lugares paradisíacos que aquele influencer está, eu nunca senti esse sentimento, graças a Deus. Mas conheço pessoas que se sentem assim e ficam deprimidas”, relatou o engenheiro mecânico, que passa cerca de 4 horas por dia nas redes. 

Ele conta que usa com mais frequência o Instagram, em seguida Facebook e o LinkedIn - redes em que acompanha vários influencers. “Acho impossível hoje em dia não ter uma pessoa que não acompanha algum influencer, independente do perfil ou da classe econômica.”

Uso racional

Para manter a saúde mental e evitar ser atingido pela positividade tóxica, o uso racional das redes sociais é o mais indicado, aconselha a médica psiquiatra Renata Nayara Figueiredo, presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília (APBr).

“O uso racional é o uso equilibrado, em que a pessoa tem outras fontes de prazer, de passatempo, de trabalho, que a pessoa consiga conviver com a família, que consiga praticar uma atividade física, que não se influencie pela vida da outra pessoa. E aí tem também a questão do tempo; se consegue fazer todas as coisas e usa a rede social tem aí um equilíbrio de tempo e de atividades ao longo do dia. É o equilíbrio do tempo e das atividades fora das redes. Agora, quando a pessoa está muito restrita, que sente falta, sente abstinência de ficar sem o celular na mão, este já não é mais um uso racional”.

A psiquiatra destaca ainda que desejar ter uma vida melhor não é o problema, mas sim acreditar que a felicidade só será alcançada quando realizar todos os desejos. “O problema é quando a gente projeta que a felicidade só vai vir quando a gente tiver uma casa maravilhosa, quando viver só viajando, quando tiver aquele carro, quando tiver um  milhão de seguidores, por exemplo. Esse é o problema, desejar uma vida que é muito difícil ter e só depois que atingir todas essas metas que a gente vai ser feliz. Na verdade, a gente tem que ser feliz e seguir aos poucos melhorando.”

Transtornos mentais

Segundo Renata, as redes sociais podem oferecer gatilhos mentais para quem tem algum distúrbio ou transtornos psiquiátricos e agravar os sintomas. “A pessoa que já tem transtornos mentais são as mais vulneráveis, tem outros fatores de risco e a rede pode servir de gatilhos mentais para muitas coisas, por exemplo, nos transtornos alimentares, com comportamentos purgativos, de pacientes anoréxicos, ou bulímicos ”, alerta.

Ela exemplifica ainda com outros gatilhos. “Uma pessoa que está triste porque não conseguiu tal coisa e a outra pessoa está comemorando porque conseguiu, ou a pessoa que está triste e vê nas redes sociais só coisas boas; este também é um gatilho de um paciente deprimido ou ansioso”, complementou.

Influencers também sofrem

Quem está do outro lado também sofre, aponta a psiquiatra. “Os influenciadores sofrem de uma competição constante, ficam o tempo inteiro olhando quantas curtidas tiveram, quantos seguidores ganharam ou perderam. Às vezes, [o influenciador] não quer falar sobre um assunto e acaba tendo que falar porque os seguidores estão perguntando, então causa muita ansiedade, tristeza, medo de perder alguma coisa”, disse Renata.

A exposição também gera baixa autoestima, destaca a psiquiatra. “Posta uma foto que acha que está maravilhosa, uma foto cheia de retoques e filtros e sempre outra pessoa vai encontrar algum defeito, vai criticar. Aí gera o cyberbullying e a pessoa sofre, perde o sono e altera hábitos de alimentação na busca incessante por uma coisa que não é real. A vida do influenciador também não é fácil.”

A psicóloga Carla explica que a positividade tóxica afeta seguidores e influenciadores. “Todos nós perdemos: quem vai buscar replicar um comportamento e quem é alvo de uma clonagem simbólica de identidade também pode enfrentar muito sofrimento”, completa.

Foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (18), do Rafael Bernadon Ribeiro para o cargo de coordenador-geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, é quem assina o documento.

Bernadon, que atuará no Departamento de Ações Estratégicas da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, é defensor do eletrochoque para o tratamento de transtornos psiquiátricos. 

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Em entrevista ao Canal da Psiquiatria, publicada no dia 14 de agosto de 2013, ele explicou que "a eletroconvulsoterapia é um tratamento usado na medicina desde 1938. E ele persiste justamente por ser muito bom. Ele tem uma resposta da ordem de 90%. O paciente tem algum benefício em nove de cada 10 casos”.

Confira

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Saúde mental um tema que tem sido recorrente na 21ª edição do Big Brother Brasil. O comportamento dos confinados tem levantado questões a esse respeito e a produção do programa parece estar atenta ao movimento. Na última terça (16), foi anunciado que os brothers e sisters terão uma sessão de terapia toda semana, após o paredão. 

O assunto despontou com maior intensidade após Karol Conká ser acusada, pelos espectadores, de praticar abuso psicológico contra Lucas Penteado. Em seguida, Fiuk também comentou, na casa, sofrer de depressão, TDAH e ansiedade, e sua equipe fez postagens dizendo que o músico está sem fazer uso de suas medicações dentro da casa. A TV Globo negou e disse que todos os confinados têm atendimento médico e psicológico sempre que necessário.

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Mas, apesar de poderem solicitar ajuda da psicóloga a qualquer momento, a direção do programa achou por bem definir um dia para sessões terapêuticas. Na manhã da última terça (16), os brothers receberam o comunicado. “Toda quarta-feira, após o dia do paredão, a psicóloga estará disponível para todos da casa”, disse a ‘voz misteriosa’ responsável pelos avisos dentro do confinamento. 

Do ano 700, na Índia, ao modelo atual criado na Europa, durante a segunda metade do século XV, o xadrez é um dos esportes mais praticados do mundo. Exige concentração, visão estratégica e agilidade, além da disciplina inerente aos esportistas. Com essas qualidades, o jogo atrai novos praticantes e torna-se uma influência positiva na mente dos enxadristas.

Embora não haja um número oficial de praticantes de xadrez, as plataformas de jogos online registraram um aumento considerável na quantidade de adeptos do esporte no ambiente virtual em meio à pandemia. Uma reportagem do portal GE mostra que o site Chess teve 13 milhões de perfis criados por praticantes da modalidade. Em outro levantamento, desta vez realizado pelo jornal O Estado de S. Paulo, também no Chess, pouco mais de 9 milhões de partidas foram disputadas nos tabuleiros digitais entre março e junho de 2020. No mesmo período, em 2019, cerca de 5 milhões de pessoas jogaram xadrez online.

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A universitária Nathalya Camargo, 19 anos, sempre quis aprender a mover as peças de acordo com as regras do tabuleiro quadriculado. No entanto, a familiaridade com o jogo só veio em 2016, quando começou a praticar no clube de xadrez da escola em que estudava. "Minha maior dificuldade era conseguir montar estratégias e perceber as intenções do adversário no tabuleiro", conta a jovem. Ela acredita que a modalidade não tem um aprendizado tão complexo. "O esporte em si não é difícil, mas precisa de tempo para ser aperfeiçoado e, para isso, o jogador precisa ter paciência e, principalmente, saber perder", complementa.

A enxadrista Nathalya Camargo com os prêmios no esporte | Foto: Arquivo Pessoal

Além do xadrez ter se tornado uma via de acesso para conhecer pessoas que passaram a fazer parte de seu convívio, o jogo também proporcionou à Nathalya expandir os horizontes mentais. É no esporte que a enxadrista busca inspiração para outras atividades do cotidiano. "Percebo que penso estrategicamente em outras áreas da minha vida, como quais tarefas eu devo priorizar, se eu quero conseguir algo, quais são os passos para isso. O xadrez ajuda com a paciência e o raciocínio lógico", conta. Ainda segundo a estudante, a evolução conquistada a cada partida é uma recompensa prazerosa. "É um jogo muito divertido, e vai ficando cada vez melhor conforme me aprofundo. Demanda tempo, esforço e até dinheiro para participar de torneios, mas eu recebo tudo de volta em forma de satisfação. Todos deviam aprender a jogar xadrez, mesmo que seja como um hobbie. Vale a pena", recomenda.

Xadrez: plataforma de aprendizado

Foi no esporte que a bancária Adriana Fragoso, 51 anos, encontrou a solução para amenizar a dificuldade cognitiva do filho, Luiz Fernando Fragoso, 13 anos. A iniciativa de inscrever o filho no xadrez do programa municipal Iniciação Esportiva, em Guarulhos (SP), tinha como expectativa o desenvolvimento do adolescente. "Imaginei que iria ajudar ele a evoluir o raciocínio intelectual, até mesmo o emocional, e, realmente, foi isso que aconteceu. O Luiz passou a ficar mais atento, o jogo fez com que ele pudesse pensar com mais calma para tomar uma decisão ou atitude", explica a mãe.

A bancária Adriana Fragoso e o filho, Luiz Fernando Fragoso | Foto: Arquivo Pessoal

Segundo Adriana, o filho, que nasceu com uma pequena deficiência intelectual, é competitivo e, no início, só queria aprender como vencer a disputa. "A dificuldade foi entender o jogo e como fazer para ganhar e dar xeque-mate. Mas, quando o professor deu a ele um manual, com um caderno de exercícios e práticas, as facilidades de entendimento e posição de peças ficaram mais claras para ele", comemora. A evolução de Luiz só não foi maior porque as aulas foram interrompidas devido à pandemia. "Hoje, retardou um pouco o processo de raciocínio e estratégia que ele estava aprendendo no jogo. Mas, as táticas do xadrez o ajudaram ainda mais na comunicação verbal e cognitiva", complementa.

Disciplina, esporte e saúde

Para o professor de xadrez, Laércio Correia Filho, além de conhecer as regras, a disciplina, como em todos os esportes, é apenas mais um dos pontos essenciais para aprender a jogar no tabuleiro. "É fundamental para o jogador de xadrez a dedicação ao estudo e ao treinamento constante. Tudo no jogo pode ser considerado decisivo. Os dois jogadores têm que estar atentos, o emocional e a experiência contam muito. Temos o fator tempo, mas, como é uma batalha de mentes, aquele que está mais concentrado, mais calmo pode ter um fator mais que decisivo", aponta ele, que coordena a modalidade em Guarulhos (SP).

O professor Laércio Correia Filho durante uma partida com Luiz Fernando Fragoso | Foto: Arquivo Pessoal

Segundo o enxadrista, não é apenas na esfera esportiva que a modalidade pode ser aplicada. A influência do jogo pode estar presente em diversos aspectos do cotidiano. "Além de ser um dos esportes da mente mais conhecido e jogado no mundo, tem inúmeros benefícios, como memorização, empatia, resolução de problemas e tomada de decisões, socialização, formação de caráter, imaginação, criatividade e aceitação de regras. Também há estudos que mostram que algumas doenças são prevenidas pela prática do xadrez, entre elas o Alzheimer e muitas doenças senis", conclui o professor.

Revelado após o fechamento dos portões, a expectativa em torno do tema da redação do Enem 2020 deu vez a um sentimento de contentamento por abordar um assunto tão sensível e atrelado ao cotidiano, sobretudo no atual período de pandemia. “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”, é a temática da dissertação indicada pelo Ministério da Saúde (MEC), neste domingo (17).

O presidente da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria, Dr. Amaury Cantilino, aprovou a escolha do MEC e acredita que a ampliação do debate é fundamental para reduzir casos de psicofobia - quando há preconceito contra pacientes de transtornos mentais e seus respectivos tratamentos. “A gente fica muito contente. O fato de ter isso como tema do Enem é um trabalho em conjunto da Sociedade de Psiquiatria, da Imprensa, que tem participado do debate, e da sociedade em geral, que já vem trabalhando nesse tema há bastante tempo”, ressaltou.

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Para o psiquiatra, o tema deve facilitar o desenvolvimento do conteúdo para o grande público do Enem. De acordo com Cantilino, cada vez mais os jovens têm se interessado pelas pautas de saúde mental e, consequentemente, eles sofremmenos dificuldades para conversar sobre os próprios transtornos. "O jovem consegue ter uma visão dos transtornos mais aprofundada do que a gente tem. Cada vez mais ele não se sente envergonhado", pontuou.

A psicóloga Thaís Oliveira reforça a importância de abordar uma perspectiva 'humanizada' sobre a temática, o que pode garantir uma boa pontuação na prova escrita. “Eu acho que é um ponto positivo desse tema vir à tona. Ele diz respeito ao fortalecimento das questões que envolvem transtorno para as pessoas falarem mais sobre a saúde mental”, destacou.

Ela lembra que a discussão acerca do assunto era muito negligenciada, mas a condição de julgamento se modificou nos últimos anos. “Pensando nesse campo emocional, de fato ainda tem muito tabu quando a gente discute sobre a questão dos transtornos mentais. Isso vem muito arraigado ao próprio esclarecimento, que não se tinha antes em relação a essas questões de transtornos mentais”, descreveu.

Depois de sofrer de depressão por mais de 15 anos, a alemã Lena Ulrich achou que havia encontrado um certo equilíbrio, até que a pandemia do coronavírus chegou com sua série de restrições na vida social.

"Tinha estruturado e organizado minha vida de uma forma que funcionava bastante bem para mim (...) Tudo desmoronou relativamente rápido (...) e acabei com um episódio depressivo bastante forte e longo", desabafa esta moradora de Colônia, de 37 anos.

Ela é uma das muitas pessoas, cujos transtornos psiquiátricos pioraram com a crise sanitária resultante da pandemia do novo coronavírus.

Na Alemanha - assim como em outros lugares -, seu acompanhamento médico se viu muito afetado pelo fechamento de estruturas de apoio, devido às medidas anticovid-19: primeiro em março e, novamente, desde dezembro, com a segunda onda epidêmica no país.

Embora vários estabelecimentos tenham proposto serviços on-line, ou por meio de aplicativos de mensagem por celular, os resultados não são muito conclusivos neste setor, onde as trocas diretas continuam sendo primordiais.

- Excesso de isolamento, ou de contato

De acordo com a Fundação Alemã de Ajuda às Vítimas da Depressão (DDH), as pessoas com essa doença vivenciaram as restrições da primavera boreal (outono no Brasil) com mais do que o dobro de estresse da população média.

Mais da metade delas também sofreu restrições no acesso aos tratamentos, acrescenta.

As clínicas psiquiátricas ambulatoriais, os centros de aconselhamento e os serviços de prevenção do suicídio receberam mais pedidos de ajuda este ano, inclusive a distância, de acordo com Dietrich Munz, que dirige a Câmara Alemã de Psicoterapeutas.

"Agora, há toda uma série de estudos que mostram que o estresse mental causado pelas medidas restritivas também pode levar a uma doença mental", explicou à AFP.

Georg Kepkowski, de 58 anos, lembra como foi ruim: é como se "os alicerces que me ajudaram a permanecer estável tivessem vido abaixo".

"O contato social com meus amigos e familiares era muito limitado. Eu me sentia isolado e, por isso, entrei em depressão", afirma.

Nada surpreendente, segundo Munz, que afirma que o isolamento social pode deteriorar a saúde psicológica.

"As pessoas são seres sociais. Isso significa que buscamos e precisamos de trocas interpessoais, sejam pequenas conversas no trabalho, sejam confidências com amigos", completou.

O governo alemão prolongou o confinamento parcial do país até o final de janeiro. As autoridades pedem à população que saia de casa apenas em caso de extrema necessidade e que, neste inverno (verão no Brasil), renuncie às excursões de fim de semana às montanhas.

Também há o outro lado.

Ficar fechado durante dias, no mesmo espaço, com as mesmas pessoas, devido ao teletrabalho e à restrição das saídas, também pode aumentar a ansiedade.

"Excesso de proximidade também pode provocar estresse psicológico", lembra Munz, que afirma que "reduzir a troca exclusivamente à família é difícil, se houver muito poucas oportunidades para se isolar".

Em uma pesquisa recente da seguradora de saúde Pronova BKK, 75% dos 154 psiquiatras e psicoterapeutas entrevistados acreditam que os casos de doenças mentais vão aumentar nos próximos 12 meses.

No contexto da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e do isolamento imposto para conter a disseminação da Covid-19, aumentou o uso das plataformas online de videoconferência como forma de manter o contato social entre as pessoas. Mas o excesso de encontros virtuais acabou produzindo uma espécie de “fadiga do zoom”, segundo identificou a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Para mostrar o impacto das videoconferências na saúde mental dos brasileiros, a ABP realizou a primeira pesquisa sobre o tema no período de 14 de agosto a 21 de novembro. A sondagem revela a elevação das queixas de pacientes sobre o excesso de trabalho por videoconferências nos últimos cinco meses, recebidas por 56,1% dos psiquiatras associados da ABP entrevistados. 

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“Os pacientes relataram que a “fadiga do zoom” é um fato na vida delas, que elas de fato aumentaram o trabalho via teleconferência e adoeceram, precisaram de ajuda”, disse à Agência Brasil o presidente da ABP, Antonio Geraldo da Silva.

O levantamento foi feito junto aos psiquiatras associados da ABP que atendem no Sistema Único de Saúde (SUS), no sistema privado e suplementar, e mostrou também que 63,3% deles perceberam um aumento de prescrição de psicotrópicos (remédios controlados) para tratar pessoas que tinham a queixa de excesso de trabalho por videoconferência. Os médicos associados da ABP notaram ainda a elevação de 70,1% da necessidade de prescreverem psicoterapia para seus pacientes também com essa fadiga.

Fato novo

“É uma situação nova, é um fato novo. Mas estamos percebendo que há um cansaço das pessoas em usar a videoconferência, porque ela retira de você toda privacidade, aumenta sua carga de trabalho e sua carga de descanso fica comprometida e isso é, realmente, adoecedor”, disse Silva. 

De acordo com o presidente da ABP, as pessoas passaram a trabalhar em casa e os horários rotineiros foram rompidos. “Os chefes passaram a entender que as pessoas estão disponíveis 24 horas”. No teletrabalho, muitas vezes, as pessoas entram em uma videoconferência às 8h e saem somente ao meio-dia”, disse Silva. “Houve uma perda dos limites relacionais”.

Na avaliação do presidente da ABP, o cuidado com a saúde mental da população deve ser abrangente e direcionado a todos para haver uma mudança de pensamento e comportamento. Enfatizou que as preocupações com a onda de consequências à saúde mental derivadas da pandemia permanecem com tendência ascendente. 

Segundo Silva, a agenda da saúde mental “é urgente e será um dos pilares para o bom enfrentamento às demais consequências trazidas pela pandemia. A saúde mental é a chave para enfrentarmos o cenário atual e seus desdobramentos”.

A ABP estima que há 50 milhões de pessoas com algum tipo de doença mental no Brasil. O país engloba o maior número de pessoas com casos de transtornos de ansiedade do mundo. São cerca de 19 milhões de casos, que correspondem a 9% da população. Além disso, o Brasil ocupa o segundo lugar no mundo e o primeiro na América Latina em pessoas com quadros depressivos.

Filtro

Na avaliação do psiquiatra Jorge Jaber, da Associação de Psiquiatria do Estado do Rio de Janeiro (Aperj), o excesso de informações pode provocar um certo cansaço mental. Ele recomenda que as pessoas utilizem um filtro, uma seleção das fontes, buscando instituições tradicionais para obter conhecimento ou tirar dúvidas.

Sobre prescrição de remédios, Jaber vê uma tendência comum nos pacientes psiquiátricos de conseguir mais receitas do que seria necessário. Neste momento de pandemia, ele atribui esse movimento a três fatores: o custo muitas vezes inacessível das consultas; a redução da capacidade do atendimento público aos pacientes psiquiátricos; e o receio do paciente de não ter o remédio à mão, em um momento de crise.

Uma pesquisa divulgada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), revelou que adolescentes tiveram piora na saúde, humor e na aprendizagem durante a pandemia do novo coronavírus. As informações são do documento Convid Adolescentes - Pesquisa de Comportamentos, que investigou 9.470 brasileiros de 12 a 17 anos, quanto à rotina, atividades escolares, estilo de vida e saúde.

Aprendizagem no EAD

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Na educação a distância (EAD), os adolescentes também sofreram impactos. De acordo com a pesquisa, 59% disseram ter mais dificuldades para se concentrar, 38,3% falta de interação com os professores, e 31,3% indicaram falta de interação com amigos. Com relação à compreensão dos conteúdos, 47,8% dos adolescentes relataram estar entendendo pouco, e 15,8% disseram não estar entendendo nada.

Entre os mais velhos, dos 16 aos 17 anos, um em cada quatro estudantes tem melhor compreensão.

Saúde e humor

Segundo o levantamento, 30% dos entrevistados acham que a sua saúde piorou durante a pandemia. Na comparação entre meninas e meninos, constatou-se que meninas relataram maior proporção de piora do estado de saúde (33,8%) do que os meninos (25,8%). A diferença também ocorre quanto à faixa etária, entre os mais velhos (37,0%) e os mais novos (26,4%).

Além da saúde física, os adolescentes tiveram a saúde mental impactada devido ao isolamento social. Do total de entrevistados, 32,8% disseram que se sentiram isolados por não ter o mesmo contato com os amigos. Outros 4% sentiram-se isolados em alguns momentos, e 10,4% tiveram esse sentimento durante todo o período. E

Esses dados ainda podem ser mais preocupantes, pois grande proporção dos adolescentes disseram se sentir tristes na maioria das vezes (31,4%). Segundo os dados, o relato de tristeza é maior entre as meninas (27,7%). Além disso, o percentual é maior entre os mais velhos (38,3%) do que entre os mais novos ( 29,6%). A pesquisadora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Margareth Guimarães Lima, diz que “sentir-se preocupado, nervoso ou mal-humorado foi relatado por 48,7% dos adolescentes, na maioria das vezes ou sempre". "Entre as meninas, o percentual foi de 61,6%”, acrecentou a pesquisadora, segundo informações da assessoria de comunicação.

Em tramitação na Câmara dos Deputados, o projeto de lei de autoria do deputado Alexandre Padilha (PT-SP) exige que o governo federal edite uma norma regulamentadora para combater riscos à saúde mental no ambiente de trabalho. A proposta tem como objetivo diminuir a incidência de distúrbios de ordem mental relacionados a empregos, a exemplo de esgotamento físico, depressão e estresse.

No argumento do autor da PL, ainda não existe uma norma regulamentadora exclusiva para tratar de riscos psicossociais no ambiente de trabalho. Essas normas são regras complementares à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

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“Vários estudos científicos abordam a questão dos riscos psicossociais nos diversos segmentos de atuação. Todavia, é evidente a ausência de medidas reguladoras de enfrentamento e intervenção, capazes de minimizar os riscos e danos causados, muitas vezes por desconhecimento, gestão e até negligência do empregador”, argumentou o deputado, conforme informações da Agência Câmara de Notícias.

A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho aponta alguns causas de problemas relacionados à saúde mental dos trabalhadores. Algumas delas são carga de trabalho excessiva, falta de clareza na definição das funções, assédio e má gestão de mudanças organizacionais.

Com informações da Agência Câmara de Notícias

A Troposlab, empresa especializada em inovação, conduziu uma pesquisa que analisou os impactos na saúde mental dos empreendedores durante a pandemia de Covid-19. Realizado em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o estudou contou com 653 participações de empresários brasileiros.

De acordo com a pesquisa, 51,1% dos empreendedores disseram que tiveram a vida afetada pela pandemia, mas se sentiram bem a maior parte do tempo. Por outro lado, 24,9% dos entrevistados alegaram que foram muito afetados.

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Ainda segundo o estudo, 15,6% dos entrevistados revelaram que precisaram de acompanhamento e cuidados com a saúde mental. Eles usaram antidepressivos e ansiolíticos.

“Os sintomas de doenças psicológicas aumentam à medida que o rendimento familiar cai, ainda que com força pequena. Mas quanto mais o empreendedor percebe que possui estratégias pessoais para lidar com os desafios trazidos pela pandemia, menores são os seus níveis de adoecimento psicológico”, comentou a sócia e diretora de cultura da Troposlab, Marina Mendonça, conforme informações da Agência Sebrae de Notícias.

A análise mostrou também que as mulheres empreendedoras apresentaram maior intensidade de sintomas para ansiedade (28,5%) na comparação com os homens, cujo percentual foi 22,2%. Elas também sentiram mais estresse (5,36%), enquanto 5,22% dos empresários foram impactados.

No que diz respeito à depressão, a pesquisa revelou que a maior prevalência também foi em donas de negócios, atingindo 10,4% desse público. Entre os homens, a doença afetou 3,4%.

“O relatório afirma ainda, que 80% dos empreendedores apresentam níveis baixos de estresse, ansiedade e depressão, enquanto cerca de 4 a 6% apresentam níveis severos dos mesmos sintomas. Desses, 13,8% dos respondentes disseram que sim para depressão, enquanto 50,7% disseram que sim para ansiedade. Os estados de São Paulo, Goiás e Distrito Federal foram que mais apresentaram frequência em sintomatologia alta, o que poderia apontar para níveis de sofrimento psicológico mais altos”, informou o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

A pesquisa concluiu que, em meio ao crítico cenário de saúde e econômico da pandemia do novo coronavírus, os empresários que conseguiram desenvolver um plano de contingência tiveram melhor resultado e sofreram menos efeitos de transtornos de ordem mental. “Os empreendedores que têm maior propensão a planejar suas ações, além de garantir maior chance de vida ao seu empreendimento, também conseguem reduzir os efeitos negativos da pandemia sobre sua qualidade de vida”, acrescentou o presidente do Sebrae, Carlos Melles, conforme informações da agência de notícias do órgão.

Jogar videogame pode ser benéfico para a saúde mental, afirma um grupo de pesquisadores da Universidade de Oxford em um estudo publicado nesta segunda-feira (16), baseado nos jogos "Animal Crossing" da Nintendo e "Plants vs. Zombies" da Electronic Arts.

"Ao contrário dos temores generalizados de que muito tempo gasto jogando videogame pode gerar vício e prejudique a saúde mental, encontramos uma pequena correlação entre jogos e bem-estar", afirmam os autores da pesquisa.

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"Nossos resultados são a favor da ideia de que os jogos online oferecem uma alternativa satisfatória aos encontros frente a frente neste momento excepcional" de contatos restritos por causa da pandemia do novo coronavírus, afirma Matti Vuorre, um dos autores do estudo, à AFP.

Os videogames, especialmente os jogos online, são frequentemente acusados de afetar a saúde psicológica dos jogadores. Estudos anteriores criticaram o efeito dos períodos excessivamente longos nos mais jovens. Desde 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o vício em videogames como uma doença psicológica, "uma decisão criticada por muitos pesquisadores", segundo Vuorre.

Ao contrário de estudos anteriores baseados em autoavaliações de tempo realizadas com os jogadores, os pesquisadores de Oxford usaram dados das conexões virtuais fornecidas pelos desenvolvedores.

Trabalhando com a EA e Nintendo, "pela primeira vez, fomos capazes de questionar a relação entre forma de jogar e o bem-estar", acrescentou outro autor do estudo, o professor Andrew Przybylski, em comunicado.

Assim, pessoas que passam mais de quatro horas por dia em média jogando "Animal Crossing" comentaram estar mais felizes.

Tanto este jogo de simulação quanto o jogo de "Plants vs. Zombies" têm gráficos coloridos semelhantes aos de desenhos animados, e nenhum deles está entre os títulos mais polêmicos por sua violência ou incitação para gastar dinheiro.

"Nossos resultados foram notavelmente semelhantes para os dois títulos, que não pertencem ao mesmo gênero", explica Vuorre. "A realização de estudos adicionais fornecerá a oportunidade de estudar uma amostra mais ampla de gêneros", disse ele.

Sintomas de ansiedade e depressão afetam 47,3% dos trabalhadores de serviços essenciais durante a pandemia de Covid-19, no Brasil e na Espanha. Mais da metade deles — e 27,4% do total de entrevistados — sofre de ansiedade e depressão ao mesmo tempo. Além disso, 44,3% têm abusado de bebidas alcoólicas; 42,9% sofreram mudanças nos hábitos de sono; e 30,9% foram diagnosticados ou se trataram de doenças mentais no ano anterior a uma pesquisa coordenada pela Fiocruz, e feita em parceria com outras instituições.

Esses são os principais resultados apresentados no artigo Depressão e Ansiedade entre trabalhadores essenciais do Brasil e da Espanha durante a Pandemia de Covid-19: uma pesquisa pela Web (Depression and Anxiety Among Essential Workers From Brazil And Spain During The Covid-19 Pandemic:a websurvey), aceito na revista cientifica Journal of Medical Internet Research.

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Os resultados referem-se a pesquisa feita pela web no início da pandemia na Espanha (entre 15 de abril e 15 de maio) e no Brasil (entre 20 de abril e 20 de maio), contabilizando 22.876 questionários preenchidos. Da amostra total, pouco mais de 16% (3.745) eram trabalhadores em serviços essenciais (principal foco do estudo), sendo 2.842 (76%) brasileiros e 903 (24%) espanhóis. Esses 3.745 responderam “sim” à pergunta: “Você está atualmente trabalhando como profissional de saúde ou de outros serviços essenciais (transportes, alimentação, limpeza)?”.

Os pesquisadores Raquel De Boni, Francisco Inácio Bastos e Jurema Mota, do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), participaram ativamente da condução da pesquisa, que conta também com a participação de pesquisadores da Universidade de Valencia (Espanha) e do Hospital de Clinicas de Porto Alegre(HCPA)/ Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade (UFRGS).

De acordo com os resultados preliminares, os sintomas de depressão e ansiedade são maiores entre os trabalhadores de serviços essenciais do Brasil, atingindo 55% do total, em relação aos mesmos trabalhadores na Espanha (23%). Na época da pesquisa, a Espanha passava por seu pior momento da epidemia. “Esperávamos o contrário”, relembra Raquel. Para Francisco, há algumas hipóteses, entre elas o desemprego: “Vários artigos publicados durante a crise econômica grega mostraram o desemprego e ameaça de desemprego como fatores importantes na geração de estresse e depressão. E o impacto econômico da Covid-19 está sendo muito forte no mercado de trabalho”.

Raquel acredita que determinantes sociais da saúde, como as condições socioeconômicas e as inequidades em saúde, também parecem explicar essa discrepância. “É preciso que se tenha atenção redobrada à saúde mental dos trabalhadores em locais onde se agregam múltiplos problemas sociais e de saúde. Segundo a teoria de sindemias (proposta por Merrill Singer nos anos 90), a presença dessas situações simultaneamente age de forma sinérgica, aumentando o risco de problemas de saúde, tanto física quanto mental”.

Outros resultados da pesquisa apontam que a maior parte dos trabalhadores de serviços essenciais que respondeu à pesquisa no Brasil é de mulheres (72,2%), tem idade média de 39 anos e curso universitário (56,5%) ou mestrado/doutorado (28,5%).

Francisco e Raquel destacam que, em tempos normais, a ciência vem mostrando que um estilo de vida pouco saudável tende a aumentar os problemas de saúde mental. Numa crise como a que estamos vivendo com o coronavírus Sars-CoV-2 (causador da doença Covid-19), mudanças bruscas do estilo de vida vêm acontecendo de várias formas em muitos países a partir do isolamento social em larga escala. Assim, não é difícil pensar que essas mudanças podem piorar a saúde mental – causando problemas como depressão e ansiedade, além de dependência de álcool e outras drogas. Em outras grandes crises, como o ataque às Torres Gêmeas em New York e a epidemia de Sars na Ásia, constatou-se que grandes mudanças no estilo de vida ampliaram as doenças de ordem mental.

“Nossos dados mostraram, por exemplo, que um estilo de vida pouco saudável esteve associado a uma chance oito vezes maior de um profissional de serviços essenciais ter sintomas de depressão e ansiedade durante o início da pandemia na Espanha e no Brasil”, conta Flavio Kapcisnzki, pesquisador do HCPA/UFRGS e da McMaster.

O estilo de vida foi avaliado por uma escala (Smile-C) que abrange 27 questões distribuídas por sete áreas: dieta e nutrição; abuso de substâncias (álcool, drogas, remédios); atividade física; gerenciamento do estresse; sono restaurador; apoio social; e exposição ao ambiente externo. Segundo Francisco, o fator dieta e nutrição recebeu uma atenção especial na pesquisa.

“Em agosto, foi publicado o resultado de uma pesquisa de mudanças alimentares do estudo coorte Nutrinet Brasil que mostrou um dado preocupante. Apesar de ter havido um aumento geral do consumo de alimentos mais saudáveis no Brasil após a epidemia de Covid-19, paralelamente cresceu o consumo de alimentos ultraprocessados nas regiões economicamente menos desenvolvidas e por pessoas com menor escolaridade. Essa mudança na dieta regular induz à obesidade, à hipertensão e à diabetes nesses segmentos, elevando os riscos diante da Covid-19”, explica Francisco.

Flavio ressalta que, nas grandes cidades do mundo, o estilo de vida tem sofrido pelo sedentarismo, má dieta, uso de álcool, tabagismo e solidão. Modificar esses comportamentos representa um grande desafio tanto para os indivíduos quanto para a saúde pública.

Da assessoria da Fiocruz

Ir à igreja, caminhar no parque e se encontrar com as amigas para o café da tarde. Essa era a rotina de Neuraci Batista Rios, 79 anos, de Guarulhos (SP), que, assim como milhares de idosos, teve suas atividades impactadas pela pandemia de coronavírus. "Ficar longe das pessoas tem sido um processo difícil", comenta a aposentada, que mora sozinha.

Com a orientação de distanciamento social, Neuraci conta que só vê uma de suas filhas quando há a necessidade de fazer compras no mercado. Como a pandemia atinge a população idosa de maneira específica, manter as pessoas próximas, mesmo que não fisicamente, é importante em um momento onde sensações de abandono e solidão podem tomar conta. "Atitudes empáticas são muito importantes. No início da pandemia, vimos algumas pessoas sendo solidárias com os idosos e se oferecendo para fazer pequenas atividades na rua. É importante pensarmos como o social está estreitamente ligado aos dramas humanos", comenta a psicóloga Giovanna Alves.

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Uma pesquisa realizada pela American Association of Geriatric Psychiatry indicou que 20% da população acima dos 55 anos têm algum tipo de problema de saúde mental. Segundo Giovanna, tais patologias podem ser prevenidas por meio de jogos que reforcem a memória. "Muitos desses idosos possuem seus próprios eletrônicos, que podem ser os únicos aliados neste momento, servindo de passatempo saudável", diz.

Sem festas

Na casa de Hammila Rodrigues, 82 anos, de São Paulo (SP), as festas sempre foram uma oportunidade para encher o lar de amigos e familiares. Mas os cuidados para não se infectar ou transmitir Covid-19 pausaram as reuniões. "Sinto falta do barulho. Não é porque a gente é velho que tem que parar no tempo. Desde nova gosto de festas músicas e gente em casa", comenta ela, que sente falta do clima festivo.

Além de deixar alguns prazeres de lado, Hammila conta precisou desmarcar consultas médicas e que algumas de suas necessidades também tiveram que ser adiadas. Apesar da saudade que guarda, ela afirma que estar sozinha tem sido uma experiência positiva. "Sinto falta de fazer as coisas para minha família, mas não posso negar que este é um dos poucos momentos na vida em que pude focar apenas em mim e nas minhas vontades".

A aposentada Neuraci compartilha do pensamento de Hammila, e diz que foi preciso se adaptar a essa nova realidade. "Via meus netos quase todo dia, sinto uma falta imensa, mas redescobri coisas que gosto de fazer e já não colocava em prática há tempos, como jogar palavra cruzada ou assistir meus programas de TV. Antes meu tempo era todo dedicado a eles. Agora posso fazer o que quiser no meu dia. A única coisa é que preciso descobrir o que me interessa dentro de casa", conta.

Neuraci e Hammila fazem parte dos 28 milhões de brasileiros com mais de 60 anos, o que representa 13% da população do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e que está dentro do grupo de risco da Covid-19. De acordo com o órgão, esse percentual tende a dobrar nas próximas décadas, segundo a pesquisa Projeção da População, divulgada em 2018.

 

Cientificamente comprovado que a arte que é capaz de gerar diferentes efeitos no corpo, sua prática viva auxilia no desenvolvimento de diferentes aspectos físicos e mentais. O LeiaJá separou os efeitos positivos que a arte pode fazer na saúde mental.

1 – Criatividade diária

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Seja criando fisicamente uma arte ou, graças à era digital, cuidando do feed do Instagram visando a um objetivo estético, ou apenas apreciando um anúncio que chamou a atenção, há criatividade em todos os aspectos da vida diária. Edward Hopper (1882-1967), um artista americano que trabalhou na primeira metade do século 20, capturou cenas da vida cotidiana em suas pinturas. No quadro Automat, uma mulher se senta sozinha e aprecia uma xícara de café. Sendo a rotina dos indivíduos um tema intrigante para diversos artistas.

2 – O efeito transformador da arte

De acordo com o DailyArt Magazine, "durante esse processo de olhar verdadeiramente para a arte, somos transformados e levados para outro lugar, um lugar fora da realidade’’. Essa experiência mentalmente transformadora tem um impacto físico no bem-estar. A experiência de olhar pode ser interativa, sensorial, cognitiva ou emocional, agregando efeitos a longo prazo para quem o pratica. "Ter acesso à arte e alimentar esse tipo de atividade pode alterar permanentemente a forma que as pessoas enxergam o mundo e a si próprio’’, comenta a psicóloga Ana Carolina Boian.

3 – Arte como terapia

A arteterapia vem se tornando uma forma frequentemente usada de psicoterapia para encorajar a expressão e a comunicação. Destinado a pessoas que lutam com problemas emocionais ou comportamentais, o processo de criação de arte ajuda a processar sentimentos ao mesmo tempo que reduz o estresse e a ansiedade. ‘’Também auxilia na manutenção da autoestima’’, comenta a psicóloga.

4 – Encarar a pintura como forma direta de expressão

Famoso por seu pioneirismo no expressionismo abstrato, a técnica desenvolvida por Jackson Pollock (1912-1956) exemplifica a forma que a arte pintada serve como expressão. Segundo o Artsy, ‘’ele usava toda a força de seu corpo para jogar tinta em telas enormes.’’.

5 – Atenção depositada ao visitar um museu

A atmosfera tranquila dos museus não é à toa. Ficar diante de uma tela ou pintura pode transportar a mente de quem observa para novos lugares. Sobre seu benefício à saúde mental, Boian comenta que ‘’este efeito proporciona uma distração da vida cotidiana, esclarecendo o porquê a arte é, e deve ser, para todos’’.

O pai do falecido DJ sueco Avicii e o goleiro do Liverpool, Alisson Becker, solicitarão no sábado que mais verbas sejam destinadas à saúde mental que, de acordo com a OMS, organizadora de uma campanha, é a "grande esquecida" de uma pandemia que devastou os serviços especializados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) preparou o terreno, nesta segunda-feira, ao apresentar um balanço que destaca o alcance dos danos neste setor da saúde.

A arrecadação de fundos, que será realizada pelas redes sociais, também contará com a participação da mãe da cantora Lady Gaga, Cynthia Germanotta, da rainha Matilde da Bélgica, e da viúva do cantor do Linkin Park, Chester Bennington, que assim como o DJ Avicii, cometeu suicídio.

De acordo com uma pesquisa realizada em 130 países para tentar quantificar o impacto, 93 deles apontaram graves perturbações nos serviços especializados de saúde mental. E, enquanto 83% dos países analisados reservaram fundos para a saúde mental nos planos para amenizar as consequências da covid-19, somente 17% destinaram os valores considerados necessários.

"É o aspecto esquecido da covid-19", afirmou a diretora da OMS encarregada da saúde mental, Devora Kestel, durante uma coletiva de imprensa virtual, na qual insistiu na necessidade de mais fundos.

Os países dedicam apenas 2% de seus orçamentos sanitários à saúde mental, e este valor muitas vezes não é suficiente para atender à demanda.

Com as mortes da pandemia e até mesmo o isolamento forçado para evitar o contágio, a demanda por esses serviços aumentou quase exponencialmente.

"A dor, o isolamento, a perda de renda e o medo desencadearam problemas de saúde mental, ou exacerbaram os já existentes", destacou a organização, acrescentando que, com ajuda, "muitas pessoas podem enfrentar o aumento do consumo de álcool e drogas, a insônia, ou a ansiedade".

Cerca de 30% dos países relataram perturbações na ajuda psiquiátrica de emergência e no fornecimento de medicamentos específicos.

Os serviços de prevenção foram particularmente afetados, mas a OMS afirma que, em diferentes partes do mundo, os países estão se adaptando principalmente através da telemedicina, ou da teleterapia.

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