Os volumes de fusões e aquisições no primeiro semestre atingiram 254 transações, um recuo de 15% em relação a igual período do ano passado. As operações totalizaram R$ 53,4 bilhões em receita, alta de 58%, de acordo com levantamento da Greenhill, empresa especializada em assessorar negócios, com base nos dados da Capital IQ, a pedido do jornal "O Estado de S. Paulo".
"Embora as operações tenham caído em volume, superam em valores, uma vez que as transações estão com valor mais alto", disse Daniel Wainstein, presidente da Greenhill no Brasil. Segundo ele, as transações superiores a R$ 500 milhões aumentaram significantemente o volume financeiro neste primeiro semestre. No período, 21 operações superaram R$ 500 milhões.
##RECOMENDA##
Uma das grandes operações realizadas mês passado foi a venda da BR Towers, que pertencia à gestora GP Investiments, para a American Tower, uma transação de R$ 2,18 bilhões.
Fontes ouvidas pela reportagem acreditam que o número total de operações deverá recuar este ano, mas os valores devem ser superiores aos do ano passado. Em 2013, as transações de fusões e aquisições totalizaram 811 negócios, movimentando R$ 88 bilhões. "Tem investidor que prefere esperar o cenário eleitoral para tomar decisão", disse um executivo de um importante banco de investimento.
A Greenhill, que abriu seu escritório no Brasil em outubro passado, tem mais de 20 negócios em andamento. Na TozziniFreire, um dos principais escritórios de advocacia com foco em fusões e aquisições, há 67 operações no horizonte. "Esse mercado segue aquecido para nós", disse Marcela Ejnisman.
As operações envolvendo fundos de private equity continuam firme, movimento observado nos últimos três anos. No primeiro semestre teve um salto maior, sobretudo por causa do congelamento do mercado de capitais nos últimos meses.
Nos EUA, segundo a Greenhill, as operações envolvendo private equities se mostram mais estagnadas nos últimos anos. Do total das transações realizadas este ano no Brasil, 23,7% envolvem fundos de private equity. Nos EUA, 28,8%. No entanto, esse porcentual que tem se mantido nesses patamares desde 2012. "Existe uma percepção que o valor de empresas americanas está um pouco alto, impulsionado pela recente performance de mercado. Por outro lado, os investidores de private equity veem oportunidades globalmente e realocam seus fundos. No caso brasileiro, a percepção é que o valor não está assim tão alto e que as oportunidades de expansão são mais claras do que nos EUA."
Médias
Levantamento da consultoria Deloitte feito para o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, mostra que o número de operações com empresas de médio porte está crescendo e deve se acentuar no Brasil. Das 72 operações realizadas por empresas de private equity e venture capital entre janeiro e junho, 52 delas, ou 73%, envolveram companhias com faturamento abaixo de R$ 500 milhões.
Reinaldo Grasson, responsável pela área de corporate financial advisory da Deloitte, disse que boa parte das operações está nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, onde estrangeiros e fundos mostram interesse em analisar negócios. "Nessas regiões existem muitas empresas familiares e fechadas, onde há crescimento contínuo de renda e consumo, por consequência potencial de expansão para empresas que atuam nessas regiões". (Colaborou Cynthia Decloedt) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.