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O Ministério da Saúde anunciou na terça-feira (19) que pretende incluir na lista de medicamentos gratuitos do Sistema Único de Saúde (SUS), até o fim do ano, o remédio que pode prevenir a infecção pelo HIV. A informação foi dada pela diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do ministério, Adele Benzaken, durante a 21ª Conferência Internacional de Aids, na África do Sul, e confirmada pelo órgão federal.

Chamado de profilaxia pré-exposição (PrEP), mas mais conhecido como truvada - seu nome comercial -, o medicamento diminui as chances de contaminação pelo vírus da Aids quando tomado continuamente, mas pode trazer efeitos colaterais, como leves disfunções gastrointestinais e renais. A pílula de ingestão diária combina dois tipos de antirretrovirais (tenofovir e emtricitabitina) e é indicada para a população não infectada, mas que tem maior chance de contágio. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o remédio diminui em até 92% o risco de o vírus entrar nas células.

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A estimativa do Ministério da Saúde é de que 10 mil pessoas tenham acesso ao medicamento no primeiro ano. "O remédio deverá ser ofertado em serviços especializados do SUS para populações com risco acrescido, como travestis, homens que fazem sexo com homens, transexuais e profissionais do sexo", disse a pasta, em nota.

Em julho de 2014, a OMS divulgou diretriz recomendando que homens homossexuais utilizassem a PrEP como forma adicional de prevenção à infecção por HIV, além do preservativo. "As taxas de infecção por HIV entre homens que fazem sexo com homens continuam altas em quase todos os lugares do mundo e novas opções de prevenção são necessárias com urgência", declarou a organização, em informe na época.

Segundo o ministério, o departamento de DST, Aids e Hepatites Virais já prepara um protocolo clínico de PrEP para ser encaminhado à Comissão de Incorporação de Tecnologia no SUS, órgão que define quais medicamentos, terapias e tratamentos são incluídos na rede pública. Como a maioria dos integrantes da comissão pertence a órgãos do ministério, o antirretroviral não deverá enfrentar dificuldade para ter sua incorporação aprovada.

Aval

Para dar base à decisão de incluir o antirretroviral em sua lista de medicamentos gratuitos, o ministério financiou dois estudos de PrEP no Brasil, que estão sendo conduzidos pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e pela Fundação Oswaldo Cruz. Para Zarifa Khoury, infectologista do Instituto Emílio Ribas, a medida anunciada pelo ministério é positiva e necessária. "Até hoje, a camisinha sempre foi a única forma de prevenção, mas, claramente, não atende a todos. Tanto não atende que a epidemia não parou de se alastrar. Há algumas pessoas que não conseguem usar o preservativo em 100% das situações e, para eles, a PrEP é necessária. A ideia é que ela seja associada ao uso da camisinha."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dois milhões e meio de de pessoas são infectadas todos os anos no mundo com o vírus da aids (HIV), embora os tratamentos tenham reduzido a mortalidade provocada pela doença, adverte um estudo publicado nesta terça-feira (19).

A quantidade anual de novas infecções permaneceu relativamente constante neste nível preocupante de 2,5 milhões anuais na última década, segundo o relatório publicado pela The Lancet que compila dados de 195 países entre 1980 e 2015.

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Seus resultados são anunciados em paralelo à conferência internacional sobre aids organizada na cidade sul-africana de Durban e destinada a avaliar os avanços contra uma epidemia que já matou 30 milhões de pessoas desde os anos 1980.

"Lança uma imagem inquietante da lentidão dos avanços na redução das novas infecções por HIV", advertiu Haidong Wang, da Universidade de Washington (Seattle, noroeste dos Estados Unidos), principal autor do estudo. A situação pode se agravar devido ao estancamento do financiamento dos programas contra o HIV/aids.

"Será necessário, portanto, um aumento em massa dos esforços dos governos e dos organismos internacionais para alcançar os 36 bilhões de dólares necessários todos os anos para atingir o objetivo de colocar fim à Aids até 2030", destaca Christopher Murray, da mesma instituição.

Segundo o relatório, 38,8 milhões de pessoas viviam com o HIV em 2015, um número que aumenta regularmente desde 2000, quando totalizavam 28 milhões.

- Argentina entre os melhores -

As mortes provocadas pela aids caíram de um pico de 1,8 milhão em 2005 a 1,2 milhão em 2015, especialmente graças à intensificação dos tratamentos antirretrovirais (ARV) e à prevenção da transmissão do vírus de mãe para filho.

A quantidade anual de novas infecções permaneceu relativamente constante em um nível de 2,5 milhões por ano no mundo nos dez últimos anos, após um período de rápido declínio a partir de um pico de 3,3 milhões de novos infectados em 1997.

A utilização de tratamentos antirretrovirais (ARV) avançou rapidamente de 6,4% em 2005 a 38,6% em 2015 para os homens infectados, e de 3,3% a 42,4% para as mulheres no mesmo período.

Apesar dos avanços, a maioria dos países estão longe de alcançar o objetivo fixado pela Unaids até 2020, que consiste em tratar 90% dos pacientes infectados.

Em 2015, 41% dos soropositivos recebem um tratamento ARV, segundo o estudo.

Esta cobertura terapêutica é muito variável entre diferentes regiões e países. É necessária uma intensificação dos tratamentos, em particular no Oriente Médio, África do Norte e Europa do Leste, assim como em alguns países da América Latina.

Alcançar o objetivo da Unaids até 2020 implica tratar com ARV 81% das pessoas infectadas.

Suécia (74%), Estados Unidos, Holanda e Argentina (os três a um nível aproximado de 70%) estão perto de atingir esta meta.

A América Central e o Caribe ou países como Venezuela (35%) e Bolívia (24%) figuram, por sua vez, entre os mais atrasados.

Mas chegar a 81% de cobertura terapêutica ART significa tratar 3,1 milhões de soropositivos adicionais por ano entre 2015 e 2020, destacam os autores.

Em 2015, 1,8 milhão de novas infecções, ou seja, três quartos delas, ocorreram na África subsaariana, seguidas por 212.500 no sul da Ásia.

Entre 2005 e 2015, a taxa de novas infecções por HIV aumentou em 74 países, especialmente Indonésia, Filipinas, África do Norte e Oriente Médio, assim como em alguns países da Europa Ocidental, como Espanha e Grécia.

"Ainda existem grandes incertezas sobre as estimativas da quantidade de novas infecções por HIV em muitas regiões do mundo", afirmam duas pesquisadoras francesas, Virginie Supervie e Dominique Costaglia.

Apesar dos "avanços significativos" alcançados na luta contra a Aids, os participantes da XXI Conferência Internacional sobre a Epidemia, inaugurada nesta segunda-feira (18) na África do Sul, insistem nos "enormes desafios" levantados pela doença, principal causa de morte de adolescentes na África.

A conferência, realizada de forma bianual, foi organizada neste ano na cidade portuária de Durban (leste), uma escolha simbólica: no ano 2000, o ex-presidente Nelson Mandela convocou na mesma cidade o trabalho pelo acesso aos tratamentos antirretrovirais para todos os doentes.

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Apenas um milhão de pessoas no mundo, principalmente nos países do Norte, tinham acesso a estes medicamentos no ano 2000, lembrou nesta segunda-feira a associação AIDES. "Dezesseis anos depois, já são mais de 15 milhões. Com isso foram evitadas quatro milhões de mortes", disse.

No entanto, adverte, "estes avanços não devem esconder a realidade": ainda há 38 milhões de pessoas no mundo que vivem com o vírus, a maioria na África subsaariana.

"Todos os meses, 100.000 pessoas morrem de Aids e 160.000 se contagiam", segundo a AIDES, que denuncia as "desigualdades sociais inaceitáveis" que seguem ocorrendo entre países pobres e ricos.

"Na África subsaariana, mais de 2.000 jovens de menos de 24 anos se infectam todos os dias", afirmou Bill Gates, muito comprometido na luta contra a doença, na noite de domingo em Pretória, antes de viajar a Durban.

"Cerca da metade das pessoas com Aids não são diagnosticadas", o que reduz suas probabilidades de sobreviver e aumenta o risco de contaminação, lembrou o multimilionário fundador da Microsoft.

A Aids continua sendo a primeira causa de mortalidade nas pessoas entre 10 e 19 anos na África, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Para conseguir erradicar a doença em 2030 - objetivo fixado pela ONU - são necessários esforços colossais, advertem as organizações não governamentais, num momento em que a vacina contra a Aids ainda não se materializou.

- Sistemas de saúde saturados -

Para fazer pressão sobre os 18.000 participantes que devem chegar à conferência de Durban - entre eles cientistas, autoridades políticas, doadores e personalidades como o príncipe Harry da Inglaterra ou a atriz sul-africana Charlize Theron -, nesta segunda-feira será realizada uma manifestação de doentes de Aids na cidade.

"Existe uma enorme distância entre as promessas políticas e a realidade em terra, com financiamento insuficiente e sistemas de saúde à beira da implosão", denunciaram nesta segunda-feira várias organizações especializadas e a justiça social.

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) convocou os participantes da conferência a "colocar em andamento um plano de ação para resolver o acesso crítico ao tratamento do HIV" na África Ocidental e Central, onde as taxas de tratamento são inferiores a 30%.

"Se não agirmos, as conquistas durante conquistadas na África subsaariana nos últimos 15 anos podem ser anuladas", advertiu Bill Gates.

O número de pessoas infectadas pelo vírus da aids volta a subir no Brasil, enquanto a UNAids - programa da Organização das Nações Unidas (ONU) para combater a doença - alerta que os avanços pelo mundo nos primeiros dez anos do século 21 perderam força. Dados publicados nesta terça-feira (12), pela entidade revelam que, se cerca de 43 mil novos casos eram registrados no Brasil em 2010, a taxa em 2015 subiu para 44 mil.

Em termos globais, a agência de combate à aids aponta que o número de novas infecções pelo mundo caiu apenas de forma modesta, de 2,2 milhões em 2010 para 2,1 milhões em 2015. O Brasil e a América Latina, porém, caminharam em uma direção oposta.

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"Estamos soando o alarme", disse Michel Sidibé, diretor-executivo da UNAids. "O poder da prevenção não está sendo realizado. Se houver um aumento de novos casos de infecção agora, a epidemia será impossível de ser controlada. O mundo precisa tomar medidas urgentes e imediatas", alertou. Hoje, são 36,7 milhões de pessoas vivendo com a doença pelo mundo e com 1,1 milhão de mortes.

No total, a população vivendo com aids no Brasil passou de 700 mil para 830 mil entre 2010 e 2015, com 15 mil mortes por ano. "O Brasil sozinho conta com mais de 40% das novas infecções de aids na América Latina", alertou a Unaids.

A organização destaca importantes avanços na região no que se refere à contaminação de crianças, com uma queda de 50% em apenas cinco anos. Mas, entre adultos, a UNAids alerta para um aumento de casos de 2% entre 2010 e 2015, atingindo um total de 91 mil novas infecções por ano.

Na América Central, as taxas de aumento foram de quase 20% em países como Belize, Nicarágua e Guatemala. No México, a alta foi de 8%, contra 5% na Colômbia e 4% no Brasil. Em pelo menos dez países latino-americanos, porém, houve queda no número de novos casos, incluindo Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela.

No Brasil, apenas 6% do orçamento seria usado para programas de prevenção e, dos 830 mil pessoas vivendo com a doença, 452 mil estariam recebendo a terapia, cerca de 55%.

Em termos gerais, o Brasil gastaria cerca de US$ 800 milhões com o combate à aids, segundo dados de 2014. Mas o estudo alerta que a prevenção pode estar falhando. Quase metade dos homens que tem relações sexuais com outros homens nunca tinha sido testado.

A preocupação dos especialistas da ONU não é apenas com o Brasil. Segundo a entidade, depois de "quedas significativas" da aids no mundo, os avanços se estagnaram. Desde 1997, o número de novas infecções pelo mundo caiu em 40% e em 70% entre crianças.

Mas, ainda assim, 1,9 milhão de pessoas a cada ano desde 2010 em média foram afetadas. "A prevenção precisa ser fortalecida", alerta a entidade.

A ONU espera acabar com a aids até 2030. Mas os últimos dados mostram tendências contrárias. No Leste Europeu, o número de novos casos aumentou em 57% entre 2010 e 2015. No Caribe, depois de anos de queda, a expansão é de 9% a cada ano desde 2010. No Oriente Médio, o aumento foi de 4%, a mesma taxa na África.

Na Europa e na América do Norte, a queda no número de casos foi insuficiente para compensar o aumento nas demais regiões. Em 35 anos, 35 milhões de pessoas morreram no mundo por causa da aids e 78 milhões foram infectadas.

Na avaliação da entidade, governos precisam focar seus esforços em determinadas populações mais vulneráveis. Homens que mantêm relações com outros homens têm 24 vezes mais chance de ser contaminados do que a média da população, a mesma taxa que usuários de drogas injetáveis. Já prostitutas têm dez vezes mais chances e prisioneiros, cinco vezes mais. No total, esses grupos representam um terço das novas contaminações no mundo.

Apesar dos avanços, apenas 57% das pessoas infectadas sabem que são portadoras do vírus e somente 46% dos doentes têm acesso a tratamento, cerca de 17 milhões de pessoas.

O avanço da doença ocorre no mesmo momento em que as doações internacionais sofreram quedas importantes. Em 2013, elas foram de US$ 9,7 bilhões. Mas caíram para US$ 8,1 bilhões em 2015. No ano passado, US$ 19,2 bilhões eram necessários para lidar com a doença.

Se não bastasse a falta de recursos, a entidade alerta que apenas 20% dos gastos com a aids têm sido usado para programas de prevenção.

A África abriga quase a totalidade das crianças infectadas pelo vírus HIV no mundo, lamentou nesta terça-feira, em Abidjã, o diretor-executivo da ONUaids, Michel Sidibé, que pediu que os menores tenham acesso universal ao tratamento antirretroviral.

"É uma questão de justiça social (...), uma questão de desigualdade profunda porque 90% das crianças que vivem com aids se encontram, infelizmente, na África", afirmou Sidibé na abertura de uma reunião sobre a aids e as crianças, que foi assistida por uma dezena de ministros de Saúde do continente e especialistas internacionais.

"Cinquenta por cento destas crianças que nascem com aids morrem antes do seu quinto aniversário" porque não têm "a sorte de ter acesso aos serviços à disposição das demais crianças do resto do mundo", denunciou o diretor-executivo da ONUaids. "O acesso universal ao tratamento para as crianças deve se transformar em realidade", pediu.

A questão do HIV pediátrico tem um "caráter importante e urgente", assegurou por sua parte Dominique Ouattara, primeira-dama da Costa do Marfim e embaixadora da ONUaids para a eliminação da transmissão de mãe para filho.

Na Costa do Marfim, "somente 18% dos menores de 5 anos que vivem com o HIV/aids têm acesso ao tratamento antirretroviral", recordou Terence McCulley, embaixador americano na Costa do Marfim.

Cinco milhões de pessoas seguem sem ter acesso ao tratamento contra o HIV/aids na África central e ocidental, segundo informação da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), publicado em março.

Vários grandes músicos do rock independentes, incluindo The National e a jovem estrela Courtney Barnett, gravaram juntos um álbum de 'covers' da banda Grateful Dead, para angariar fundos para a luta contra a Aids. O álbum "Day of the Dead" será lançado no dia 20 de maio em um pacote de cinco CDs e, em seguida, uma versão limitada em vinil será lançada, anunciou nesta quinta-feira (17) a organização "Red Hot", que trabalha há 25 anos com personalidades do showbiz para aumentar a conscientização na luta contra a Aids.

Os discos trazem contribuições de Grizzly Bear, The Flaming Lips, Wilco, Mumford & Sons e do pioneiro do grunge, J. Mascis de Dinosaur Jr., bem como da jovem australiana Courtney Barnett. Foram os irmãos Aaron e Bryce Dessner, da banda The National, que tiveram a ideia de fazer um álbum em tributo à lendária banda de rock Grateful Dead, fundada na década de 1960 nos Estados Unidos.

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Jerry Garcia, um dos seus membros mais famosos, morreu em 1995. O trono, o relâmpago e o sol são três imagens centrais do álbum "Day of the Dead", que termina com a canção "I know you rider", uma colaboração entre o guitarrista do Grateful Dead Bob Weir e a banda The National.

A empresa francesa Biosantech e o cientista Erwann Loret, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS), apresentaram nesta quarta-feira (16) resultados preliminares de uma vacina curativa experimental contra o hiv - mostrando uma quada a níveis indetectáveis de células infectadas pelo vírus em alguns pacientes.

"O principal resultado deste teste é que temos um efeito da vacina em células infectadas pelo hiv" (vírus da imunodeficiência humana). "Nós ganhamos 70 anos de terapia tripla para os pacientes", disse Erwann Loret, cujos trabalhos serão publicados na revista Retrovirology.

As terapias triplas, que atualmente permitem que o sangue tenha uma carga viral indetectável, não têm nenhum efeito, ou muito poucos, o número de células infectadas, que servem como reservatórios do vírus e provocam um aumento da carga viral logo quando o tratamento é interrompido na maioria dos pacientes hiv-positivos.

Num ensaio clínico realizado em um hospital de Marselha com 48 pacientes, divididos em quatro grupos (um grupo com placebo e três doses diferentes de vacina), nove pacientes apresentaram um nível indetectável de células infectadas 12 meses mais tarde.

Preparada por. Loret, a vacina atua contra a proteína Tat, produzida pela célula infectada pelo hiv e impede as defesas imunológicas de atacá-la. A molécula da vacina foi batizada TAT Oyi, em referência a um paciente do Gabão naturalmente resistente ao hiv, no qual se descobriu que esta proteína era capaz de gerar uma boa resposta imunitária.

Outras investigações podem ser realizadas em breve em vários hospitais em todo o mundo.

De acordo Loret, uma eventual cura da doença, sobre a qual se mostra prudente, só pode ser obtida através da combinação da vacina às terapias triplas para obter não só uma carga viral e um número de células infectadas não detectáveis​​, mas também uma diminuição da resposta imunológica, o que significaria "retroseroconversão", ou seja, um retorno à condição seronegatividade.

Esta retroseroconversão foi observada em apenas um paciente no mundo, Timothy Brown, chamado de "Paciente de Berlim". Na sequência de uma leucemia, Brown passou por um enxerto de medula óssea, o que permitiu essa cura dificilmente reproduzível.

Um comissário de bordo canadense designado em meados dos anos 1980 como tendo importado e difundido o vírus da aids para os Estados Unidos, chamado de "paciente zero", na verdade não teria desempenhado esse papel - determinou uma equipe americana de pesquisadores.

"Não há prova biológica, nem histórica, que o 'paciente zero' foi o primeiro caso dos Estados Unidos", segundo o resumo de um estudo conduzido pelos pesquisadores da universidade de Tucson (Arizona, sudoeste) e apresentado durante uma conferência em Boston. As conclusões detalhadas ainda não foram publicadas.

Esta equipe, liderada pelo professor de biologia Michael Worobey, analisou o genoma do vírus contudo em oito amostras sanguíneas de pacientes americanos, fazendo parte dos nove genomas mais antigos já recuperados no mundo até hoje, coletados em 1978-1979, assim como o do "paciente zero" recuperado em 1983.

O comissário de bordo canadense Gaétan Dugas, foi designado pelo jornalista Randy Shilts em seu livro "And the band played on" (1987) como sendo o homem que importou o hiv para os Estados Unidos, e que teria disseminado com suas múltiplas viagens e uma vida "desregrada", lembrou a revista Science.

Mas ao combinar análises moleculares, filogenéticas (relação entre os organismos vivos que permite formar uma árvore genética) e históricas, a equipe do professor Worobey estabeleceu que o vírus foi transferido da África para o Caribe entre 1964 e 1970 (provavelmente antes de 1967) antes de entrar nos Estados Unidos, por Nova York, entre 1969 e 1973 (provavelmente antes de 1971).

O vírus, cujo genoma se transforma a cada duplicação, permitindo criar uma história geográfica, foi então transportado para San Francisco (antes de 1975) "com um importante mix geográfico nos Estados Unidos e em outros lugares logo depois", segundo o resumo.

Com árvore genealógica realizada, os cientistas determinaram que o genoma do "paciente zero" não estava no início da árvore genética dos primeiros anos da epidemia nos Estados Unidos, mas "no meio do caminho", relatou a revista Science.

Isso mostra "claramente" que Gaétan Dugas, que morreu em 1984, não introduziu a aids nos Estados Unidos, concluiu a revisão.

O Governo de Pernambuco deixou de fornecer leite às lactantes com HIV positivo. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), a situação já foi regularizada.

A assessoria da SES informou que o fato ocorreu devido ao atraso na entrega pela empresa fornecedora. “Uma nova licitação já está sendo realizada para que uma nova empresa passe a fornecer o leite”, diz a secretaria em nota. Foram adquiridas cinco mil latas para distribuição nos meses de março e abril. 

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O ambulatório de Doenças Infectocontagiosas e Parasitárias infantil (DIP- Infantil) do Hospital Universitário Oswaldo Cruz passou a receber doações de leite para atenuar o problema. “Não recebíamos leite, porque o governo normalmente dá, mas ficamos preocupados”, diz a coordenadora de infectologia pediátrica da unidade de saúde, Ângela Rocha. 

As mães que têm HIV podem passar o vírus para seu bebê durante a gravidez, no parto, ou através da amamentação. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, em média, são distribuídas 3,3 mil latas de leite por mês.    

Um médico cambojano foi condenado nesta quinta-feira a 25 anos de prisão por ter contaminado mais de 100 habitantes de um vilarejo com o vírus da aids, anunciou um tribunal.

Yem Chroeum, 55 anos, que não tem diploma, como vários médicos das zonas rurais do Camboja, foi condenado por ter contaminado mais de 100 pessoas do mesmo vilarejo, incluindo idosos e crianças, por trabalhar com seringas usadas.

O tribunal o considerou culpado de homicídios culposos, mas rejeitou a acusação de morte com premeditação, que poderia resultar em pena de prisão perpétua.

A taxa de detecção de aids no Brasil caiu 5,5% na passagem de 2013 para 2014, de acordo com boletim divulgado nesta terça-feira (1°) pelo Ministério da Saúde. Ano passado, foram identificados 19,7 casos por 100 mil habitantes. No ano anterior, a marca era de 20,8 por 100 mil. Em valores absolutos, foram constatados 39.951 casos de aids em 2014 e, em 2013, 41.814. Os números foram comemorados pelo diretor do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita.

"Nunca testamos tanto e mesmo assim, as taxas foram mais baixas", comentou. Os dados demonstram que em 2014 foram realizados 7,8 milhões de testes e neste ano, 9,6 milhões. De acordo com o diretor, o Brasil já alcançou, entre a população adulta, a meta de suprimir a quantidade de vírus circulante no organismo em pacientes testados. O objetivo é alcançar a supressão viral (níveis de HIV equivalentes a zero) em 90% dos pacientes tratados.

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"Precisamos ainda melhorar os números entre crianças. No momento, estamos a 2 pontos porcentuais para alcançar a meta geral", disse. Na avaliação do Ministro da Saúde, Marcelo Castro, o comportamento da epidemia, revelado pelo boletim epidemiológico indica que o País vai conseguir alcançar a meta de 90/90/90 até 2020 - 90% da população portadora do vírus com diagnóstico da sua condição, 90% em tratamento e 90% carga viral suprimida.

Jovens

O ministro afirmou ser necessário sobretudo melhorar os indicadores de aids entre jovens. Os indicadores nessa população ainda preocupam de forma significativa. "Esse é um problema que não é exclusivo no Brasil, é um fenômeno mundial e é resultado de vários fatores", comentou.

A faixa etária que mais preocupa, de acordo com Mesquita, é que está entre 15 a 24 anos. "Não é comparativamente a população que tem os maiores indicadores. Em números absolutos, os números são mais relevantes entre maiores de 24 anos. Mas é no grupo entre 15 e 24 que a velocidade de expansão é mais alta", afirmou.

Em 2014, a taxa de detecção por 100 mil habitantes era de 6,7 por 100 mil na população de homens de 15 a 19 anos. Um indicador muito mais expressivo do que o apresentado, por exemplo, em 2007, quando eram identificados 2,8 casos a cada 100 mil habitantes.

Na faixa etária de homens entre 20 a 24, o avanço também foi muito significativo: saltou de 5,2 para 30,3 por 100 mil.

Entre mulheres, o comportamento não foi o mesmo. Entre 15 a 19 anos, o indicador passou no período de 3,7 para 4,2 por 100 mil. Na faixa etária de 20 a 24 anos, o comportamento foi oposto: uma queda de 14,5 para 12 por 100 mil habitantes.

Um dos pontos considerados essenciais pelo governo é a disponibilização, prevista para o próximo ano, de autotestes de HIV. "É uma ferramenta útil, sobretudo para pessoas que se sentem constrangidas de pedir o exame para o médico", disse o ministro. A estimativa é a de que atualmente 781 mil pessoas vivam no Brasil com HIV. Deste total, 649 mil sabem desta condição.

Há mais de uma década, cientistas descobriram que um vírus chamado GBVC tem a misteriosa capacidade de reduzir a progressão da aids em indivíduos com HIV. Agora, um grupo de cientistas, com participação brasileira, desenvolveu um modelo em macacos que permitirá estudar a infecção pelo GBVC e desvendar qual é a estratégia do vírus para impedir o desenvolvimento da aids. O estudo foi publicado na quarta-feira, 16, na revista Science Translational Medicine.

Em 2009, uma equipe liderada por Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), descobriu que há uma sinergia na interação entre os vírus GBVC e HIV. "É algo inusitado. O GBVC reduz a inflamação causada pela infecção do HIV. Ele funciona como uma espécie de vírus protetor", disse Kallás à reportagem.

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No estudo atual, feito pelo grupo de Kallás em parceria com cientistas da Universidade de Wisconsin (EUA), os pesquisadores conseguiram desenvolver pela primeira vez um modelo que simula, em macacos, a infecção pelo GBVC.

"Com o novo modelo, vamos poder estudar a infecção em experimentos e entender exatamente o processo de proteção usado pelo GBVC. Depois vamos investigar se esse processo pode resultar em novas terapias para a aids".

Além da proteção contra a aids, o GBVC tem outras características incomuns: ao contrário de outros vírus, ele não causa doenças, nem é eliminado do corpo do hospedeiro. Embora ele seja bastante comum - ocorre em até 8% da população mundial em geral e em até 25% das pessoas com HIV - pela falta de um modelo que permita estudar sua infecção em animais, ainda não se sabe como ele faz para impedir a progressão da aids.

Segundo Kallás, a descoberta do GBVC está associada a pesquisas sobre os vírus causadores da hepatite. Nas décadas de 80 e 90, muitos cientistas estudaram as causas das hepatites que não são provocadas pelos vírus A e B.

"No fim da década de 80 foi descrito o vírus da hepatite C. A partir daí, foram descobertos os vírus da hepatite Delta e hepatite E. Mais tarde, descobriram o que se pensava inicialmente ser o vírus da hepatite G. Mas este último vírus, muito frequente, não estava ligado à hepatite: era o GBVC", explicou Kallas.

Quando os cientistas ainda estavam estudando se o novo vírus tinha relação com a hepatite, examinaram registros sobre pacientes com aids para descobrir se ele interferia na progressão da doença.

Inesperado

"Foi no início da década de 2000 que alguns estudos mostraram algo totalmente inesperado: a presença do GBVC não acelerava a progressão da aids - ao contrário, diminuía seu ritmo. Foi surpreendente descobrir um vírus que poderia ter um efeito benéfico de proteção do hospedeiro de outro vírus", disse o pesquisador.

A partir daí, tiveram início diversos estudos para descobrir como o GBVC protegia portadores de HIV. Diversas hipóteses foram levantadas, como uma competição entre os dois vírus, ou uma capacidade de bloqueio da infecção por HIV. Até que o grupo da USP conseguiu determinar pela primeira vez que o GBVC reduz a inflamação no organismo do hospedeiro. "É como se ele tivesse um efeito anti-inflamatório específico para as células mais inflamadas pela infecção do HIV. Publicamos um artigo em 2009 revelando esse mecanismo", declarou.

Mais tarde, um grupo de cientistas da Califórnia, nos Estados Unidos, estudando dados de pessoas que tinham aids antes do desenvolvimento dos coquetéis, tiveram uma redução de 50% na infecção pelo HIV quando recebiam doações de sangue de pessoas infectadas com o GBVC.

Depois dessas descobertas, Kallás começou a trabalhar com um colega da Universidade de Wisconsin, David O’Connor, que liderava um projeto de pesquisa em busca de vírus emergentes em Uganda, na África.

Dispondo de técnicas de biologia molecular bastante sofisticadas, O'Connor coletou amostras de macacos selvagens em busca de novos vírus.

"Em seus ensaios de prospecção de novos vírus, ele descobriu que o vírus SIV - equivalente ao HIV em macacos - era relativamente frequente. E encontrou também com grande frequência os GBVC. Foi a partir daí que pensamos em estudar a concomitância desses dois vírus em macacos", explicou Kallas.

Quando O'Connor analisou os dados dos macacos que tinham GBVC, descobriu que todos estavam infectados por SIV. "Parecia que os dois vírus agiam juntos. Começamos então a trabalhar em um modelo de macacos para responder como o GBVC é capaz de proteger o hospedeiro.

Os cientistas montaram então um modelo para infectar macacos em laboratório com o GBVC, algo que ainda não havia sido feito. "Além de descrever como a infecção aguda acontece, esse modelo sedimenta o que precisamos saber para fazer estudos experimentais para a infecção de SIV e GBVC nos macacos. Com isso esperamos entender com precisão os processos de proteção", disse.

Com um financiamento obtido junto ao governo dos Estados Unidos, os cientistas prosseguirão agora os estudos. O grupo de Wisconsin fará as observações em animais, enquanto o grupo de São Paulo reproduzirá os estudos nas amostras de sangue de pessoas que vivem com HIV, sabendo que uma em cada quatro delas estão infectadas também com o GBVC.

"Unindo os dados experimentais e clínicos, esperamos responder várias perguntas. Onde esses vírus se distribuem no organismo das pessoas? Se a infecção por GBVC vier antes ou depois da infecção por HIV o efeito é diferente? Será que esse efeito pode resultar em uma terapia que envolva injetar o GBVC em pacientes para reduzir a progressão da aids?."

Um homem portador do vírus da aids receberá R$ 300 mil da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) por danos morais. A decisão, unânime, é da 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS). Segundo a Justiça, o fiel, por influência da Igreja, abandonou o tratamento médico em nome da 'cura pela fé'.

Segundo os autos do processo, o homem contraiu o vírus em 2005. Como prova de fé, afirma a Justiça, ele teria sido levado a se relacionar sexualmente com a esposa sem o uso de preservativos, e lhe transmitiu o vírus. Ele ainda teria cedido bens materiais para a IURD. As informações foram divulgadas pelo site do TJ-RS na quarta-feira, 2. O julgamento do caso ocorreu no dia 26 de agosto.

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Em 1ª instância, a juíza Rosane Wanner da Silva Bordasch havia fixado a indenização em R$ 35 mil. Este valor foi majorado pelo colegiado do TJ em quase 760%, que considerou, principalmente, o 'estado crítico de saúde' a que o homem chegou por deixar de tomar a medicação, em setembro de 2009. Poucos meses depois, com a queda da defesa imunológica, uma broncopneumonia o deixou hospitalizado por 77 dias, sendo 40 deles sob coma induzido. O TJ-RS afirma que o homem chegou a perder 50% do peso.

"Quanto ao valor da indenização, o significativo aumento foi justificado pelos graves danos causados ao doente e à dimensão de potência econômica da Igreja Universal do Reino de Deus, a quem a fixação da indenização em R$ 300 mil deverá ter caráter pedagógico", observou o desembargador Eugênio Facchini Neto. "Pessoa ou instituição que tem conhecimento de sua influência na vida de pessoas que a tem em alta consideração, deve sopesar com extrema cautela as orientações que passa àqueles que provavelmente as seguirão."

Para o magistrado, os laudos médicos e o depoimento da psicóloga são provas de que o abandono do tratamento pelo paciente se deu a partir do início das visitas aos cultos. Esse fato, somado a outras provas indiretas, como testemunhos e matérias jornalísticas, convenceram o magistrado sobre a atuação decisiva da Igreja no sentido de direcionar a escolha.

As provas citadas incluíam declaração em redes sociais sobre falsas curas da aids propaladas por um bispo da Universal, documento da própria igreja recomendando 'sacrifício perfeito e não em parte para os que creem em Deus', gravação de reportagem de jornal de âmbito nacional com investigação sobre coação moral praticada durante os cultos, e testemunho de ex-bispo que admite ter doado tudo o que tinha para obter a cura da filha.

"Assim, apesar de inexistir prova explícita acerca da orientação recebida pelo autor no sentido de abandonar sua medicação e confiar apenas na intervenção divina, tenho que o contexto probatório nos autos é suficiente para convencer da absoluta verossimilhança da versão do autor", afirmou o desembargador Facchini.

Em sua decisão, o magistrado apontou a importância social da religião, a capacidade de aglutinação e como, na história multimilenar do homem, tem servido de conforto e esperança nos momentos de vulnerabilidade dos que nela têm fé. Junto a essa reflexão, tratou de como a proteção da confiança - inclusive a religiosa - corresponde a um princípio ético-jurídico, razão pela qual quem induz a confiar deve responder, caso frustre essa expectativa:

"No caso em tela, a responsabilidade da ré, reside no fato de ter se aproveitado da extrema fragilidade e vulnerabilidade em que se encontrava o autor, para não só obter dele vantagens materiais, mas também abusar da confiança que ele, em tal estado, depositava nos 'mensageiros' da ré", afirmou o desembargador.

Ao seguir a decisão do relator, o desembargador Carlos Eduardo Richinitti criticou àqueles que, 'em nome de Deus, ameaçando com a ira satânica, constroem um lucrativo negócio financiado, muitas vezes, pelo medo'. "Não se trata de discutir a pertinência ou não da religião, ou questionar a crença de cada um. Sem meias palavras, a religião virou, no Brasil, um grande negócio, planejado e que se espraia por vários segmentos da nação. Não foi para materializar essas distorções que a Constituição assegurou a liberdade religiosa", afirmou o desembargador Richinitti.

A respeito da decisão, a Igreja Universal do Reino de Deus se defendeu, dizendo que:

1. O autor da ação já era portador do Vírus HIV quando foi acolhido pela Universal, em 2007. Laudos e depoimentos presentes no processo atestam que, já naquela época, ele não se submetia aos tratamentos terapêuticos na forma Indicada pelos médicos.

2. Ao defender preceitos religiosos e atos de fé no auxílio aos enfermos, a Universal sempre destaca a importância da rigorosa observância dos tratamentos médicos prescritos.

3. O próprio relator do recurso no tribunal reconhece que não há prova da suposta orientação recebida pelo autor, no sentido de abandonar sua medicação. Pois não há prova porque é mentira que a Universal tenha praticado tal ato.

4. Para além das liberdades de crença e culto asseguradas por nossa Constituição Federal, há vasta bibliografia científica sustentado a afirmação bíblica de que a fé auxilia - e muito - na cura de doenças.

5. Quanto à absurda alegação de que a igreja teria estimulado o autor da ação a deixar de fazer uso de preservativo nas relações sexuais com a esposa, vale lembrar que, dentre as instituições religiosas, a Universal é pioneira na distribuição de camisinhas na África, exatamente como método de combate à propagação da aids naquele continente. Leia mais no link de reportagem do jornal Folha de S.Paulo do ano de 2007: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1305200718.htm

6. Finalmente, destacamos que tramitou recentemente, no mesmo TJ-RS, causa idêntica mas que teve como resultado a absolvição da Universal.

A Igreja diz ainda ter confiança que a Justiça prevalecerá e recorrerá da decisão.

Pessoas que sofreram exposição ao vírus da aids, como em um acidente de trabalho, violência sexual ou que tiveram uma relação sexual consentida, sem preservativo, poderão buscar medicamento preventivo na rede pública. O Ministério da Saúde criou regras para oferecer remédios destinados a prevenir a contaminação pelo HIV depois da exposição ao risco.

Na prática, com o documento publicado hoje no Diário Oficial da União, o governo pretende ampliar a oferta e facilitar a prescrição dos medicamentos para que, mesmo em serviços sem médicos especialistas, o paciente possa receber o remédio e prevenir a infecção.

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O coquetel de medicamentos é oferecido desde 1990 a profissionais de saúde após contato com material potencialmente contaminado. Em 1998, a PEP foi liberada para vítimas de violência sexual. A partir de 2011, qualquer pessoa que teve relação sexual de risco passou a ter direito ao tratamento, mas até hoje ainda não havia regras para a indicação. O consumo do preventivo, conhecido como profilaxia pós-exposição (PEP), dura três meses. O aconselhável é que a pessoa procure o serviço de saúde até 72 horas depois da exposição de risco, mas o ideal é que seja até duas horas depois.

O primeiro atendimento após a exposição ao HIV é considerado emergência médica. Ao todo, são 28 dias consecutivos de uso dos quatro medicamentos antirretrovirais previstos no protocolo: tenofovir, lamivudina, atazanavir e ritonavir.

Antiretrovirais - Os medicamentos antirretrovirais surgiram na década de 1980, para impedir a multiplicação do vírus no organismo. Eles não matam o HIV , vírus causador da aids , mas ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Por isso, seu uso é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida de quem tem aids.

Com informações da Agência Brasil e do Ministério da Saúde

Embora a cura do HIV continue distante, os cientistas garantem que o cenário atual de pesquisa é mais animador do que nunca - diante de novas perspectivas divulgadas durante a conferência internacional sobre a aids realizada esta semana no Canadá.

Entre os trabalhos apresentados, informações sobre os progressos em terapias genéticas e o uso de anticorpos para neutralizar o HIV, assim como investigações sobre porque algumas pessoas infectadas são capazes de se manter em remissão sem medicação após tratamentos e uma hipótese de que as vacinas - ainda por serem inventadas - poderiam ser usadas para "chocar e matar" o vírus.

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"O conhecimento sobre o vírus, sua evolução e a resposta do corpo ao HIV está ajudando a limitar e centralizar o enfoque sobre a cura do HIV na agenda de pesquisa", afirmou Françoise Barre-Sinoussi, do Instituto Pasteur da França, premio Nobel e ex-presidente da conferência.

Uma pesquisa divulgada por Christopher Peterson, do centro de pesquisa em câncer Fred Hutchinson de Seattle, Washington (noroeste dos Estados Unidos), divulgou descobertas de um estudo sobre células-tronco modificadas em macacos.

Os especialistas "editaram" com sucesso as células para bloquear a entrada do HIV no sistema de células imunes através de corredores de receptores conhecidos como "cavalo de Troia", informou o estudo.

"Com um número suficiente de células protegidas, o vírus não deveria ser capaz de se expandir e estaríamos diante de uma cura funcional", afirmou Peterson a jornalistas durante a 8ª Conferência sobre a Patogênese do HIV, em Vancouver, por onde passaram cerca de 6 mil pesquisadores e especialistas em HIV.

Outro estudo, liderado por John Mascola, do US National Institutes of Health, administrou anticorpos monoclonais HIV-1 a oito pessoas infectadas com o vírus.

Três meses após receber os anticorpos, a carga viral em seis deles "decresceu aproximadamente entre dez e 50 vezes", afirmou o relatório de Mascola. As outras duas pessoas tinham uma cepa resistente ao anticorpo utilizado, agregou.

Os anticorpos podem ter vários usos para tratar a aids, inclusive a possibilidade de ajudar a "matar o reservatório vital" que se esconde nas células dos infectados, explicou Mascola em coletiva de imprensa.

- Mais perguntas -

Nenhuma das novas descobertas levou a tratamentos práticos e todos "todos geraram mais perguntas do que respostas", afirmou Steven Deeks da Universidade da Califórnia, San Francisco.

Mas Deeks argumentou que as descobertas levarão a "maiores estudos, que podem falhar, mas continuarão levando a novos trabalhos. É assim que a ciência funciona".

Asier Saez-Cirion, do Instituto Pasteur, dirigiu uma pesquisa em uma jovem francesa de 18 anos que nasceu infectada com o HIV cuja família suspendeu o tratamento durante vários anos e mesmo assim a doença se manteve em remissão durante 12 anos.

Nunca antes se havia sabido de um caso no qual uma criança infectada pelo HIV tenha se beneficiado com uma remissão a longo prazo, embora ainda não se saiba como a jovem conseguiu controlar a infecção.

Ainda "precisamos de muita pesquisa de base", explicou Saez-Cirion.

Os pesquisadores convidaram a seguir financiando a busca por uma cura, ainda que as pesquisas não mostrem resultados imediatos. "Menos de 1% do financiamento (global) para a aids é para a investigação de uma cura", enfatizou o pesquisador australiano Sharon Lewin.

Lewin disse à AFP que o sucesso no tratamento de pessoas infectadas pode fazer com que as autoridades e as pessoas pensem que "a aids e o HIV não são grande coisa, que é uma questão resolvida, quando a realidade é que ainda há dois milhões de novos infectados, 1,5 milhões de mortes a cada ano e 35 milhões de pessoas vivendo com HIV".

O próximo passo nas investigações inclui testes clínicos para ajudar os infectados a se manterem em remissão - após suspender o tratamento com antirretrovirais -, tratamentos de "choque e cura" e reforçar o sistema imunológico dos pacientes.

A meta que chegou a parecer um sonho há 15 anos - frear e começar a reverter a incidência da aids no mundo - foi atingida. Dados publicados nesta terça-feira, 14, pela Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que 15 milhões de pessoas estão recebendo os coquetéis de combate ao vírus e que o objetivo de acabar com a doença até 2030 pode ser considerada "realista" se investimentos forem feitos.

No ano 2000, a ONU estabeleceu como uma das Metas do Milênio frear e reverter a aids no mundo, objetivo que chegou a ser ridicularizado por líderes e mesmo empresas do setor. Em 2015, os dados apontam que as novas infecções caíram em 35% e as mortes foram reduzidas em 41% em 15 anos. A resposta global ainda evitou 30 milhões de novos casos e 8 milhões de mortes. "O mundo conseguiu parar e reverter a epidemia da aids", disse Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU. "Agora precisamos nos comprometer a acabar com a epidemia."

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Os estudos da ONU revelam que o investimento no combate à doença foi um dos mais produtivos em gerações. O levantamento também indica que o mundo está no caminho para atingir a meta de ter US$ 22 bilhões por ano para essa luta.

"Há 15 anos, existia uma conspiração do silêncio. A aids era uma doença 'dos outros' e o tratamento era apenas para os ricos", disse Michel Sidibe, diretor executivo da Unaids, o programa da ONU contra a aids. "Provamos que isso era errado e hoje temos 15 milhões sob tratamento", disse. Para ele, quando a meta foi estabelecida, muitos a achavam que seria "impossível".

Naquele momento, 8,5 mil novos casos eram registrados por dia. Desde então, as infecções caíram de 3,1 milhões para 2 milhões por ano, uma redução de 35%. Se nada tivesse sido feito, esse número teria chegado a 6 milhões em 2014. Ao todo, 83 países - que representam 83% dos casos - frearam ou reverteram a contaminação, incluindo Índia, Quênia, África do Sul e Zimbábue. Por ano, 520 mil crianças estavam sendo afetadas em 2000. Hoje, essa taxa caiu em 58%.

"Em 2000, a aids era um sentença de morte", diz a ONU, com 4,3 mil mortes diárias - ou 1,6 milhão de mortes anuais. Hoje, essa taxa caiu para 1,2 milhão de mortes por ano. Hoje, 36,9 milhões de pessoas vivem com o vírus no mundo.

Alerta

Apesar dos resultados divulgados, nem todos compartilham do mesmo otimismo. Para a entidade Médicos sem Fronteiras, atingir 15 milhões de pessoas, de fato, é um "feito importante". "Mas não podemos perder de vista que mais da metade das pessoas que vivem com aids continuam sem acesso ao tratamento", disse a entidade.

Segundo Sharonann Lynch, representante da entidade, "certos países contam com uma cobertura de apenas 17% dos pacientes". Ela ainda critica o fato de que os doadores têm sugerido a redução de recursos para o combate à aids em países em desenvolvimento. "Temos de usar essa oportunidade para dar um golpe na epidemia. Ou corremos o risco de perder o que ganhamos e voltar às mesmas taxas de infecção do passado", alertou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma vacina experimental contra o HIV, o vírus responsável pela aids, mostrou resultados promissores em macacos, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (2) na revista Science.

Esta vacina "duplo viral", que primeiro prepara o sistema imunitário com um outro agente patogênico e em seguida, impulsiona uma proteína encontrada em torno do invólucro do HIV, pode ser a melhor estratégia para proteger contra a infecção por este vírus em seres humanos, como pesquisadores.

Primeiro eles injetaram nos macacos uma vacina contra um adenovírus - vírus ligados a muitas infecções humanas - para alertar o sistema imunológico. Numa segunda fase, foi injetada uma espécie de lembrete, desta vez com uma proteína purificada que forma o envelope do HIV, o que provocou uma forte reação das células imunitárias.

Um tal sistema, que visa multiplicar tanto a magnitude da resposta imune como alargar a proteção contra ataques virais subsequentes, foi utilizado com a vacina contra o Ebola.

No caso da vacina experimental contra a aids, os cientistas foram capazes de proteger totalmente metade de doze macacos contra a infecção do vírus de imunodeficiência símia (VIS), semelhante ao HIV que ataca os seres humanos.

"Nos sentimos encorajados pelos resultados deste estudo pré-clínico, que abre o caminho para a avaliação de uma vacina que poderia servir aos seres humanos", afirmou o virologista Dan Barouch, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard e um dos os principais autores da pesquisa.

Já está em curso um estudo clínico de fase 1 com voluntários saudáveis, para avaliar a segurança da vacina experimental.

Cuba se tornou o primeiro país do mundo a eliminar a transmissão de HIV e sífilis de mãe para filho. A conquista foi validada na terça-feira, 30, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que ressaltou o papel do sistema de saúde cubano, focado na atenção básica, no processo de eliminação.

"O êxito de Cuba demonstra que o acesso e a cobertura universais de saúde são factíveis e, de fato, a chave desse êxito, até mesmo contra desafios tão complexos como o HIV", disse a diretora da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), Carissa Etienne, em coletiva de imprensa realizada em Washington para anunciar o feito.

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A OMS considera eliminada a transmissão vertical do HIV quando se registram menos de dois casos para cada cem bebês nascidos de mulheres infectadas. No caso da sífilis, a taxa deve ser inferior a 0,05 casos a cada 2 mil nascidos vivos. Em Cuba, apenas dois bebês nasceram com HIV e cinco com sífilis congênita em 2013, o que coloca o país dentro dos parâmetros solicitados pela entidade para a dupla validação.

"Eliminar a transmissão de um vírus é uma das maiores conquistas possíveis na saúde pública. É uma grande vitória na nossa luta contra o HIV e contra as infecções sexualmente transmissíveis, e um importante passo para termos uma geração livre da aids", disse Margaret Chan, diretora-geral da OMS.

Uma missão internacional de especialistas visitou a ilha caribenha em março de 2015 para validar o progresso da eliminação da transmissão vertical das duas doenças. Na ocasião, foram visitados centros de saúde, laboratórios e órgãos governamentais para a coleta de dados.

Os especialistas que participaram da visita reconheceram a importância dos esforços do governo cubano para assegurar à população um pré-natal adequado, testes de sífilis e HIV e tratamento às gestantes, seus parceiros e os bebês.

Outros países

Segundo a OMS, outros seis países e territórios das Américas estão em condições de solicitar a validação de eliminação de HIV e sífilis: Anguilla, Barbados, Canadá, Estados Unidos, Montserrat e Porto Rico. Além disso, oito países da região teriam eliminado a transmissão vertical de HIV e outros 14, a de sífilis.

O ministro da Saúde cubano, Roberto Morales Ojeda, disse que o país está disposto a auxiliar outras nações na busca pela mesma validação. "Estamos totalmente à disposição para ajudar outros países."

O número de crianças nascidas na América Latina e Caribe com HIV caiu quase 80% em uma década. Em todos os países de baixa e média renda, dobrou o número de grávidas com HIV que recebem tratamento para prevenir a transmissão vertical. Em todo o mundo, sete em cada dez gestantes soropositivas recebem o tratamento.

O desafio, porém, ainda é grande. A OMS estima que cerca de 1,4 milhões de mulheres infectadas pelo vírus da aids ficam grávidas a cada ano no mundo. Se as gestantes não recebem o tratamento antirretroviral durante a gestação, o risco de transmissão do vírus para o bebê é de até 45%. Se são tratadas, a chance de contaminação da criança cai para 1%.

No caso da sífilis, são aproximadamente 1 milhão de grávidas infectadas pela doença por ano em todo o mundo. A doença pode levar à morte do bebê, malformação fetal ou infecções neonatais graves.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os próximos cinco anos serão cruciais para evitar um rebote da epidemia de aids favorecido por altas taxas de infecção e um rápido crescimento da população mundial - alertaram especialistas nesta quinta-feira.

"O cinco anos que estão por vir oferecerão uma oportunidade frágil para acelerar a resposta à epidemia de aids e colocar um termo de hoje até 2030", segundo Michel Sidibé, diretor-geral da UNAIDS.

"Se não fizermos isso, as consequências humanas e financeiras serão catastróficas", ressaltou.

Um relatório, feito pela UNAIDS e pela revista médica The Lancet, com o apoio de grandes figuras da luta contra a aids, pede que a doença seja tratada com alta prioridade nos objetivos de desenvolvimento da ONU após 2015.

O documento aponta boas notícias, a começar pelo advento em 1996 dos medicamentos antirretrovirais que, sem curar a doença, salvaram vidas ao permitirem controlar a infecção.

"De 2001 a 2013, a incidência anual de infecções por HIV diminuiu 38%, de 3,4 milhões em 2001 para 2,1 milhões em 2013". Em crianças entre 2002 e 2013, ela "caiu 58%, com 240 mil novas infecções em 2013, contra 580.000 em 2002", observou o relatório.

Na África do Sul, um dos países mais afetados, a expectativa média de vida aumentou em 2005 pela primeira vez desde 1997.

Mas muitas preocupações permanecem.

Em 2013, 1,5 milhões de pessoas morreram de causas relacionadas com a aids, mais de 10 milhões ainda não tinham começado a terapia antirretroviral e, das 35 milhões de pessoas que vivem com o vírus HIV, 19 milhões não sabem que foram infectadas.

Com o crescimento da população mundial, o número de jovens que se tornam sexualmente ativos aumenta e isso coloca em risco a meta de eliminar a aids enquanto ameaça para a saúde pública em 2030.

"Estender o acesso sustentável ao tratamento é essencial", afirmou Peter Piot, diretor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e predecessor Sidibé à frente da UNAIDS.

"Precisamos também revitalizar os esforços de prevenção, especialmente entre as populações mais vulneráveis, eliminando a discriminação legal e social", acrescentou.

O relatório também insiste sobre o financiamento.

"Será preciso 36 bilhões de dólares a cada ano para atingir a meta das Nações Unidas até 2030", apontou o relatório, enquanto o esforço atual é de cerca de 19 bilhões de dólares (cerca de 60 bilhões de reais) por ano.

Nos países pobres da África, duramente atingidos, a luta contra a aids exigirá até 2,1% do produto interno bruto (PIB) por ano e pelo menos um terço das despesas de saúde do governo e um "apoio internacional" será "necessário por muitos anos pela frente".

O Ministério da Saúde informou na tarde desta quarta-feira, 24, que aumentou em 30% o número de pessoas que iniciaram tratamento com antiretrovirais no País. Entre dezembro de 2013 e dezembro de 2014, o número de pacientes com acesso ao medicamento passou de 57 mil para 74 mil.

O salto, segundo a Pasta, se deve ao fato de ter sido implementado no Brasil o Novo Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e Aids. Também ocorre pela ampliação dos testes de Aids. Nos quatro primeiros meses do ano passado foram realizados 1,9 milhão de testes . Neste ano, no mesmo período, foram 2,1 milhões.

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"Esses dados de aumento de testagem e do número de novos tratamentos demonstram a importância do Novo Protocolo", disse a ministra interina Ana Paula Soter. Para o diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, Fabio Mesquita, a campanha também ajudou a chegar nestes dados. "Pela primeira vez tivemos uma campanha de prevenção que se estende ao longo de todo o ano", declarou.

O Ministério da Saúde também lançou nesta quarta-feira campanha de prevenção contra Doenças Sexualmente Transmissíveis focada nas grandes festas populares que ocorrem no País no segundo semestre, como a Festa do Peão de Barretos (SP) e a Oktoberfest em Blumenau (SC). Algumas já estão em andamento nas festas juninas na região Nordeste, como em Campina GRande (PB), Caruaru (PE) e Recife (PE).

A campanha vai reforçar o conceito de prevenção combinada focada no conceito camisinha-teste-medicamento e será exposta na TV, em revistas, mobiliário urbano, além de redes sociais e distribuição de folders. O público alvo são os jovens. Tanto que os materiais usam a gíria #partiuteste.

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