[@#video#@]
A internet é o mundo. Ponto. Por isso, muitos profissionais decidiram trabalhar nas redes sociais e ganhar a vida por meio delas, investindo nesse mercado que está cada vez mais em evidência. Com o objetivo de auxiliar essas pessoas, surgiram as hubs, empresas que buscam oferecer serviços a partir de estratégias e técnicas de marketing digital.
##RECOMENDA##
O jornalista Thiago Maia define hub como uma empresa que oferece um serviço completo de alto nível de qualidade, ou seja, oferece múltiplos serviços em um único produto. “Exemplo, hoje eu trabalho num hub de influência. E o que eu ofereço pro meu cliente? Se ele quer ser influencer, temos que traçar metas, estratégias, conteúdos pra dar resultados e transformar aquela pessoa em uma influencer”, explica.
A partir disso, a hub trabalha na construção da vida do cliente na internet. “Como? Planejamento, estratégia, produção de conteúdo, a busca da autoridade virtual. Utilizando as técnicas de marketing digital e de influência, sabendo a linguagem de cada plataforma para conseguir ter o êxito desejado”, diz Thiago.
Thiago Maia explica como funciona. Ney Messias, um dos sócios e produtos da hub Tucupix, decidiu que gostaria de falar nas redes sociais dele sobre um tema, mas notou que havia pouco engajamento e as publicações não eram programadas. “Ele é gerontólogo pelo Instituto Albert Einstein, tem propriedade para falar de envelhecimento. O Ney vai fazer 60 anos, então vamos criar um programa, criar algo que fale desse início de envelhecimento, porque o Ney simplesmente mudou a vida dele, o estilo de se alimentar, vive um momento mais saudável”, conta.
A partir disso, segundo o jornalista, o perfil do influencer começa a ser construído. A linha editorial trata de preconceitos e do que as pessoas não estão acostumadas a ver. “E aí ele se tornará uma referência sobre aquele assunto. A gente está traduzindo, de certa forma dando um didatismo melhor sobre um tema que às vezes é um tabu, uma polêmica, como o envelhecimento saudável”, acrescenta. O perfil seuneyzinho no Instagram já tem 15 mil seguidores.
Thiago Maia destaca ainda que o sucesso se deve ao fato de que não existem muitos homens assumindo e falando sobre envelhecimento. “E ele vem desconstruindo tudo. Tudo tem uma linguagem, o que funciona em uma plataforma não funciona na outra. Então, às vezes, a gente consegue convergir o produto, fazer uma transmídia legal e com que um conteúdo gravado se torne várias funções, em várias plataformas, com que sejam criados em vários formatos, mas entregando um mesmo conteúdo, o que funciona”, assinala.
Construção profissional
Ivana Oliveira, jornalista, doutora em Ciências do Desenvolvimento Socioambiental e professora titular do PPGCLC (Programa de Pós-Graduação de Cultura, Linguagens e Comunicação) da UNAMA - Universidade da Amazônia, diz que, atualmente, todo mundo está presente nas redes sociais e quem não está corre o risco de perder espaço. “Ou você fala por você, assume esse lugar, coloca sua imagem e trabalha sua imagem, ou alguém vai fazer isso por você. Esse é o problema”, alerta a professora.
Ivana acredita que o sucesso nas plataformas digitais está relacionado à transparência e fala sobre a necessidade de construção profissional de uma imagem sólida, procurando pessoas que conheçam as ferramentas que podem ser trabalhadas nas redes. A professora afirma, ainda, que não é possível alguém ter uma voz nas redes sociais, mas possuir um comportamento diferente. “Não adianta você fazer campanha para saúde do Brasil e fazer aglomeração no final de semana”, exemplifica.
A professora conta que esse segmento muda no cenário da pandemia porque as pessoas estão mais voltadas para esse meio. “Hoje, as redes sociais, de uma maneira geral, são uma forma de encontro. Nós saímos das praças, das lojas, das ruas, e fomos para as redes sociais. Todo mundo está nas redes sociais. Até quem não está, estão falando dele ou estão falando por você”, observa.
Para Ivana, a formação acadêmica dá muitas ferramentas para quem pretende trabalhar nas redes – principalmente um olhar mais crítico aliado ao conhecimento de vários teóricos – e que vão auxiliar essa pessoa a ter uma visão sistêmica e ampla.
“Tem muitos amadores trabalhando e você pode dizer: ‘Ah, mas existe um pessoal que está trabalhando como administrador de redes sociais para o pessoal do Big Brother’. Ali todos são profissionais. O que eles estão fazendo é um trabalho gratuito, mas são publicitários, fotógrafos, pessoal de marketing digital. Então, você tem um estudo de redes, um estudo de ferramentas de marketing digital muito interessante. A gente sai do amadorismo e passa para a profissionalização disso”, complementa.
Conexão com o mundo
O professor e jornalista Mário Camarão acredita que, a partir do momento em que as relações que nós temos no espaço presencial convergem para o espaço digital, as redes sociais são positivas, possibilitam a conexão das pessoas umas com as outras e com o mundo. Assim, essas relações passam a existir de maneira eficiente e positiva. Além disso, existem pessoas que procuram as redes sociais com mais freqüência como fonte de informação, acompanhamento de agenda social e manutenção de relacionamentos.
“Essas relações são importantes não só para nos manter informado sobre o que acontece no mundo, principalmente nesse momento de pandemia, de isolamento. Então as redes sociais acabam sendo fundamentais para o conhecimento e para o contato com outro, aquele de quem a gente está separado presencialmente. Saber do dia a dia, saber das práticas sociais, religiosas, políticas, econômicas, educacionais e assim por diante”, explica.
Segundo Mário, o consumo das redes foi potencializado durante a pandemia, assim como a produção também aumentou, principalmente porque as pessoas ficaram mais dentro de casa, consequentemente começaram a ter um uso maior da internet, das redes móveis (celulares) e das redes sociais de comunicadores instantâneos como o WhatsApp.
O jornalista orienta os que escolhem trabalhar com as redes sociais e explica que é imprescindível ter uma profissionalização e o cuidado com o conteúdo produzido no momento em que todo mundo pode produzir e criar conteúdo para esse meio. “Mais do que nunca é exigido de um profissional que ele tenha ética e que ele saiba exatamente o papel daquilo que ele produz enquanto conteúdo”, complementa.
Mário Camarão também comenta que uma informação errada pode levar um grande número de pessoas a cometer erros fatais. “Eu não posso jamais, por exemplo, criar um conteúdo de dieta médica se eu não sou médico. Eu preciso ter uma especialização, uma qualificação para produzir aquele conteúdo”, exemplifica.
O jornalista afirma que as redes possibilitam um compartilhamento das informações mais diversas possíveis, mas ainda assim é necessário um conhecimento não somente técnico-científico, mas o conhecimento de como potencializar essas redes, de como vender e produzir conteúdos mais atrativos para as pessoas.
Mário diz que é importante ter conhecimento de que as redes sociais exigem uma comunicação específica para elas, planejamento de conteúdos e conhecimento do nicho para quem deseja realizar essa comunicação, atraindo público para os conteúdos produzidos. “Tem uma atualização constante desses conteúdos e principalmente saber se aquele conteúdo está agradando ao público. Essa é uma forma de você alcançar sucesso, relevância e autoridade nas redes a partir daquilo que você compartilha e que você entrega para um grande público”, acrescenta.
Plataforma de negócios
Petterson Farias tem 34 anos, é formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e tem um MBA em Marketing Digital pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O publicitário conta que está em uma segunda especialização de Influencer Digital pela Universidade Anhembi Morumbi, e que o interesse de trabalhar nas redes sociais surgiu quando estava finalizando o curso de Publicidade na UFPA, na época em que a profissão começou a surgir.
“A gente não chegou a estudar na universidade, ainda não era algo sedimentado e superpulverizado, mas já havia um mercado ali se formando. Então as minhas primeiras experiências calharam de ser digitais. E aí eu vi que eu amava isso e pretendi ficar”, revela.
Petterson afirma que o Instagram é uma plataforma de negócios e que também ganha a vida por meio dela, nem sempre com as postagens em si, mas para além da rede social. “Já tive a oportunidade de trabalhar com grandes marcas que me deixam muito lisonjeado, mas para além do Instagram, eu acabo ganhando dinheiro com redes sociais. O meu trabalho no mercado é compartilhar aquilo que eu sei dos usos, comportamentos e ferramentas digitais com as pessoas por meio de consultoria, cursos, palestras, livros digitais e afins”, explica.
O publicitário afirma que, antes de qualquer coisa, uma das principais características de quem deseja trabalhar nas redes é a curiosidade, porque essa disciplina, por ela ser fluida e dinâmica, não se encerra ou se aprende uma única vez. Além disso, Petterson fala sobre a facilidade, habilidade e o talento de se relacionar com outras pessoas. “Eu acho que se sobressai, independentemente de qual área você seja, aquele que tem essa facilidade de lidar com outro, de lidar com as pessoas, porque a grande essência da rede social é o relacionamento, é o diálogo. Não à toa é social a rede, então ela é por sobre e para as pessoas”, destaca.
Petterson fala sobre a sua carreira e revela que o primeiro trabalho dele foi com redes sociais, em uma diretoria vanguardista embrionária no Governo do Pará, em 2011, com o objetivo de estabelecer uma comunicação pública na internet. “Foi um grande desafio para mim e eu carrego esse trabalho na minha trajetória com muito orgulho”, complementa.
O publicitário também se orgulha de ser enxergado e de trabalhar com grandes marcas. “Eu jamais imaginei chegar até elas, até mesmo por causa desse distanciamento geográfico, que a internet acaba rompendo”, diz.
Petterson define o criador de conteúdos digitais como o profissional ou a pessoa que se disponibiliza a compartilhar informações e experiências úteis, criativas e relevantes para um determinado grupo de pessoas e seguidores, sejam apenas duas pessoas ou três milhões.
“Ele atua naquelas redes que ele julga mais fáceis de lidar ou aquelas que ele mais gosta. Então o cara que faz vídeos para o YouTube, a pessoa que faz posts e Reels (vídeos) no Instagram, que escreve no Twitter ou que faz textos para um blog, todos são criadores e produtores de conteúdos digitais ou uma terceira denominação, que a gente chama de creator”, explica.
Para Petterson, o influenciador digital é o criador de conteúdos que passa a ser reconhecido pela sua audiência como referência em um determinado nicho, em um determinado tema e um determinado mercado. “É alguém que o público reconhece, ou seja, o reconhecimento vem de fora e não sou eu que me denomino influenciador digital. São as pessoas que me dizem isso a partir do meu trabalho”, finaliza.
Educação digital
Dani Walendorff é jornalista, mas atualmente trabalha como estrategista digital. Há 15 anos atua na área da comunicação, sendo cinco anos dedicados para o marketing digital. Há dois anos, Dani decidiu empreender e focar na educação digital. “Hoje estou desenvolvendo um negócio na educação digital em que eu ensino, através de cursos e consultorias, outras marcas e profissionais a como se posicionar na internet usando suas redes sociais, blogs e sites e como se posicionar como autoridade, como se conectar com sua audiência e atrair clientes”, explica.
Além disso, Dani também ensina as pessoas a monetizarem e a criarem seus produtos digitais. Ela conta que o negócio é baseado na experiência de vida dela, bem como na trajetória e nos valores.
“Eu fiz essa transição para o empreendedorismo, na verdade, por certos pontos que começaram a me incomodar dentro da minha carreira e dentro da minha área. Um deles era a questão da falta de liberdade e de tempo. Eu tinha horário para entrar, mas não tinha hora para sair. Outro ponto, eu sempre ganhava o mesmo valor, por mais que eu trabalhasse mais, que entregasse mais”, relembra.
Ainda dentro das instituições em que trabalhava, Dani começou a fazer uso das redes sociais para compartilhar orientações e informações sobre elas e como usá-las de forma estratégica. “Ali mesmo surgiram as oportunidades de trabalho, de como ensinar, fazer cursos, consultorias. Foi ali que eu percebi: ‘Se fazendo isso aqui, digamos que informalmente, já estou tendo resultado, imagina se me dedico de verdade’. Foi ali que eu mudei a chave e comecei a investir até fazer esse processo de transição de carreira”, complementa a jornalista.
Dani acredita que o meio digital ainda tem muito a crescer e que ela tem a missão de ajudar outros profissionais e marcas a se posicionarem na internet, atraindo o público e mais oportunidades. “Venho trabalhando nisso, ajudando, ensinando e mostrando que existe, sim, um caminho, mesmo que você não queira trabalhar exclusivamente com internet. Mas hoje ela é uma ferramenta que pode ampliar o teu alcance pra você atingir mais marcas”, diz.
A jornalista finaliza: “Acredito que vou continuar por aí um bom tempo e espero realmente que outros profissionais consigam também monetizar através das redes sociais e utilizar a internet cada vez mais a seu favor.”
Por Isabella Cordeiro e Sarah Barbosa.
[@#galeria#@]