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A Rússia anunciou nesta terça-feira (22) que em breve vai retirar sua equipe diplomática da Ucrânia para "proteger suas vidas", depois que o Senado permitiu que o presidente Vladimir Putin use o exército no exterior. "Para proteger a vida e a segurança (dos diplomatas), a liderança russa decidiu evacuar o pessoal das missões estrangeiras russas na Ucrânia, o que será implementado em um futuro próximo", informou o Ministério das Relações Exteriores de Moscou em um comunicado.

O Ministério destacou que seus diplomatas receberam ameaças e que sua embaixada e consulado estão sob "ataques repetidos". "A Ucrânia mergulhou ainda mais fundo no caos", acrescentou o comunicado.

Várias embaixadas ocidentais se mudaram de Kiev para a cidade de Lviv, perto da fronteira polonesa, ao mesmo em tempo em que os Estados Unidos e seus aliados acusavam a Rússia de planejar há meses um ataque à Ucrânia.

Na segunda-feira, Putin reconheceu como independentes as regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, e assinou acordos com elas, abrindo as portas para a presença militar russa no país apoiado pelo Ocidente.

A Rússia realizou neste sábado (19) exercícios militares em larga escala que incluíram o disparo de mísseis poderosos, em uma nova demonstração de força em um momento em que os Estados Unidos dizem estar convencidos de uma invasão iminente da Ucrânia.

Apesar dessa situação cada vez mais tensa no leste da ex-república soviética entre as forças ucranianas e os separatistas pró-russos, com novos bombardeios que custaram a vida de um soldado de Kiev, seu presidente Volodimir Zelensky chegou à Alemanha para participar da Conferência de Segurança de Munique e receber apoio do Ocidente.

Por sua vez, os líderes das regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, onde está localizada a linha de frente que divide a Ucrânia, ordenaram a mobilização geral neste sábado, depois de anunciar a evacuação de civis na sexta-feira.

Alimentando ainda mais este coquetel explosivo, o presidente russo Vladimir Putin supervisionou pessoalmente neste sábado exercícios "estratégicos" disparando mísseis "hipersônicos", novas armas que o chefe do Kremlin descreveu recentemente como "invencíveis" e que podem transportar uma carga nuclear.

"Os objetivos planejados durante os exercícios das forças estratégicas de dissuasão foram totalmente cumpridos. Todos os mísseis atingiram os alvos estabelecidos", disse a Presidência russa em comunicado.

A televisão pública transmitiu imagens de Putin sentado ao lado de seu colega e aliado bielorrusso, Alexander Lukashenko, ouvindo em uma sala de crise os relatórios de seus generais por videoconferência.

Bombardeiros Tu-35 e submarinos participaram dos exercícios, segundo o Kremlin.

- "Preparadas para atacar" -

Os Estados Unidos acusam a Rússia de preparar um ataque iminente contra a Ucrânia, seu vizinho pró-ocidental, algo que Moscou nega, embora exija garantias de segurança como a retirada da Otan do Leste Europeu e a sua não ampliação, exigências inaceitáveis para o Ocidente.

Washington estima que a Rússia tenha 190.000 soldados nas fronteiras e território da Ucrânia, incluindo as forças rebeldes separatistas.

As tropas russas na fronteira com a Ucrânia estão "se deslocando" e "se preparando para atacar", garantiu neste sábado o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, durante uma visita à Lituânia.

Na véspera, o presidente Joe Biden disse estar "convencido" de que Putin decidiu invadir a Ucrânia e que a multiplicação de incidentes no leste daquele país buscava criar uma "falsa justificativa" para lançar seu ataque na próxima semana ou dias.

Mas, enquanto uma invasão não ocorrer, "a diplomacia é sempre uma possibilidade", disse Biden, anunciando uma reunião entre seu secretário de Estado, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, na próxima quinta-feira.

As preocupações da Rússia com a Ucrânia "devem ser respeitadas", disse o diplomata chinês Wang Yi neste sábado.

Em Munique, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson pediu "unidade" entre os aliados ocidentais, e a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, declarou que a Otan será fortalecida no Leste Europeu no caso de um ataque russo à Ucrânia.

Na mesma linha, o chefe da Otan, Jens Stoltenberg, reafirmou o compromisso "infalível" dos membros da Aliança Atlântica de se protegerem mutuamente e garantiu à Rússia que só terá "mais Otan" se procurar ter "menos Otan".

"Moscou está tentando retroceder a história e recriar sua esfera de influência", acusou Stoltenberg.

Soldado ucraniano morto

No front leste da Ucrânia, as Forças Armadas ucranianas e os separatistas pró-russos acusaram-se novamente neste sábado de novos ataques e de violações do cessar-fogo. Um soldado ucraniano foi morto nos confrontos, anunciou Kiev.

"Como resultado de um bombardeio, um soldado ucraniano foi ferido fatalmente na explosão de uma granada", disseram as autoridades militares. O exército ucraniano relatou 66 incidentes armados na parte da manhã, um número particularmente alto, enquanto os rebeldes no reduto separatista de Donetsk chamaram a situação de "crítica".

Observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) - que monitoram este conflito desde 2014 - alertaram para um "aumento drástico" nas violações do cessar-fogo.

A OSCE, cujos membros incluem a Rússia e os Estados Unidos, desdobrou sua missão de paz na Ucrânia em 2014 após a anexação da península da Crimeia pela Rússia e a eclosão de um conflito entre Kiev e os separatistas no Donbas, que causou 14.000 mortes.

Neste contexto, a Alemanha e a França pediram neste sábado que seus cidadãos deixem "urgentemente" a Ucrânia devido ao risco de conflito armado no país, de acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores.

E, em meio aos contatos para buscar uma desescalada, Putin manterá uma conversa por telefone no domingo com seu colega francês Emmanuel Macron.

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira que o Brasil é "pacifista e torce pela paz", ao ser perguntado sobre o papel do País diante da viagem à Rússia, no meio da tensão militar entre o governo de Vladimir Putin e a Ucrânia.

"Somos um País pacifista, acompanhamos o que acontece no mundo, torcemos pela paz", declarou, em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, do canal Jovem Pan News. Sobre o anúncio do Ministério da Defesa russo de que algumas tropas estão sendo retiradas da fronteira com a Ucrânia, Bolsonaro diz que entende esse distensionamento "como grande gesto por parte de Putin". "Pregamos a paz aqui, na Ucrânia e pelo o que tudo indica uma solução está por acontecer", reforçou.

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Em novo gesto de paz, Bolsonaro disse que uma guerra não interessa a ninguém, principalmente com países nucleares. "A minha presença aqui é de que acredito numa solução pacifica para questões russas e nada mais além disso. Alguns achavam que eu não devia vir para cá tendo em vista esse contencioso, em vários países tem outros contenciosos também, como Israel."

Durante o encontro com Putin, o chefe do Executivo brasileiro destacou ao russo que é solidário ao país e que deseja colaborar nas áreas de defesa, petróleo, gás e agricultura. A afirmação sobre solidariedade vem em meio às tensões entre a Rússia e a Ucrânia. O presidente, no entanto, não citou diretamente o tema.

As autoridades do estado indiano de Karnataka reforçaram nesta quarta-feira (16) a segurança para a reabertura das escolas de ensino médio, depois de várias semanas de manifestações sobre o uso do hijab ou véu muçulmano em aula.

Os colégios de ensino médio reabriram neste estado do sul da Índia, em meio a uma grande vigilância policial.

Desde o final do ano passado, o uso do hijab criou tensões em Karnataka, onde algumas escolas proibiram as estudantes muçulmanas de usar o véu em aula.

O governo estatal fechou temporariamente todos os estabelecimentos escolares na semana passada depois que um tribunal proibiu temporariamente o uso de todos os símbolos religiosos na escola, enquanto se analisa a questão do hijab.

"Crescemos com o hijab, não podemos abandoná-lo. Não farei as provas, irei para casa", afirmou uma jovem no portal de notícias local News Minute.

"Os estudantes hindus vestem a cor laranja e os cristãos usam um rosário. Qual o problema de nossas filhas usarem o hijab?", questionou um pai de família no canal NDTV.

Outro pai, Nasir Sharif, de 43 anos, contou à AFP que sua filha de 15 anos foi obrigada a retirar seu véu na porta de sua escola nesta quarta-feira, no distrito de Chikmagalur. Finalmente conseguiu convencer as autoridades escolares a deixarem que ela fosse para a aula com a cabeça coberta e retirasse o véu quando chegasse lá.

Vários muçulmanos indianos afirmam que se sentem cada dia mais assediados pelo governo nacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados, Aécio Neves (PSDB-MG), disse acreditar no papel de intermediador do Brasil perante as tensões entre Rússia e Ucrânia. "Acreditamos que o Brasil, na recém qualidade de membro não permanente do CSNU (biênio 2022 - 2023), pode exercer importante papel de moderação, por meio de sua diplomacia, para que os cenários de conflito armado não se confirmem", escreveu ele, em nota divulgada nesta terça-feira, 15, pela CREDN. A CSNU é o Conselho de Segurança nas Nações Unidas.

Neves destacou que o Brasil mantém relações estratégicas com a Rússia, país com que integra o Brics (também formado por Índia, China e África do Sul). No caso da Ucrânia, citou que o País abriga hoje a maior comunidade ucraniana da América Latina, contando com mais de um milhão de pessoas, entre ucranianos e descendentes. "O Brasil também abriga a terceira maior comunidade de ucranianos e seus descendentes fora daquele país, depois dos Estados Unidos e Canadá", enfatizou.

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O presidente da Comissão salientou a importância do diálogo nesta segunda, 14, entre os chanceleres Carlos França, do Brasil, e Dmytro Kuleba, da Ucrânia. O comunicado comentou que o ministro brasileiro reiterou os propósitos da viagem do presidente, Jair Messias Bolsonaro, a Moscou, centrada nos temas econômicos e comerciais. "O gesto sinaliza a disposição do País em contribuir positivamente com as relações, evitando mal-entendidos e ruídos desnecessários", ressaltou.

Bolsonaro chegou hoje a Moscou e deve se encontrar com o presidente russo, Vladmir Putin, nesta quara, 16. Depois de se instalar no hotel, o chefe do Executivo saiu do local dentro de uma van. Mais cedo, o presidente brasileiro publicou uma mensagem nas redes sociais informando que já se encontrava no espaço aéreo da Rússia e, junto com a postagem, uma foto da notícia de que o país anfitrião ordenou a retirada de parte das tropas da fronteira com a Ucrânia.

"A comunidade internacional acompanha com apreensão, desde dezembro último, a uma escalada nas tensões entre a Rússia e a Ucrânia que, desejamos, possa ser paulatinamente reduzida com a ampliação do diálogo entre as partes, especialmente no âmbito do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (CSNU), instância adequada para a resolução pacífica dos conflitos", escreveu Aécio Neves.

O presidente da comissão, terminou o comunicado pontuando que a CREDN apoia a adoção de mecanismos de solução pacífica em relação aos desentendimentos registrados entre os dois países, que reflitam as leis e os ditames do direito internacional. "Esta Comissão seguirá acompanhando o desenrolar dos acontecimentos e espera, vivamente, que o seu desfecho tenha a paz como única solução."

O presidente russo, Vladimir Putin, classificou como "especulações provocativas" as acusações de que a Rússia esté preparando uma invasão da Ucrânia, durante uma conversa neste sábado (12) com seu homólogo francês, Emmanuel Macron - informou o Kremlin em um comunicado.

"Vladimir Putin e Emmanuel Macron discutiram [...] especulações provocativas relacionadas com uma suposta 'invasão' russa da Ucrânia, que é acompanhada de entregas significativas de armamentos modernos para este país", disse a Presidência russa em comunicado.

O Kremlin considera que essas acusações e esses meios militares criam "as condições para possíveis ações agressivas das forças ucranianas em Dombass", uma região no leste da Ucrânia onde a Rússia apoia separatistas armados há oito anos.

Putin voltou a reclamar que os Estados Unidos e a OTAN se neguem a aceitar "as iniciativas russas" para diminuir as tensões, ou seja, que a Aliança Atlântica ofereça garantias de que não se expandirá para o leste, nem vai incorporará a Ucrânia, e que opere retiradas de seus meios militares na Europa Ocidental. O Kremlin também acusou Kiev, mais uma vez, de torpedear o processo de paz na guerra de Dombass.

Na conversa deste sábado, o presidente francês disse ao colega russo, por sua vez, que "um diálogo sincero não é compatível com uma escalada militar" na fronteira da Rússia com a Ucrânia.

Tanto Macron quanto Putin "expressaram a vontade de continuar o diálogo" para implementar os acordos de Minsk sobre a região separatista pró-russa de Dombass (leste da Ucrânia) e sobre "condições de segurança e de estabilidade na Europa", especificou o Palácio do Eliseu, após um telefonema de 1 hora e 40 minutos entre os dois líderes.

Macron ressaltou, contudo, que os ocidentais estão "decididos a reagir", se as Forças Armadas russas lançarem uma operação na Ucrânia, declarou a Presidência francesa.

Ele também "transmitiu as preocupações de seus parceiros e aliados europeus", acrescentou a mesma fonte.

A discussão entre Macron e Putin é a continuação do encontro de cinco horas entre ambos, na última segunda-feira (7), no Kremlin. No dia seguinte, o líder francês viajou para Kiev, onde se reuniu com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky. Depois, Macron embarcou rumo a Berlim.

O Eliseu indicou que esta viagem diplomática atingiu seu "objetivo", ao permitir "avançar" para reduzir a tensão entre Rússia e Ucrânia.

Estados Unidos e Rússia estão retirando os funcionários não essenciais de suas respectivas embaixadas em Kiev, devido à escalada da crise na Ucrânia, enquanto Alemanha e Bélgica seguiram a decisão de outros países e também recomendaram, neste sábado (12), a saída de seu cidadãos o mais rápido possível.

O Departamento de Estado americano "ordenou a saída de funcionários da embaixada de Kiev que não atendem emergências", diante de uma "potencial ação militar russa importante" na fronteira, informou a embaixada no Twitter.

"Os cidadãos americanos na Ucrânia devem estar cientes do fato de que o governo não poderá retirá-los" no caso de uma ofensiva russa, que pode "começar a qualquer momento e sem aviso", acrescentou a mesma fonte em sua página online.

Na sexta-feira (11), os Estados Unidos já tinham recomendado a seus cidadãos que deixem a Ucrânia o mais rápido possível, um apelo também feito, na sequência, por outros países, como Reino Unido, Holanda, Canadá e Japão.

Assim como os EUA, a Rússia começou a reduzir sua presença diplomática na Ucrânia, justificando essa decisão por medo de "provocações" por parte das autoridades de Kiev, ou de um "terceiro país".

"Temendo as possíveis provocações do regime de Kiev, ou de terceiros países, decidimos, de fato, uma certa otimização do pessoal das representações russas na Ucrânia", disse a porta-voz da diplomacia russa em um comunicado divulgado neste sábado, respondendo a jornalistas sobre a redução de sua presença no país vizinho.

Também hoje, a Alemanha recomendou a seus cidadãos, cuja presença não seja "imperativa" na Ucrânia, a deixarem o país em um "curto prazo", já que não se descarta um conflito militar, afirmou seu Ministério das Relações Exteriores.

"As tensões entre a Rússia e a Ucrânia continuaram se intensificando nos últimos dias, devido à presença e ao movimento em massa de unidades militares russas perto das fronteiras ucranianas", afirmou o ministério.

"Não se exclui que haja um conflito militar", insistiu.

O anúncio da Alemanha foi feito após anúncio similar do governo belga, que aconselhou seus cidadãos a saírem da Ucrânia, assim como a evitarem viagens para este país, anunciou o Ministério das Relações Exteriores neste sábado.

"Cidadãos que estão na Ucrânia, cuja presença não seja absolutamente necessária, são aconselhados a deixar o país", disse o ministério belga em seu site, também recomendando que não se viaje para a Ucrânia.

"Se a situação se agravar, não está garantida uma retirada da Ucrânia. Por isso, recomenda-se sair do país, enquanto é possível", aconselharam as autoridades belgas, afirmando que a situação atual é "extremamente imprevisível".

Outros países da União Europeia (UE), como Estônia e Lituânia, também recomendaram a seus compatriotas que deixem esta ex-república soviética.

As instituições da UE recomendaram ao pessoal não essencial de sua representação em Kiev que abandone a Ucrânia e trabalhe de forma remota de outros locais.

A viagem do presidente Jair Bolsonaro à Rússia está mantida apesar da elevação de tensões entre Moscou e a Ucrânia, apurou o Estadão/Broadcast com fontes do Palácio do Planalto. Na tarde desta sexta-feira, 11, os Estados Unidos disseram ter a informação de que o presidente russo, Vladimir Putin, pode invadir a Ucrânia nos próximos dias.

Bolsonaro embarca para Moscou na noite da próxima segunda-feira, 14. Assessores da Presidência já se preparam para embarcar amanhã, em voo comercial. O presidente tem encontro marcado com Putin na quarta-feira, 16. No dia seguinte, segue para Budapeste, para agenda com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, líder nacionalista de extrema direita.

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Segundo o assessor de segurança nacional do presidente Joe Biden, Jake Sullivan, uma invasão pode ocorrer na semana que vem ou até mesmo no fim de semana. Sullivan disse ainda que não há informações se Putin já tomou a decisão, mas a inteligência americana trabalha com um cenário de uma ocupação rápida da capital, Kiev.

Um ataque russo poderia começar a qualquer dia e provavelmente começaria com um ataque aéreo, enquanto um rápido avanço em Kiev também é possível, disse o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca em entrevista coletiva.

Divergências

A situação no terreno vem sendo monitorada pelo Gabinete de Segurança Institucional e pelo Ministério da Defesa. O Estadão apurou que a equipe chefiada pelo ministro Augusto Heleno já se manifestou contra a viagem. A coordenação entre eles será crucial para uma decisão final, segundo auxiliares diretos do presidente.

Integrantes do Palácio do Planalto acompanham a apreensão internacional em torno da viagem presidencial a Moscou. Apesar disso, a equipe de Bolsonaro está dando andamento aos preparativos da viagem e incomodada com excesso de documentos e exames requisitados pelos russos à delegação.

Parte dos diplomatas já está em Moscou, enquanto outros embarcam neste sábado. Os integrantes de mais alto nível político, como ministros, embarcam com Bolsonaro na comitiva presidencial.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse nesta quinta-feira (10) que os cidadãos americanos na Ucrânia devem deixar o país imediatamente. Ele garantiu que não pretende enviar soldados para resgatar aqueles que queiram esperar uma invasão russa para fugir.

"Os cidadãos americanos devem sair agora", disse em entrevista à NBC News. "Não é como se estivéssemos lidando com uma organização terrorista. Estamos lidando com um dos maiores Exércitos do mundo. É uma situação muito diferente, e as coisas podem sair do controle rapidamente."

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Questionado se haveria algum cenário em que a Casa Branca possa enviar tropas para o resgate de americanos, Biden foi claro. "Não há. Quando os americanos e russos começam a atirar um contra o outro é guerra mundial", afirmou. "Estamos em um mundo muito diferente de antes."

Há semanas o Departamento de Estado americano aconselha os americanos na Ucrânia a deixar o país.

Os dois países estão em estado de conflito desde que Moscou posicionou mais de 100 mil soldados perto da fronteira com a Ucrânia. A Rússia afirma não planejar invadir o país vizinho, mas exige garantias do Ocidente de que a Otan não permitirá que Kiev e outras ex-nações soviéticas se juntem à aliança militar ocidental.

Apesar de intensos esforços diplomáticos para impedir uma guerra na região, milhares de tropas enviadas por Moscou à Belarus praticam exercícios militares. Comboios de sistemas de mísseis antiaéreos russos foram avistados ao longo de estradas cobertas de neve, como parte das manobras.

A Otan e seus membros também estão em movimento, indo para as fronteiras orientais da aliança. O Reino Unido posicionou mil soldados de prontidão para responder a uma possível crise humanitária na Europa Oriental se a Rússia de fato invadir a Ucrânia. O país também está enviando centenas de tropas para a Estônia e a Polônia como parte de uma demonstração de força da Otan.

Os Estados Unidos estão enviando navios para águas europeias. A Marinha não vinculou diretamente o envio de quatro destróieres à crise da Ucrânia, mas disse que fornecerá "flexibilidade adicional" ao comandante da Sexta Frota dos EUA, cuja área de responsabilidade inclui o Mediterrâneo, e operará em apoio aos aliados da Otan.

As autoridades canadenses trabalhavam para tentar controlar o protesto de caminhoneiros contra as restrições impostas como parte do combate à pandemia, que paralisa a capital do país há vários dias e ameaça virar uma grande crise política para o primeiro-ministro Justin Trudeau, que exigiu o fim imediato da manifestação.

O prefeito de Ottawa, Jim Watson, pediu ao governo federal a nomeação de um mediador para dialogar com os manifestantes e alcançar uma maneira de desativar os protestos, que irritam os moradores com suas incessantes buzinas e a fumaça.

No domingo, Watson declarou estado de emergência na cidade ao afirmar que os protestos estavam "fora de controle". Na segunda-feira ele pediu reforços ao governo federal para conseguir o fim do que chamou de "cerco". Ele deseja o envio de 1.800 policiais adicionais.

De acordo com estimativas, entre 400 e 500 caminhões bloqueavam o centro da cidade.

"Isto tem que parar", afirmou o primeiro-ministro Justin Trudeau na segunda-feira em seu retorno à Câmara dos Comuns, após uma semana de isolamento por contágio da covid-19.

"Esta pandemia tem sido uma merda para todos os canadienses. Mas os canadenses sabem que a única saída é continuar escutando a ciência", declarou, irritado com os protestos.

A situação levou o Parlamento a convocar uma reunião urgente para debater os próximos passos.

"O governo federal responderá", prometeu Trudeau à noite.

As manifestações do "Comboio da Liberdade" começaram em 29 de janeiro no oeste do Canadá por parte de caminhoneiros enfurecidos com as exigências de vacinação impostas para quem atravessa a fronteira entre Estados Unidos e Canadá, mas aumentaram para protestos contra as restrições impostas pelo governo de Trudeau para frear a pandemia.

Entre as cidades que registraram manifestações no fim de semana estão Toronto, Winnipeg e Quebec.

Uma da porta-vozes dos manifestantes, Tamara Lich, afirmou na segunda-feira que os ativistas estão dispostos a negociar com o governo para buscar uma solução para a crise, mas insistiram que as restrições devem ser reduzidas.

"O que tentamos fazer agora é entrar em contato com todas as partes a nível federal, para conseguir organizar uma reunião", declarou em um evento transmitido no YouTube. "Para que possamos começar os diálogos e ver como podemos avançar, obter a suspensão das restrições e mandatos, restaurar os direitos e liberdades dos canadenses e ir para casa", completou.

Após as críticas por ter permitido o bloqueio do centro da capital, com lojas fechadas, a polícia de Ottawa anunciou no domingo novas medidas para controlar os protestos, com a proibição da entrega de combustível e mantimentos aos manifestantes.

Várias pessoas foram detidas ou multadas, e veículos foram apreendidos.

Os diálogos entre Rússia e Ucrânia em Paris, em pleno recrudescimento das tensões na fronteira entre os dois países, "não foram simples" e vão continuar em uma nova rodada dentro de duas semanas em Berlim, anunciou nesta quarta-feira (26) o enviado do Kremlin, Dmitri Kozak.

"Precisamos de uma pausa adicional. Esperamos que este processo tenha resultados em duas semanas", acrescentou Kozak durante coletiva de imprensa após se reunir por oito horas com conselheiros diplomáticos de Ucrânia, França e Alemanha.

Em uma declaração conjunta, o chamado Quarteto da Normandia, criado em 2014 para buscar uma saída para a crise na Ucrânia, reafirmou seu apoio aos acordos de paz de Minsk "como base de trabalho" e comprometeu-se a tentar "mitigar" as divergências.

"Apesar de todas as diferenças de interpretação", os participantes concordaram em que "todas as partes devem manter o cessar-fogo" no leste da Ucrânia "em virtude dos acordos", acrescentou o enviado russo.

Kozak destacou, no entanto, que a situação no leste da Ucrânia, onde separatistas pró-russos autoproclamaram em 2014 duas repúblicas, e a tensão ao longo da fronteira russo-ucraniana são "dois assuntos diferentes".

O encontro em Paris visava a uma desescalada da tensão após uma série de conversas entre Rússia e Estados Unidos. Washington acusa Moscou de preparar um ataque iminente, após ter enviado milhares de soldados para a fronteira com a Ucrânia.

A Presidência francesa avaliou que o resultado da reunião representa "um bom sinal" obtido em "condições difíceis".

A próxima reunião em Berlim também ocorrerá no nível de conselheiros diplomáticos, já que, segundo Kozak, uma cúpula de mandatários "não está na agenda".

"Esperamos que nossos interlocutores compreendam nossos argumentos e que em duas semanas consigamos resultados", acrescentou.

"Nós queremos manter este diálogo", disse, por sua vez, o negociador ucraniano, Andrii Yermak, destacando que a declaração desta quarta-feira "é o primeiro documento significativo" que as duas partes conseguem acordar "desde dezembro de 2019".

Desde os acordos de Minsk de 2015, o front se estabilizou e os combates diminuíram. Mas a solução política para o conflito, que deixou mais de 13.000 mortos, está estagnada.

Líderes da Ucrânia tentaram acalmar a população do país com o argumento de que uma temida invasão russa não é iminente, embora reconheçam que a ameaça é real e se preparam para receber um arsenal de equipamentos militares dos EUA nesta terça-feira (25) para fortalecer suas defesas.

A Rússia nega que esteja planejando uma ofensiva, mas já mobilizou cerca de 100 mil soldados em áreas próximas da Ucrânia nas últimas semanas, levando os EUA e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) a acelerarem preparativos para uma possível guerra.

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Várias rodadas de diplomacia de alto nível falharam em gerar resultados, e as tensões se agravaram nesta semana. Na segunda, a Otan disse que está reforçando sua presença militar na região do mar Báltico e os EUA colocaram 8.500 soldados em prontidão para possível deslocamento para a Europa, como parte de uma "força de resposta" aliada, se necessário.

Os EUA determinaram que familiares de funcionários americanos da embaixada do país em Kiev deixem a Ucrânia. O Reino Unido, por sua vez, está retirando alguns diplomatas e dependentes de sua representação na capital ucraniana.

Na Ucrânia, por outro lado, autoridades estão tentando projetar calma. Na segunda à noite, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, disse que a situação está "sob controle" e que não há "motivo para pânico".

Já o ministro de Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, disse, também na noite de segunda-feira, 24, que a Rússia ainda não havia formado grupos de batalha, o que indicaria o lançamento de um ataque no dia seguinte.

"Existem cenários arriscados. Eles são possíveis e prováveis no futuro", afirmou Reznikov à emissora de TV ucraniana ICTV na segunda-feira. "Mas hoje...essa ameaça não existe."

A Rússia afirmou nesta quinta-feira (9) que enviou caças para interceptar e escoltar aeronaves militares americanas e francesas que voavam perto de suas fronteiras no Mar Negro em meio a tensões entre Moscou e o Ocidente.

"Três caças Su-27 foram enviados para identificar alvos aéreos e evitar uma violação das fronteiras da Federação Russa", disse o ministério da Defesa em um comunicado.

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Segundo esta fonte, os aviões interceptaram e escoltaram dois caças franceses Mirage 2000 e Rafale, um navio-tanque KC-135 da força aérea francesa e dois aviões de reconhecimento americanos, um CL-600 "Artemis" e um RC-135.

As cinco aeronaves deram meia-volta e, em seguida, os caças russos retornaram para sua base, informou o ministério.

Um dia antes, a Rússia anunciou que havia interceptado e escoltado três aviões franceses que sobrevoavam o Mar Negro.

Nas últimas semanas, as relações têm sido muito tensas entre a Rússia e os países ocidentais, que acusam Moscou de concentrar tropas na fronteira com a Ucrânia para preparar uma operação militar.

Durante uma entrevista na terça-feira com seu homólogo russo Vladimir Putin, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ameaçou a Rússia com "sanções econômicas rígidas" em caso de ataque à Ucrânia.

A mesma linha é defendida pela França, que alertou Moscou na quarta-feira sobre "consequências estratégicas e massivas" se a Ucrânia for prejudicada.

Moscou nega preparar uma invasão na Ucrânia e acusa os países da Otan de aumentarem as "provocações", com manobras militares perto de suas fronteiras no Mar Negro.

Honiara, a capital das ilhas Salomão, no oceano Pacífico, parecia ter recuperado a calma neste sábado (27) após vários dias de distúrbios violentos que deixaram ao menos três mortos.

Neste sábado, três corpos foram encontrados em uma loja do bairro chinês da cidade, uma área da cidade que foi quase totalmente incendiada. São as primeiras mortes registradas desde que a violência começou na quarta-feira.

Hoje um pequeno número de comércios reabriu suas portas com prudência e os habitantes de Honiara aproveitavam a calma para comprar produtos de primeira necessidade.

"A situação é muito tensa", disse a moradora Audrey Awao, temendo que os alimentos acabem nas lojas.

O que começou como uma pequena manifestação na quarta-feira se transformou em uma violenta onda de indignação generalizada. Durante três dias, uma multidão indignada invadiu as ruas para exigir a renúncia do primeiro-ministro Manasseh Sogavare.

A economia das Ilhas Salomão, onde vivem cerca de 800.000 pessoas, está prejudicada após dois anos de isolamento devido à pandemia.

Um toque de recolher noturno e a presença de aproximadamente 150 soldados estrangeiros de uma força de manutenção da paz enviados pela Austrália e Papua-Nova Guiné ajudaram a acalmar a situação.

"A maioria das pessoas come apenas uma vez o dia", disse à AFP Douglas Kelson, diretor de um serviço de ambulâncias. "E quando as pessoas têm fome, fazem coisas que normalmente não fariam", acrescentou.

Mais de 100 pessoas foram detidas, suspeitas de terem participado dos distúrbios, segundo a polícia.

Além da indignação com o governo e as dificuldades econômicas, há outras causas que explicam essa onda de violência, como a rivalidade histórica entre os habitantes de duas ilhas, a de Malaita, a mais populosa, e a de Guadalcanal, onde está a capital administrativa do país.

Os habitantes da primeira se sentem abandonados pelo governo e as diferenças se acentuaram quando o governo de Manasseh Sogavare decidiu, em 2019, que não reconhecia mais Taiwan, apenas a China.

Os distúrbios dessa semana tomaram conta da comunidade chinesa da capital, transformada em bode expiatório das diferenças entre os residentes de Malatia, próximos a Taiwan, e o gobierno de Sogavare.

O primeiro-ministro disse que países estrangeiros que se opoõem a essa decisão de reconhecer apenas a China foram a origem desses distúrbios.

Neste sábado, os líderes da oposição querem impulsionar uma moção de censura contra o governo que poderia gerar novos protestos.

Na sexta-feira, as autoridades chinesas condenaram esses protestos e garantiram que serão velados pela "segurança e direitos dos cidadãos e instituições chinesas" nas Ilhas Salomão.

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O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta sexta-feira, 26, que o premiê do Reino Unido, Boris Johnson, deveria "levar a sério" a crise migratória no Canal da Mancha ou "permanecer calado". O dia de fúria de Macron começou após Johnson publicar um plano de ação com cinco pontos no Twitter, em vez de recorrer aos canais diplomáticos tradicionais. "A comunicação de um líder com o outro, sobre questões tão graves, não pode ser feita por tuítes", disparou o francês.

No plano, Johnson sugere que a França receba de volta todos os imigrantes apreendidos em praias britânicas após a travessia do Canal da Mancha. Gabriel Attal, porta-voz do governo francês, chamou a carta do premiê britânico de "medíocre em termos de conteúdo e inapropriada no que diz respeito à forma". "Estamos cansados dessa conversa fiada e da terceirização de problemas do Reino Unido", disse Attal, em entrevista à BFM TV.

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A irritação de Macron fez o tom de agressividade entre os dois vizinhos subir ontem mais um degrau. Mas não ficou apenas na retórica. A França também retirou o convite à ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, para participar de uma discussão com vários países sobre o assunto no domingo. O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, disse que a reunião com Holanda, Bélgica e Alemanha está de pé, mas sem a presença dos britânicos.

TRAGÉDIA

A mais nova troca de acusações entre os dois países começou na quarta-feira, após a morte de 27 imigrantes que se afogaram perto de Dunquerque, a caminho da Inglaterra. Paris reclama que o Reino Unido atrai imigrantes ilegais com uma política frouxa de fiscalização. Londres diz que autoridades francesas não têm se empenhado em conter os botes que partem de suas praias.

Macron e Johnson, segundo analistas, estariam se aproveitando da crise para marcar pontos políticos. O presidente francês disputa a reeleição em abril e precisa conter o avanço da extrema-direita, que deve explorar a questão migratória na campanha.

O premiê britânico enfrenta um fogo cerrado de radicais conservadores e nacionalistas, como Nigel Farage. Para eles, o objetivo do Brexit era retomar o controle das fronteiras. Em vez disso, milhares de imigrantes têm chegado às praias do país sob o olhar perdido de Johnson.

A oposição aproveitou a crise para atacar o premiê. Nick Thomas-Symonds, um dos líderes do Partido Trabalhista, disse que publicar uma carta no Twitter foi um "erro de julgamento grave". "Retirar o convite à ministra do Interior é uma humilhação para o primeiro-ministro, que perdeu completamente o controle da situação no Canal da Mancha", disse.

DISPUTAS

A questão migratória é apenas um capítulo na rápida deterioração da relação entre os dois vizinhos. Nos últimos meses, França e Reino Unido vivem às turras em disputas relacionadas ao Brexit, principalmente sobre licenças de pesca.

Nesta sexta, pescadores franceses ameaçaram bloquear o acesso a três portos no Canal da Mancha, e também ao Eurotúnel, para exigir a concessão rápida de autorizações pesqueiras, previstas após a saída dos britânicos da UE.

Macron também não engoliu o acordo militar que Johnson costurou com os EUA para fornecer submarinos nucleares para os australianos. A França, que tinha um contrato para a venda de submarinos convencionais à Austrália, teve um prejuízo de US$ 66 milhões. Paris considerou o episódio uma "punhalada pelas costas". (Com agências internacionais)

A Suíça nunca experimentou um clima eleitoral tão agressivo quanto o que cerca a votação de domingo (28) sobre as medidas de saúde do governo, forçando a polícia a colocar políticos ameaçados de morte sob proteção.

Sintoma dessa tensão inimaginável em um país conhecido por sua cultura de diálogo e acordo, as forças de segurança ergueram uma cerca para proteger a sede do governo e do Parlamento de possíveis ataques de ativistas antivacinas ou contrários ao passaporte de saúde.

Nas últimas semanas, as manifestações dos "Freiheitstrychler" (sinos da liberdade) se multiplicaram, com homens vestidos com camisetas brancas estampadas com edelweiss (flor da neve), a flor símbolo da Suíça, carregando nos ombros dois grandes sinos.

Junto, uma multidão bastante heterogênea, embora o perfil mais comum seja de indivíduos não muito jovens e politicamente inclinados à direita, segundo as primeiras observações de sociólogos.

Às vezes proibidas, certas manifestações terminaram em confrontos com a polícia, que um dia teve de recorrer a balas de borracha e gás lacrimogêneo para dispersar um grupo que se aproximara demais do Palácio Federal, sede do governo e do parlamento.

Os incidentes, porém, não chegaram às proporções dos distúrbios na Holanda ou na ilha francesa de Guadalupe.

Nas redes sociais proliferam os ataques contra líderes políticos suíços que apoiam a lei e as campanhas de vacinação, com insultos e ameaças de morte, incluindo o ministro federal da Saúde, Alain Berset.

Muitos estão sob proteção policial. "Constatamos um aumento nas ameaças desde o início da pandemia, com uma virulência sem precedentes", comentou a Polícia Federal à AFP.

A Suíça é uma referência de democracia direta, organizando vários referendos sobre questões às vezes espinhosas em um ambiente geralmente tranquilo.

Mas a votação de domingo sobre as mudanças na lei covid-19 acontece num ambiente de alta tensão e com temores de que os antivacinas questionem o resultado se não for favorável a eles.

"Na Suíça, temos os meios institucionais para nos expressarmos. Geralmente, isso atenua o recurso a formas de manifestações mais contundentes e violentas", explica o cientista político Pascal Sciarini da Universidade de Genebra.

"Mas parece que as tradições estão mudando quando vemos o que acontece nas ruas (...) a Suíça se tornou um país como os outros, com algumas especificidades, mas globalmente não é mais essa terra de consenso", analisa.

É a segunda vez em menos de seis meses que os suíços se posicionam sobre as medidas sanitárias. No início do ano, os cidadãos apoiaram a lei covid com 60% dos votos.

Agora devem se pronunciar sobre a introdução de um "certificado covid" reservado a pessoas vacinadas ou curadas. Alguns críticos da lei a comparam ao "apartheid" ou aos crimes cometidos pelos nazistas.

"Somos um país bastante calmo. E agora, de fato, isso está indo longe demais. Quem é o responsável? Talvez o governo que agiu sem se preocupar com danos colaterais", disse Michelle Cailler, porta-voz da "Amigos da Constituição", um dos grupos que promovem o referendo.

De acordo com as pesquisas, cerca de dois terços dos suíços apoiam a lei, assim como a maioria dos movimentos políticos, exceto a direita populista UDC, o maior partido do país.

Polônia e Belarus trocaram acusações nesta terça-feira (9) pela presença de milhares de migrantes que tentavam entrar no território polonês, o que, segundo Varsóvia, ameaça a segurança da União Europeia (UE).

Minsk fez uma advertência contra as "provocações" na fronteira, para onde os dois países mobilizaram soldados em um momento de grande tensão.

Milhares de pessoas, muitas delas em fuga da guerra e da pobreza no Oriente Médio, tentam sobreviver a céu aberto em condições muito difíceis e sob temperaturas gélidas.

A UE acusa o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, de orquestrar a crise em represália pelas sanções ocidentais contra Minsk. Ele nega.

Na segunda-feira (8), a Polônia bloqueou uma tentativa de milhares de migrantes de ultrapassarem o arame farpado da linha de fronteira.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, afirmou nesta terça-feira que Varsóvia continuará impedindo sua entrada.

"Fechar a fronteira polonesa é nosso interesse nacional. Mas agora é a estabilidade e a segurança de toda União Europeia que estão em jogo", escreveu o chefe de Governo polonês no Twitter.

"Este ataque híbrido do regime de (Alexander) Lukashenko está direcionado para todos nós. Não seremos intimidados e defenderemos a paz na Europa com nossos sócios da Otan e da UE", completou.

Em resposta, o Ministério bielorrusso da Defesa considerou a versão como "infundada e injustificada", ao mesmo tempo em que acusou a Polônia de aumentar "deliberadamente" as tensões.

Também afirmou que a Polônia mobilizou 10.000 militares para a fronteira sem aviso prévio às autoridades de Belarus, o que classificou de violação dos acordos de segurança mútua.

"Queremos advertir de antemão à parte polonesa que evite qualquer provocação direcionada à República de Belarus para justificar o uso ilegal da força contra pessoas indefesas e desarmadas, incluindo crianças e mulheres", afirmou o Ministério das Relações Exteriores de Belarus em um comunicado.

Em um cenário de crise, Estados Unidos e UE pediram a Belarus para deter o que chamaram de "fluxo orquestrado de migrantes".

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) também acusou Minsk de usar os migrantes como peões políticos, enquanto a UE pediu novas sanções contra o regime bielorrusso.

- Bloqueados -

Muitos migrantes que desejam entrar na Polônia fogem de conflitos e da pobreza em países do Oriente Médio.

Eles afirmam que estão bloqueados: Belarus impede o retorno a Minsk para uma viagem de retorno a seus países, enquanto a Polônia não permite a entrada para a solicitação de asilo.

"De acordo com nossos cálculos, pode haver entre 12.000 e 15.000 migrantes em Belarus", disse o porta-voz dos serviços especiais da Polônia, Stanislaw Zaryn.

Quase 4.000 estariam na área de Kuznica, perto da fronteira com a Polônia.

A agência de notícias bielorrussa Belta informou a presença de 3.000 pessoas em um acampamento perto da fronteira.

O porta-voz do governo polonês, Piotr Muller, advertiu na segunda-feira que "pode acontecer uma escalada deste tipo de ação na fronteira em um futuro próximo".

Hoje, o ministro bielorrusso do Interior, Ivan Kubrakov, afirmou que os migrantes estão "legalmente" na ex-república soviética e que "até agora não aconteceu violação da lei por parte dos migrantes".

burs-amj/mas/yad/mas/es/fp/tt

O que começou com ataques de integrantes do governo se transformou em um cenário de crise em parte das universidades federais. Após dois anos e meio de Jair Bolsonaro na Presidência, 18 dos 50 (36%) reitores escolhidos desde 2019 não foram os mais votados nas eleições internas e a maioria desse grupo está alinhada ao governo. Em 1998, a nomeação de apenas um reitor sem ser o 1.º da lista desencadeou uma onda de protestos - até então, este era o único caso recente. Os relatos hoje são de comunidades universitárias rachadas, decisões sem consulta a colegiados, paralisia administrativa e no preparo da volta presencial. Há ainda queixas de perseguição a professores e alunos - e até uma espécie de processo de impeachment contra um reitor.

Embora financiada pelo Ministério da Educação (MEC), a lei dá autonomia às federais para eleger seus reitores. A lista com os três nomes mais votados no conselho universitário - formado por uma maioria de professores, além de técnicos e alunos - é enviada ao presidente, que escolhe um deles. Não há irregularidade em escolher o 2.º ou o 3.º, mas especialistas veem como uma desvalorização da autonomia universitária, além do potencial de elevar conflitos internos. A garantia de autonomia está associada à lógica da liberdade de cátedra e de pesquisas sem cerceamento político ou ideológico.

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Junta-se ao quadro político uma redução orçamentária promovida pelo governo - esta comum a todas as 69 instituições. Entre 2019, antes da pandemia, e 2021 as verbas das federais caíram 18%. A maioria delas não fez investimentos para volta presencial, como adaptar ventilação, comprar máscaras e álcool em gel, e todas continuam dando aulas essencialmente online. "O caos só não se instalou porque estamos em atividades remotas", disse Marcus David, presidente da Andifes (que reúne os reitores das federais).

Além da falta de recursos, esses novos dirigentes - chamados de "interventores" pelos críticos - têm problemas para aprovar projetos, diante da forte oposição interna. O Estadão conversou com mais de 20 de professores, alunos e dirigentes de dez instituições ao longo de três semanas. Muitos, por medo, pediram para seus nomes não serem divulgados. Os reitores que responderam aos questionamentos da reportagem negaram as denúncias. Procurado, o MEC não se manifestou.

Na Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o engenheiro Carlos André Bulhões foi anunciado como o novo reitor pelo deputado bolsonarista Bibo Nunes (PSL-RS), antes mesmo da nomeação por Bolsonaro, em 2020. Ele havia ficado em 3.º na eleição da instituição. Logo em seguida da posse, sem aval do conselho universitário, Bulhões mudou a estrutura de pró-reitorias.

O conselho se autoconvocou e pediu a abertura de processo administrativo disciplinar contra ele e sua destituição, enviados ao MEC. Funciona como uma espécie de impeachment, mas está nas mãos do ministro afastar ou não o dirigente. O Ministério Público Federal (MPF) também foi acionado. Apesar da tentativa, os docentes têm pouca esperança.

"A UFRGS vive um vácuo de gestão e um momento de desrespeito à instituição, causados por uma postura de uma gestão autoritária que tem tratado a universidade como empresa", diz a diretora da Faculdade de Educação, Liliane Giordani. Segundo ela, decisões como a volta presencial travam porque não há diálogo com o reitor.

Os prédios da Arquitetura e da Educação, por exemplo, não têm circulação de ar e há até janelas lacradas. "Nos raros encontros com as equipes de direção, o reitor diz que aguarda a imunização dos estudantes. Já queremos antecipar esse planejamento", diz. Em agosto, a administração da UFRGS disse ao Estadão que as mudanças tinham foco nos "interesses" da universidade e afirmou haver questões "ideológicas" por trás da postura dos conselheiros. Procurada de novo, a reitoria não falou.

Batalha judicial. Com apenas 4% dos votos na eleição na Federal do Ceará (UFC), o advogado José Cândido de Albuquerque foi escolhido em 2019 por Bolsonaro. Neste ano, quatro diretores de unidades entraram na Justiça contra o reitor, após receberem avaliações bem mais baixas que em outros anos. Alegam que tiveram notas ruins - que podem comprometer a carreira do docente - por discordarem ideologicamente do dirigente. Procurada, a reitoria disse que "é muita presunção os avaliados julgarem a própria avaliação, ao invés de corrigirem alguns equívocos administrativos graves", sem citar quais. "A perseguição é difusa no objetivo, tenta intimidar e serve como ameaça para os demais. Houve um silêncio geral dos diretores", conta um professor que pediu para ficar no anonimato.

Os estudantes da UFC ainda perderam assentos nos conselhos deliberativos, representatividade prevista em lei. Assim, deixam de votar nas propostas enviadas pelo reitor. Em nota, Cândido disse que eles não conseguiram "realizar uma eleição válida" no Diretório Central dos Estudantes (DCE). "Ele alegou fraude nas eleições e judicializou o processo", rebate o aluno de Psicologia Rodrigo Nogueira, de 19 anos, do DCE.

Alguns dos escolhidos por Bolsonaro nem sequer tinham ligação com o grupo político do presidente, mas se aproximaram ao ver que escolher o 1º deixou de ser praxe. Em alguns casos, ninguém da lista foi nomeado e há reitores temporários. Outros 13 ainda serão nomeados até o fim do mandato. E há seis federais que ainda não realizaram o processo eleitoral por serem novas.

Na Federal da Paraíba (UFPB), Valdiney Gouveira - o 3.º, com 5% dos votos - foi nomeado em outubro de 2020. "A discussão sobre volta presencial nem é feita porque ele teria de admitir que houve cortes e que isso prejudica a universidade, mas ele não vai comprar briga com o MEC", afirma o vice-diretor do centro de Educação da universidade, Roberto Rondon, que diz faltar até álcool em gel. Gouveia não respondeu à reportagem.

Ataques e cortes de verbas revelam, para especialistas, a intenção da gestão Bolsonaro de desvalorizar as federais. Abraham Weintraub, ex-ministro, as acusou de fazer "balbúrdias" e cultivar maconha. "Mesmo com tudo que as federais fazem no combate à pandemia, nada do que apresentam de resultado é suficiente para interromper a ofensiva de caráter ideológico do governo", diz Nina Ranieri, professora da USP especialista em ensino superior. "Não é só pelo financiamento que se estrangula, mas por nomeações, perseguições, contrariando liberdade acadêmica e autonomia universitária."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cerca de 50 pessoas ficaram feridas neste domingo (5) em Montenegro, em confrontos entre policiais e manifestantes contrários à entronização do novo chefe da Igreja ortodoxa sérvia no pequeno Estado dos Bálcãs, em um contexto de tensões identitárias.

A violência manchou a breve cerimônia de entronização realizada em Cetinje, uma cidade histórica do sul do país. De acordo com a polícia, 14 pessoas foram detidas.

O bispo Joanikije foi transportado de helicóptero da capital, Podgorica, para o mosteiro da cidade, sede da Igreja Ortodoxa Sérvia, para evitar as barricadas que bloqueavam as estradas da região desde o dia anterior.

Milhares de montenegrinos se aglomeraram na cidade para protestar contra a entronização do novo bispo neste mosteiro do século XV, considerado pelos montenegrinos como um sinal de identidade.

Esta questão gerou fortes tensões em Montenegro, onde o poder se inclinou, no final de 2020, para as mãos de um governo considerado próximo à Igreja Ortodoxa Sérvia.

Após quase 90 anos de convivência, Montenegro se tornou independente da Sérvia em 2006, e ambos os territórios mantêm relações complexas.

Um terço de seus 620.000 habitantes se identifica como sérvios, e a Igreja Ortodoxa Sérvia é dominante no país, embora seus oponentes acusem-na de servir aos interesses de Belgrado.

Segundo imagens divulgadas pela igreja, o helicóptero que transportava o bispo Joanikije e o patriarca da Igreja Ortodoxa Sérvia, Porfirio, pousou no gramado em frente ao mosteiro, enquanto os sinos badalavam.

- "Defenderemos nossa dignidade" -

A polícia estabeleceu um perímetro de segurança ao redor do prédio para proteger a cerimônia. Depois do evento, os clérigos voltaram para a capital do país.

As forças de segurança usaram gás lacrimogêneo e granadas de efeito moral para expulsar os manifestantes das imediações do mosteiro. Os serviços de emergência de Cetinje disseram à AFP que 30 manifestantes e 22 policiais ficaram feridos. A maioria teve ferimentos leves.

Na véspera, milhares de pessoas ergueram barricadas para impedir o acesso a esta cidade e passaram a noite perto de fogueiras para se aquecer, relatou um correspondente da AFP. Alguns estavam armados e atiraram para o alto, outros incendiaram pneus.

"Não pedimos nada a ninguém, mas nos vemos negados pela Igreja sérvia ocupante. Aqui, defendemos nossa dignidade", disse à AFP Saska Brajovic, de 50 anos, que passou a noite em uma barricada.

A multidão foi convocada por organizações que se autodenominam "patrióticas" e pelo partido DPS, do presidente montenegrino, Milo Djukanovic. Há um ano, esta legenda foi derrotada nas eleições legislativas por uma coalizão próxima à Igreja Ortodoxa Sérvia.

Entre os detidos, está Veselin Veljevic, um de seus conselheiros e ex-chefe de polícia.

O presidente acusou o governo de ter "abusado brutalmente dos recursos do Estado, sobertudo, do Exército e da polícia" para entronizar o bispo, "em oposição à vontade de uma grande maioria de habitantes de Cetinje e de um número significativo de cidadãos de Montenegro".

O mosteiro da cidade foi sede dos governantes montenegrinos durante séculos, até o fim da Primeira Guerra Mundial.

Aqueles que se opõem à Igreja Ortodoxa Sérvia consideram que o mosteiro é propriedade da Igreja Ortodoxa Montenegrina, bastante minoritária e não reconhecida pelo mundo ortodoxo.

Tanto o novo governo quanto a Igreja sérvia acusam o presidente montenegrino de estimular as tensões religiosas com fins políticos, depois que as últimas eleições legislativas deixaram seu partido fora do poder.

"As divisões foram provocadas de forma artificial", disse o bispo Joanikije durante a cerimônia, prometendo "servir à reconciliação fraterna" em Montenegro.

O chefe de governo, Zdravko Krivokapic, pediu, por sua vez, "a todos os cidadãos montenegrinos honestos que não cedam à manipulação dos que estão dispostos levar os irmãos para um conflito, para manter seus benefícios e privilégios".

Embora o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, tenha celebrado o fato de o governo montenegrino ter conseguido realizar a cerimônia, a embaixada dos Estados Unidos e a delegação da União Europeia (UE) pediram às autoridades políticas que busquem apaziguar a situação e reduzir as tensões.

A Polícia Militar do Rio de Janeiro cumpre nesta quinta-feira (1º) um mandado de reintegração de posse de um terreno da Petrobras, na avenida Deputado Otávio Cabral, sem número, em Itaguaí, na região metropolitana do Rio de Janeiro. 

Ali, vivem centenas de famílias que ocuparam o terreno e construíram barracos de madeira. A polícia chegou ao local no início da manhã. Inicialmente, houve tentativas de negociação para que as famílias deixassem a área, mas não avançaram. 

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Moradores fizeram uma barreira na entrada da ocupação e colocaram fogo em madeiras e em alguns barracos. A polícia lançou jatos de água para dispersar os moradores e evitar a propagação do fogo nas casas que são muito próximas umas das outras.

Os policiais usaram também bombas de efeito moral e conseguiram entrar no terreno. Houve correria entre os moradores e surgiram novos focos de incêndio na parte de trás do terreno.

Os bombeiros do quartel de Itaguaí foram acionados às 8h05 e, dez minutos depois, receberam o apoio de colegas do quartel de Sepetiba. Eles estão usando quatro viaturas, sendo três de água para combater os focos e uma ambulância. De acordo com os bombeiros, até pouco antes das 9h30 não havia registro de vítimas.

Polícia Rodoviária Federal

Por causa do cumprimento do mandado, a via de entrada da ocupação foi interditada. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), que também está no local informou, que, em acordo com a prefeitura, foi bloqueado o acesso à cidade para evitar manifestações no local.

Petrobras

A Petrobras informou, por meio de nota, que o mandado de reintegração de posse que está sendo cumprido foi expedido pela 2ª Vara Cível de Itaguaí, “conforme anteriormente autorizado pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça, com o apoio da Secretaria de Assistência Social da prefeitura de Itaguaí, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro e da Polícia Militar, a fim de garantir a desocupação segura e pacífica do imóvel na Rua Deputado Octávio Luis Cabral, em Itaguaí”.

Acrescentou que, para o cumprimento da ordem judicial, forneceu kits com álcool em gel e máscara, ofereceu transporte até três rodoviárias próximas ao município de Itaguaí e serviço de armazenamento e guarda de bens em depósito contratado pela própria companhia. 

A Petrobras explicou ainda que preparou apoio para os moradores. “Foram providenciados cobertores, alimentação e colchonetes para atender às pessoas que ficarão temporariamente em abrigos disponibilizados pela prefeitura”, completou.

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