O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, visita a China a partir desta sexta-feira (8) e prosseguirá no país até quinta-feira (14), em sua primeira viagem à nação asiática desde 2018, no momento em que Caracas busca apoio para superar a crise econômica.
A China mantém relações próximas com o governo de Maduro, isolado internacionalmente, e é um dos principais credores da Venezuela, cujo PIB registrou queda de 80% em uma década, consequência da crise.
##RECOMENDA##Pequim também já expressou apoio a Maduro contra as tentativas de interferência estrangeira denunciadas pelas autoridades venezuelanas.
"A confiança política mútua entre os dois países está se tornando muito sólida e a cooperação em vários setores está em expansão contínua", declarou Mao Ning, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores.
Pequim deseja que a visita sirva para levar as relações entre os dois países a "uma nova era", acrescentou.
Maduro também visitará outros "países amigos", anunciou o presidente do Parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez, sem revelar mais detalhes.
- "Uma relação de ferro" -
A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, visitou Xangai e Pequim esta semana e se reuniu com o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi.
"China e Venezuela construíram uma relação de ferro que não pode ser rompida, e a China apoia firmemente a Venezuela na defesa de sua independência nacional e dignidade nacional", disse Wang.
A visita tinha como objetivo conseguir novos investimentos da China para o setor de petróleo e discutir possíveis ações conjuntas entre empresas dos dois países, segundo a agência Bloomberg.
"Extraordinária reunião de trabalho com a qual fortalecemos nossas relações bilaterais, a ampliação da cooperação estratégica e do trabalho conjunto internacional, em favor da paz e do respeito aos princípios e propósitos da Carta da ONU", escreveu Rodríguez na rede X (antes Twitter).
Nicolás Maduro Guerra, deputado e filho do presidente, que também viajou à China, informou que acompanhou Rodríguez em uma reunião com a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, que comanda o banco dos BRICS.
Esta será a oportunidade, segundo ele, de "ratificar a vontade da Venezuela de aderir" ao bloco de países emergentes, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
A visita anterior de Maduro à China aconteceu em 2018, quando elogiou a visão do presidente Xi Jinping de um "destino comum para a humanidade". A viagem desta sexta-feira representa a 11ª visita do venezuelano ao gigante asiático.
Xi visitou o país latino-americano em 2014.
- Sanções -
A visita de Maduro a China acontece no momento em que os líderes mundiais se reúnem na Índia para um encontro de cúpula do G20 na qual o presidente chinês estará ausente
China emprestou 50 bilhões de dólares para a Venezuela na década de 2010, um valor que o país sul-americano se comprometeu a pagar com envios de petróleo.
Em 2018, ano em que Maduro venceu eleições que não foram reconhecidas por grande parte da comunidade internacional por supostas irregularidades, a dívida superava 20 bilhões de dólares.
Em 2019, o governo dos Estados Unidos e parte da comunidade internacional reconheceram Juan Guaidó, líder da oposição e que se autoproclamou presidente interino. O presidente americano na época, Donald Trump, aplicou várias sanções contra Caracas.
A oposição venezuelana encerrou em janeiro a presidência interina, por considerar que não cumpriu os objetivos de mudança política.
O atual governo americano, do presidente democrata Joe Biden, insiste que não reconhece Maduro como presidente e prossegue com a maioria das sanções.
Washington, no entanto, aprovou no ano passado um projeto de petróleo da empresa americana Chevron e afirmou que está disposto a aliviar a pressão caso sejam alcançados acordos entre Maduro e a oposição para as eleições presidenciais previstas para 2024.
A Venezuela registrou crescimento em 2022, após oito anos seguidos de recessão.
A recuperação foi impulsionada pela flexibilização dos controles econômicos rigorosos, cenário que levou a uma dolarização informal diante da fragilidade da moeda local, o bolívar, e à redução da inflação, embora o índice permaneça entre os mais elevados do mundo.
A economia venezuelana, no entanto, começou a registrar um processo de desaceleração no fim do ano passado. Maduro insiste que o PIB vai crescer mais de 5% em 2023, rebatendo as projeções de vários analistas.