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Famílias usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) têm enfrentado dificuldades para dar continuidade às terapias de atenção à pessoa com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Recife. Na manhã desta quarta-feira (27), mães de diversas partes da capital pernambucana se reuniram, no centro do Recife, em um protesto que cobrou do poder público ações imediatas nas unidades de saúde voltadas às questões mentais e do desenvolvimento. 

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De acordo com algumas chefes de família ouvidas pelo LeiaJá, a lista de espera para o tratamento contínuo regular chega a cinco anos, a depender do caso. Também há escassez de psiquiatras, fonoaudiólogos e neuropediatras, todos essenciais para o tratamento terapêutico de pessoas com TEA, mas também para pessoas com outras necessidades e transtornos. 

“A rede SUS está abandonando os pacientes com autismo, deficiência intelectual e transtornos mentais, especialmente crianças e adolescentes. Os CAPS estão sem psiquiatras para atender as demandas dos meninos. Conheço mãe na lista de espera há quatro anos e não consegue um neuropediatra. Em quatro anos, a medicação que esse menino tomava já mudou, ele já mudou”, disse Andreza de Castro, de 39 anos, ao LeiaJá

Castro mora no Recife e é mãe de Davi, de 13 anos, que a acompanhou no protesto. O menino recebeu o diagnóstico ainda no primeiro ano de vida, e atualmente faz terapia paliativa, pois não depende integralmente do SUS. “Mesmo sem depender apenas do público, vim aqui por elas”, continuou. 

“As mães têm precisado acionar o Samu para socorrer os seus filhos com crise de autoagressão e autolesão. E às vezes, quando o Samu chega, tem que acionar a polícia, porque os socorristas não conseguem conter a criança. Se essa criança tivesse tratamento e acompanhamento adequado, ela não estaria em surto. Estamos entrando em um estado em que as crianças estão colapsando e as mães também. Não existe assistência à mãe, que é cuidadora. Temos mães doentes, suicidas, dando entrada em urgências psiquiátricas porque não aguentam a sobrecarga”, completou Andreza. 

Assistência do SUS é insuficiente 

Para as famílias que não dependem do Sistema Único de Saúde em Pernambuco, a notícia boa chegou na última terça-feira (26): após muitas mobilizações de nível nacional, a Seção Cível do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) julgou um Incidente de Assunção de Competência (IAC) sobre a responsabilidade dos planos de saúde pelas despesas com tratamento multidisciplinar e terapias especiais aplicadas a pessoas com autismo. 

De forma unânime, a mesa negou provimento à apelação de um plano de saúde e ainda fixou nove teses jurídicas que garantem e definem o custeio e a cobertura por meio das operadoras de planos de saúde para o tratamento. No entanto, para quem depende da rede pública, a decisão não possui efeito. 

“Os meus outros dois filhos, que têm o grau mais avançado [de autismo] eu não consegui trazer, porque eles estão se agredindo em casa. Estão tendo crises diárias, sem terapia. O SUS não disponibiliza tratamento e o CAPS não serve para os meus filhos, porque a terapia dura só meia hora e não se vê avanço nos meninos. Estamos precisando muito de terapias, de dentistas, de escolas com suporte. Meu filho que tem grau severo foi aprovado para ser buscado pela condução e levado à escola, já tem um ano isso e a condução não vai. Não estamos aqui pedindo favor, é o nosso direito”, relatou Juliana Alves de Souza, de 36 anos, também moradora do Recife. 

A participante é mãe de quatro filhos, dos quais três são TEA, todos meninos. Cada um em um nível diferente: Calebe, de 12 anos, é grau um; Arthur, de quatro anos, é grau dois; e Davi, de 10 anos, é grau três. A filha Maria, de 16 anos, que é uma adolescente típica, é quem auxilia Juliana, junto ao marido, e fecha a rede de apoio da matriarca. 

“Meus filhos precisam de psiquiatra e neurologista; não têm. Precisando de dentista; não tem especializado. Geralmente, quando se consegue consulta no posto, a vaga vem depois de um ano ou mais, e isso é muito tempo para a criança esperar. Cada dia sem fazer o tratamento é um regresso, o trabalho é para ser feito diariamente”, continuou. 

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Daniele Pedrosa, de 37 anos, mora em Santo Amaro, no Recife, e é mãe de um menino com TEA de grau um. Vídeo: LeiaJá Imagens 

Participaram do protesto nesta quarta-feira (27) a Associação Mães de Anjos Azuis, o grupo Mães Especiais de Pernambuco, a Associação de Mães Atípicas de São Lourenço da Mata, a Aliança de Mães e Famílias Raras (AMAR), e o Instituto Crie Vida.

De acordo com a articuladora Daniele Pedrosa, desde 2019, há uma denúncia protocolada no Ministério Público de Pernambuco (MPPE), representando o interesse dessas famílias e solicitando o encontro com a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) e com a Secretaria Estadual (SES-PE), o que não aconteceu até essa quarta-feira (27), quando algumas das mães foram recebidas no Palácio do Campo das Princesas. 

Algumas das unidades de saúde mais mencionadas pelas famílias foram os CAPS da Encruzilhada (Zaldo Rocha) e Jardim São Paulo (Galdino Loreto), e também o CEMPI de Jardim São Paulo e a Fundação Altino Ventura da Iputinga, todas no Recife. O LeiaJá entrou em contato com a Sesau para obter informações sobre a disponibilidade de pessoal nesses locais e também sobre as demais opções disponíveis para os serviços. Confira na íntegra: 

“A Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife esclarece que oferece atendimento às crianças com transtorno do espectro autista (TEA) na rede própria, por meio das Policlínicas Lessa de Andrade, na Madalena, Albert Sabin, na Tamarineira, e Salomão Kelner, em Água Fria. Além disso, o serviço é ofertado nos Centros de Atenção Psicossocial da capital e em clínicas conveniadas. O acesso ao atendimento multidisciplinar da Rede de Saúde Municipal é feito por meio das unidades Básicas de Saúde ou dos Caps da cidade. Estes últimos têm demanda espontânea. A lista das 17 unidades dos Caps pode ser conferida aqui: https://bit.ly/2Rz6fzo

A Secretaria reforça o seu compromisso com a rede municipal de saúde e com os recifenses. Desde janeiro deste ano, nomeou, gradualmente, mais de 1.400. profissionais aprovados no último concurso público, realizado em 2019, que precisou ser interrompido em função da pandemia da covid-19. Desse total, mais de 900 já estão atuando nos equipamentos de saúde municipais. 

Sobre a queixa do déficit de profissionais para atendimento a crianças com autismo ou deficiência intelectual, a Sesau explica que, nos últimos dois meses, convocou mais de 100 profissionais para atuar nos serviços de saúde mental, entre médicos, enfermeiros, assistentes sociais e fonoaudiólogos, mas a adesão não aconteceu na mesma proporção da necessidade imposta. Enquanto isso, a Secretaria permanece empenhada para contratação desses profissionais.” 

 

Em Paulista, no Grande Recife, pessoas autistas terão acesso a um novo cadastro municipal que garante a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA). A iniciativa é parte da Lei Nº 4964, do Executivo, e tem como objetivo garantir atenção integral, prioridade e pronto atendimento a este público, nos serviços públicos e privados. O agendamento para a emissão do documento começa nesta quarta-feira (13).  

O agendamento deverá ser feito por meio do telefone (81) 9 9930-0298. Já o cadastro é realizado, presencialmente, no DAD, das 9h às 15h. O órgão funciona no Centro Administrativo, localizado na Avenida Geraldo Pinho Alves (antigo Campo de Aviação), em Maranguape I. 

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Para o cadastro, pais ou responsáveis deverão apresentar carteira de Identidade, CPF, comprovante de residência, e laudo de comprovação do Transtorno com o CID, especificando o Transtorno do Espectro Autista. 

De acordo com Kleber Pyrrho, diretor do DAD, a carteira vai garantir à pessoa autista prioridade nos estabelecimentos e departamentos de saúde, políticas sociais, educação e locais na iniciativa privada. Kléber mencionou também que as primeiras carteiras serão entregues no dia que começa a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência, em 21 de agosto. 

Mais informações podem ser obtidas através do e-mail: diretoriapcd.social.paulista@gmail.com.

 

Com o intuito de garantir mais inclusão e lazer para o público com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o médico e vereador do Recife, Tadeu Calheiros (Podemos), protocolou na Câmara do Recife um projeto de lei que prevê a realização de sessões de cinema adaptadas a esse público. A proposição está em tramitação na Casa de José Mariano e sugere que as exibições ocorram numa periodicidade mensal, sem apresentação de publicidade, com iluminação e volume de som ajustados, além de assentos com numeração livre.

“Sabemos a importância da inclusão deste grupo nas mais diversas atividades do cotidiano. Essa medida vai ajudar na socialização dessas crianças e adolescentes – que é um dos pontos mais importantes no tratamento multidisciplinar que é desenvolvido junto a esse público. Além disso, garantir acesso às artes é fundamental para o desenvolvimento pedagógico e lúdico de todos eles”, destaca o parlamentar.

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Para acompanhar essas sessões, crianças e adolescentes deverão estar acompanhados por responsáveis. O projeto será avaliado nas comissões específicas da Câmara do Recife (Legislação e Justiça; Direitos Humanos e Saúde, respectivamente) e, depois, seguirá para votação aberta no plenário da casa. Se aprovada, a proposição também prevê aplicação de multas em casos de descumprimento por parte dos complexos de exibição da capital pernambucana.

O Ministério Público Federal (MPF) enviou, na segunda-feira (20), à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) recomendação para que os planos de saúde privados ofereçam o tratamento integral para pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Os segurados devem ter, segundo o MPF, a cobertura das terapias aplicadas no ABA (sigla para o termo em inglês Applied Behavior Analysis, ou Análise do Comportamento Aplicada), um método utilizado pelos profissionais da saúde para promover maior independência ao pacientes com autismo e outros transtornos globais do desenvolvimento, por meio de um atendimento multidisciplinar.

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O documento afirma ainda que as operadoras de saúde devem arcar com número ilimitado de sessões com psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos ou fisioterapeutas, quando o tratamento for solicitado por indicação médica.

A ANS tem 10 dias para comunicar as empresas sobre a recomendação do Ministério Público Federal.

Em 8 de junho, a Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu pela fixação do rol taxativo, uma medida que, na prática, desobriga os planos de saúde de cobrirem e arcarem com os tratamentos e serviços médicos que não constam na lista determinada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar.

De acordo com o setor de planos de saúde, cerca de 49 milhões de brasileiros são assegurados por algum plano de assistência médica.

Familiares de pessoas com autismo temem que o público fique sem os tratamentos. Um dos mais críticos à medida foi o apresentador Marcos Mion, pai de adolescente diagnosticado com (TEA).

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no último dia 13, o diretor-presidente da ANS, Paulo Rebello, foi questionado sobre o assunto, e afirmou que nenhum paciente autista está deixando de ser atendido.

"Não estamos deixando de atender nenhum paciente autista, ninguém pode dizer isso. Tem uma técnica de atendimento que não está sendo paga pelo rol? Ok, mas ela chegou a ser submetida à ANS? Outras vezes são situações muito específicas. Por exemplo, equinoterapia. Obviamente não dá para colocar tudo, há escolhas. Temos de analisar evidências científicas, custo-efetividade", declarou Rebello.

O MPF ressalta ainda que a não limitação do número de sessões com profissionais da saúde especialistas no tratamento do autismo já foi regulamentada pela própria Agência Nacional no ano passado. E lembra que diversas ações ajuizadas pelo ministério em diferentes estados do Brasil, contra o estabelecimento de um limite de sessões de atendimentos, tiveram decisões favoráveis.

A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou proposta que confere prazo indeterminado de validade aos laudos e atestados com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista. 

A relatora na comissão, deputada Daniela do Waguinho (União-RJ), destacou que não faz sentido exigir atestados periódicos para uma doença já diagnosticada e sem cura completa. “Como não existe cura e não é comum a recuperação total, concordamos com os autores dos projetos analisados quanto à falta de necessidade de renovação do laudo de diagnóstico periodicamente”, afirmou. 

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O texto aprovado é o substitutivo da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência ao Projeto de Lei 4065/20, do deputado Da Vitória (PP-ES), e a outras propostas apensadas. A comissão manteve o objetivo da proposta original, mas aprimorou a redação. 

A proposta altera a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Lei 12.764/12), que é omissa quanto à validade de laudos médicos. 

Uma alteração recente, estabelecida pela Lei 13.977/20, criou a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), com validade de cinco anos, para facilitar a atenção integral, o pronto atendimento e a prioridade no atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados.  Tramitação A proposta, que tramita em caráter conclusivo, já foi aprovada pela Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e ainda será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. 

*Da Agência Câmara de Notícias

Os debates acerca da carga que a maternidade exerce sobre as mulheres já não são mais novidade. Estão nos livros, artigos, fóruns em redes sociais. Desmistificar o trabalho materno como algo inato e que se aplica a todas as mulheres já é uma discussão em progresso, apesar de não ser amplamente aceita socialmente. Mulheres que não são e não querem ser mães são vistas e reconhecidas — mas não livre de críticas. Há, porém, um outro lado muito visto e pouco reconhecido, o lado que pertence às mulheres mães. 

Acontece, a partir da maternidade, um processo de troca de forma, de mudança de identidade, pelo qual muitas matriarcas se viram passar. Enquanto outras partes da sociedade lutam ou já exercem o direito pleno de ser quem são, mulheres mães se veem diariamente perdendo um pouco da pessoa que eram para integrar a si um pouco mais do que os seus filhos são. O trabalho árduo, exaustivo, diário e permanente vai se tornando um fardo mediado pelas pequenas recompensas, também diárias, de nutrir, criar e cuidar de um ser. 

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O trabalho materno, muitas vezes, nem é visto como trabalho. No entanto, estudos revelam que o trabalho doméstico associado a outras atividades, como o trabalho profissionalizante, os estudos e deveres sociais podem ser jornadas de peso duplo, até mesmo triplo, com impacto maior na vida social de mães jovens e solo. Uma pesquisa realizada pela InfoJobs, em 2021, com 1627 mulheres de idades entre 17 e 60 anos, aponta a sobrecarga em cerca de 86% das entrevistadas. 

Isso se reflete em cansaço, baixo rendimento e tempo curto para assimilar as obrigações, diante de espaços familiares e de trabalho que não perdoam ou solidarizam com mães “imperfeitas”. 

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A história da jaboatonense Isabel Vanessa é mais uma representada pelos números acima. Aos 23 anos, a professora de biologia é mãe de duas meninas, Flora, quatro anos, e Helena, três anos. A primeira gestação veio quando a então estudante tinha 18 anos, idade de transição entre a adolescência e a vida adulta, mas que na prática, carrega os medos de qualquer jovem em formação e que inicia a construir uma vida independente dos pais, ainda que não inteiramente. 

“Eu estava no segundo período da faculdade, cheia de vontade de várias coisas e o peso de um filho parecia ser demais — e é. Sempre falo que Flora veio de uma maneira muito eufórica, muito apaixonante. É que nem o início de um primeiro amor, sabe? Quando você se apaixona com 13 anos, aquela euforia desmedida e aí eu comecei a querer ser a melhor mãe possível. Na verdade, eu queria ser a melhor mãe impossível também, porque é o que nos ensinam. Que a gente tem que ser perfeita, que tem que dar conta de tudo e que eu ia conseguir me formar, eu ia conseguir ser a melhor aluna, que eu ia conseguir ser a melhor professora, ia ser a melhor mãe, tinha que ser a melhor esposa, a melhor filha. O que era melhor para mim? Ninguém perguntou”, relata a jovem. 

Diferente de muitas meninas que precisam seguir nessa missão sozinhas, Isabel teve um núcleo de suporte. Seu ex-companheiro e pai das duas crianças acompanhou todo o processo e segue mantendo um relacionamento com a família após o término. A professora também possui pai e mãe próximos, participativos no crescimento de Flora e Helena. Mas no dia a dia, a rotina é mais solitária e menos assistida. Vanessa relembra as amizades perdidas e a exclusão de círculos sociais.  

“Amigos somem. Eu percebi que os meus amigos sumiram, os do pai das meninas, não. Eles continuavam a chamar para ‘rolê’, continuavam a chamar para evento social, tudo. A mim, nunca chegava um convite. Provavelmente eu rejeitaria, mas seria interessante se pelo menos convidassem. Com o tempo, os meus amigos que já não eram muitos, passaram a ser pouquíssimos. E se tornaram importantes para mim, pois são uma rede de apoio. Eram os amigos que ligavam e falavam ‘vamos mesmo assim, eu te ajudo com as meninas’, ‘vamos! Eu quero você lá’, ou quando eu não queria ir, vinham aqui. Botavam uma criança para dormir, deixavam uma criança brincar e eu podia, sei lá, sentar”, continua. 

De acordo com Isabel, o que ela chama de rede de apoio é um grupo com cerca de cinco amigas que se adaptaram à rotina materna e já chegam em sua casa prontas para auxiliar com o trabalho doméstico. As visitas passaram a ser mais apreciadas quando quem chega não se importa com uma casa bagunçada ou não faz cerimônia ao lavar uma louça, varrer um cômodo, ou cuidar das meninas. 

“Essas são pessoas que chegam aqui na minha casa e que não se importam se as minhas filhas estão todas sujas ou se a casa inteira está uma zona. Elas sabem que não vêm aqui na minha casa por conforto, elas chegam aqui e já vão lavando um prato, já vão se sentando, sendo babá das minhas filhas. Quando as crianças dormem, alguns amigos meus vem dormir aqui, para ficar comigo, é quando a gente pode conversar. E a gente nem sabe conversar, eu e minhas amigas. Não temos um assunto mais. Mas é importante porque são relacionamentos muito mais sólidos, de quem eu sei que daqui a 10 anos eu vou poder sentar perto e falar “menina olha a flora desse tamanho”, e vamos ficar que nem duas ‘tiazonas’”, afirma a educadora. 

Por fim, Isabel lembra que o exercício de autocuidado precisa ser constante e que é de grande ajuda estar na sua melhor forma para lidar com a maternidade também na sua melhor forma. Esse trabalho, infelizmente, é extremamente íntimo, ainda que exista suporte. “Ter crianças muda você e naquele momento eu percebi que eu tinha que me amar muito, pra eu conseguir dividir esse amor com as minhas filhas. E não tem maior força de amor do que elas saberem que a mãe delas é feliz”, conclui. 

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Ser mãe atípica é incerteza diária 

Se considera maternidade atípica toda a maternidade que consiste em cuidar de uma criança ou pessoa neuroatípica, neologismo que opõe a ideia de ser neurotípico, ou seja, de não possuir possuem problemas de desenvolvimento neurológico. São neuroatípicos aqueles que possuem um transtorno ou síndrome, como o Transtorno do Espectro Autista e a bipolaridade (Transtorno Afetivo Bipolar), ou como a Síndrome de Down. E essas condições não são doenças! Mas diferentes sintomas ou alterações mentais e psicológicas que comprometem o desenvolvimento e a vida. 

No Brasil, estima-se que cerca de dois milhões de pessoas convivam com o autismo, com base em dados do Center of Diseases Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos. Ou seja, cerca de dois milhões de lares brasileiros convivem com o autismo. É o caso de Polly Fittipaldi, 43 anos, recifense bacharel em Relações Públicas, mas que há um tempo se dedica integralmente a cuidar dos filhos Ângelo Rafael e Pedro Augusto, gêmeos univitelinos de 14 anos. A dupla foi diagnosticada com autismo aos 10 anos de idade, após uma década de muitas dúvidas e negação, segundo confessou a mãe. 

Pedro convive com o autismo leve e Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), e Ângelo com o autismo moderado. Eles estudam em escolas regulares, mas também fazem acompanhamento com métodos de psicomotricidade e análise do comportamento aplicada (ABA) no Instituto do Autismo do Recife. Polly se diz particularmente orgulhosa do desempenho dos filhos e se considera uma mãe “à moda antiga”. Parte da sua força vem do amor pelos filhos e da vontade de construir uma sociedade que entenda pessoas com autismo com uma acolhida mais digna e menos estigmatizante.  

“Ser mãe de autista, principalmente duas vezes, como é o meu caso, não é simples. Não tem parte boa. Não existe autismo leve, então não existe mãe de autista fraca. Porque se ela for fraca, ela morre. Eu passei pelo período de negação de 10 anos, eu neguei o autismo dos meninos, sofri muito tempo. A sensação do luto de perder o filho idealizado é muito dolorosa. A gente não vem com manual, realmente, nenhuma maternidade vem com manual. E a maternidade atípica traz a incerteza do amanhã. A gente não consegue dormir com a tranquilidade de que o outro dia vai ser bom”, compartilha a matriarca.

Polly Fittipaldi e os filhos, Pedro e Ângelo. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens

Após o diagnóstico dos filhos, Fittipaldi se viu sem tempo para ignorar a realidade. Uma batalha pessoal tomou conta do cotidiano da mãe, que além das demandas com os filhos, o trabalho e a casa, precisou se permitir um processo de cura para se livrar da culpa pelo diagnóstico tardio. Sobre isso, por mais dolorosas que sejam as lembranças, ela diz que ficou no passado. “Já me perdoei e não aceito críticas. Pelo contrário, me solidarizo com as mães que também estão em negação”, diz ela. 

Polly passou a se envolver mais fortemente com a luta pela dignidade das pessoas com TEA há cerca de dois anos. Ela se considera “mãe ativista da causa autista” e é administradora do Mobilize TEA Pernambuco. Em casa, recebe apoio do companheiro e de outros familiares mais próximos, mas também revela que o acolhimento não é comum à família. No fim, foi a mãe quem precisou dar uma pausa no que conhecia como vida antes do diagnóstico, para poder lutar pelo que seus filhos precisam agora, enquanto ainda são mais dependentes. Polly chegou a sofrer um AVC, de tão esmagadora que é a rotina. 

“Quando eu realmente entendi o que era o autismo, vivi correndo atrás do tempo. Eu vivo procurando ser a melhor mãe. Não quero ser boazinha, mas a melhor mãe naquilo que eles precisam. Sem pena, porque eles não são pobrezinhos, nem coitadinhos, são pessoas como eu e você. Mas para mim, dói. É cansativo, é desgastante; eu tive um AVC no meio do caminho, pois o estresse foi tão grande. E não foi por fator clínico, foi emocional. Hoje eu já estou na outra parte do processo, eu cuido deles, mas primeiro eu tenho que cuidar de mim. Porque senão eu não vou estar aqui”, relata a mãe. 

Para Polly, ser mãe de autista é gratificante, também é também “ter a certeza de que nenhum dia será igual ao outro. Ser mãe atípica é gratificante demais a cada vez que a gente consegue atingir aquele pequenino passo, que para qualquer outra mãe seria uma coisa normal. Às vezes é beber água, às vezes é dizer 'mamãe'. Às vezes é ir ao banheiro, conseguir limpar o próprio bumbum. Pense que a gente faz a festa como se fosse um gol do Brasil na final da Copa. Talvez as pessoas não entendam, mas nós que vivemos o autismo todos os dias precisamos dar valor a todo passo. Precisamos pedir que as pessoas respeitem os nossos filhos. Somos verdadeiras mães e leoas. Não é fácil, não é moda, não é vantajoso; é uma necessidade”. 

Maternidade atípica nos primeiros anos de vida 

No convívio com o autismo, Polly fez muitas amigas. Uma delas é a jornalista Rebeka Cavalcanti, residente em Pau Amarelo, no município de Paulista, Grande Recife. A comunicóloga é mãe de duas meninas: Laila, de quatro anos, e Vivian, uma menina autista de três anos. Como ambas são crianças completamente dependentes para as atividades diárias, Rebeka precisou intensificar a quarentena e trabalha de casa, em regime home office. De vez em quando, o estresse toma conta e a mãe precisa de uns minutos sozinha até conseguir recuperar a paciência. Não é fácil, ela relata, e há dias bem melhores que os outros. 

“Às vezes me irrito e fico muito emotiva por conta do cansaço, aí tento me controlar para não descontar em ninguém, mas aí ligo para o meu pai e fico mais calma conversando com ele. A maternidade em geral é cansativa, mas quando vejo minhas filhas lindas, inteligentes e amorosas, minhas forças se renovam para continuar seguindo sempre em frente, por elas e por mim!”, diz Rebeka. 

A rotina de Cavalcanti é intensa, comum às mães que têm filhos na fase primária, mas ainda mais cansativa para mães atípicas. Ela relatou levantar-se às 4h para cuidar das refeições de todos da casa e então limpa a casa. Isso precisa ser antes das meninas acordarem, às 5h45, pois a partir deste horário precisa prepará-las para ir à escola. Enquanto as crianças estudam, Rebeka faz o mesmo. São três pós-graduações on-line, além dos trabalhos com marketing digital. Além de tudo isso, a jornalista cuida de um e-commerce.  

“À noite, coloco elas para dormir às 19h, no mais tardar às 20h, mas não é sempre que elas dormem nesse horário. Quando chega essa hora já estou bem cansada e na maioria das vezes durmo junto com elas. Depois acordo, vou trabalhar um pouco e vou dormir já à meia noite. Quando Vivian dorme a noite toda é uma benção, mas quando ela acorda à 1h querendo brincar, só dorme às 3h ou 4h e me deixa totalmente exausta. Quando isso acontece, levanto ela um pouco mais tarde para ir à escola e eu passo direto para seguir minha rotina e só durmo à noite novamente”, complementa Rebeka. 

A empreendedora revela também que não tem com quem compartilhar a rotina, além do esposo, que está ao seu lado todos os dias, mesmo que não integralmente. Ela diz que alguns amigos se afastaram, outros familiares não se importam com as dificuldades de sua família, e que muitas decepções foram vividas durante a descoberta da maternidade. 

"Às vezes me sinto sozinha, querendo conversar, tenho picos de estresse devido à rotina intensa e penso se não seria melhor se eu não tivesse filhos, principalmente para não ter uma filha atípica. Sou humana, falha e vários pensamentos vêm à minha mente. Embora eu tenha o apoio do meu esposo, me sinto praticamente sem ninguém. Gostaria de uma palavra de conforto, do abraço de minha mãe [que já faleceu] me falando que tudo dará certo. Dá uma aflição às vezes e uma vontade de sumir, só Deus para me confortar”, completa a mãe. 

Apesar de parecerem inalcançáveis, pausas são necessárias 

Durante a gravidez, as alterações hormonais podem levar algumas mulheres a experimentar leves mudanças de humor. Para as novas mães, ter sentimentos negativos após o parto não é incomum e muitas vezes chamado de "baby blues". É preciso estar atento aos sinais de estresse e outras alterações psicológicas, pois a rotina de uma mãe só tende a ficar mais intensa com o tempo. Cuidar das mães é um trabalho social e exige o engajamento de toda a rede de apoio, para que a mulher possa se cuidar e assim, ter condições de criar uma criança feliz e saudável. 

Quem ajuda na compreensão desses processos é a especialista Ruth Gisele Menezes. A profissional é psicóloga clínica e neuropsicóloga, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), com foco na infância e na adolescência, entrevista pelo LeiaJá

LeiaJá: Como pode ser descrita a carga emocional e física de uma pessoa que vive a maternidade (seja uma mãe biológica, adotiva, uma tia ou avó)? 

Ruth: Em primeiro lugar, o cansaço físico e mental. Isso porque há muitas demandas: em casa, dos filhos, do trabalho, do marido. São muitas atribuições para uma mãe administrar. No fim do dia, o que bate mesmo é o cansaço mental e físico. Eu confesso que é importante dar limites, reconhecer o próprio limite, escolher prioridades, não buscar a perfeição em tudo e diminuir bastante as culpas. Muitas vezes essa busca intensa pela perfeição, que é algo que a gente não consegue, acaba aumentando muito o sentimento de culpa. É importante reconhecer que, enquanto mães, não somos super-heroínas. Somos humanas, erramos e falhamos. Na maioria das vezes nos preocupamos demais e é necessário diminuir um pouco essas preocupações. Errar é natural, muito provável de acontecer. 

LeiaJá: Como trabalhar em casa e fora implica na saúde mental de uma pessoa? 

Ruth: Às mulheres hoje, que são mães e trabalham fora de casa, a carga é muito maior. Cada vez mais essas mulheres se sentem pressionadas em todas as áreas, para que atinjam os níveis máximos de desempenho. Isso é uma coisa muito cultural, a gente ainda carrega essa coisa da pressão, que a mulher tem que dar conta de tudo, que a mãe é a única responsável pela educação dos filhos; apesar disso, hoje, ter diminuído muito. Isso, eu percebo, tem levado a um aumento nos índices de ansiedade e de estresse. É muito importante equilibrar as prioridades entre trabalho e casa, diminuir as expectativas. Na condição de mãe, a gente precisa começar conhecendo nossos próprios sentimentos sobre as escolhas que fazemos na vida, e sermos mais realistas para podermos administrar tudo. Sem romantizar nem idealizar tanto. 

LeiaJá: Muitas mães se sentem culpadas ao não conseguir se dedicar integralmente aos filhos. Outras, mesmo se dedicando integralmente, não conseguem se sentir suficientes. Por que esse pensamento é tão comum? 

Ruth: Quem cobra muito da gente, quem faz essa cobrança externa, é a sociedade. A cobrança social é muito grande. Parece que a gente ainda carrega muitos padrões do tempo dos nossos avós e pais. É cultural. E a cobrança externa acaba contribuindo com uma crença de que a mãe precisa ser perfeita e dar conta de tudo. A boa notícia é que a perfeição não é necessária, desde que haja prioridades inteligentes e habilidades parentais eficazes. Ser mãe significa se perdoar frequentemente, pois vamos cometer muitos erros na nossa jornada. 

LeiaJá: Quais hábitos uma mãe pode/deve criar para aliviar a própria rotina? Qual seria a rotina de cuidados ideal para uma mãe? 

Ruth: O que eu indicaria consiste em duas palavras que fazem todo o sentido para mim: o autocuidado e a autocompaixão. Dentro do autocuidado é praticar uma atividade física, cuidar de si, cuidar do seu emocional, fazer uma psicoterapia caso se sinta ansiosa ou sobrecarregada. Cuidar da pele, do cabelo, alimentação, sono. Diminuir atividades desnecessárias da rotina. E a autocompaixão é se perdoar o tempo todo, perceber que é humana e tem limites. 

LeiaJá: Qual o impacto tem o grupo de suporte na vida materna e qual o papel do pai/companheiro/família na rotina materna? 

Ruth: É muito difícil, hoje, exercer a parentalidade e o trabalho, em tempo integral, sem ajuda. As demandas aumentaram muito, o mundo tem cobrado muito de todas as mães e das pessoas de modo geral. É fundamental a participação dos pais na vida dos filhos. Os pais que se ajudam e se alinham conseguem ter mais energia e tempo, tanto pros filhos, quanto pra eles; enquanto casal, é importante também ter o tempo de casal. Isso diminui a carga de trabalho e descentraliza as responsabilidades, e gera na dinâmica familiar uma sensação de bem-estar, de que todos ali estão comprometidos em busca de um só objetivo. 

LeiaJá: Quais as maiores queixas/queixas mais comuns trazidas por pacientes mães? 

Ruth: Hoje, o que chega muito ao consultório é a falta de apoio por parte de alguns pais, o excesso de trabalho, a carga horária gigante. Quantidade de demandas muito grande, em casa e no trabalho. Percebo mães em processo de adoecimento, desenvolvendo transtornos de ansiedade, depressão, com um índice muito elevado de estresse. A queixa mais comum é o excesso de tudo.

O Projeto de Lei 11147/18 torna obrigatória a inclusão do símbolo mundial da conscientização do transtorno do espectro autista em todas as placas de sinalização de prioridade em estabelecimentos abertos ao público, transportes, repartições públicas e outros. 

O símbolo é uma fita, feita de peças de quebra-cabeça coloridas.  Apresentado pela deputada Clarissa Garotinho (União-RJ) e outros, o projeto está em análise na Câmara dos Deputados. “O objetivo é garantir no dia a dia da pessoa com autismo o exercício do seu direito de prioridade definido em lei federal”, afirma a parlamentar. 

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Ela lembra que, em 2012, foi aprovada a Lei 12.764/12, que Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, a qual definiu que o autista possui todos os direitos garantidos a uma pessoa com deficiência. 

Estima-se que no mundo, 70 milhões de pessoas tenham autismo. No Brasil este número passa de 2 milhões. 

Tramitação

A proposta será analisada em caráter conclusivo pelas comissões de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Porém, como foi aprovada urgência para a matéria, o texto poderá ser votado diretamente pelo Plenário. 

*Da Agência Câmara de Notícias

As codeputadas Juntas (PSOL-PE) irão realizar uma Audiência Pública vitual sobre "Políticas Públicas para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em Pernambuco", nesta quinta-feira (7), na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).  

A iniciativa partiu do grupo Super Mães e do Comitê de Crise em Defesa das Pessoas com Deficiência de Pernambuco, em parceria com as parlamentares, para marcar o Dia de Conscientização do Autismo, celebrado no último sábado (2). De acordo com as Juntas, a partir da realização dessa Audiência Pública será possível criar um documento sugerindo medidas a serem adotadas pelo Estado. 

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“É urgente que o Governo de Pernambuco assegure os direitos das pessoas com TEA, promovendo o acesso adequado à saúde das pessoas com autismo, para que elas passem a ter uma rede de atendimento, com o devido apoio, agilidade no processo para descoberta do diagnóstico, disponibilização de mais vagas em reabilitação e capacitação dos profissionais”, afirmam as codeputadas. 

A criadora de conteúdo, Koriny Pessoa, usou as redes sociais, nesta quinta-feira (23), para denunciar a ausência de professora de apoio para o filho, Antônio, de 4 anos, no Centro Educacional Infantil, unidade Gaibu, do município do Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife. Na publicação, a mãe relata que este seria o primeiro dia de aula do filho, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

"Hoje foi o seu primeiro dia de aula na rede pública. E o que parecia ser mais uma conquista, teve mais um obstáculo. Hoje, tivemos uma péssima notícia, que o Antônio não poderia mais frequentar as aulas, pois, a professora que ficaria dando apoio educacional não tinha", escreveu Koriny. Confira a publicação:

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Em entrevista ao LeiaJá, ela conta que no ato da matrícula foi garantido o acompanhamento especializado e que alguns dias antes do retorno das aulas presenciais, a professora adjunta "do nada ela saiu do grupo da sala", relata. "Ela me dava muito apoio pedagógico, de como eu poderia orientar ele, porque as aulas eram remotas e antes, quinze dias antes, das aulas presenciais começarem, tiraram ela". 

De acordo com a criadora de conteúdo, durante o primeiro dia de aula de Antônio, ele foi acompanhado pela diretora da instituição de ensino. "Quando eu cheguei lá, ela (diretora) relatou que eu não poderia levar mais meu filho porque não tinha esse serviço pra ele e eu fiquei assustada. Ela me mostrou todas as conversas que teve com a Secretaria de Educação, com as pessoas de lá. Falei que eu iria entrar em contato com as pessoas da educação porque poderia deixar as coisas assim", desabafa.

Ao LeiaJá, Koriny afirmou que a Secretaria Municipal de Educação foi contactada tanto por ela quanto pela diretora da unidade, entretanto, não deram prazo para a chegada de uma nova educadora de apoio. "É importante para o meu filho, não só para o meu filho, mas para muitas crianças com autismo, terem um acompanhamento pedagógico focado na criança. Então, quando você tem uma professora que é focada só nele para direcionar nisso, ele consegue acompanhar a turma, as outras crianças", aponta.

Em nota, a Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho afirmou que as contratações são feitas mensalmente e que novos profissionais estão sendo recrutados para preencher as vacâncias na volta às aulas presenciais. Confira a nota:

"A Prefeitura do Cabo esclarece que a educação inclusiva é uma das prioridade da gestão municipal e a Rede Municipal de Ensino conta com 394 professores de apoio, sendo 135 destes contratações feitas em agosto para o retorno às aulas presenciais. Com a volta no início de setembro, novas demandas surgem todos os dias e a contratação de novos profissionais é feita de acordo com o levantamento mensal feito pela Secretaria Municipal de Educação. Mais contratações já estão sendo programadas para sanar as lacunas durante o processo de retorno das aulas presenciais."

O Senado realizou nesta sexta-feira (9) sessão especial em homenagem ao Dia Mundial da Conscientização do Autismo, que foi celebrado no último dia 2. A sessão foi marcada por demandas pela expansão da rede de tratamento desse transtorno e pela defesa da importância do diagnóstico precoce

O senador Izalci Lucas (PSDB-DF), autor do requerimento para a realização da sessão, pediu mais consciência da sociedade para os efeitos do autismo, de modo que seus portadores possam ser diagnosticados corretamente. Ele citou estudos internacionais que indicam aumento da incidência de casos de autismo, ainda que não se conheçam as causas desse crescimento.

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"Uma explicação possível, e talvez mais plausível, para esse aumento é que o diagnóstico esteja se tornando mais preciso, e que uma atenção maior venha sendo dada às variedades de formas de comportamento do espectro autista", avaliou ele.

Izalci também cobrou planejamento e políticas públicas para “tirar o autismo da obscuridade”.

Fernando Cotta, diretor-presidente do Movimento Orgulho Autista Brasil (Moab), cumprimentou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pela parceria que criou uma comissão específica para pessoas autistas. Ele defendeu a demanda pela contagem do número de autistas no Censo 2021.

"Não sabemos, até hoje, o número de pessoas autistas no Brasil. É uma questão que não tem partido político", declarou Cotta.

Por sua vez, Gabriel Barros Torquato, diretor de promoção do Moab, disse que os autistas têm recebido melhor tratamento da sociedade, mas que ainda é necessário “quebrar barreiras”. Ele destacou a importância do diagnóstico precoce, sem o qual muitas pessoas podem passar muito tempo sem entender sua condição.

"No meu caso, descobri muito tarde, aos treze anos. Há gente que descobre mais tarde ainda. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor", ressaltou Torquato.

Também autista, o estudante de direito Vinicius Henique Europeu Barbosa, de 17 anos, defendeu a proposta de implantação de Centros de Referência de Atendimento aos Autistas em todos os municípios. Ele lembrou que a terapia não é acessível a todos, principalmente devido a limitações financeiras, e deixou uma mensagem aos pais de autistas:

"Confiem no potencial do filho de vocês. Ele, como certeza, poderá chegar mais alto, ter ensino superior, ter sua independência financeira e civil".

Maria Leidismar Araújo, presidente da Associação Tudo Azul, afirmou que o diagnóstico precoce só é útil se for acompanhado de atendimento efetivo.

"As crianças precisam se desenvolver rapidamente para que se não tornem adultos com mais limitações. Precisamos de apoio de toda a sociedade", disse ela.

Gisele Cristine de Almeida Montenegro, presidente da Associação dos Amigos dos Autistas do Distrito Federal (AMA-DF), destacou a "luta diária" pelos direitos básicos dos autistas.

Marlla Mendes de Sousa, presidente da Comissão Especial de Defesa dos Direitos da Pessoa com Autismo da OAB Nacional, destacou a necessidade de investimentos na ciência, acrescentando que “até para realizar investimentos públicos é preciso investir no que é cientificamente comprovado, para não se ter desperdício do erário”. Edilson Barbosa, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Autismo da OAB do Distrito Federal, cobrou o cumprimento das leis para dar qualidade de vida aos autistas e suas famílias.

Rafael Evangelista Ladeira, presidente da Aliança Verde, afirmou que metade dos associados aos grupos de apoio ao uso de derivados da cannabis para fins medicinais são autistas, mas, segundo ele, o preconceito e o lobby empresarial dificultam o acesso a esses medicamentos.

Senadores

O senador Nelsinho Trad (PSD-MS) defendeu a “inclusão natural” dos autistas por meio de políticas públicas. No mesmo sentido, o senador Flávio Arns (Podemos-PR) cobrou o pleno cumprimento das leis brasileiras de apoio aos autistas.

"A Lei Brasileira de Inclusão poderia dar conta de tudo isso, mas o poder público ainda não teve sensibilidade e empatia para fazer isso acontecer e mudar a realidade", lamentou Arns.

Também participaram da sessão o senador Paulo Paim (PT-RS) e a senadora Zenaide Maia (Pros-RN).

Em 2007, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado anualmente em 2 de abril. Dez anos depois, com a Lei 13.652, de 2018, resultado de proposta do senador Flávio Arns, a data passou a ser oficialmente celebrada no Brasil. Em 2020, o Senado aprovou 18 de junho como o Dia Nacional do Orgulho Autista.

*Da Agência Senado

 

A Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) aprovou na terça-feira (30), em sessão plenária semipresencial, o projeto de lei que cria o Estatuto da Pessoa no Transtorno do Espectro Autista (TEA), de autoria da deputada estadual Professora Nilse Pinheiro (Republicanos). A legislação tem o objetivo de garantir a igualdade de direitos às pessoas com autismo.

Estima-se que uma a cada 160 crianças em todo o planeta esteja no espectro autista, combinação de transtornos que podem variar em intensidade e características, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Chama-se espectro porque você não tem sintomas iguais, que definam claramente o autismo. O autista é quem não fala? É aquele que tem movimentos estereotipados? Não necessariamente, temos pessoas com graus leves e moderados, por isso se chama espectro”, explica a psicóloga e especialista em Saúde Pública Tatiane Santos.

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Não há exames de imagem ou laboratoriais que identifiquem o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Há, no entanto, além de uma combinação de indícios, três sinais comportamentais que geralmente indicam que a criança pode estar no espectro: o comprometimento na interação social, isto é, na forma de se relacionar com as pessoas e o ambiente; a dificuldade na comunicação; e a ocorrência de comportamentos repetitivos.

Estabelecer a igualdade de oportunidades e a inserção das pessoas com TEA é uma das metas do estatuto, que também busca fortalecer a Política Estadual de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (PEPTEA), do Governo do Pará. “É de grande importância trazermos também, por meio do Legislativo, a promoção de políticas públicas que busquem o respeito, a equidade e o exercício da cidadania. A aprovação deste estatuto representa mais uma conquista para as pessoas com autismo”, comenta a deputada Professora Nilse, primeira secretária da mesa diretora da Alepa.

Sem tratamento específico, o autismo demanda atenção multidisciplinar, com a atuação de psicólogos, fonoaudiólogos, médicos e educadores físicos, dependendo do grau de cada indivíduo. Mesmo nos planos particulares de saúde, pais de pessoas com TEA têm que arcar com custos adicionais no acompanhamento dos filhos.

“Encontramos escolas com dificuldade de receber essas crianças, sem uma estrutura adequada, técnicos necessários para poder fazer essa inclusão, pois inclusão não é somente matricular a criança ou o adolescente com TEA na escola regular. É preciso que haja um preparo dos profissionais. Uma das coisas mais importantes é pensarmos na capacitação quando falamos em inclusão social”, finaliza a psicóloga Tatiane Santos.

Por Yves Lisboa.

 

A Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com Deficiência e com Doenças Raras debateu, nesta quarta-feira (11), na Assembleia Legislativa de Pernambuco, o direito à saúde de pessoas com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

O questionamento das prescrições médicas, o descumprimento de decisões judiciais, o elevado índice de judicialização, a alta rotatividade dos profissionais credenciados aos planos de saúde, a não especialização de muitos desses profissionais e a fiscalização das clínicas que ofertam o atendimento aos autistas foram alguns dos principais temas debatidos por autoridades, entidades e pais sobre a necessidade das pessoas do espectro autista.

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Com a presença dos deputados Wanderson Florêncio (PSC), que coordena a Frente, Romero Sales Filho (PTB) e Alessandra Vieira (PSDB), representantes do Tribunal de Justiça, através do desembargador Bartolomeu Bueno, de três promotores do Ministério Público, da Agência Nacional de Saúde, da OAB, de médicos, psicólogos, nutricionistas, terapeutas, fonoaudiólogos, ocupacionais e especialistas em psicomotricidade e de diversas entidades, a audiência produziu encaminhamentos que contemplam o anseio dos autistas.

“Ficou estabelecido a formação de uma comissão multidisciplinar para promover os reparos legislativos, fiscalização em conjunto com diversos órgãos da saúde e do direito do consumidor. Disponibilizaremos ainda um canal de denúncia via WhatsApp através da Frente, além de encaminharmos todo material apresentado pelos especialistas convidados, ao Tribunal de Justiça de Pernambuco para que possam embasar a futura decisão do colegiado em torno da imensa demanda judicializada e carentes de uma normativa legal”, destacou o deputado Wanderson Florêncio, Coordenador Geral da Frente Parlamentar.

“A audiência pública serviu ainda para que o Ministério Publico, o Tribunal de Justiça, e a ANS tenham conhecimento da dimensão e da gravidade do problema enfrentado por essas pessoas com autismo. Nós também criaremos uma cartilha informando como as denúncias podem ser realizadas”, afirmou o coordenador da Frente, que também realizará uma Reunião Pública para discutir o tratamento no Sistema Único de Saúde.

Famílias relataram os problemas enfrentados na rede pública e com os planos de saúde, como a dificuldade de receber o diagnóstico correto e também no cumprimento de ordens judiciais. Estima-se que em Pernambuco existam aproximadamente 40 mil crianças com Autismo, metade delas ainda sem o diagnóstico. “Tenho o direito e o dever de prescrever para o meu paciente o melhor tratamento existente. Lá em Caruaru eu tenho dificuldade de encaminhar meus pacientes para terapia. Se no Recife a realidade já é ruim, imagine a do interior”, disse o neuropediatra Gustavo Holanda.   

*Da assessoria 

Frente Parlamentar em Defesa das Pessoas Com Deficiência e com Doenças Raras da Assembleia Legislativa de Pernambuco realiza, nesta quarta-feira, uma Reunião Pública para debater o direito à saúde das pessoas que possuem o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O evento será realizado às 9h30 no auditório Ênio Guerra, no anexo I da Alepe.

Entre os temas que serão abordados no debate estão a constante negativa de atendimento dos planos de saúde, o não cumprimento de ordens judiciais e a ineficaz fiscalização das empresas da área médica que atendem pessoas com autismo. O objetivo do encontro é entender os motivos que fazem as pessoas com autismo não receberem o tratamento adequado para que se cumpra a legislação.

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“É um tema bastante deliciado, que merece a nossa atenção. Recebemos inúmeras denúncias de que os planos de saúde não estão realizando o atendimento adequado, nem cumprindo as ordens judiciais. Queremos entender o que vem acontecendo em busca de uma solução que precisa ser encontrada o mais rápido possível”, afirmou o coordenador geral da Frente Parlamentar em Defesa das Pessoas com Deficiência e com Doenças Raras Wanderson Florêncio (PSC).

Além dos parlamentares, confirmaram presença no debate representantes da comunidade científica, do Ministério Público, do Tribunal de Justiça, da Defensoria Pública da União,  do Conselho de Defesa dos Direitos das Pessoa com Deficiência e da Gerência da Agência Nacional de Saúde .  

Serviço:

Reunião Pública da Frente Parlamentar em Defesa das Pessoas com Deficiência e com Doenças Raras.     

Quando: Quarta feira, 11 de dezembro

Horário: 9h30.

Onde: Auditório Ênio Guerra, Anexo I, Alepe. Rua da União, 439. Aberto ao público. 

*Da assessoria 

 

Neste Dia Internacional de Conscientização sobre o Autismo, nada mais oportuno que tratar de alguns direitos garantidos às pessoas com Transtorno Espectro Autista (TEA). Falo especificamente de um deles, desconhecido ainda por uma boa parcela da população.

Desde o ano de 2013, pessoas que têm TEA e também aqueles com síndrome de Down têm garantido ao seu acompanhante, durante viagens aéreas, passagem com preço reduzido. Mais detalhadamente, o passageiro acompanhante deve arcar apenas com valor igual ou inferior a 20% do custo total do bilhete aéreo adquirido pelo passageiro beneficiário.

Desde o ano de 2013, a Agência Nacional de Aviação Civil - Anac, através da resolução 280, de 11.07.13, garante o benefício.

Para desfrutar desse direito, o acompanhante deve ser maior de 18 (dezoito) anos e ter capacidade para prestar a assistência necessária ao passageiro com necessidades especiais e o requerimento deve ser feito diretamente à companhia aérea, através de um formulário próprio, chamado MEDIF (formulário de informações médicas).

Este formulário está disponível no site da maioria das empresas de aviação e deve ser preenchido pelo médico do paciente e, em seguida, protocolizado na Companhia, seguido do respectivo laudo médico.

A companhia que não respeitar esse direito estará sujeita ao pagamento de multas arbitradas pela Anac, que variam entre R$ 10 mil a R$ 25 mil, sem prejuízo das medidas judiciais cabíveis.

Quem  observa hoje Sofia, que em breve irá completar 5 anos de idade, olhando nos olhos de quem fala com ela, demonstrando seus sentimentos com contato físico como um abraço e sorridente, não imaginaria que há um ano e meio a menina tinha atitudes totalmente diferentes. O comportamento atual de Sofia parece comum em qualquer criança, mas, não no caso dela, que possui o Transtorno do Espectro Autista (TEA), mais conhecido como autismo. O TEA, ainda pouco conhecido, revela um problema muito maior: o preconceito, um mal que se perpetua e que faz, muitas vezes, famílias isolarem os seus filhos autistas.

No Dia Mundial da Conscientização Autista, comemorado neste domingo (2), é a oportunidade de contar e se espelhar na história de superação dela. Aos três anos, a pequena não olhava nos olhos de ninguém e parecia se isolar em seu próprio mundo. É que o autismo tem essa característica de afetar o desenvolvimento no sentido das habilidades de comunicação social e comportamentos antissociais, entre outros sintomas.

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O que muitos desconhecem é que o amor incondicional da sua mãe Andréia Pereira, do seu pai Pedro Colaço, e dos familiares, com a certeza de que um autista é uma pessoa como qualquer outra, além dos tratamentos terapêuticos, fizeram toda a diferença.

Não se sabe, ao certo, as causas que ocasionam o TEA. Muitos especialistas contam que o fator é genético. Outros acreditem no fator ambiental, ou seja, uma criança que esteja em um ambiente onde não se há estímulo pode gerar uma pré-disposição.

Andréia relembra que, até 1 ano e 3 meses de idade, Sofia teve um desenvolvimento normal. Segundo ela, a criança começou a regredir na fala e em outros aspectos, após tomar a vacina tríplice viral. “Mas não se sabe se esse foi o motivo, mas muitas mães que conheço passaram pelo mesmo. Com o tempo, começamos a perceber que tinha alguma coisa diferente, só não sabíamos o que era”.

A certeza do diagnóstico aconteceu, por volta dos dois anos, quando Sofia foi matriculada no colégio. A mãe conta que, após alguns meses, os professores a convidaram para uma reunião e informaram que a menina se isolava e recomendaram levá-la a um neurologista. Foi quando descobriu. Foi um choque para Andréia, mas a tristeza não podia demorar. “Eu sabia que não podia perder tempo com o luto para não aumentar a regressão dela. Tinha que ser rápida. Do luto eu fui para a luta”, ressaltou.

A primeira atitude foi ir atrás dos tratamentos necessários. No SUS, não obteve sucesso. Os profissionais, entre outras dificuldades, faltavam. Precisou procurar plano particular, que não quis se responsabilizar pelos diversos tratamentos necessários. Foi para a Justiça e venceu. Ao todo, Sofia passa por um tratamento multidisciplinar intensivo de, no mínimo, 40 horas por semana. Entre eles, o terapêutico, fonoaudiólogo quatro vezes por semana, psicólogo e acompanhamento biomédico de suplementação para verificar os nutrientes necessários para ela. Ela também é acompanhada para desintoxicação de metais pesados no organismo porque o autismo também traz comorbidades associadas como intestino inflamado, segundo Andréia.

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A mãe de Sofia salienta que esses estímulos devem acontecer 24 horas por dia, com persistência. “É uma batalha diária. O importante é nunca desistir. Você nasce todos os dias. Os pais, às vezes, perdem a identidade para dar o melhor tratamento. No final, tudo é prazeroso porque você está vendo a evolução dela, que vai dando força para continuar sempre buscando mais”, ressaltou.

Ela reconhece que a filha está inserida em um quadro animador pelas possibilidades que possui para enfrentar o TEA. Questionada sobre as famílias que não têm condições de oferecer o mesmo tratamento dado a Sofia, ela foi direta. “Eles se tornam autistas severos. Eles vão regredindo por falta de atendimento”, lamentou.

Autistas severos ao que se refere se trata dos tipos causados pelo transtorno. De acordo com a nova edição do Manual Diagnóstico e Estatísticas de Transtornos Mentais (DSM), elaborado pela Associação de Psiquiatria Americana, existem três tipos: leve, moderado e severo, no caso deste último, uma das maiores preocupações é a autoagressão, por exemplo, bater a própria cabeça na parede causando um sofrimento ainda maior para a família.

Andréia pede por mais amor na sociedade e menos preconceito, o que é fundamental para a saúde mental dos pais. ​“Os autistas são pessoas normais, o que não é normal é o preconceito. Para os pais, o dia 2 de abril são todos os dias, mas para a sociedade é um momento importante para lembrar que o preconceito que é um transtorno, uma doença viciante. Antes de julgar, a melhor forma é ter o conhecimento sobre o assunto”, pediu.

Segundo os especialistas, os autistas podem apresentar habilidades criativas extraordinárias até mesmo serem superdotados, quando uma pessoa possui uma capacidade mental acima da média. Um superdotado possui uma aptidão, seja artística, esportiva ou mental que parecem ser inatas, ou seja, não se explica como aprendeu. Outros portadores tem uma sensibilidade sensorial fora do comum sendo em um ou em mais dos cinco sentidos – visão, audição, olfato, tato e paladar.

Filhos de mães que produzem excesso de hormônio masculino têm o risco consideravelmente mais elevado de desenvolver transtornos autistas, segundo um estudo do Instituto Karolinska de Estocolmo, publicado na revista Molecular Psychiatry.

O estudo demonstra pela primeira vez o vínculo entre a Síndrome de Stein-Leventhal ou Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) e os Transtornos do Espectro Autista (TEA).

As mulheres afetadas por esta síndrome, ou seja entre 5% e 15% das que possuem idade de ter filho, segregam uma quantidade anormalmente elevada de hormônios andrógenos, inclusive durante a gravidez.

Depois de estudar os relatórios médicos relativos a todas as crianças entre 4 e 17 anos nascidas na Suécia entre 1984 e 2007, os pesquisadores estabeleceram um vínculo estatístico entre esta patologia e a TEA.

"Descobrimos que um diagnóstico de SOP na mãe aumentava em 59% o risco de TEA na criança", explicou a psiquiatra Kyriaki Kosidou, do departamento de ciências da saúde pública do Instituto Karolinska.

"O risco é ainda mais importante entre as mães afetadas pela SOP e a obesidade, uma afecção comum se houver um excesso marcado de produção de hormônios andrógenos", acrescenta.

O estudo, em compensação, não pôde elucidar por que a TEA afeta quatro vezes mais os meninos do que as meninas.

Os pesquisadores enfatizam, além disso, que as causas subjacentes do vínculo entre a SOP e a TEA não "estão completamente claras e que são necessários estudos mais profundos, por isso é muito cedo para fazer recomendações específicas".

O autismo é um trastorno do desenvolvimento que se manifesta principalmente na dificuldade de estabelecer interações sociais e se comunicar.

Anticorpos maternos que têm como alvos as proteínas no cérebro do feto podem desempenhar um papel no desenvolvimento de algumas formas de autismo, de acordo com um estudo publicado nesta terça-feira. Realizado em 246 mães de crianças com "transtornos do espectro autista" e 149 mães de crianças saudáveis, o estudo mostrou que quase um quarto das mulheres do primeiro grupo tinham uma combinação diferente destes anticorpos do que aquelas do segundo grupo.

Os "transtornos do espectro autista" (TEA) incluem variedades diferentes de autismo, entre elas a síndrome de Asperger, que afeta crianças muito inteligentes, mas com grande dificuldade em interações sociais. Os anticorpos são proteínas essenciais para o sistema imunológico. Eles detectam e neutralizam substâncias estranhas ao corpo, tais como vírus e bactérias.

As mulheres grávidas passam seus anticorpos para o feto, o que lhe permite defender-se de infecções até os 6 meses de idade, enquanto seu sistema imunológico ainda está imaturo. Mas eles podem também, de acordo com o estudo publicado na revista Translational Psychiatry, transmitir anticorpos que impedem que o cérebro se desenvolva corretamente.

"Descobrimos que 23% das mães de crianças autistas têm auto-anticorpos contra proteínas que são necessárias para um desenvolvimento neurológico saudável", explicou à AFP Judy Van De Water autora do artigo, professora da Universidade da Califórnia, que afirma que esses anticorpos não estavam presentes em mães de crianças não-autistas.

Os sintomas também se mostraram mais graves em crianças nascidas de mães com o anticorpo em questão do que em comparação com crianças autistas nascidas de mães sem esses anticorpos. Os TAE afetam cerca de um em cada 100 nascimentos nos países ocidentais. Os meninos são três vezes mais afetados do que as meninas por esta doença, cujas origens permanecem obscuras.

A equipe da Dra. Van de Water foi capaz de identificar 11 diferentes combinações de sete proteínas alvo de anticorpos associadas aos TEA, cada um dos quais tem um risco diferente do transtorno autista. O objetivo agora é encontrar marcadores capazes de identificar o risco de TEA, o que permitiria "uma intervenção precoce" para ajudar crianças com autismo para "melhorar o seu comportamento e capacidades", observa Van de Water.

Em um estudo separado, os pesquisadores liderados por Melissa Bauman, também da Universidade da Califórnia, expuseram oito fêmeas de macacos-rhesus grávidas aos anticorpos maternos relacionados ao TEA e chegaram a resultados semelhantes: os macacos recém-nascidos dessas mães "mostraram diferenças de comportamento, incluindo reações inadequadas em relação a outros macacos", observa o estudo.

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