Nesta sexta-feira (21), é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down, uma condição genética, que ainda é cercada por muitos tabus e falta de informação. Para desmistificar o assunto, a equipe de reportagem do Portal LeiaJá visitou a Associação de Pais e Amigos de Pessoas com Síndrome de Down (Aspad) e traz algumas histórias inspiradoras.
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“Não existe diferença nenhuma entre meu filho e qualquer outro adolescente”
A dona de casa Cláudia Santos da Silva e mãe de Nélio, de 16 anos, explicou como foi descobrir que seu filho tinha Síndrome de Down. “Não sabia muito bem o que esperar. Sempre achei que meu filho iria vir com algum tipo de problema, pois sou casada com meu primo e os antigos falam que primo que casa com primo, tem filho doente. Assim que ele nasceu, o médico falou logo que ele era especial”, afirmou.
Segundo Cláudia, a fase mais difícil foi a de quando Nélio era um bebê. “Os três primeiros meses de vida, foram os mais difíceis. Ele precisou fazer uma cirurgia no coração, por conta de um ‘sopro’ que ele teve. É uma coisa comum para os Downs, ter uma condição cardíaca, mas em muitos casos, basta uma cirurgia para corrigir e depois ele vive muito bem”.
De acordo com a mãe, não existe diferenças entre seu filho e qualquer outro adolescente que não tenha a síndrome. “Ele é muito comunicativo, brincalhão, sabe conviver bem em sociedade, se dá bem com todo mundo. A única diferença é que Nélio tem algumas limitações intelectuais, mas que não atrapalham na convivência dele com outras pessoas”.
“Foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida”
Giovane Araújo afirmou que seu maior medo é como será a vida do filho, após sua morte. “A gente não fica aqui a vida toda. Sempre fui precavido e tenho um pé atrás com tudo. Quando chegar a minha hora e da minha mulher, já selecionei algumas pessoas, cinco na verdade, que vão cuidar do Giovane pra mim. É a única coisa que me deixa realmente com medo, é saber que não vamos estar aqui durante toda a vida dele”, comentou emocionado.
O representante de vendas Giovane Araújo, pai de Giovane Carvalho, comentou que não teve uma boa aceitação ao saber da condição genética do filho. “Logo que ele nasceu, o médico veio nos contar que ele era down. Fiquei bem revoltado com Deus e cheguei a praguejar. Hoje eu digo, com toda a certeza do mundo, meu filho foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Ser pai de uma criança especial, te torna especial”.
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“Não pude abandonar o trabalho. O apoio da família foi fundamental”
A aposentada Ineide Pinheiro, de 62 anos, falou que foi um choque saber que seria mãe de uma menina com Síndrome de Down. “Foi um choque, além de muito preocupante, saber que minha filha era Down. Na época eu trabalhava no banco e minha preocupação era porque eu não podia deixar de trabalhar, pois precisava do dinheiro para bancá-la. Precisava dos benefícios que o emprego me dava, como o plano de saúde”.
A ex-bancária afirmou que a presença e apoio dos familiares foi fundamental para a crianção de sua filha. “Fui pedindo a ajuda da família e graças a eles, pude criar Kizzy com um pouco mais de tranquilidade. Um dia minha mãe ficava, no outro o marido, ou tia, tio e assim mobilizei a família inteira pra cuidar dela. Não pude abandonar o trabalho. O apoio familiar foi fundamental para o desenvolvimento dela”.
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“Eles precisam conviver mais com crianças que não tem down”
Lindinalva Pereira (55), contou que seu maior problema foi a falta de conhecimento sobre a condição genética que sua filha tem. “Foi tudo muito chocante, acredito que sempre é, pelo menos pra quem não tem informação como eu tinha. Fiquei com medo, pois criar um filho já é algo bem trabalhoso, ele sendo especial então, é bem mais. Graças a Deus, tive muito apoio da família e do meu marido”.
A mãe de Rebeca falou também, sobre a falta de preparo para o ensino para jovens com necessidades especiais. “Ela teve um acompanhamento melhor, da primeira a quarta série. Hoje em dia, por ser mais independente, ela não precisa mais do acompanhante. Ela está numa sala para idosos – numa escola do município, o que eu acho errado, ela tinha que estar em uma mais apropriada. Ela fica deslocada e não está feliz com isso. Acredito que ela precisa conviver mais com crianças que não tem down. Isso ajuda no desenvolvimento deles”, pontua.
Convívio melhora no desempenho de crianças com down
Recentemente, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), realizou um estudo sobre o desempenho dos jovens com necessidades especiais e sua relação nas escolas. A pesquisa avaliou o desempenho de 62 crianças matriculadas em instituições de ensino em São Paulo.
O levantamento apontou que os alunos matriculados em escolas normais, passaram a se locomover sem ajuda pela escola, a procurar outros colegas para brincar e transmitir suas ideias através de fala, gestos ou imagens. Já as crianças que estavam em escolas especiais não tiveram mudanças significativas nas áreas analisadas pela associação.
Campanha retrata vida de pessoas com a síndrome
Associação Italiana CoorDown - para pessoas com Síndrome de Down - fez um vídeo em resposta a um e-mail, enviado por uma mãe que descobriu que terá um bebê especial. Com depoimentos de 15 pessoas que têm a Síndrome de Down, o vídeo foi produzido pela agência Saatchi & Saatchi para a associação italiana. “Às vezes será muito difícil. Quase impossível. Mas qual mãe não passa por situações assim?”, perguntam os participantes do filme.
Ao longo dos 2 minutos e 30 segundos, os participantes afirmam que uma pessoa com o ‘cromossomo 21 extra’ pode fazer muitas coisas: abraçar; dizer ‘eu te amo’; ir à escola como todas as crianças; escrever uma mensagem quando estiver viajando – porque sim, eles podem viajar; poderá também trabalhar, ganhar seu dinheiro e até morar sozinho no próprio apartamento.
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