Após 23 anos, o acusado de matar a ex-mulher, Maristela Just em 1989, foi preso na manhã desta segunda-feira pelo Grupo de Operações Especiais (GOE). José Ramos Lopes Neto já havia sido preso pelo crime, mas só cumpriu um ano de prisão, sendo solto em seguida por um habeas corpus. Maristela foi morta na frente dos filhos do casal com três tiros, em 4 de abril de 1989, quando tinha 25 anos.
José Ramos estava foragido desde sua condenação em junho de 2010, e foi preso na casa de sua atual mulher e dos dois filhos no bairro do Espinheiro, Zona Norte do Recife. Segundo o delegado do GOE, Claudio Castro, todas as denúncias feitas através do Disk Denúncia foram checadas e com isso foi possível rastrear todos os lugares por onde o foragido passou. José teria voltado para Pernambuco no final de Setembro e desde então vivia recluso no apartamento de sua mulher. Ele teria passado pelo Piauí, Maranhão, Paraguai e por último e onde permaneceu mais tempo, no Mato Grosso do Sul. “Fazia algum tempo que nós já havíamos determinado alguns possíveis pontos onde o acusado poderia estar inclusive à residência onde ele foi preso hoje, mas só chegamos a ir ao local depois de ter 100% de certeza de que José estaria nele”, declarou Claudio.
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De acordo com o Secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, a prisão de José foi importante para o estado mesmo depois de tanto tempo após o crime. “A prisão foi de suma importância principalmente por conta desse trabalho que a gente vem fazendo no combate a violência de gênero, especificamente a violência contra mulher. Essa questão era prioridade para a Secretaria de Defesa Social como também era para o governo do estado de Pernambuco”, declarou. Ainda segundo o secretário, o governador do estado, Eduardo Campos, teria feito o pedido de atenção assim que Damázio assumiu a Secretaria de Defesa Social (SDS). “Dentre outros trabalhos prioritários, esse figurava em primeiro lugar, em razão da forma com que o crime foi praticado, da impunidade do assassino”, ressaltou Wilson.
A SDS chegou a procurar a Polícia Federal dos Estados Unidos, FBI, para verificar se José Ramos estaria no país, uma vez que ele possui família residindo no local. A foto dele também divulgada na Polícia Internacional (Interpol) e cartazes com a foto do acusado foram espalhados por terminais aéreos e rodoviários em diversos locais do país.
Para a família de Maristela, a prisão de José não foi motivo de alegria, apenas representou a justiça. “Estamos um pouco mais aliviados, mas o sentimento da família não é um sentimento de comemoração e sim um sentimento de justiça. A justiça foi feita e era algo que muitas vezes chegou a ser duvidada”, declarou Deyse Magalhães, prima de Maristela.
Ainda segundo Deyse, o comportamento de José sempre foi muito agressivo e ele chegou a ameaçar Maristela de morte diversas vezes. “Ele era muito ciumento e agressivo, chegava a ficar esperando Maristela na faculdade e a ameaçava de morte sempre”, informou. “Sempre tive muito medo, porque alguém que sempre dizia que ia matar, um dia mataria”, acrescentou.
Diferente da tia, Deyse, a filha de Maristela, Natália, que chegou a ser ferida pelo pai no dia do crime, ficou surpresa com a prisão do pai pois não acreditava que ele pudesse vir a ser preso depois de tantos anos. “É uma mistura de muita coisa, acredito que agora se fecha um ciclo. Essa é uma vitória para a sociedade. Isso não irá trazer minha mãe de volta, mas com certeza foi feito justiça”, comentou Natália por telefone, de São Paulo, onde mora com o irmão, Zaldo.
José Ramos foi encaminhado para o Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima e fica aguardando a transferência para uma unidade prisional ainda não definida.