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No ranking das dez piores ligações rodoviárias do País, boa parte das estradas está situada em regiões agrícolas, dificultando o escoamento das safras e o trânsito da produção. O levantamento consta na 21ª Pesquisa CNT de Rodovias, feito pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em parceria com o Sest/Senat. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 26, no site da CNT.

Para esta edição, referente ao ano de 2017, foram percorridos 105.814 km de estradas, representando um aumento de 2,5% em relação à extensão pesquisada no ano anterior, sendo que o País tem 212.866 km de rodovias pavimentadas, contrapondo-se a 1,365 milhão de km de rodovias não pavimentadas, conforme o Sistema Nacional de Viação (SNV).

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Três variáveis foram levadas em conta: pavimento, sinalização e geometria da via. "Enquanto as 10 melhores ligações rodoviárias estão localizadas no Estado de São Paulo e são concessionárias, as 10 piores estão sob gestão pública e localizam-se, na sua maioria, no Norte e no Nordeste", diz a nota da CNT.

Veja o ranking abaixo das dez piores ligações rodoviárias no Brasil:

1. Trecho entre Natividade (TO) e Barreiras (BA): BA-460, BA-460/BR-242, TO-040 e TO-280 - a classificação geral da ligação rodoviária foi "péssimo".

2. Trecho entre Marabá (PA) e Dom Eliseu (PA): BR-222 - a ligação recebeu classificação geral "ruim".

3. Trecho entre Jataí (GO) e Piranhas (GO): BR-158 - trecho com classificação "ruim".

4. Trecho entre Marabá (PA) e Wanderlândia (TO): BR-153, BR-230 e PA-153/BR-153 - classificação geral "ruim".

5. Trecho entre Rio Verde (GO) e Iporá (GO): GO-174 - trecho considerado "ruim".

6. Trecho entre Belém (PA) e Guaraí (TO): BR-222, PA-150, PA-151, PA-252, PA-287,PA-447, PA-475, PA-483 E TO-336 - classificação geral "ruim".

7. Trecho entre Teresina (PI) e Barreiras (BA): BR-020, BR-135, BR-235, BR-343, PI-140,PI-141/BR-324 e PI-361 - classificação geral "ruim".

8. Trecho entre Barracão (PR) e Cascavel (PR): BR-163, PR-163/BR-163, PR-182/BR-163 e PR-582/BR-163 - classificação geral "regular".

9. Trecho entre Brasília (DF) e Palmas (TO): BR-010, DF-345/BR-010, GO-118, GO-118/BR-010, TO-010, TO-050, TO-050/BR-010 e TO-342 - classificação considerada "regular".

10. Trecho entre Florianópolis (SC) e Lages (SC): BR-282 - classificação geral "regular".

A arrecadação em baixa e o orçamento apertado fizeram os prefeitos voltarem os olhos para a cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) dos aeroportos concedidos à iniciativa privada.

Em Guarulhos, onde fica o maior terminal do País, a prefeitura concluiu o cadastramento de terrenos e prédios e vai enviar os boletos de cobrança do tributo à concessionária. Para especialistas, com a alta de custo, as tarifas cobradas ao consumidor podem subir.

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A Prefeitura de Guarulhos e a Câmara Municipal de Campinas, cidade onde fica o aeroporto de Viracopos, foram as primeiras a se movimentarem pela cobrança de IPTU das concessionárias dos terminais. Em Campinas, o cadastramento da área ocupada por Viracopos deve ser concluído em seis meses. A área territorial do aeroporto de Guarulhos é de 7,8 milhões de metros quadrados.

A área predial, de 828, 9 mil m², foi dividida em 65 inscrições imobiliárias. Até 2012, como o aeroporto era administrado pela Infraero, havia isenção do imposto para a União. Com o início da concessão, a dispensa do tributo começou a ser questionada.O que despertou a iniciativa foi uma decisão recente da Justiça, que revisou a cobrança de IPTU em áreas concedidas para empresas privadas que obtêm lucro.

Segundo a Prefeitura de Guarulhos, já foi feito o lançamento do IPTU da área do aeroporto para o exercício de 2018 e serão feitos os lançamentos retroativos aos últimos cinco anos, desde o início da concessão. A prefeitura não divulga quanto será cobrado, mas estimativas apontam que o valor retroativo devido pela concessionária poderia chegar a R$ 100 milhões, em toda a área do aeroporto, não apenas nas de uso comercial.

Para João Agripino Maia, da Veirano Advogados, ainda é cedo para avaliar o impacto da cobrança de IPTU nas contas das concessionárias. "A melhor definição de um aeroporto é que ele se parece com uma grande cidade. Lá dentro tem poder público e iniciativa privada. Como a decisão do STF foi focada na exploração de atividade comercial, a cobrança de IPTU das concessionárias deverá gerar um tremendo ajuste fino nessa decisão do Supremo."

O professor de economia do Ibmec-Rio Ricardo Macedo lembra que, como a cobrança de IPTU não estava prevista em contrato, além de rever a taxa de embarque, a concessionária pode ser obrigada a repassar o custo para os donos de estabelecimentos, administradores de estacionamento e as demais empresas que prestam serviços nos aeroportos.

"A conta vai acabar na mão do consumidor." Ele avalia que, caso Guarulhos consiga receber o IPTU, mesmo que apenas das áreas comerciais do aeroporto, a tendência é que outros municípios sigam o mesmo caminho. Em nota, a GRU Airport diz que o imóvel onde se localiza o aeroporto é um bem público, de propriedade da União Federal. A empresa, portanto, entende que o imóvel, que recebeu para prestação de serviço público federal, não está sujeito ao pagamento de IPTU.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A velocidade das ferrovias brasileiras caiu tanto nos últimos anos que hoje um maratonista olímpico conseguiria superar os trens que circulam em vários trechos da malha nacional.

Em alguns casos, as locomotivas e vagões andam, em média, a menos de dez quilômetros por hora (km/h) - número menor que os indicadores de 2001, quando as estatísticas começaram a ser levantadas. A melhor marca nacional, em torno de 27 km/h, está bem abaixo da registrada nos Estados Unidos, por exemplo, onde os trens circulam a 45 km/h.

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Privatizadas há 20 anos e prestes a terem os contratos renovados antecipadamente, essas estradas de ferro enfrentam uma série de gargalos, que atrapalham a produtividade do transporte nacional - hoje altamente dependente das rodovias.

A origem do problema tem várias vertentes. Começa com a morosidade e a incapacidade do governo de resolver conflitos de sua competência no setor; passa pela falta de investimentos adequados nas vias; e termina na saturação de alguns trechos, com o aumento de carga movimentada. O resultado se reflete na curva de velocidade. Dados do Anuário Estatístico da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) mostram que de 2001 até 2016, a queda da velocidade dos trens variou de 5% e 76% (ver gráfico). Apenas uma - a MRS - conseguiu melhorar o indicador.

Nesse período de 16 anos, muita coisa aconteceu no setor. Em meados dos anos 2000, depois de investimentos pesados em locomotivas e vagões e algumas melhorias na via, as empresas conseguiram melhorar a velocidade, mas a partir de 2010 os números entraram num movimento de declínio. "De modo geral, não há um fator que explique a queda de todas as ferrovias. Cada uma tem sua especificidade", explica o presidente da consultoria Inter.B, Claudio Frischtak.

Ele usa como exemplo o caso da Estrada de Ferro Carajás que passou por uma grande obra de duplicação, o que pode ter influenciado na velocidade. Considerada uma das mais eficientes do País, a ferrovia tinha velocidade média de 24,07 km/h em 2016 ante 33 km/h em 2001.

A Vale, empresa que administra a estrada, afirma que a queda foi decorrente do aumento da produção, que significa maior quantidade de trens ao longo da linha férrea. Frischtak cita também a situação da ALL. A empresa, que detinha a maior malha ferroviária do País, foi comprada em 2012 pelo grupo Cosan e passou a se chamar Rumo.

De lá para cá, a nova proprietária da malha ferroviária conseguiu alguns avanços na velocidade, mas em 2016 voltou a cair. Comparados a 2001, todos os trechos da empresa registraram queda. A Rumo afirma que composições mais compridas e vagões com maior capacidade de carga passaram a ser usados após a compra. Desde então já foram investidos R$ 1,8 bilhão na aquisição de 150 locomotivas e de 2,7 mil vagões.

"Com trens maiores e mais pesados circulando pela malha, a velocidade naturalmente diminuiu", afirma a empresa, em nota.

Eficiência. As concessionárias não gostam de relacionar velocidade à produtividade, embora especialistas afirmem que esse é um indicador de eficiência. "Temos uma malha centenária com declives e aclives, que limitam a operação; nem com os melhores materiais (trens e vagões) se consegue melhorar a velocidade", afirma o diretor executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Fernando Simões Paes.

Na avaliação dele, uma das principais explicações para a redução da velocidade é o aumento do volume transportado. Ninguém nega que houve melhoras no sistema ferroviário desde a privatização. Um número maior de empresas passou a ser atendido pelos trilhos, que hoje respondem por 25% da matriz de transporte - participação considerada baixa.

Mas especialistas entendem que muita coisa precisa mudar para que as ferrovias ganhem mais participação na matriz nacional. O governo entende que para compreender melhor as causas da queda na velocidade precisa fazer um estudo aprofundado, o que ainda não está nos planos da ANTT, que fiscaliza o setor.

O superintendente do órgão, Alexandre Porto, afirma que a velocidade é resultado de um conjunto de fatores, como a qualidade da via e o aumento do tráfego. Além disso, o crescimento desordenado das grandes cidades espremeu as ferrovias, o que tem impacto na velocidade. "Toda a malha nacional, construída num período de baixa urbanização, tem muitas passagens de nível (para permitir que carros e pessoas atravessem os trilhos)", afirma o professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O superintendente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Alexandre Porto, afirma que a renovação das concessões de ferrovias deve corrigir algumas falhas dos contratos anteriores.

Além de estabelecer níveis de qualidade de serviço, a expectativa é ter multas mais razoáveis, caso o concessionário não cumpra as obrigações. Hoje, dizem especialistas, as multas baixas não estimulam o cumprimento do contrato.

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Além disso, os novos contratos devem prever investimentos bilionários exatamente para eliminar esses gargalos. "A solução para o problema da baixa velocidade dos trens são investimentos em contornos ferroviários", afirma o professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende.

Segundo ele, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tentou reduzir o problema incluindo alguns projetos, mas foi pouco diante dos gargalos. Porto cita como exemplo os contornos de Araraquara (SP) e Barra Mansa (RJ) como investimentos feitos para melhorar a operação.

Há ainda, segundo Resende, uma questão técnica, que é o tamanho da bitola (largura entre um trilho e outro) de 1 metro e 1,6 metro. Isso exige locomotivas de tamanhos diferentes. Algumas ferrovias têm um terceiro trilho para resolver o problema. "Mas há situações em que isso não resolve, pois os túneis não foram preparados para isso. Ou seja, não cabe uma locomotiva maior.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo modificou regras para transferência de recursos da União por meio de convênios e contratos de repasse com o objetivo de acelerar a execução de obras e retomar projetos parados. Haverá a redução dos valores adiantados pela União no início de cada convênio, o que vai impedir que recursos fiquem parados nas contas de Estados e municípios e aumentar a disponibilidade para a União. Também foi facilitada a fiscalização de obras de menor porte, de valores abaixo de R$ 750 mil, e aumentado o controle via internet.

As novas regras foram publicadas no Diário Oficial da União de ontem. O valor que a União repassa antes do início da obras caiu de 50% para 20% e o adiantamento só será feito após a homologação da licitação. Em 2015, o valor parado nas contas dos entes por mais de 180 dias chegou a R$ 4 bilhões. "Havia um empoçamento de recursos da União em contas de Estados e municípios. Muitas vezes a obra tinha problemas de projeto ou faltava licenciamento ambiental e o dinheiro ficava parado até que isso fosse resolvido", disse ao Estado o diretor de Programas do Ministério do Planejamento, Rodrigo Cota. "A medida vai aliviar a pressão sobre o Tesouro Nacional e não faltarão recursos para os entes."

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Os novos contratos vão prever ainda que o dinheiro será devolvido à União se ficar parado por mais de 180 dias na conta e que Estados e municípios não poderão se apropriar de juros incidentes sobre o montante. "São incentivos para que o dinheiro não fique parado."

Outra mudança é que obras de engenharia não poderão ser feitas via convênio, apenas por contrato de repasse, em que há o intermédio de um banco oficial. Isso aumentará a fiscalização dessas obras, já que a instituição financeira será responsável pela fiscalização dos convênios. A ideia é que bancos como a Caixa Econômica Federal, por exemplo, têm maior capilaridade do que os ministérios setoriais e estrutura para fiscalizar a execução dos contratos.

Acesso

Com relação às mudanças na fiscalização, será exigida a publicação de documentos em sistemas de controle informatizados, o que facilitará o acesso a órgãos de controles e à população em geral. As fiscalizações presenciais em projetos abaixo de R$ 750 mil, porém, serão reduzidas de até 13 visitas para duas. Além disso, nesses casos, os recursos poderão ser pagos antes dessa fiscalização. Hoje, a cada etapa, há uma visita do fiscal e só depois é feito o pagamento o que, de acordo com o Planejamento, faz com que muitas obras sejam paralisadas à espera da fiscalização.

Cota explica que a União irá verificar ao final da obra se os requisitos foram cumpridos e poderá suspender pagamentos. Ele nega que a mudança irá enfraquecer a fiscalização e abrir espaço para fraudes. "Não vai afrouxar a fiscalização, vai racionalizar. Teremos outra sistemática de fiscalização que vai dar o mesmo resultado, com menos custos para o governo e melhor resultado para a sociedade", acrescentou. Ele ressalta que a portaria foi assinada pelo Ministério da Transparência e passou pelo crivo do Tribunal de Contas da União (TCU).

Serão proibidos ainda em convênios dessa faixa aditivos contratuais por falhas de projetos, o que vai demandar maior qualidade desses instrumentos e coibir fraudes. Só serão feitos aditivos se ficar provado que o problema encontrado não poderia ser previsto na fase de projeto.

Para projetos de maior valor, foi instituída a visita de fiscais antes do início da obra e mantida a exigência de fiscalização antes de cada etapa de pagamento.

Também está vedada a realização de convênios para pagar servidores públicos e despesas com publicidade e também utilizar, ainda que em caráter emergencial, os recursos para finalidade diversa da estabelecida no instrumento firmado.

Está prevista ainda a obrigação de que o celebrante do convênio comprove regularidade no pagamento de tributos e contribuições previdenciárias e também quanto a contribuições ao FGTS.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O dinheiro para financiar projetos de infraestrutura no mercado internacional deve ficar mais disputado a partir de 2017, por causa dos planos de investimento prometidos pelo novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que quer investir US$ 1 trilhão na área. O Reino Unido também promete dar reforço extra a projetos no segmento. A investida dos países desenvolvidos ocorre ao mesmo tempo em que o Brasil tenta atrair estrangeiros para projetos de concessões. Gestores avaliam que o País segue atrativo, mas mostram cautela com a nova crise política, que pode fazer investidores adiarem decisões de aportes.

Analistas e gestores ressaltam que o investidor de infraestrutura é de longo prazo e procura sempre os projetos mais rentáveis ao redor do mundo, além de garantia de estabilidade política, de regras e segurança jurídica.

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Portanto, o avanço na agenda de reformas do presidente Michel Temer - principalmente o ajuste fiscal - é essencial para atrair esse capital, de forma que possibilite uma trajetória mais sustentável de expansão da dívida pública e permita outras reformas, incluindo microeconômicas, para melhorar o ambiente de negócios no País, ainda muito mal avaliado no ranking de facilidade de negócios do Banco Mundial.

Ao mesmo tempo, alguns especialistas minimizam o risco de concorrência direta do Brasil com recursos que financiariam projetos nos EUA e na Europa. A China, por exemplo, vem demonstrando interesse em investir no Brasil e deve seguir sendo um dos principais interessados nos próximos leilões de concessão. O Brasil também tem atraído investidores europeus, sobretudo espanhóis, que vem reforçando a intenção de aportar recursos no País.

Em viagens recentes com investidores em Nova York, os ministros do Planejamento, Dyogo Oliveira, e da Fazenda, Henrique Meirelles, reafirmaram, em locais como o Bank of America, Goldman Sachs, Morgan Stanley e na gestora BlackRock, o compromisso do governo com a estabilidade de regras e o cumprimento de contratos. Outro ponto destacado nas conversas é que nos novos projetos de concessão, o objetivo vai ser reforçar a competição e, portanto, será o mercado, e não o governo, que vai determinar as taxas de retorno.

Interesse

Na Europa, antes da mais nova crise política no Brasil, o primeiro escalão do governo visitou cidades como Londres para "vender" a potenciais investidores projetos de infraestrutura.

Capitaneada pelo secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimento (PPI), Wellington Moreira Franco, a comitiva participou de encontros com o governo e investidores, concedeu entrevistas à imprensa local para mostrar a "nova cara do Brasil" e conduziu palestras sobre as oportunidades e privatizações no País.

Apresentando números negativos da economia doméstica e atribuindo-os ao governo anterior, de Dilma Rousseff, os ministros afirmaram aos investidores que querem aumentar o volume de contratações e a aposta na retomada será por meio de projetos de logística e de áreas afins.

Alguns presentes nos eventos declararam ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que a perspectiva de retomada da economia doméstica entusiasma investimentos no setor produtivo, principalmente com a perspectiva de redução da taxa de juros, ainda em dois dígitos. Esses depoimentos, no entanto, foram sempre seguidos de uma dose de cautela com as incertezas sobre a política doméstica e seus impactos sobre a economia.

Instabilidade

Para o diretor de investimento da gestora Standard Life Investments, que administra US$ 360 bilhões, Nicolas Jaquier, a instabilidade política preocupa no curto prazo no Brasil, mas o País está conseguindo dar passos "encorajadores" para melhorar a situação fiscal e evitar a quebra do governo, como a recente aprovação nos dois turnos no Senado da proposta de emenda à Constituição (PEC) que estabelece um teto para o aumento do gasto público, o que é um bom sinal para o investidor estrangeiro.

O economista-chefe do banco PNC Financial, Stuart Hoffman, ressalta em um relatório a investidores o temor de piora do quadro político do País em 2017, com Temer passando por problemas semelhantes aos enfrentados por Dilma Rousseff.

Vários dos ministros do peemedebista foram acusados de recebimento de propina e a delação da Odebrecht pode provocar mais instabilidade nos próximos meses. Embora o investidor de infraestrutura tenha perfil de longo prazo, a instabilidade política no curto prazo pode fazê-lo adiar decisões de gastos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Ano após ano, promessas da gestão pública do Recife se arrastam como se um calendário próprio e flexível regesse as ações voltadas à população. Nessa esteira em câmera lenta, uma das principais obras urbanas para a capital não tem sequer previsão de início dos trabalhos. O projeto de embutimento da fiação da rede elétrica e de telefonia está longe de se tornar realidade. 

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A espera pela boa vontade política é desde 2013. Naquele ano, o vereador Augusto Carreras propôs o projeto de lei 99/2013, com a meta de embutir toda a fiação urbana num prazo estabelecido de dois anos. Em 13 de janeiro de 2014, a Lei 17.984 foi sancionada pelo prefeito Geraldo Julio, mas com um veto específico no segundo artigo do projeto inicial: o prazo de dois anos. No documento, o prefeito entende que "o prazo estabelecido para o término das obras compromete o desempenho do projeto".

Janeiro de 2014, a lei é sancionada. Apenas em dezembro de 2015 (quase dois anos depois), o decreto 29.335 regulamenta o documento e prevê a criação da Comissão Técnica de Embutimento de Redes (CTER). Em palavras mais simples: a prefeitura determina que uma equipe deve ser formada para elaborar projetos, estudos, custos financeiros e outras atribuições sobre o embutimento da fiação. 

De acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Urbanos do Recife, os "integrantes da comissão serão indicados pelas Secretarias e órgãos diretamente envolvidos com o projeto", como a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) e a Empresa de Urbanização do Recife (URB). Faz quase um ano da publicação do decreto. Nada caminhou desde então. 

Sem prazos e sem recursos

Em nota oficial encaminhada ao Portal LeiaJá, a Secretaria de Infraestrutura deixa claro em qual ritmo está o projeto. "A Comissão terá, ainda, a prerrogativa de convocar ou convidar representantes de outras instituições. Somente a partir da instalação da Comissão e posse dos indicados será divulgado um cronograma de trabalho". 

Habitual nas recentes respostas do poder público do Recife sobre obras atrasadas ou que nem saíram do papel, a falta de recursos é apontada como empecilho. "O programa para Embutimento da Fiação está aguardando a abertura de novos editais federais para a captação de recursos financeiros destinados à elaboração e execução do projeto", esclarece a Secretaria de Infraestrutura.  

Pensar a cidade e evitar imediatismos

Como planejar obras de impactos permanentes se, de dois em dois anos, processos eleitorais municipais e estaduais transferem prioridades públicas para outros fins? Para a arquiteta Clarissa Duarte, professora da Universidade Católica de Pernambuco, enquanto houver uma cultura urbana imediatista e desintegrada, a cidade pouco ou nada evoluirá. 

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"Se começássemos hoje, no melhor dos cenários, o processo de embutimento de toda a fiação urbana do Recife levaria muitas, muitas décadas para ser concluído. É preciso ter uma lógica de planejamento na cultura urbana. Não um planejamento de maquiagem". 

Ao falar de fiação urbana, a especialista lembra ser necessário discutir a situação das calçadas e da iluminação na cidade. Fios emaranhados, postes instalados de qualquer forma, vegetação degradada. Há conforto e segurança aos pedestres? "Nesse debate não tem se falado sobre iluminação solar. É inadmissível pensar no Recife do futuro sem levar em consideração a iluminação solar. Elimina o cabeamento, a manutenção é inferior, além dos benefícios ambiental e econômico", acentua Clarissa Duarte. 

Em um primeiro passo, a arquiteta vê como fundamental a identificação de rotas estratégicas, para as quais o projeto de embutimento deve dar prioridade. "É preciso pensar no pedestre e no patrimônio. Identificar vias de maior fluxo de pessoas e que também tenham importância em relação à qualidade paisagística do patrimônio da cidade. Não adianta pensar o projeto se não for de forma integrada". 

Salvar

O Google e Facebook estão se unindo para construir um cabo submarino ultrarrápido que vai ligar Los Angeles (EUA) a Hong Kong (China) a uma velocidade média de 120 terabits por segundo. A estrutura também será uma das mais longas do mundo com 12,8 mil km, e deve ficar pronta em 2018.

O Google sustenta que se tornará o sistema de cabo com maior capacidade disponível para atravessar o Oceano Pacífico, permitindo realizar simultaneamente 80 milhões de videoconferências de alta definição. O A infraestrutura, chamada Pacific Light Cable Network (PLCN), começará a ser construída ainda neste ano.

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"Com o crescente número de pessoas que utilizam os aplicativos e serviços do Facebook na região, o PLNC ajudará a conectar melhor Ásia e nossos centros de dados nos Estados Unidos", argumentou o Google, em comunicado. A quantia dos investimentos planejados não foi informada.

Este não é o primeiro investimento das companhias de internet na área. O Google, por exemplo, já investiu somas consideráveis de dinheiro neste tipo de infraestrutura. Um de seus projetos começou a funcionar neste ano e oferece internet de alta velocidade entre EUA e Japão.

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O governo federal já começou a buscar entre empresários estrangeiros interessados em investir em infraestrutura para fazer deslanchar o programa de concessões. O primeiro encontro reuniu cerca de 70 empresários brasileiros e italianos na última semana. O próximo deve ser com os espanhóis.

Os empresários italianos representaram 23 grandes grupos das áreas de engenharia e construção, finanças, concessões rodoviárias e ferroviárias, além de fabricantes de equipamentos. Do Brasil, participaram executivos de 16 médias empresas, especialmente focadas nas áreas de construção e engenharia.

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No evento, empresários dos dois países avaliaram pilares do ambiente regulatório de concessões e possibilidades de constituir novos consórcios, no âmbito do Projeto Crescer, lançado neste mês.

O encontro teve a participação do ministro interino do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira, do secretário do Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco, do presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, e do Presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins.

Moreira Franco afirmou que as principais diretrizes das concessões podem trazer novos investimentos para infraestrutura. Ele citou a segurança jurídica dos contratos, o fortalecimento das agências reguladoras, a qualidade técnica e abrangência internacional dos editais, prazos adequados para as concorrências, aprovação prévia da viabilidade ambiental dos projetos, além de regras que proporcionem o equilíbrio técnico e financeiro dos contratos.

"Vemos que as empresas que participam das concessões, em todas as áreas, são basicamente as mesmas. Queremos que existam possibilidades reais para todos os agentes, com muita transparência", disse Moreira Franco. "As empresas - sejam pequenas, médias ou grandes, brasileiras ou estrangeiras, precisam ter acesso às informações, aos dados, aos endereços onde as decisões são tomadas. Assim podem se sentir seguras em fazer o investimento", completou.

As agendas entre empresários brasileiros e estrangeiros têm como objetivo reunir, de um lado, o conhecimento que as companhias brasileiras têm do ambiente de negócios no Brasil, e a capacidade delas para atuar em todo o território nacional. Do lado gringo, a ideia é trazer grandes grupos com abrangência multinacional, governança, disponibilidade de capital e experiência nas áreas de concessões e parcerias público privadas.

Paulo Caffarelli, presidente do BB, destacou a amplitude do "cardápio" brasileiro de obras de infraestrutura a serem realizadas, e ressaltou que a possibilidade de se criar novos consórcios reacende o ambiente concorrencial, estimula os investidores privados e lança definitivamente as bases para o esperado fortalecimento do mercado brasileiro de capitais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os candidatos a prefeito do Recife do DEM, Priscila Krause, e do PV, Carlos Augusto, criticaram a falta de planejamento da atual gestão da Prefeitura do Recife ara o desenvolvimento da cidade. A postura dos dois foi exposta durante um debate, na manhã desta quarta-feira (24), promovido pelo Sindicato de Arquitetos e Engenheiros de Pernambuco e pelo Clube de Engenharia de Pernambuco, no plenarinho da Câmara dos Vereadores.

A discussão girou em torno de temas que norteiam a infraestrutura do município, entre subitens como mobilidade, meio ambiente, planejamento urbano, moradia e gestão.

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Primeiro a discursar, Carlos Augusto iniciou condenando o comprometimento da administração municipal com os cargos comissionados e as funções gratificadas, segundo ele, isso tem ampliado as despesas, reduzido os investimentos e prejudicado o bom andamento da gestão. Para o verde, caso haja maior racionalização nos gastos públicos, a economia pode chegar a render R$ 400 milhões ao ano, incluindo a recuperação de R$ 100 milhões ao ano da dívida ativa do município.

Citando os subitens propostos pelo seguimento, Carlos Augusto citou a falta de acesso ao saneamento, o déficit habitacional, a poluição dos rios e a "ineficácia" do Estatuto da Metrópole e do Plano de Mobilidade. "É urgente a necessidade de rever a forma de planejar. Tem que respeitar as pessoas, o meio ambiente, a memória e a cultura", argumentou. Segundo o candidato, "tem que planejar bem para não construirmos elefantes brancos".

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Corroborando com a necessidade de reduzir a máquina para ampliar a capacidade de investimento da PCR, Krause disse que "a gente não tem gestão". "É preciso pensar o Recife não apenas como uma cidade, mas com um planejamento metropolitano que atinja o espaço onde realmente a cidade acontece", destacou. Para modificar o quadro atual, ela adiantou alguns eixos que deve apresentar nesta quinta-feira (25) com o programa de governo e propôs que em 2017 a administração seja dedicada a rever o Plano e o Estatuto.

Além disso, Krause também afirmou que pretende criar um comitê para avaliar periodicamente os gastos da gestão e redividir a cidade, criando uma nova fronteira de expansão e cuidando das áreas verdes. 

O debate, que teve um público pequeno, também estava na agenda do candidato Daniel Coelho (PSDB) para esta quarta, mas ele não compareceu. Na mesa, a ausência, entretanto, era do postulante João Paulo (PT). O presidente do Clube de Engenharia, Alexandre Santos, disse que na realidade o tucano é esperado para o debate na próxima segunda-feira (29).

 

A proximidade das eleições e a avalanche de promessas tradicionalmente expostas no período trazem à tona uma discussão mais ampla sobre os principais problemas das cidades. Além disso, também reascende a esperança da população por debates eleitorais palpáveis e com soluções aos principais percalços dos municípios. Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) no Recife e em mais quatro cidades da Região Metropolitana (RMR) – Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista e Cabo de Santo Agostinho – revelou que segurança, saúde e questões ligadas à infraestrutura formam um tripé dos assuntos mais criticados entre os eleitores. 

De acordo com a amostra, encomendada pelo Portal LeiaJá em parceria com o Jornal do Commercio, a segurança é assunto mais crítico (41,9%). Os constantes registros de assaltos e o desfalque nas políticas públicas direcionadas a área, como a redução dos resultados positivos do programa Pacto Pela Vida, podem ser considerados como fatores primordiais para as queixas da população.

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"Os números mostram claramente que o problema de segurança pública é uma agenda, inclusive dos prefeitos. Os candidatos tem que colocar isso em pauta na campanha eleitoral", salientou o cientista político e coordenador do IPMN, Adriano Oliveira, lembrando que constitucionalmente o quesito é atribuição dos estados.

O segundo tema com maior foco é a saúde (12,7%), seguida por saneamento básico (12,6%), buracos nas vias e calçadas (10,6%), limpeza (3,2%), falta de água (2,1%), iluminação (1,7%), alagamento (1,3%), trânsito (1,2%) e acessibilidade (1,3%) – todas relativas à infraestrutura.

Reflexo: eleitores querem verdade e boas promessas

Para solucionar as problemáticas, os eleitores esperam que durante a campanha deste ano os candidatos apresentem propostas contundentes e que expressem a verdade. Dados do IPMN dão conta de que 81,4% dos entrevistados já não acreditam nas promessas firmadas pelos políticos nos palanques. Isto acontece porque eles consideram os políticos corruptos (62%) e irresponsáveis (3,2%). 

Aferindo a confiança dos eleitores com os políticos, o recorte feito pelo IPMN aponta que 88,7% dos entrevistados não confiam na classe e apenas 9,6% sinalizam positivamente. Quando a pergunta é se os “políticos calçam 40”, fazendo referência se todos são corruptos, 62,9% dizem que sim e 30,3% não.

Apesar disso, 25,6% dos entrevistados querem ouvir a verdade dos postulantes e 25,3% esperam boas promessas.  Outros 5,6% desejam que os candidatos exponham que vão cumprir as promessas e 5,4% que vão cuidar da segurança. 

O cenário, sob a ótica de Oliveira, traz um alerta aos candidatos de readequação dos discursos e a exposição de boas promessas. “Os políticos devem adotar uma nova postura nesta eleição; 62% [dos entrevistados] dizem não acreditar em promessa de campanha. Isso significa que o político deve se reinventar. Não adianta prometer viaduto, mas se prometer tem que pelo menos dizer como é que vai conseguir fazer”, salientou o estudioso.

O argumento é justificado quando o IPMN indaga os entrevistados sobre o motivo que os levam a votar nos candidatos a prefeito. A maioria (27%) disse ser norteado pelas propostas; 9,9% pela honestidade; 8,1% o trabalho; 2,6% a história do candidato; 2,5% o partido; 2,3% o fato do voto ser obrigatório e 12,6% não souberam responder. 

Voto para vereador ainda é pautado por amizades

As chapas proporcionais este ano elegem os candidatos a vereador, o papel dos parlamentares é de fiscalizar o Executivo, além de criar e votar projetos de lei que de alguma forma assegure direitos aos cidadãos. Diante de questionamentos feitos pelo IPMN sobre o que os motivam a votar no postulante, o que chama a atenção é o índice de eleitores que norteiam o voto por laços afetivos, 4,5% dos entrevistados disseram ser motivados pela amizade.  

Apesar disso, a maioria (23,2%) pauta o direito democrático pelas boas propostas, 12,9% declaram que não têm motivação, 7,8% observam a honestidade do candidato, 6,7% o trabalho, 2,9% o partido, 1,1% a competência e 29,3% não souberam responder.  

Dados da pesquisa – O IPMN foi a campo nos dias 25 e 26 de julho de 2016 e ouviu 816 pessoas dos municípios de Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista e Cabo de Santo Agostinho. O nível de confiança do levantamento é 95% e a margem de erro estimada de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

O governo planeja injetar recursos no Fundo Garantidor de Infraestrutura (FGIE) para viabilizar até R$ 40 bilhões em investimentos no setor. A intenção é usar imóveis hoje em posse da União para direcionar até R$ 1,5 bilhão ao fundo e impulsionar futuras concessões, vistas com reserva por investidores que temem o risco elevado das obras. O valor deve ser aportado gradualmente até 2018 e se somará aos R$ 500 milhões que entrarão já no próximo mês.

A intenção dos gestores é que o fundo preencha duas lacunas que hoje atrapalham os aportes no setor: a ausência de garantias para os chamados "riscos não gerenciáveis", que incluem atrasos em licenciamentos ou sobrecustos gerados por eventos extraordinários como desastres naturais, e a falta de suporte para as debêntures (títulos de dívida emitidos por empresas) de infraestrutura, colocadas como opção para financiar os empreendimentos, mas com baixa procura. Com isso, o governo pretende elevar o apetite dos investidores.

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Hoje, a percepção é de que o mercado resiste em assumir compromissos com obras em estágio inicial, quando os projetos ainda não são rentáveis e têm custos elevados. A falta de proteção contra imprevistos também é fator que afasta possíveis interessados, que teriam de arcar com todo o prejuízo.

"A gente percebe que existe uma falha, uma lacuna. São esses riscos que o FGIE vai absorver. Não temos nenhuma pretensão de assumir riscos que o mercado absorve, não vamos concorrer", disse o presidente da Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF), Marcelo Pinheiro Franco. A ABGF é a gestora do FGIE.

Operação

Com os R$ 500 milhões que serão aportados em agosto, a agência já quer estruturar a primeira operação do fundo, criado no fim de 2014. Esse valor é suficiente para conceder R$ 2,5 bilhões em garantias e viabilizar até R$ 10 bilhões em investimentos. O "ensaio inicial" virá com concessões de rodovias. "Nosso objetivo agora é preparar um programa para essa segunda etapa do Programa de Investimentos em Logística (PIL), e a expectativa é que ocorra nos próximos meses e ao longo de 2017", afirmou Franco.

Até o fim de 2017, a projeção é que o capital do fundo chegue a R$ 1 bilhão. Para isso, o Ministério do Planejamento já está mapeando imóveis que poderão ser repassados à ABGF e então vendidos, com a reversão dos valores para o fundo garantidor. Pelo cronograma, a operação seguiria até o fim de 2018, quando o capital do FGIE pode chegar a R$ 2 bilhões.

Os recursos do fundo servirão para dar segurança tanto às concessionárias quanto aos financiadores. De um lado, a ideia é garantir a empresas que riscos considerados "severos" estarão cobertos por uma espécie de apólice. De outro, o fundo poderá viabilizar as debêntures de infraestrutura ao propor o ressarcimento do possível prejuízo, limitado a um porcentual do valor do investimento.

O fortalecimento do FGIE faz parte do pacote de estímulo ao crescimento que está sendo preparado pelo governo. O anúncio de quais obras devem entrar no pacote de concessões do governo, porém, deve ser feito apenas após a conclusão do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. O secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimento (PPI), Moreira Franco, já alertou que a insegurança institucional trazida pelo processo de impeachment é um obstáculo e coloca os projetos em compasso de espera. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Google anunciou nesta quinta-feira (30) a ativação do cabo submarino de internet de alta velocidade de 9 mil quilômetros entre Estados Unidos e Japão, projeto no qual a empresa trabalhava desde 2014. O equipamento alcança taxas de 60 TB/s e custou US$ 300 milhões, investimento cedido por seis empresas.

Segundo o Google, o cabo ''Faster'' tem uma velocidade 10 milhões de vezes mais rápida que o típico modem doméstico e conecta Los Angeles, Portland, San Francisco, Oregon e Seattle, no território norte-americano, a Chikura e Shima, no Japão.

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"O Faster é um dos cabos submarinos que conectam diferentes partes do mundo e que, em conjunto, integram uma importante espinha dorsal que contribui para o funcionamento da internet", afirmou o vice-presidente de infraestrutura do Google, Urs Hölzle.

A Microsoft e o Facebook trabalham agora na construção cabo de internet de alta velocidade através do fundo do Oceano Atlântico. O equipamento, chamado "MAREA", está previsto para o final de 2017, com o objetivo de responder à crescente demanda de conexões de dados mais rápidas e confiáveis dos clientes de companhias tecnológicas. 

A cada ano que o Brasil deixa de investir o mínimo necessário para manter a infraestrutura existente, a economia perde R$ 151 bilhões - valor próximo ao déficit primário calculado para o País em 2016. O resultado dessa conta, feita pela consultoria GO Associados, é perverso: além de manter um transporte de má qualidade e uma oferta restrita de serviços públicos, o baixo investimento no setor representa menos emprego e renda para a população e menos dinheiro nos cofres do governo.

Importante aliado para turbinar o crescimento econômico em qualquer lugar do mundo, o investimento em infraestrutura sempre esteve entre as prioridades anunciadas pelos governos Lula e Dilma. Mas, apesar da criação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os montantes aplicados de 2003 para cá nunca passaram dos 3% do Produto Interno Bruto (PIB) - parâmetro mundial que indica o investimento necessário para manter a estrutura existente.

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Nas últimas duas décadas, o Brasil investiu em média 2,2% do PIB em infraestrutura, enquanto a média mundial foi de 3,8%. Na China, o número chegou a 8,5% e, na Índia, a 4,7%. Só em 2015, os investimentos que deixaram de ser feitos no setor representaram R$ 23 bilhões menos no bolso do trabalhador e R$ 14 bilhões no caixa do governo, segundo cálculos da GO.

A reversão desse quadro é uma das promessas do governo de Michel Temer, que criou uma secretaria especialmente para tocar os projetos do setor. Sob o comando de Moreira Franco, o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) vai trabalhar em cima de uma infraestrutura precária: apenas 12% das rodovias brasileiras são pavimentadas, sendo a maioria de qualidade ruim; a malha ferroviária é pequena e lenta; 16% da população não tem acesso a água tratada; e 50% não estão conectados à rede de esgoto.

A exemplo do que ocorreu em governos anteriores, a tarefa de mudar esse cenário não é fácil, especialmente diante da grave crise fiscal e política que atingiu o Brasil. Se nos períodos em que o País era considerado o "queridinho" dos investidores, o porcentual aplicado no segmento não alcançou o nível desejado, agora, sob forte desconfiança do resto do mundo, os esforços terão de ser redobrados, afirmam especialistas no setor.

"O maior desafio hoje é a retomada da confiança do investidor, já que o País não tem condições de levar adiante a expansão da infraestrutura e dependerá de capital estrangeiro", afirma o professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende.

O secretário executivo do PPI, Moreira Franco, concorda que, para tirar as concessões - estimadas em R$ 200 bilhões - do papel será primordial restabelecer a credibilidade no mercado internacional. "Precisamos fazer o dever de casa, buscar a transparência dos marcos regulatórios e garantir a segurança jurídica", disse ele, destacando que as concessões serão lançadas assim que os estudos forem sendo concluídos.

Dentro das medidas para recuperar a confiança, o fortalecimento das agências reguladoras é um ponto central. Devolver a autonomia a esses órgãos - e retirar a influência política - seria uma boa sinalização para o investidor e daria mais conforto, diz o economista Cláudio Frischtak, da consultoria Inter.B. "Isso traria mais estabilidade para o mercado, reduziria o risco regulatório e o prêmio exigido pelos investidores."

Crédito

Mas, ainda que se consiga recuperar a atratividade do setor, há outro entrave que exigirá soluções rápidas para a retomada do investimento: a escassez de crédito. Ao contrário do que ocorreu no passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não terá condições de financiar uma parcela muito grande das concessões. "Ele não vai repetir, e não tem condições de repetir, o desempenho que teve até agora", diz Moreira Franco.

Ou seja, será necessário criar outras formas de financiamento, seja no mercado externo ou interno. No mercado, algumas fórmulas começam a ser desenhadas para tentar resolver o problema, como um mix de dinheiro do BNDES com bancos internacionais de fomento, como o Banco Mundial. "Nesse momento, debêntures não seriam uma boa alternativa, pois esbarram na confiança", diz o sócio do escritório L.O. Baptista, Fernando Marcondes.

A lista de entraves aos investimentos de infraestrutura é extensa. Além da falta de confiança e crédito mais curto, os empreendimentos sofrem com o excesso de burocracia, problemas ambientais, desapropriações e indefinições regulatórias. Hoje, há uma série de projetos parados Brasil afora por causa dessas questões. A bilionária ferrovia Transnordestina, que ligará o sertão do Piauí aos Portos de Pecém (CE) e Suape (PE), deveria ser entregue em 2010 e até hoje não foi concluída. Um dos problemas foi a desapropriação das áreas necessárias para a construção, além da dificuldade de gestão da CSN, dona da concessão da ferrovia.

Na opinião do presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini, apesar dos enormes desafios, o governo precisa começar de alguma forma. O primeiro passo é avançar com iniciativas que já estão mais adiantadas, a exemplo dos aditivos contratuais de concessões existentes e que podem render R$ 15 bilhões de investimento sem novas licitações. Há ainda pedidos de reequilíbrio econômico-financeiro de contratos por causa de atraso com a demora em licenciamento ambiental e desapropriações, que podem representar outros R$ 20 bilhões. "Imediatamente, isso terá impacto no emprego e na renda." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Investimentos em infraestrutura devem ser prioridade no governo da pré-candidata pelo partido Democrata à presidência dos EUA Hillary Clinton, caso seja eleita. A proposta anunciada nesta quarta-feira por sua coordenação de campanha é que sejam gastos US$ 275 bilhões no setor ao longo de cinco anos.

Os detalhes sobre esses recursos, no entanto, não foram divulgados. A ideia é enviar o pacote ainda nos cem primeiros dias de governo. Segundo a equipe de Hillary, o montante seria o investimento mais relevante em infraestrutura desde a construção do sistema rodoviário interestadual realizado na gestão do presidente Dwight Eisenhower.

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Gastos com infraestrutura são apoiados principalmente por sindicatos, que visam os postos de trabalho que deverão ser criados para a realização das obras. O plano original da candidata é formado por US$ 250 bilhões de recursos federais, além de US$ 25 bilhões de fundos específicos criados para o setor.

Apesar desses altos valores, a coordenação de campanha afirma que a infraestrutura é a segunda prioridade da candidata para os primeiros meses de governo. No topo da lista está a revisão das leis de imigração. Fonte: Dow Jones Newswires.

Concessões, privatizações e parcerias público-privadas vão estar, em um eventual governo Michel Temer, sob responsabilidade de um grupo técnico vinculado à Presidência da República. O novo órgão, inspirado no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), deve ser chefiado por Wellington Moreira Franco, ex-ministro da Aviação Civil e de Assuntos Estratégicos no governo Dilma Rousseff.

Moreira Franco não teria status de ministro, mas iria se reportar diretamente a Temer, caso o Senado aprove o afastamento de Dilma. O grupo técnico seria responsável por deslanchar as concessões que já estão previstas de aeroportos, portos, rodovias e ferrovias, com investimentos estimados em mais de R$ 30 bilhões. Também ficará responsável por qualquer outro tipo de privatização ou até mesmo PPPs, mesmo que de outras áreas, como na saúde.

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A inspiração veio de JK, que criou um conselho de desenvolvimento para tirar do papel metas do "50 anos em 5". O novo órgão tem o objetivo de sinalizar ao mercado a intenção do governo de dar velocidade ao programa de concessões das obras de infraestrutura. "O Estado deve transferir para o setor privado tudo o que for possível em matéria de infraestrutura", diz o documento "A Travessia Social", da Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB.

O governo Dilma sempre foi criticado pela forma como tratou as concessões, principalmente por estabelecer regras que espantaram investidores e travaram os leilões. Em entrevista à reportagem, Moreira Franco afirmou que, caso Temer assuma a Presidência, será modificado o modelo pelo qual há fixação de taxas de retorno dos investimentos feitos pelas empresas. A regra, sempre criticada e associada a um excesso de intervencionismo do governo no setor privado, fixa qual deve ser o lucro máximo para investimentos adicionais feitos nos empreendimentos.

"Ainda não tive condição de definir a remodelagem, mas certamente não terá esse tipo de equívoco", afirmou Moreira. Para ele, as regras devem ser mais claras e transparentes, condição necessária para o sucesso dos leilões.

Confiança

Pelo "plano Temer", a confiança dos investidores voltaria com a saída da equipe de Dilma e a instalação dos novos nomes indicados pelo vice-presidente. A mudança na percepção do mercado favoreceria o aumento da participação da iniciativa privada na execução dos projetos de infraestrutura. Essa nova postura permitiria, no curto prazo, o reforço do caixa com os recursos dos leilões e, a médio prazo, a redução do papel do Estado como força propulsora dos investimentos para o crescimento.

Abriria espaço, em tese, cortar os gastos com investimentos e protelar, pelo menos por ora, o necessário aumento da carga tributária para o reequilíbrio das contas públicas. Os aliados de Temer não descartam a criação de um imposto aos moldes da CPMF, mas não veem este como o momento propício, dada a impopularidade da medida e por ter virado um dos símbolos da campanha contra o governo Dilma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A necessidade de estancar a sangria econômica e política que debilita o País não é a única medida esperada pelos investidores, principalmente os internacionais, para que voltem a considerar a possibilidade de olhar para as concessões de infraestrutura. Para além das propostas dos aeroportos, que são mais palatáveis aos interesses do mercado, especialistas e instituições da área de infraestrutura avaliam que faltam ajustes operacionais em cada uma das ofertas de estradas, portos e ferrovias.

No entorno do vice-presidente, a avaliação é que as limitações de financiamento público - o maior gargalo enfrentado pelo programa hoje - possam ser contornadas com o estabelecimento de regras mais claras e que deem mais segurança ao investidor. Por isso, os editais devem passar por mudanças para se tornarem mais "amigáveis".

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O mercado cobra ainda um cronograma mais confiável de investimentos, principalmente em áreas como a de petróleo, para que haja maior previsibilidade de investimentos. Antes do leilão de Libra, por exemplo, realizado em 2013, o governo havia ficado cinco anos sem fazer ofertas no setor.

Outra mudança prevê a flexibilização das regras que engessam as taxas de retorno dos projetos. "Até agora, o governo ficou mais preocupado com o dinheiro que o investidor pode ganhar com a concessão, do que com a qualidade do investimento que ele pode contratar. Quiseram tabelar o retorno da empresa. Isso só atrai investidor de pouca qualidade, sem compromisso com um bom projeto", avalia Adriano Pires, presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Sejam quais forem os leilões e as mudanças, empresários avaliam ainda que será preciso tomar medidas o mais rápido possível, outro desafio para uma eventual gestão Temer.

"O setor de infraestrutura não suporta medidas protelatórias. Não dá mais para ficar nessa paralisia. Estamos com um vácuo de poder, é uma situação caótica", diz José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). "Há uma total falta de comando e falta de capacidade de governo. O primeiro semestre está perdido. Tem de tentar salvar o segundo semestre."

As concessões são o caminho mais rápido para "criar uma onda de fatos positivos", avalia Adriano Pires, da CBIE. "Tudo isso depende de rapidez e escolhas certas. Isso gera expectativa de emprego, que é o mais relevante apelo social."

Infraero

Ex-ministro da Aviação Civil e agora responsável pela formulação do programa de governo de Temer, Wellington Moreira Franco defende as mudanças. Moreira Franco criticou duramente a regra pela qual a Infraero se tornou sócia, com 49% do capital, das concessões dos aeroportos de Guarulhos, Brasília, Viracopos, Galeão e Confins. Derivada de uma visão ideológica do processo, ela criou problemas de caixa para o Tesouro e para a Infraero.

Mas essa regra já mudou para os quatro aeroportos que estão para ir a leilão. Com o Tesouro operando no vermelho, a participação da Infraero foi reduzida a zero.

No caso dos portos, por exemplo, há queixas quanto ao poder excessivo conferido à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), que poderá, por exemplo, fazer com que os contratos sejam alterados e até rescindidos de forma unilateral. "Não existe possibilidade de alteração unilateral radical do contrato", afirmou o diretor-geral em exercício da Antaq, Fernando Pacheco. "Mas se você contrata para escoar grãos e, no decorrer do contrato, decide montar um resort, o contrato pode ser cancelado."

Se nada mudar no cronograma atual, a previsão é de que os quatro aeroportos - Fortaleza, Salvador, Florianópolis e Porto Alegre - sejam leiloados em junho. No caso das estradas, ainda não há uma data definida, por conta de ajustes em andamento na Agência Nacional de Transportes Terrestres, mas também estão previstos para o segundo semestre.

Sobre os terminais portuários do Pará, a previsão é de que sejam oferecidos em 9 de junho. Nos próximos dias, o governo também coloca em audiência pública os editais da Ferrogrão e da BR-163. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com boa parte da clientela envolvida na Operação Lava Jato, o BNDES travou desembolsos de R$ 22 bilhões a projetos de infraestrutura, estimam executivos de bancos e de grandes empresas consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo. Para fugir do risco das operações, o banco ampliou a burocracia para efetuar os desembolsos que já foram aprovados há três anos. A maior parte desses recursos (R$ 8 bilhões) foi comprometida à Sete Brasil, empresa criada para fornecer as sondas para a Petrobras.

Segundo números fornecidos pelo próprio BNDES, na carteira de crédito do banco há R$ 14 bilhões de financiamento de longo prazo e R$ 3,23 bilhões em empréstimos-ponte que estão "aprovados, contratados e em fase de desembolso".

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A relação entre o BNDES e as instituições financeiras atingiu um novo patamar de estresse depois que o banco de fomento passou a exigir garantias corporativas, avais da empresa que toma crédito, para a liberação dos recursos. Trata-se da forma como o BNDES encontrou para se livrar dos riscos da operação, depois que se viu como foco até mesmo de uma CPI na Câmara.

As empresas, responsáveis pelas concessões, dizem que a exigência é impossível de cumprir porque não conseguem cartas de fiança dos bancos, que não confiam mais na liberação do empréstimo de longo prazo por parte do BNDES depois do recuo em relação à Sete Brasil. Oficialmente, afirmam que estão em negociação com o banco de fomento, mas, nos bastidores, a crítica é generalizada e já chegou à equipe econômica.

No governo, há insatisfação com a postura mais "cautelosa" dos dirigentes do banco, que estaria contribuindo até mesmo para agravar a crise econômica ao emperrar os investimentos. "O banco do fomento virou o banco da muralha", critica um executivo.

Mudança

O modelo de financiamento às obras de infraestrutura seguia, até pouco tempo, o mesmo "modus operandi". Os vencedores das concessões tomavam empréstimos para financiar o início do negócio. Eles deveriam ser suficientes para que, entre seis meses e um ano, saísse o financiamento de longo prazo. "O BNDES implodiu as pontes", diz um executivo de um grupo vencedor de um leilão. Algumas dessas operações já duram mais de dois anos. As taxas dos empréstimos-ponte são, em geral, o dobro das cobradas no financiamento subsidiado do BNDES, o que encarece as obras.

A maior parte barrada foi comprometida à Sete Brasil, empresa criada para ser a fornecedora de sondas para a Petrobras na exploração do pré-sal. A companhia está próximo de pedir recuperação judicial depois de ver a situação agravada pelo envolvimento na Lava Jato e pela desistência do BNDES de liberar os recursos. A primeira parcela prevista era de R$ 8 bilhões (o total previsto era de US$ 9,3 bilhões).

Entre R$ 3 bilhões e R$ 5 bilhões são financiamentos a rodovias e aeroportos. Algumas dessas concessões foram feitas em 2013. Sem os recursos, as obras foram paralisadas. É o caso da rodovia BR-163, cujo leilão foi feito em novembro de 2013 e vencido pelo consórcio Rota do Oeste, da Odebrecht Transport. A rodovia estava com 45 quilômetros de duplicação adiantados, em relação às exigências do contrato, quando as obras foram paradas por causa da não liberação de R$ 1,4 bilhão.

"O fato de o BNDES não liberar o financiamento prejudica o setor produtivo porque nós estamos pagando por uma via de mão dupla com problemas de escoamento, com tráfego pesado", afirma Edeon Vaz Ferreira, consultor da Associação dos Produtos de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja). O pedágio cobra R$ 4,50 por eixo. Diretor do Movimento Pró-Logística, Vaz busca uma agenda com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, para pressionar a liberação do financiamento.

Em nota, o BNDES disse que a análise do empréstimo de longo prazo "está em curso". Segundo a instituição, foram liberados R$ 762 milhões do empréstimo-ponte em setembro de 2014. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O leilão de seis áreas em portos públicos no Pará, marcado para o próximo dia 31, será um importante teste para a tese que circula no governo, segundo a qual os investimentos em infraestrutura são menos impactados pela crise política e pelo atual momento de baixa na economia, por se tratarem de decisões de longo prazo. A expectativa da área econômica é que haja interessados para todas as áreas, que juntas exigirão investimentos estimados em R$ 1,766 bilhão.

"Torço para que apareçam vários interessados para ocupar essas vagas, que hoje estão ociosas", disse o presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli. "É uma região importante para o escoamento do agronegócio", afirmou.

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"Em condições normais de temperatura e pressão, o negócio teria bastante concorrência", comentou Fernando Marcato, sócio da GO Associados, para quem a crise não será determinante no leilão. "Os estrangeiros avaliam que o Brasil não sofrerá uma ruptura institucional e que, daqui a algum tempo, alcançaremos velocidade de cruzeiro." Ele acredita que o leilão terá concorrentes, tal como calcula o governo.

"O mercado está morno", disse o advogado Luís Felipe Valerim Pinheiro, sócio da VPBG Advogados e professor de Infraestrutura na FGV Direito em São Paulo. "Creio que não seja problema do projeto em si, mas pelo contexto macroeconômico."

Os problemas técnicos envolvendo o leilão de áreas portuárias no Pará foram bastante reduzidos nos últimos meses. O ministro dos Portos, Hélder Barbalho, fez uma série de reuniões com representantes do setor privado para ajustar o edital, depois que o governo precisou desistir de leiloar uma área no porto de Vila do Conde no final do ano passado. Também liderou um roadshow. "Ele fez a lição de casa", atestou Marcato.

O governo já havia acatado sugestões das empresas como, por exemplo, autorizar a instalação de um terminal de fertilizantes em Santarém e de três terminais de grãos em Outeiro. Originalmente, a previsão era de apenas um. Os terminais portuários não escapam, porém, dos problemas comuns às demais concessões. O principal deles é o crédito, já identificado pela área econômica como principal gargalo do programa.

Os terminais no Pará fazem parte de uma estratégia de governo e empresas, que querem direcionar o escoamento dos grãos produzidos no centro do País para os portos do Norte. A estimativa da Secretaria de Portos é que o volume de carga para aquela região aumentará 160% até 2020, passando de 8,5 milhões de toneladas para 22 milhões de toneladas.

A secretaria cita cálculos do consultor da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Luiz Antonio Fayet, pelos quais será possível economizar de US$ 47 a US$ 60 por tonelada com essa nova rota, que ficará de 500 a 1000 km mais curta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os chineses pediram ao governo federal que lance Procedimentos de Manifestação de Interesse (PMIs) para duas linhas de trens de passageiros. A primeira, ligando Campinas (SP), São Paulo e o Rio de Janeiro - o mesmo trajeto do agora esquecido trem-bala. A segunda ligaria Brasília a Goiânia - um projeto folclórico na região. Em tom jocoso, foi batizado de "Transpequi", numa referência ao pequi, um fruto do cerrado muito consumido pelos locais para colorir e perfumar pratos como frango ensopado.

Há sérias dúvidas sobre a viabilidade econômica de ambos os projetos. Mas isso não parece intimidar os chineses, que também estão estudando a Ferrovia Bioceânica, ligando Campinorte (GO) à fronteira com o Peru, para chegar ao Pacífico. Os chineses prometeram concluir os estudos até maio próximo. O pedido de lançar PMIs foi apresentado ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, durante sua passagem pela China, em fevereiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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