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Vice-líder do Patriota na Câmara Federal, o deputado Pastor Eurico (PE) defendeu a atuação do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e argumentou que a oposição tem criado situações para “macular” o governo. “Quem perde eleição e não tem honestidade vai sempre agir como está agindo a esquerda hoje”, disparou.

Em conversa com o LeiaJá, para a nova etapa da série Entrevista da Semana, o parlamentar avaliou que o presidente está cuidando de “arrumar a casa” nesses primeiros meses e precisa de tempo para começar a mostrar resultados do seu trabalho pelo país.

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No terceiro mandato federal, durante a entrevista Eurico também disse que a “educação é a maior desgraça do Brasil nas falcatruas, roubos e desvios de dinheiro”. Além disso, o parlamentar, que também é pastor da igreja Assembleia de Deus, descartou a possibilidade de o governo criar tributos que taxem, inclusive, a contribuição dos fiéis ao dízimo.

Veja a entrevista na íntegra:

LeiaJá (LJ) - Como avalia a gestão do presidente Jair Bolsonaro?

Pastor Eurico (PE) - Vejo as coisas em uma ótica diferente das pessoas. Para quem assume um governo com a situação complicada como assumiu, ele precisa primeiro cuidar internamente, e quando você faz isso não vai ser visto pelas pessoas, para depois fazer o externo. Primeiro tem que arrumar a casa para depois começar a trabalhar em prol do que todo mundo espera.

Mas como o povo é imediatista, é normal em todo setor Executivo, vamos ter sempre esses embates que estão acontecendo. E a oposição se aproveita do momento para tentar macular, criar situações para desacreditar o governo. Quem perde eleição e não tem honestidade vai sempre agir como está agindo a esquerda hoje.

LJ- O presidente precisa de quanto tempo ainda para mostrar esse trabalho externo?

PE - Ele está fazendo o correto, organizando a casa internamente para depois trabalhar. Vai trabalhar sem ter nas mãos os subsídios? Há muita coisa propagada de investimentos que na verdade eram situações, numa linguagem popular, criadas para agradar as pessoas. Tem setores com bilhões aprovados em projetos, mas não chega nem a metade do que tem, como se vai trabalhar? É a política do engano. Por exemplo, a Funasa [Fundação Nacional de Saúde], tem lá R$ 7 milhões para pagar com um orçamento de R$ 3 milhões e uma folha de R$ 2 milhões. Quando você vai ver os setores estão fora da realidade. Para as pessoas tem que chegar e resolver, investir; mas como se você não tem o subsídio nas mãos? Temos uma situação caótica e vai se agravar. Enquanto o governo não começar a mostrar resultados, a ação da oposição vai ser de atrapalhar. Eles vão crescer nisso aí e quando as coisas começarem a andar vão ter que buscar outro motivo para falar do governo.

LJ - A Educação está inserida nessa situação caótica?

PE - Com certeza. A educação é a maior desgraça do Brasil nas falcatruas, roubos e desvios de dinheiro. Temos uma educação praticamente falida. Não tiro o direito de ter que se investir na parte das universidades, porém o que aconteceu no governo passado, se formos analisar a política assistencialista, o que tem haver o Bolsa Família com a educação? Nada, mas no governo passado tinha. O que aconteceu? Para o pai receber o benefício as crianças tinham que ir para escola, tudo bem, mas depois tinham que, na linguagem popular,  passar de ano. Então, as crianças tinham que passar de um ano para o outro, com aprovação, muitas vezes sem estudar. Não se comprova, contudo, conhecimento.

LJ - E a atual conjuntura da educação?

PE Aí temos uma geração com dois lados, os que estudavam nas escolas particulares, onde exige resultados, são os que tiram as melhores notas do Enem e vão para as universidades públicas e quem enche as faculdades particulares são os filhos dos pobres e, muito deles, sem conhecimentos. Hoje os pobres enriquecem as faculdades particulares e os ricos usufruem da educação universitária do governo. Lá em baixo precisa mudar essa realidade. 

LJ - Então, porque cortar recursos para um setor que, como o senhor disse, precisa de investimentos?

PE - O governo não cortou recursos. A linguagem cortar é diferente de contingenciar. O contingenciamento é vou separar aqui uma parte, não posso ter isso agora, mas posso ter amanhã. O governo resolveu dar uma injeção lá na educação básica, onde estamos vivendo um sistema caótico. A oposição vai trabalhar mais onde se dá mais críticas ao governo. Cria-se esse clima porque eles precisam de algo para atacar. Temos setores piores do que a educação, mas não vai dar ibope para a oposição bater. É um jogo que vivemos neste país. A oposição trabalha o quanto pior melhor para que eles possam voltar ao poder.

LJ - E qual a opinião do senhor sobre a reforma da Previdência? Ela vai ajudar na recuperação economia do país, como prega o governo?

PE - Sem sombra de dúvidas. Todo o mundo exterior espera o Brasil fazer alguma coisa, se não teremos uma quebradeira. Procurem falar com os prefeitos, mais de 90% dos municípios que tem Previdência própria estão quebrados. Estão tirando dinheiro de outros setores para pagar aposentados. As Previdências não se sustentam. Temos muita gente recebendo de forma correta, mas um bom percentual de aposentadoria foram esquemas e falcatruas. Por outro lado, o que se arrecada não vai dar conta de pagar os aposentados de hoje. Se alguma coisa não for feita o caos vai ser maior, o aposentado vai chegar lá e não vai ter dinheiro na conta dele.

LJ - Mas a oposição tem se articulado para barrar o texto.

PE - Eles dizem que tem solução [que não seja a reforma], mas porque eles tiveram 14 anos e não resolveram? A própria Dilma [Rousseff] ia fazer essa reforma e agora não precisa mais? É complicado o jogo que é feito pela esquerda. Existe uma grande hipocrisia por parte dos deputados que falam ‘temos que defender o pobre, o pobre, o pobre’. A linguagem pobre se chama massa de manobra. Muitos deputados não querem que haja a reforma porque vai prejudicar eles próprios. Se não estou consciente da necessidade do Brasil eu vou me prejudicar. Quem ganha mais vai querer receber mais e a Nova Previdência acabou isso. A reforma não é a solução para o Brasil, mas é um grande passos para iniciarmos uma reorganização do governo.

LJ - Outras medidas econômicas devem ser adotadas pelo governo e já se chegou a cogitar a taxação de impostos para as igrejas. Como religioso, de que forma o senhor avalia isso?

PE - Existem muitas pessoas interessadas em taxar impostos às igrejas, mas o presidente já desmentiu e foi um caso contornado. Sempre existiu esse interesse de alguns, mas esquecem eles que as igrejas, através de quem faz parte delas, já contribuem com seus impostos. A parte devocional dos fiéis é a contribuição que se dá para os trabalhos das igrejas, que não são poucos. A igreja é um braço a serviço da sociedade. E a igreja não recebe benesses de governos. De acordo com o que está firmado com o presidente, este assunto está descartado.

LJ - O senhor fez recentemente críticas a lideranças do PSB de Pernambuco, como avalia o governo de Paulo Câmara?

PE - Quanto a pessoa do governador não tenho nada a dizer, porém após a eleição, até hoje não recebi um telefonema. Estivemos com quase 100 candidatos na base e não recebemos a consideração de nada. O que eu fico admirando hoje são os deputados falando de Pernambuco, que o governo de Eduardo Campos foi feito isso na educação, aquilo na economia. Só citam o que foi feito no governo Eduardo Campos, mas o que é que o governador atual está fazendo?

LJ - Ficou alguma rusga, então, após a eleição que se refletiu no relacionamento do senhor com a bancada federal do PSB?

PE - Não somos inimigos pessoais. O deputado Tadeu Alencar, disse que a reforma era uma selvageria, mas eu sou um ser humano, não sou animal. Por isso reagi. Eu apoio a reforma. Tem partes que eu, particularmente, já estava na luta para tentar mudar, como BPC, a questão dos professores. Concordo que haja uma adequação, mas a reforma tem que ser feita. Por isso precisamos dialogar, mas dizer que quem apoia é um selvagem não, tem que ter respeito. Por isso que contestei. Eu respeito muito Tadeu Alencar e já disse a alguns setores que ele é um traído pelo sistema.

LJ - Por quê?

PE - O Tadeu Alencar foi secretário, desenvolveu um grande trabalho, um a pessoa capacitada e era para ser o governador do Estado e na época não deixaram ele ser candidato porque ele tinha o típico voo próprio. Se ele fosse candidato, para o sistema de um grupo familiar, seria um problema. Essa é a verdade. Achei ele uma pessoa traída.

Fotos: Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

Expulso pelo PDT após votar a favor da reforma trabalhista, o deputado Carlos Eduardo Cadoca afirmou ao LeiaJá, nesta quinta-feira (27), que quando entrou na legenda deixou claro o apoio dele ao governo do presidente Michel Temer (PMDB). “Eles sabiam quando eu entrei que apoiava o governo, o PDT havia declarado independência, mas nos últimos meses eles radicalizaram. A orientação foi de confronto ao governo, sai do PCdoB por discordar justamente disso”, disparou, ao participar da série Entrevista da Semana

Enquanto o pernambucano conversava com a nossa reportagem, o presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, publicava uma nota anunciando a expulsão dele. Ainda sem saber a postura, Cadoca afirmou que “passada esta fase [de reformas] a gente encontra um caminho ou ver se o próprio partido muda de opinião, não estou excluindo a possibilidade de mudar de partido”.

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Logo depois, o LeiaJá voltou a falar com o deputado que disse sobre a medida: “passei a noite toda com o pessoal do partido e ninguém me disse nada, não posso falar sobre isso”. 

Voto a favor das reformas

Cadoca foi um dos 16 deputados federais da bancada pernambucana favoráveis ao texto aprovado na Câmara dos Deputados na noite dessa quarta (26). Ele disse acreditar que o país precisa de três mudanças urgentes na legislação, uma delas nas regras trabalhistas. 

“Sou favorável às reformas, elas são extremamente necessárias, o país está vivendo um momento de extrema dificuldade, mas também a vida política. O país está tensionado pelas crises e é preciso fazer mudanças, tivemos uma presidente que foi impeachmada, um governo que assume e não tem uma base forte. Michel Temer construiu a vida política dele no legislativo e isso facilita de alguma forma, tem facilitado para que ele possa conduzir o país e chegarmos minimamente inteiros em 2018”, destacou.

O deputado também fez críticas às centrais sindicais. “Sou consciente de que é preciso fazer mudanças, muita gente não quer porque você termina cortando privilégios, abrindo caixa preta de muitas áreas, como a área sindical no Brasil. Ela precisa de uma reestruturação. São mais 11 mil sindicatos de trabalhadores e 6 mil patronais. São exageros. A nossa legislação trabalhista remonta meados do século passado 1943 e precisa ser modernizada”, salientou. 

Para Cadoca, o presidente Michel Temer fez “a opção correta” ao liderar as reformas. “São elas que vão melhorar o país. Os textos estão sendo bastantes discutidos e este é o processo correto. Esse processo foi feito com profundidade, as duas, não só a trabalhista, mas a previdenciária são urgentes, mas precisa valer também  aquela reforma política, não dá para usar este modelo falido e corrompido que nós temos para as eleições de 2018. Não adianta fazer remendo”, argumentou.

Avaliação do governo Dilma x Temer

Ao LeiaJá, o deputado ainda fez uma avaliação comparativa das gestão da ex-presidente Dilma Rousseff com a de Michel Temer. Segundo ele, o peemedebista foi corajoso com as reformas, mas ainda não tem base social.  

“Dilma, votei nela, mas ela foi um desastre. O primeiro governo dela, recebeu o país num momento de certa euforia. Não se tinha conhecimento da extensão da profundidade dos desmandos, que não foram feitos apenas pelos que estão no governo, mas envolve todo o sistema. Não adianta querer colocar panos mornos. Ela contribuiu para o agravamento das crises. Depois o Michel chega, já estava no governo, era o vice. Reconheço que ele não tem base social mínima. Dilma teve um certo momento, mas perdeu. Ela não existia como ente político, mas foi uma invenção que deu errado”, conjecturou. 

*Com Taciana Carvalho

A vereadora do Recife Michele Collins (PP), reeleita com a maior votação em 2016, em conversa com o LeiaJá, nesta quinta-feira (20), para a série Entrevista da Semana, alertou sobre um número preocupante divulgado por uma pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O levantamento destaca que uma em cada três mulheres foi vítima de algum tipo de violência. 

Collins, que é missionária da Assembleia de Deus, disse que a falta de respeito está muito grande e que uma das formas de combater a violência é a mobilização de todos os setores da sociedade, inclusive as igrejas. “Antigamente esse assunto não era muito falado nas igrejas porque era um tabu. Incentivo também porque é o meio que eu vivo, dentro das igrejas. É uma realidade minha. Eu vejo, cada vez mais, que a igreja está se movendo sobre esse assunto. Tenho conversado com vários pastores e estão sendo promovidos debates em rádios, programas de televisão e temos feito trabalhos de roda de debates sobre o tema. É preciso a sociedade se colocar sobre o assunto independente de serem da igreja ou não”, contou.  

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“Eu estou vendo as igrejas evangélicas participando desse debate e eu estou incentivando também como um instrumento de transformação. Os líderes podem ensinar e alertar”, acrescentou.

Collins declarou que é preciso buscar uma “cultura de paz” também dentro do local de trabalho e escolas. “É todo mundo junto indistinto da religião e da bandeira política. Todo mundo junto porque é inadmissível o que está acontecendo a cada três mulheres uma ser vítima é passar de todos os limites”, lamentou. 

A vereadora é autora da lei 18.241/16 que institui, no Recife, o Programa de Apoio às Mulheres Vítimas de Violência para oferecer condições de proteção à integridade física e apoio psicológico. Ela enfatizou que sugeriu a lei para contribuir, de alguma forma, com o poder público de forma a conter o avanço da violência. 

O programa, inserido na Secretaria da Mulher do Recife, também visa que empresas participem de forma a promover campanhas dentro dos seus locais de trabalho. Michele Collins ainda contou que a Comissão de Direitos Humanos da Câmara está atenta para a situação das crianças inseridas neste contexto de ambientes hostis de forma que elas também sejam acolhidas e não se prejudiquem, principalmente, na educação escolar. 

Na pauta de votação do Plenário do Senado, o fim do foro privilegiado tem dividido a opinião dos parlamentares e gerado discussões acaloradas sobre a harmonia dos três Poderes. Em conversa com o LeiaJá, para a série Entrevista da Semana, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) expôs duras críticas contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 10/2013, que versa sobre o assunto, e declarou ser contrário ao texto porque “é uma loucura” e “mostra que o país está num caminho de idiotização impressionante”. 

Para o petista, a alteração constitucional não preza pelo “equilíbrio dos Poderes”. “Hoje qualquer julgamento [de autoridades com o foro] é pelo Supremo Tribunal Federal [STF], ninguém vai dizer que o Supremo Tribunal Federal passa a mão na cabeça. Até passa muito na dos tucanos, mas não na nossa do PT. Imagina o grau de instabilidade política se um juiz de 1ª instância puder prender um ministro na fase de inquérito ainda, quando só existem suspeitas? É a ditadura do Judiciário no nome disso. Rui Barbosa dizia que a pior ditadura é a do Judiciário”, argumentou Lindbergh ao afirmar que nunca assinaria o pedido de urgência para a tramitação da matéria.  

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Indagado se a postura estaria relacionada ao seu nome constar na nova lista encaminhada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF para a abertura de inquéritos contra autoridades envolvidas no esquema de corrupção da Lava Jato, o senador negou e disse que o caso dele já foi arquivado uma vez e será novamente “até porque o STF é sempre muito duro com o PT”.  

“A questão não é essa. É pensar no sistema funcional. Essa tese de equilíbrio dos Poderes não fomos nós que criamos é uma das bases do sistema democrático que vem lá de trás. A gente dar peso a apenas um Poder em relação aos outros é uma loucura. Estamos acabando o país, este país está completamente parado e vamos ter um grau de instabilidade política gigantesca. Qualquer juiz de qualquer lugar querer prender o ministro da Casa Civil é um escândalo. Isso mostra que o país está num caminho de idiotização impressionante”, disparou.

Para reforçar a discordância do assunto, Lindbergh lembrou a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em março de 2016, por ocasião da 24ª etapa da Lava Lato. Segundo o senador, a ação “foi feita arredio da Lei”. O petista também apontou que têm movimentos, como o Vem Pra Rua que levará o assunto para manifestações marcadas em todo o país no próximo domingo (26), defendendo o fim do foro privilegiado “como se fosse a solução” para a corrupção, mas de acordo com ele “é preciso fazer este debate com menos superficialidade”.

Temer tem uma “verdadeira quadrilha em volta”

Lindbergh também conversou com o LeiaJá sobre as críticas que ultimamente têm pesado contra o governo do presidente Michel Temer (PMDB) advindas, inclusive, da base aliada. Segundo ele, a conjuntura está dando um novo fôlego aos partidos da oposição e é um reflexo de que a gestão peemedebista “não se sustentará” até 2018. 

“O governo tem uma verdadeira quadrilha em volta. É um governo sitiado, chantageado por Eduardo Cunha, um verdadeiro desastre. Isso mostra que não temos uma elite, temos uma classe dominante que embarcou numa canoa furada como esta. Afastaram a presidente da República e colocaram o país nesta situação”, destacou. “Muita gente que acreditou em toda aquela tese de é só tirar a Dilma que Temer entraria, a economia voltaria a funcionar e os empresários reconquistariam a confiança está vendo o tamanho da crise que estamos entrando”, emendou.

Para o senador, um reflexo da dificuldade de Temer é visto no Congresso Nacional. Apesar da tentativa de apressar a aprovação de propostas que beneficiem o governo, as principais pautas que são as reformas estão enfrentando resistência até dos aliados. 

“Você vê aí a reforma da Previdência, no dia 15 houve manifestações grandes em todo o país e acho que ele não vai conseguir aprovar a reforma da Previdência. Se ele não conseguir aprovar, o governo cai. Cai por vários motivos, um deles é o aprofundamento da crise econômica. Só estão sustentado ele por causa das reformas e se ele não conseguir entregar as reformas ficará muito fragilizado, como já está pelas ameaças do Eduardo Cunha”, salientou. 

Lindbergh Farias esteve no Recife esta semana para lançar sua pré-candidatura à presidência nacional do PT e defender também que o partido esteja unificado para “enfrentar o governo Temer” e dar sustentação a postulação de Lula em 2018.

A polêmica envolvendo a “paternidade” da obra da Transposição do Rio São Francisco tem tido repercussão intensificada ao longo das últimas semanas, após o ex-presidente Lula publicar uma série de vídeos mostrando a chegada da água nas barragens dos municípios utilizando a hashtag #OSertãoVaiVirarMar. Nesta sexta (10), inclusive, o presidente Michel Temer (PMDB) chegou a dizer que tem somado esforços, nos poucos meses de governo, para que a obra pudesse chegar ao ponto em que se encontra. Ele também afirmou que não quer “a paternidade da obra” e que “ninguém poderia tê-la”. 

Em conversa com o LeiaJá, durante a Entrevista da Semana nesta sexta-feira (10), a deputada estadual Teresa Leitão (PT) comentou sobre a declaração do peemedebista. “Ele não quer a paternidade, mas fica tirando foto na beira do Rio. Ele não pode querer a paternidade, pois não foi ele quem fez, ele foi contra. Ele botou agora Teto de Gastos para a continuidade da obra, mas essa obra é irreversível e o povo precisa lutar por ela. O povo sabe que a obra é de Lula. Lá em Sertânia foi isso que todo mundo viu quando Humberto Costa [senador] foi lá”, cravou. 

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A petista também não poupou críticas ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e ao senador Cássio Cunha Lima (PSDB). “Quando você vê Alckmin e o Cássio tirando fotos, às margens da Transposição, você vê que é muita cara de pau. Esse povo não tem o mínimo de vergonha porque eles foram contra a Transposição. Disseram que era jogar dinheiro fora, que não tinha necessidade disso. Alckmin gastou com a limpeza do Tietê, que não ficou todo limpo, o mesmo valor que se gastou em uma parcela da Transposição”, frisou.

Leitão também comentou a possível vinda de Lula, ainda este mês, ao estado. Ela, que está em Brasília participando de um evento para discutir a proposta da reforma da Previdência, contou que já foi definida a necessidade de organizar caravanas com pessoas de locais estratégicos da obra para reforçar o apoio ao ex-presidente.

“É necessário que Lula venha porque é isso que o povo, que está recebendo a água, quer. O pessoal quer reconhecer que essa obra pode vir a trazer de transformação na vida das pessoas. E quem foi o responsável por essa obra além do Governo de Lula e, depois, Dilma dando continuidade? Eu sou favorável que ele venha, acho positivo, o povo quer e merece”, defendeu a deputada. 

A parlamentar ainda falou que o povo está precisando acreditar que o Brasil tem jeito. “Os golpistas não vão conseguir acabar o país”, finalizou. 

Na semana passada, o senador Humberto Costa (PT) também subiu o tom ao falar sobre o assunto. Ele chegou a ressaltar que o povo não é besta. “E eles [Governo Temer] estão inaugurando. O governador de São Paulo, o homem que conseguiu a proeza de deixar São Paulo sem água, veio aqui para o Nordeste para inaugurar parte da transposição. O povo não é besta. É preciso ter muita cara de pau”, disparou. 

 

 

 

O ex-deputado federal Paulo Rubem Santiago filia-se na próxima segunda-feira (13) ao PSOL. O ingresso do político na legenda acontece após um namoro de quase um ano, desde que ele deixou o PDT em março de 2016. 

Em entrevista ao LeiaJá, nesta sexta-feira (10), Paulo Rubem ponderou críticas à sua antiga legenda e a gestão do governador Paulo Câmara (PSB), destacou anseios eleitorais e disse que a “identidade” do PSOL foi o que mais pesou para a escolha da nova agremiação partidária.

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Indagado se havia ficado alguma aresta após a saída do PDT, Paulo Rubem salientou que o desembarque da legenda era uma “página virada”, mas ressaltou que o PDT aqui em Pernambuco “nunca aceitou” seu “esforço de construção partidária”.

“O PDT não é um partido em Pernambuco. Tem pessoas que comandam a máquina partidária, como Guilherme Uchoa na Alepe e Wolney Queiroz na Câmara Federal, mas não há ideologias ou diálogo na legenda. O partido gira em torno da disputa eleitoral, não é um partido político com diretório, ideologia e ideais. Em 10 anos filiados foi sempre a mesma coisa, por exemplo, a eleição do Recife era decidida de cima para baixo, sem ouvir os filiados”, criticou. 

Na avaliação do ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), o problema não é apenas do PDT local, mas é uma crise que atinge todos os partidos de “negócios”. “Existem apenas para receber doações empresariais e firmar articulações políticas eleitorais. A maioria dos partidos está hoje na lista dos investigados da Lava Jato”, alfinetou. 

A característica da crise partidária, segundo Paulo Rubem, é um dos motivos que pesaram para a escolha do PSOL. “Acompanhei o processo de criação do PSOL quando estava me afastando do PT. Não saí do PT para o PSOL, mas sempre mantive uma relação de debate político e sempre houve uma identidade. É um partido que está no processo de crescimento consolidado e uma postura correta”, destacou. 

“Já estamos com a expectativa interessante de criar vários coletivos nas áreas que militei. Temos um desafio muito grande e somos um campo enorme para crescer. Pela coerência, clareza, abertura ao diálogo. É um partido militante, que tem diálogo e quer ouvir todos os setores da sociedade”, acrescentou. 

Sobre as pretensões eleitorais, Paulo Rubem ressaltou que era “difícil dizer que não tinha pretensões eleitorais para 2018”. “Fui parlamentar por 3 mandatos federais e 3 estaduais. Esta discussão não estamos fazendo agora. Primeiro vamos passar pelo processo de filiação e aí sim vamos debater um plano de ação para 2018, agora vamos enfrentar as reformas no Congresso. Lá para setembro ou outubro devemos debater as eleições”, frisou. 

Análise da conjuntura nacional e do governo Paulo Câmara

Com o debate em alta sobre as reformas da Previdência e trabalhista, Paulo Rubem disse que “há um processo muito agudo de manipulação e pressão para impor mais sacrifícios com a reforma da previdência”. 

“É uma guerra civil declarada, pior do que a guerra da síria. As reformas que Temer propõe são ultraconservadoras e não vão ajustar as contas do país. Temos que dar resistência e enfrentamento a essas reformas. O país está numa situação que precisa ir para a UTI e começar a ser consertado”, ponderou. 

Já sobre a gestão do governador de Pernambuco Paulo Câmara (PSB), contra quem concorreu em 2014 ocupando a vaga de vice na chapa liderada pelo senador Armando Monteiro (PTB), Paulo Rubem Santiago destacou a “incompetência técnica e da administração do governo”.  

“Muito problemático. Todo mundo viu que a eleição em Pernambuco [em 2014] foi totalmente manipulada por uma tragédia que lamentavelmente tirou a vida de Eduardo Campos. Hoje Pernambuco vive a fatura do que foi aquela eleição. Ele [Paulo Câmara] foi eleito pela máquina do governo e a manipulação emocional, mas pegou um estado em pleno desenvolvimento e não soube administrar. A parcela desta fatura precisa ser cobrada neste ano que antecipa 2018, porque a máquina dele vai moer, tem cargos e empregos públicos para ser oferecidos”, advertiu. 

Perfil

Paulo Rubem Santiago é formado e leciona no curso de Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco. Em 1976, começou a militar no movimento estudantil. Na área sindical foi um dos fundadores da CUT e sempre teve um trabalho voltado para a área de educação. 

Em 1979, Paulo Rubem foi eleito presidente da Associação dos Professores do Ensino Oficial de Pernambuco (Apenope), atual Sintepe. Foi diretor da Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe). É um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). Passou 28 anos no PT, saindo em 2007, quando se filiou ao PDT. Ele já foi vereador, deputado estadual e federal.

O prefeito do município de Paulista, Júnior Matuto (PSB), na segunda parte da Entrevista da Semana, concedida ao LeiaJa.com, nesta quarta-feira (22), defendeu o governador Paulo Câmara (PSB) no que diz respeito à segurança pública no estado, alvo de diversas polêmicas nos últimos dias.

Matuto disse que, apesar de ser competência do estado, atualmente, a segurança é uma responsabilidade de todos. “Não dá para fingir que não é com você porque as coisas acontecem é no município. Não é no estado nem na união, mas, temos parceria permanente com o Governo do Estado”, declarou.

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Em sua opinião, um dos motivos para a violência crescente é o aumento do desemprego ressaltando que o momento é delicado. “O desemprego que vem se alastrando e que não é uma particularidade nem de Paulista nem de Pernambuco, mas sim do Brasil como um todo”.

O prefeito falou sobre outros assuntos como o Carnaval de Paulista. Ele disse que o evento é “estratégico” tanto para o município, como também para Recife e Olinda por descentralizar as festividades. “Fazemos os polos itinerantes através de carros elétricos e trios nos bairros para que o povo brinque na sua própria cidade. Também será um Carnaval enxuto”.

O socialista também agradeceu ao povo de Paulista pelos votos recebidos. “Mesmo diante da dificuldade financeira e de uma crise política onde o sistema conseguiu jogar todos os políticos numa vara comum, nós conseguimos ter uma belíssima vitória na cidade por botar uma campanha propositiva e prestando contas. Foi muito importante”.

Durante a entrevista, Matuto confessou que há muito o que fazer. “Paulista não está mil maravilhas, mas na medida do possível foi feito e sabemos que há muito o que fazer. O que vamos fazer agora é trabalhar para corresponder a expectativa da população”, salientou.

O prefeito também falou sobre a atuação municipal nas áreas da saúde, educação, além de explicar como está o andamento da obra de duplicação da ponte do Janga. 

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As barracas da praia do município de Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR), estão com os dias contados. O prefeito da cidade, Júnior Matuto (PSB), em entrevista concedida ao LeiaJa.com, nesta quarta-feira (22), contou que ontem participou de uma audiência com representantes do Ministério Público Federal (MPF) onde foi falado sobre o assunto. “A determinação do MPF é tirar todas as barracas da praia. Caso não cumprirmos essa decisão, nós vamos responder por improbidade administrativa”.

No entanto, o socialista garantiu que nenhuma decisão será feita sem diálogo. “Não tomaremos nenhuma decisão sem combinar com os barraqueiros. Não haverá qualquer tipo de atitude da prefeitura sem combinar, sem conversar, sem estabelecer um diálogo permanente com aquelas pessoas que sejam afetadas ou beneficiadas”. 

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“Diante dessa situação, inclusive, nesse momento de desemprego, todo mundo merece e precisa defender o pão, só que quando iniciamos identificamos diversos pontos de drogas, de prostituição e de comercialização de comidas insalubres, o que não era bom nem para a cidade nem para os banhistas”, acrescentou. 

O prefeito disse que, além da conversa, haverá uma capacitação. “Nós vamos chamar todos esses comerciantes para fazer uma capacitação para ver se implantamos um modelo como é na praia de Boa Viagem e de Porto de Galinhas e outras. Vamos tomar uma atitude pensada”, frisou.

Júnior Matuto ainda destacou que a praia do município quase não tem faixa de areia por conta do avanço do mar. “E, aí, também temos que contar com a compreensão”, concluiu.

 

Os rumores de que o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) possa vir a disputar o Governo de Pernambuco, em 2018, tem tido uma repercussão crescente. O prefeito do município de Paulista, Júnior Matuto (PSB), na primeira parte da Entrevista da Semana, nesta quarta-feira (22), na sede do LeiaJa.com, não quis entrar em detalhes sobra a disputa eleitoral do próximo ano, no entanto, deixou um recado. “Nós temos que reconhecer que Fernando Bezerra é uma liderança do estado e isso não quer dizer que ele é o líder do PSB, mas temos que reconhecer. Ele era respeitado por Eduardo [ex-governador] e é respeitado por todos”. 

Matuto disse que, quando alguém do partido começa a se movimentar, faz parte do “jogo” político. “Quando alguém começa a crescer alguns, ou por falta de capacidade ou por inveja, começam a enxergar essas pessoas não como aliadas e, sim, como uma ameaça”. 

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O prefeito também afirmou que, com a morte de Eduardo Campos, em 2014, a sigla ficou “órfã” de uma grande liderança. “Nós temos que concordar, pois, ninguém esperava a perda do nosso eterno líder, o nosso saudoso Eduardo. Ficamos carentes de uma liderança e muita gente acha que tem legitimidade de querer liderar o processo, mas essas coisas acontecem com naturalidade. O líder não se compra”. 

Contudo, Júnior Matuto ressaltou que o partido não deixou de crescer com o falecimento dele. “Muitos apostavam que o PSB sairia menor nessa eleição de 2016. Eu digo isso porque quando, na perda de Eduardo, a oposição de Paulista começou a se movimentar e disse que queria ver me ver agora sem o governador Eduardo Campos, que diziam que era meu padrinho político e saímos muito bem na eleição. Crescemos politicamente de 3 para 5 vereadores do PSB e fizemos todos os vereadores da nossa base”. 

Apesar dos recorrentes elogios ao senador Bezerra e declarações sobre Campos, o socialista esclareceu que, em sua opinião, a principal liderança do PSB em Pernambuco é o governador Paulo Câmara. 

“Até porque Eduardo enxergou isso lá trás quando o indicou para sucessor, então, eu acredito que quando começar o processo de recondução dele [Câmara], ele vai estar à frente do partido. O pernambucano e o brasileiro estão clamando por um gestor e não por um político neste momento e Paulo está fazendo esse papel muito bem sem atrasar folha de pagamento honrando com as suas obrigações e, mesmo diante de uma crise financeira e política, vem se firmando”, acredita. 

Matuto concluiu enfatizando que não existe espaço vago na política. “Existe espaço a ser preenchido. Acho que a liderança, com naturalidade, vai acontecer inclusive na recondução do governador para o estado. Eu acredito, que quando começar a corrida da recondução, tudo isso vai se ajustar”. 

 

 

 

Dono de uma postura crítica, o deputado Edilson Silva cumpre o primeiro mandato parlamentar do PSOL em Pernambuco. Conhecido pelos corredores da Assembleia Legislativa (Alepe) como um dos mais assíduos na Casa, ele recebeu recentemente a equipe do Portal LeiaJá no seu gabinete para uma conversa. Durante o encontro, o parlamentar avaliou os primeiros meses de atuação legislativa, disparou contra a gestão do governador Paulo Câmara (PSB), pontuou erros da administração do ex-governador Eduardo Campos e deu sugestões para que Câmara reorganize a situação política e econômica do governo. 

Ao LeiaJá, o deputado se colocou contra a PPP da Arena Pernambuco e citou que tanto Paulo Câmara quanto o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), são responsáveis pelos “indícios de crimes” nos contratos do empreendimento.  

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Além disso, durante a entrevista exclusiva, o presidente do PSOL em Pernambuco relatou a postura técnica adotada pelo seu mandato e os imbróglios gerados no partido. Fazendo projeções para 2016, Silva também revelou que vai se candidatar a prefeito do Recife e deu detalhes sobre a possível filiação da vereadora Marília Arraes (PSB) ao PSOL. 

Veja a entrevista completa:

LeiaJá (LJ) – Qual a avaliação que o senhor faz dos seus primeiros oito meses de mandato parlamentar?

Edilson Silva (ES) – É positiva. Levo tudo muito a sério. Esses meses foram de muito aprendizado, nunca tinha feito isso. Tivemos alguns erros, claro, são normais.  Por isso, estou buscando aprender. Sou assíduo, participo de tudo e trabalho praticamente sete dias pela semana. Muitas vezes, a maioria delas, sou o primeiro a chegar e o último a sair daqui. 

LJ – Seu mandato é o primeiro do PSOL e visivelmente algumas lideranças da legenda não estão se mostrando satisfeitos com suas decisões, entre eles o ex-candidato da legenda a governador Zé Gomes. Como está sendo seu relacionamento com o partido?

ES - Existem expectativas saudáveis e não saudáveis [diante do meu mandato]. Acho que nós atendemos as saudáveis, as não saudáveis o nosso desejo era frustrá-las e frustramos. A crítica feita dentro do partido é porque o nosso mandato é excessivamente técnico. Nós aceitamos e assimilamos no sentido de que é isso mesmo. Sou membro da Comissão de Meio Ambiente e eu preciso de gente que seja especialista neste assunto para me assessorar. Não quero um grupo de militantes especialistas em balançar bandeira para o meu mandato. Não foi para isso que a gente foi eleito, nem foi para isso que se criou o parlamento. 

LJ – A frustração e as críticas estariam ligadas ao desejo de assumir cargos no seu gabinete?

ES - Em alguns casos sim. Em outros não. Aqui é o PSOL, não tem como a gente separar. O partido cresceu e talvez algumas pessoas não tenham crescido junto. Temos uma noção do que nós queremos e não podemos de forma nenhuma permitir o aparelhamento do mandato pela militância. Temos aqui uma função institucional que queremos cumprir bem. Estou aqui como um militante do partido e como alguém que recebeu uma missão da sociedade. Esse perfil que a gente quis dar para o mandato não agradou algumas pessoas. Não vamos ficar gritando palavras de ordem no plenário. 

LJ – Por falar em não gritar palavras de ordem, seu mandato tem sido crítico ao Governo Estadual. Qual a sua avaliação da gestão?

ES - Não entenda como retórica de oposição, mas eu acho frustrante. Estamos vivendo nesses primeiros sete meses do governo de Paulo Câmara um choque de realidade, a ressaca de uma embriaguez de oito anos, onde fomos convidados a sonhar uma perspectiva de futuro que não foi construída de forma bem estruturada. Os anos que a gente viveu do governo de Eduardo Campos foram de desconstrução da República em Pernambuco. Nós vivemos uma falsa realidade de que a Refinaria ia mudar a vida de todo mundo, o Estaleiro era a melhor coisa do mundo, o Polo Farmacoquímico iria mudar a história de Pernambuco. O discurso era de que vivíamos o “melhor momento da história” do estado. Pernambuco era a locomotiva do Brasil. Nós sempre dizíamos que não. Fui candidato a governador as duas vezes contra Eduardo Campos e disse a ele: esse seu modelo não presta. Era a lógica do crescimento econômico, mas qual era a contrapartida objetiva que se tinha para aquela região? Não se projetou nada. Era simplesmente gerar emprego e o trabalhador que se vire. Resultado, aquela região é uma das mais mazeladas de Pernambuco. 

LJ - E como o senhor encara o desempenho do governador Paulo Câmara?

ES - Ele foi vendido para os pernambucanos como um excelente gestor e nós estamos vendo agora a qualidade do excelente gestor que ele é. Passou um corte linear no estado. Como é que você olha saúde, educação e segurança pública da mesma forma? Nos primeiros 30 dias de governo ele pagou R$ 40 milhões para a Odebrecht [da Arena Pernambuco], ao mesmo tempo em que mandou cortar boa parte das vans que fazer o transporte do Programa PE Conduz. Poderia ficar fazendo tabelinhas sobre o que ele gastou de supérfluo ou deixou de pagar. Muitas coisas são simbólicas, mas quando se quer fazer uma gestão política da crise você tem que saber o valor das ações simbólicas. É uma decepção. Aqui não estou nem falando das promessas de campanha, mas da expectativa que se projetou. 

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LJ – Toda esta frustração seria culpa da crise econômica nacional?

ES - Não. É de um governo irresponsável nos últimos 8 anos. Primeiro, quando nós estávamos com capacidade de investimento e endividamento, não investiram onde deveriam e deixou uma conta para ser paga. Segundo, a falta de gestão da crise. Você não gerencia uma crise comprando R$ 200 mil em frios e uísques. Você gerencia com transparência, isso é questão de economia doméstica. O Governo do Estado não abre para a sociedade, quando falo sociedade é a Assembleia. Eu, que sou deputado, não tenho a senha do E-Fisco para saber os detalhes dos gastos do governo. Eles deveriam nos chamar para mostrar para gente quanto tem e o que precisa pagar. 

LJ - Então o senhor sugeria uma ação mútua para reorganizar a gestão?

ES - Claro. Eu quero ajudar o governo. Se ele tivesse sido mais prudente os R$ 40 milhões não teriam sido pagos para a Odebrecht. Entre pagar o dinheiro da construtora e pagar R$ 38 milhões para pagar os restos da saúde, não teria a menor dúvida que iríamos pegar esse dinheiro e resolver o problema da saúde. Não existe crise para o governo. Tem crise para o povo, os professores, os policiais, mas para quem usa a copa do Palácio não. O momento de crise é onde se tem que convencer as pessoas que se deve apertar o cinto, mas como se você não aperta o seu? Tem que partir do governante esse desprendimento. O que a gente não vê, pois essa turma que está ai governando não tem capacidade política. Não são políticos, não são pessoas forjadas no meio do povo, não são pessoas que conhecem os anseios populares. Acham que pessoas são números. Não é assim. Um gesto simbólico do governo, no sentido de abrir as contas, chamar a oposição para dialogar também é uma saída. Pode não resolver os problemas mais graves no sentido econômico, mas reduzir os políticos.   

LJ – O senhor pontua bastante os R$ 40 milhões pagos pelo Governo a Odebrecht. O valor é resultado de um contrato firmado em Parceria Público-Privada (PPP) da gestão estadual para construir a Arena Pernambuco. Como avalia os acordos do PPPs fechados entre o governo e  empresas?

ES - Não dá para tratar as PPPs num pacote só. Temos várias no estado e cada uma delas merece uma análise especifica. Não sou ideologicamente contra, numa determinada situação é preciso estudar. 

LJ - E no caso da Arena Pernambuco?

ES - Existem indícios muito fortes, já comprovados, de que a construção de uma Arena deste porte em São Lourenço da Mata é algo faraônico. Um governo que faz isso é porque está sobrando dinheiro. Está tudo muito bem. Tem um estudo de viabilidade que foi desrespeitado. Você tem oito cenários e somente em um era possível acontecer, sem falar que este cenário era irreal. Aqui não é um problema de PPP, mas do dolo que foi utilizado na assinatura do contrato e do aditivo, que motivou a denúncia que fiz no Ministério Público e no TCE; a ação judicial que entrei no dia 15 de junho e a notícia crime que entrei na Polícia Federal. No caso da Arena vejo fortes indícios de crime. 

LJ - Geraldo Julio e Paulo Câmara têm participação nesses indícios de crime?

ES - Claro. As pessoas que faziam parte do Comitê Gestor, que era quem dava o aval para essas questões, precisam ser bem observadas. Agora a assinatura do contrato e dos aditivos é do governador Eduardo Campos e da Procuradoria Geral do Estado. 

LJ – Avaliando um âmbito mais partidário, de que forma o PSOL deve disputar as eleições em 2016? Edilson Silva será candidato à Prefeitura do Recife contra Geraldo Julio? 

ES - Planejo sair candidato à Prefeitura do Recife sim. Estamos debatendo no partido um projeto global para o Estado. Estou presidente estadual do partido e temos um planejamento que envolve o lançamento de candidaturas para as cidades com mais de 100 mil habitantes e também nas cidades polos para que a gente possa animar no estado um conjunto com hegemonia. 

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LJ – A disputa no Recife será com chapa pura ou alianças? 

ES - Nós vamos primeiro fazer a nossa parte. O PSOL de Pernambuco já mostrou que não tem medo de alianças, nem vetos, desde que elas sejam programáticas. Temos vetos nacionais aos partidos que são claramente de direita, como o DEM, PSDB e PMDB. Com esses a gente não faz alianças em hipótese nenhuma. Espero que consigamos no Recife ampliar a candidatura e termos mais de um partido nos apoiando.

LJ – A vereadora Marília Arraes deve compor a chapa majoritária?

ES - Não apostaria nisso não. Marília tem um papel importante na Câmara de Vereadores. Se eu pudesse dar um conselho a ela diria que renovasse o seu mandato.

LJ – E como estão as articulações do PSOL para a filiação dela?

ES - Está caminhando bem. Temos conversado bastante. Ainda não está ponta virada, mas é um quadro que tem se mostrado bastante próximo com o que defendemos. Para se ter uma ideia, a postura dela na questão da Operação Flair Play foi muito no espírito daquilo que a gente tava trabalhando, colocando a crítica a Geraldo Julio e Paulo Câmara. Foi uma postura muito do PSOL e olhe que nem chegamos a conversar. Particularmente tenho me agradado muito com os posicionamentos políticos dela nos últimos períodos. 


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