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Depois do rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, que causou a morte de 150 pessoas (até o dia 7 de fevereiro) a preocupação dos brasileiros com a situação das barragens espalhadas pelo país só vem aumentando. Em Pernambuco, com as fortes chuvas caindo em várias regiões, diante das secas de grande parte dos barramentos, acende-se o sinal de alerta para as cheias e a situação das barragens que fazem a contenção das águas.

De acordo com relatório anual de 2016, divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA), existem 22 mil 920 barragens registradas e catalogadas no Brasil, sendo 470 só em Pernambuco. Este número referente ao Estado diverge com os números mostrados pela Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos de Pernambuco. Segundo o órgão, o número de barragens somam 442 - o que representa menos 28 barragens do que o anunciado pela ANA.

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Segundo os números da Secretaria de Infraestrutura, do total de barragens em Pernambuco, 283 são de responsabilidade da administração estadual e de órgãos vinculados. As outras 159 - que contém 59% do volume da água acumulada - são de responsabilidade do Governo Federal, prefeituras e particulares.

Em relatório da Confederação Nacional de Municípios, 4 mil 159 barragens brasileiras estão classificadas como Dano Potencial Associado (DPA). Pernambuco corresponde por 10,9% desse total, tendo 453 barragens classificadas como DPA. De qualquer forma, é bom salientar que no Estado não existem barragens de rejeitos, sendo maioria usadas para abastecimento de água e combate à seca.

A secretária do Ministério de Infraestrutura e Recursos Hídricos, Fernandha Batista, explica que há diferença entre risco potencial e o risco de rompimento. "O risco de rompimento tem problemas estruturais, enquanto que os critérios de avaliação do risco potencial levam em conta o porte das barragens e o fato de ter população morando próximo ao local, sendo apenas este último caso apontado pelos relatórios técnicos da ANA em relação às nossas barragens”, diz.

De acordo com relatório do Governo de Pernambuco, 70% das barragens estão com o acúmulo de água abaixo de 3 milhões de metros cúbicos.

O monitoramento é feito de maneira constante em todas as barragens do Estado. Reprodução/ Gráfico de Volume/ Agência Nacional de Águas (ANA)

Considerada a segunda maior  barragem do Estado, a de Entremontes, localizada em Parnamirim, Sertão pernambucano, está em situação caótica. Podendo acumular 339 milhões de metros cúbicos de água, por conta da falta de chuvas na região, a barragem encontra-se atualmente com apenas 2,4 milhões de metros cúbicos de água.  

Situada em Ibimirim, no Sertão, a maior de Pernambuco é a barragem Engenheiro Francisco Sabóia, que represa águas do Rio Moxotó. Podendo acumular até 504 milhões de metros cúbicos de água, atualmente, a barragem está com acúmulo de 36 milhões de metros cúbicos e fora do levantamento dos 70% de barragens em situação crítica.

A previsão de chuva para o trimestre é de chuvas acima da média.  Reprodução/ Gráfico de Volume/ Agência Nacional de Água (ANA)

É justamente por conta do baixo acúmulo de água em maioria das barragens que o Governo de Pernambuco, juntamente com a Agência Pernambucana de Águas e Climas (APAC) esclarecem que laudos técnicos atestam que não há risco de rompimento dessas estruturas e anunciou a intensificação das ações de fiscalização na área com a criação de um grupo de trabalho multidisciplinar, composto por 29 profissionais.

Segundo o órgão, o grupo de trabalho tem o objetivo de atualizar o cadastro das barragens e envolve a ação coordenada das secretarias de Infraestrutura e Recursos Hídricos, de Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Urbano e Habitação, além de diversos órgãos vinculados à temática. Iniciado pela Região Metropolitana e pela Mata Sul - que possuem a maior concentração pluviométrica-, o processo de cadastramento será concluído no mês de junho.

Ação Federal

Nesta quarta-feira (6), o Ministério do Desenvolvimento Regional apresentou os planos de ações para 139 barragens que serão recuperadas pelo Governo Federal. O órgão garante que os diagnósticos apontam medidas e estratégias necessárias à reabilitação de barramentos que reservam água para diversos usos em 14 estados, nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste. "Apesar de demandarem atenção, as estruturas não apresentam risco iminente de rompimento", acentua o ministério.

As 139 barragens que serão recuperadas estão distribuídas nos seguintes estados: Ceará (31), Pernambuco (26), Bahia (26), Minas Gerais (15), Rio Grande do Sul (10), Rio Grande do Norte (7), Piauí (5), Santa Catarina (4), Paraíba (4), Alagoas (4), Maranhão (3), Rio de Janeiro (2), Sergipe (1) e Paraná (1).

Para as ações em Pernambuco, o Ministério do Desenvolvimento Regional divulga que os custos para implementar as ações de reabilitação das 26 estruturas no Estado somam mais de R$ 68 milhões.

Tragédias em Minas Gerais, o início das preocupações

Em um período de 4 anos, o Estado de Minas Gerais sofreu com dois estouros de barragens de rejeitos. A primeira, considerada a maior catástrofe ambiental do Brasil, aconteceu em Mariana, no ano de 2015, após o rompimento do barramento da Samarco, que deixou 19 mortos e um prejuízo incalculável para moradores e para a natureza.

A segunda aconteceu em janeiro de 2019, na cidade de Brumadinho, distante 86 quilômetros de Mariana. O rompimento da barragem na cidade deixou, até o momento, 150 pessoas mortas e outras 182 desaparecidas. A tragédia de Brumadinho está sendo considerada a maior tragédia humanitária do país.

 

Moradores do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e funcionários que sobreviveram ao rompimento da barragem relataram a ocorrência de um suposto vazamento no pé da estrutura, uma semana antes do colapso. Segundo esses depoimentos, a mineradora estaria tentando reparar o problema, sem sucesso.

"Eu pude notar que tinha uma lona azul, lá no pé da barragem, e procurei saber se havia algum vazamento, mas ninguém falou nada", contou Celso Henrique de Oliveira, de 20 anos. Ele trabalhava dentro da mina em uma empresa terceirizada. O depoimento foi dado ao Movimento dos Atingidos por Barragens. A pesquisadora Karine Carneiro, do Grupo de Estudos e Pesquisas Socioambientais da Universidade Federal de Ouro Preto, que acompanha o trabalho da força-tarefa que investiga o colapso, observou depoimentos semelhantes. "Temos relatos sobre a lona azul, usada quando da ocorrência de umidade ou vazamento", conta ela. "Outras pessoas falam de um brejo no pé da barragem, que estaria sendo observado."

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Uma imagem de satélite feita antes do rompimento da barragem do Córrego do Feijão também revela um volume de água muito acima do normal entre os rejeitos. A saturação, ou excesso de água, pode ter causado o colapso da estrutura, de acordo com a força-tarefa responsável pela investigação do desastre.

O relatório da consultoria alemã Tüv Süd, que atestou a estabilidade da estrutura em agosto do ano passado já apontava problemas na drenagem interna da barragem. Havia entupimento de algumas tubulações de drenos e erros de projeto.

Procurada, a Vale informou que não houve registro de aumento do nível de água na barragem. Segundo a mineradora, após a instalação dos drenos horizontais profundos, como medida adicional de segurança, em 2018, foi feita inspeção em toda a barragem e não se detectou nenhuma anomalia.

A mineradora também afirmou que duas auditorias foram realizadas, em junho e setembro do ano passado, por uma empresa de renome internacional, que atestou a segurança física e hidráulica da estrutura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após um vídeo da barragem de Serro Azul, localizado em Palmares, Mata Sul de Pernambuco, viralizar nas redes sociais, a Agência Pernambucana de Águas e Climas (APAC) confirma que se trata de uma filmagem antiga e que nenhuma barragem de Pernambuco está prestes a se romper.

O vídeo em questão mostra várias infiltrações e rachaduras na barragem de Serro Azul. Muita água jorra por entre as fissuras do local. A assessoria da APAC garantiu que esse flagra foi feito há dois anos. "Esse vídeo foi feito quando a barragem estava em construção, quando ainda era permitido que as pessoas entrassem dentro do paredão da barragem", diz a APAC.

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Depois que a barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, rompeu, muita gente do Brasil começou a se preocupar com a situação das barragens de sua cidade. Em Pernambuco, existem 477 reconhecidas pela Agência Nacional de Águas (ANA). A secretária de Infraestrutura e Recursos Hídricos Fernandha Batista garante que nenhuma corre o risco de rompimento e são monitoradas constantemente pela APAC.

A Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos também explicou que o vídeo é antigo e garantiu a segurança do local. "A pasta reforça que monitora regularmente a estrutura. Na última segunda-feira (4/2), técnicos visitaram a Barragem de Serro Azul, na Mata Sul do Estado, começando o trabalho de atualização do relatório sobre os equipamentos, previsto no Grupo de Trabalho para Monitoramento das Barragens. Dessa forma, a administração estadual reforça seu compromisso em intensificar as fiscalizações e, assim, garantir a segurança da população".

Pelo menos duas barragens de Pernambuco, que fazem contenção de água, estão apresentando problemas com infiltração e rachaduras nas estruturas. Por uma fissura na barragem de Serro Azul, em Palmares, Mata Sul de PE, bastante água ultrapassa a barreira.

Confira o vídeo:

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Em Jucazinho, Surubim, Agreste do Estado, está localizada a terceira maior barragem do Estado, com capacidade máxima de 327 bilhões de litros; hoje, a barragem está com 3% de sua totalidade. Nela, segundo a TV Jornal de Caruaru, parece que os problemas que estão acontecendo em Serro Azul, se repetem.

Uma avaliação da Agência Pernambucana de Águas e Climas (APAC), em 2016, confirmou que a estrutura de Jucazinho estava comprometida. Prometendo solução, na época, o Governo Federal destinou um total de R$ 12 milhões.

Segundo constatado pela TV Asa Branca, na área onde deveria ser feito uma espécie de tobogã para diminuir o impacto da água no solo no caso da barragem transbordar, tem apenas a estrutura de ferros.

Conforme reportagem, a obra está parada desde junho de 2018, por conta de uma ordem do Tribunal de Contas da União (TCU), que revogou a decisão no dia 23 de janeiro. Agora, a expectativa é que a construtora responsável retome a obra, com conclusão prevista para julho de 2019.

Os trabalhos de buscas em Brumadinho onde uma barragem da empresa de mineração Vale se rompeu chegou ao 13º dia nesta quarta-feira (6) com dificuldade em razão da chuva que atinge a região. Segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, 400 homens atuam no local. Além do efetivo, as equipes contam com o auxílio de 25 máquinas pesadas.

O balanço mais recente da Defesa Civil do Estado aponta 150 mortos na tragédia, sendo que 134 já foram identificados. Ainda não foram localizadas 182 pessoas - entre funcionários da Vale, terceirizados que prestavam serviços à mineradora e membros da comunidade.

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O tenente informa ainda que será preciso reavaliar a dinâmica da operação. A equipe vai se reunir nesta quinta-feira (7) com o comandante-geral da operação para avaliar se é necessário criar uma nova "modelagem de buscas".

Há previsão de chuva nos próximos dias. "Fazemos o acompanhamento em tempo real. A chuva demanda modificações nas áreas de buscas. A chuva prejudica a operação. Não é possível decolar e nem pousar. Deixa a lama em condições difícil de manuseio, além do próprio deslocamento dos militares, que deve ser feito em segurança. Dependendo do local, vamos demorar o dobro do tempo ou mais para chegar em algum local", destacou o porta-voz.

"Foi necessário fazer uma escavação profunda, com utilização de maquinário pesado, como retroescavadeiras para retirar corpos da lama em camadas mais profundas", finalizou Aihara.

O trabalho de resgate de animais em Brumadinho (MG) após o rompimento da barragem da Vale no último dia 25 de janeiro continua. De acordo com a Brigada Animal, 350 foram resgatados até domingo (3). A contagem se refere a animais resgatados e devolvidos a seus donos ou aqueles que foram acolhidos na fazenda onde funciona o hospital de campanha.

Os animais que receberam atendimento nas propriedades de seus tutores também compõe esse número. Dos 350 resgatados, 145 seguem em atendimento no local. Lá, os animais recebem procedimentos veterinários e, após os tratamentos, são devolvidos para os respectivos donos.

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Os animais de tutores não localizados serão disponibilizados para adoção. Entre os bichos atendidos estão gatos, cães, equinos, bovinos, pássaros e aves - além de uma serpente e um cágado.

Subiu para 150 o número de mortos no rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho (MG), segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (6) pela Defesa Civil.

Outras 182 pessoas estão desaparecidas. Do total de vítimas, 134 corpos já foram identificados. Ou seja, após 13 dias de buscas, mais da metade dos indivíduos supostamente atingidos pelos rejeitos ainda não foram encontrados.

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O Corpo de Bombeiros já trabalha com a hipótese de que alguns corpos não sejam recuperados. As últimas vítimas foram achadas perto do estacionamento da unidade de tratamento de minério e de um vestiário.

O rompimento ocorreu no último dia 25 de janeiro, e a Vale, dona da barragem, ainda não conseguiu explicar o motivo do desastre.

Três funcionários da mineradora e dois engenheiros que atestaram a segurança do reservatório haviam sido presos, mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou a soltura na última terça-feira (5). 

Da Ansa

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) mandou soltar três funcionários da Vale e dois engenheiros da empresa TÜV SÜD, que prestava serviços a mineradora, hoje (5). Os três foram presos devido ao rompimento da barragem de Brumadinho (MG).

A decisão foi tomada por unanimidade entre os cinco ministros que participaram da sessão. “Todos os ministros ressaltaram a gravidade do fato ocorrido e a comoção social causada pela tragédia. No entanto, a turma entendeu que não há fundamentos idôneos para as prisões”, afirma a Corte, em nota.

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A decisão do STJ é provisória (liminar) e vale até que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais julgue o habeas corpus (pedidos de liberdade) apresentado pela defesa dos cinco investigados.

O relator do caso, ministro Nefi Cordeiro afirmou que “os engenheiros e funcionários da Vale já prestaram declarações, já foram feitas buscas e apreensões e não foi apontado qualquer risco que eles pudessem oferecer à sociedade”.

De acordo com os investigadores, os profissionais são suspeitos de fraudar laudos técnicos para a Vale, permitindo que as operações na mina Córrego do Feijão ocorressem normalmente.

Em busca de informação sobre vítimas, moradores de Brumadinho organizaram-se por WhatsApp para compartilhar novidades, perguntar por entes queridos e comentar as ações de resgate. Autorizado por administradores, a reportagem acompanhou o grupo "Desaparecidos Brumadinho", com mais de 200 membros, desde o sábado (26). Nas mensagens, os participantes acabaram escrevendo uma espécie de diário da tragédia.

Sábado, 26 de janeiro. No dia seguinte à tragédia, bombeiros faziam sobrevoo de helicópteros e buscas por terra. Foram localizadas 366, além de 34 mortos e 254 desaparecidos. "Gente, que angústia. Nunca pensei que passaríamos por isto", escreveu uma moça às 19h17, quando o sol de Brumadinho ia se pondo. As famílias sabiam que isso significava a suspensão das buscas até a manhã seguinte. "Espero que todos apareçam", outro comentou. "É muito triste ficar sem noticia." Entre as mensagens, porém, havia quem demonstrasse ânimo. "Enquanto não há corpo, ainda há esperança", escreveram. "Deus, vamos ter fé."

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Domingo, 27 de janeiro. "Que barulho é esse há um tempo? Parece alarme, sei lá", dizia uma mensagem, antes das 6 horas. Era o início de mais um pesadelo: com risco de desabamento da barragem 6, foi preciso evacuar áreas da cidade e suspender buscas. No grupo, proliferaram notícias falsas: "ALERTA A BARRAGEM ROMPEU".

"Mães, parentes e amigos que sofrem sem notícia e, para piorar, não podem esperar nem em suas casas porque moram perto de rio", comentou uma mulher. Às 11 horas, fotos e vídeos do exército de Israel animaram o grupo, mesmo após a informação de que a ajuda só desembarcaria à noite. "Que Deus use eles como instrumento", dizia um comentário, seguido de emojis de mãos batendo palma. O clima mudou pouco depois. O número de mortos chegou a 58; os desaparecidos, a 305. Já não se falava mais em resgates. "Cada dia a mais, a angústia aumenta", comentaram. "Ontem, minha prima e afilhada de coração estavam arrumando a casa dela para receber o pai", contou uma participante. "Ela tem certeza que ele volta. Tem 11 anos."

Segunda, 28 de janeiro. Às 10h35, veio a ideia que acabou monopolizando o dia: "Alguém sabe se estão fazendo buscas nas matas?". Em pouco tempo, muitos se voluntariaram. Até foi criado um novo grupo só para os interessados. "É um espaço muito grande para poucos bombeiros. Devemos ir todos." À noite, em coletiva, os Bombeiros descartaram a hipótese de ter sobreviventes na mata. Os mortos, ao todo, eram 84.

Terça, 29 de janeiro. O grupo passou a madrugada calado. "Francis era meu amigo e foi enterrado hoje, caixão fechado", dizia uma das últimas mensagens, ainda do dia anterior. Nem a prisão de engenheiros que atestaram a segurança da barragem quebrou o silêncio do grupo. À tarde, uma notícia sobre a morte de uma vaca que havia ficado atolada mobilizou alguns. Outro reclamou: "Tô pouco me lixando para vaca, quero encontrar meu irmão".

Quarta, 30 de janeiro. "Minha esperança é de que encontrem nossos parentes e amigos para que tenham um sepultamento digno", dizia uma mensagem. Ao longo do dia, muitos perguntavam por atualização de lista de mortos, que só foi divulgada às 22 horas. "Pena que não saiu o nome do meu primo."

Quinta, 31 de janeiro. As mensagens ficaram espaçadas e muitos, sem ter mais por quem precisar de informação, deixaram o grupo. Às 23h30, alguém quis prestar um serviço e publicou um passo a passo: "Como retirar certidão de óbito".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A tragédia causada pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, a 57 quilômetros de Belo Horizonte, completa nesta segunda-feira (4) 11 dias de buscas. Lentamente, as pessoas tentam retomar o cotidiano. Voluntários buscam ajudar nessa tarefa, como um grupo de cabeleireiras e manicures, que abriram mão do lucro, para dar conforto a quem perdeu um parente ou busca notícias de um familiar desaparecido.

Com o semblante entristecido, a auxiliar de cozinha Leidiane Paula Araújo, de 24 anos, disse que estava ali para tentar melhorar a angústia de ter enterrado a mãe. Camareira de uma pousada, a mãe de Leidiane é um dos 121 mortos do desastre do último dia 25.

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“A gente tentando ficar feliz e fazendo a vida caminhar”, afirmou a auxiliar de cozinha, que fez o cabelo e as unhas. Ela levou a avó, que sofre com a perda da filha.

Ajuda

A manicure Rosemary Santos trabalha em um salão no centro de Brumadinho. Segundo ela, desde a tragédia só tem um pensamento: “tenho de ajudar”. A manicure contou que, apesar de não ter perdido parentes na tragédia, sente-se responsável por ajudar as famílias.

“Não tenho familiares, mas tenho conhecidos em Brumadinho”, disse a manicure. “É muito bom [estar aqui], acho que a gente ganha mais energia.”

A ideia de levar cabeleireiras e manicures como voluntárias foi do empresário Gabriel Augusto de Barreiras, de 26 anos. Segundo ele, cerca de 150 pessoas estão envolvidas na ação, além de outras iniciativas, como distribuição de água e alimentos.

“A gente vai diagnosticando as demandas”, afirmou o empresário. “A gente vai percebendo outras demandas, pensando em cuidar da saúde mental dessa galera”, acrescentou. “Nada vai pagar as vidas que se foram, a dor é imensurável.”

Uma parada para o almoço salvou a vida do soldador Eridio Dias, de 32 anos, em 2015. Ele era um dos operários que trabalhavam em Mariana. Na época, Dias escapou da lama que desceu da barragem de Fundão e saiu vivo da tragédia, que deixou 19 pessoas mortas.

O irmão do soldador, Laércio Dias, contou ao jornal "O Estado de S. Paulo" que constantemente o soldador relatava, com muita emoção, como escapou ileso do rompimento em Mariana. "Ele contava que saiu pra almoçar fora do local de serviço naquele dia e, quando voltou, a lama tinha tomado conta da parte baixa da mineradora, bem onde ele trabalhava".

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Três anos depois a sorte não foi a mesma. Dias é uma das 226 pessoas desaparecidas na tragédia em Brumadinho. "Ele estava almoçando no refeitório quando veio aquele monte de lama e levou todo mundo", contou a tia de 49 anos, Luzia Aparecida Felipe.

Muito abalada e sem sinais do sobrinho, dona Luzia diz que não há muitas esperanças de encontrá-lo com vida. "Cheguei a pensar que estava em um mato ou tivesse sido socorrido por alguém, que estivesse em alguma casa da região. Mas a ficha vem caindo com o passar dos dias", contou emocionada.

"Naquela, ele se salvou, mas, nessa, a gente acha muito difícil. Só Deus sabe", disse o irmão que veio acompanhar os trabalhos de busca. Antes de chegar à Brumadinho ele passou pelo Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte onde amostras de DNA foram colhidas. "É muita dor, um sofrimento que não tem fim", comentou Laércio.

Dias é funcionário de uma empresa terceirizada da Vale e sempre viaja para outras áreas de mineração. Não tinha base fixa, segundo a família. O rapaz tem uma filha de 7 anos e estava há cerca de 6 meses prestando serviços em Brumadinho. "A menina pergunta todos os dias pelo pai. Já não sabemos mais o que dizer", comentou o irmão do desaparecido.

Revoltada, a tia faz um apelo. "Tem que acabar com essas barragens. Esta é a segunda vez que o meu sobrinho passa por isso. Segunda vez que inocentes morrem por trabalharem em áreas onde não há condições e nenhuma segurança."

Em 2014, foi a mina de Itabirito (MG) que se rompeu e matou três pessoas. No ano seguinte, veio o caso de Mariana, deixando 19 vítimas. Agora, foi Brumadinho, que soma até agora 121 mortos e 226 desaparecidos. O que explica que o mesmo País tenha registrado três dos maiores desastres com barragens de minério da última década?

Ao jornal O Estado de São Paulo, especialistas apontaram que a legislação não é a maior culpada, mas, sim, o "jeitinho" e a "gambiarra", que driblam a fiscalização, o monitoramento e até as punições. Outro ponto que coloca o Brasil em destaque é o número de vítimas, em parte pela frequente existência de comunidades e estruturas de trabalho ao lado das barragens.

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O rompimento da barragem de Mount Polley no Canadá, por exemplo, chamou a atenção da comunidade mundial pelo volume de 24 milhões de m³ de rejeitos tóxicos liberados na natureza. Fora de uma área de concentração humana, deixou impactos menos evidentes, mas também danosos, especialmente na natureza, o que também afetou comunidades indígenas da região. O resultado de tudo isso? A empresa voltou a operar no local em menos de um ano, em 2015, e moveu uma ação contra seus engenheiros.

Por outro lado, um exemplo positivo vem do Chile. Por ter uma grande atividade sísmica, o país é mais propenso a acidentes e incidentes e, por isso, proíbe o modelo de barragem de Mariana e Brumadinho desde os anos 1970. Além disso, exige o envio de dados de monitoramento de empresas, como a Antofagasta PLC, que disse à Bloomberg ter 76 instrumentos instalados para recolher dados 24 horas por dia.

"Não tem fatalidade. Acidentes podem ser previstos", ressalta Sérgio Medici Eston, professor de Engenharia de Minas da Universidade de São Paulo (USP). O professor aponta que o País precisa de uma "cultura de gerenciamento de risco", o que inclui desde a adoção de tecnologias e materiais seguros até programas de capacitação e sensibilização nas companhias.

Medici defende também mudanças na fiscalização que, hoje, é feita por ao menos 31 diferentes órgãos, segundo levantamento de 2017 da Agência Nacional de Águas (ANA). Para ele, é necessário criar um órgão regulador específico para barragens de mineração, que centralize a fiscalização e que tenha mais agentes. "Quando pulveriza, ninguém acha o culpado."

Já Alex Cardoso Bastos, um dos colaboradores do relatório "Mine tailings storage: safety is no accident", de 2017, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep), comenta que hoje o minério é um tema que perpassa tanto a Agência Nacional de Mineração, que faz a licença da lavra, quanto o Meio Ambiente, por causa do licenciamento.

"É preciso olhar, também, para o minerador menor, os pequenos vazamentos que não são nem reportados", diz o também professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). "A nossa legislação é tão ou mais rigorosa do que a dos demais países, precisa mexer em pouca coisa. Falta mais é fiscalização. Passaram três anos do caso de Fundão e ninguém foi punido", completa Eduardo Marques, professor de Engenharia na Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Panorama

Em todo mundo, de 1908 a 2017, foram identificadas ao menos 119 falhas consideradas graves e muito graves em barragens. O número vem crescendo. De 1998 a 2007, foram 19 casos, enquanto ocorreram 27 no período posterior, segundo a organização americana World Mine Tailings Failures.

"(O Brasil) não tem o suficiente em sua lei para evitar perdas nem capacidade técnica para supervisionar adequadamente as operações com vistas à prevenção de perdas", disse ao Estado Lindsay Bowker, diretora executiva da organização. Entre as falhas na nossa legislação, diz ela, está a possibilidade de os donos transferirem a propriedade de uma mina danificada, sem resolver os problemas criados.

Em sete anos, o Brasil teve ao menos 24 acidentes e 52 ocorrências de menor porte - incidentes -, conforme relatório da ANA. Os casos deixaram ao menos 31 mortos, além de impactos ambientais e sociais. O acidente é quando se compromete a integridade estrutural, com liberação incontrolável do conteúdo da barragem. Já o incidente é qualquer ocorrência na estrutura que afete o comportamento da barragem, como pequenos rompimentos, que podem levar a acidentes.

O documento ressalta que podem ter havido mais incidentes e acidentes não reportados à ANA e a fiscalizadores. Há 24.093 barragens cadastradas no País - 42% não têm "ato de autorização, outorga e licenciamento" e, em 76%, não está definido se a barragem é submetida à Política Nacional de Segurança de Barragens (que prevê regras de segurança) "por falta de informação". Do total, 790 são de rejeitos de minério.

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A TRAGÉDIA

1.

Quais os impactos do rompimento da barragem?

A barragem tinha cerca de 13 milhões de m³ de rejeitos, despejados sobre a região do Córrego do Feijão, em Brumadinho, atingindo a área administrativa da Vale e a comunidade ao redor. Imagens de câmeras de segurança mostraram o avanço da lama, que teria chegado a uma velocidade de quase 80 km/h.

2.

Já se sabe quais são as causas do desastre?

A perícia só poderá ir ao local do acidente após o término das buscas pelos bombeiros. Uma das hipóteses é que tenha ocorrido liquefação, fenômeno caracterizado pela redução da rigidez do solo, o mesmo que ocorreu em Mariana, em 2015.

3.

Outras regiões foram afetadas?

A onda de rejeitos chegou ao Paraopeba, deixando o rio turvo, e começou a se mover em direção ao São Francisco. O governo de Minas desaconselhou o uso da água.

4.

Já foram aplicadas punições à Vale?

A Vale teve R$ 12,6 bilhões bloqueados pela Justiça e recebeu multa de R$ 250 milhões do Ibama.

5.

Alguém foi preso?

Dois engenheiros da empresa alemã TÜV SUD, que atestou a estabilidade da barragem, e três funcionários da Vale, que estariam envolvidos diretamente no licenciamento, foram detidos.

6.

Como é feita a fiscalização dessas barragens?

Inspeções de segurança são feitas pela mineradora ou por empresas contratadas por ela, como foi o caso da TÜV SÜD em Brumadinho.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ibama realizava um levantamento técnico sobre os impactos da tragédia de Brumadinho na fauna no Rio Paraopeba, quando a equipe de agentes se deparou com dois corpos.

O trabalho de busca pelas mais de 200 vítimas da tragédia de Brumadinho que ainda estão desaparecidas passou a utilizar escavadeiras com esteiras similares à de tanques de guerra. São nove retroescavadeiras auxiliando as buscas. As máquinas têm conseguido se movimentar sobre a lama, que ainda está mole em boa parte da área atingida.

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Em um barco de pequeno porte, dois agentes do Ibama e um policial militar ambiental de Betim faziam uma inspeção visual rio, na tarde de sábado, 2, com o objetivo de coletar informações sobre mortandade de animais. Os corpos foram encontrados numa área central de Brumadinho, presos em vegetações nas margens do Paraopeba.

A área fica a cerca de sete quilômetros de distância do local onde rompeu a barragem da mineradora Vale, no Córrego do Feijão. O primeiro corpo era um troco com braços. Os bombeiros foram acionados imediatamente para retirar a vítima do local.

Cerca de 150 metros acima do rio, a equipe voltou a encontrar partes de uma vítima, desta vez uma perna. O Corpo de Bombeiros teve de ser acionado novamente para retirar a vítima.

A Polícia Militar Ambiental de Betim registrou um boletim de ocorrência sobre os corpos, que seguiram para identificação. Até a noite de sábado, 2, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais havia confirmado 121 mortos e 226 desaparecidos na tragédia.

O Estado sobrevoou toda a área que foi coberta pelo rejeito da barragem do Córrego do Fundão. Dois tratores com esteiras mergulhavam lentamente suas escavadeiras no barro. Agentes observavam o que traziam do fundo.

Nove dias depois da tragédia, ainda é difícil e arriscado acessar a área. Durante toda a semana, equipes percorreram as margens a tragédia em acessos por terra. A maioria das buscas só foi possível com o uso de helicópteros, operação que segue em andamento.

A prefeitura de Brumadinho declarou que a Vale terá de retirar 100% do material que vazou de sua barragem, restabelecendo o leito natural da região. Técnicos ambientais ouvidos pela reportagem afirmam que as buscas e as exigências para que as vítimas sejam encontradas são os fatores que devem ser priorizados na remoção do barro.

Emissão de documentos

Em nota, a Vale informou que neste domingo a Estação Conhecimento recebe um mutirão da Polícia Civil para a emissão da segunda via de Carteira de Identidade, gratuitamente.

A Polícia Civil começou a atender a população às 8h30 da manhã, com distribuição de até 200 senhas. Os interessados devem apresentar certidão de nascimento (se solteiro), original ou autenticada ou certidão de casamento, original ou cópia. Futuramente, o serviço será oferecido em outro Ponto de Atendimento.

O Corpo de Bombeiros informou na tarde deste sábado, 2, mais de uma semana após a tragédia da Vale em Brumadinho (MG), que o número oficial de mortos subiu para 121. Já foram identificados até agora 93 corpos e continuam desaparecidas 226 pessoas. Os trabalhos dos bombeiros, militares, voluntários e cães farejadores foram retomados na manhã deste sábado.

Uma equipe de agentes que trabalhava nesta sexta-feira, 1, na remoção de lama para tentar liberar uma das principais estradas da cidade teve de paralisar seu trabalho porque encontrou um corpo enquanto retirava o rejeito. A equipe não era especializada em busca e salvamento.

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A prefeitura acredita que, até a próxima terça-feira, dia 5, a estrada em que o corpo foi encontrado deverá ser desobstruída e liberada para o tráfego. As outras duas estradas engolidas pela lama, porém, não têm prazo para liberação, devido ao grande volume de rejeitos que acumulam e à possibilidade maior de haver vítimas fatais nas áreas.

O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais informou hoje (1º) que não há como prever uma data de encerramento das buscas por vítimas na região de Brumadinho (MG), onde a barragem da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, se rompeu, no dia 25 de janeiro.

"A gente ainda tem que fazer um planejamento, de vários dias. A perspectiva é que, ao longo do tempo, com a lama se estabilizando, a gente vá mudando as técnicas operacionais e, a partir daí, a gente tenha um panorama. Hoje, é impossível cravar uma data final das operações. Infelizmente, não", afirmou em coletiva de imprensa o chefe da equipe, coronel Erlon Dias do Nascimento Botelho.

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De acordo com o porta-voz da corporação, tenente Pedro Aihara, as equipes dividiram a área vasculhada em 45 quadrantes para facilitar a distribuição de tarefas. O militar explicou que têm chegado às mãos da organização vídeos que não têm relação com o desastre mas que são divulgados como se registrassem resgates de vítimas da ocorrência, o que tem atrapalhado a orientação dos trabalhos.

"Muitos vídeos veiculados são fake news, notícia falsa. Episódios que aconteceram em outros países e situações de salvamento que também são veiculados de maneira maliciosa. Isso acaba se tornando uma grande crueldade com os familiares das vítimas, gerando uma expectativa, uma angústia maior ainda", disse.

Ao todo, em oito dias de buscas, foram localizados 110 mortos, dos quais 71 foram identificadas por exames realizados pela Polícia Civil.

Além disso, 238 pessoas permanecem desaparecidas e seis pessoas foram hospitalizadas. Das pessoas resgatadas, 108 estão desabrigadas.

Medidas

Diversas diligências têm sido estabelecidas pelas autoridades governamentais e pela mineradora, após o incidente, que provocou, inclusive, o adiamento do início do período letivo das escolas do município, que abrangem cerca de 6 mil alunos.

Entre as deliberações está, por exemplo, a emissão, da parte do Ministério Público Federal (MPF), de três recomendações favoráveis à cessação de licenças ambientais para barragens que utilizem o método de alteamento de montante, como é o caso do reservatório 1 da Mina Córrego do Feijão e da barragem de Fundão, em Mariana (MG). Os documentos foram endereçados ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), à Agência Nacional de Mineração (ANM) e à Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad), órgãos que ficam responsáveis por expedir essa autorização, sem a qual obras de expressivo impacto ambiental não podem funcionar.

Conforme o MPF explicou em nota, o alteamento de montante é um método proibido em alguns países, como no Chile. Tal sistema permite que o dique inicial seja ampliado para cima quando a barragem fica cheia, e o próprio rejeito do processo de beneficiamento do minério acaba sendo usado como fundação da barreira de contenção.

Além disso, parlamentares da esfera federal têm se mobilizado para reforçar a supervisão de estruturas. A comissão externa da Câmara dos Deputados, composta por 15 membros, confirmou que irá a Brumadinho na próxima quarta-feira (6). Chegando lá, participará de reuniões com bombeiros, defesa civil, Ministério Público e gabinete de crise instalados na cidade, para averiguar as circunstâncias que a população local tem enfrentado.

Vale

A Justiça já bloqueou R$ 11,8 bilhões de contas da Vale. Da quantia, R$ 800 milhões serão reservados para assegurar pagamentos e indenizações trabalhistas, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT). De acordo com o órgão, recaem também sobre a mineradora obrigações como arcar com custos de sepultamento e a manutenção de pagamentos de salários a trabalhadores vivos e familiares de mortos e desaparecidos, a entrega de documentos considerados fundamentais para a instrução do inquérito e a apuração das condições de segurança na mina.

A mineradora decidiu doar R$ 80 milhões para Brumadinho, como forma de compensar a perda de arrecadação com o rompimento da barragem de rejeitos. O montante deve ser repassado à prefeitura no decurso de dois anos.

Além disso, a multinacional anunciou, na última terça-feira (29), que fechará dez barragens semelhantes à que foi afetada, todas localizadas em Minas Gerais.

Nesta sexta-feira (1º) completa-se uma semana da tragédia de Brumadinho, Minas Gerais. Até agora, 110 pessoas mortas foram confirmadas e outras 238 seguem desaparecidas. Diante de tanto caos, vídeos do exato momento do rompimento da barragem estão sendo compartilhado nas redes sociais.

As imagens mostram a força com que os rejeitos arrastam tudo o que encontram pela frente e como toda a destruição começou. Veja:

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A Polícia Científica do estado de São Paulo enviou hoje (1°) para Brumadinho, Minas Gerais, uma equipe composta por dois médicos legistas, dois atendentes de necrotério e três auxiliares de necropsia para auxiliar na identificação das vítimas da barragem da mineradora Vale, que se rompeu há uma semana.

De acordo com o superintendente da instituição, Maurício Rodrigues Costa, os profissionais são treinados para todo tipo de atendimento. “Temos capacidade e expertise de trabalhar para isso. A equipe parte daqui [de São Paulo] com condições e conhecimento para auxiliar os policiais mineiros”, explicou.

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Costa acrescentou que já existem outras equipes preparadas caso haja necessidade de enviar mais profissionais.

Nesta semana, atendendo a uma solicitação da Polícia Federal, a Polícia Científica de São Paulo também enviou para Brumadinho 400 kits para auxiliar na identificação de DNA das vítimas.

A 57 quilômetros de Belo Horizonte, Brumadinho se tornou referência na região por causa da empresa Vale e da proximidade com o Museu do Inhotim, mas desde o desastre há uma semana, quando a barragem da Mina Córrego do Feijão se rompeu, a cidade vive em clima de luto e tristeza. As pessoas caminham sem sorrir nem conversar em voz alta, há enterros todos os dias, parte do comércio fechou as portas e até bares e restaurantes se impuseram luto.

Com pouco mais de 36 mil moradores, Brumadinho é a típica cidade do interior de Minas Gerais: praça onde todos se reúnem, bares com música ao vivo e a igreja, ponto de encontro da maioria. Com a tragédia que matou 110 pessoas e deixou 238 desaparecidas, de acordo com o último balanço, todos têm um parente ou amigo entre as vítimas.

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A esperança que dominou as pessoas, nos primeiros dias de resgate, cedeu lugar à angústia e ao desânimo. É comum encontrar pessoas que afirmam que querem apenas dar um sepultamento digno para uma vítima ainda desaparecida. No desespero, há quem se aventure pela lama e na mata em busca do parente ou amigo desaparecido, o que é condenado pela Defesa Civil e pelos bombeiros.

Heróis invisíveis   

Nas ruas, o único assunto desde o dia 25 é o desastre. Em meio à tristeza que predomina na cidade, surgem heróis invisíveis que estão em todos os lugares. Mulheres de várias idades se uniram e montaram uma lavanderia coletiva. Nela, lavam as roupas dos bombeiros que estão acampados no município para ajudar nas operações de resgate.

Em outro local, voluntários se revezam para tomar conta e brincar com crianças cujos pais estão envolvidos nas buscas ou entre os desaparecidos. Também há grupos de apoio aos militares e civis que atuam diretamente nas ações.

Preocupações

A preocupação da maioria dos moradores se concentra no bairro rural Córrego do Feijão, próximo à barragem. Lá, a comunidade é dependente da Vale e foi duramente atingida pela tragédia. Com a lama por todos os lados, a imagem é desoladora.

Nas pousadas da região, chegam curiosos todos os dias. Pessoas que querem ver de perto a área do desastre e acompanhar os trabalhos de buscas. O movimento ocorre na contramão da economia local, que dependia basicamente da empresa Vale e dos seus impactos.  

As buscas por vítimas do desastre causado pelo rompimento da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, nos arredores de Belo Horizonte, continuam nesta sexta-feira (1º) pelo oitavo dia. O desastre é apontado por especialistas como a maior tragédia humana da história recente do país.

O balanço mais recente indica 110 mortos, 238 desaparecidos e 394 identificados. Dos mortos, 71 foram identificados por exames realizados pela Polícia Civil. Também há 108 desabrigados e seis pessoas hospitalizadas.

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A Vale informou, há três dias, que a empresa vai acabar com dez barragens, como a que se rompeu em Brumadinho. As barragens serão descomissionadas. Todas localizadas em Minas Gerais. Segundo a empresa, descomissionar significa preparar a barragem para integrá-la à natureza.

Bloqueios

A Justiça do Trabalho autorizou um novo bloqueio de R$ 800 milhões da mineradora Vale, responsável pela barragem que se rompeu em Brumadinho.

Na última segunda-feira (28), já haviam sido bloqueados R$ 800 milhões, valor correspondente a 50% do total pedido pelo Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais (MPT-MG).

A Vale também teve bloqueados, em outras ações, R$ 11 bilhões.

Medidas

Desde o desastre no último dia 25, a empresa anuncia medidas e faz reuniões com autoridades públicas federais e estaduais. Em encontro com procuradores em Brasília, o presidente da empresa, Fabio Schvartsman, disse que vai acelerar os acordos extrajudiciais.

Paralelamente, a empresa ofereceu o pagamento de R$ 100 mil para cada família cujo parente morreu ou está desaparecido. O cadastramento dos parentes começou, mas muitos se queixam do método utilizado.

Bolsa Família

O Ministério da Cidadania anunciou a antecipação do pagamento do Bolsa Famíliapara os beneficiários do programa que vivem em Brumadinho.

Com a medida, os beneficiários poderão sacar o dinheiro a que têm direito sem precisar seguir o calendário do programa. Atualmente, 1.506 famílias da cidade mineira estão inscritas no Bolsa Família

Buscas

As buscas por vítimas completam hoje oito dias. Um grupo de 136 militares de Israeldesembarcou na região de Brumadinho para ajudar nas operações de resgate. De acordo com informações oficiais, a tropa israelense contribuiu na localização de 35 corpos.

Trabalham no local militares do Corpo de Bombeiros, inclusive de outros estados, das Forças Armadas, Defesa Civil, Polícia Civil e Política Militar.

A delegacia de Brumadinho funciona 24h para atender familiares e receber ocorrências. Também está sendo providenciada uma equipe para atuar na expedição das identidades de parentes de familiares vitimados pelo rompimento da barragem.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, mais de 360 militares atuam na área com apoio de 15 aeronaves e 21 cães farejadores. Há ainda 66 voluntários, que atuam entre área seca e a inundada. Esses voluntários são pessoas com qualificação técnica.

A cerca de 40 km abaixo do ponto em que a onda de rejeitos da barragem da Vale encontrou o Rio Paraopeba, uma pequena nascente, limpa, tenta se misturar ao rio e seguir seu curso. Em vão. O rio virou um tijolo líquido. Parece chocolate derretido.

A comparação é de Malu Ribeiro, da SOS Mata Atlântica, que lidera expedição iniciada ontem para monitorar a qualidade da água do rio após o acidente na barragem e trazer pistas sobre impactos ambientais.

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Ali, porém, não há indicador de qualidade a ser medido. A turbidez é tão alta e densa que tirou todo o oxigênio - principal indicador de vida. Não é possível checar quantidades de nitrato, fosfato ou quaisquer outros parâmetros porque a água virou uma lama só. "A única coisa que podemos dizer aqui é que esse rio está morto", diz Malu.

O plano da expedição, acompanhada pela reportagem, é coletar água em vários locais a partir do marco zero, onde o rio foi contaminado, e checar as condições ao longo de seu curso em direção ao São Francisco, por 356 quilômetros. A previsão é de seguir até a hidrelétrica de Três Marias, já no São Francisco.

Há três anos, Malu e a equipe encararam cenário semelhante no Rio Doce, no maior desastre ambiental do País. "Lá o rejeito era mais fino e ficava sobre a água, não decantava, aqui tomou tudo. É lama mesmo. A corredeira vai movimentando como se fosse uma batedeira de bolo", explica. Outra diferença importante, diz, é o local atingido primeiramente, que é de cabeceira. "Aqui a lama ficou depositada em várias nascentes que abastecem o Paraopeba. Vai continuar descendo constantemente com a água."

O primeiro dia de expedição teve coleta em três pontos. Análises anteriores feitas pelo Estado apontavam que o local tinha qualidade de água em nível regular. Nesta quinta-feira (31) já era ruim. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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