Escolher uma área para fazer residência médica pode ser demorado e tão difícil quanto conseguir a aprovação na seleção. Nesse processo, a experimentação prática e acadêmica durante a graduação é importante para dar autoconhecimento, experiência e melhorar o currículo do estudante e futuro residente. As ligas acadêmicas de saúde, que se assemelham a estágios estimulando atividades de ensino, pesquisa e extensão, podem ser boas alternativas para os alunos de medicina decidirem que área querem seguir. Além disso, rendem pontos para a etapa de análise curricular nas seleções de programas de residência médica.
Compostas por ciclos de seis meses a um ano, as ligas são formadas obrigatoriamente por um professor coordenador com especialidade na área e estudantes escolhidos por meio de um processo seletivo que varia de liga para liga, conforme o edital publicado, contendo provas e, em alguns casos, entrevistas. Os ciclos de duração das ligas são de seis meses a um ano, a depender da universidade e do edital de cada uma, e os estudantes podem solicitar renovação até atingir o tempo máximo de permanência.
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De acordo com Maria Helena Araújo Mariano, que é professora da disciplina de saúde do adulto, presidente e coordenadora da Liga Acadêmica de Reumatologia da UNINASSAU (LAREUNI), é muito importante participar de qualquer liga que seja, para que o aluno direcione suas aptidões através das atividades desenvolvidas no tripé ensino, pesquisa e extensão. “Primeiro, o aluno vai estudar acrescentando o conhecimento sobre a área. Segundo, vai ter interação muito grande com a comunidade e outra coisa importante é a parte de pesquisa. Na nossa liga, enviamos sete trabalhos para o Cogresso Nacional e cinco foram escolhidos”, explicou ela.
Complementar à formação acadêmica fornecida pela sala de aula com atividades práticas, de acordo com Maria Helena, é mais uma vantagem que as ligas oferecem às habilidades dos futuros médicos. “A liga tem esse papel complementar e suplementar, quando chegar no internato o estudante vai ter uma visão muito mais holística e global do que um aluno que não teve a chance de participar de uma liga”, afirmou a professora.
Taís Simplício tem 25 anos, é estudante do 11º período de medicina na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e há três anos está na coordenação da Liga de Psiquiatria da instituição. Na opinião dela, as ligas ajudam os alunos a escolherem uma residência e contam pontos para a seleção, mas vão além. Para Taís, as atividades desenvolvidas pelos ligantes (como são chamados os alunos das ligas) ajudam a aprimorar o currículo e, consequentemente, facilitam a aprovação nos processos seletivos da residência. “As ligas em geral facilitam a participação em pesquisas, publicação de trabalhos científicos e realização de extensões, entre outras atividades que também incrementam o currículo do aluno e acabam contribuindo no processo seletivo da residência. Como os alunos são estimulados a se inserirem nas atividades, acabam gerando produções que também contam pontos durante o ano”, disse ela.
Foi o que aconteceu com o estudante Pedro Augusto Kuczmynda da Silveira, de 23 anos, graduando do 9° período de medicina da Universidade de Pernambuco (UPE), O jovem integra a Liga de Clínica Médica da instituição desde 2018. Ele conta que esta é sua segunda liga e confirma o seu desejo quanto à área desejada para a residência.
“O estudante tem mais contato com a área na qual a Liga está inserida, com a rotina, com profissionais do segmento, com o tipo de carreira. Pode ajudar no processo de decisão, como é com algumas pessoas, tanto para se aproximar quanto para se afastar de alguma área após conhecer mais de perto. No meu caso em específico, confirmei meu gosto pela área e agora estou decidido a seguir na clínica médica, apesar de querer seguir em outra área após a primeira residência”, afirmou o estudante.
Ana Clara Torres tem 23 anos, é aluna do 5° período de medicina da UNINASSAU e já fez provas de ligas para diversas áreas, sendo aprovada nas de psiquiatria e imagem, da qual irá participar durante o ano de 2020. Ela conta que a preparação para a seleção das ligas deve ser boa, pois há concorrência pelas vagas e só são aprovados os alunos que conseguem um alto percentual de acertos nas provas. Questionada sobre sua forma de estudar para os processos seletivos, Ana citou as referências listadas nos editais e também simpósios organizados pelas próprias ligas.
“A prova depende de cada liga, mas geralmente fazem simpósio com os assuntos e depois fazem prova, e outros só colocam referência no edital. Você tem que administrar o pouco tempo que você tem para estudar e muitas vezes tem que estudar assuntos que você ainda não viu. Eu pego os conteúdos do edital, pego as referências, procuro vídeos, e vou aos simpósios. Você tem que seguir o edital e o jeito de estudar é muito pessoal”, explicou a jovem.
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