Uma disputa emocional entre os países da União Europeia sobre o tema da imigração gerou um pouco usual rancor nesta sexta-feira, com líderes trocando acusações de irresponsabilidade por um lado e desrespeito do outro.
Em pauta estava um acordo fechado nas primeiras horas da sexta-feira, para realocar pela Europa 40 mil de pessoas que fizeram pedidos de asilo e estão atualmente na Itália e na Grécia, mais 20 mil de campos de fora do continente. Os líderes rejeitaram o plano para exigir que cada país do bloco aceite certo número de pessoas, optando em vez disso por um sistema de "compromissos" voluntários.
##RECOMENDA##O resultado enfureceu alguns dos líderes, que acusaram seus colegas de inação durante uma crise, por temer que muitos refugiados permaneçam sem ajuda, semanas após a Europa se comprometer a auxiliar os imigrantes que enfrentam perigosas travessias pelo Mediterrâneo.
"Manifestamente não houve um senso de responsabilidade dominando a mesa", disse o primeiro-ministro belga, Charles Michel. Lamentando a "falta de ambição" e "falta de vontade", Michel acrescentou: "Eu não estou feliz porque penso que a Europa pode trabalhar melhor. A decisão para mim foi entristecedora. A reunião foi praticamente para nada."
Aqueles contrários às cotas também foram veementes. Líderes do centro e do Leste Europeu disseram que já receberam muitos imigrantes vindos da crise na Ucrânia e questionando se têm mais recursos que Itália e Grécia. "Nós estamos prontos para conversar, mas também queremos ser tratados com respeito, permitindo que nós mostremos nossas solidariedade voluntariamente, não forçados", disse a presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite.
A discussão sobre o tema só aumentou nos últimos meses na Europa, com um crescente número de pessoas chegando ao continente oriundas de zonas de conflito no Oriente Médio e no norte africano. Autoridades da UE disseram que desejam realocar as 40 mil pessoas que tentam receber asilo na Itália e na Grécia até o fim de 2016. Há dois meses, centenas de pessoas morreram em um naufrágio perto da costa da Líbia, levando a uma onda de solidariedade e a promessas de uma solução ampla para a crise de imigração. Mas desde então o humor piorou e a atitude do público parece ter endurecido em relação ao tema. Na Hungria, por exemplo, o primeiro-ministro Viktor Orban anunciou planos de construir uma cerca para impedir a passagem de imigrantes vindos da Sérvia. Fonte: Dow Jones Newswires.