Tópicos | Projeto Novo Recife

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A confusão envolvendo o Cais José Estelita parece estar longe do fim. Na noite desta quinta-feira (28), após a retomada da demolição do cais, discussões e princípios de confusão entre os ativistas e os policias militares agitaram os ânimos de quem estava pelo local. 

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De acordo com os próprios militantes, algumas mulheres chegaram a serem agredidas pelos policiais que obrigavam a saída de quem estava na área mais próxima do maquinário que estava sendo usado para a demolição do armazém. Polícias com metralhadoras reforçam a segurança e dizem que o que eles estão fazendo é para evitar que os ativistas sejam atingidos por algum tijolo ou objeto no momento da demolição do cais.

O documento que autoriza a retomada da demolição do Cais José Estelita ainda não chegou no galpão. Pelo menos foi o que informou um policial militar, que está sem identificação visível. O agente confirmou a Jô Lima, codeputada estadual, que solicitou o documento para poder analisar. O PM disse que não estava com o documento e que "ouviu falar que o advogado do Consórcio Novo Recife era quem chegaria para conversar com os ativistas e autoridades políticas" que estão no local.

Aguns dos ativistas que estavam acampando em frente ao cais estão resistindo e tentando impedir que os trabalhadores continuem demolindo os galpões. O comandante dos militares levou Jô Lima para acompanhar como estava a situação dos ativistas. Ele ainda solicitou que a codeputada ajude no convencimento para que os ativistas saiam de dentro do cais.

O Ministério Público Federal (MPF) recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (14), para tentar reverter a decisão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) que considerou lícita a aprovação do Projeto Novo Recife, a ser construído no Cais José Estelita, no bairro de São José, centro do Recife. O MPF fez ainda um requerimento para que os efeitos da decisão do TRF5 sejam suspensos até que os recursos sejam admitidos.

O MPF questiona, preliminarmente, o fato de que a relatoria do caso no TRF5 foi assumida pelo desembargador federal convocado Ivan Lira de Carvalho, quando o desembargador federal Edílson Pereira Nobre, relator original, não estava afastado de suas funções e não se declarou suspeito ou impedido.

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Para o Ministério Público Federal, o procedimento que autorizou a venda do terreno do Pátio Ferroviário das Cinco Pontas ao Consórcio Novo Recife deve ser considerado nulo, por falta de um posicionamento prévio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em relação à existência de valor histórico da área em questão. Além disso, o Projeto Novo Recife não deve ter prosseguimento, por ser extremamente prejudicial aos bens tombados em toda região dos bairros de São José e Santo Antônio, impedindo a sua visibilidade, como apontam pareceres emitidos pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU).

Para o procurador regional da República Domingos Sávio Tenório de Amorim, autor dos recursos, “é um absurdo que se queira preservar a memória histórica do local através da redução da área com tal importância, optando-se pelo uso privado, totalmente voltado para o lucro, através de construções que vão empaná-la e descaracterizá-la pela diversidade arquitetônica de prédios monumentais que passarão a protagonizar no ambiente”. Ele também ressalta os problemas decorrentes da eventual construção do empreendimento, com impacto no esgoto sanitário, produção de lixo e transporte, piorando ainda mais o trânsito já caótico da cidade.

Na última semana, a construtora Moura Dubeux realizou um evento para divulgação da primeira etapa de construção do Projeto Novo Recife, chamado Mirante do Cais. O empreendimento conta com duas torres, Mirante Sul e Mirante Norte, e o Parque do Cais. O processo de construção do projeto na área do cais José Estelita gerou uma série de manifestações de grupos ligados aos direitos urbanos, que levantaram a pauta do direito à cidade ao alegarem se tratar um projeto urbano que prioriazava os interesses privados ao público.

Réveillon não é só festa. É festa e luta pelo direito à cidade. É com este pensamento que o Movimento Ocupe Estelita realiza o Reveillita, festa da virada independente na Avenida Cais José Estelita, em frente aos armazéns que já se tornaram um símbolo do ativismo no Recife.

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São três polos que foram montados graças a financiamento coletivo, como destaca um dos organizadores do evento, o produtor Renato Barros. “Está sendo um sucesso porque, primeiro, muitas pessoas já entendem qual é a luta do Ocupe Estelita e vem aqui festejar e militar e, segundo, porque está havendo um retrocesso cultural no incentivo estatal, com uma diminuição de polos. Estamos mostrando que, sem apoio, com artistas pernambucanos e independentes, é possível montar um evento com bom público”.

Para o músico Edvaldo da Silva, tocar no Cais José Estelita tem um gostinho pessoal. O vocalista também é ativista do movimento, tendo participado das várias ocupações e atividades que ocorreram no local. Nesta quinta-feira (31), a banda de Edvaldo, De Leão, é a primeira a se apresentar no polo do Som na Rural. “É uma alegria muito grande estar cantando para essa galera, que  está na luta por igualdade e por mais espaços públicos. Vivemos uma cidade que segrega pessoas de baixa renda e temos que lutar por mais espaço público”, completa Ednaldo.

Além do Som na Rural, o Reivellita tem um palco principal e uma tenda de música eletrônica. Ainda há venda de camisas do movimento, arrecadação de alimento, foodtruck, tecido acrobático e yoga. Desde as 22 horas, havia um grande público ao longo da avenida.

“Isto serve parar firmar que esse espaço é por direito nosso, é por direito público. Temos que demarcar que isso é nosso. Com arte e cultura, essa luta ganha um simbolismo muito maior”, conclui Renato Barros.

Confira a programação do Reveillita:

PALCO PRINCIPAL | das 22h às 6h 

22h.....Verdes e Valterianos 

23h..... Zeca Viana 

1h30...Coxas D'Amelia 

3h........Orquestra Imaginária 

4h30...Esquema Noise

 

POLO DE DJs | das 20h às 6h

20h......Tropicaos 

21h......Linda 

22h.....Ceaga 

23h.....BEEsha

0h.......Well 

1h.......Pedroca

2h.......Vitor Matias 

3h.......Sudaka 

4h.......Gustavo Free 

5h.......Marcelo Tavares 

 

SOM NA RURAL | das 21h às 6h

DJ Monica Pantoja

DJ Carlota Pereira

Banda de Leão

Graxa

Petronio Satanás e as Criaturas

Jam Juvenil + Feiticeiro Julião

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Em ato contra a reunião da Conselho de Desenvolvimento Urbano que será realizado nesta terça-feira (22) pelo Projeto Novo Recife, integrantes do Movimento Ocupe Estelita se reúnem, nesta segunda-feira (21), em frente à Prefeitura do Recife, área central da cidade. O ponto de partida da manifestação foi na Praça Olavo Bilac, também no Centro.

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Com bandeiras e instrumentos musicais, o grupo pede para que o prefeito Geraldo Julio desista da reunião. Alguns manifestantes se acorrentaram nos mastros localizados em frente à Prefeitura, simbolizando que o movimento ainda resiste. O Movimento também afirma que pode se manter em frente ao prédio da PCR durante toda a noite, mas promete não fechar a via no sentido Recife Antigo/Santo Amaro.

De acordo com um dos integrantes do movimento, Ernesto de Carvalho, ainda não se sabe o desenrolar do novo ato programado para esta terça-feira (21) contra o Novo Recife, pois os rumos do manifesto apenas serão decididos pelos integrantes durante a mobilização. 

Com pouca expressividade (cerca de 150 pessoas), em relação aos atos anteriores do movimento, o grupo permanece no local no início desta noite, fechando a Avenida Cais do Apolo em algums momentos. O Projeto Novo Recife prevê a construção de 12 torres residenciais e empresariais no Cais José Estelita.

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LeiaJá também:

--> Projeto do Novo Recife pode ser aprovado nesta terça (21)

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O projeto Novo Recife, que prevê a construção de 12 torres residenciais e empresariais no Cais José Estelita, voltou a ser discutido nesta sexta-feira (27). A pauta sobre o redesenho arquitetônico foi abordada no Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU) na Prefeitura do Recife.

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A reunião estava marcada inicialmente para o dia 2 de outubro, mas foi adiada pelo prefeito do Recife, Geraldo Julio, após a deflagração de uma ação da Polícia Federal (PF) para investigar uma suposta fraude no leilão para a compra do terreno do Cais José Estelita.

A Operação Lance Final revelou que houve falta de critérios na habilitação das empresas interessadas no pregão e descumprimento de prazos legais. O terreno foi comprado por R$ 55 milhões, valor cerca de R$ 10 milhões abaixo do que valia.

O encontro de hoje ocorreu na sede da Prefeitura do Recife (PCR); enquanto isso, integrantes do movimento Ocupe Estelita realizaram um ato na parte externa do prédio. O grupo promoveu um café da manhã no local.

“O objetivo é discutir o processo antes que a reunião pudesse acontecer”, afirmou Maria Heráclio, integrante do movimento. Segundo a psicóloga, os manifestantes foram impedidos de entrar por policiais e a entrada da Prefeitura foi isolada por grades. Nenhum representante da PCR atendeu aos manifestantes.

"A gente foi recebido por policiais e grades por todos os lados. Essa reunião deveria ser aberta a sociedade civil, mas não permitiram que a gente entrasse". Cerca de 15 manifestantes pretendem ficar no local ficar até o fim da reunião. “Vamos convocar uma assembleia aberta no final de semana para pensarmos ações para respoder a isso”.

 

Ainda conforme a psicóloga, a reunião de hoje pode definir o rumo da construção das torres.  "Estamos em um momento muito sério, esse seria o último passo para que o empreendimento seja viabilizado e é a nossa última possibilidade para barrar que esse processo saia".

Com informações de Paula Brasileiro

Envolvido com as atividades políticas há quase 45 anos, João Paulo de Lima e Silva é um dos fundadores do PT em Pernambuco e hoje atua como superintendente da Sudene. A atuação dele iniciou ainda na época da ditadura militar em movimentos católicos e comissões operárias de metalúrgicas. De lá para cá, o petista foi presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PE) e exerceu mandatos de deputado estadual, federal e prefeito do Recife. 

À frente da Sudene desde julho, João Paulo recebeu nesta semana a equipe do Portal LeiaJá para uma entrevista exclusiva. Durante a conversa, ele detalhou as atividades da autarquia, fez uma avaliação do cenário político e econômico nacional e pontuou as pretensões do PT no Recife para as eleições de 2016. 

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Petista mais cotado como candidato a prefeito da capital pernambucana, o político destacou que o êxito da legenda na eleição municipal vai depender muito do cenário nacional e, em tons descontraídos, comparou o futuro postulante a um gladiador.

Veja a entrevista na integra:

LeiaJá (LJ) - O senhor assumiu a Sudene em julho, sob o discurso de que haviam muitos desafios, entre eles a revitalização da autarquia. Hoje, mais de dois meses depois, qual tem sido o papel de vocês na região?

João Paulo (JP) - A Sudene tem o papel de cuidar do desenvolvimento da região do Nordeste, garantindo a integração e financiando projetos que extrapolem os limites dos estados [acima de R$ 50 milhões]. A meu ver hoje está faltando na Sudene estudar um pouco mais o Nordeste e desenvolver um planejamento mais participativo com o conjunto da região. Para isso, fui procurado por uma comissão de Minas Gerais, que está dando a maior atenção a Sudene, e vieram aqui pedir a implantação de um escritório nosso lá. Eles têm sido muito mais presentes aqui do que as cidades mais próximas. 

LJ – Como está a articulação com os 11 estados que englobam a superintendência?

JP - Neste primeiro momento minha dedicação foi para ter uma visão geral do que a Sudene está fazendo, cuidar do prédio e das ações necessárias junto com o condomínio para que nós nos mantenhamos aqui. Estamos aguardando a agenda do (Conselho de Desenvolvimento do Nordeste) Condel e entendo que os passos concernentes a articulação com os governadores tem que ser em cima da pauta. Estou analisando também a pauta dos governadores do Nordeste, para ser um elemento de articulação com o próprio Governo Federal e o Ministério da Integração no sentindo de retomar a unidade da região. 

LJ – Os cortes do Governo Federal atingiram de alguma forma os recursos da Sudene?

JP - Precisei fazer uma revisão de metas para os servidores, que foi não em função dos recursos disponíveis, mas dos projetos apresentados. Você tem mais de R$ 1,2 bilhões para analisar, significa que é um ambiente positivo. Teve uma redução de diárias e passagens, porque tem que se fazer as vistorias e outras atividades, mas em relação ao Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) não houve corte, nem contingenciamento. Estamos ainda dando segmentos a muitos projetos. Na semana passada liberamos mais de R$ 100 milhões para Fiat e R$110 milhões para a Odebrecht Ambiental que está saneando mais de 15 cidades da RMR. 

LJ - Vindo para o contexto nacional, como o senhor avalia a conjuntura política e econômica?

JP - Tem algumas questões para serem analisadas de forma mais profunda. Primeiro, a presidente Dilma está mais habilitada do que nunca para concluir o mandato dela, que foi dado pelo povo. O que nós temos visto é uma oposição que se aproveita da crise econômica nacional e a nossa pouca habilidade para capitalizar as grandes transformações e mudanças na qualidade de vida do povo brasileiro. Temos exemplos significativos como os programas de desenvolvimento social. São projetos de uma grande monta e que faltou um processo de politização maior.

LJ – A reabertura dela para o diálogo com as bases pode ajudar na retomada da popularidade e da articulação com o Congresso Nacional?

JP - Muitos aliados aproveitam o momento para conquistar mais espaços no governo. Isso faz parte do jogo político. Com a reforma ministerial isso pode se equilibrar mais. Tem parcela do parlamento brasileiro que não está nem um pouco preocupado com o que pode acontecer com o Brasil, está muito mais preocupado com seus quinhões, suas influências e indicações políticas. 

LJ – E a autocrítica do PT com relação à gestão de Dilma, como o senhor avalia?

JP - A crítica é um instrumento importante. Digo sempre que meus melhores assessores ao longo dos 45 anos de experiência política, são aqueles que adotam um espírito crítico. Não vejo a crítica como algo negativo não. Agora a outra coisa é a esculhambação e a baixaria, mas isso se administra. É você ter um foco do projeto. Do ponto de vista do partido está resolvido. Está aí a perda de ministérios, como o da Saúde, historicamente ocupado pelo PT por nomes como Padilha, Chioro e o próprio Humberto Costa. [O PT] Saiu do ministério sem problema nenhum. Mas isso faz parte da correlação de forças.

LJ - A abertura para o PMDB prejudicaria de alguma forma o PT?

JP - Acredito que não. Veja bem, Lula e Dilma tem um grande feito que é governar com a minoria das minorias. Então a composição política de um governo faz parte do jogo político. Você se elegeu com um número de forças e tem que atender a todas elas. Agora a questão é o seguinte: todo mundo que participou deste processo sempre acha que deveria estar melhor representado e fazem pressão para ocupar esses espaços. Digo isso por experiência própria. Foram oito anos na Prefeitura do Recife. 

LJ – E por falar no Recife, como andam as articulações do PT para 2016? 

JP – Há um consenso no partido de que cometemos muitos erros, por isso não vamos tomar nenhuma decisão que não seja em unidade e o desejo da ampla maioria. A decisão do PT hoje é de ter um candidato próprio a prefeito [do Recife] e meu nome aparece muito bem, mesmo depois de quase sete anos que deixei a prefeitura, fiz um governo que deixou marcas. Tem um recal grande da gestão, mas é muito cedo ainda. Hoje diria que o PT não tem condições de disputar a eleição. Para o PT lançar uma candidatura vai depender muito do cenário nacional. O cenário nacional sempre ajudou o PT em Pernambuco. Espero que esse quadro possa ser revertido e a gente possa ter candidaturas competitivas no estado. 

LJ - O senhor quer voltar para a prefeitura? Digo, ser candidato em 2016?

JP – Estou bem aqui na Sudene, fazendo o meu trabalho e dando o máximo que posso. Mas o partido vai discutir essa possibilidade mais para frente. Fui chamado para participar do processo [no Grupo de Trabalho Eleitoral PT-Recife], mas disso a ser candidato há uma distância significativa. Acabei de sair de uma eleição, com dificuldades financeiras. Tenho que ponderar. Apesar disso, todas as pesquisas que fazem me apontam com uma excelente condição na cidade, mas estarei fazendo 66 anos de idade e 45 de vida política, cada passo é exigido de mim pensar um pouco mais. Talvez o candidato do PT no Recife tenha que virar um gladiador e explodir o Vesúvio que está dentro dele. Este será o segredo da vitória do nosso candidato.

LJ - O senhor falou das marcas e das políticas públicas implantadas na sua gestão, como avalia a atuação do prefeito Geraldo Julio?

JP - Hoje não vemos nenhuma [política pública], mas acho que primeiro quem tem que avaliar é a sociedade que perdeu, perdeu muito na manutenção, na saúde, na cultura, na educação. Estão aí os artistas cobrando ainda o cachê do carnaval. É uma situação extremamente difícil. Não me cabe fazer esse julgamento, mas ao povo. Eles vão julgar no dia certo e dar uma nota. 

LJ – Também na sua gestão deu-se início a toda a articulação do Projeto Novo Recife, assunto de polêmica discussão social atualmente. Como foi sua a participação neste processo?

JP - O projeto Novo Recife não foi durante a minha gestão. O que havia era o complexo cultural Recife e Olinda. Era uma parceria entre nós, Luciana Santos, Jarbas Vasconcelos e o Governo Federal. Para um projeto com prédios menores e outra arquitetura. Nós esperávamos que o Governo do Estado ou a União comprasse a área ferroviária, o que não aconteceu. 

LJ – A gestão seguinte também foi do PT, com João da Costa. Então a responsabilidade seria dele?

JP – Posso falar do tempo enquanto eu fui prefeito. Depois que eu fui prefeito as discussões que ocorreram não sei. Era um projeto a quatro mãos. Nenhum de nós tínhamos recursos para ficar naquela área. 

Movimento social e política deixaram de andar juntos há um tempo. Atrelar as bandeiras hasteadas pelos dois segmentos antes era visto como positivo, mas hoje é sinal de descrença. No Recife, as defesas do Movimento Ocupe Estelita – conhecido por ser contra a implantação do Plano Urbanístico do Cais José Estelita, no bairro de São José – têm se misturado aos pleitos políticos das bases da oposição e do governo. Para uns a movimentação é positiva, no entanto outros veem como a politização do grupo que surgiu inicialmente em defesa das pautas da cidade. 

Sob a ótica do vereador Wanderson Florêncio (PSDB), por exemplo, o Movimento, apesar de lutar por uma causa justa, tem atuado de “forma politiqueira” nos últimos dias. “O Ocupe Estelita deixou de ter um caráter construtor e passou a ter um sentimento mais político”, cravou. “Uma bola fora do Movimento foram os últimos acontecimentos, como o protesto no Shopping e na casa do prefeito. Perderam o rumo inicial, que eu considero como positivo, pois eles surgiram chamando a atenção ao projeto do Novo Recife e conseguiram que ele fosse modificado”, acrescentou, avaliando.

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Mesmo acreditando no caráter mais político do grupo, o tucano defendeu que não é possível estereotipar o Ocupe. “Defendo qualquer tipo de movimento e manifestação social, mas o Ocupe Estelita perdeu a essência. A gente não pode generalizar, é claro. Acredito que 90% estão indo pela causa da cidade, mas os líderes do movimento, sabemos, têm envolvimentos político-partidários. A minoria termina manchando o sentimento da maioria”, argumentou o parlamentar. 

Rebatendo o posicionamento do colega, a vereadora Isabella de Roldão (PDT) grifou que “todo movimento social faz política”. “Acredito que tentam deturpar o Ocupe Estelita e as bandeiras carregadas por ele, querendo misturar isso com as bandeiras partidárias”, observou. “O que as pessoas querem é deteriorar o movimento. Essa discussão é muito séria e vão dizer que quem chegar junto é aproveitador. O político que chegar junto e lutar pela causa vai ser visto como um político interesseiro (...) A única falha que o movimento tem é de não ter existido há 30 anos”, acrescentou a pedetista, que tem endossado as lutas do Ocupe Estelita. Ela inclusive assina uma petição de nulidade da Lei que estabelece o Plano Urbanístico da área. 

A visão de deturpação pregada por Isabella de Roldão é corroborada por integrantes do Movimento. Para a advogada do grupo, Liana Cirne, as pessoas que acusam o movimento de atuar com interesses políticos posteriores querem “desqualificar a luta pela causa”. Segundo ela, o Ocupe é um “movimento em defesa da cidade e do direto da cidade, pela nossa paisagem cultural, o conforto ambiental, estadia e qualidade de vida”. 

“Política era para ser uma coisa bonita, mas esses políticos com ‘p’ minúsculo mancharam a reputação do segmento e, por isso, hoje dizer que o movimento tem um sentimento político é negativo. Essas pessoas (que taxam o movimento) emporcalham a política e não conseguem entender o porquê de recebermos simpatia e apoio de muitos. Nós que não temos cargos fazemos política com ‘p’ maiúsculo para os filhos, netos e gerações não nascidas”, argumentou a advogada.

Segundo Liana, o Ocupe Estelita virou uma “luta de todo o Brasil” e muitos querem “retirar o mérito desta luta que não é partidária”. “Quando iniciamos esta luta pelo Cais José Estelita, o governo era do PT, fizemos criticas contundentes. Vamos nos aliar a qualquer proposta que seja decente para o Cais José Estelita e o Recife (...), vamos reconhecer o mérito de quem nos oferecer soluções e criticar qualquer um que defender o Novo Recife, não importa a legenda”, cravou. “Gostaria de ter o prazer de aplaudir Geraldo se ele reconhecesse as irregularidades e a nulidade do Plano Urbanístico, o que é possível, pois já foi proposta uma ação civil pública. E se ele se dispuser a absorver de fato as sugestões da sociedade”, acrescentou.

Os integrantes do movimento Ocupe Estelita que estavam acampados em frente ao prédio do prefeito do Recife Geral Julio, na Rua Neto Campelo, Torre, tiveram que deixar o local na manhã deste sábado (9). A determinação foi do Tribunal de Justiça, após negociação com o gestor municipal. O mandado deveria ter sido cumprido ontem (8), mas o prazo para desmontarem as barracas foi prorrogado para o meio-dia de hoje.

>> Ato do Ocupe Estelita chega ao prédio de Geraldo Julio

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Os ativistas fazem reivindicações contra o Plano Específico do Cais José Estelita, Santa Rita e Cabanga, que autoriza a construção do Projeto Novo Recife, e querem mesa de negociação com a administração municipal. Eles estavam acampados desde quinta-feira (7), por volta das 18h, na rua que mora Geraldo Julio. Os manifestos continuaram pelas ruas do bairro da Torre e, segundo integrantes do movimento, vão continuar resistindo por tempo indeterminado. 

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Aprovação – Na terça-feira (5) a sanção da lei pelo chefe Executivo Municipal deu carta branca para o início da construção do Projeto Novo Recife, que abrange 13 prédios residenciais e comerciais com até 38 andares. O projeto é criticado pelos ativistas por ser uma área localizada no centro histórico da cidade.

A síndica do Edifício Laura Caúla, onde reside o prefeito Geraldo Julio, entregou uma carta de reclamações a integrantes do movimento Ocupe Estelita, na tarde desta sexta-feira (8). Hildete Santana Tenório conversou com manifestantes que ocupam, desde essa quinta-feira (8), a calçada do residencial localizado no bairro da Torre, Zona Norte do Recife. A síndica reclamou de barulho e disse que o  local é privado e precisa ser desocupado.

De acordo com Hildete, o edifício tem 74 famílias, muitas com pessoas doentes e idosas. Ela afirmou que alguns moradores estão reclamando de barulho feito pelos manifestantes, bem como pediu que eles retirem da calçada barracas que, segundo ela, estão dificultando a mobilidade dos moradores. “Aqui é uma propriedade privada! É preciso que vocês (manifestantes) cheguem a um consenso ou então vão para a rua. Vocês têm que ter cuidado com o barulho, porque aqui tem muita gente idosa e doente”, declarou a síndica.

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Em resposta à alegação de Hildete, um integrante do Ocupe Estelita disse que alguns moradores do próprio edifício estão a favor do movimento e até chegaram a contribuir com comida e água. Porém, a síndica afirmou que a maioria dos residentes do edifício está incomodada. “Se existe alguém aqui que não está incomodado, com certeza esta pessoa não dorme aqui. A gente não pode fazer nada contra o projeto Novo Recife”, retrucou Hildete.

A entrega da carta foi pacífica, assim como a conversa entre a síndica e os manifestantes. Entretanto, de acordo com um dos integrantes do Ocupe Estelita que participou do diálogo e que recebeu a carta, Ernesto de Carvalho, apesar da reclamação da síndica em nome das 74 famílias do prédio de Geraldo Julio, existem outras milhares de famílias que terão que sair dos armazéns onde o projeto deverá ser erguido. Carvalho também fez questão de deixar claro que a ocupação apenas está acontecendo porque o prefeito ainda não se reuniu com os manifestantes depois da aprovação do projeto. “A população da cidade está revoltada com o prefeito! O prefeito não fala nada e quando a Prefeitura diz que fez um diálogo com a sociedade, isso é uma grande mentira! Ele tem que se posicionar. Geraldo Julio não pode ignorar o que milhares de pessoas estão questionando”, disse o integrante do Ocupe Estelita, em entrevista ao LeiaJá.

Ainda sobre as reclamações da síndica, Ernesto de Carvalho disse que os manifestantes não estão prejudicando a mobilidade e até afirmou que não há barulho que incomode os moradores. “Essa ocupação foi um ato desesperado do nosso movimento, através de um sentimento coletivo. Foi uma decisão espontânea. A gente foi para a Prefeitura e eles colocaram a polícia para a gente. Muita gente que está aqui precisa trabalhar e por isso queremos finalizar a ocupação assim que o prefeito se posicione”, declarou o integrante.

Além das barracas montadas em frente ao edifício, existe uma tenda que serve como uma espécie de cozinha. Nela são colocados mantimentos e bebidas. Alguns carros chegam ao local e deixam mais mantimentos, bem como manifestantes informaram que moradores de residências próximas estão ajudando o movimento.

O Consórcio Novo Recife corrigiu informação veiculada na apresentação do redesenho do Projeto Novo Recife, após recomendação do Ministério Público Federal em Pernambuco (MPF-PE). Na apresentação havia uma referência ao “Estudo de Impacto de Vizinhança”, mas o levantamento não foi exigido para o projeto, mesmo sendo instrumento de política urbana previsto no Estatuto das Cidades. A expressão “Estudo de Impacto de Vizinhança” foi alterada para “Memorial Justificativo de Impacto”.

A ausência do Estudo de Impacto de Vizinhança, inclusive, está sendo discutida em ação civil pública, ajuizada pelo MPF na Justiça Federal. Segundo o MPF, o consórcio argumentou que ele apenas apontou os profissionais responsáveis pelo estudo dos aspectos ambientais relacionados ao projeto imobiliário.

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De acordo com a procuradora da República, Mona Lisa Ismail, entretanto, o impacto do empreendido causará grande alteração do ambiente natural e construído e da qualidade de vida da população da área e arredores, meio ambiente, paisagem urbana, sistema de transportes, ventilação, iluminação e outros aspectos. “Ocorre que um estudo minucioso sobre tais questões, em suma, sobre os efeitos negativos e positivos do empreendimento, não foi feito, devendo ser esclarecido que ao Estudo de Impacto de Vizinhança não se equipara o simples 'Memorial Justificativo de Impacto' a que faz referência o art. 62 da Lei nº 16.176/96”, argumenta a procuradoria.

Propaganda – O MPF também instaurou procedimento para apurar suspeitas de irregularidades em propagandas veiculadas na mídia do Projeto Novo Recife e ao resultado da pesquisa de opinião realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe). O procedimento quer verificar se as propagandas do Novo Recife estão induzindo a opinião pública à aprovação do projeto. 

Finalizada na tarde desta quinta (27), a audiência pública para discutir o projeto Novo Recife teve sua conclusão marcada pelo embate verbal entre os participantes a favor do empreendimento do Consórcio Novo Recife e os ativistas do Movimento Ocupe Estelita. Durante o evento, os integrantes tiveram a oportunidade de expressar suas opiniões a respeito do empreendimento, mas, em muitos dos casos, houve vaias, gritos e discussão.

Em meio a esse clima de briga, a audiência foi finalizada sem nenhum acordo. Segundo o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Recife, Antônio Alexandre, todas as questões levantadas durante o encontro serão analisadas pela PCR e o plano urbanístico do local deve ser finalizado ainda em 2014. Depois da conclusão, o plano estará sujeito à aprovação do Conselho das Cidades. O secretário ainda explicou que, após a apreciação do Conselho, o plano seguirá para a Câmara Municipal do Recife e, por último, chegará à Prefeitura.

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*Com informações de Yasmim Dicastro

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O conflito marca a audiência pública sobre o redesenho do projeto Novo Recife, realizada no Clube Internacional, nesta quinta-feira (27). Após a apresentação feita pelo Consórcio Novo Recife, resumida na leitura do projeto pelo arquiteto Jerônimo da Cunha Lima, diversos representantes da sociedade civil se posicionam em relação ao polêmico projeto que resultou na criação do movimento Ocupe Estelita, contrário ao empreendimento.

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Moradores de bairros diretamente afetados pelo Novo Recife – como Coque e Cabanga – entraram em discordância sobre os benefícios e malefícios do projeto à cidade. Para Marta Ferreira, moradora e integrante do movimento Coque Resiste, o projeto viola a arquitetura antiga da cidade e oprime os moradores das comunidades envolvidas. “O governo que diz cuidar das pessoas não pergunta as necessidades do Coque, dos Coelhos. Sou moradora, sou pobre, e não aceito a injustiça desse projeto. Essas 200 unidades habitacionais para as comunidades não é suficiente.

Renê Guedes, outro morador do Coque, causou polêmica entre as pessoas contrárias ao projeto ao defender o Novo Recife como uma ótima opção para a área. “Foram 18 mudanças principais, desde o projeto inicial, e vocês não percebem isso. Se vocês fossem mais educados e prestassem atenção ao projeto, veriam os benefícios”, disse o morador sob vaias dos integrantes do Ocupe Estelita.

Secretário é vaiado e chama ativista de “ditador”

Responsável pela pasta de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Recife, o secretário Antônio Alexandre afirmou que o redesenho do projeto “fará muito mais pela cidade e traz qualidade urbana”. Enquanto concedia entrevista à imprensa, foi criticado por não estar prestando atenção à audiência pública. 

Arthur Maia, integrante do Ocupe, era um dos mais exaltados e interrompeu a entrevista questionando por que policiais do Batalhão de Choque foram mobilizados à audiência. “São guardas municipais”, rebateu Antônio Alexandre. O ativista continuou a criticar o comportamento do secretário; Alexandre, visivelmente incomodado, disparou: “você é um pequeno ditador, é um futuro ditador”. 

Para o integrante do Ocupe Estelita, apesar da mobilização do movimento, a causa é perdida. “Infelizmente é uma causa vencida pelos empreiteiros e pela Prefeitura. Acho que não conseguimos impedir o projeto, o que vale é ganhar voz, ser visto e denunciar as ilegalidades deste projeto”, afirmou Arthur Maia.

“Eles precisam pelo menos conhecer o projeto”, diz arquiteto

Jerônimo da Cunha Lima, um dos arquitetos responsáveis pelo projeto, disse que os manifestantes já vieram à audiência com cartazes contra o Novo Recife e nem sequer prestam atenção ao redesenho. “Isto é uma posição política [do Ocupe Estelita]. O projeto já está aprovado e esta audiência aqui é só para a sociedade ouvir o redesenho”, explicou Jerônimo

Para o engenheiro José Brito, um projeto relevante não é tão suscetível a mudanças e redesenhos. “Quando o projeto é bom, você não remenda ele. Não existe debate com um projeto único. É preciso no mínimo dois, três projetos para que se possa discutir a cidade”.

O movimento Ocupe Estelita está realizando neste domingo mais um ato em frente ao Cais José Estelita, na Ilha Antônio de Vaz, na área central do Recife. As pessoas estão lotando o espaço para participar de atividades artísticas, musicais, oficinas e rodas de debate. A ideia da intervenção é reforçar a participação popular nas discussões sobre o Projeto Novo Recife, do Consórcio Novo Recife.

Para Leonardo Cisneiros, um dos principais integrantes do movimento, a ocupação também serve para chamar a atenção da Prefeitura do Recife (PCR). “Ela está tratando tudo em banho-Maria”, ironiza. Cisneiros acredita que conseguir provocar a anulação da audiência da apresentação do redesenho do projeto, que ocorreria no dia 7 de novembro, representa uma vitória. “O processo de discussão tem que ser ajustado. O combinado era incluir o movimento nas discussões, mas a prefeitura está atropelando isso”.

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Sobre o que o grupo vai fazer até a data da próxima audiência, agora marcada para o dia 27 de novembro, Cisneiros diz que ainda haverá um planejamento. “É preciso analisar, mas a gente não vai validar um processo que é um teatro. O redesenho só diminuiu a desgraça, mas ainda tem desgraça”, critica.

O arquiteto e integrante do movimento Ocupe Estelita, Sérgio Urt, também reforça que o processo de discussão tem esquecido a participação popular. “Depois da audiência pública da prefeitura, do dia 17 de julho, foi prometida a nossa participação e não aconteceu. Aí depois que eles fazem uma audiência r fica como se tivessem agido de boa fé. Faltou democracia”.

Além das lideranças do movimento, sempre presentes nas ocupações, uma figura chamou a atenção dos que estavam presentes. O geógrafo britânico David Harvey veio à capital para lançar seus livros, mas aproveitou para visitar a manifestação. Segundo ele, estes projetos contra a especulação imobiliária estão cada vez mais comuns e significativos. “Nos últimos 20 anos tenho visto vários protestos, este é mais um em que as pessoas se juntam para dizer ‘nós não queremos este tipo de cidade’”, comenta Harvey. “Este local [o cais José Estelita] é lindo e é muito central. Eles querem isolar a periferia deste local, que é ideal para toda a cidade exercer sua coletividade”.

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Por volta das 17h30, os ativistas deram as mãos e realizaram um “abraçaço”. O evento ainda contará com shows musicais e exibição de filmes. A programação do Ocupe está dividida em cinco polos ao longo do cais.

Entenda o caso - Após a Prefeitura do Recife receber quase 300 contribuições para o modelo de redesenho da Ilha Antônio de Vaz, foi dado um prazo para o Consórcio Novo Recife apresentar um novo projeto com base nas novas recomendações. A prefeitura do Recife marcou para o dia 7 de novembro a audiência pública de apresentação do redesenho do Projeto Novo Recife. O Movimento Ocupe Estelita criticou, pois não foram dados os 15 dias mínimos entre a convocação e a audiência pública, como previsto em lei municipal. A audiência foi cancelada na Justiça e uma multa de R$ 200 mil foi estipulada caso a prefeitura desobedecesse a ordem. A nova audiência ocorrerá no dia 27 de novembro, no Clube Internacional, às 9h. Os interessados em participar do evento precisaram se inscrever no site do Conselho da Cidade. As inscrições seguiriam até um dia antes da audiência pública, mas com apenas 500 vagas disponíveis, já se encerraram. 

Depois  da coletiva de imprensa convocada pelo Consórcio Novo Recife para apresentar o redesenho do projeto do Cais José Estelita, integrantes do Movimento Ocupe Estelita irão se reunir na tarde desta quinta (6), para apresentar as ilegalidades da audiência pública fora do prazo legal. 

“O pronunciamento do Ocupe Estelita será em relação aos procedimentos adotados pela Prefeitura e pelo Consórcio Novo Recife. Nosso maior objetivo é falar sobre a necessidade de publicação prévia do material [redesenho do projeto Novo Recife] para os que se interessam sobre o caso tenham a oportunidade de se posicionarem em relação ao que está sendo feito”, afirma Luana Varejão, integrante do movimento popular.

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ENTENDA O CASO – Inicialmente marcada para a próxima sexta (7), a audiência pública para apresentação do redesenho do projeto Novo Recife não teve a convocação de representantes da sociedade civil, como o grupo Direitos Urbanos e do Movimento Ocupe Estelita, contrários ao empreendimento. Na manhã desta quinta (6), o Consórcio adiantou a apresentação das modificações no projeto. A audiência permanece marcada para a sexta, apesar das críticas dos movimentos populares acerca da ilegalidade do evento. 

O Projeto Novo Recife, que previa a construção de 12 prédios no Cais José Estelita, no bairro do Recife, deve ser redesenhado mais uma vez. O novo plano foi apresentado na tarde desta quarta-feira (10), na Prefeitura do Recife, e foi modificado a fim de valorizar a área verde da Cidade. No entanto, apenas o empreendimento responsável pela adequação do projeto pôde aprovar o novo sistema.

Os grupos Ocupe Estelita e Direitos Urbanos do Recife, que desaprovam a construção, foram barrados de participar do encontro.A Prefeitura apenas propôs reajustes. Agora, o Consórcio tem um prazo de 30 dias para aceitar ou não a nova proposta. Segundo informações da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, as modificações foram feitas a partir de contribuições enviadas ao e-mail do órgão. "Recebemos 287 propostas da população e analisamos uma por uma. A partir daí, foi que estabelecemos as mudanças no plano", disse o secretário da pasta, Antônio Alexandre. 

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Questionado sobre as principais modificações da ação, o gestor disse: "Entre as principais mudanças estão à construção de nove vias de mobilidade no entorno da área. Antes, eram apenas quatro avenidas. Estas vias vão melhorar o tráfego de veículos no local. Além disso, temos também a diminuição em dois terços da altura do prédio, a fim de valorizar as construções históricas no entorno do Cais (José Estelita)”, explicou.  

O redesenho do projeto também prevê o alargamento da Avenida Dantas Barreto, a não construção de residências na parte térrea do empreendimento, além do restauro e conservação de elementos históricos, como os galpões de açúcar instalados no Cais. Apesar de a Prefeitura interferir nas decisões do Consórcio Novo Recife, há possibilidade de setor responsável pelo empreendimento negar o redesenho. "Estas são diretrizes estabelecidas em negociações. Respeitamos o fato de o empreendimento ser privado e correr o risco de não obter determinado ganho devido às mudanças, porém temos que mostrar a necessidade que o Recife tem em manter sua estrutura histórica", concluiu o secretário. 

Um dos membros do grupo Direitos Urbanos do Recife tentou entrar na coletiva, mas, segundo relato do participante, foi impedido de subir até o local onde houve a reunião. “Ficamos surpresos ao saber pela imprensa que haveria esta coletiva, porque não fomos informados de nada. Tudo está sendo discutido a porta fechada, sem a presença dos representantes do movimento. Não sabemos como as sugestões foram selecionadas. Falta uma participação popular e democrática”, disse Leonardo Cisneiros.

Procurada pela reportagem do Portal LeiaJá, a assessoria de imprensa da Prefeitura explicou o motivo da não convocação da sociedade civil. “A coletiva de imprensa foi convocada para apresentar o resultado de um trabalho a cargo da Prefeitura do Recife e, portanto, foi uma reunião apenas para jornalistas”, alegou.

A primeira audiência pública para o redesenho do projeto Novo Recife, realizada na tarde e noite desta quinta-feira (17), no auditório da Faculdade Fafire, foi tumultuada. Devido ao número elevado de pessoas que tentavam participar das discussões, a segurança começou a barrar a entrada, pois a instituição não comportava o alto fluxo de pessoas. Dentre as aqueles que não conseguiram entrar na reunião estavam os candidatos ao governo de Pernambuco pelo PSTU e PSOL.

Jair Pedro (PSTU), que chegou no horário marcado para o debate, mas mesmo assim não conseguiu entrar, comentou sobre a importância do tema para a população recifense e considerou a discussão uma queda de braço. “Está aqui uma queda de braço pela a ocupação de uma área pública, urbana, central e histórica do Recife. O Novo Recife tem de um lado a  construtora Moura Dubeux como a parte mais interessada do processo, ladeada pela Prefeitura do Recife, e do outro a população recifense que luta pela revitalização do local, ao invés da construção de um empreendimento privado. Nós achamos que esse projeto tem que ser voltado de fato para a população de Pernambuco e não para especulação imobiliária”, afirmou o candidato.

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O candidato do PSTU também afirmou que a Prefeitura do Recife está maquiando o processo, pois a construtora investiu uma quantia elevada na campanha que elegeu o prefeito Geraldo Julio. “A Moura Dubeux tem tudo a ver com o processo eleitoral da Prefeitura do Recife, pois a construtora investiu cerca de 500 mil reais na campanha de Geraldo Julio. Por isso eles precisam mostrar serviço depois. Eles estão fazendo aí uma maquiagem, dizendo que vai atender a população, criar mais empregos, essa coisa toda”, declarou.

Sobre um novo destino para o Estelita, Jair Pedro sugeriu a criação de um shopping popular, de fácil acesso e produtos com preços módicos. Segundo ele, os camelôs que comercializam desordenadamente no centro da cidade seriam alocados. O que geraria mais emprego e ao mesmo tempo não iria ‘atacar’ a estrutura do Recife.

O candidato ao governo de Pernambuco pelo PSOL, Zé Gomes, também tentou participar do debate. Mas até o momento da entrevista não tinha conseguido. De acordo com o candidato a discussão abre portas e possibilita que a população seja ouvida. “Esse debate é importante porque, finalmente, o poder público começou a cumprir algo que já deveria ter sido feito há muito tempo, que é escutar a população. O grande problema não é só a legalidade ou ilegalidade dos tramites, mas o conceito  de cidade que tá sendo construída pelas empreiteiras e construtoras em Recife, com o apoio do poder público”, disse Gomes.

Assim como Jair Pedro, Zé Gomes criticou a Prefeitura do Recife e considera que ela tem interesse direto no processo. “Infelizmente, depois do processo cheio de falhas, irregularidades e ilegalidades, a prefeitura tem tentado se colocar como árbitro, mas na verdade ela é parte e ré, inclusive, em 4 desses processos na Justiça. Então a prefeitura está em uma situação muito delicada. Coloca-se muito a culpa na outra gestão, mas parte dessas  irregularidades já foi nessa gestão”, constatou.

Para Zé Gomes, ouvir a população é fundamental para a construção da democracia. E afirmou que suas propostas de governo serão baseadas no desejo do povo. “Nossa coligação é a Mobilização pelo Poder Popular. Nossa concepção se concretiza com a participação efetiva da população nas decisões do Estado. Infelizmente a cultura política em Pernambuco, nos últimos anos, tende a se desrespeitar os espaços de participação popular nas decisões do Estado e espaços públicos. A gente acha que a discussão com a participação popular deveria ser permanente e queremos garantir esse debate”, concluiu Zé Gomes.  

É nesta quinta-feira (17), a partir das 14h, a audiência pública convocada pela Prefeitura do Recife com o intuito de debater as diretrizes urbanísticas do projeto Novo Recife. Após as pressões feitas pelos integrantes do Ocupe Estelita, a gestão definiu o encontro no Auditório Maria José Torres, no térreo da Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire), no bairro da Boa Vista. 

Em evento criado no Facebook, quase cinco mil manifestantes confirmaram presença e até um #OcupeFafire foi cogitado por algumas pessoas. Na nota oficial sobre a audiência, o grupo afirma que o procedimento de diálogo proposto pela Prefeitura não “satisfaz as nossas demandas por um processo conduzido por instâncias legítimas de participação, como o Conselho da Cidade, e com garantias de que haja uma revisão do projeto em sua essência”. 

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Na última semana, por conta da falta de segurança no local, os ativistas do Ocupe Estelita desistiram de pernoitar sob o viaduto Capitão Temudo, como vinha sendo feito desde a reintegração de posse do Cais José Estelita. Segundo os manifestantes, uma onda de ataques ao acampamento, com pedras e bombas atiradas contra os ocupantes, foi o motivo para a saída do local. 

Nesta sexta-feira (4), a Prefeitura do Recife realiza a reunião técnica sobre o projeto Novo Recife. O encontro será realizado às 9h da manhã com representantes da gestão atual e do Movimento Ocupe Estelita, além das instituições e entidades envolvidas no processo de negociação do redesenho do projeto.O objetivo é auxiliar a elaboração de um documento balizador para a audiência pública, convocada para o próximo dia 17. 

De acordo com o secretário de Desenvolvimento e Planejamento Urbano, Antônio Alexandre, o envolvimento de todos os atores é fundamental para a construção do processo. "O caminho da negociação está sendo construído com a participação de todos. Vamos realizar audiência pública, escuta de segmentos da sociedade", explicou.

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Negociação - Na última quarta-feira (2), o prefeito Geraldo Julio liderou a sexta rodada de discussão sobre o Projeto Novo Recife. O encontro durou cerca de seis horas e contou com a participação de representantes do Movimento Ocupe Estelita e das sete entidades e instituições que estão acompanhando o processo (Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco, Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Católica de Pernambuco, Instituto de Arquitetura do Brasil, Conselho de Arquitetura e Urbanismo, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco). Nesse encontro, a prefeitura manteve a suspensão dos atos administrativos referentes ao Novo Recife enquanto durar a negociação. Os representantes do movimento apresentaram novas propostas de procedimento que foram avaliadas pelo Executivo Municipal e entidades parceiras na mediação. O resultado dessa análise foi encaminhado ao Ocupe Estelita e publicado nos canais da Prefeitura na internet. 

Os manifestantes contrários ao projeto Novo Recife, que estão acampados no térreo da Prefeitura, têm até o início da tarde desta terça-feira (1º) para se desinstalarem do local. O acordo informal entre representantes do Ocupe Estelita e da gestão municipal se deu após a concessão da liminar de reintegração de posse, expedida pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), na noite desta segunda (30), pelo juiz Rosalvo Maia. 

“Ficamos sabendo na mesa de negociação, durante a reunião. Não recebemos nada oficialmente. O que ficou combinado é que o movimento tem até a tarde para se reunir e decidir”, afirmou uma das representantes do Ocupe, a arquiteta Cristina Gouvêa. A Prefeitura emitiu um texto de esclarecimento sobre o passo a passo das negociações que, para o movimento, não têm integrado os ocupantes no diálogo.

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Segundo a nota, por quatro vezes representantes da Prefeitura estiveram em constante debate com os manifestantes, nesta segunda-feira, mas mesmo assim o movimento sempre recusou as propostas. Para a realização de uma reunião na quarta-feira (2), a condição primordial é a desocupação pacífica da sede da Prefeitura. 

O texto é concluído ao confirmar que a Prefeitura “cumpriu todos os compromissos firmados nas negociações” e que o processo de negociação para redesenho do projeto Novo Recife será continuado, mantendo-se a Prefeitura “aberta ao diálogo”. O prefeito Geraldo Julio não se posicionou, pessoalmente, sobre o fato.

Através das redes sociais, os ocupantes demonstram a preocupação de uma nova intervenção policial, como a realizada na reintegração de posse do terreno do Cais José Estelita, no dia 17 de junho. Segundo os manifestantes, a Prefeitura garantiu que só reintegrará o local com a presença do Ministério Público; este acordo também havia sido feito antes da ação da Polícia Militar no dia 17, mas foi descumprido.

O Centro Dom Hélder Câmara de Estudos e Ação Social (Cendhec) e o Fórum Estadual de Reforma Urbana (FERU-PE) se recusaram a assinar documento com procedimentos para negociações do projeto Novo Recife em reunião ocorrida na segunda-feira (16), na sede da Prefeitura do Recife (PCR). Em nota divulgada nesta quinta-feira (19), as entidades esclareceram que a recusa se deu pela falta de participação na confecção do material.

Segundo a nota, os órgãos foram surpreendidos com “um procedimento construído exclusivamente pela prefeitura”. Entretanto, o material foi assinado por sete das onze instituições que compõem as discussões, sendo elas: Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-PE), Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-PE), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) e Observatório do Recife. 

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Para a coordenadora Tergentina Vilarin, do FERU-PE, desde o início dos debates, o fórum não se sente como mediador do conflito. “Colocamos este sentimento durante a primeira reunião. Percebemos que há um esforço muito grande da prefeitura em solucionar este impasse, mas é uma ação muito tardia”, diz. 

O representante do Cendhec, Alexandre Pacheco, aponta que falta negociação e participação da prefeitura. “Ela não está assumindo seu papel. Quem deve atender às demandas do projeto é o prefeito e não o consórcio”, comenta. Ele ressalta que alguns órgãos ainda apontaram mudanças no protocolo, mas não houve grandes reformulações. “O que foi apresentado não dá conta das ilegalidades do processo administrativo, não se compromete com um plano urbanístico e nem traz o debate para uma estância de participação popular, como o Conselho da Cidade do Recife”, critica o representante.

Uma nova reunião entre as entidades ainda não está agendada, mas para Pacheco o processo não tem evoluído bem. “Ao contrário do que aponta a prefeitura, não estamos seguindo para resolução alguma do impasse”, coloca.

Procurada pela nossa reportagem, a PCR responde que, a princípio, não irá se pronunciar sobre a nota.  O documento de procedimentos será colocado à apreciação dos Ministérios Públicos Federal e Estadual e do movimento Direitos Urbanos (DU). 

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