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Diante da crise econômica que o país se encontra, alguns efeitos podem ser encontrados no dia a dia da população. Consumidores vêm sentindo falta de alguns produtos específicos nos supermercados e, até mesmo, encontrado prateleiras vazias em grandes redes espalhadas pela região metropolitana do Recife.
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As maiores ausências incluem artigos como bebidas quentes e produtos de limpeza. De acordo com relatos de clientes, algumas marcas até mesmo nacionais de Whisky não são facilmente encontradas em várias idas ao mesmo supermercado.
Apesar de se caracterizarem como supérfluos, os energéticos também são artigos que estão fazendo falta na hora da compra. O publicitário Tito Cavalcanti explicou que em relação aos energéticos, houve uma época que existia uma gama de novas marcas, além das já famosas, o que abria um leque de possibilidades de conhecer a qualidade dos produtos e assim fazer a comparação entre eles. “Não sei a forma que eles trabalham os preços, mas, por exemplo, semana passada eu fui comprar um energético de 2L que custava cerca de R$ 10 e ontem fui comprar esse mesmo energético, no mesmo supermercado e o valor havia dobrado. Como solução pra isso, o jeito é garimpar mesmo”, conta.
Já entre os produtos de higiene, desinfetantes, sabonetes e água sanitária estão entre os artigos que os clientes mais sentiram falta no setor. Em diferentes lojas e redes, o problema é o mesmo.
Outras mercadorias específicas estão fazendo falta na vida dos consumidores. A administradora Maria Catarina informou que precisou ir duas vezes ao supermercado para encontrar farinha de trigo e apenas na segunda vez conseguiu adquirir o produto. “Fui ao supermercado e só encontrei um pacote, ou seja, creio que a reposição do produto foi menor do que a procura para ter acabado tão depressa”, diz a consumidora.
A sensação é a mesma para a produtora de eventos Kau Beltrão. “Estou sentindo falta de alguns produtos como trigo e algumas frutas. No primeiro caso, como não encontro o produto, eu estou substituindo por genéricos, como a farinha de aveia, se o preço deixar. Já com as frutas que não encontro, fico sem elas mesmo. Além disso, eu fazia molho de tomate caseiro, mas agora estou usando molho pronto porque o preço está absurdo”, detalha.
Outro público também tem sofrido com a falta de certas mercadorias. A aposentada Nilda Lima não tem conseguido encontrar alimentos para quem possui restrições alimentares e está preocupada com a falta desses produtos. “Minha filha tem intolerância a glúten e lactose. Fui ao supermercado ontem e não encontrei macarrão feito de arroz e também leite sem lactose de qualquer marca”, detalha. “Se já é naturalmente complicado para essas pessoas se alimentarem, piora ainda mais com a falta desses produtos diferenciados. O pior é que, nesse caso, não tem como substituir por outras marcas ou outros alimentos”, lamenta.
Pesquisa revela possíveis motivos para a falta dos produtos em supermercados
De acordo com a pesquisa realizada pela Neogrid, a ruptura, índice que mede a porcentagem de produtos em falta no varejo em relação ao total de itens da loja, aumentou cerca de 29% em julho comparado ao mês anterior. O indicador, que registrou 9,76% em junho, chegou a 12,59%.
A pesquisa ainda indica que a principal causa para a falta de produtos nas prateleiras dos supermercados tem se dado por questão de logística, sendo 58,51% dos casos relacionados à falha nessa área. No caso, os produtos podem não estar disponíveis porque as lojas não colocaram realizaram pedidos aos fornecedores ou houve falha na entrega.
O diretor de relacionamento do varejo e indústria da NeoGrid, Robson Munhoz, conta que o momento de instabilidade do país está refletindo nas gôndolas dos supermercados. Ele explica que, com receio de uma possível retração nas vendas, o varejo passou a se preocupar ainda mais com os excessos de estoque e a diminuir os pedidos para a indústria. Um dos reflexos desse comportamento é a falta de produtos nas prateleiras.
O estudo detalha que nos outros 40,81% dos casos, a ausência dos produtos se dava por dois motivos. O primeiro era a falha de reabastecimento das prateleiras, o que significa que os produtos estavam no estoque, mas não eram colocados à disposição dos clientes. O segundo caso se dava por conta do estoque virtual: o número de produtos que consta no sistema de informações da loja é diferente da quantidade que, fisicamente, está disponível para venda ao consumidor.
Para a realização da pesquisa foram reunidas informações de mais de 10 mil lojas de varejos do Brasil e foram medidos diariamente a disponibilidade de produtos na gôndola; a venda estimada por produto, por loja e por dia; as causas das faltas desses itens e como corrigi-las.
Para esta matéria tanto a Associação Pernambucana de Supermercados (Apes) quanto o Walmart não realizaram contato com a equipe do Portal LeiaJá. Já a rede Pão de Açúcar informou que não haveria porta-voz para se pronunciar sobre a questão.