Tópicos | Black Blocs

O grupo era pequeno, mas fez um grande estrago. Cerca de 10 jovens que participavam do protesto desta quinta-feira (18), contra o presidente Temer, deixou um rastro de vidraças quebradas pela avenida Conde da Boa Vista. Ao menos três agências foram alvos dos atos de vandalismo.

Apesar das pedras arremessadas em direção aos estabelecimentos, nenhuma pessoa ficou ferida. A reportagem do LeiaJá flagrou um dos ataques e tentou entrevistar o grupo de mascarados, mas eles não quiseram conversar. De acordo com um deles, “o movimento não se pronuncia à imprensa”.

##RECOMENDA##

[@#galeria#@]


A investigação aberta para apurar a relação entre o Movimento Passe Livre (MPL) e manifestantes adeptos das chamadas "táticas black bloc" em atos dos anos de 2013 e 2014 foi concluída sem indiciar ninguém, segundo informou reportagem do jornal Folha de S.Paulo. O indiciamento é a prerrogativa policial para apontar indícios de culpa e pedir a responsabilização de suspeitos.

Uma força-tarefa do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) colheu cerca de 300 depoimentos, de acordo com o jornal, e intimou ativistas. Em uma manifestação contra a Copa do Mundo, policiais prenderam dois manifestantes por, supostamente, carregarem um explosivo caseiro. O líquido apreendido ficou aberto, teria evaporado e a perícia foi inconclusiva.

##RECOMENDA##

O secretário da Segurança, Alexandre de Moraes, já anunciou que outras investigações estão em andamento sobre o mesmo assunto, mas para suspeitos de depredações nos atos neste ano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após o protesto mais violento desde o início do movimento contra a reorganização escolar da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), os estudantes decidiram repensar as estratégias de mobilização. O receio é perder o controle com a infiltração de black blocs nos atos de rua, sobretudo após o confronto com a Polícia Militar de quarta-feira, 9.

Heudes Oliveira, de 18 anos, aluno da Escola Estadual Fernão Dias, em Pinheiros, na zona oeste da capital, acredita que a presença de black blocs prejudica a imagem do movimento. "Estamos avaliando novas ações, novas estratégias de protesto em que a gente tenha mais controle", diz. "Foi desnecessária a confusão. A manifestação estava acabando depois de quatro horas pacíficas. Os estudantes já estavam dispersando."

##RECOMENDA##

No ato de quarta-feira, black blocs entraram em confronto com a PM na frente da Secretaria da Educação, no centro. Dez pessoas foram detidas.

Oliveira disse que, apesar de insatisfeitos com a proposta de Alckmin de suspender a reorganização da rede - os alunos querem o cancelamento -, há "divergências" no grupo quanto a manter ou não os colégios ocupados. A escola foi a primeira invadida na capital e se tornou símbolo de resistência estudantil, após ser cercada por PMs.

Os alunos da Escola Maria José, na Bela Vista, região central, também vão discutir novos rumos para os protestos, por temer que tumultos com black blocs atrapalhem. "No protesto, por exemplo, eram muitos fazendo baderna", diz o estudante Caio Freitas, de 18 anos.

A Escola Silvio Xavier Antunes, no Piqueri, na zona norte, foi desocupada ontem, após 28 dias. "Cumprimos o papel de pressionar o governo. E atingimos o objetivo imediato, de não fechar a escola", diz a aluna Dafine Cavalcante, de 17 anos, que pretende retomar a mobilização em 2016.

Violência

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os dez detidos - seis menores - foram liberados no mesmo dia após um Termo Circunstanciado por desobediência. Um dos adolescentes foi detido por um segurança do Metrô na Estação da Sé com pedras na mochila. Ele negou que tivesse praticado vandalismo e foi liberado.

Além dos alunos, a repressão da PM foi alvo de críticas de grupos que acompanharam a ação. "Dos protestos de 2013 (contra o aumento da tarifa de transporte) para cá, a PM evoluiu pouco, não sabe dialogar", diz Frederico (que não quis revelar o sobrenome), do Movimento Passe Livre, que esteve no ato.

PMs ainda invadiram o Teatro de Arena Eugenio Kusnet, no centro, e agrediram três jovens, segundo relatos. Em nota, a Funarte, responsável pelo teatro, repudiou "a ação arbitrária e violenta" da polícia. "Foi brutalidade", diz o diretor Eugênio Lima, que estava no local.

Necessária

A SSP manteve o posicionamento de quarta-feira, em que classifica a ação da PM como "absolutamente necessária", e não se manifestou sobre a invasão do teatro. Segundo a pasta, a "atitude de grupos de manifestantes deixou clara a motivação política e criminosa, com diversos black blocs com o rosto encoberto, integrantes da Apeoesp e pessoas ligadas a partidos políticos".

A Apeoesp, maior sindicato docente, acusa o governo de "criminalizar" a entidade e ameaça ir à Justiça contra as acusações "irresponsáveis". O ouvidor das Polícias do Estado, Júlio César Fernandes, vai pedir à Corregedoria da PM e ao Ministério Público que investigue a ação dos policiais - incluindo a invasão do teatro - e a infiltração de black blocs no ato.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cerca de 70 pessoas com camiseta preta e adesivo da Apeoesp (sindicato dos professores) cercaram e agrediram profissionais que faziam a cobertura da manifestação dos docentes na tarde desta sexta-feira (24) na região central de São Paulo.

Um câmera do SBT que reagiu ao ser atingido por sacos de lixo na cabeça foi jogado no chão, recebeu chutes e teve seu equipamento quebrado. A repórter Michele Barros, um produtor e um câmera da Rede Globo foram perseguidos por três quarteirões e se esconderam num bar para não serem agredidos. A Apeoesp e a PM afirmam que o grupo era de black blocs.

##RECOMENDA##

A confusão começou quando o grupo cercou os três profissionais da Globo na Praça da República. Michele e sua equipe tentou sair do local, enquanto os manifestantes acompanhavam, gritando: "A verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura". Os ânimos foram se exaltando e o cerco aumentou.

Assustados, os profissionais entraram em um bar na esquina das Ruas Vicente de Carvalho com Aurora. Ao perceberem que outros câmeras estavam filmando, o grupo passou a jogar sacos de lixo nos profissionais, dando início a uma confusão generalizada que durou 20 minutos.

Um câmera do SBT foi atingido na cabeça e atirou uma cadeira contra os manifestantes. Ele foi derrubado no chão e agredido com chutes e pontapés. Sua câmera foi destruída. Outros dois câmeras também tiveram os equipamentos quebrados.

Neste momento, sindicalistas chegaram afirmando que o grupo não fazia parte da manifestação e era formado por black blocs, informação que foi confirmada pela PM. Os sindicalistas da Apeoesp ajudaram a imprensa a sair do local.

A Tropa de Choque estava na Praça da República e não se deslocou para acompanhar a confusão. Segundo um policial que não quis se identificar, eles não puderam sair do posicionamento porque o objetivo era evitar a depredação do patrimônio público.

O Metrô de São Paulo vetou a publicidade de um livro sobre a tática Black Bloc. A publicidade, paga pela Geração Editorial, responsável pela publicação, ficaria em cartazes afixados nos vagões dos trens. Um dos autores de "Mascarados - A Verdadeira História dos Adeptos da Tática Black Bloc", o jornalista e blogueiro Bruno Paes Manso, afirmou que a leitura a respeito do livro feita pelo Metrô, que é controlado pelo governo do Estado, é "equivocada".

"O livro não faz apologia dos black blocs. Ele procura mostrar o superdimensionamento dado a esses garotos, desmistificá-los e explicá-los para a sociedade", afirmou Paes Manso. No auge dos protestos de junho de 2013, estações do Metrô foram alvo de quebra-quebra na região da Avenida Paulista.

##RECOMENDA##

A Geração Editorial contrataria 20 sancas, como são chamadas as peças de publicidade, nos vagões das Linhas Vermelha e Verde - o dobro do mínimo exigido pelo Metrô. Cada uma delas mede 112 centímetros por 30 cm e custa R$ 266. A editora gastaria R$ 5.320 por um mês de exposição.

No dia 19, porém, a Geração recebeu um e-mail do Metrô dizendo que o layout não havia sido aprovado. A editora respondeu a mensagem e mais tarde recebeu a ligação de um funcionário do Metrô dizendo que não adiantaria mandar outra arte, já que o problema era com o tema do livro.

"Para nossa surpresa, disseram que não veiculariam o anúncio porque ele incitaria a violência. Não vou chamar de censura. Foi um erro de avaliação", disse Luiz Fernando Emediato, diretor da Geração. Para ele, o livro é apenas uma reportagem sobre o tema em que todos os lados - incluindo a Polícia Militar - são ouvidos. O "excesso de zelo" e a "avaliação equivocada" teriam motivado a decisão do Metrô, disse o editor.

Desacordo

O Metrô informou, por meio de nota, que "reprovou única e exclusivamente o layout da peça publicitária da Geração Editorial por estar em desacordo com o artigo 20 de seu regulamento de mídia (Remídia)". O texto veta mensagens que "infrinjam a legislação vigente, atentem contra a moral e os bons costumes, tenham temas de cunho religioso ou político-partidário". O regulamento ainda proíbe anúncios "que possam suscitar comportamentos inadequados".

A empresa alegou que "é errado" acusá-la de "censura ou veto ao livro". Segundo a companhia, a avaliação feita pela área de negócios se restringe apenas à peça publicitária. O texto também informou que "os anunciantes dos espaços publicitários do Metrô têm pleno conhecimento do regulamento".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os black blocs infiltrados em meio aos suspeitos de cometerem saques e destruição de patrimônio público, na terça-feira, 16, já haviam sido identificados pelo Serviço de Inteligência da Polícia Militar em outros protestos. No entanto, por causa do caos generalizado, nenhum deles foi detido. No balanço final divulgado pela Secretaria Estadual da Segurança Pública, pelo menos 89 pessoas foram detidas para averiguação. O dia terminou com cinco presos.

Os quatro presos suspeitos por arrastão têm idade entre 18 e 26 anos e roubaram 37 celulares, nove tablets e três monitores de computador. Uma jovem de 19 anos foi presa por incendiar um ônibus. Os homens foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na zona oeste, e a mulher para o CDP de Franco da Rocha, na Grande São Paulo. O prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), afirmou que os grupos que promoveram destruição e saques no centro eram formados por "oportunistas". Haddad defendeu a decisão da Justiça de reintegrar a posse do prédio ocupado.

##RECOMENDA##

"Eu entendo que decisão judicial se cumpre. O Poder Judiciário deu tempo, deu condições de negociação e de remoção das famílias. Eu acho que houve um mal encaminhamento e depois oportunistas que sempre se valem de um momento como esse", disse o prefeito. Ele afirmou que os movimentos sociais não podem "deixar ser utilizados por oportunistas".

Temor

Com quase 15 mil filiados no centro, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) vê o temor de se trabalhar na região aumentar. "Estamos falando de bandido e não de manifestação. Precisa ficar muito claro para a população que são vândalos", disse Rogério Amato, presidente da ACSP.

Segundo ele, desde as manifestações do ano passado, há "uma sensação de insegurança" entre os comerciantes. Amato afirmou que o setor está diminuindo os investimentos na região por medo de novos ataques de vândalos e arrastões. "Isso virou uma rotina. O pior de tudo é a gente começar a se acostumar com isso." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O inquérito da Polícia Civil do Rio que investigou ativistas e resultou na decretação de prisão preventiva de 23 pessoas - medida revogada na quinta-feira pelo desembargador Siro Darlan - também reuniu indícios de que black blocs de São Paulo e do Rio trocam informações frequentemente e atuam juntos em algumas manifestações.

Uma ligação telefônica interceptada com autorização judicial às 12h31 de 2 de julho indica que a ativista Camila Jourdan procurou uma pessoa de São Paulo chamada Priscila, pedindo informações sobre "a vinda de pessoas de São Paulo para as manifestações do dia 13 de julho, final da Copa no Rio". Também é citado um homem identificado apenas como Feijão, até agora não identificado pela polícia.

##RECOMENDA##

No mesmo dia, às 16h38, Camila pede a outro ativista, Igor D’Icarahy, que confirme a existência de local para hospedar "as pessoas que vêm de São Paulo". A viagem de São Paulo foi descartada por causa da prisão de ativistas, no dia 12 de julho.

Estratégias

Em depoimento, o ex-integrante da comissão de organização dos protestos violentos, o técnico químico Felipe Braz Araújo, de 30 anos, detalhou à Polícia Civil quem são os líderes do movimento e como funcionava a estratégia de depredações.

As reuniões do grupo, segundo ele, ocorriam, geralmente, em prédios públicos - ou no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no centro, ou na sede da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), na zona norte.

O objetivo da comissão, de acordo com o depoimento dado à Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) no último dia 3, era definir os temas que seriam explorados nos protestos, como a morte do pedreiro Amarildo de Souza, a desocupação do acampamento Aldeia Maracanã (montada no antigo Museu do Índio, no Maracanã, zona norte) e a desativação do Hospital dos Servidores, na zona portuária.

A partir da escolha das prioridades, marcava-se um ato e planejava-se o que o depoente chamou de "atos criminosos". "Nas reuniões eram planejados trajetos e atos criminosos, como incendiar ônibus, destruição do patrimônio público e privado, furto a caixas eletrônicos de agências bancárias", afirmou Araújo aos investigadores.

O ex-integrante contou ter deixado o grupo por discordar das ações violentas, que estavam gerando repúdio veemente por parte da sociedade.

"O declarante decidiu abandonar a comissão da FIP (Frente Independente Popular, formada a partir do pioneiro Fórum de Lutas, responsável pelas primeiras manifestações) porque só existia o ‘quebra-quebra’ e não havia nenhum resultado", diz o texto enviado à Justiça, em que a DRCI transcreve o teor do depoimento da testemunha.

Para Araújo, a prioridade do confronto com a Polícia Militar nos protestos relegou "a ideia principal de mudar o País" para segundo plano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Advogados, juristas e ativistas estão colhendo assinaturas para um manifesto que aponta uma série de ilegalidades no inquérito aberto no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil, para identificar e punir os autores de atos de vandalismo em protestos, os chamados "black blocs". Entidades e movimentos sociais, como o Movimento Passe Livre (MPL), querem a extinção do inquérito.

Segundo o manifesto, o inquérito se transformou em um instrumento para reprimir e criminalizar movimentos legítimos, que agem de acordo com a Constituição. "Chegou-se ao absurdo de proceder à busca e apreensão de livros na casa de alguns ‘investigados’", afirma o texto.

##RECOMENDA##

"No decreto de instauração (do inquérito), está expresso o objetivo ilegal de investigar ‘indivíduos (que) atuam de forma organizada com o objetivo de questionar o sistema vigente’, sem a indicação de nenhum fato específico que constitua crime", afirma o texto. Por fim, o manifesto lembra que a maior parte dos investigados no inquérito, que já foram convocados para prestar esclarecimentos, foi presa ilegalmente - detida na chamada "prisão para averiguação".

Entre os signatários do manifesto, há membros da Defensoria Pública do Estado e professores da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP).

O advogado Alexandre Pacheco Martins diz que o manifesto será enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). "Quando o tribunal voltar do recesso, em agosto, o texto será entregue para apoiar um habeas-corpus do MPL que pede o encerramento do inquérito", disse.

O inquérito do Deic tem cerca de 300 nomes. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) diz que "as investigações no inquérito policial são legais e realizadas sob o controle do Ministério Público e Poder Judiciário que, em momento algum, se manifestaram contrariamente aos trabalhos de apuração".

Preso

Nesta quarta-feira (16*, na Faculdade de Direito da USP, um ato pediu a soltura do funcionário público Fabio Hideki, preso pela polícia acusado de ser um black bloc. O padre Julio Lancelotti, da Pastoral dos Moradores de Rua, afirmou que acompanhou a prisão do rapaz. A polícia alega que ele tinha material explosivo e, por isso, foi preso em flagrante no dia 26 de junho. A defesa nega as acusações. O Estado afirma que o MPE ofereceu denúncia contra ele à Justiça, que a aceitou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira (4), durante jantar com correspondentes internacionais, que nem o Palácio do Planalto nem os governos estaduais têm conhecimento de uma ação conjunta de black blocs e do Primeiro Comando da Capital (PCC) durante a Copa do Mundo. Conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo no último domingo, os black blocs que executaram ações no ano passado prometem transformar o torneio "num caos" e esperam até reforço do PCC.

"Não temos nenhum indício de que isso possa acontecer. Nem nosso serviço de inteligência detectou alguma coisa nesse sentido nem tivemos informações dos governos estaduais", afirmou. Dilma aos jornalistas, conforme matéria publicada pelo jornal argentino "Clarín". Ao falar de protestos, a presidente defendeu o direito de manifestações, "desde que não haja ameaça à vida de outras pessoas ou fechamento de vias públicas".

##RECOMENDA##

Sobre os atrasos em obras de infraestrutura prometidas para a Copa, Dilma afirmou: "Ninguém faz (um metrô) em dois anos. Bom, talvez a China". Na avaliação da presidente, conforme relato da agência Reuters, os atrasos foram classificados como "o custo da nossa democracia". Segundo o correspondente da BBC, Dilma considerou "histórias de horror" as discussões de eventuais problemas de transporte durante o Mundial, a questão da segurança dos estádios e a ameaça de uma epidemia de dengue no País.

Diante das críticas ao rascunho do projeto de lei que prevê medidas para conter a violência nas manifestações, o governo decidiu alterar a proposta. Agora, nem toda máscara será proibida e caberá à autoridade policial decidir quando o ato de cobrir o rosto poderá ser considerado risco à sociedade. Por ordem da presidente Dilma Rousseff, o projeto vai ser submetido à consulta informal e enviado a líderes de partidos, representantes de movimentos sociais e juristas, antes de ser encaminhado ao Congresso.

Um dos artigos do novo texto diz que "nos casos em que houver risco, ou possibilidade de atos de violência, o policial vai determinar ao participante (da manifestação) que se identifique". O projeto estabelece regras para regulamentar o artigo da Constituição que veda o anonimato, mas, na prática, só haverá punição para quem usar máscara se a polícia julgar que o manifestante representa perigo, se ele se recusar a apresentar a identidade ou em casos de reincidência. "Ninguém pode esconder o rosto para matar, depredar patrimônio ou cometer atos de vandalismo", afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ao jornal O Estado de s. Paulo.

##RECOMENDA##

Crimes

A proposta prevê o agravamento das penas em caso de crimes, como homicídios e lesão corporal, cometidos por mascarados. Portar armas em atos de protesto ou instrumentos que possam causar ferimentos, como bastões, também serão considerados crimes.

Na outra ponta, o projeto pretende coibir o abuso policial e a violência por parte de autoridades encarregadas de zelar pela ordem pública. Pela proposta que se encontra neste momento sob análise da Casa Civil, a polícia será proibida de apreender equipamentos como máquina fotográfica, filmadoras e gravadores. A apreensão somente poderá ocorrer com ordem judicial. A medida beneficia jornalistas, que chegaram a ser agredidos por policiais em alguns atos.

Resistências

Preocupada com o clima de insegurança provocado no País perto da Copa do Mundo, em um ano eleitoral, Dilma quer enviar o projeto ao Congresso em regime de urgência, até o fim do mês. Na tentativa de amenizar resistências da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), de movimentos sociais e até de dirigentes do PT, que enxergaram no texto sinais de restrição à liberdade de expressão, ela pediu a Cardozo que promova uma consulta sobre o teor da proposta, por um período mínimo de dez dias.

"Estamos buscando construir um projeto de lei equilibrado, que garanta a liberdade de manifestação contra quaisquer formas de abuso, seja aquele praticado por cidadãos ou por autoridades públicas", disse Cardozo. "Com as consultas informais, verificaremos as críticas e melhoraremos o texto antes do encaminhamento ao Congresso."

Aviso prévio

O aviso prévio da manifestação à Secretaria de Segurança Pública e a departamentos de trânsito será obrigatório, como manda a Constituição, a não ser que se trate de atos espontâneos, sem convocação anterior. A primeira versão do texto determina que órgãos de Segurança dialoguem previamente com os organizadores dos atos. Estabelece que o uso da força, por parte da polícia, seja proporcional à característica do ato.

Nos últimos dias, porém, até mesmo o PT criticou a proposta. Em abaixo-assinado que circulou na internet, sob o título "Porque, num Estado Democrático, manifestar-se é um direito!", militantes e dirigentes petistas condenaram a proibição do uso de máscaras. "Não podemos abrir mão da luta constante por uma vida livre de todo o tipo de violência!", diz o manifesto.

Para os signatários, a proposta de prisão para averiguação, durante os protestos, também é considerada ilegal. "A conduta é inexistente no ordenamento jurídico brasileiro", afirma trecho do abaixo-assinado enviado a internautas por petistas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Deputados articulam a instalação de uma Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) com o objetivo de investigar o movimento black bloc no Brasil. Na tarde desta terça-feira, 18, os líderes do Solidariedade, deputado Fernando Francischini (PR), e do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), começaram a recolher assinaturas no colégio de líderes da Câmara pedindo a criação do colegiado, que também apurará a eventual relação de partidos políticos com o movimento. Eles irão em seguida pedir celeridade ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para o processo de instalação. Além do SDD e do PMDB, segundo divulgou Francischini, assinaram o pedido os líderes na Câmara do PR, PP, PSDB, DEM, PPS, PSD, PDT, PSC, PTB e da Minoria.

"Ficou claro com a morte do jornalista da rede Bandeirantes (Santiago Andrade), e também com os que se feriram (nos protestos), que existem pessoas que estão indo com o intuito de destruir e assustar a população de bem", declarou Francischini.

##RECOMENDA##

Para a criação de uma CPMI, é necessário o aval de ao menos 171 deputados e de 27 senadores. O líder do SDD acredita que o fato de o requerimento de instalação contar com o apoio de 12 lideranças deve acelerar a coleta das assinaturas. Francischini argumentou que a CPMI deverá investigar se há "aliciamento ou financiamento" de black blocs no País. "Estamos no ano da Copa do Mundo e muita gente tem interesse em afastar a população das ruas no nosso País", acrescentou.

A proposta de instalação de uma CPMI veio após a morte do cinegrafista Santiago Andrade, da rede Bandeirantes, que foi atingido por um rojão enquanto cobria um protesto no Rio de Janeiro. O auxiliar de limpeza Caio Silva de Souza, preso pela morte do cinegrafista, declarou que algumas pessoas receberiam dinheiro para participar dos protestos, citando em seu depoimento partidos como o PSOL e o PSTU. Os partidos negam apoiar atos que promovam a violência.

Sem citar nomes, o deputado Francischini disse também que a CPMI, uma vez criada, vai investigar a relação de autoridades com foro privilegiado com o movimento black bloc. "Não podemos deixar pairando sobre partidos, políticos e autoridades pecha de que estão movimentando os black blocs", concluiu.

Desde às 9h desta quinta-feira (14), delegados do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de São Paulo colhem depoimentos de detidos durante manifestações nos últimos meses na capital paulista. Foram convocados 80 manifestantes. Até as 16 horas, mais de 50 haviam sido ouvidos.

De acordo com advogados que representam parte dos ativistas, eles não são adeptos da tática anarquista Black Bloc, nem promoveram atos de vandalismo. A defesa de apenas um deles confirmou, no entanto, que o cliente, cuja identidade não revelou, foi um dos que invadiram a loja Tok Stok da Marginal do Pinheiros, na zona sul, durante protesto no dia 15. Mas, segundo o advogado Geraldo Santamaria Neto, o manifestante cliente não depredou o local.

##RECOMENDA##

Ao longo de todo o dia, os ativistas foram indagados sobre a atuação política. Conforme advogados ouvidos pela reportagem, os delegados do Deic perguntaram a todos os convocados se eles são ou não filiados a algum partido ou ainda se colaboram com alguma legenda. Até agora, nenhum deles foi indiciado ou preso. Os depoimentos seguem até o fim da tarde.

A pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), em parceria com o MDA Pesquisa, divulgada nesta quinta-feira (7), revela que 93,4% dos entrevistados não apoiam a atuação dos Black Blocs, grupo de mascarados que tem participado das principais ações de vandalismo nas últimas manifestações de rua no Rio de Janeiro e em São Paulo. Apenas 6% são favoráveis à atuação deles.

A pesquisa registrou que 91,5% dos ouvidos não consideram como "legítima" a ação dos mascarados. Somente 6,7% posicionaram-se a favor. O levantamento apontou ainda que 81,7% dos entrevistados defendem o direito das manifestações públicas pelos cidadãos, e outros 17,3% não defendem.

##RECOMENDA##

Foram entrevistadas 2.005 pessoas, em 135 municípios das cinco regiões do País, entre os dias 31 de outubro e 4 de novembro. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais.

Nesses cinco meses de protestos, os noticiários costumam separar os manifestantes entre os "democráticos" e os "vândalos, que se infiltram em passeatas pacíficas para iniciar o quebra-quebra". Trata-se de um engano. A chamada "tática black bloc", que prega ataques ao patrimônio e reação à ofensiva da Polícia Militar nas passeatas, foi fundamental para o sucesso das manifestações de junho convocadas pelo Movimento Passe Livre (MPL).

O esclarecimento sobre o papel decisivo da ação direta e dos black blocs está no livro Vinte Centavos: a Luta contra o Aumento (Veneta), escrito a quatro mãos por Marcelo Pomar, fundador do MPL de Florianópolis, Pablo Ortellado, filósofo, pela socióloga Elena Judensnaider e por Luciana Lima.

##RECOMENDA##

Próximos dos integrantes do MPL, os autores tentam explicar na obra como as manifestações de junho nasceram de dez anos de aprendizado acumulados em protestos de ruas, iniciados em 2003 em Salvador. "Não foi um raio em céu azul", escreve Marcelo Pomar, para evitar qualquer conclusão que aponte improviso e espontaneidade nas ações do grupo.

A ação direta e o vandalismo fizeram sentido porque estavam associados a outras estratégias elaboradas pelo MPL ao longo da década. A definição de uma pauta clara, no caso a redução de 20 centavos da tarifa, que dependesse da vontade política do governo para ser atendida, foi uma delas. "Só abandonar as ruas quando a pauta for atendida", era a ideia fixa.

Outra tática era fazer protestos colados, separados por dias, em grandes avenidas, para atrapalhar o cotidiano, desnortear as autoridades e chamar a atenção da imprensa. Deu certo. Para os jovens do MPL, o processo de luta era tão importante quanto o resultado das manifestações. O objetivo era mostrar as possibilidade de se levar a democracia para as ruas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com receio da manifestação, desta quarta-feira (23), a Câmara Municipal do Recife suspendeu as atividades legislativas. O presidente da Casa, o vereador André Vicente Gomes (PSB), anunciou a medida após receber orientações da segurança local. “Tivemos que seguir a orientação da segurança da Casa para prevenir qualquer tipo de problema e preservar as pessoas de situações de violência”, alertou o vereador.

No último protesto, a favor do Passe Livre e da criação da CPI do Transporte Público, a Casa José Mariano foi alvo de depredação – destruíram a guarita de segurança, jogaram bombas e coquetel molotov e picharam os muros do prédio -, e um anterior a este teve um dos auditórios da Casa invadidos. 

##RECOMENDA##

Um grupo de aproximadamente 50 estudantes participa de mais um protesto para reivindicar o passe livre e a abertura de uma CPI do transporte público. Eles se reuniram, na manhã desta quarta-feira (23), em frente à Escola Luiz Delgado, nas proximidades do Parque 13 de Maio, área central do Recife, e saíram em caminhada pela Rua do Príncipe, passando pela Conde da Boa Vista para retornar para a Câmara Municipal, onde vão entregar uma pauta com as solicitações do estudantes.

O chamado foi feito pela Frente Independente Popular (FIP) e apoiado por outros grupos populares, como a Unidade Vermelha, Black Blocs, Black Face, Resistência Pernambuco e Frente do Transporte Público. O grupo pretende fazer uma manifestação pacífica e sem bloquear as ruas, mas devem atrapalhar o trânsito pelas ruas percorridas.

##RECOMENDA##

O estudante e um dos integrantes da FIP, George Baracho, admite a falta de progresso nas negociações ao longo dos tantos protestos promovidos. “Não conseguimos dialogar com o governo até agora. A única coisa que conseguimos é repressão policial. Fecharam a porta da Câmara para a população e hoje vamos tentar, mais uma vez, entregar a pauta de reivindicações", afirmou. 

Articulação para a manifestação de hoje foi feita pelo facebook. Guardas da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) e policiais militares estão no local para acompanhar o ato.

Com informações de Elis Martins

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta quinta-feira (17) os manifestantes mascarados que têm promovido atos de vandalismo durante manifestações pelo país. Ele esteve no Rio à noite, para o lançamento do "Mapa Estratégico do Comércio 2014-2020" pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), no hotel Copacabana Palace, na zona sul da cidade.

Em discurso que durou uma hora e meia, o ex-presidente advertiu para os perigos da desqualificação da política, que ele considera uma ameaça à democracia. Lula não se referiu nominalmente aos black blocs, como é chamado esse grupo de mascarados que promovem depredações, mas afirmou que é necessário fazer um debate sobre as mudanças no país. "Fiz muito movimento de rua, mas nunca coloquei uma máscara porque nunca tive vergonha do que fiz", afirmou.

##RECOMENDA##

"Sabe uma coisa que me assusta? É a facilidade que as pessoas têm para falar mal da política. Nunca neguem a política. Esses que seguem trabalhando contra a política decerto não têm noção de que não existe saída fora da política. Quando não tem isso, vem o fascismo, o nazismo, a ditadura. Então, a política é essencial", continuou. "Acho que não devemos ter medo do debate. A sociedade foi para a rua, ótimo. Ninguém era mais eloquente do que Hitler. Precisamos fazer tudo o que tem de ser feito neste país de forma democrática", concluiu.

Lula afirmou que em 1978 era "ignorante" por dizer que não era político, não gostava de política nem de quem gostava de política. O ex-presidente citou a frequência de manifestações no Rio e elogiou o governador Sérgio Cabral (PMDB). Segundo Lula, nunca foram feitas tantas obras no Estado do Rio como durante o atual governo.

O ex-presidente também fez um balanço otimista dos últimos dez anos de governo, citando números que mostram crescimento econômico e expansão de serviços públicos. "Não tem país com tantas obras licitadas como tem aqui. Falo de boca cheia. Aqueles que duvidarem deste país vão quebrar a cara. Este país só não dará certo se o azedume prevalecer na análise política e as pessoas não acreditarem em sua capacidade".

O discurso do ex-presidente foi repleto de piadas e brincadeiras. Ele exortou a plateia, composta por muitos empresários do comércio, a ser otimista com o país e ter uma atitude semelhante àquela que ele e outros integrantes tiveram em Copenhague quando o Rio foi anunciado sede da Olimpíada de 2016.

Pressionado por protestos quase diários que, por vezes, terminam em tumulto e violência, o governador Sérgio Cabral (PMDB) mobilizou os aliados para tentar impedir a presença de mascarados nas manifestações e com isso diminuir as depredações e os confrontos com a Polícia.

Também o Ministério Público tentará, pelo caminho judicial, inibir a ação de radicais e punir os já identificados.

##RECOMENDA##

Na Assembleia Legislativa, deputados da base do governo apresentaram projeto que proíbe a presença de pessoas com rostos cobertos nos atos públicos e autoriza a polícia a reprimir os que portarem armas, inclusive paus e pedras, usados nos ataques a bancos, lojas e prédios públicos, que ocorrem, geralmente, no fim das manifestações.

Líderes do PMDB reclamam do comando da polícia, especialmente do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, por não agir com mais rigor na punição dos responsáveis por quebra-quebras. O próprio governador está insatisfeito. Na sexta-feira, 30, Cabral enviou e-mail a autoridades da segurança e parlamentares dizendo que é preciso dar uma resposta à sociedade, que não aguenta mais os transtornos provocados pelos protestos, segundo noticiou o jornal O Dia.

Desgastado pelas manifestações, que cobram desde uma solução para o sumiço do pedreiro Amarildo de Souza - morador da Rocinha levado por policiais militares à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) - até explicações sobre seu patrimônio, o governador está decidido a deixar o cargo para dar lugar ao vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB), possível candidato ao governo do Estado.

No PMDB, a expectativa é que Cabral deixe o governo no último dia do ano, mas a avaliação é que é preciso que o governador tenha recuperado parte da popularidade, para que a renúncia não soe como concessão aos protestos, que pedem o impeachment de Cabral, sob o mote "Fora, Cabral".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando