Em pleno século XXI ainda é difícil conviver com as diferenças das outras pessoas. Nas escolas, onde os jovens tenderiam a ser mais “cabeça aberta”, aceitar as diversidades dos colegas ainda é algo a ser discutido e muito bem trabalhado.
Essa realidade foi apontada em número pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN). Conforme o levantamento realizado em 26 escolas públicas, mais da metade dos jovens - entre 14 e 20 anos - não são favoráveis à união homossexual, enquanto 30,9% são a favor e 14,8% são indiferentes ao tema.
##RECOMENDA##Apesar da constatação, na Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Trajano de Mendonça, localizada em Jardim São Paulo, na Zona Oeste do Recife, a situação é diferente. Professores das diversas disciplinas e alunos de várias séries formaram o Grupo Margarida Maria Alves de Estudos de Gênero.
O grupo surgiu em 2011 e hoje trabalha em parceria com a Secretaria da Mulher. Pelo menos uma vez por mês os participantes do projeto se reúnem para debater sobre assuntos como diversidade sexual, promoção da igualdade de gêneros, violência doméstica e contra a mulher.
“O nosso objetivo com o projeto é trabalhar temas transversais, que permeiam o conjunto da escola. E são temas que nós devemos trabalhar no dia a dia, pois não tem dia pra você declarar ou se contrapor ao preconceito”, explicou a coordenadora do grupo, Rosário Leite, professora de português da instituição.
O grupo também desenvolveu a “Semana em Rosa e Lilás”, quando no mês de março todos os alunos e funcionários são convidados a utilizar as duas cores, além de ornamentarem toda a escola. “Com isso pretendemos demonstrando para colegas, familiares e toda a comunidade que não é a cor que determina o seu gênero”.
As reuniões auxiliam no desenvolvimento dos alunos e na formação deles enquanto sociedade. Dentro do grupo eles se sentem mais a vontade de conversar e expor opiniões sobre os diversos tipos de temas abordados. E quando o assunto é casamento entre pessoas do mesmo sexo, apesar de opiniões distintas, todos afirmam respeitar a vontade do outro.
Para a estudante do 3° anos, Helena Sales, 17 anos, todas as pessoas tem o direito de fazer escolhas e serem respeitadas independente da orientação sexual. “Nós temos que pensar que eles são seres humanos como nós e não interferir. Afinal de contas é a escolha deles e não nossa”, argumentou.
Já para Ysabele Oliveira apesar de ter amigos homossexuais, opinar sobre a união entre pessoas do mesmo sexo é complicado. “Eu não sou contra o assunto e acho que deve haver o respeito de ambos os lados. Mas hoje, infelizmente, isso não está existindo. Eu sou de uma religião que não é a favor e o direito tem limites. O artigo 5° da constituição tem incisos que defende a liberdade de expressão religiosa e as pessoas precisam respeitar a doutrina das igrejas. Se o civil está aceitando, então eu concordo que o casamento seja feito no civil”, finalizou.
Direitos Humanos – Em 2012, a Secretaria de Educação do Estado (SEE) distribuiu mais de 31 mil cadernos de orientações para educação em Direitos Humanos. O material foi entregue a todos os professores de ensino fundamental e ensino médio das escolas estaduais.
Com os cadernos, o objetivo da SEE é que as temáticas relacionadas aos Direitos Humanos sejam tratadas de forma transversal nas disciplinas da grade curricular. As cartilhas trazem propostas de atividades, sugestões de filmes, temas para a produção textual a partir de vários temas.