Moradores do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e funcionários que sobreviveram ao rompimento da barragem relataram a ocorrência de um suposto vazamento no pé da estrutura, uma semana antes do colapso. Segundo esses depoimentos, a mineradora estaria tentando reparar o problema, sem sucesso.
"Eu pude notar que tinha uma lona azul, lá no pé da barragem, e procurei saber se havia algum vazamento, mas ninguém falou nada", contou Celso Henrique de Oliveira, de 20 anos. Ele trabalhava dentro da mina em uma empresa terceirizada. O depoimento foi dado ao Movimento dos Atingidos por Barragens. A pesquisadora Karine Carneiro, do Grupo de Estudos e Pesquisas Socioambientais da Universidade Federal de Ouro Preto, que acompanha o trabalho da força-tarefa que investiga o colapso, observou depoimentos semelhantes. "Temos relatos sobre a lona azul, usada quando da ocorrência de umidade ou vazamento", conta ela. "Outras pessoas falam de um brejo no pé da barragem, que estaria sendo observado."
##RECOMENDA##Uma imagem de satélite feita antes do rompimento da barragem do Córrego do Feijão também revela um volume de água muito acima do normal entre os rejeitos. A saturação, ou excesso de água, pode ter causado o colapso da estrutura, de acordo com a força-tarefa responsável pela investigação do desastre.
O relatório da consultoria alemã Tüv Süd, que atestou a estabilidade da estrutura em agosto do ano passado já apontava problemas na drenagem interna da barragem. Havia entupimento de algumas tubulações de drenos e erros de projeto.
Procurada, a Vale informou que não houve registro de aumento do nível de água na barragem. Segundo a mineradora, após a instalação dos drenos horizontais profundos, como medida adicional de segurança, em 2018, foi feita inspeção em toda a barragem e não se detectou nenhuma anomalia.
A mineradora também afirmou que duas auditorias foram realizadas, em junho e setembro do ano passado, por uma empresa de renome internacional, que atestou a segurança física e hidráulica da estrutura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.