Tópicos | estudo

O Observatório da Mineração e o monitor socioambiental Sinal de Fumaça lançaram hoje (27) o relatório Dinamite pura: como a política mineral do governo Bolsonaro armou uma bomba climática e anti-indígena, em que examinam como ocorreu o encadeamento de medidas que favoreceram o setor. Além disso, como o nome do documento adianta, há uma análise sobre os impactos das diretivas então adotadas, que ainda exigem cuidado da atual gestão.

Na avaliação das entidades, pode-se resumir as decisões do período como "a combinação explosiva entre o desprezo pelos direitos territoriais e humanos e uma sofisticada estratégia de lobby corporativo". O documento destaca que a implementação de ações de interesse do empresariado do setor e investidores foi possível graças à adesão de parlamentares.

##RECOMENDA##

Ou seja, os tratos que visavam a aumentar o lucro do segmento, inclusive beneficiando transnacionais, abrangeram toda a Esplanada dos Ministérios, chegando ao Congresso Nacional. Uma das lembranças quanto a esse aspecto foi o lançamento da Frente Parlamentar Mista da Mineração, de 236 deputados e senadores, que aconteceu em junho de 2019 e deu mais atenção, segundo o relatório, à mineração de pequenos e médios empreendedores.

Durante os quatro anos de Bolsonaro no Palácio do Planalto, escrevem as entidades, tanto a mineração industrial quanto o garimpo ilegal vivem "anos dourados, na teoria, na prática e com centenas de bilhões de reais investidos nos mercados interno e global. Ao longo de 84 páginas, os autores do relatório recuperam, mês a mês, fatos como o rompimento da barragem de Brumadinho (MG) e a meta do governo federal de permitir que empresas estrangeiras pudessem explorar as reservas de urânio brasileiras, de cerca de 609 mil toneladas.

O ano de 2019 não havia chegado ao fim e o Ministério de Minas e Energia propunha que a mineração no interior de florestas nacionais (flonas) fosse liberada. As flonas são, por definição, uma categoria de área que deveria contar com a proteção especial do Estado, uma unidade de conservação.

O relatório ainda coloca em evidência pontos como a falta de fiscais em determinados locais, de maneira que não se encontram barreiras à prática de ilegalidades na busca por metais. Um caso citado é o de desfalques nos estados do Pará e do Amapá. "Só em Itaituba [município paraense], às margens do Rio Tapajós, mais de 18 mil pedidos de permissão de lavra garimpeira aguardam análise da agência", acrescentam os autores do estudo, a fim de dar a dimensão da vulnerabilidade da região, já que ao longo do rio vivem indígenas kayapó e munduruku, dois dos três povos mais atingidos pela mineração, juntamente com os yanomami.

Imprensa como inimiga

Para o diretor do Observatório da Mineração, Maurício Angelo, um indício de que os atos do governo representaram ameaças ao meio ambiente e a um conjunto de direitos é a postura das autoridades diante dos jornalistas. "De forma bastante clara e deliberada, decidiram não responder à imprensa, seja pelas vias oficiais, pelas assessorias de imprensa, seja dificultando bastante a obtenção de informação por meio da Lei de Acesso à Informação", diz ele, que também é pesquisador do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB).

"Ler tudo na sequência dos fatos também me remete a como o tema mineração teve muito menos destaque no debate público, na cobertura de imprensa, na comoção social, na interface com as pautas socioambientais. Você teve os grandes acidentes, como Brumadinho, mas isso não se transformou em uma mobilização crítica da sociedade organizada, e acho que passou muita coisa a que a gente não conseguiu nem reagir", complementa a coordenadora do monitor Sinal de Fumaça, Rebeca Lerer.

Maurício Angelo considera que a configuração atual das casas do Congresso Nacional não deve ajudar na reversão de matérias aprovadas durante o governo Bolsonaro, nem nas tentativas de barrar outras que tramitam e vão a plenário, como é o caso do Projeto de Lei (PL) 191/2020 que autoriza a exploração em terras indígenas. "Obviamente, apesar de parlamentares de centro, centro-esquerda, esquerda, o Congresso ainda é, majoritariamente, de direita e aliado a essas pautas que são de interesse da indústria da mineração e do agronegócio", afirma, acrescentando que a militarização de órgãos como a então Fundação Nacional do Índio (Funai) também contribuiu para o quadro denunciado no relatório.

Sobre a possibilidade de a comunidade internacional exercer pressão significativa, a ponto de refrear excessos das mineradoras, o diretor pondera que o nível de cobrança é menor do que em casos que envolvem apenas desmatamento, por exemplo. Mesmo que desmatamento e mineração mantenham forte relação.

"Como o mundo tem uma demanda muito grande para suprir esses minerais essenciais, estratégicos, nos próximos anos, os projetos de mineração são vistos como necessários e não há uma crítica, um viés crítico desses acordos que são feitos. Pelo contrário, é visto como algo necessário, positivo, que tem que ser levado a cabo, independentemente do governo, seja aqui no Brasil ou fora do país, o que, claro, gera e vai gerar vários impactos socioambientais no futuro também", argumenta.

A Agência Brasil procurou a assessoria do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas não teve resposta. A reportagem também tentou, sem sucesso, contato com o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, que permaneceu no cargo pelo maior tempo, de janeiro de 2019 a meados de maio de 2022.

 

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda reformular e retomar o seguro obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT), o popular seguro veicular obrigatório. O Executivo já trabalha na elaboração de um novo modelo e pretende anunciar as novidades até o final do ano. Depois de ser extinto em 2021, o seguro pode voltar a ser cobrado dos contribuintes.

"Temos o desafio enorme de refazer o modelo do DPVAT. A gente precisa de um modelo sólido e a gente precisa construí-lo rapidamente, porque tem um ano para fazer isso e ter uma nova arquitetura para esse seguro que é extremamente relevante para a população", afirmou secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Barbosa Pinto.

##RECOMENDA##

A afirmação foi feita em evento de lançamento do Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros, organizado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), em São Paulo, na semana passada.

Procurado pelo Estadão para comentar o tema, o Ministério da Fazenda solicitou que o contato fosse feito com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), autarquia ligada à pasta e que regula o mercado de seguros. O órgão, por sua vez, informou que "tem participado da elaboração de estudos e projeções para propor alternativas para a questão dos danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não".

Por que o DPVAT foi extinto?

O DPVAT ampara as vítimas de acidentes de trânsito, independentemente do responsável, com coberturas para três naturezas: morte, invalidez permanente e reembolso de despesas médicas. O seguro foi cobrado no licenciamento dos veículos até 2020.

Por determinação do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele foi extinto em janeiro de 2021 a partir de uma recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU). O objetivo da mudança seria evitar fraudes, mas esteve relacionada a uma briga política entre Bolsonaro e o deputado federal Luciano Bivar (União), que presidia o PSL, antigo partido de ambos, e que possui uma empresa no setor.

À época, especialistas criticaram o fim da cobrança, argumentando que seria mais justo para a sociedade ­e lucrativo para os empresários do mercado de seguro­ que o governo atacasse os casos de corrupção em vez de extinguir uma prática que já havia sido socialmente aceita pelos proprietários de veículos nas últimas décadas.

O governo instituiu um fundo no valor de R$ 4,3 bilhões para substituir o consórcio que fazia a gestão do seguro. A gestão dos recursos e pagamentos do DPVAT passou a ser feita pela Caixa Econômica Federal, após contrato com a Susep. O modelo recebeu muitas críticas nas redes sociais. As vítimas de trânsito reclamam que não dispõem de atendimento presencial e são obrigadas a lidar com um aplicativo repleto de inconsistências e falhas de comunicação para solicitar a indenização.

Acidentes de trânsito

De acordo com dados preliminares do Ministério da Saúde, foram registradas mais de 31 mil mortes no trânsito e quase 300 mil feridos em 2021. A Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg) afirma que a o DPVAT só traz benefícios para a população brasileira como instrumento de proteção social, mas defende a liberdade de preços. "Propomos um modelo de livre concorrência e liberdade de preços, que permitirá a manutenção da cobertura a um custo menor para o brasileiro", diz a confederação em nota.

Nacionalmente, a indústria do seguro se manteve em alta nos últimos anos, mesmo com a extinção do DPVAT. O pagamento de indenizações, benefícios, resgates e sorteios (sem Saúde e sem DPVAT) somaram mais de R$ 219,4 bilhões em 2022, volume 15,5% superior a 2021. Em arrecadação, o setor viu a demanda avançar 16,2% em relação ao ano de 2021, com mais de R$ 355,9 bilhões em arrecadação (sem Saúde Suplementar e sem DPVAT).

Entre os maiores medos dos estudantes que irão fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023, está a redação. Isso porque a maior parte da prova é composta de questões assertivas, são 180 perguntas fechadas, facilitando um limite de respostas, enquanto a redação trabalha o lado discursivo dos alunos, exigindo maior desenvolvimento e ampliando as possibilidades de conclusões.

Contudo, a prova escrita do Enem não é um monstro de sete cabeças. Basta saber estudar e praticar seu texto de diversas formas e com diversos temas ao longo do ano. Essa e outras dicas foram passadas pela professora de redação e linguagens Beth Andrade, que conversou com o LeiaJá sobre algumas sugestões de temas que podem cair no Exame deste ano.

##RECOMENDA##

“Um dos temas de redação que eu acho muito a cara do Enem e uma das minhas apostas é 'A Democratização do Acesso aos Serviços Odontológicos'. É um dos temas que eu tenho trabalhado ultimamente com os meus alunos. Eu acho ele muito a cara do Enem por ser um tema muito específico”.

Beth lembra que, nas últimas edições, a prova trouxe temas que tratam dessa ideia de direitos e de cidadania, abordando a ideia de minorias, como os temas dos anos 2022 e 2021 trouxeram de forma bastante direta.

Além do citado posteriormente, a professora de linguagens também sugere outro assunto para a redação deste ano, que é 'Desafios para Garantir a Merenda Escolar nas Escolas Brasileiras'. Também trazendo um conteúdo mais social e de direitos, é algo pertinente na realidade atual, especialmente no estado que Beth reside, Pernambuco.

“Estamos vivendo, atualmente, pelo menos em Pernambuco, um problema com crise na gestão de distribuição de alimentos por parte das empresas terceirizadas. Por causa desse problema, acaba não chegando comida ao final para aquelas crianças e adolescentes que precisam tanto de uma nutrição escolar e que, muitas vezes, vão à escola só para ter aquela refeição garantida”, explica a entrevistada.

Compreender os temas é uma competência importante na questão discursiva do Enem, porém não é fácil adivinhar em cheio. Como todas as outras matérias, a solução é sempre estudar e praticar, não importa o conteúdo. Com a redação, a escrita, o desenvolvimento, a coesão, variedade e repertório fazem a diferença na nota do aluno. E para não ser pego de surpresa, a docente explica a melhor forma de estudar para os temas de redação:

“Além dos temas específicos, é bom que o aluno estude por eixos temáticos. Entender um pouco sobre a questão educacional, saúde, cidadania, as minorias sociais, economia… Isso tudo vai agregar porque, independente do tema que aparecer no dia, fica mais fácil do aluno conseguir identificar o que abordar, pois ele já vai ter estudado dentro daquele eixo específico e vai conseguir desenvolver bons argumentos quando aparecer o tema da redação”, indica a profissional.

Ao finalizar sua fala, Beth relembra: “Vale a pena o aluno procurar também redigir e pesquisar sobre o tema sempre que for praticar para poder se manter constantemente atualizado e trazer bons argumentos para a sua redação. Estudar, procurar saber atualidades, causas e consequências acerca desse tema."

O professor Felipe Rodrigues também reforça a importância de praticar suas habilidades discursiva-argumentativas neste início de ano. O docente sugere o focar em estrutura, pesquisar repertório, conteúdos, problemas e realizar planejamentos textuais nesse começo de 2023. Sobre temas, Felipe explica que esta edição será uma caixinha de surpresas:

“Esse ano nós temos o novo governo que traz consigo diversas pautas sociais que, até então, eram excluídas das políticas de Estado da última gestão. Então, a partir desse cenário, nós temos muitos problemas sociais que podem ser abordados, que envolvem desde questões de gênero a questões de violência em suas diversas formas, como também educação. Esse debate perpassa diversos assuntos, como saúde, meio ambiente, estabilidade e daí por diante. Todos podem vir na prova deste ano, agora é aguardar ver como é que serão os posicionamentos do governo para entender como será o trabalho de desenvolvimento da prova”, detalha.

Apesar das diversas opções, Rodrigues separou três principais indicações de temas que costuma trabalhar com seus alunos e aposta para ser tema da redação neste ano de 2023. Confira quais são elas:

1. O aumento exponencial de Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) em diagnóstico aos jovens no Brasil;

2. A problemática da violência de gênero e transfobia no Brasil;

3. A problemática da destinação incorreta de lixo no Brasil;

Um grupo de seis pesquisadores da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP) e da Universidade de Brasília (UnB) divulgou nesta segunda-feira (20) pesquisa sobre a resistência de servidores federais às iniciativas antidemocráticas do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. As ações tiveram uma série de implicações para os órgãos públicos e, portanto, para o atendimento à população. Segundo o estudo, o governo aumentou o uso de instrumentos formais de repressão aos funcionários públicos e testou estratégias em certas organizações para replicá-las em outras, em caso de sucesso.

Publicado na Revista Brasileira de Ciência Política, o documento diz que os servidores saíram à frente, em um primeiro momento, pois contavam com a vantagem de conhecer a máquina pública. Nessa fase, o presidente da República e indicados agiam a partir das estratégias chamadas informais e coletivas, como são classificadas, entre outras atitudes, as críticas públicas a servidores.

##RECOMENDA##

Já entre os instrumentos formais de repressão estão os processos administrativos disciplinares (PAD). Com dados obtidos na Controladoria-Geral da União (CGU), os pesquisadores demonstram que, entre 2019 e 2021, foram abertos 171 PADs, uma média de 57 por ano. De 2014 a 2018, antes do governo Bolsonaro, o total foi de 128, uma média de 25,6 por ano.

O governo também fortaleceu o processo de militarização das instituições, que começou em órgãos ambientais, e diminuiu a autonomia dos servidores, com ferramentas como a Nota Técnica 1.556/2020, da CGU. A nota permitia que a administração pública federal adotasse punições contra servidores que fizessem, em redes sociais ou outros meios virtuais, críticas ao órgão ao qual estivessem subordinados. O entendimento é de que tinham de cumprir um “dever de lealdade”. O Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Verde (PV) contestaram a medida, levando a questão ao Supremo Tribunal Federal.

Outro instrumento de repressão foi transformar servidores em "bodes expiatórios", uma vez que serviam de exemplo para mostrar o que aconteceria com os colegas caso se opusessem às ordens. Em relação a experimentos que o governo federal fez para verificar se obteria êxito com determinadas estratégias, os pesquisadores citam a restrição ao acesso do Sistema Eletrônico de Informações (SEI), de gestão de documentos e processos.

As estratégias formais são aquelas ligadas à prática institucional, ao uso de mecanismos oficiais e legais, como decretos e instruções normativas. Segundo uma das pesquisadoras do estudo, a professora da FGV Gabriella Lotta, são usados os aparatos da burocracia contra a própria burocracia. "Seja porque você acaba com os instrumentos, seja porque dá outra interpretação para eles e os reverte contra o servidor. Foi isso que a gente acabou identificando: o uso da máquina pública, ou tentando destruí-la, ou tentando reverter sua tônica de atuação em prol desse projeto autoritário que o presidente Bolsonaro estava buscando fazer".

Por outro lado, existem as estratégias informais, que estão em interações cotidianas, como discursos, mensagens de texto e conversas informais. As estratégias também se dividem entre coletivas, quando atingem uma equipe, um setor ou organização, ou individuais. No início dos embates, os servidores optaram mais por manobras individuais, "especialmente de sabotagem e modificação do ritmo de trabalho (shirking). Essas prejudicavam as pautas governamentais de forma silenciosa e escondida, fora do radar da alta administração", destacam os autores do estudo. Os servidores também se organizaram coletivamente a fim de levar as denúncias para fora dos órgãos públicos, por meio de depoimentos, cartas e abaixo-assinados, o que também consiste em estratégia informal.

Assédio

A pesquisadora Michelle Morais de Sá e Silva, da Universidade de Oklahoma, dos Estados Unidos, é autora de um estudo publicado no livro Assédio institucional no Brasil: avanço do autoritarismo e desconstrução do Estado no qual reuniu relatos de servidores da administração federal. Em entrevista, ela explicou que seu trabalho não tinha a meta de destrinchar o assédio cometido pelo governo, e sim identificar os valores pessoais dos servidores da administração pública federal, mas acabou tomando esse rumo.

"Ao contar sobre suas trajetórias e atuação em temas de direitos humanos, as pessoas iam relatando situações muito difíceis, de depressão, perseguição, relatavam muito medo. Isso fez com que a gente buscasse uma reflexão sobre a necessidade de registrar esses processos", destaca.

Segundo ela, somente o fato de ver a instituição em que trabalhavam ser alvo de ataque foi motivo para servidores sentirem medo.

Afronta à educação

Um servidor da área técnica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) conversou, sob a condição de anonimato, com a reportagem da Agência Brasil, e relatou o que vivenciou no local. Ele afirma que os servidores, por terem estabilidade na função, impediram a prática de muitos abusos. "Isso era explícito. Aquela pessoa comissionada, que não era servidora, que estava ali de passagem, fazia tudo para implementar as diretrizes do presidente do Inep e, no limite, do governo federal. Toda a resistência que houve ali dentro foi do servidor estável, que tentava barrar essas decisões. E isso era feito em nível de reunião, de nota técnica, instrumentos em que a gente conseguia expor, com mais detalhes, as consequências do que estavam fazendo", diz.

O Inep é ligado ao Ministério da Educação e responsável pelo Enem. Durante o seu governo, o então presidente da República Jair Bolsonaro chegou a dizer que iria mexer nas provas do exame. Diante das ameaças, servidores do instituto chegaram a entregar cargos e buscar transferência ou licenças.

Para se proteger dos chefes, os servidores de carreira do Inep procuravam se amparar na Associação dos Servidores (Assinep). A Agência Brasil procurou a Assinep para obter mais detalhes sobre possíveis ações movidas pelos funcionários, a fim de responsabilizar chefias do período Bolsonaro. A entidade não respondeu ao contato.

Conflitos na segurança pública

Embora não seja servidor federal, o policial civil Pedro Paulo Chaves Mattos, conhecido como Pedro Chê, diz que ele mesmo não teve chefias em seu encalço, mas percebeu como as relações se modificaram com Bolsonaro no Palácio do Planalto. Petista, ele comenta que colegas sofreram perseguições, inclusive institucionais, e chegaram a ser mandados para outros setores, contra sua vontade. Como resultado, atingiram muitos deles a autocensura, citada pelos pesquisadores no estudo, ou o adoecimento mental, segundo Mattos.

"Teve caso de delegado dizendo para uma escrivã que ela teria que chegar uma hora mais cedo do que os outros, porque votava em Lula. Claro que ela não poderia chegar uma hora mais cedo, porque a delegacia estaria fechada, mas isso faz parte de um jogo de chantagem e abuso. Tem outros colegas que são remanejados no olho do furacão, em delegacias que a gente sabe que não têm nenhuma simpatia, porque são de esquerda", exemplifica Mattos, que integra o Conselho Nacional de Policiais Antifascismo e atua no Rio Grande do Norte.

Uma colega transexual, servidora federal de uma das polícias, foi tirada do trabalho de campo e reposicionada em um cargo de setor administrativo, com a função de realizar atendimentos por telefone. Isso provocava constrangimento na policial, já que não era chamada pelo seu nome social, do gênero feminino. "Causou um dano emocional muito pesado, Ela era continuamente chamada de senhor, sistematicamente, todo dia. Há esse tipo de ataque, de pegar seu ponto fraco", frisa o agente.

Polarização e recuperação

Especialista em estudos sobre a burocracia, Gabriela Lotta argumenta que o objetivo agora deve ser o de reaver o que foi perdido, "desde documentos, informação, memória, procedimento", durante a última gestão do governo federal. "Acho que pouca coisa foi institucionalizada, que não permita uma reversão. Até porque o governo Bolsonaro, em termos de construção, fez muito pouco. A grande pauta foi a destruição", diz.

Para ela, há outra questão "muito delicada, muito sensível". "O governo Bolsonaro explicitou uma polarização, que talvez sempre estivesse ali e a gente não sabia, dentro da burocracia, mas que virou uma polarização quase inconciliável, neste momento. Acho que os ânimos estão muito aflorados, os servidores não conseguem mais trabalhar uns com os outros, tem muitas gente com problema de saúde mental, afastamento do trabalho por essas questões, desmotivada em ser engajada. Há um trabalho muito difícil aí, de reconstrução ou construção de uma unidade, que seja pró-missão organizacional, de construção de uma capacidade de trabalhar junto, que tem mais a ver com a dimensão de gestão de pessoas."

A pesquisadora, porém, não sugere uma solução. "Mas não tenho dúvida de que essa é uma coisa que tem que ser feita. Acho que o que é mais perigoso é a polarização dentro da burocracia, e menos ao projeto bolsonarista", complementa.

Outro lado

Procurada pela Agência Brasil, a assessoria de imprensa do ex-presidente Jair Bolsonaro disse, em nota, que os ministérios eram comandados por quadros técnicos.  "Diretores e altos cargos das empresas públicas e mistas eram ocupados por renomados executivos de mercado. A Secom [Secretaria Especial de Comunicação Social do Governo Federal] era liderada por um técnico com mais de 20 anos de atuação em mídia".

Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secom, que responde atualmente pela assessoria de Bolsonaro, disse ainda que "em todo processo de mudanças drásticas, grupos saem em defesa do seu espaço".

 

Pesquisa da Organização Quilombo Aéreo em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) mostrou que, em todo o Brasil, não há mulheres negras trabalhando como piloto em companhias aéreas nacionais. 

Em 2022, havia 3.283 formadas, sendo que mulheres atuantes em companhias aéreas eram apenas 992, representando 2,3% dos trabalhadores nessa função. Ou seja, mais de 97% das vagas são ocupadas por homens, sendo que apenas 2% são negros, segundo as estimativas. Quanto aos comissários de bordo, apenas cerca de 5% dos profissionais atuantes são pessoas negras e cerca de 66% são mulheres.

##RECOMENDA##

A Organização Quilombo Aéreo, com o apoio do Grupo de Pesquisa Gênero, Raça e Interseccionalidades no Turismo (GRITus), que é coordenado pela UFSCar em conjunto com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), realizou entrevistas com trabalhadoras e ex-trabalhadoras negras do setor. Há comissárias de bordo e pilotas formadas que não estão atuando setor no momento. 

A pesquisa revelou também cinco barreiras para as mulheres negras adentrarem o setor da aviação civil nacional: custo da formação profissional, falta de informações sobre a carreira e de representatividade de outras mulheres negras, processos seletivos desiguais e não aceitação dos corpos negros. 

Para permanecer no setor, são sete as barreiras reconhecidas: falta de representatividade, nível de cobrança, negação do corpo negro, não aceitação do cabelo crespo, saúde mental/laboral, machismo e assédio.

“As mulheres negras enfrentam barreiras para entrar no mercado de trabalho da aviação civil brasileira, assim como para permanecer atuando no setor”, afirmou a comissária de bordo e pesquisadora Laiara Amorim, idealizadora do Quilombo Aéreo, coletivo criado em 2018 por duas mulheres negras, Laiara e Kenia Aquino, a partir dos projetos "Voe Como Uma Garota Negra” e “Voo Negro". O objetivo é dar visibilidade a profissionais negros da aviação civil, pesquisas acadêmicas inéditas no setor, empregabilidade e saúde mental desses tripulantes.

“Já sabíamos aproximadamente desses dados, o registro científico desses números foi uma constatação. Então, para as pesquisadoras do Quilombo Aéreo não foi nenhuma surpresa, mas é uma surpresa para sociedade e, também, para as companhias aéreas, que não olhavam para esses números até um ano atrás”, disse Laiara. 

Rejeição

"O corpo negro incomoda e é rejeitado”, ressaltou a professora na UFPel e coordenadora do GRITus, Natália Oliveira. “Olhando para o cabelo da mulher negra, por exemplo, identificamos profissionais negras que foram barradas em processos seletivos, porque estavam com seus cabelos naturais soltos nas entrevistas de emprego. É explícito como essas mulheres não são selecionadas, mesmo tendo um currículo bem qualificado ou até melhor que outras candidatas brancas."

Apesar de serem a maioria nos cursos superiores na área do turismo, as mulheres ainda ocupam posições precárias no mercado de trabalho, principalmente nas áreas de alojamento e alimentação.

 "O mercado de trabalho no setor do turismo é bastante dividido em relação às ocupações, levando em conta o gênero dos profissionais. Acompanhamos o processo seletivo de uma das entrevistadas que participou da nossa pesquisa, por exemplo. Ela conseguiu uma vaga como comissária, apesar de estar capacitada para atuar como piloto. A empresa alegou que ela não estava preparada, mas contratou um homem que tinha as mesmas especificidades que ela no currículo", exemplifica Laiara Amorim.

Assédio 

Outro fato identificado na pesquisa foi o assédio sexual, moral e psicológico sofrido pelas profissionais negras, sendo praticado tanto pelos colegas de trabalho como por clientes das companhias aéreas. Dentre as trabalhadoras no turismo, o assédio é frequente entre comissárias de bordo, recepcionistas e camareiras, porém mais acentuado em direção a mulheres negras.

De acordo com as entrevistadas o assédio acontece de várias formas, como, por exemplo, por meio do questionamento da mulher estar naquele lugar. "Uma das profissionais ouviu de uma pilota que ela parecia uma passista de escola de samba. Em outros casos, homens já perguntaram quanto a tripulante ganhava de salário e se ofereciam para pagar mais", relatou Gabriela Santos, uma das pesquisadoras do estudo.

O Quilombo Aéreo trabalha com três pilares: empregabilidade, acadêmico e formação técnica. “Neste momento, estamos fazendo nossa campanha de arrecadação para formar mais uma turma do Projeto Pretos que Voam que capacita, profissionaliza e emprega jovens negros periféricos. Para além disso, temos apoio psicológico, acompanhamento de carreira e empoderamento, por meio do reconhecimento estético e econômico.” 

Projeto Pretos que Voam

O Projeto Pretos que Voam é uma iniciativa para profissionalizar e empregar jovens negros periféricos. A primeira turma se formou em 2021. Agora está em andamento uma campanha de arrecadação para a segunda turma. Da primeira turma, afirmou a representante do Quilombo Aéreo, todos estão aprovados na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e alguns empregados como comissários de voo. O Projeto Pretos que Voam é financiado por doações pela plataforma Benfeitoria e recebe doações a partir de R$ 10. 

Inclusão 

Nesta semana, a Latam anunciou a abertura de processo seletivo no Brasil exclusivo para mulheres para a função de copiloto de aeronaves da família Airbus A320. A companhia afirmou que busca promover a equidade de gênero com foco na diversidade e inclusão e que pretende preencher pelo menos 50 vagas até dezembro de 2023. 

Para a representante do Quilombo Aéreo Laiara Amorim, é de suma importância que ocorram ações com a inserção de mulheres nesse mercado, mas em relação a gênero e raça é necessário pensar em ações afirmativas para suporte, apoio e formação de mulheres negras. 

“No mapeamento do Quilombo Aéreo, por exemplo, não temos nenhuma mulher negra que preencha os requisitos da vaga em específico, como por exemplo o número de horas de voo, o que reforça as barreiras identificadas na pesquisa, a barreira de acesso à formação. A maioria das mulheres negras são arrimo de família e geralmente têm que escolher entre a formação e a sobrevivência. Quando se consegue fazer os dois não é na mesma velocidade que as mulheres ou homens brancos. As companhias que realmente querem se comprometer com a equidade racial e de gênero, na cabine de comando, vão ter que olhar para o antes e o durante da formação e para a situação atual das mulheres negras no nosso país”, disse.

 

Jogadores de futebol de alto nível, com exceção dos goleiros, têm um risco maior de desenvolver demência do que a população em geral, de acordo com um estudo sueco publicado nesta sexta-feira (16, noite de quinta em Brasília).

Um grupo de especialistas acredita que este estudo fornece "evidências convincentes" da relação entre o esporte mais popular do mundo e o aumento do risco de problemas cerebrais degenerativos.

##RECOMENDA##

Esta relação havia sido descoberta com a morte em 2020 de Nobby Stiles, campeão mundial em 1966 com a Inglaterra e que sofria de demência, e com outros casos registados em outras modalidades como rugby, futebol americano e hóquei, onde golpes na cabeça são frequentes.

O estudo publicado pela revista científica The Lancet Public Health analisou os laudos médicos de mais de 6.000 jogadores de futebol no campeonato sueco da primeira divisão entre 1924 e 2019.

Em seguida, os especialistas compararam a taxa de pessoas afetadas por problemas cerebrais degenerativos com a de uma amostra de 56.000 suecos.

Os jogadores de futebol tiveram um risco 1,5 vezes maior de sofrer de doenças como Alzheimer e outras formas de demência.

Os goleiros são exceção neste estudo, pois não sofrem tantos golpes na cabeça quanto os jogadores de linha.

"Esta pesquisa confirma a hipótese de que o jogo de cabeça explica essa relação" entre futebol e doenças cerebrais, disse à AFP o principal autor do estudo, Peter Ueda, do Karolinska Institutet.

Trata-se do maior estudo realizado sobre este problema desde outro realizado na Escócia em 2019 e que concluiu que os futebolistas tinham 3,5 mais probabilidades de sofrer problemas neurodegenerativos.

Pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) alertam para a persistente crise migratória na fronteira de Roraima com a Venezuela e apontam ações emergenciais que devem ser implementadas pelo poder público e pela sociedade civil.

O relatório Fronteira em Crise: uma Avaliação da Situação Migratória em Roraima, produzido pelo Núcleo de Estudos de Pesquisa em Direito Internacional da Uerj (Nepedi-Uerj) em parceria com a Universidade Federal de Roraima (UFRR), foi encaminhado aos ministérios da Justiça e Segurança Pública e dos Direitos Humanos e da Cidadania.

##RECOMENDA##

Segundo o coordenador do Nepedi, Raphael Carvalho de Vasconcelos, o estudo, realizado entre 29 de janeiro e 4 de fevereiro deste ano, é um alerta sobre a emergência humanitária ocasionada pelo fluxo migratório permanente na fronteira.

“Os apontamentos têm por finalidade alertar as autoridades brasileiras e a sociedade civil de maneira geral para as necessidades que decorrem da resiliência do fluxo de deslocados naquela região do país, sinalizando tratar-se de calamidade paralela e coexistente à crise Yanomami que não pode ser relativizada ou deslocada a plano secundário”, disse o professor titular de Direito Internacional Público da Uerj.

De acordo com o pesquisador, existem temas emergenciais que precisam de atuação imediata do Estado brasileiro. “Este relatório não tem viés crítico. Trata-se de documento descritivo que busca contribuir para o enfrentamento dos desafios pelo novo governo”.

Os dados sobre a chegada desses estrangeiros no Brasil foram coletados nas cidades de Pacaraima, Cantá e Boa Vista, em Roraima, e em Santa Elena de Uairén, na Venezuela. Foram colhidos relatos de autoridades brasileiras, agentes humanitários, membros da sociedade civil, funcionários de organizações internacionais, migrantes e solicitantes de refúgio.

Segundo Vasconcelos, entre os temas emergenciais está a questão da interiorização dos venezuelanos, com atenção especial aos povos indígenas que vêm da Venezuela. “Porque essa interiorização pode representar um risco realmente muito grande de o Brasil cometer algum tipo de violação de direitos humanos. Ao promover a interiorização de uma etnia, a gente pode contribuir para que ela entre em um processo de extinção e isso pode ser feito de uma forma sistemática não intencional”, avaliou.

Outro ponto urgente apontado pelo professor é a questão da comunicação das informações sobre os cadastros penais da Venezuela com o Brasil. “A gente não tem, neste momento, um controle na fronteira de pessoas que são solicitantes de refúgio ou migrantes que podem, na verdade, estar fugindo de uma situação penal na Venezuela. Esse controle deveria se feito no marco de uma reconstrução da relação diplomática do Brasil com a Venezuela.”

Com base nessas informações, o relatório propõe uma série de ações para uma acolhida mais apropriada, com políticas públicas alinhadas ao direito internacional com ênfase nos direitos humanos.

Venezuelanas migrantes

As mulheres e meninas venezuelanas que migraram para o Brasil fazem pouco uso de métodos contraceptivos, têm muitos filhos e vieram em busca de serviços de assistência à saúde, motivação para migrar que perde apenas para a fome. Cerca de 10% delas chegaram ao Brasil grávidas.

As informações são de pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), coordenada pela Universidade de Southampton, da Inglaterra.

O estudo revela condições do processo migratório e os impactos da migração forçada sobre a saúde sexual e reprodutiva de mulheres e adolescentes. No total, 2.012 migrantes de 15 a 49 anos que chegaram ao Brasil entre 2018 e 2021 foram entrevistadas em Manaus (AM) e Boa Vista (RR). As entrevistadoras também foram venezuelanas.

Segundo a Fiocruz, a separação de mães e filhos é um dos dados ligado à saúde das migrantes que mais preocupa. O estudo mostra que cerca de 25% das mães venezuelanas deixaram pelo menos um filho no país de origem e foram justamente elas que relataram pior estado de saúde, assim como as que sofreram algum tipo de violência no percurso até a chegada ao Brasil.

“Entre as migrantes venezuelanas, 40% tem dois ou três filhos e 16%, quatro ou mais. As taxas de fecundidade são consideradas altas, o que é prejudicial também do ponto de vista financeiro, já que, além de precisarem alimentar e cuidar de muitas crianças, essas mulheres acabam impedidas de trabalhar porque precisam ficar com os filhos. Quase 80% das migrantes vivem com menos de um salário mínimo. Uma das recomendações feitas pela pesquisa é a disponibilidade de creches e escolas para as crianças e adolescentes venezuelanas”, diz a Fiocruz.

Em meio a este cenário, apenas 47% das venezuelanas no Brasil usam algum método contraceptivo, enquanto entre as brasileiras, a média é de 80%.

“O acesso aos métodos contraceptivos das venezuelanas após a chegada ao Brasil se deu principalmente pelos serviços públicos de saúde, mas muitas ainda compram, apesar da carência de recursos. Isso quer dizer que, apesar da oferta, não há facilidade para essas mulheres encontrarem os métodos que são oferecidos gratuitamente. Há alguma barreira no acesso aos métodos e isso precisa ser resolvido”, afirmou, em nota, a coordenadora da pesquisa na Ensp/Fiocruz, Maria do Carmo Leal.

Um estudo, publicado em fevereiro na revista Nature Human Behaviour, aponta que iniciar uma aula antes das 9h é prejudicial ao sono e desempenho acadêmico. 

A pesquisa avaliou a relação entre o horário de início das aulas e a presença dos alunos. No resultado, foi notado que as atividades acadêmicas que se iniciam antes das 9h, além de trazer efeitos ao sono, ocasionam uma baixa frequência se comparado aos locais que optaram por aulas no horário mais tarde.

##RECOMENDA##

No levantamento, os estudiosos analisaram aulas das 8h às 16h e se mostrou que a presença foi cerca de 10% menor nos cursos matutinos. Além disso, o quantitativo de estudantes que acordaram após o começo da aula, ou seja, depois das 8h, levou ao atraso e ao não acompanhamento dos conteúdos vistos em sala de aula. 

Para realização do estudo, os cientistas fizeram três experimentos. Na primeira etapa foi medido, através do acesso ao wi-fi do campus de uma universidade, a presença dos estudantes nos 337 cursos. O segundo experimento foi a avaliação sobre se a ausência em sala de aula estava ligada ao sono. Por último, foi feita a relação com o sono diurno e noturno, no que se refere à duração.

O trabalho foi conduzido por pesquisadores da Escola de Medicina Duke-NUS e do Instituto para Ciências Aplicadas de Aprendizado e Educação Tecnológica da Universidade Nacional de Singapura.

Em 2003, o mundo enfrentou o ínicio de um problema gigantesco: o fungo Cordyceps contaminou alimentos vindos da América do Sul e, a partir de uma mutação, passou a transformar seres humanos em zumbis. Essa é a trama da série The Last Of Us que está recebendo telespectadores de todos os lugares do mundo, inclusive o Brasil.

Baseada em uma franquia de jogos eletrônicos, a série da HBO conta a história de Joel, personagem principal que perde sua filha para o fungo logo nos primeiros episódios, e Ellie, que já foi mordida por outros zumbis, mas é imune à doença, logo não sofre nenhuma mudança.

##RECOMENDA##

Ambos os personagens passam os episódios fugindo do fungo, mas na vida real, não precisamos ter esta preocupação. Isso porque, apesar do Cordyceps existir de fato, ele não consegue infectar os humanos, apenas insetos e outros artrópodes. Leo Carrasco, professor de biologia, explicou um pouco mais sobre este fungo para o LeiaJá:

“O Cordyceps é um tipo de fungo específico parasitário de artrópodes e de, preferencialmente, dos insetos. Ele é um fungo que faz parte de uma classificação evolutiva importante, que é a classificação dos ascomicetos que são fungos mais representativos do ponto de vista percentual em todo o meio ambiente.”

O docente explica que o fungo sempre chamou atenção pela sua forma de agir ao fazer a endoparasitose dos insetos. O Cordyceps atacam, principalmente, as estruturas encefálicas do animal promovendo uma mudança drástica de comportamento por parte do inseto até a morte do hospedeiro. 

“Ele ataca as estruturas nervosas do animal, tomando conta do seu metabolismo celular, especialmente o metabolismo do encéfalo desse organismo. O organismo começa a sofrer distúrbio de locomoção e mudanças de comportamento em relação aos seus hábitos naturais. Até que, depois de um certo tempo, o fungo acaba por gerar o óbito deste inseto. Então são fungos parasitários, fungos que se alimentam de matéria orgânica dentro do cérebro dos artrópodes de forma geral”, explica Carrasco.

Os fungos, em geral, fazem parte da classificação biológica do reino fungi e são bastante complexos. São organismos muito importantes para o meio ambiente como, por exemplo, o hábito de decomposição que eles efetivam junto com as bactérias. Algumas principais características contam com a variedade de organismos no reino fungi que podem ser uni ou multicelulares.

Este reino se classifica como seres heterotróficos, ou seja, que se alimentam preferencialmente de matéria orgânica para se nutrir, e fazem a reserva de glicogênio, que é um polissacarídeo encontrado, também, como reserva nutricional de animais. O fungo apresenta a parede celular de revestimento constituído pela quitina. Nos hábitos de vida, há fungos que são parasitas, fungos que são de vida livre, fungos que atuam na decomposição e fungos que são utilizados no meio industrial para comercialização.

Entre estes tipos, o Cordyceps se classifica como parasita e, popularmente, é conhecido como fungo zumbi por causar uma forte mudança no comportamento dos organismos que ele parasita. Essa fama deu a inspiração para The Last Of Us mostrar sua infecção nos humanos comparando com uma infecção zumbi e uma situação apocalíptica. Fora da dramaturgia, Leo Carrasco detalha como funciona essa consequência para o hospedeiro:

“Esse fungo é chamado de zumbi porque ele parasita principalmente o sistema nervoso dos insetos dos artrópodes. De forma muito constante, nós verificamos o ataque de formigas por parte desse fungo e ele acaba gerando um processo de comportamental de inseto e tal maneira que algumas formigas acabam se desvirtuando do comportamento natural da sua sociedade e querendo meio que gerar um certo canibalismo de outras formigas que estão próximas a ela. Só que isso não acontece de uma maneira tão rotineira. O que acontece de uma maneira mais eventual é o fungo gerar um distúrbio neurológico no animal e isso promove o óbito de inseto depois de um certo tempo”, comenta o professor.

O Cordyceps parasita, especialmente, o Filo Arthropoda, este que é o filo mais diversificado da natureza com mais de um milhão de espécies descritas, o que representa mais de 80% do Reino Animal. Apesar da sua quase exclusiva relação de parasita e hospedeiro com insetos, é realmente possível que um ser humano seja infectado tal qual acontece na telinha? A resposta é: não.

No meio científico, o professor Leo Carrasco explica que isso não pode chegar a acontecer à espécie humana por conta da temperatura corporal: “Os insetos apresentam a temperatura diferente da espécie humana e nós somos animais homeotérmicos, com a temperatura bastante elevada, por isso o fungo não consegue se adaptar ao nosso metabolismo.”

Aplicação no Enem

Com todas as informações sobre o Cordyceps, o docente também explica como essas questões podem ser abordadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em biologia, além de entender a diferença nos reinos do fundo, plantas, animais e bactérias, Carrasca exemplifica alguns pontos para se prestar atenção ao estudar.

“Em uma prova de vestibular, em relação aos fungos, pode ser cobrado a fermentação alcoólica, um processo de quebra de matéria orgânica na ausência do oxigênio, a quebra do açúcar para geração de etanol de comercialização, pão, cerveja, vinhos, uísques são fabricados a partir dessa fermentação alcoólica, efetivada pelo fungo Saccharomyces cerevisiae, conhecido popularmente como levedura da cerveja”, lembra o entrevistado.

“Outra pergunta bastante peculiar que poderia ser cobrada em prol do vestibular são as características dos fungos com relação ao seu hábito nutricional. Também há a questão da fabricação de antibióticos, onde existe um fungo Penicillium que, através de trabalhos de ordem genética, ele consegue ser utilizado na implementação de antibióticos bastante populares aqui no Brasil”, continua.

“Por último, eu acredito que uma questão chave é a importância ecológica dos fungos para o meio ambiente, sua importância na decomposição e na manutenção do equilíbrio ambiental através de um processo de limpeza que eles efetivam por meio do consumo de matéria orgânica morta”, finaliza o professor.

Estudo divulgado nesta segunda-feira (6) pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sobre a mão de obra feminina na indústria mostra que o caminho para sanar a disparidade de gênero no setor ainda é longo. De acordo com o levantamento, mulheres da indústria recebem 14,7% a menos do que os homens e, com um avanço paulatino registrado, a paridade salarial só deve ocorrer em 2035.

O estudo aponta que as trabalhadoras na indústria recebem, em média, R$ 3.294,75 por mês, enquanto a média dos homens no setor é de R$ 3.863,68 por mês, uma diferença de 14,7%. Apesar de uma diminuição gradativa que vendo sendo observada desde o início da série, em 2006 (quando a diferença era de 30,5%), a entidade afirma que a paridade salarial no Estado deve ocorrer apenas na próxima década.

##RECOMENDA##

O pernambucano Caio Henrique Gonçalves, de 18 anos, estudante da rede privada de escolas Salesiano no Recife, conseguiu ser aprovado em três universidades dos Estados Unidos, além de garantir três vagas na Universidade de Pernambuco (UPE) e na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

O jovem conseguiu a classificação no curso de Business nas instituições de Iowa State University, University of North Carolina Wilmington e Arizona State University. Além dessas conquistas, Caio ainda aguarda por respostas de mais 15 outras faculdades do exterior.

##RECOMENDA##

“Meu foco sempre foi entrar em uma universidade internacional. Além de ser um aluno de fácil aprendizagem, me preparei para fazer a prova do Scholastic Aptitude Test (SAT) e tive uma boa base no colégio”, conta o estudante.

Pensando em outros colegas que podem ter o mesmo sonho de estudar fora assim como ele, Caio destaca: “É importante ter muita vontade, principalmente por ficar longe da família e da zona de conforto. Mas, academicamente, a dica é aprimorar o inglês, chegando ao menos no nível intermediário e procurando cursos preparatórios para esse objetivo”, finaliza.

Estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) chama a atenção para um problema crítico no Brasil e que afeta principalmente as mulheres: o número estimado de casos de estupro no país por ano é de 822 mil, o equivalente a dois por minuto.

O estudo se baseou em dados da Pesquisa Nacional da Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNS/IBGE), e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, tendo 2019 como ano de referência. De acordo com o Sinan, a maior quantidade de casos de estupro ocorre entre jovens, com o pico de idade aos 13 anos.

##RECOMENDA##

Com base nessa estimativa, o Ipea também calculou a taxa de atrito para o país, ou seja, a proporção dos casos estimados de estupro que não são identificados nem pela polícia, nem pelo sistema de saúde. A conclusão é que, dos 822 mil casos por ano, apenas 8,5% chegam ao conhecimento da polícia e 4,2% são identificados pelo sistema de saúde.

“O quadro é grave, pois, além da impunidade, muitas das vítimas de estupro ficam desatendidas em termos de saúde, já que, como os autores ressaltam, a violência sexual contra as mulheres frequentemente está associada a depressão, ansiedade, impulsividade, distúrbios alimentares, sexuais e de humor, alteração na qualidade de sono, além de ser um fator de risco para comportamento suicida”, diz o Ipea.

Quanto às relações entre agressores e vítimas de estupro, notam-se quatro grupos principais: os parceiros e ex-parceiros, os familiares (sem incluir as relações entre parceiros), os amigos/conhecidos e os desconhecidos.

Neste cenário, a estimativa de 822 mil estupros por ano é, de acordo com os responsáveis pela pesquisa, conservadora. Pesquisador do Ipea e um dos autores do estudo, Daniel Cerqueira afirmou que faltam pesquisas especializadas sobre violência sexual abrangendo o universo da população brasileira. Segundo ele, uma limitação das análises é que elas se fundamentam inteiramente numa base de registros administrativos (Sinan).

“O registro depende, em boa parte dos casos, da decisão da vítima, ou de sua família, por buscar ajuda no Sistema Único de Saúde”, disse, em nota, o pesquisador. Segundo o Ipea, dessa forma, o número de casos notificados difere “substancialmente da prevalência real, pois muitas vítimas terminam por não se apresentar a nenhum órgão público para registrar o crime, seja por vergonha, sentimento de culpa, ou outros fatores”.

Na era digital, é comum avistar pessoas dividindo livros em pdf ou comprando um ‘kindle’, produto que serve para ler livros digitais. Apesar da grande popularização destas obras na web, os livros físicos não são apagados, é o que defendem os bibliotecários. Bibliotecas públicas e comunitárias são espaços que se mantêm carregando cultura, aprendizado e intelecto nos dias de hoje.

Bibliotecas públicas

##RECOMENDA##

As bibliotecas públicas são ofertadas e mantidas pelo poder público, aberta para todos, de todas as faixas etárias, e que disponibilizam livros para estudo no local e empréstimo. Parte da rede de 'bibliotecas pela paz', Deborah Echeverria representa as bibliotecas municipais do Recife, em Pernambuco.

“Elas são importantíssimas para o combate à desigualdade, porque elas são democráticas. Então qualquer cidadão de qualquer classe social, idade, sexo, podem usufruir daquele espaço”, afirma.

Deborah explica que existem tipos diferentes de bibliotecas. A mais conhecida é a biblioteca do silêncio. Segundo a profissional, esse tipo foi importado para o Brasil e trabalha apenas para um público leitor e estudioso, muito comum nas universidades, o que não é o público principal do país.

Já o sistema da biblioteca viva, além de disponibilizar os serviços tradicionais, se torna um centro cultural que acolhe o público. Não é feito para receber leitores, mas para criar leitores e oferecer cultura, lazer e educação informal dentro desse mesmo espaço. Um local de convivência é o sistema que se tornou mais comum pelas bibliotecas públicas.

“As bibliotecas nunca foram muito valorizadas, é como eu digo, as bibliotecas públicas no sistema tradicional que é de silêncio, ela não é muito acessada porque a gente não tem uma população muito leitora. Então ela fica muito restrita às pessoas que vão fazer pesquisa para trabalho de escola, para universidade… Essa biblioteca que estamos mudando o formato para ser uma biblioteca mais de acordo com o que o país precisa, com o que o nosso povo precisa, é mais ampla e com mais oportunidade”, defende Deborah.

“A sociedade e o poder público tem que ter a percepção da importância biblioteca para uma cidade da força e da potência que esse equipamento tem para cidade. Principalmente no combate à desigualdade social. Porque é um espaço como ele diz, democrático, de livre acesso e que você disponibiliza ali um espaço de expansão de conhecimento de forma gratuita”, conta a profissional.

A bibliotecária reforça que o modelo de biblioteca do silêncio não é tão usado pelo governo como antes. As bibliotecas públicas contam, além dos livros disponíveis, com mostras de cinema, música, apresentações, musicais, sarau literário, oficinas de artesanato e disponibilizam computadores e wi-fi. “Isso tudo pode acontecer dentro de uma biblioteca, sempre mediando um pouco os livros nessas atividades. Começa a ler uma história para depois a gente desenvolver uma outra atividade”, explica.

Bibliotecas comunitárias

Criada e mantida por algum membro da comunidade nas áreas mais periféricas das cidades, as bibliotecas comunitárias não contam propriamente com o apoio do governo para continuar na ativa. “No intuito de modificar um pouco a realidade local, e que por vezes é o único equipamento cultural daquela região, está em locais onde o poder público não consegue chegar”, é o que diz Juliana Albuquerque, bibliotecária.

Juliana é mestranda em Ciências da Informação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e é membro da rede de bibliotecas comunitárias em Recife que conta com nove bibliotecas diferentes, a Releitura. A profissional conta que toda biblioteca comunitária tem uma proximidade com seus usuários e dá a segurança de estar em um espaço em que ele tem pertencimento.

Assim como algumas bibliotecas públicas, as bibliotecas comunitárias também não se encaixam no modelo do silêncio e trabalham diversas atividades com toda a comunidade. Entre o empréstimo de livros também acontecem ações de mediação de leitura, rodas de conversas, projetos literários, atividades culturais, entre outros.

“Temos o Papo de Mulher, em que são trazidos temas para debate com as mulheres da comunidade. Neste dia, só ficam as mulheres mesmo, é até dia de folga do gestor. Temos a Mala de Leitura, em que é escolhido junto com o usuário quais livros gostaria de levar para ficar alguns dias em sua casa, com sua família, o Fuxico Literário…”, relembra Juliana.

“Algumas práticas de mediações culturais conectam as atividades literárias com as manifestações populares e estabelecem significados de identificação com a comunidade como o Boizinho Menino do Nascedouro, da Biblioteca Multicultural Nascedouro de Peixinhos, Recife/Olinda, O Urso Leitor, da Biblioteca Popular do Coque, no Recife, e os grupos de Dança Popular e ao Maracatu Nação Erê, primeiro Maracatu Infantil da cidade, fundado em 1993, da Biblioteca Comunitária do CEPOMA, em Brasília Teimosa, Recife”, explica a bibliotecária. 

Apesar do grande trabalho, pessoas de fora da comunidade não ouvem tanto sobre esses projetos e não dão a atenção necessária às bibliotecas comunitárias. É por meio dos membros e colaboradores do próprio espaço, que valorizam e cuidam do ambiente, que há um trabalho de valorização para manter vivo estes lugares de convívio e aprendizado.

A mestranda em Ciências da Computação explica que, em muitos bairros, as bibliotecas comunitárias são os principais, às vezes até único, meios de comunicação comunitária para garantir o acesso às informações de interesse público da própria comunidade. 

“A pandemia, por exemplo, interferiu diretamente na dinâmica de abertura dos espaços físicos das bibliotecas comunitárias, e, na Releitura, foi preciso intensificar as estratégias de utilização do universo digital e foi necessário produzir mais conteúdos de incentivo à leitura literária para manter a relação de afeto e pertencimento.”

Qual a importância das bibliotecas nos dias de hoje?

Não é mais só sobre pegar um livro emprestado, as bibliotecas hoje produzem muito mais que um empréstimo, produzem cultura, arte, participação e integração de uma comunidade. A tecnologia sempre pode existir junto ao físico, com experiências diferentes.

“Assim como quando surgiu a televisão o cinema não se acabou, você vai ter sempre público porque a experiência de ler um livro impresso é diferente de uma experiência de ler um livro no Kindle ou no tablet. As pessoas vão gostar de vivenciar ou um ou outro ou até as duas, eu acho que uma não anula a outra”, é o que acredita Deborah Echeverria.

Contudo, não é só sobre a tecnologia. Pois há, também, aquelas pessoas que não têm acesso ou condições de obter um Kindle, ou internet para baixar os livros digitais em PDF. Manter estes ambientes é garantir o acesso sem restrições, é criar leitores e fortalecer uma comunidade.

“Se você entende que as bibliotecas vão além de um espaço físico para leitura, ou somente um depósito de livros, o que infelizmente acontece em algumas bibliotecas, se consegue vê-las e percebê-las como espaços importantes de convivência, local para trocas e cuidados da população para a população e aprendizagem informacional. Acho que ajuda a entender que mesmo na era digital há espaço para a existência de bibliotecas. Afinal, um dos materiais que lidamos é a informação”, diz Juliana Albuquerque.

Uma prova desse trabalho realizado pelas bibliotecas é a história de Rosângela Maria de Santana, manicure de 51 anos que participa de rodas de conversa promovidas por bibliotecas comunitárias da Rede Releitura. Rosângela afirma que conseguiu passar o interesse pelos livros para a filha desde muito nova.

“A Releitura teve um impacto muito grande para mim, minha família e a minha comunidade. A biblioteca comunitária nos proporciona muitos projetos e ações para diversas famílias, foi através da releitura que eu pude aprimorar meus conhecimentos e aprender mais. A rede de apoio para todos nós dessa comunidade é muito grande, somos gratos e felizes por tudo isso”, afirma a entrevistada.

Promover o acesso às bibliotecas, aos livros e à leitura como direito humano, e contribuir para a formação de leitores é uma das missões que as bibliotecas comunitárias carregam consigo e é com esse objetivo que elas produzem tantos projetos e influências importantes na sociedade de hoje.

Estudo da Stanford University School Medicine revela que o comprimento médio do pênis ereto aumentou 24% em 29 anos, uma tendência observada em todo o mundo. Diante de tendências de dados da saúde reprodutiva masculina que mostram que a qualidade do esperma e os níveis de testosterona diminuíram nas últimas décadas, Michael Eisenberg, médico e professor de Urologia da universidade localizada na Califórnia, nos Estados Unidos, decidiu investigar se a anatomia física do pênis também mudou.

Publicada na revista científica The World Journal of Men's Health na terça-feira (14) passada a pesquisa compilou dados de 75 estudos, que relataram o comprimento do pênis de 55.761 homens.

##RECOMENDA##

"O comprimento do pênis ereto está aumentando, de uma média de 12,1 centímetros para 15,2 centímetros, nos últimos 29 anos", disse Eisenberg, um dos autores do estudo ao Blog Scope, da Stanford University School Medicine, no mesmo dia da publicação do estudo.

Para Eisenberg, o aumento pode ser outro indicador de que as exposições ambientais - como poluentes ambientais ou estilos de vida sedentários crescentes - estão causando mudanças relacionadas à reprodução.

Potenciais implicações para a saúde masculina

Segundo o médico, muitos estudos analisaram amplamente as mudanças na saúde reprodutiva masculina. "Por exemplo, a contagem de esperma e os níveis de testosterona estão diminuindo há muito tempo. Há também taxas mais altas de defeitos congênitos masculinos, como hipospádia, em que a abertura da uretra não fica na ponta do pênis, e criptorquidia, em que os testículos não descem adequadamente. Outra medida que vimos relatada em algumas pesquisas de saúde masculina é o comprimento do pênis, e ninguém deu uma olhada sistemática nisso", afirmou Eisenberg ao Blog Scope.

Diante de tendências vistas em outras medidas da saúde reprodutiva masculina, o médico acreditava que poderia haver um declínio no comprimento do pênis devido às mesmas exposições ambientais. "Conduzimos uma meta-análise na qual examinamos todos os relatórios, até onde sabemos, sobre o comprimento do pênis. Observamos o comprimento flácido, esticado e ereto e criamos um grande banco de dados de medidas. O que descobrimos foi bem diferente das tendências em outras áreas de fertilidade e saúde masculina."

Conforme o pesquisador, o aumento ocorreu em um período de tempo relativamente curto. "Qualquer mudança geral no desenvolvimento é preocupante, porque nosso sistema reprodutivo é uma das peças mais importantes da biologia humana", disse Eisenberg. "Se estamos vendo uma mudança tão rápida, significa que algo poderoso está acontecendo com nossos corpos. Devemos tentar confirmar esses achados e, se confirmados, devemos determinar a causa dessas alterações."

O médico também não descarta que possa haver outros fatores envolvidos. "Como exposição a produtos químicos, como pesticidas ou produtos de higiene, interagindo com nossos sistemas hormonais", afirma ele.

De acordo com Eisenberg, esses produtos químicos desreguladores endócrinos existem no ambiente e na dieta alimentar. "À medida que mudamos a constituição do nosso corpo, isso também afeta nosso ambiente hormonal. A exposição a produtos químicos também foi apontada como uma causa para meninos e meninas entrarem na puberdade mais cedo, o que pode afetar o desenvolvimento genital", afirmou ele em entrevista ao blog.

O próximo passo do estudo será analisar outros perfis de pacientes, como a população pediátrica. "Assim como medimos a altura e o peso todos os anos nos Estados Unidos, isso é outra coisa que podemos medir de maneira sistemática, porque pode se tornar um indicador precoce de mudanças no desenvolvimento humano. Se houver dados granulares sobre fatores de estilo de vida ou exposições ambientais, podemos tentar entender por que isso pode estar acontecendo.", afirmou Eisenberg, que também avalia ser importante verificar se há mudanças semelhantes ocorrendo nos órgãos reprodutivos das mulheres.

Duas pesquisas, envolvendo pesquisadores da Erasmus University Rotterdam, da University of Amsterdam e da Oxford University, publicadas, em dezembro, na revista Nature Communications, do prestigiado grupo Nature, avançaram no estudo da relação da composição de nossa microbiota intestinal - conhecida popularmente por flora intestinal, embora o termo não seja cientificamente correto -, e a depressão. As análises envolveram uma grande amostra de indivíduos (uma delas conta com 2.593 pacientes e a outra, 3.021), provenientes de estudos prospectivos em andamento.

"O trato gastro intestinal é permeado por milhões e milhões de bactérias. Tem mais bactérias dentro de nós do que a contagem total de células do nosso próprio corpo", diz o médico psiquiatra Arthur Danila, coordenador do Programa de Mudança de Hábito e Estilo de Vida do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, sem envolvimento com as pesquisas. Ao conjunto de bactérias que está no intestino se dá o nome de microbiota ou microbioma intestinal.

##RECOMENDA##

A depressão ainda é uma doença bastante incompreendida. A introdução dos antidepressivos foi um divisor de águas na saúde mental da população, mas a administração desses medicamentos não é certeza de melhora de todos os quadros depressivos. Nesse sentido, nos últimos anos - principalmente nas últimas duas décadas -, o eixo intestino-cérebro ganhou destaque.

Quando estamos em um estado saudável (eubiótico), elas convivem harmonicamente em/com nosso intestino. Elas ajudam em nossa digestão, na proteção contra bactérias nocivas e no combate de inflamações, além de auxiliarem na modulação das emoções, como alguns estudos têm demonstrado.

"Acontece que em alguns estados de humor e alguns estados psiquiátricos, essa composição está alterada. A disbiose é igual à distonia, quando alguma coisa está em ‘dis’, é porque está errada, está incômoda, está atrapalhando", explica Arthur Danila. "O estado de disbiose prejudica tanto a digestão dos alimentos que a gente ingere quanto tem uma repercussão em níveis de inflamação, não só do cérebro, mas de todo o corpo."

Ao analisarem amostras fecais e formulários autorrelato de sintomas depressivos, os pesquisadores europeus encontraram associação de 12 gêneros e uma família de bactérias que vivem ali com a depressão. Algumas delas foram encontradas em maior abundância (especificamente, os gêneros Sellimonas, Eggerthella, Lachnoclostridium e Hungataella) nos indivíduos com sintomas de depressão de alto nível, outras, reduzidas (como Coprococcus e Ruminococcaceae (UCG002, UCG003, UCG005), por exemplo).

Essas bactérias são conhecidas por fazerem parte da síntese de glutamato, butirato, serotonina e ácido gama-aminobutírico (GABA), que são "os principais neurotransmissores relevantes para a depressão", de acordo com os cientistas.

Segundo os pesquisadores, a associação com as bactérias foi tão forte quanto outros fatores de risco previamente mapeados para a depressão, como tabagismo e consumo de álcool, por exemplo. "Os resultados do estudo identificaram alvos potenciais para intervenções psicobióticas que justificam uma investigação mais aprofundada e podem impactar positivamente a depressão e o bem-estar em nível individual ou populacional", escreveram, em um dos estudos.

Robustez

Arthur Danila avalia que os estudos não trazem uma grande novidade, mas são muito importantes, ao passo que dão robustez, visto o tamanho amostral das análises, às "hipóteses que já vinham sendo feitas de que a modulação da microbiota intestinal é importante não só por uma questão gastrointestinal, mas também influencia questões emocionais".

Nos próprios artigos, os pesquisadores destacam que as associações com o eixo intestino-cérebro já eram exploradas anteriormente, mas com estudos em animais e, quando em humanos, com amostras pequenas.

Com os dois estudos, no entanto, não é possível cravar que só tratar a microbiota, com o uso de probióticos ("microorganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro", na definição da OMS) ou psicobióticos (probióticos comprovadamente benéficos para a mente humana), resolverá sozinho um caso de depressão. Isso porque o que os pesquisadores encontraram foi uma associação e não uma causalidade, além disso, a depressão é provavelmente multifatorial.

"Probiótico ou psicobiótico não substitui qualquer tratamento em monoterapia. Não dá pra gente dizer hoje que para tratar depressão, toma só o probiótico ou psicobiótico e está tudo bem. A gente não tem o poder de eficácia tamanho pra poder justificar exclusivamente essa conduta. Mas a prescrição de probióticos e psicobióticos pode auxiliar de maneira adjuvante no tratamento da depressão ou da ansiedade, em casos selecionados desde que passando em avaliação médica especializada", explica Danila.

A associação encontrada pelos estudos acende um alerta para importância de manter o corpo em eubiose, e, para isso, a chave está no que comemos. "A dieta mais saudável possível é aquela que oferece as melhores condições para as bactérias boas sobreviverem dentro do intestino e as bactérias ruins caírem fora", resume o psiquiatra Arthur Danila.

"Como garantimos isso? Com uma alimentação saudável baseada predominantemente em vegetais e alimentos integrais, porque eles têm altas taxas de fibras e alimentos, e minimamente ou não processados", completa.

Respirar ar poluído por um longo período aumenta o risco de depressão, apontam dois novos estudos, que se somam às evidências crescentes de um efeito prejudicial da poluição na saúde mental.

A primeira pesquisa, publicada na semana passada na revista Jama Psychiatry, acompanhou cerca de 390.000 pessoas por 11 anos no Reino Unido. Os níveis de poluição a que foram expostas foram estimados segundo a localização de seu domicílio.

Os pesquisadores estudaram as taxas de partículas finas (PM2,5 e PM10), dióxido de nitrogênio (NO2) e óxido nítrico (NO), poluição causada em parte por centrais de combustíveis fósseis e pelo tráfego de veículos. “A exposição a longo prazo a múltiplos contaminantes foi associada a um risco maior de depressão e ansiedade", concluíram os cientistas.

O risco observado é não linear, ou seja, cresce fortemente acima de um nível de concentração relativamente baixo e tende a estagnar depois. “Sabendo que as normas de qualidade do ar de muitos países ainda excedem amplamente as recomendações mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2021, deveriam ser estabelecidas normas ou regulações de poluição mais estritas”, destacaram os autores do estudo.

O segundo estudo, publicado nesta sexta-feira na Jama Network Open, concentrou-se no efeito de partículas finas (PM2,5), dióxido de nitrogênio (NO2) e ozônio (O3) em pessoas com mais de 64 anos. O objetivo era estudar as consequências da poluição atmosférica no desenvolvimento de uma depressão tardia.

Esses trabalhos usaram uma base de dados do Medicare, seguro de saúde pública reservado aos idosos nos Estados Unidos, e estudaram uma população de 8,9 milhões de pessoas, das quais 1,5 milhão sofrem de depressão.

“Observamos associações nocivas estatisticamente significativas entre a exposição a longo prazo a níveis elevados de poluição atmosférica e o aumento do risco de diagnóstico de depressão no fim da vida”, apontaram os pesquisadores. “Indivíduos desfavorecidos socioeconomicamente apresentaram um risco muito maior de depressão na velhice neste estudo”, ressaltaram. “Eles estão expostos tanto ao estresse social quanto às más condições ambientais, incluindo a poluição atmosférica.”

A associação entre poluição e depressão poderia ser explicada pela relação observada entre altas concentrações de poluentes e inflamações cerebrais, segundo os dois estudos. Esses trabalhos "se somam aos elementos cada vez mais numerosos que mostram que deveríamos nos preocupar com os efeitos da poluição na saúde mental", observou Oliver Robinson, professor de neurociências e saúde mental da University College London, que não participou das pesquisas.

No Brasil, reduzir em 1% a parcela da população que vive com renda familiar mensal abaixo de R$ 70 por pessoa significa diminuir o desmatamento em 4%. De outra forma, é dizer que, ao tirar 136 mil pessoas da condição de extrema pobreza, como consequência, deixa-se de perder uma área de 42,7 mil hectares de floresta. Essa é uma das associações destacadas no estudo O Combate à Pobreza Pode Contribuir com o Fim do Desmatamento no Brasil?, do Instituto Escolhas. 

Quando se trata do grupo em situação de pobreza, isto é, que tem renda familiar mensal inferior a R$ 140, a proporção é de 1% de queda para a preservação de 29 mil hectares. Ainda segundo a entidade, garantir carteira assinada a trabalhadores consiste em uma ação de impacto ambiental. Ao se aumentar 1% o índice de emprego formal, há possibilidade de se reduzir o desmatamento em 8,2% (87,6 mil hectares).

##RECOMENDA##

No contexto da Amazônia Legal, os números mudam, embora os efeitos, não. Ao se retirar 35 mil pessoas da extrema pobreza (1%) e 74 mil da pobreza (1%), obtêm-se reduções de áreas de desmatamento de 27 mil e 18,7 mil hectares, respectivamente. Quanto a formalizar 1% de vínculos de trabalho na região, beneficiando 42 mil pessoas, a medida acabaria por recuperar ou proteger um perímetro de 67,2 mil hectares, maior do que a capital catarinense, Florianópolis.

Ao demonstrar os resultados, a pesquisa se propõe a contestar a suposição de que pessoas de baixa renda seriam um dos principais agentes de desmatamento, em troca de seu sustento. Para o instituto, tal afirmação desconsidera "que são muitos e diversos os indivíduos e grupos que promovem a derrubada da vegetação nativa, seja de forma legal ou ilegal".

"Mas esse nevoeiro que se forma em torno do tema não deve impedir a análise sobre a relação entre pobreza e desmatamento no Brasil, que oferece dados preciosos sobre o conjunto das ações necessárias para o combate ao desmatamento. Investigar se as privações econômicas poderiam impactar o desmatamento não é o mesmo que colocar a culpa nos pobres. Muitos estudos já foram realizados nesse sentido. Parte deles identificou que não existe relação unívoca entre pobreza e desmatamento. Em alguns casos, a falta de recursos financeiros leva à proteção das florestas, uma vez que essas populações se organizam com base em economias não conectadas aos mercados consumidores", aponta o estudo.

Outro ponto em destaque é a constatação de que há diferença entre se implementar políticas articuladas. Segundo a equipe de pesquisadores, "ao considerar os efeitos da redução da pobreza e do aumento da oferta de empregos nos municípios vizinhos, a análise espacial mostra que tais políticas públicas sociais devem ser promovidas regionalmente para aumentar o potencial de redução do desmatamento". "Políticas isoladas tendem a ser pouco eficazes, devido à abrangência e conexão dos fatores associados ao desmatamento entre os municípios como, por exemplo, migração da mão de obra." 

Os pesquisadores adotaram o modelo econométrico para desenvolver o estudo. Foram cruzados dados do período de 2012 a 2019, de diversas fontes, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério da Cidadania, Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

As chuvas tomaram conta da primeira segunda-feira (6) de fevereiro em várias partes do Brasil. Apesar do tempo parecido, nem todas as chuvas são iguais e isso é assunto corriqueiro das provas de geografia no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O professor de geografia Hugo Vilela conversou com o LeiaJá e explicou melhor sobre isso.

“As chuvas se formam pela saturação da umidade atmosférica. Ou seja, elas ocorrem quando a umidade do ar fica em níveis muito altos”, define o professor. O mesmo explica que há três tipos de chuvas, as chuvas convectivas, as chuvas frontais e as chuvas orográficas.

##RECOMENDA##

As chuvas frontais, que ocorrem quando duas massas de ar de temperaturas diferentes se encontram, são mais comuns no inverno quando uma massa fria (massa polar atlântica) vindo do sul se encontra com nossa massa quente (tropical atlântica) em algumas áreas do Nordeste

Já as chuvas convectivas acontecem quando a temperatura está muito alta, fazendo com que haja uma elevada evaporação do ar, trazendo assim uma condensação e posterior precipitação.

Por fim, as chuvas orográficas, que ocorrem quando as massas de ar se aproximam de áreas mais elevadas. Hugo também deduz que as chuvas que estão acontecendo no Recife são as orográficas, que quando adentrarem para o interior do estado vão ocasionar chuvas nos relevos de maior altitude.

O professor destaca algumas características que influenciam na formação das chuvas. Entre elas estão a temperatura, umidade do ar, relevo, pressão atmosférica, maritimidade e outros. São estas características que também influenciam os lugares que são mais propícios para um determinado tipo de chuva devido suas particularidades regionais.

“Cada lugar está mais propício a um tipo de chuva ou até mais de um. Claro que pode ocorrer outro tipo que não é tão comum. Bonito, em Pernambuco, recebe muitas chuvas orográficas. O norte do país é uma área de ocorrência de muitas chuvas convectivas. Assim como nossa região, no verão. No inverno, as chuvas frontais ocorrem muito no litoral brasileiro do sul até parte do Nordeste”, exemplifica Hugo Vilela.

Já no Enem, o docente destaca que a prova costuma trazer esse assunto com uma abordagem mais voltada para esse tópico da localidade. “Às vezes aparece um mapa com as respectivas massas de ar de cada região, às vezes fazem relação com agricultura ou impactos ambientais”, explica.

“O Enem gosta muito de fazer relacionamento com a vida cotidiana, aí você vai dizer que o clima está diretamente ligado a rotina das pessoas com suas respectivas características. Então, tem a agricultura de uma região que se desenvolve de acordo com a safra por conta daquelas chuvas daquele tal período. Tem os rios, que sofrem suas cheias e ajudam nas irrigações das margens, também favorecem o cultivo de alguns produtos mais específicos. Você pode lembrar, também, que o período de pesca e de extração vegetal na região Amazônica também se desenvolve de acordo com o clima da região, no período de chuvas”, aponta o professor.

Além disso, o turismo também recebe uma interferência direta do clima no Brasil, é o que explica Hugo Vilela: “Na região Sul, por conta das temperaturas mais baixas no inverno, no meio do ano, recebe mudanças no cotidiano. No Nordeste, no verão, existem mais pessoas vindo para cá por conta das temperaturas altas e do tempo propício para as férias. Enquanto que no inverno existe uma quantidade de chuvas muito alta, dificultando a vinda das pessoas para cá. Então tudo isso é ligado ao cotidiano das pessoas, o clima interfere diretamente nisso.”

“É importante lembrar que as chuvas por si só, não são as únicas responsáveis pelas catástrofes que ocorrem em nossas cidades. Na verdade é um conjunto de fatores, onde na maior parte dos casos tem relação direta com a ação antrópica, como desmatamento, ocupação desordenada, habitação às margens dos rios, etc”, finaliza o docente.

De acordo com quase metade dos jovens na Inglaterra, as meninas "esperam" que as relações sexuais resultem em agressões físicas, segundo um relatório publicado nesta terça-feira (31) sobre o impacto da pornografia em crianças e adolescentes.

O anúncio "põe em evidência a necessidade urgente de proteger as crianças dos prejuízos da pornografia on-line", afirmou Rachel de Souza, comissária para a Infância e também dirigente de um órgão público que protege os direitos das crianças no Reino Unido.

"Me preocupo profundamente com a normalização da violência sexual na pornografia on-line e no papel que ela desempenha na formação da sexualidade e dos relacionamentos das crianças", acrescentou.

Segundo esta pesquisa, realizada com 1.000 adolescentes na Inglaterra entre novembro e janeiro, um em cada 10 jovens havia visto pornografia aos nove anos de idade, e um em cada dois, aos 13 anos.

Antes dos 18, quase oito em cada 10 jovens viram pornografia violenta, envolvendo atos sexuais coercitivos, degradantes, ou dolorosos, observa o relatório, alertando que "os usuários frequentes de pornografia têm maior probabilidade de se envolver em atos sexuais fisicamente agressivos".

A partir destes dados, 47% das pessoas entrevistadas acreditam que as meninas "esperam" que as relações sexuais envolvam agressões físicas. Já 42% acham que a maioria delas "gosta" destes atos.

Quase 40% dos jovens de 16 a 21 anos afirma ter encontrado pornografia nas redes sociais por acidente, porém, metade dos entrevistados (58% meninos e 42% meninas) diz ter buscado por conta própria na Internet.

O Twitter é a principal plataforma citada, com 41%, seguida dos sites pornográficos (37%), Instagram (33%), Snapchat (32%) e buscadores (30%).

Quase um em cada dois jovens de 18 a 21 anos já sofreu algum ato sexual violento definido como agressivo, coercitivo, ou degradante. Segundo o relatório, "as meninas são muito mais propensas a serem vítimas do que os meninos".

"Representações de degradação, coerção sexual, agressão e exploração são comuns e dirigidas de forma desproporcional às adolescentes", alertou De Souza.

"Nunca vou me esquecer de uma menina que me contou do seu primeiro beijo com o namorado, de 12 anos, que a estrangulou. Ele viu em filmes pornográficos e achou que fosse normal", completou.

O uso da cannabis antes do sexo facilita orgasmos múltiplos, mais intensos, sob o efeito da substância. A substância também aumenta a libido e dá mais prazer durante a masturbação, segundo um novo estudo que investigou a relação do consumo de cannabis com o desempenho sexual. O potencial pode facilitar a experiência dos orgasmos múltiplos, pois a ocorrência é “correlacionada com maior satisfação sexual”, de acordo com os pesquisadores. 

O trabalho foi publicado na revista científica Journal of Cannabis Research e coletou dados de 811 participantes, entre 18 e 85 anos, que utilizaram a substância ao menos uma vez. Não houve um padrão entre os participantes.

##RECOMENDA##

“Os resultados demográficos indicam que as pessoas que usam cannabis são de uma ampla gama de idades, de uma variedade de ocupações e têm diferentes preferências de uso de cannabis”, disse.

Com relação à idade, foi destacado que não houve “diferença no funcionamento sexual e nas pontuações da escala de satisfação”. O fato indica que, apesar da idade, os participantes relataram benefícios sexuais do uso de cannabis. 

A maior parte dos voluntários, ou seja, 73,7%, estava em um relacionamento monogâmico, ou seja, tinha relações sexuais apenas com o parceiro. 

Além disso, mais de 70% dos participantes relataram um aumento do desejo sexual e na intensidade do orgamos depois da cannabis. Dos que se masturbavam após o consumo, 62,5% disse que o efeito melhorou o prazer sentido no ato. Destes, 71,9% dos que responderam à pesquisa que a cannabis melhora a sensação na boca, e 71% no toque. Uma das explicações dos pesquisadores é de que “aqueles que usam cannabis relatam estar mais relaxados, seja mental ou fisicamente, o que melhoraria o funcionamento e o prazer sexual em geral”. 

Os que utilizavam a substância de modo intencional para melhorar o sexo tiveram “pontuações significativamente mais altas na escala” que media a satisfação, em comparação com os que também tiveram benefícios, mas de modo não intencional, disse o estudo. 

“Esses resultados podem ser devido à mentalidade de que o uso de cannabis aumentará o prazer devido às noções afrodisíacas da cannabis, em vez de um verdadeiro efeito fisiológico”, pontuaram. 

Os efeitos positivos foram observados em ambos os sexos, mas de forma mais significativa entre as mulheres. Por isso, os cientistas escrevem que “as implicações médicas deste estudo incluem o possível uso de cannabis para tratar disfunções sexuais”. 

“Mulheres com vaginismo (ou seja, relação sexual dolorosa) podem se beneficiar do relaxamento muscular e aumento do funcionamento sexual resultante do uso de cannabis, enquanto mulheres com diminuição do desejo também podem ver possíveis benefícios”, destacou. 

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando