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"A tecnologia venceu hoje, esta semana e o ano todo", resume o analista Daniel Newman, da Futurum Research, após uma semana de resultados trimestrais em grande estilo para Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft, o chamado "Gafam".

O confinamento beneficiou os gigantes da tecnologia, assim como o levantamento progressivo das restrições.

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As vendas do iPhone aumentaram quase 50% com relação ao ano anterior no segundo trimestre, anunciou a Apple na terça-feira (27). O grupo também registrou 150 milhões de assinantes em pelo menos um de seus serviços, como o Apple Music, e atingiu a marca de 700 milhões de usuários pagos.

As compras online pela Amazon se traduziram em mais lucros: 7,8 bilhões de dólares de lucro líquido no segundo trimestre do ano, 48% a mais que no mesmo período do ano passado.

O Facebook e o Google, que dividem mais da metade do 'bolo' da publicidade digital, também alcançaram excelentes resultados.

A Alphabet, empresa controladora do Google, informou na terça-feira que seu lucro no segundo trimestre quase triplicou em relação ao mesmo período do ano passado, graças à receita de anúncios em seu mecanismo de busca e plataforma de vídeo YouTube.

A gigante da internet informou que seus lucros chegaram a US $ 18,5 bilhões no período, com receita subindo para US $ 61,9 bilhões graças ao comércio, mas também ao turismo e entretenimento.

Da mesma forma, o Facebook se aproximará da receita de anúncios de US $ 100 bilhões este ano pela primeira vez, de acordo com a eMarketer.

A rede social dobrou seu lucro líquido para 10,4 bilhões de dólares no segundo trimestre de 2021 em comparação com o mesmo período do ano passado, em um faturamento de 29 bilhões, graças ao alto preço da publicidade online durante a recuperação econômica, disse a empresa na quarta-feira.

- A força da 'nuvem' -

Com a pandemia e a chegada da tecnologia 5G, a computação remota se impõe.

Amazon e Microsoft, líderes no setor da internet em nuvem, continuam investindo em armazenamento e processamento de dados usando inteligência artificial.

Para a Microsoft, os lucros em seu quarto trimestre fiscal - o segundo do ano - aumentaram 47% para 16,5 bilhões de dólares e as receitas aumentaram 21% para 46,2 bilhões em comparação com o mesmo trimestre do ano passado.

Para a Amazon, a nuvem significou US $ 14,8 bilhões de receita. O Google está em terceiro lugar nesse mercado, à frente da chinesa Alibaba.

"A transição para a nuvem e a dinâmica do trabalho à distância ou híbrida devem durar ao longo do tempo, apesar da conversa sobre um retorno aos escritórios", disse Dan Ives, da Wedbush Securities.

De acordo com esse analista, apenas 40% da carga de trabalho de empresas e organizações está na nuvem agora. Esse percentual deve chegar a 55% em 2022.

- Os problemas -

A forte demanda por produtos eletrônicos levou a uma escassez de microchips que assolou muitas indústrias por meses.

O diretor financeiro da Apple, Luca Maestri, espera que "os problemas de abastecimento sejam mais significativos" no trimestre atual.

No longo prazo, os Gafam são alvo de inúmeras investigações por parte das autoridades americanas e europeias, determinadas a lidar com esses colossos mais poderosos que os Estados e regularmente acusados de abuso de posição dominante no mercado.

Os ministros das Finanças do G20 aprovaram um projeto de reforma tributária no meio do mês que prevê um imposto global de pelo menos 15% sobre os lucros de grandes empresas internacionais.

As pressões políticas não impedem que essas empresas continuem a crescer.

A Amazon comprou o tradicional estúdio de Hollywood Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) em maio por US $ 8,45 bilhões. O seu catálogo permitirá aumentar a oferta do seu serviço de streaming Prime Video.

Jeff Bezos, fundador do grupo de Seattle e o homem mais rico do planeta, segundo a Forbes, realizou seu sonho de ir ao espaço a bordo de um voo de sua empresa Blue Origin.

A Apple trabalha com carros autônomos, enquanto a Alphabet celebra os avanços de sua frota de táxis-robôs de sua subsidiária Waymo.

Mark Zuckerberg, número um do Facebook, anunciou que em breve estarão prontos os óculos de realidade aumentada, necessários para seu projeto "metaverso", um universo virtual no qual os usuários circularão entre sites físicos e digitais graças a telas, capacetes de realidade virtual e essas lentes, interconectados.

"É a sucessora da internet móvel, uma internet materializada", disse quarta-feira.

Na última semana, foi anunciado que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu elevar o valor da conta de luz, por conta da crise nos reservatórios de hidrelétricas. Já em maio, a tarifa se encontrava na bandeira vermelha patamar 1, e passou a acrescentar R$4,2 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos. Agora, a tarifa entra na bandeira vermelha patamar 2, e adiciona R$6,2 na conta a cada 100 kWh.

E assim, cuidados durante o consumo de energia devem ser tomados para não se surpreender com a conta de luz no fim do mês. De acordo com as informações divulgadas pela Enel (SP), empresa brasileira do ramo de energia elétrica, existem diversos itens que compõem uma residência e aumentam de forma significativa os gastos de energia. Assim como: chuveiro elétrico, ar-condicionado, ferro elétrico, lâmpadas halógenas e fluorescentes, geladeira, máquina de lavar e computadores.

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Segundo Nilza Aparecida dos Santos, professora de economia e gestão financeira na Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec) em Cotia, quando se trata de dicas para melhor consumo dos itens elétricos, é necessário ter o uso consciente de cada recurso. “Só manter aparelhos ligados durante o uso, banhos mais curtos, parte elétrica sempre revisada e etc”. A especialista indica que há diversos sites que costumam trazer dicas importantes sobre economia doméstica no âmbito elétrico, como a página na web da Enel.

Dentre outras dicas que a especialista cita, está o cuidado com o uso da máquina de lavar e o ferro elétrico de passar roupa, que podem ser utilizados em grandes remessas de roupas, uma vez que o volume pequeno de peças favorece maior consumo dos eletrodomésticos. “Pensar que a renda familiar, provavelmente não aumentará como os gastos de energia e que, portanto, é preciso adequar o orçamento para não ter surpresas desagradáveis no momento de fechar as contas. Observar consumo e gasto, já que cada família tem sua própria composição. Reavaliar os gastos sempre que necessário para poder adequar o orçamento familiar”, finaliza a economista.

por Rafael Sales

A utilização do atendimento digital cresce cada vez mais por meio plataformas virtuais pela facilidade de compra e venda sem sair de casa. Segundo a pesquisa da empresa Huggyentre os quatro Estados da região Norte, o Pará está na ponta do ranking dos negócios pela internet, com 47% de consumidores conectados.

A eficiência e a facilidade da tecnologia têm mudado a rotina dos brasileiros,  transformados em consumidores digitais, explica o CEO da Huggy, Diego Freire. De acordo com Freire, o crescimento de paraenses na plataforma mostra que o Estado tem aceitado a metodologia digital e a empresa tem garantido o melhor relacionamento com o consumidor.

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"Mais de 40% dos nossos [consumidores] que estão no Norte estão no Pará. Isso mostra que cada empresa está dando uma melhor atenção para seu cliente", afirma.

A empresa, ativa no mercado desde de 2015, faz a pesquisa de consumo da plataforma todos os anos. Dessa vez, foram analisados os consumidores do Pará (47,4%), Amazonas (26,3%), Amapá (15,8%) e Tocantins (10,5%).

Para Gabriel Castillo, que tem um blog, no qual é conhecido como Biel Castillo, a facilidade que o atendimento digital fornece para pagamentos de contas e compras, de forma segura e rápida, fez ele aderir as plataformas on-line. "É muito mais tranquilo fazer todo esse processo pelo celular. O atendimento digital veio para ajudar a vida de quem usa", conclui.

Por Quezia Dias e Matheus Viggo.

 

O brasileiro consumirá neste ano a menor quantidade de carne vermelha por pessoa em 25 anos, estima a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo o órgão, o cenário de crise dos últimos anos - com a recessão de 2014 a 2016, a lenta recuperação de 2017 a 2019 e a nova crise causada pela Covid-19 desde o ano passado - vem derrubando o consumo total de carnes (bovina, suína e de frango) desde 2014.

A partir de 2013, quando atingiu 96,7 quilos por pessoa por ano, auge na série histórica iniciada em 1996, houve seis anos seguidos de queda. Neste ano, o consumo total deve ficar 5,3% abaixo do pico. O menor consumo tem relação direta com o preço. O aumento da produção dos frigoríficos destinada às exportações, em um cenário de cotações internacionais já elevadas, encarece as carnes também no mercado do doméstico. A inflação do produto está em 35,7% no acumulado em 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Apesar da queda no consumo, o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sergio De Zen, disse que o consumo geral do brasileiro se mantém no nível de vários países, incluindo desenvolvidos.

Conforme um levantamento da Conab, a demanda anual de carnes na União Europeia foi de 89,3 quilos por habitante, média dos últimos cinco anos. Na Austrália, ficou em 101,2 quilos; nos Estados Unidos, em 116,8 quilos. "O Brasil está comendo menos carne bovina, reduziu bastante, só que aumentou o consumo de frango e (na carne) suínos. O consumo global caiu muito pouco", afirmou De Zen.

Com a renda menor, as famílias compram menos carnes em geral e substituem as mais caras - em geral, a bovina - pelas mais baratas - como a de frango. A queda no consumo de cortes bovinos passa por um rearranjo na participação dos diferentes tipos de proteína na cesta de compras dos brasileiros.

Exportações

O menor consumo interno ainda tem outra explicação: a forte demanda externa, principalmente da China. A alta nos pedidos chineses tem relação com uma doença - não a covid-19, mas a peste suína africana (PSA), que assola os rebanhos do país asiático e das nações vizinhas desde 2018.

O impacto da PSA nos rebanhos suínos da China é forte, segundo José Carlos Hausknecht, diretor da consultoria MB Agro. No fim de 2019, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estimava em 7,7 milhões o número de animais abatidos em países asiáticos por causa da doença, transmitida entre javalis e porcos, mas inofensiva aos seres humanos.

Nos dados internacionais compilados pela Conab, o consumo anual total de carnes na China foi de 51,1 quilos por habitante, na média dos últimos cinco anos, o que sinaliza que a demanda por exportações para o gigante asiático tende a se manter, à medida que o rendimento das famílias chinesas siga sua trajetória de alta.

Na China, a carne de porco é a mais consumida. O país é o maior produtor global, mas a demanda da população de 1,3 bilhão de habitantes exige importações. O tombo na produção em 2018 e 2019 foi tão grande que levou os chineses a ampliarem suas compras no exterior de todos os tipos de carne, não só suína, mas também bovina e de aves. Esse foi o motor das exportações brasileiras de bovinos - que saíram de 1,479 milhão de toneladas e US$ 6,032 bilhões, em 2017, para 2,013 milhões de toneladas e US$ 8,506 bilhões, em 2020, segundo a Abiec, associação dos exportadores.

Frango e peixe

Nos corredores dos supermercados, os brasileiros se viram para se adaptar ao encarecimento da carne bovina, mostram relatos feitos ao Estadão em supermercados da Barra da Tijuca, bairro de classe média alta da zona oeste do Rio.

Nos últimos seis meses, a família do analista de sistemas Ricardo Marques, de 60 anos, vem reduzindo o consumo de carne bovina, por causa dos preços mais elevados.

Marques estima que o consumo caiu a um terço do habitual. "De vez em quando eu compro, mas espero uma promoção. Mesmo na promoção está caro", completou.

Com o produto mais caro, a saída é migrar para o frango e, "eventualmente", o peixe. "E mesmo assim o preço do frango está subindo", ponderou Marques, que está atento à influência do mercado internacional nos preços. "Estão exportando tudo para a China e a gente está pagando o pato", afirmou.

Marques mora com a mulher e o filho, na Barra da Tijuca. As compras no mercado, ele faz três vezes por semana. Assim, consegue observar de perto a escalada de preços dos alimentos. "A inflação de alimentos está subindo, não sei como os mais miseráveis estão vivendo", afirmou o analista de sistemas.

A administradora de empresas Daniela Cristiane Rocha, de 39 anos, também reduziu o espaço da carne vermelha na cesta de compras da família. O frango ganhou destaque por causa do preço, mas também por demanda dos filhos, por causa da "moda fitness", contou ela, também enquanto fazia suas compras.

"Estamos consumindo mais frango, às vezes peixe. Até o peixe, que era mais caro, hoje em dia está compensando muito mais do que a carne (vermelha)", disse a administradora, que compra verduras e carnes semanalmente para a família, formada por ela, o marido e os dois filhos.

Morando sozinha no Rio, a aposentada Maria de Fátima da Silva, de 64 anos, já vinha reduzindo o consumo de carne vermelha, por causa da saúde. Frango, peixe, frutas e legumes agora ocupam mais espaço na sua alimentação. O que não quer dizer que a aposentada também não se assuste com os preços mais altos da carne bovina. Com frequência, ela fica na casa da filha, para cuidar do neto, que não dispensa a carne vermelha.

"Está muito cara. A alcatra, que compramos a R$ 29,90 (por quilo), já cheguei a comprar a R$ 22 (por quilo). Para mim, é caro", contou a aposentada, enquanto escolhia um corte para o neto.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Frito, cozido, mexido, processado e usado em milhares de receitas. O brasileiro nunca comeu tanto ovo. Com o aumento desenfreado do preço da carne, a queda de poder de compra da população, e a mudança de hábito trazida pela pandemia, com mais gente se alimentando em casa, o ovo está longe de ser um coadjuvante na mesa da população. No ano de 2020, cada brasileiro comeu 251 ovos. É um volume recorde. Há 20 anos, o consumo anual de cada cidadão era de 94 unidades. Dez anos atrás, esse número subiu para 148 ovos.

Hoje, o brasileiro come mais ovos que a média do cidadão mundial, que é de 230 ovos por ano. O alimento, que até poucos anos atrás figurava entre os vilões da saúde, condenado pelo teor de colesterol, migrou para as páginas da alimentação saudável. A indústria e as galinhas fizeram sua parte, com nada menos que 1.500 ovos por segundo produzidos no Brasil. As chamadas "poedeiras", como são conhecidas as galinhas nas granjas, entregaram 53 bilhões de ovos em 2020. Neste ano, a produção deve chegar a 56 bilhões de unidades.

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Com o volume recorde de consumo e alta de preços nas gôndolas do supermercado, tudo indicaria que a vida do produtor nacional de ovos já está ganha. Mas a coisa não é bem assim. Ironicamente, a indústria de ovos vive, atualmente, entre a cruz e a espada, devido ao preço do milho e do farelo de soja, a ração dos animais, insumo que responde por mais de 81% do custo de produção da proteína.

Em abril de 2020, uma saca de 60 quilos de milho era comprada, no Paraná, por R$ 46. Hoje, essa mesma saca custa R$ 98. São 110% de aumento. Nesse mesmo intervalo, o preço do ovo praticado pelo produtor registrou alta de 19%. É o "efeito China", que tem determinado o preço do ovo frito que chega ao prato feito do cidadão.

"Vivemos realmente uma fase recorde de consumo e isso é bom. Mais de 50% da população brasileira reconhece o ovo como o segundo melhor alimento, depois do leite materno. Fomos declarados como serviço essencial para não deixar faltar comida na mesa da população. Mas houve um salto especulativo dos insumos que está prejudicando muita gente", diz Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). "Hoje, vemos produtor que tem operado com margem negativa, por causa do preço desses insumos, que tem dado férias coletivas e reduzido a produção."

Em 2020, o valor bruto de produção de ovos chegou a R$ 19,1 bilhões. A previsão é de que haja um aumento de 5,2% neste ano, com movimento de R$ 20,1 bilhões, estima a Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq) da Universidade de São Paulo acompanha a evolução do mercado de ovos no País, desde 2013. A analista de mercado de ovos do Cepea, Juliana Ferraz, conta que o preço no atacado nunca havia registrado uma alta como a atual. Ainda assim, os reajustes não foram suficientes para limitar as perdas acumuladas ao longo do ano. Os custos de produção, que já estavam elevados em 2019, entraram em 2020 em uma espiral de alta sem precedentes, reduzindo o poder de compra dos avicultores. Em novembro do ano passado, chegaram ao pior patamar já registrado em toda a série histórica.

Na média de 2020, o preço do milho subiu 49% ante 2019, enquanto a saca de farelo de soja saltou 54%, ao passo que os ovos tiveram aumento médio de 23% no ano. "Os preços estão batendo recorde e nunca se consumiu tanto, mas têm outros fatores que devem ser considerados. Esse mercado é muito dinâmico e essa condição não significa que todo o setor esteja bem", diz Juliana.

Medidas

O repasse é automático, sempre, e cabe ao consumidor pagar a conta. O setor produtivo já vê novos aumentos como inevitáveis e cobra medidas do governo para tentar reduzir a pressão dos insumos, que hoje são pautados por preços internacionais, como ocorre com os combustíveis, por exemplo.

Uma das pautas é a isenção de PIS/Cofins sobre as transações nacionais de compra de ração. Hoje, um importador de farelo e milho está isento desses impostos, enquanto um produtor nacional tem de pagar a conta. "É claro que não somos contra a exportação de grãos, mas é preciso viabilizar nosso negócio no Brasil. Hoje vivemos uma situação em que o nosso concorrente externo compra milho brasileiro mais barato que o produtor nacional", diz Santin, da ABPA.

Outra demanda é que os produtores tenham acesso, antecipadamente, sobre as projeções nacionais de compra de grãos, para que possam se organizar e antever grandes saltos especulativos. "Em muitos países isso já é feito. O que estamos pedindo é acesso a informações", comenta o presidente da ABPA, que busca uma reunião com a Casa Civil da Presidência da República para tratar do assunto.

Duas semanas atrás, a BRF, que é a maior produtora de aves do País, decidiu reagir aos preços nacionais da ração e anunciou a compra de milho da Argentina e do Paraguai, onde encontrou insumo mais barato que aquele plantado no Brasil.

OVO, PREFERÊNCIA NACIONAL

Nos idos de 1987, Leandro Pinto era um garoto de 19 anos, dono de um Fiat Uno, um carnê infindável com parcelas para pagar de um caminhão e uma loja de equipamentos agrícolas falida. Mal tinha começado a vida de empreendedor, e estava quebrado. Já tinha tentado de tudo para ganhar algum dinheiro na pequena Itanhandu, cidadezinha de 15 mil habitantes localizada na junção de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Quando menino, já tinha lavado carro, varrido quintal de vizinhos, sido office-boy. Chegou a montar uma fábrica de carroça para cavalos, mas deixou o negócio logo. Leandro fazia de tudo, só não gostava de estudar. Com esforço, os pais conseguiram que cursasse até a 8.ª série e um curso técnico de mecânica. "Queriam que eu fosse doutor. Não teve jeito", conta.

Completamente endividado, o mineiro de Itanhandu recebeu, um dia, a visita de um amigo. Juarez, que tinha acabado de ter um enfarte, era dono de uma das 25 granjas que havia na cidade. Não tinha mais condições de tocar seu negócio e ofereceu a granja ao amigo. Não era nada muito grande, mas havia 30 mil galinhas que botavam ovos todos os dias. A ideia era que ele ficasse com as galinhas e alugasse a granja.

Nascia ali o "rei do ovo", como passaria a ser chamado mais de 30 anos depois. "Eu ainda não sabia, mas estar quebrado foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Nunca tinha lidado com o negócio de frango e ovos, mas resolvi aceitar. E aquilo tudo que eu tinha passado foi uma escola para mim. Dei meu Uno, meu caminhão financiado e peguei a granja. Na época, disseram que eu era doido, que aquilo jamais daria certo."

Aos trancos e barrancos, o negócio foi avançando e finalmente vingou. Hoje, passados 34 anos, Leandro Pinto é dono e fundador do Grupo Mantiqueira, o maior produtor de ovos da América Latina.

Com unidades de produção em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso, a empresa emprega 2,3 mil funcionários. São mais de 11 milhões de galinhas poedeiras.

Neste ano, todas as atenções de Leandro Pinto estão voltadas para a nova granja que a empresa começou a erguer em Lorena, cidade paulista próxima de Aparecida. A unidade, orçada em R$ 100 milhões, deve ficar pronta no fim de 2022. "É um conceito novo. Nossas granjas novas não têm mais galinhas presas. Elas são criadas livres de gaiola. Assim, ficam menos estressadas", diz ele. Tudo deve funcionar com viés ecológico, envolvendo energia gerada por painéis solares e transporte em caminhões elétricos.

O "rei do ovo", que três décadas atrás andava de Uno para todo lado, hoje utiliza um jato particular para trabalhar e visitar as unidades da empresa. "Às vezes, vou de helicóptero, também", conta.

3 PERGUNTAS PARA...

Tereza Cristina, ministra da Agricultura

1. A indústria do ovo vive um momento histórico no consumo e, ao mesmo tempo, uma forte pressão nos preços de produção. Como resolver?

O setor já vinha crescendo e é verdade que vive um boom na pandemia. Agora, esses produtores estão com problemas, mas esses problemas não são só deles, mas de todos os setores que ainda não têm uma comercialização mais sólida com os insumos, que são o farelo de soja e o milho, para ração.

2. O setor pede isenção de PIS/ Cofins, por exemplo, que já é dada ao importador de ovos. O que pode ser feito?

Vamos ver. É preciso compreender que essa situação é temporária, porque é uma condição de mercado e, sobre isso, não há muito o que fazer. Do ponto de vista do Ministério da Agricultura, vamos incentivar o aumento de plantio de milho. A soja já aumentou sozinha.

3. Acabamos de ter uma supersafra de soja e milho. O problema é quantidade?

Estamos com safras recordes, realmente, mas essa questão dos insumos é um problema global. O mundo hoje é conectado, o Brasil não é uma ilha. Soja e milho que são duas commodities internacionais, com preço de mercado listado em Bolsa lá fora. Veja que, na semana passada, o preço desses insumos para ração subiu mais, porque o clima nos EUA não está ajudando o plantio. Além disso, os EUA estão com estoque de milho muito baixo em relação ao que costumam ter. O estoque de soja deles está baixíssimo. Paralelamente, na área econômica, a China cresceu. Os EUA também vão retomar a economia com a vacinação. Tudo isso aumenta o consumo global.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nesta Semana do Consumidor, que começa nesta segunda-feira (15), as lojas virtuais estão com promoções de até 80% e parcelamentos em 12 vezes. Contudo, é preciso tomar cuidado para não cair em ofertas enganosas e ter prejuízo financeiro com a compra dos produtos. 

A Semana do Consumidor foi criada pelo comércio para tentar aumentar as vendas em função do Dia Internacional do Consumidor, que é comemorado hoje. No Brasil, apesar de diversas conquistas, como o Código de Defesa do Consumidor (CDC), que completou 30 anos no ano passado, muitos consumidores ainda precisam recorrer à Justiça para obter ressarcimento de compras malsucedidas. 

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Em comemoração aos 30 anos do CDC, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) reuniu os principais pontos do código, que podem ser úteis para orientar o consumidor na hora da compra. 

Informações claras sobre a compra - A oferta e a apresentação dos produtos e serviços devem ter informações claras e precisas sobre preço, forma de pagamento, garantia e prazos de validade.

Publicidade enganosa é crime - Quem promover publicidade que sabe ser enganosa ou abusiva pode ser condenado a pena de três meses a um ano de detenção e multa.

Direito ao arrependimento - O consumidor pode desistir da compra dentro do prazo de sete dias após o recebimento do produto ou serviço, sempre que a compra ocorrer fora do estabelecimento (internet, telefone).

Atraso na entrega - Caso o produto não seja entregue, o comprar pode cobrar a entrega do item, aceitar outro produto equivalente ou rescindir o contrato e receber o dinheiro de volta. 

Prazo de reclamação - O CDC estabeleceu um prazo de vigência para reclamações de defeitos: 30 dias para fornecimento de serviços e produtos não duráveis e 90 dias para serviços e produtos duráveis. 

Troca de produtos - As empresas são responsáveis pela qualidade dos produtos. Se o problema não for resolvido em até 30 dias, o consumidor pode pedir a troca por outro produto da mesma espécie, restituição do valor pago ou abatimento proporcional do preço. 

Peças de reposição - Quando uma empresa deixa de produzir ou importar um produto, a oferta de peças de reposição deve ser mantida pelo prazo de vida útil do produto. 

Recall - As empresas são obrigadas a comunicar às autoridades e ao público sobre peças que apresentem perigo ao consumidor durante período de venda no mercado, além de providenciar o conserto gratuitamente. 

"As drogas estão por todos os lados na região (...) mas eles só pensam na Covid", lamenta Beverly Veres, mãe de dois jovens viciados em heroína, desesperada ao ver que os serviços de saúde estão monopolizados pela pandemia, quando os Estados Unidos enfrentam um novo aumento de overdoses.

Beverly, seu marido Steve e seus filhos Douglas, de 24 anos, e Charles, de 29, vivem em uma pequena casa em Houtzdale, um distrito do condado rural de Clearfield, na Pensilvânia, longe das cidades de Pittsburgh e Filadélfia.

Neste condado de abundantes florestas e casas isoladas, o coronavírus deixou oficialmente 114 mortos em um ano. Porém, é muito menos visível do que na cidade: Steve e Beverly afirmam ter estado uma única vez em contato com uma pessoa que contraiu o vírus, mas tiveram "uma dúzia de interações" com viciados em drogas.

Depois de verem seus filhos se afundando no consumo de heroína no verão de 2020, eles estão certos de que a pandemia exacerbou o consumo de droga em sua região.

Os números de mortos por overdose em 2020 ainda são parciais, mas os 19 óbitos contabilizados no condado já superam o total de 2018 e 2019.

A tendência se repete em todo Estados Unidos: os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) calculam que o número de mortes por overdose - essencialmente devido aos opiáceos que inundaram o país nesses últimos anos - aumentou quase 25% entre julho de 2019 e julho de 2020.

- "Descida aos infernos" -

Segundo Beverly, seu filho mais novo Douglas possui há muito tempo um problema de dependência dos opiáceos, embora "tenha melhorado". Mas o cenário mudou. Primeiro devido às metanfetaminas e depois, em julho passado, pela heroína, uma verdadeira "descida aos infernos", disse.

Preso no começo de 2020 por dirigir sob o efeito das drogas, ele não recebeu nenhum tratamento na prisão devido à Covid-19, contou Beverly.

A cura com a desintoxicação que tentou fazer após sair da prisão não funcionou, segundo ela, em parte porque as visitas e sessões de terapia familiar foram canceladas, também devido à pandemia.

A alguns quilômetros dali, Savannah Johnson, ex-viciada de 26 anos, conta que correu o risco de uma recaída nas drogas no início da pandemia.

No início de 2020, após um ano de cura com desintoxicação, incapaz de retomar seu emprego de enfermeira, ela aceitou um pequeno trabalho em uma pizzaria. Mas foi demitida logo depois por causa do coronavírus.

Isolado, um ex-viciado tende a idealizar o período em que se drogava, explica Savannah. "Quanto mais você pensa nisso, mais desejo você tem de voltar a consumir".

- "Sobrecarregados" -

Com a pandemia, os problemas de vício "explodiram", destaca Kim Humphrey, diretora nacional da associação de pais "Parents of Addicted Loved Ones".

"Você não pode trabalhar, não pode ir para nenhum lugar, não pode fazer isso, não pode fazer aquilo, é compreensível que alguém que esteja nisso diga 'vou simplesmente tomar algo que me tire a dor, que me impeça de me deprimir'", explicou.

No entanto, antes da pandemia, a crise dos opiáceos e a onda de overdose que deixou cerca de 500.000 mortos nos Estados Unidos desde 1999, sendo 50.000 em 2019, parecia a caminho da estabilidade.

Antes de março de 2020, "a crise dos opiáceos era o principal problema dos serviços de saúde pública" e "começava a fazer progressos", disse Marcus Plescia, médico da organização ASTHO, que reúne as autoridades de saúde de todos os estados do país.

Mas hoje "os serviços estão completamente absorvidos pela Covid (...). Todo mundo está sobrecarregado", lamentou.

O consumo de cervejas sofreu retração no último trimestre de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019. Ainda que o gasto dentro de casa tenha crescido 20%, o fora de casa caiu 24%, deixando o saldo total negativo em 6%. Os dados são da consultoria Kantar.

Para a Kantar, o motivo é claro: "a categoria é extremamente dependente de momentos de socialização, que na maioria das vezes acontecem em bares e restaurantes e nos quais paga-se um valor mais elevado", diz a empresa.

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O consumo nacional de energia elétrica recuou 1,5% em 2020 na comparação com o ano de 2019, reflexo do impacto negativo da pandemia de covid-19 na dinâmica do setor, informou nesta terça-feira, 19, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

O resultado, porém, é visto como melhor do que o inicialmente previsto, destacou o presidente da entidade, Rui Altieri, em nota à imprensa. "Nos últimos quatro a cinco meses, houve uma rápida recuperação, principalmente nos setores de grande consumo. Ainda assim, abril, maio e o início de junho foram muito ruins em termos de consumo nos setores de produção, bens e serviços. Nessa época acreditávamos que ficaríamos de 5% a 6% abaixo de 2019. Dadas as circunstâncias, uma redução de 1,5% é um dado animador", declarou.

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O impacto foi diferente nos dois mercados que separam clientes das distribuidoras dos que negociam energia no ambiente livre. Neste último, que representa 32% do consumo do Brasil, houve crescimento de 2,8%, reflexo do acréscimo de novas cargas no mercado livre. De acordo com a CCEE, no ano passado, 5.239 unidades consumidoras migraram do cativo para o livre. O mercado cativo encolheu 3,4% na comparação anual.

A leitura por região, a CCEE aponta os Estados da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro como os mais impactados pelo recuo do consumo de energia no ano passado. Os três registraram quedas próximas de 5% na comparação com 2019. Já o Pará, Mato Grosso e Amazonas lideram a lista de maiores altas, com crescimento de 6%, 5% e 3%, respectivamente.

Quando se observa o resultado do consumo por ramos de atividade das empresas participantes do mercado livre, a CCEE verificou uma queda muito acentuada nos segmentos de veículos, que apresentou retração de 11,6%, e transportes, com uma redução de 6,3%.

Na outra ponta do ranking, o setor de saneamento cresceu 24% no período, e comércio avançou 12,1%. Os dados consideram todas as cargas, inclusive as migradas ao mercado livre em 2020.

Geração

A CCEE informou, ainda, que o comportamento da geração foi similar ao do consumo em 2020: houve uma redução de 1,6% no Sistema Interligado Nacional (SIN), passando de uma produção de 64.637 MW médios em 2019 para 63.596 MW médios em 2020.

Ao avaliar a produção das fontes de geração, a CCEE observou redução na comparação entre 2020 e 2019 por parte das térmicas (-7,1%) e das hidrelétricas (- 0,9%), impactadas pela redução do consumo. Por outro lado, observou-se um aumento da geração eólica (1,5%) e solar fotovoltaica (19,3%).

"O resultado de ambas se explica por questões climáticas e pela ampliação nos parques produtores", finalizou o comunicado da CCEE.

A confiança das famílias paulistanas para consumir subiu pelo quarto mês seguido, segundo o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). De acordo com o levantamento, foi registrado um aumento de 10% em relação a agosto, quando o índice bateu o pior resultado da série histórica.

O ICF fechou o mês de novembro em 67 pontos, uma alta com relação a agosto, quando o indicador chegou ao pior resultado desde o início da série histórica, com 61 pontos. Segundo a Fecomércio, o cenário positivo é corroborado pelo crescimento do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que chegou a 112 pontos no mês passado, numa linha ascendente desde maio, quando estava em 97 pontos.

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Os indicadores mensuram a confiança dos paulistanos em consumir a cada mês: enquanto o ICF apresenta a postura deles em relação ao emprego, à renda, ao crédito e ao consumo, o ICC permite ver melhor como os consumidores se sentem em relação aos rumos de suas famílias e do País.

A melhora significativa em ambos os índices se explica, segundo a FecomercioSP, tanto pela reabertura gradual do comércio na cidade, no segundo semestre, quanto pelo pagamento do auxílio emergencial por parte do governo federal, a partir de abril. No entendimento da Federação, porém, o avanço lento dos indicadores mesmo com os bons indicadores da economia é sinal de que as famílias estão mais observando com mais preocupação o momento econômico do País do que a própria situação em que se encontram.

O vendedor Jairo de Jesus, de 38 anos, decidiu se arriscar. De máscara, ele está disposto a enfrentar uma aglomeração no supermercado e até a correr o risco de não encontrar algum produto que procura porque pretende deixar para comprar alimentos e parte das bebidas da ceia de Natal no momento mais próximo da data. "Tem sempre aquele precinho da última hora", diz.

A expectativa do vendedor é conseguir alguma promoção num ano de um Natal marcado por inflação em alta, sobretudo dos alimentos, e falta de alguns produtos - de cerveja a eletrodomésticos, ainda em função da recuperação da indústria diante do tombo na produção provocado pela paralisação das atividades por causa da pandemia.

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Os planos de Jesus para o Natal deste ano são de uma comemoração modesta: só ele, a mulher e o casal de filhos pequenos. Ele pretende gastar com as compras bem menos do que em anos anteriores, quando a festa incluía parentes, amigos e vários presentes. "Este ano, vou concentrar os gastos na comida, nas lembranças para a mulher e filhos, e desembolsar menos."

O vendedor, que faz parte de um grupo privilegiado, pois manteve o emprego e a renda nos últimos meses, não é o único que está cauteloso nos gastos. Ele é um dos 9,3 milhões de brasileiros que pretendem ir às compras na última semana antes do Natal, aponta pesquisa nacional da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com a Offer Wise Pesquisas, obtida com exclusividade pelo Estadão.

A enquete, que consultou cerca de mil pessoas na segunda quinzena de outubro, mostra que a parcela dos que planejam comprar na semana do Natal é praticamente a mesma de 2019, cerca de 10% dos entrevistados. A diferença está no peso do principal motivo para postergar as compras. Neste ano, mais da metade (61,2%) vai usar essa estratégia para encontrar alguma promoção e economizar. Em 2019, eram 47,7%.

Além de deixar as compras para a última hora em busca de pechinchas, a pesquisa mostra que a intenção de gasto médio com alimentos e bebidas no Natal diminuiu 10% este ano, ante 2019. A expectativa de desembolso é de R$ 225.

Gastar menos especialmente com alimentos e bebidas num ano em que a comida foi a vilã da inflação não será nada fácil para o consumidor. Um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que o Natal de 2020 terá a maior inflação dos últimos cinco anos.

Os preços de um grupo de 214 produtos e serviços mais consumidos neste período do ano subiram 9,4% nos 12 meses encerrados em novembro. É mais que o dobro da inflação geral do mesmo período pelo Índice Preços ao Consumidor Amplo, de 4,3%. O cálculo, feito pelo o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, considerou os preços que entram na apuração do índice oficial de inflação do IBGE.

Em 2015, a inflação de Natal atingiu 11% e os preços dos alimentos natalinos tinham subido 12,9%. Agora, esses alimentos aumentaram 16% em 12 meses até novembro. Só o peru, um dos ícones da data, ficou 11,21% mais caro no período, segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas).

Dólar

A disparada de preços dos alimentos ocorre em razão dos aumentos das cotações dos grãos, como soja, arroz, milho, por exemplo, impulsionadas pela maior procura interna e externa por comida. A subida do dólar, que baliza os preços dessas commodities, também jogou mais lenha na fogueira das cotações em reais e estimulou as exportações, reduzindo a oferta doméstica.

A alta do câmbio também inflou os preços em reais de outros itens muito procurados no Natal, como os eletrônicos, que levam boa dose de componentes importados. TVs, som e informática ficaram 14,7% mais caros nos últimos 12 meses. Mas os alimentos estão no topo do ranking dos maiores aumentos, seguidos por joias e bijuterias (15%), bicicletas (10,6%), telefones (6,3%), entre outros. Já vestuário e passagens áreas registram deflação.

"A armadilha é o preço do alimento", frisa Bentes. Como não há como escapar do consumo de comida, o brasileiro deixa de comprar outros itens.

O assessor econômico da Fecomércio/SP, Altamiro Carvalho, concorda com Bentes. "O cobertor é curto." Na sua opinião, o que deve acontecer no

Natal é o que vem ocorrendo desde o início da pandemia: as pessoas vão abrir mão de outras despesas para dar prioridade à compra de alimentos.

Auxílio e vendas online garantem virada do Natal

Em meados do ano, quando a flexibilização da quarentena permitiu que as lojas físicas de todos os segmentos do comércio voltassem a funcionar, pareceria um delírio prever que este Natal poderia ter crescimento de vendas. Hoje, as projeções vão do empate até uma alta real (acima da inflação) de 3,4% no volume de vendas ante o Natal de 2019, porém com comportamentos distintos entre os vários segmentos.

O auxílio emergencial, que já injetou R$ 293,8 bilhões na atividade, é apontado pelos economistas como a "tábua de salvação" que tem garantido a rápida retomada das vendas. Em outubro, pelo sexto mês seguido, o comércio varejista cresceu sobre o período imediatamente anterior, aponta a Pesquisa Mensal de Comércio, do IBGE, e registrou desempenho 8,3% acima do primeiro bimestre, quando não havia pandemia.

Juros na mínima histórica, facilitação de pagamento pelos lojistas, como alongamento de prazos e até aceitação de cheque pré-datado, no caso de pequenos comércios, além do repasse parcial da alta de preços, têm ajudado nas vendas.

"Dá para comemorar a virada do jogo, mas não dá para comemorar a goleada", afirma o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes. A entidade ampliou de 2,2% para 3,4% o crescimento das vendas de Natal para este ano ante 2019.

A expectativa é que o Natal movimente R$ 38,1 bilhões. Se a projeção se confirmar, será o maior crescimento desde 2017, quando a variação havia sido de 3,9% sobre o ano anterior. No ano passado, as vendas do Natal avançaram 2,7%.

Entre os fatores que sustentam a projeção, o economista aponta a própria dinâmica de recuperação que o varejo vem experimentando nos últimos meses e o forte desempenho do comércio online. Embora represente uma parcela pequena das vendas totais do varejo, o e-commerce é tido como uma importante alavanca para esse crescimento. A expectativa da CNC é de um crescimento real de 64% nas vendas do comércio online no Natal.

"O Natal deste ano vai ficar perto do desempenho do ano passado, com destaque para o comércio online", afirma o economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo. Na sua avaliação, diante do atual cenário "empatar será um bom resultado".

Poupança. Solimeo reforça que o alongamento dos prazos do crediário, que já chega a 30 meses nas grandes lojas, e juros na mínima histórica devem ajudar nas vendas. No entanto, ele acrescenta outro fator importante: a poupança. "Tem muita gente que ficou sem comprar há muito tempo e tem dinheiro guardado para gastar no Natal."

Embora o auxílio emergencial tenho sido cortado pela metade a partir de setembro, do ponto de vista macroeconômico a poupança compulsória formada pela classe média alta ao longo dos meses compensaria a perda de recursos do auxílio que irrigaria as vendas do Natal, explica Solimeo.

Para Rodolpho Tobler, coordenador da Sondagem do Comércio do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, o Natal deste ano será um pouco melhor do que o de 2019 graças ao auxílio emergencial. Mas ele pondera que poderia ser melhor ainda se o dólar não tivesse tão alto e a inflação, tão pressionada pelos alimentos. "No início da pandemia, a gente não achava que teria um Natal positivo", lembra.

Altamiro Carvalho, assessor econômico da Fecomércio/SP, projeta aumento de 1% no faturamento do comércio no Estado de São Paulo para a data. "Sem o auxílio emergencial, o desempenho do Natal seria negativo entre 2%e 3%, com a absoluta certeza."

Varejo reclama da falta de cerveja a eletrodoméstico

A falta de vários tipos de produtos no varejo, da cerveja premium a modelos de eletrodomésticos mais vendidos, pode ser um obstáculo ao avanço das vendas neste Natal, além da disparada da inflação.

Com a paralisação que houve no início da pandemia e o fechamento das lojas físicas, muitas indústrias reduziram o ritmo de produção com medo de acumular estoques. Resultado: as cadeias de produção se desorganizaram. Mas com o aumento abrupto do consumo registrado nos últimos meses, muitos fabricantes não conseguiram retomar o ritmo produção anterior para atender às encomendas. Há dificuldade de obter matérias-primas, componentes eletrônicos e, principalmente, embalagens.

Esse problema é nítido na Sondagem do Comércio do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Nos últimos dois meses, quase um quarto das empresas do varejo apontou o tempo de entrega dos fornecedores como um fator limitante à melhora dos negócios. Foi o maior resultado mensal alcançado nesse quesito desde março de 2010. "Em novembro, até houve uma acomodação, mas ainda há muita empresa reclamando da entrega de fornecedores, o que reflete a dificuldade que a indústria enfrenta", diz o coordenador da sondagem, Rodolpho Tobler .

Um segmento que chama atenção é o de móveis e eletrodomésticos, onde a fatia de lojas apontando a entrega de produtos como um problema atingiu 40,5%, em outubro, e 26,5%, em novembro.

Para José Domingos Alves, supervisor-geral da Lojas Cem, terceira maior varejista de móveis e eletrodomésticos do País em faturamento, a falta de mercadorias hoje é um problema maior para as vendas de fim de ano do que a inflação.

"Temos produtos comprados e com a entrega atrasada há mais de um mês", reclama Alves, assinalando que não ter o item disponível na loja significa perder venda. O executivo conta que a situação é generalizada nos eletroeletrônicos, porém é mais crítica na linha branca, que reúne freezers, fornos micro-ondas e fogão, por exemplo.

A perspectiva, diz Alves, é que as entregas se regularizem só no segundo trimestre de 2021. Segundo ele, os fabricantes já sinalizaram novos aumentos de preços para o ano que vem.

Cerveja

Os supermercados também enfrentam dificuldade com a falta de tipos de cervejas, especialmente as da linha premium. Em novembro, a falta do produto beirou 20%, uma marca recorde, segundo a Neogrid, que monitora a cadeia de suprimentos de 40 mil lojas no País.

Os conhecimentos, as práticas e as tradições relacionadas ao preparo e ao consumo do cuscuz foram declarados Patrimônio Imaterial da Humanidade nesta quarta-feira (16).

Reunido por videoconferência, o Comitê de Patrimônio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sob a Presidência da Jamaica, aprovou este caso apresentado em conjunto por Argélia, Mauritânia, Marrocos e Tunísia.

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Esses países haviam argumentado que tais saberes e práticas, parte integrante de seu patrimônio cultural, eram praticados por todas as populações de Argélia, Marrocos, Mauritânia e Tunísia, de todos os gêneros, de todas as idades, sedentários ou nômades, rurais ou urbano, incluindo os imigrantes, e em todas as circunstâncias: dos pratos do dia a dia às refeições festivas.

Em um ano marcado pela pandemia, as vendas online bateram recorde na Black Friday. O faturamento do e-commerce somou R$ 4,02 bilhões, considerando quinta e sexta-feira, 27, um aumento de 25,1% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento feito pela Ebit/Nielsen.

Ao todo, foram mais de seis milhões de pedidos gerados, crescimento de 15,5%.

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A percepção foi de que o "esquenta da Black Friday", vendas feitas antes da data oficial, foi uma estratégia que deu certo. Com as promoções durando mais tempo, as compras acabaram sendo realizadas ao longo de todo o mês de novembro.

"A pandemia fez os consumidores terem um comportamento diferente. As compras ficaram diluídas e o comércio eletrônico soube aproveitar o momento e fisgá-los com descontos, oportunidades e atratividades", comenta a líder de Ebit/Nielsen, Julia Ávila.

Entre os dias 19 a 27 de novembro, o faturamento foi de R$ 6 bilhões, 30,1% a mais que as vendas de 2019. Nesse intervalo, incluindo o esquenta, foram gerados 10,63 milhões de pedidos, q um aumento de quase 20% na base anual. "O esquenta deste ano ganhou muita relevância. Isso mostra que um esquenta Black Friday mais forte é uma tendência para os próximos anos", afirma Julia.

Apenas na sexta-feira o faturamento ficou em R$ 3,1 bilhões, aumento de 24,8%.

O site Reclame Aqui registrou 9.160 reclamações ao longo da Black Friday, um aumento de 4,09%. Segundo o levantamento, 27,01% das reclamações foram sobre propaganda enganosa, seguida de problemas na finalização da compra (10,12%) e divergência de valores (9%).

Entre as dez empresas mais reclamadas, as companhias que compõem o chamado Universo Americanas se destacam.

O marketplace terceirizado das Lojas Americanas teve o maior número de chamados, com 471, enquanto sua loja online ficou em 4º (289). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A pandemia mudou os objetos de desejo das famílias brasileiras durante o isolamento: em vez de roupas novas, tijolos. A mudança brusca no perfil de consumo se reflete sobre os preços. Só em setembro, o tijolo subiu 4,67%. Ao mesmo tempo, as roupas femininas ficaram 5,37% mais baratas.

"A classe média juntou um dinheirinho na crise. A comida ficou mais cara, mas economizaram com outras coisas. Deixaram de gastar com combustível, cinema, hotel, passagem aérea. Daí gastaram com artigos para a residência", lembrou André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

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Os novos hábitos de consumo fizeram o volume vendido pelo comércio varejista brasileiro alcançar patamar recorde em agosto nos segmentos de material de construção, móveis e eletrodomésticos e outros artigos de uso pessoal e doméstico, mostrou a Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE.

Consumo domiciliar

"Como o dia a dia das pessoas foi transformado, com menos deslocamentos, mais tempo em casa, tudo o que está associado ao consumo domiciliar tende a ser mais vendido. Como essa mudança de consumo foi muito abrupta, isso acaba transbordando para um efeito sobre os preços", explicou o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Os tijolos já ficaram 22,32% mais caros nos primeiros nove meses do ano. O cimento aumentou 13,19%. Roupas de cama, mesa e banho subiram 5,11% de janeiro a setembro. Computadores estão 20,58% mais caros, videogames aumentaram 13,69%, e os aparelhos de TV, 12,90%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em mais um passo em direção ao mercado de consumo virtual, o Instagram anunciou, nesta segunda-feira (5), que agora será possível iniciar o processo de compras também a partir do IGTV e dos Reels. Com o Instagram Shopping, que já permite a compra de produtos a partir de publicações no Feed e nos Stories, será possível também ter acesso à compra dos produtos listados ou exibidos em um vídeo.

A novidade está sendo lançada globalmente nos aplicativos da rede social. A empresa comunicou ainda que já iniciou os testes nos Reels, função de vídeos curtos similar ao Vine e ao TikTok, e que a liberação ocorrerá logo em seguida. 

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Com a ferramenta, os usuários poderão ver informações sobre os produtos exibidos nos vídeos, como preço, e também ter acesso rápido ao site da loja para comprá-los. O objetivo do Instagram Shopping, segundo a empresa, é impulsionar o mercado e-commerce e trazer mais acessos aos sites de criadores e lojistas que utilizam da plataforma para fazer negócios, aumentando também o potencial de vendas.

“Criadores de conteúdo e marcas ajudam a trazer novas tendências culturais para o Instagram, e as pessoas acessam nossa plataforma para se inspirarem com eles. Com Shopping no IGTV e, futuramente, no Reels, estamos facilitando as compras diretamente por meio de vídeos. Além de ajudar estas marcas e criadores a compartilhar suas histórias, alcançar mais clientes e fazerem negócio", disse o COO do Instagram Justin Osofsky.

A ferramenta e-commerce chegou ao Brasil em julho deste ano. Além do IG Shopping, outra novidade é o tempo de duração dos Reels, que de 15 segundos, passarão a poder ser gravados em até 30 segundos, sob as mesmas condições de edição. O Instagram também diz que, futuramente, pretende incluir funcionalidades do Messenger à rede social.

A abordagem de um caminhão na Rodovia Anhanguera (SP-330) resultou na apreensão de 3,1 toneladas de queijo considerados impróprios para o consumo. O veículo, que tem emplacamento do estado de Minas Gerais (MG), transportava a carga irregular para o município de Campinas (a 96 km da capital paulista).

De acordo com a Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e a Coordenadoria de Defesa Agropecuária de São Paulo, os laticínios não tinham registro de inspeção e identificação e estavam sendo transportados de maneira imprópria.

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Ainda segundo a Coordenadoria de Defesa Agropecuária do estado, o condutor do veículo foi autuado pela sucursal do instituto da cidade de Limeira (a 144 km da capital). Acusado de transportar produtos de origem animal de modo inapropriado e em desacordo com as determinações dos órgãos inspeção, o portador tem o prazo de 15 dias para apresentar recurso. Se a fiscalização não aceitar o pedido do responsável pela carga, a multa pode ser de R$ 69 mil.

Toda a carga foi encaminhada ao aterro sanitário de Limeira e destruída na presença do responsável pelo produto irregular.

O ator Pierre Bittencourt usou as redes sociais para levar uma reflexão aos seus seguidores e comemorar por estar a cinco anos sem o consumo de álcool. Atualmente Pierre trabalha no elenco da "Praça é Nossa", mas ficou famoso por interpretar Mosca na novela Chiquititas, exibida no SBT entre 1997 a 2001. 

Em um longo desabafo o ator escreveu: "Essa semana completei cinco anos livre de álcool. É para comemorar? Sim, pois numa sociedade onde o consumo de álcool é mais do que liberado, considero uma vitória. Os benefícios que essa 'vida careta' me trouxe foram inúmeros. Mas, durante o processo, encontrei alguns desafios. É aí onde eu quero chegar, meus amigos... Algumas pessoas não conseguem beber socialmente e têm dificuldade em controlar palavras, ações e atitudes quando estão sob efeito de álcool. Já ouvi dizer que o álcool extrai a essência da alma. Para mim, faz sentido. Portanto, apenas reflita, gostaria que pensasse na intenção que você coloca, em tudo na sua vida, a começar por uma postagem nas redes sociais". 

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Ainda na publicação Pierre levantou questionamentos sobre o consumo do álcool e de usar a bebida como desculpa para os erros cometidos. 

"É mesmo necessário mostrar a todos que através do álcool você é mais feliz? Será que sexta-feira, obrigatoriamente é o dia de 'socializar bebemorando' com os amigos? Enfim, tem muitas outras questões por trás de uma simples socialização, mas sobre vazios, medos e afins fica para outra postagem. Nesse momento, gostaria apenas de refletir sobre como uma simples foto pode incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo. Sendo que, outras pessoas, podem não ter o mesmo discernimento que você tem ao consumir bebidas alcoólicas... Será que você tem tal discernimento mesmo?? Quantas vezes já não foi dito: 'Ah, mas eu tava bêbado', como desculpa pra determinadas cag*das já feitas?", disse Pierre.  

Na postagem, o ator pede pelo consumo consciente e finaliza alertando que o alcoolismo pode causar danos irreparáveis. "O alcoolismo não é brincadeira, não é fácil de lidar e o álcool não deveria ser tratado como objeto de desejo de socialização... Apenas reflita, imagine uma vida sem discussões, brigas, gritaria, confusão e tudo que envolve o mundo que você tanto reclama! Se cada um começar a realmente fazer a sua parte, tenho certeza que podemos começar um mundo novo, bem melhor do vivido até agora. Não tô pedindo pro mundo parar de beber. Apenas convido a refletir sobre o incentivo/apologia ao consumo. Quer chapar, quer se drogar, se matar? Tudo bem! É uma escolha sua. Só não precisa convencer o amiguinho que essa é a solução para todos os problemas e que a felicidade mora numa garrafa de cerveja! O alcoolismo pode trazer danos irreparáveis. Seja consciente, não incentive!"

O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990), que completa 30 anos hoje (11), é considerado uma legislação abrangente para as relações de consumo, mas, passadas três décadas, houve mudanças substanciais na forma de comprar por meio do comércio eletrônico. Segundo especialistas, uma atualização seria bem-vinda, embora o código tenha seu texto adaptado ou usado, de forma indireta, outras legislações para proteger os direitos dos consumidores.

O código é anterior ao início da popularização da internet no Brasil. Como destaca o coordenador do MBA de Gestão de Varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ulysses Reis, quando a legislação foi criada, não se tinha como prever que a mudança nos hábitos de consumo seria tão grande.

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Reis destaca como o processo de compra se modificou nos últimos anos e que o fenômeno se acelerou com a pandemia de covid-19. Com as medidas de isolamento social para evitar o contágio pelo novo coronavírus, as lojas do comércio de rua e dos shopping centers tiveram que ser fechadas, o que levou muita gente a recorrer ao varejo digital.

“O consumidor antigamente ia à loja pesquisar, tomava a decisão e comprava o produto. Esse novo processo de compra começa na internet onde ele obtém informações sobre produtos e serviços, compara preços, vai às redes sociais ouvir opiniões e reclamações. Depois, ele pode ir a uma loja física para experimentar produtos e serviços e negociar preços e condições com os vendedores com o que ele viu online. O consumidor pode comprar na loja física ou comprar online depois”, disse Reis.

“Esse comportamento, essa jornada do consumidor, era grande entre os mais jovens antes da pandemia. Agora, depois da pandemia, as pessoas de mais idade também adotaram esse comportamento”, avalia o professor.

Atualização

Os especialistas ouvidos pela Agência Brasil indicaram que uma atualização do código é bem-vinda. Para o professor Ulysses Reis, a atualização da norma deve levar em conta a expansão dos canais de venda por meio de sites, aplicativos, redes sociais. “O código não prevê essas situações de comprar nesses diversos canais de venda. Ele não prevê quando o consumidor está migrando de um canal de vendas para ou outro e que a empresa tem que resolver problemas de contratos e atendimentos nos diferentes canais de venda”.

O diretor jurídico do Procon-RJ, Henrique Neves, disse que o Decreto 7.962/2013 regulamentou algumas situações relativas ao comércio eletrônico. Segundo Neves, diversos artigos do código são aplicados por equiparação ao varejo digital. Ele também destaca que o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais atualizam de forma indireta o código. “A gente vai combinando essas novas legislações para poder utilizar no direito do consumidor”.

Quanto ao comércio eletrônico, Neves afirmou ser importante melhorar as regras contras as fraudes. “Consumidores e fornecedores são, muitas vezes, vítimas de sites falsos. É uma das reclamações que a gente tem aqui e tem dificuldade em resolver”.

Impulso

O comércio online ganhou impulso durante a pandemia do novo coronavírus. O e-commerce brasileiro faturou 56,8% a mais nos oito primeiros meses de 2020 em comparação com igual período do ano passado, segundo pesquisa realizada pelo Movimento Compre&Confie em parceria com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).

De acordo com o levantamento, o aumento do faturamento foi possível porque houve crescimento de 65,7% no número de pedidos, de 63,4 bilhões para 105,06 bilhões. Segundo a ABComm, desde o início da pandemia mais de 135 mil lojas aderiram às vendas pelo comércio eletrônico para continuar vendendo e mantendo-se no mercado.

Estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo mostrou que os brasileiros aumentaram suas compras online, passaram a usar meios digitais de pagamentos e devem continuar com esses hábitos de consumo no pós-pandemia. Segundo os dados, 61% dos clientes que compraram online durante a quarentena aumentaram o volume de compras devido ao isolamento social e 70% disseram que pretendem continuar comprando mais pela internet do que faziam antes da covid-19.

Para o diretor jurídico da ABComm, Guilherme Martins, houve uma evolução tecnológica muito grande nos últimos 30 anos que permitiu esse modelo atual de varejo digital em termos de segurança do processo, expansão dos meios de pagamento, acessibilidade e aspecto logístico.

“Com a pandemia, houve um cenário disruptivo sem volta. Até aqueles que não eram habituados a comprar em ambiente eletrônico se viram em alguma situação obrigados a fazê-lo. Eficiência, preço e segurança acabaram sendo determinantes para mudar essa mentalidade, atrelada à questão tecnológica e ao apoio jurídico que vem por trás disso, que é a regulamentação dos direitos do consumidor”, afirmou Martins.

Cuidados

Com essa migração para o ambiente virtual, os consumidores devem tomar cuidados para não terem dor de cabeça. O diretor jurídico do Procon-RJ, Henrique Neves, orienta sobre o que o consumidor precisa observar na hora de comprar pela internet.

“O consumidor tem que verificar se o site é seguro. Ele pode procurar na página o CNPJ da empresa ou o CPF no caso de pessoa física e fazer uma pesquisa no site da Receita Federal para verificar se o cadastro está ativo. Em alguns sites, como nas plataformas consumidor.gov.brreclameaqui, e nos Procons estaduais, pode fazer um busca para saber se tem reclamações sobre não entrega de produtos, por exemplo”, disse Neves.

Outra orientação é verificar se no site consta o endereço físico da empresa, o número de telefone, se tem serviço de atendimento ao consumidor (SAC). “O consumidor tem que ficar atento a preços muito abaixo do normal, ele deve ligar o alerta. Se receber proposta de serviço ou produto pelo telefone ou pelo WhatsApp, deve entrar no site da empresa, ver se ela é confiável. O consumidor tem que procurar conhecer aquele fornecedor no meio eletrônico de forma a saber se é seguro ou não fazer contrato”, afirmou o diretor.

Neves também explicou que as plataformas que vendem produtos de outras empresas devem responder de forma solidária caso haja algum problema na entrega do produto.

A B2W Digital, detentora das marcas Americanas, Submarino, Shoptime e Sou Barato, informou que atua em casos de atraso na entrega, seja garantindo a entrega do produto ou realizando o cancelamento da compra e o reembolso do valor pago. “As lojas parceiras que vendem nos sites da B2W são responsáveis pela entrega, descrição, informações técnicas e garantia do fornecedor dos produtos que vendem, mas a companhia faz a intermediação para garantir que todos os produtos comprados sejam entregues e eventuais questões sejam resolvidas”, diz a empresa.

Tradicionalmente consumidos como um lanche, eles foram transformados pela pandemia do coronavírus em um prato de resistência: os ratos se tornaram um ingrediente essencial na alimentação da população mais pobre do Malauí, ameaçada pela fome.

Ao longo dos 320 quilômetros de estrada que separam Blantyre e Lilongwe, as duas maiores cidades do país, dezenas de vendedores oferecem aos viajantes espetos de carne do roedor.

No meio do caminho, no distrito de Ntcheu (centro), Bernard Simeon virou um dos "chefs" informais. "Caçamos os ratos para viver. Nós usamos como complemento da dieta diária e vendemos aos viajantes para complementar a renda", explica o agricultor.

"Já era difícil antes do coronavírus, agora se tornou muito mais difícil", desabafa. Localizado na África austral, Malauí é considerado um dos países mais pobres do planeta. Mais da metade dos quase 18 milhões de habitantes sobrevivem abaixo da linha de pobreza.

Como no restante do continente, as medidas de saúde adotadas para frear a propagação de covid-19 - mais de 5.400 casos e quase 170 mortos no balanço oficial mais recente - afetaram a economia, amplamente informal e rural, e a população.

O Banco Mundial projeta uma queda de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Uma federação industrial local (ECAM) registrou a perda de 1.500 empregos por dia, em média, e calculou que o número acumulado pode alcançar 680.000 até o fim do ano.

O governo do ex-presidente Peter Mutharika, que perdeu a eleição de maio, havia prometido um programa de ajuda urgente aos mais pobres que nunca foi adotado. O sucessor, Lazarus Chakwera, ainda trabalha no próprio plano de subsídios.

A crise de saúde e econômica aumentou a insegurança alimentar de vários malauianos, obrigados a adotarem medidas alternativas para saciar a fome.

- Assado em espetos -

"Normalmente, contamos com meu marido e seu trabalho", afirma a esposa de Bernard Simeon, Yankho Chalera. "Mas quando os tempos são duros, temos os ratos porque não conseguimos comprar carne".

Assados no espeto e salgados, os ratos são tradicionalmente consumidos entre as refeições em localidades do centro do país.

"Quando era criança, nos ensinavam a caçar ratos a partir dos três anos", recorda o ex-deputado e músico de sucesso Lucius Banda. "No vilarejo, esta atividade não é considerada una obrigação, e sim um entretenimento, tanto para meninos como meninas", contou.

A variedade mais popular na região é cinza, de cauda curta, e conhecida entre os amantes da gastronomia pelo nome "kapuku".

"Continuo comendo (ratos), mais como recordação da infância do que outra coisa", explica Luciius Banda.

As autoridades de saúde recomendaram há alguns meses o consumo de rato, uma alternativa à carne que se tornou inacessível. "É uma fonte valiosa de proteínas", alega Sylvester Kathumba, nutricionista chefe do Ministério da Saúde.

E, como a epidemia afeta em especial "pessoas com baixa resistência imunológica, recomendamos uma dieta rica", explica o diretor de alimentação da secretaria de Saúde do distrito de Balaka, Francis Nthalika.

O interesse renovado nos pequenos roedores, que são alimentados com sementes, frutas ou ervas, provoca preocupação entre os defensores do meio ambiente, devido aos métodos utilizados na caça.

Para retirar os ratos de suas tocas, os caçadores costumam queimar a mata. "Ao fazer isso, os caçadores destroem o ecossistema", lamenta Duncan Maphwesesa, diretor da ONG Azitona Development Services, no distrito de Balaka.

"Entendemos que as pessoas pobres precisam viver", mas "não percebem que provocam um impacto no meio ambiente e que, assim, participam no aquecimento global", conclui.

A pandemia tem feito muita gente mudar hábitos, entre eles o consumo frequente de comida caseira e fresca. É o que mostram as primeiras análises do Estudo NutriNet Brasil, que envolveram 10 mil participantes e indicam aumento generalizado na frequência de consumo de frutas, hortaliças e feijão (de 40,2% para 44,6%) durante a pandemia.

Segundo o professor Carlos Monteiro, coordenador do NutriNet Brasil, essa mudança positiva no comportamento alimentar pode ser explicada por alguns fatores. “As novas configurações causadas pela pandemia na rotina das pessoas podem tê-las estimulado a cozinhar mais e a consumir mais refeições dentro de casa. Além disso, uma eventual preocupação em melhorar a alimentação e, consequentemente, as defesas imunológicas do organismo, podem ser consideradas". O Estudo NutriNet é executado pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP).

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A evolução positiva na alimentação, no entanto, foi acompanhada por um aumento no consumo de alimentos ultraprocessados nas regiões Norte e Nordeste e entre as pessoas de escolaridade mais baixa. Esses resultados sugerem desigualdades sociais na resposta do comportamento alimentar à pandemia.

O consumo de alimentos in natura ou minimamente processados fortalece os mecanismos de defesa do organismo, já a ingestão de comidas ultraprocessadas favorece o aparecimento de doenças crônicas que aumentam a letalidade da covid-19. Refrigerantes, bolachas, pratos congelados, salgadinhos, bolos prontos e mistura para bolos, cereais matinais, macarrão instantâneo, pães de forma, sorvetes e bebidas com sabor de frutas fazem parte do grupo de alimentos ultraprocessados.

“Uma das razões pelas quais o consumo de alimentos ultraprocessados piora as defesas do organismo é que eles são pobres em vitaminas e minerais, nutrientes essenciais para a resposta imunológica. Já foi demonstrado, em pesquisa realizada no Brasil, que indivíduos que consomem mais ultraprocessados têm um consumo menor desses nutrientes”, explica a pesquisadora do Estudo NutriNet Brasil, Kamila Gabe.

Outra razão, segundo Kamila, é que o consumo de alimentos ultraprocessados aumenta o risco de desenvolver condições como obesidade, diabetes e hipertensão. “Estudos realizados em diferentes países, como Estados Unidos, Itália e China, observaram que a presença dessas condições está associada à ocorrência de formas mais severas da covid-19, aumentando a necessidade de internação hospitalar e o risco de mortalidade”.

Para essa análise, o Estudo NutriNet Brasil aplicou o mesmo questionário alimentar em dois momentos: entre 26 de janeiro e 15 de fevereiro (antes da pandemia) e entre 10 e 19 de maio (durante a pandemia). Foi questionado o consumo de uma série de alimentos no dia anterior ao preenchimento do formulário. A amostra, composta pelos 10 mil primeiros participantes, é representada, em sua maioria, por jovens adultos, de 18 a 39 anos (51,1%), mulheres (78%), residentes da Região Sudeste do Brasil (61%) e com nível de escolaridade superior a 12 anos de estudo (85,1%).

Hábitos pós-pandemia

Na opinião da pesquisadora, não é possível afirmar que essa tendência de alimentação saudável será mantida após a quarentena. “Os dados do estudo NutriNet  Brasil não nos permitem concluir se há essa tendência no pós-pandemia, já que a análise comparou dados de consumo alimentar obtidos em janeiro, imediatamente antes do início da chegada do novo coronavírus ao Brasil, e em maio, no auge da adesão às medidas de distanciamento físico”.

Para Kamila, é possível que o retorno das pessoas às suas rotinas de trabalho e lazer, e até mesmo o relaxamento dos cuidados com a saúde, façam com que os indivíduos retornem aos seus hábitos praticados antes da pandemia. “Por outro lado, também é plausível pensar que esse período tenha proporcionado às pessoas oportunidade para a aquisição de hábitos saudáveis que venham a ser ganhos permanentes, como passar a comer mais frutas, verduras e legumes ou a cozinhar em casa com maior frequência. Com o Nutrinet acompanhando esses participantes, nós teremos a opção de investigar isso em novos estudos futuramente”. 

Estudo

O objetivo da análise foi conhecer o impacto da pandemia de covid-19 sobre o comportamento alimentar da população. O recorte faz parte do Estudo NutriNet Brasil, lançado em janeiro de 2020, para investigar a relação entre padrões de alimentação e o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis no Brasil. A pesquisa tem duração de dez anos e vai acompanhar 200 mil pessoas. Os interessados em participar voluntariamente do estudo podem se inscrever no site nutrinetbrasil.fsp.usp.br .

O Estudo NutriNet Brasil é um dos maiores sobre alimentação e saúde do país. Os resultados vão contribuir para a elaboração de políticas públicas que promovam a saúde e a qualidade de vida da população brasileira.

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