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A Justiça Federal autorizou novas buscas e apreensões em endereços do casal de lobistas Mauro e Cristina Marcondes com o objetivo de permitir o aprofundamento das investigações sobre contratos de R$ 2,4 milhões feitos entre a Marcondes & Mautoni Consultoria e a LFT Marketing Esportivo, que tem como sócio Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em nova fase da Operação Zelotes, deflagrada na terça-feira, 24, a Justiça também aceitou novo pedido de prisão dos lobistas e de um comparsa acusado de envolvimento no esquema de compra de medidas provisórias e de espionagem de um dos investigadores.

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Polícia Federal argumentou para a Justiça que a nova busca e apreensão era "fundamental" para "a coleta de mais elementos para aprofundarmos as investigações acerca da contratação da empresa LFT Marketing Esportivo e outros contratos escusos". Em ofício, o delegado Marlon Cajado sustentou que as versões apresentadas por Luís Claudio e Marcondes para os contratos "se mostram contraditórias e vazias ao ponto de ao invés de elucidar os reais motivos de pagamentos da Marcondes & Mautoni para a LFT, na verdade serviu para gerar mais celeuma, já que não há uma definição precisa sobre quais e quantos serviços foram de fato contratados, qual eram os reais objetos de estudos e ao que eles se destinavam e qual é a relação deles com o projeto de um centro de convenções, e a inexistência, tanto na sede da Marcondes quanto na da LFT Marketing Esportivo de documentação comprobatória que desse mínimo lastro ao serviço contratado".

Em nota divulgada na terça-feira, a defesa de Luís Claudio Lula da Silva afirmou que o depoimento dele "concentrou-se em fatos. Não em declarações contraditórias e vazias, como se quer fazer crer agora." A reportagem não conseguiu contato com a defesa do casal Marcondes.

Espionagem

O relatório da PF também reforçam as suspeitas de compra da Medida Provisória 471/2009, que prorrogou incentivos fiscais para montadoras de veículos. O lobista Francisco Mirto Florêncio da Silva foi preso ontem acusado de envolvimento com o esquema de corrupção. Ele também é acusado ao lado do casal Marcondes de ter contratado uma investigação clandestina para espionar o procurador José Alfredo de Paula Silva, que atua na Operação Zelotes. Um registro encontrado pela Operação Zelotes indica que o fato ocorreu em 2010, mesmo ano em que o procurador investigava as negociações para a compra de 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB) pelo governo Lula.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A CPI do Carf deve encerrar os trabalhos nesta semana sem ouvir a maioria dos investigados no esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, uma espécie de "tribunal" que julga recursos de contribuintes contra multas aplicadas pela Receita; ou avançar nas investigações da compra de medidas provisórias para beneficiar o setor automobilístico, caso que envolve o filho mais novo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-ministros do governo petista.

Em seis meses, apenas o representante de uma das dezenas de empresas suspeitas de pagar propina em troca de anulação de suas multas no Carf foi ouvido. Outros 15 empresários foram convocados, mas o presidente da CPI, Ataídes Oliveira (PSDB-TO), não marcou a data para as oitivas. O prazo final para a conclusão dos trabalhos é 18 de dezembro, mas um acordão prevê a apresentação do relatório final pela senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) já nesta quinta-feira e a sua votação na semana seguinte.

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"É possível que ela apresente o relatório nesta semana. Estou decepcionado com essa CPI. Os resultados não foram o que eu esperava. Não conseguimos avançar além do que as investigações da Zelotes. Acho que temos que ter uma nova CPI só sobre a compra das MPs", disse o presidente da CPI. Sobre as oitivas não agendadas, ele justificou: "Não adianta chamar. Você não consegue extrair informações. Eles chegam com habeas corpus", complementou.

A apresentação do relatório final encerra qualquer possibilidade de a CPI ouvir o total de 44 pessoas que foram convocadas, mas que não foram chamadas a prestar depoimento. Interlocutores da CPI disseram ao Estado que outro objetivo é evitar que as investigações avancem de forma que não será mais possível evitar as convocações, por exemplo, do ex-ministro Guido Mantega e de empresários financiadores de campanhas.

Requerimentos

A CPI já rejeitou requerimentos para ouvir o ex-presidente Lula, que assinou medidas provisórias sob suspeita de terem sido compradas pelo mesmo grupo que atuava no Carf; o filho dele Luís Claudio Lula da Silva, suspeito de ter recebido R$ 2,4 milhões do lobista Mauro Marcondes por meio da LFT Marketing Esportivo; o próprio lobista, que está preso na Papuda por causa do suposto envolvimento nos esquemas do Carf e da compra de MPs; e a mulher dele, Cristina Marcondes, que cumpre prisão domiciliar.

Os senadores também rejeitaram ouvir o ex-ministro Gilberto Carvalho, citado em agendas e documentos dos lobistas relacionado ao esquema das MPs e ainda por duas vezes foram contra convocar a ex-ministra Erenice Guerra. Erenice diz que não fala com a imprensa e Carvalho nega envolvimento com o esquema de compra de MPs.

O filho de Lula diz que recebeu da empresa de Marcondes por serviços prestados na área de marketing. Mantega escapou da convocação uma vez. Agora, um novo requerimento foi apresentado para que ele explicasse indicações de conselheiros no Carf que, segundo a Zelotes, teriam como objetivo direcionar votos para favorecer uma empresa dirigida por um amigo, o que Mantega nega.

Vanessa disse que pedirá o indiciamento de cerca de 20 pessoas, todas alvo da Operação Zelotes. O relatório final será baseado em 18 quebras de sigilo feitas pela CPI, além do material compartilhado pela Zelotes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Governistas se articulam para impedir a convocação dos ex-ministros Gilberto Carvalho e Erenice Guerra, além de Luís Cláudio, filho do ex-presidente Lula para deporem na CPI do Carf. O presidente da comissão, senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO), disse que vai colocar os requerimentos para votação na reunião desta quinta-feira (5) mas deve ser derrotado. Senadores o acusam de tentar criar fato político.

O objetivo é evitar que o envolvimento de ex-ministros cause novo mal estar para a presidente Dilma Rousseff e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. A estratégia dos governistas é obstruir sessões e apontar ausência de relação entre as denúncias e o alvo das investigações da CPI, que são fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

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Os esforços do governo, entretanto, talvez não precisem ser dos mais agudos. Quase metade da CPI é composta por membros da base aliada, além da relatora, Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), que já adiantou que não vai votar favoravelmente aos requerimentos. "A minha análise continua a mesma. Os requerimentos fogem completamente ao objetivo central da CPI", afirmou.

O líder do PT, Humberto Costa (PE), seguiu o discurso da relatora. "Ele (Ataídes Oliveira) tem duas alternativas. Ou colhe assinaturas para abrir uma nova CPI de medidas provisórias, ou garante um aditivo para investigar esses temas que ele quer", justificou. Acir Gurgacz (PDT-RO), vice-líder do governo, afirmou ainda não ter opinião formada sobre o assunto, mas o senador, que não é assíduo na CPI, confirmou presença para a votação desta semana e deve encorpar os interesses do governo.

Acusação

Senadores acusam o presidente da CPI de não querer, de fato, aprovar as convocações, mas apenas atingir o governo. Ao anunciar que faria os requerimentos, Ataídes assumiu compromisso de dialogar com demais senadores para tentar aprová-los. Até a tarde desta terça-feira, no entanto, ele disse ainda não ter conversado com ninguém.

Em outubro, outros requerimentos de convocação de Erenice, Carvalho e Luís Cláudio já haviam sido rejeitados. Na ocasião, a maioria dos parlamentares argumentou que a possível compra de medidas provisórias não estava ligada ao objetivo central da CPI.

A nova fase da Operação Zelotes, realizada pela Polícia Federal na semana passada, não parece ter convencido os senadores. Semana passada, a força-tarefa fez buscas e apreensões na LFT Marketing Esportivo, empresa de Luís Cláudio, e apontou suposta ligação dos ex-ministros em um esquema de compra de MPs para favorecer o setor automotivo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A CPI do Carf no Senado rejeitou os requerimentos de convocação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do filho dele, Luis Claudio Lula da Silva e dos ex-ministros Gilberto Carvalho e Erenice Guerra, em votação na manhã desta quinta-feira (8).

Os pedidos foram feitos pelo presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), após o jornal O Estado de S.Paulo revelar que empresas alvos da CPI estão sob investigação da PF e do Ministério Público por suspeitas de envolvimento em esquema de compra da Medida Provisória 471 editada pelo governo Lula.

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A votação foi feita em bloco e não um a um e os pedidos foram rejeitados por unanimidade. Votaram contra os senadores: Humberto Costa (PT-PE), José Pimentel (PT-CE), Simone Tebet (PMDB-MS), Otto Alencar (PSD-BA), Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) e Donizeti Nogueira (PT-TO).

Senadores do PT e PSD justificaram que, se o ex-presidente Fernando Henrique não foi convocado a depor no escândalo da compra de votos para aprovar emenda que permitiu a reeleição, também não há justificativa para que Lula preste depoimento sobre a suposta compra da MP. Nenhum dos senadores saiu em defesa do filho do presidente ou dos demais ministros.

"Tivemos sempre um cuidado muito forte de nunca trazer um presidente da República para processos de CPI. Oito deputados federais renunciaram em 1997 quando aprovamos a reeleição do FHC que foi dirigida para ele que estava no exercício do mandato. Os deputados disseram ter recebido R$ 200 mil cada um para votar pela reeleição. Nós nunca entramos com nenhuma CPI sobre a compra de votos", argumentou o senador José Pimentel (PT-CE).

Ataídes Oliveira respondeu: "É dever, atribuição de uma senador da República, quer seja na CPI ou não, de fiscalizar a coisa pública. Uma vez que o MPF e a PF dizem que há conexão com essa MP. Eu não me sinto culpado em nenhum momento de ter elaborado esses requerimentos. Eu gostaria que esses fatos fossem elucidados. Que o Gilberto Carvalho nos explicasse se a MP foi feita a luz do dia."

O senador Donizeti Nogueira (PT-TO) também saiu em defesa do ex-presidente Lula, segundo ele, "o homem mais sério deste País". E reiterou as comparações com o governo FHC. "Se antes podia fazer pedalada, agora não pode mais. Ontem as contas da presidente foram rejeitadas indevidamente pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Mudam a regra depois que o jogo acabou? Essa questão da MP é mais um desses fatos que foi feito em governos anteriores. Agora querem incriminar o homem mais sério que deu a maior contribuição para o País, só porque querem tirá-lo do próximo jogo. Eu fico pensando que é um momento de reflexão, de se indignar com as injustiças que estão sendo praticadas e partir para o combate."

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) defendeu que o requerimento convocando a ex-ministra Erenice Guerra fosse analisada separadamente dos demais, mas foi voto vencido. Esta é a segunda vez que a CPI rejeita pedido de convocação dela.

A ex-ministra era secretária-executiva da Casa Civil quando a MP 471 foi editada. Na época, a presidente Dilma Rousseff era ministra e deu aval para a MP. "Ninguém esta acima da lei. Todos sabemos que uma CPI se sabe como começa e não se sabe como termina. Não é aceitável que investigações não avancem", disse, em resposta aos senadores contrários a ampliar o objeto da CPI.

Compra

Documentos e mensagens eletrônicas aos quais o jornal O Estado de S.Paulo teve acesso mostram que a MMC, que fabrica veículos da Mitsubishi, e a Caoa, que representa a Hyundai e Subaru, contrataram duas consultorias de lobby por R$ 36 milhões para que conseguissem a edição de uma MP ampliando benefícios fiscais para montadoras que fabricam carros no Norte, Nordeste e Centro Oeste. Uma dessas consultorias, a Marcondes & Mautoni fez pagamentos de R$ 2,4 milhões a uma empresa de Luiz Claudio Lula da Silva. Segundo ele, o valor foi por serviços prestados.

A outra consultoria, a SGR, também é investigada pela CPI do Carf. A ex-ministra Erenice Guerra é ligada ao lobista Alexandre Paes dos Santos (APS), que atua nessa firma. Uma agenda do ex-ministro menciona o nome de Carvalho entre anotações sobre o que os lobistas queriam na MP.

A CPI do Carf no Senado rejeitou os requerimentos de convocação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do filho dele, Luis Claudio Lula da Silva e dos ex-ministros Gilberto Carvalho e Erenice Guerra em votação na manhã desta quinta-feira (8).

Os pedidos foram feitos pelo presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), após o jornal O Estado de S. Paulo revelar que empresas alvos da CPI estão sob investigação da PF e do Ministério Público por suspeitas de envolvimento em esquema de compra da Medida Provisória 471 editada pelo governo Lula.

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A votação foi feita em bloco e não um a um e os pedidos foram rejeitados por unanimidade. Votaram contra os senadores: Humberto Costa (PT-PE), José Pimentel (PT-CE), Simone Tebet (PMDB-MS), Otto Alencar (PSD-BA), Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) e Donizete Arruda (PT-TO).

Senadores do PT e PSD justificaram que se o ex-presidente Fernando Henrique não foi convocado a depor no escândalo da compra de votos para aprovar emenda que permitiu a reeleição, também não há justificativa para que Lula preste depoimento sobre a suposta compra da MP. Nenhum dos senadores saiu em defesa do filho do presidente ou dos demais ministros.

"Tivemos sempre um cuidado muito forte de nunca trazer um presidente da República para processos de CPI. Oito deputados federais renunciaram em 1997 quando aprovamos a reeleição do FHC que foi dirigida para ele que estava no exercício do mandato. Os deputados disseram ter recebido R$ 200 mil cada um para votar pela reeleição. Nós nunca entramos com nenhuma CPI sobre a compra de votos", argumentou o senador José Pimentel (PT-CE).

Ataídes Oliveira respondeu: "É dever, atribuição de uma senador da República, quer seja na CPI ou não, de fiscalizar a coisa pública. Uma vez que o MPF e a PF dizem que há conexão com essa MP. Eu não me sinto culpado em nenhum momento de ter elaborado esses requerimentos. Eu gostaria que esses fatos fossem elucidados. Que o Gilberto Carvalho nos explicasse se a MP foi feita a luz do dia."

O senador Donizete Arruda (PT-TO) também saiu em defesa do ex-presidente Lula, segundo ele, "o homem mais sério desse país". E reiterou as comparações com o governo FHC. "Se antes podia fazer pedalada, agora não pode mais. Ontem as contas da presidente foram rejeitadas indevidamente pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Mudam a regra depois que o jogo acabou? Essa questão da MP é mais um desses fatos que foi feito em governos anteriores. Agora querem incriminar o homem mais sério que deu a maior contribuição para o Pais só porque querem tira-lo do próximo jogo. Eu fico pensando que é um momento de reflexão, de se indignar com as injustiças que estão sendo praticadas e partir para o combate."

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) defendeu que o requerimento convocando a ex-ministra Erenice Guerra fosse analisado separadamente dos demais, mas foi voto vencido. Esta é a segunda vez que a CPI rejeita pedido de convocação dela.

A ex-ministra era secretária-executiva da Casa Civil quando a MP 471 foi editada. Na época, a presidente Dilma Rousseff era ministra e deu aval para a MP. "Ninguém esta acima da lei. Todos sabemos que uma CPI se sabe como começa e não se sabe como termina. Não é aceitável que investigações não avancem", disse, em resposta aos senadores contrários a ampliar o objeto da CPI.

Pagamentos

Documentos e mensagens eletrônicas aos quais o Estado de S. Paulo teve acesso mostram que a MMC, que fabrica veículos da Mitisubishi, e a Caoa, que representa a Hyundai e Subaru, contrataram duas consultorias de lobby por R$ 36 milhões para que conseguissem a edição de uma MP ampliando benefícios fiscais para montadoras que fabricam carros no Norte, Nordeste e Centro Oeste. Uma dessas consultorias, a Marcondes & Mautoni fez pagamentos de R$ 2,4 milhões a uma empresa de Luiz Claudio Lula da Silva. Segundo ele, o valor foi por serviços prestados.

A outra consultoria, a SGR, também é investigada pela CPI do Carf. A ex-ministra Erenice Guerra é ligada ao lobista Alexandre Paes dos Santos (APS), que atua nessa firma. Uma agenda do ex-ministro menciona o nome de Carvalho entre anotações sobre o que os lobistas queriam na MP.

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), Ataídes Oliveira (PSBD-TO), quer prorrogar o prazo de atuação da comissão. A previsão é que os trabalhos da CPI sejam encerrados em 15 de setembro, mas, pelo volume de documentos, Oliveira acredita que o prazo precisa ser prorrogado. "Vejo, sim, essa possibilidade", afirmou.

Com dois dos convocados utilizando liminares para permanecer calados e outros dois faltantes, a comissão encerrou por volta das 12h15 a sessão desta quinta-feira, 27. Os ex-conselheiros Jorge Victor Rodrigues e José Ricardo da Silva rejeitaram participar de uma sessão secreta e se negaram a responder perguntas.

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"Não tenho absolutamente nada a ver (com o esquema), não há qualquer prova no processo de que eu tenha qualquer relação com qualquer um dos investigados", afirmou Rodrigues.

O lobista Alexandre Paes dos Santos Neto apresentou petição dizendo que está em Orlando (EUA) para acompanhar o tratamento quimioterápico de sua irmã. O presidente da comissão pediu à secretaria da CPI que prepare pedido de condução coercitiva de Neto.

Já o ex-presidente do Carf Edson Rodrigues não compareceu à sessão e enviou atestado médico afirmando que está com laringite.

A reformulação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) tem gerado incerteza aos contribuintes. Para advogados tributaristas que defendem empresas com processos pendentes na corte, essa reformulação, que tem como um dos objetivos arrecadar cada vez mais recursos para os cofres do governo, gera instabilidade num conselho que está com a credibilidade em xeque após escândalos de corrupção.

Segundo advogados ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, a presença de dois ex-desembargadores como conselheiros pode ser prejudicial às decisões do conselho. Outro problema levantado é a dificuldade de encontrar conselheiros especializados após a exigência de dedicação exclusiva ao Conselho. A nova configuração do Carf pode aumentar também o número de vitórias da Fazenda sobre os contribuintes.

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O conselho deve retomar os julgamentos na próxima terça-feira após uma sessão solene com a presença do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. O Conselho é a última instância administrativa para discussões tributarias. Em março deste ano, a Polícia Federal deflagrou a operação Zelotes, que desbaratou um esquema de propinas e tráfico de influência entre conselheiros do Carf. Depois disso, o governo alterou o regimento interno do conselho, que tem 115 mil processos parados, envolvendo mais de R$ 500 bilhões em discussões.

Na nova reformulação, o número de conselheiros foi reduzido de 216 para 120. A designação da maioria deles foi publicada nesta semana no Diário Oficial da União. A metade dos conselheiros é indicada pela Receita Federal e a outra por confederações patronais do comércio (CNC), da indústria (CNI), das instituições financeiras (CNF) e da agricultura (CNA).

Os representantes dos contribuintes, que não poderão advogar enquanto fizerem parte do Conselho, receberão uma remuneração de R$11,3 mil, caso compareçam a todos as sessões.

O governo diminuiu o tempo necessário de registro profissional de cinco para três anos para, de alguma forma, atenuar a exigência da exclusividade com um salário que não é tão atrativo para os mais experientes.

Segundo a advogada Bianca Xavier Toledo, sócia do setor tributário do Siqueira Castro Advogados, o momento é de pessimismo com os julgamentos, já que o nível dos advogados tende a baixar. Ainda Segundo Bianca, isso pode aumentar o número de processos tributários que chegarão à Justiça comum.

A Operação Zelotes, que apura suspeitas de corrupção em julgamentos realizados pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), deve ter os primeiros denunciados em agosto. A reportagem apurou que serão denunciadas 30 pessoas em cinco pedidos.

Antes do pedido de oferta de denúncia, investigadores esperam as respostas de bancos sobre os pedidos de quebra de sigilo bancário, que já foram autorizados pela Justiça. A reportagem apurou ainda que devem ser denunciados fatos ligados aos casos Mitsubishi e Santander.

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A suspeita é de que a Mitsubishi tenha usado de meios ilícitos para conseguir reduzir o débito com a Receita Federal de R$ 266 milhões para menos de R$ 1 milhão. Investigadores apuram ainda irregularidades envolvendo débitos do Santander na ordem de R$ 3,3 bilhões.

O antigo juiz que cuidava da Zelotes, Ricardo Augusto Soares Leite, foi afastado e uma nova magistrada assumiu o caso, a juíza Marianne Borré, também da 10ª Vara Federal Criminal no Distrito Federal. Leite enfrentou reclamações de integrantes do Ministério Público Federal e da Polícia Federal por ter rejeitado pedidos de prisões e de buscas e apreensões.

Diante da negativa, o caso foi levado à Corregedoria do Tribunal Regional Federal e ao Conselho Nacional de Justiça. O afastamento do juiz e o pedido de investigação incomodou a associação de juízes federais. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também saiu em defesa do juiz.

Processos

Como publicou o jornal O Estado de S. Paulo, a Operação Zelotes se concentrou mais recentemente em 20 processos de empresas que recorreram a esquema de corrupção no Carf para tentar reduzir ou anular multas aplicadas pelo Fisco. Foram nesses casos que os investigadores que participam da operação encontraram indícios mais contundentes de que houve pagamento para que conselheiros interferissem nos processos.

Inicialmente, os investigadores tinham como alvo 74 processos no valor de R$ 19 bilhões. A reportagem apurou, contudo, que até o momento o valor levantado nas investigações não chega a R$ 6 bilhões.

O esquema no Carf é investigado por uma força-tarefa da Polícia Federal, Ministério Público Federal e Receita. O caso foi iniciado após uma denúncia anônima do conselheiro Paulo Roberto Cortez à Receita e depois à PF. Segundo ele, conselheiros recebiam propina para atrasar processos de grandes empresas que discutiam dívidas do "tribunal administrativo da Receita", reduzir ou até mesmo anular multas. É a primeira vez que o órgão é investigado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na última reunião antes do recesso parlamentar, a CPI que investiga as suspeitas relativas aos julgamentos realizados pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) aprovou nesta terça-feira, 14, uma série de requerimentos para convocar empresários e conselheiros do órgão para depor.

Entre os convocados estão os presidentes do HSBC no Brasil, da Boston Negócios, da Indústria Irmãos Júlio, da Mundial S.A. e do Grupo Penha. De acordo com matérias publicadas pela imprensa, essas empresas estariam sendo investigadas pela Operação Zelotes, da Polícia Federal.

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O ex-auditor da Receita Federal Jeferson Salazar e os conselheiros do Carf Antonio Lisboa e Valmar Fonseca também foram convocados, assim como outros suspeitos de envolvimentos no caso do julgamento da Mitsubishi no Carf. Na semana passada, o presidente da empresa, Robert Rittscher, foi ouvido pelos senadores.

A CPI também pediu para ter acesso a todos os documentos sobre a investigação da PF. Deflagrada em março, a Operação Zelotes apura um esquema de pagamento de propina para integrantes do Carf com o objetivo de reduzir ou anular valores tributários contestados junto ao órgão, que é ligado ao Ministério da Fazenda.

A CPI do Carf convocou nesta quinta-feira, 9, mais executivos de grandes empresas para prestar depoimento. Um deles é o presidente do Conselho de Administração da Engevix Engenharia, Cristiano Kok. A empresa é acusada de participar do esquema de corrupção descoberto na Petrobras pela Operação Lava Jato. O executivo-chefe da Huawei do Brasil, Jason Zhao, também foi convocado.

Em outra frente, o conselho convocou ainda o ex-secretário da Receita Federal Otacílio Cartaxo, que foi presidente do Carf. Ele se tornou um dos principais alvos da Operação Zelotes, que investiga a manipulação de processos do órgão por parte de ex-conselheiros, empresas e escritórios de advocacia. Como se trata de convocação, todos terão que comparecer.

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A comissão também quebrou os sigilos fiscal e bancário de cinco pessoas. Além de ex-conselheiros, a CPI quer analisar os dados de Leonardo Manzan, que é genro de Cartaxo.

Nesta quinta, o colegiado ouviu o depoimento do presidente da Mitsubishi no Brasil, Robert Rittscher, mas dispensou o representante da Ford, Steven Armstrong, de vir à comissão.

Segundo o presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), a comissão não tem elementos que comprovem que a Ford teria se envolvido no esquema revelado pela Operção Zelotes.

Já sobre a Mitsubishi pesa a suspeita de a empresa ter conseguido reduzir a sua dívida com o fisco de R$ 266 milhões para menos de R$ 1 milhão ao final do processo. O teor do depoimento de Rittscher, porém, não satisfez os senadores. Por isso, o presidente da comissão decidiu apresentar um requerimento para pedir a quebra dos sigilos de Rittscher.

A Justiça Federal proibiu ontem a saída do Brasil de Gegliane Maria Bessa Pinto, que trabalhava para uma das empresas investigadas pela Operação Zelotes, da Polícia Federal. Ela é suspeita de integrar o esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Conforme as investigações, decisões tomadas pelo chamado tribunal administrativo da Receita Federal foram vendidas para grandes grupos empresariais entre 2004 e 2014.

Apontada como uma das contadoras do esquema, Gegliane é considerada peça crucial nas investigações. Para o Ministério Público, há fortes indícios do seu papel relevante na organização criminosa que atuava no Carf para tentar reduzir ou anular multas aplicadas pela Receita Federal.

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A decisão da juíza federal, Marianne Bezerra Sathler Borré, ao qual o jornal "O Estado de S. Paulo" teve acesso, foi dada ontem a pedido do Ministério Público Federal. A magistrada determinou, ainda, a apreensão dos passaportes de Gegliane e que os órgãos encarregados de fiscalizar as saídas do Brasil fossem comunicados. Não há no despacho prazo para que ela possa retornar à África do Sul.

Ex-funcionária da J.R. Silva Advogados e Associados, Gegliane mora na África do Sul e veio ao Brasil para depor ontem na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado Federal, que apura as irregularidades no Carf. Os seadores aceitaram o pedido dela para que a reunião fosse reservada, sem a presença da imprensa.

No despacho, a juíza acatou pedido do Ministério Público, que considerou risco de fuga da investigada. "A ciência da gravidade dos fatos investigados pode fazê-la não mais querer voltar para o Brasil (...) A investigada não é pessoa desprovida de recursos financeiros e tem total possibilidade e facilidade de se deslocar para o exterior e até mesmo evadir-se."

A investigada, conforme o inquérito, trabalhava para o ex-conselheiro do Carf José Ricardo da Silva, dono da J.R. Silva. Ela seria responsável pela contabilidade das empresas do ex-conselheiro e tinha a obrigação de gerir todos os recursos que entravam e saiam das diversas empresas que atuavam no esquema. Além da J.R. Silva, o ex-conselheiro também mantinha a SGR, APS, Agropecuária Terrafertil, dentre outras. O documento diz ainda que Gegliane não se limitava a cumprir ordens de José Ricardo e que, certamente, tinha conhecimento sobre a natureza das avenças assinadas e sobre a ilicitude dos negócios. O jornal "O Estado de S. Paulo" apurou que ela será intimada a depor amanhã no Ministério Público. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O conselheiro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) Paulo Cortez permaneceu calado nesta quinta-feira (18) durante sessão da CPI que investiga o esquema de venda de sentenças no órgão. Cortez conseguiu liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) e permaneceu calado, assistido por seu advogado.

A relatora da CPI, senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) chegou a sugerir que o interrogado fosse ouvido em sessão secreta, para que aceitasse falar com os parlamentares. Cortez negou a solicitação e permaneceu em silêncio, respaldado pela decisão do STF. "No momento entendemos não ser necessário (falar). Talvez futuramente em outra situação", afirmou Cortez. Os senadores lamentaram o silêncio do conselheiro.

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Cortez é apontado em relatores da Operação Zelotes, deflagrada pela Polícia Federal, como personagem essencial na investigação. Ele é investigado por supostamente integrar o esquema de corrupção no colegiado, usando empresas nas quais trabalhou. Escutas da PF do ano passado apontam que Cortez teria afirmado que só "coitadinhos" têm de pagar impostos e afirmou que o tribunal da Receita se tornou um "balcão de negócios.

A CPI do CARF ouve hoje ainda o advogado Leonardo Manzan e o sócio de um escritório de contabilidade de Cortez, Nelson Mallmann.

O Movimento de Defesa da Advocacia (MDA) solicitou ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o envio de um Projeto de Lei (PL) ao Congresso Nacional que fixe remuneração, no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), aos conselheiros representantes dos contribuintes no mesmo patamar da remuneração estabelecida aos conselheiros representantes do Fisco.

Segundo o presidente da entidade, Marcelo Knopfelmacher, é necessário o envio urgente deste PL sob pena de violação ao princípio da igualdade. No ofício encaminhado ao ministro da Fazenda, o presidente do MDA, entidade que reúne mais de mil associados em todo o território nacional, destaca que o Decreto 8.441, de abril deste ano, que estabelece a remuneração, cria uma "gratificação de presença" correspondente à sexta parte da remuneração do cargo em comissão do Grupo-DAS nível 5, por sessão de julgamento até, no máximo, seis sessões de julgamento por mês.

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E que isso "fere violentamente o princípio da isonomia" já que os conselheiros representantes do Fisco no âmbito do Carf têm remuneração muito superior ao dos representantes dos contribuintes neste conselho, "em franca e injustificável desigualdade". Nos argumentos em favor da equiparação da remuneração dos representantes dos contribuintes ao dos representantes do Fisco no Carf, Knopfelmacher diz que pesa ainda a decisão do Conselho Federal da OAB, de maio deste ano, pela aplicação da regra da incompatibilidade da função dos Conselheiros Representantes dos Contribuintes no Carf com a advocacia, ou seja, impedindo que eles tenham outros rendimentos decorrentes da atividade advocatícia.

A CPI do Carf do Senado rejeitou, na manhã desta quinta-feira (11) requerimentos de convocação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e da advogada e ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra. Os pedidos, rejeitados por unanimidade, foram apresentados pelo presidente da comissão, o senador tucano Ataídes Oliveira (TO). O autor do pedido não participou da votação por impedimento regimental.

Para tentar convocar Mantega, Ataídes argumentou que todos os conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) são nomeados pelo ministro da Fazenda. "Eu vejo que, na estada que teve de longa data no Carf e no Ministério, (Mantega) pode contribuir muito com os nossos trabalhos", disse.

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No caso de Erenice, o senador tucano disse que é fundamental colher o depoimento dela, uma vez que é atribuída à ex-ministra a responsabilidade da indicação de conselheiros do Carf, além de ter atuado profissionalmente ao lado do conselheiro José Ricardo da Silva, um dos mencionados no curso das investigações realizadas pela Operação Zelotes.

Contudo, os senadores da base defenderam a rejeição dos pedidos. Sem a presença de qualquer senador da oposição, exceto o presidente da CPI, que não vota, os governistas consideraram, ao menos por ora, os requerimentos desprovidos de fundamento.

"O ministro Guido Mantega não tem qualquer envolvimento com a Zelotes até o momento. Evidentemente, por decisão formal e constitucional, cabe a ele assinar as nomeações", afirmou o líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE). "Da mesma forma, a ex-ministra Erenice Guerra, ao que consta há um único processo de um escritório de advocacia de que ela era sócia depois que ela saiu da Casa Civil, nem sequer foi julgada pelo Carf", considerou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

Em votação simbólica, quando não há registro nominal da votação, os senadores aprovaram cinco requerimentos de pedidos de informação do Carf ao próprio órgão e outras instituições, como Tribunal de Contas da União (TCU) e Controladoria-Geral da União (CGU).

Por solicitação de José Pimentel, a comissão decidiu retirar de pauta o pedido de convocação de Otacílio Cartaxo, ex-presidente do Carf e ex-secretário da Receita Federal. Ele argumentou que prefere avaliar a necessidade desse pedido após a apresentação do plano de trabalho das investigações da CPI, que está sendo apresentado pela relatora da comissão, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

Coercitiva

Os senadores também aprovaram um pedido para que os três convocados para a reunião de hoje sejam conduzidos coercitivamente na próxima quinta-feira, 18, à comissão. O advogado Leonardo Manzan, o sócio de um escritório de contabilidade Nelson Mallmann e o conselheiro Paulo Roberto Cortez faltaram ao encontro.

Na primeira reunião após a instalação, a CPI do Carf do Senado aprovou nesta terça-feira, 19, a primeira leva de requerimentos e decidiu pedir o acesso a todas as investigações da Operação Zelotes. A pedido dos senadores Ataídes Oliveira (PSDB-TO) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), os parlamentares querem que o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a 10ª Vara Federal de Brasília remetam à comissão os documentos da apuração.

"Considerando que os procedimentos, judicializados ou não, oriundos da citada Operação Zelotes já estão em fase avançada de apuração e investigação dos fatos criminosos, será fundamental para o início e o desenvolvimento dos trabalhos desta CPI do Carf o compartilhamento de informações e documentos existentes tanto no âmbito da Polícia Federal quanto no âmbito do Ministério Público Federal", justificou Ataídes Oliveira, em dois dos requerimentos.

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A comissão também aprovou pedido de convocação, feito pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), para ouvir as seguintes autoridades: o procurador-chefe da Fazenda Nacional na Coordenação do Contencioso Administrativo Tributário da PGFN, Paulo Riscado; o coordenador da Força Tarefa da Zelotes, procurador Frederico Paiva; o delegado da PF na operação Oslaim Santana; o presidente do Carf, Carlos Barreto, a vice-presidente do órgão, Maria Tereza Martinez Lopes e o conselheiro da conselho Paulo Roberto Cortez; e ainda o advogado Leonardo Manzam.

Vanessa Grazziotin, relatora da CPI, afirmou que a principal tarefa da comissão no momento é ter acesso ao máximo de informações para traçar um plano de trabalho. Ela lembrou ter havido reclamações por parte de autoridades sobre um suposto prejuízo às investigações.

Na semana passada, o procurador Frederico Paiva reclamou, em audiência pública na Câmara, do fato de a Justiça ter recusado 26 pedidos de prisão preventiva e quebras de sigilos telefônicos solicitados à 10ª Vara Federal. A recusa teria sido, segundo ele, executada pelo juiz Ricardo Leite. "Isso atrapalhou a investigação e não vamos conseguir avançar 10% do que foi praticado no Carf", lamentou ele, na ocasião.

A CPI do Carf foi instalada nesta terça-feira, 19, pelo Senado. No primeiro encontro, o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), principal responsável pela coleta de assinaturas para a comissão, foi eleito presidente e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), relatora.

O colegiado foi criado com o objetivo de investigar um suposto esquema de fraudes no órgão ligado ao Ministério da Fazenda responsável por julgar recursos de autuações fiscais.

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O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou no final do mês passado a criação da CPI. A comissão será formada por 11 senadores titulares e sete suplentes, tendo seis meses para realizar suas apurações.

A investigação conduzida no âmbito da Operação Zelotes pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal, que apuram um esquema de corrupção em decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda (Carf), que julga processos tributários, identificou "indícios mais fortes e veementes" envolvendo processos que somam R$ 5 bilhões de até 20 empresas.

Os números foram apresentados pelo procurador do 6º Ofício de Combate à Corrupção da Procuradoria da República no Distrito Federal, Frederico de Carvalho Paiva, em audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFT) da Câmara.

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"São 74 julgamentos que estão sob suspeita, somando R$ 19 bilhões. Há algum indício de que há algo errado nesses julgamentos, mas não significa que esses julgamentos serão anulados", disse. "Há indícios mais fortes em R$ 5 bilhões, que são mais veementes, envolvendo entre 15 e 20 empresas", afirmou.

O procurador ressaltou que os valores são "uma mera estimativa" e que as cifras "podem aumentar ou diminuir" de acordo com os avanços da investigação em documentos apreendidos, após 41 mandatos de busca e apreensão realizadas pela Zelotes.

Lava Jato

O procurador considerou a estrutura tributária brasileira, que torna "difícil distinguir o que é mera interpretação e o que é corrupção", como favorável ao desvio de conduta apurado entre conselheiros do Carf.

O órgão é a última instância administrativa para o julgamento de autuações da Receita Federal a empresas e pessoas físicas. "As leis tributárias são confusas. É preciso criar instrumentos que defendam o contribuintes de uma sanha fiscal arrecadatória que não tem fim e é preciso que o cidadão tenha o direito de questionar, mas esse modelo atual não funciona", disse.

Paiva cobrou mais agilidade do Judiciário para liberar "levantamentos de sigilos" envolvidos na operação, alegando que o juiz Sérgio Moro conduz a Operação Lava Jato com mais respaldo institucional. "Não quero comparar a Zelotes com a Lava Jato, mas é preciso que haja uma acolhida melhor da Zelotes pelo Judiciário", disse. "A transparência favorece o aprimoramento das instituições".

O responsável pela Operação Zelotes defendeu também a transparência dos avanços da investigação como forma de evitar "vazamentos indevidos", mas cobrou responsabilidade da imprensa na divulgação de nomes que possam ser citados. "A imprensa tem de pesar sua responsabilidade. Não pode um nome ser divulgado e não ter sua defesa (apresentada)", disse.

Composição

Paiva afirmou também que a estrutura de composição do Carf favoreceu a corrupção entre conselheiros do órgão que julga processos tributários. "O Carf na estrutura como está hoje só atende a interesse de pessoas que não têm compromisso com o interesse público", afirmou.

Segundo ele, o conselheiro não é transparente na tomada de decisões. "Ao longo desta operação ficou claro como o Carf é um órgão que precisa de aperfeiçoamento. É um órgão pouco transparente, eficiente e que precisa de reforma", disse. "Além dos problemas de corrupção, tem problemas de transparência. É tudo muito secreto e pouco transparente".

O procurador participa de audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFT) da Câmara, onde afirmou também que a indicação de conselheiros é feita pela iniciativa privada - especialmente por entidades de classe ligadas ao Sistema S. "Essa composição em que metade dos conselheiros é indicada pelo setor privado não tem paralelo em nenhum lugar do mundo", observou. "A indicação de conselheiros não era devidamente acompanhada, em alguns casos tem famílias com membros no Carf. Chama atenção o fato de algumas pessoas terem escritórios de advocacia e estarem atuando em processos que estavam ali", disse.

A Operação Zelotes foi deflagrada em março pelo Polícia Federal após escutas telefônicas nas quais ficou comprovado um esquema de fraudes bilionárias em decisões do órgão. O Carf é a última instância administrativa para o julgamento de autuações da Receita Federal a empresas e pessoas físicas. A investigação, que apurou inicialmente prejuízo de cerca de R$ 6 bilhões aos cofres públicos, estima que os valores possam ultrapassar R$ 19 bilhões.

Paiva relatou que o esquema envolvia empresas de consultoria tributária que vendiam serviços para defender empresas no Carf com base em "porcentuais de êxito" nos processos. Essas consultorias e escritórios de advocacia eram formados também por servidores aposentados da Receita. "Em alguns casos, os conselheiros defendiam os seus interesses", afirmou.

O procurador disse que o órgão - composto por 216 conselheiros em turmas de seis membros, que trocavam de grupo conforme o interesse por processos específicos - tem R$ 516 bilhões em processos para julgamento. "Em média um processo leva oito anos para ser julgado, isso acaba prejudicando o Estado e o interesse público", disse.

Com apoio suficiente, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Receita Federal está pronta para ser instalada no Senado. O colegiado irá investigar denúncias de que organizações criminosas praticavam fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Os líderes partidários têm agora o prazo de cinco dias para indicar os senadores que integrarão o colegiado. O requerimento para criação da CPI foi protocolado pelo senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO).

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O Carf é um órgão do Ministério da Fazenda junto ao qual os contribuintes podem contestar administrativamente multas aplicadas pela Receita Federal. A Polícia Federal, por meio da Operação Zelotes, investiga denúncia de que empresas, escritórios de advocacia e contabilidade, servidores públicos e conselheiros do Carf teriam operado esquema de manipulação de julgamentos, propiciando a redução de multas de sonegadores de impostos. A investigação já comprovou prejuízos de R$ 6 bilhões aos cofres públicos, mas auditores envolvidos na operação avaliam que a fraude pode ultrapassar R$ 19 bilhões.

Até agora estão em funcionamento três CPIs no Senado: a do HSBC, a das Próteses e do Assassinato de Jovens. Também já foi protocolado o requerimento de criação da CPI dos Fundos de Pensão, mas o documento ainda não foi lido em plenário. A iniciativa visa investigar prejuízos decorrentes dos investimentos realizados pelos fundos de pensão de empresas estatais.

Com informações da Agência Senado.

 

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), leu no início da noite desta terça-feira, 28, o requerimento para criação da CPI do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). O senador tucano Ataídes Oliveira (TO) havia apresentado o pedido da comissão no dia 7 passado com o apoio de 32 parlamentares, cinco a mais do que o mínimo necessário.

Renan anunciou que, até a meia-noite de hoje, os senadores poderão acrescentar ou retirar suas assinaturas de apoio à CPI. Caso dois deles retirem o apoio, a comissão não será criada.

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Na justificativa ao requerimento da CPI, o senador disse que o escândalo de fraude, corrupção e crimes pode ter causado prejuízos superiores a R$ 19 bilhões, valor estimado pela operação da Polícia Federal.

"Diante disso, parece óbvio que uma questão dessa envergadura e relevância exige medidas reais e efetivas, contexto em que emerge necessária a instalação da comissão parlamentar de inquérito ora apresentada, a CPI do Carf, por meio da qual o Senado poderá investigar as razões da existência do esquema criminoso e, ao mesmo tempo, obter informações para orientar a adoção de medidas que evitem a repetição de tão lamentáveis fatos", disse Oliveira.

Depois de detalhar as mudanças que pretende fazer no regimento interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), alvo da Operação Zelotes da Polícia Federal, o Ministério da Fazenda publicou no Diário Oficial da União a dispensa e exoneração de conselheiros de alguns dos colegiados do órgão. Entre os dispensados, está Meigan Sack Rodrigues, que tinha mandato de conselheira pro tempore, representante dos contribuintes na Terceira Turma Especial da Quarta Câmara da Primeira Seção de Julgamento do Carf.

Meigan Sack Rodrigues é suspeita de fazer parte do esquema de corrupção investigado pela Operação Zelotes e que foi instalado no Carf para anular ou reduzir multas aplicadas a empresas pela Receita Federal. Dona de escritório, ela seria uma colaboradora de seu pai, Edison Pereira Rodrigues, apontado pelos investigadores como um dos mentores do esquema.

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Rodrigues presidiu o 1º Conselho de Contribuintes, órgão que antecedeu ao Carf, deixando as funções em 2005, e seria procurado pelas grandes empresas para anular ou reduzir as autuações da Receita por causa das relações que mantém no Carf e de seu amplo conhecimento. As fraudes, que contariam com a participação de servidores, conselheiros e de ex-conselheiros, podem ter causado prejuízos de R$ 19 bilhões aos cofres públicos. Até agora, já foram apuradas perdas em torno de R$ 6 bilhões.

Dispensas

Além de Meigan Sack Rodrigues, o Diário Oficial traz a dispensa dos conselheiros Valmir Sandri, na Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção, e Moisés Giacomelli Nunes da Silva, na Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção, ambos representantes dos contribuintes. Também há a exoneração de Marcelo Oliveira da presidência da Terceira Câmara da Segunda Seção de Julgamento do órgão.

Outros quatro conselheiros foram dispensados - Maria da Conceição Arnaldo Jacó, José Valdemir da Silva, Arthur José André Neto e Paulo de Barros Carvalho - todos a pedido; e ainda foi designado Marcus Livio Gomes para o mandato de representante da Sociedade Civil no Comitê de Seleção de Conselheiros do Carf.

Consulta pública

Na segunda-feira, 27, o Ministério da Fazenda abriu consulta pública sobre o regimento interno do Carf, com o objetivo de melhorar a gestão do conselho, além de ampliar a transparência e o controle do órgão. As propostas de mudanças ficam em consulta até 4 de maio. Entre as alterações sugeridas pela Fazenda, está a de diminuir o número de turmas de julgamento do órgão de 36 para 18. Também serão extintas as turmas especiais de julgamento para processos cujo valor não ultrapasse R$ 1 milhão. Cada turma passará a ter oito integrantes, em vez de seis.

Outra proposta em consulta é a criação de uma gratificação de presença aos conselheiros dos contribuintes, em valores condizentes à responsabilidade do cargo, e não mais em verbas simbólicas. Se aprovada, a medida será formalizada em decreto presidencial. "A iniciativa visa a assegurar a independência dos conselheiros representantes dos contribuintes, que poderão se dedicar somente às funções judicantes do Carf", disse a Fazenda em nota.

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