Iniciar um negócio nunca é uma tarefa fácil. Dados do Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) apontam que a maioria das empresas abertas no Brasil fecha até o segundo ano, enquanto o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que 60% vão à falência em até cinco anos.
Para evitar que isso aconteça, os empresários que não têm uma larga experiência na área do empreendedorismo devem estar atentos a pontos importantes. De acordo com José Edson, que é analista do Sebrae Pernambuco, o primeiro passo para quem quer manter a saúde do seu negócio é organizar as contas pessoais pois, segundo o especialista, “se você gasta mais do que ganha, usa muito cheque especial, parcela cartão, você vai levar esse mau costume na sua empresa”.
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Saber separar bem o dinheiro da empresa e o dinheiro do empresário, segundo José Edson, também é primordial. “O dono é o mesmo, mas tem que ser dois bolsos, um da pessoa física e outro da pessoa jurídica. A retirada de dinheiro para si precisa ser fixa e inclusa no orçamento de despesas da empresa, sem variações se o lucro for maior ou menor no mês”, explica o especialista, que também destacou que o desequilíbrio financeiro é o maior causador de falência.
O analista do Sebrae-PE também explana que é de extrema importância entender exatamente qual é a situação da empresa e quais objetivos se pretende alcançar para não cometer equívocos que tragam problemas. De acordo com ele, é necessário organizar por escrito todo o dinheiro que entra e sai da conta da empresa, com todos os dados organizados em um plano de negócio. “O plano deve ser baseado no tamanho da empresa e lá você verá o que está pensando através da criação de cenários de projeções futuras que permitirão avaliar se suas ideias são viáveis ou se é preciso mudar de tática”, orienta.
José Edson lembra ainda que nenhum negócio tem garantia de sucesso, mas que ter um bom planejamento dos próximos passos a tomar minimiza os riscos envolvidos e eleva as chances de sucesso. “O negócio novo é como uma plantinha que a gente tem que regar e ter pé no chão para não tentar tirar frutos antes da hora, matando a planta”.
A pressa de tentar crescer mais rápido do que podia foi o que levou a empresa criada pelo empreendedor e coordenador pedagógico de 23 anos, Lafaiete Luiz de Oliveira Junior, à falência com menos de um ano de “vida”. Diante do fracasso da primeira tentativa, o jovem empresário precisou reavaliar tudo o que tinha feito para descobrir como recomeçar sem insistir no erro.
Observar a área de atuação profissional de seu pai fez com que Lafaiete, que na época cursava duas graduações e tinha 17 anos, decidisse abrir uma empresa de fabricação, instalação e manutenção de esquadrias de alumínio e PVC em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. Segundo ele, o negócio dava “um retorno financeiro interessante”. Maquinário comprado e firmada a parceria entre pai e filho que passaram a trabalhar juntos, a empresa apresentou um rápido crescimento e o aumento da demanda de serviços fez com que o jovem empreendedor decidisse fazer contratações para aumentar a produção, visando a obtenção de mais lucro atendendo a pedidos grandes. E então os problemas tiveram início.
“O custo de manutenção de três funcionários a mais foi o suficiente para começar a fechar no vermelho, pois ramo de negócio tem um piso salarial alto, dei um passo maior que a perna”, conta o empresário, que sofreu um processo trabalhista após demitir dois dos cinco funcionários que tinha e receber como pena uma multa de R$ 40 mil que o obrigou a decretar falência. “Demiti todos, paguei os direitos, encerrei de forma honesta e fiquei quase três anos pagando tudo, entrei para a estatística do Brasil em que mais da metade das empresas fecha ou decreta falência nos primeiros anos”, conta Lafaiete.
No momento em que decidiu tentar de novo, a contratação de um software de gestão e a busca de ajuda especializada foram as primeiras mudanças implementadas por ele. “Com a falência eu fiquei muito tempo pensando no que havia dado errado, por um tempo você não quer admitir o fracasso e começa a jogar para outros a responsabilidade, mas quando eu entendi que eu era o único responsável, a minha visão mudou e aí eu pude começar a acertar”, conta o empreendedor, que recomeçou como microempreendedor individual em 2016, voltando ao patamar de pequena empresa no ano passado.
Após fazer um planejamento através do software de gestão que contratou, Lafaiete percebeu, através de projeções de cenários, que poderia realizar a contratação de dois funcionários sem comprometer as contas da empresa e tem operado assim desde então. Além disso, ele também é cauteloso com o volume de trabalho e pedidos a que atende para não correr riscos desnecessários outra vez pois. "É preciso compreender meu tamanho para quem sabe mais adiante conseguir entregar um bom produto para um demanda grande. Só posso fazer o que dou conta, hoje eu tenho essa mentalidade”.
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