Começou a vacinação contra o HPV em postos de saúde de todo país, informou o Ministério da Saúde. A expectativa é que mais de 3,6 milhões de crianças sejam imunizadas em 2017. Mas a preocupação é com a baixa adesão à campanha. Mais da metade das meninas de 9 a 13 anos não tomou as duas doses da vacina necessárias para prevenir o HPV. “A imunização, que atinge uma eficácia de 98%, só é garantida se as duas doses forem aplicadas”, explica a oncologista clínica do CTO, Paula Sampaio.
De acordo com o Ministério da Saúde, em todo o Brasil a adesão foi de 76% na primeira etapa e caiu para 48% na segunda etapa da campanha. No Pará, a adesão à segunda etapa foi ainda menor: de acordo com a Sespa (Secretaria de Estado de Saúde do Pará), aproximadamente 300 mil meninas foram vacinadas na campanha anterior – número que representa 40% do público alvo.
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A campanha de vacinação de 2017 contra o vírus HPV em toda rede pública de saúde já começou e deve atingir 170 mil jovens. Desta vez, as meninas que chegaram aos 14 anos sem tomar a vacina ou que não completaram as duas doses indicadas e os meninos de 12 e 13 anos serão vacinados. Assim como ocorreu com as meninas, esta é a primeira fase da vacinação nacional para eles. A estimativa no Instituto Nacional do Câncer é que ocorram 260 casos de câncer de colo de útero em Belém, 820 no Pará e 1.970 na Região Norte, entre os anos de 2016 e 2017.
Meninos - O Brasil acaba de se tornar o primeiro país da América do Sul e o sétimo do mundo a incluir meninos em um programa nacional de imunização de HPV, segundo o Ministério da Saúde. A vacinação para o público masculino faz parte da estratégia do governo para aumentar a rede de proteção às mulheres. A imunização para esse grupo etário é uma garantia para que adolescentes não sofram com a doença na fase adulta. “A vacina é para proteger contra os tipos de câncer que atingem homens e estão diretamente relacionados ao HPV, como o de pênis, boca e ânus - mais de 90% dos casos de câncer anal são atribuídos à infecção pelo vírus. Além disso, vacinar meninos reduz o risco para a população como um todo”, destaca Paula Sampaio.
Meninas - Nas meninas, o principal foco da vacinação é proteger contra o câncer de colo do útero, vulva, vaginal e anal; lesões pré-cancerosas; verrugas genitais e infecções causadas pelo vírus. O HPV é transmitido pelo contato direto com pele ou mucosas infectadas por meio de relação sexual. Também pode ser transmitido da mãe para filho no momento do parto. Estimativas da OMS indicam que 290 milhões de mulheres no mundo são portadoras do vírus. Em relação ao câncer do colo do útero, estudos apontam que 265 mil mulheres morrem devido à doença em todo o mundo, anualmente. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer estima 16 mil novos casos neste ano. “A vacinação nessa faixa-etária, que ainda não têm relação sexual é importante para proteger crianças antes do início da vida sexual e, portanto, antes de serem expostas ao vírus”, explica a médica.
Cobertura - A expectativa é que mais de 3,6 milhões de meninos sejam imunizados em 2017, além de 99,5 mil crianças e jovens de 9 a 26 anos vivendo com HIV/Aids, que também passarão a receber as doses. Para isso, o Ministério da Saúde adquiriu seis milhões de doses, ao custo de R$ 288,4 milhões. Desde a incorporação da vacina no Calendário Nacional, em 2014, já foram imunizadas 5,7 milhões de meninas com a segunda dose, completando o esquema vacinal.
O que é o HPV? - É o vírus do papiloma humano (ou HPV, da sigla em inglês human papiloma virus). A palavra papiloma faz referências às típicas, porém nem sempre encontradas, verrugas que resultam da infeção por tipos específicos do vírus.
Há mais de 200 subtipos. Desse total, mais de 40 são facilmente transmitidos pela via sexual, com o contato direto da pele ou de uma mucosa infectada. Entre eles, cerca de 12 são considerados de alto risco e podem causar câncer. Os subtipos 16 e 18, por exemplo, são responsáveis pela maioria dos casos de câncer relacionados ao HPV. Já os tipos 6 e 11, responsáveis por 90% das verrugas em regiões de mucosas, genitais e ânus.
Tanto em mulheres quanto em homens, o HPV pode causar problemas como verrugas genitais, que são mais fáceis de tratar, até doenças potencialmente graves, como o câncer do colo de útero. O HPV pode provocar também lesões pré-cancerosas, ou seja, lesões que podem se transformar em um câncer.
Nas mulheres, o vírus é responsável por praticamente todos os casos de câncer do colo do útero, o terceiro mais incidente entre as mulheres brasileiras, atrás dos tumores de mama e intestino. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2016, surgirão 16 mil novos casos desse tipo de câncer no Brasil e haverá 5,4 mil mortes.
Tanto em homens quanto em mulheres, o HPV também está associado ao surgimento de câncer anal e também de tumor na boca (6º tipo de câncer mais comum do mundo, com 230 mil mortes todos os anos). Já exclusivamente nos homens, o vírus pode provocar câncer no pênis.
Por Dina Santos, especial para o LeiaJá.