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O presidente da Vale, Fábio Schvartsman, admitiu nesta quinta-feira (14) que as medidas de monitoramento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG) não funcionaram. “A Vale reconhece, humildemente, que seja lá o que vinha fazendo, não funcionou, já que uma barragem caiu”, disse na Comissão Externa de Brumadinho, na Câmara dos Deputados.

Ainda segundo Schvartsman, até agora a mineradora, que trata o rompimento como "acidente", não sabe o que causou a tragédia. “Passadas essas semanas desde o acidente, nós continuamos sem saber os motivos que causaram o acidente. Todas as informações que nós possuíamos, que nos eram enviadas pelos técnicos da Vale, demostravam que não havia qualquer perigo iminente sobre aquela barragem, consequentemente, não havia nenhuma razão de alarme ou de preocupação maior da gestão da companhia. Se nós tivessemos tido qualquer sinal relevante nessa direção, teríamos agido em conformidade”, disse.

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O executivo disse que a companhia solicitou, por meio do governo brasileiro, contato com o órgão americano que licencia todas as barragens nos Estados Unidos - The United States Army Corps of Engineers (USACE). O objetivo é que eles façam uma revisão em todos os processos da Vale, envolvendo barragens. O presidente da Vale acredita que os norte-americanos podem colaborar no aperfeiçoamento do Código de Mineração brasileiro, introduzindo novas restrições e novas regras para o funcionamento de barragens. “A Vale não pode e não quer ter problemas com barragens, isso é inaceitável”, afirmou.

Causas

Apesar de ter dito que ainda não sabe as causas do rompimento da barragem, Fábio Schvartsman enfatizou que essa questão se sustenta em laudos de estabilidade que, segundo ele, são a “pedra fundamental” de todo o sistema de mineração dentro e fora do Brasil. “É impossível de outra maneira gerir um sistema que mundialmente tem dezenas e milhares de barragens pelo mundo. Gente altamente especializada dizendo se essa barragem corre ou não perigo iminente. É óbvio que se algum desses especialistas achar que alguma barragem corre risco iminente, não dará um laudo de estabilidade”, ressaltou.

Monitoramento

Sobre como poderia garantir que outras barragens não correm risco de ter o mesmo problema de Brumadinho, Schvartsman disse que a companhia mudou a forma de acompanhamento dessas estruturas. “Nós tornamos o monitoramento de todas as estruturas para 24 horas por dia. Nós estamos fazendo o monitoramento integral de todas elas, com a intenção de ter capacidade de reação a qualquer mudança de situação”, garantiu.

O presidente da Vale lembrou que na semana passada cerca de 500 pessoas tiveram que deixar suas casas em Barão de Cocais (MG) após um aviso de ruptura da barragem Sul Superior da Mina Congo Soco, da Vale. Sirenes alertaram a população para evacuar a área, em plano de emergência acionado pela Agência Nacional de Mineração (ANM).

O rompimento da barragem da Mina Córrego de Feijão, em Brumadinho (MG), deixou até agora 166 mortos e 155 desaparecidos.

O plenário da Câmara dos Deputados se transforma nesta quarta-feira (13) em comissão geral extraordinária para debater as consequências da tragédia provocada pelo rompimento da barragem na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), na qual morreram 165 pessoas e 155 estão desaparecidas. O objetivo é discutir as circunstâncias e as responsabilidades.

As discussões ocorrem paralelamente ao funcionamento da comissão externa da Casa que formalizou os compromissos da "Carta de Brumadinho". Na carta foram definidas prioridades e esforços para impedir acidentes semelhantes ao ocorrido no último dia 25 e as primeiras audiências públicas.

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Nesta quinta-feira (14), a comissão externa deve ouvir o presidente da Vale, Fábio Schvartsman, e representantes de órgãos de fiscalização e controle, como Ministério Público, Ibama, Agência Nacional de Mineração (ANM) e Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais.

Na próxima semana será a vez de ouvir especialistas do Tribunal de Contas da União, Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Águas (ANA). Paralelamente, deputados e senadores se mobilizam para a criação de comissões parlamentares de inquérito (CPIs).

Solicitações

Os deputados Áurea Carolina (PSOL-MG) e André Janones (Avante-MG) encaminharam solicitações para a Vale liberar a lista com os nomes dos presentes na mineradora no momento do desastre.  Para Janones, em Brumadinho é recorrente a informação de que o número é superior ao divulgado pela empresa, podendo chegar a 800.

A comissão externa foi a Brumadinho na última sexta-feira (8), para verificar os impactos da tragédia. Os deputados também se comprometem a buscar uma semana de esforço concentrado para votar, no plenário da Câmara, várias propostas que ajudem a impedir a repetição de crimes socioambientais no país.

Investigações

A Câmara vai instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para integrar e agilizar o trabalho de deputados e senadores na punição aos responsáveis pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. Ontem (11), o Senado anunciou a criação da CPI para apurar o acidente.

Na reunião da comissão externa ontem, os deputados demonstraram preocupação com riscos de rompimento de outras barragens e aprovaram requerimentos de audiência pública para discutir os casos de Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN,  e da barragem Sul Superior da Mina Gongo Soco, também da Vale, no município de Barão de Cocais.

*Com informações da Agência Câmara

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) teve acesso a documentos da mineradora Vale que revelam que a Barragem I da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG), estava classificada internamente em "zona de atenção". Além dela, outras nove estruturas estavam na mesma situação no ano passado. O ministério cobra a elaboração imediata de um plano de emergência pela mineradora.

A Agência Brasil teve acesso à ação civil pública movida pelo MPMG para cobrar da mineradora medidas que possibilitem evitar novas tragédias. Movida em 31 de janeiro, seis dias após o rompimento da barragem I da Mina do Feijão, a ação tramita em sigilo. Na ação, há em anexo documentos internos da mineradora.

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De acordo com o MPMG, ao verificar se a Vale tinha desenvolvido uma metodologia própria de análise de riscos, foi identificada uma avaliação geotécnica interna. "Os documentos apresentados demonstram que, em outubro de 2018, a requerida tinha ciência de que, dentre 57 barragens de sua responsabilidade avaliadas, 10 estavam em zona de atenção", diz a ação.

Para o MPMG, a mineradora não adotou medidas necessárias para manter a segurança de seus empreendimentos. "A requerida tem por obrigação assegurar a estabilidade das barragens de rejeitos e demais estruturas integrantes de seus complexos de mineração, não apenas documentalmente mas sim faticamente."

Sugestões

Nos documentos, o MPMG indica a necessidade da adoção de medidas imediatas para evitar tragédias em outras barragens. A lista inclui a barragem Laranjeiras, em Barão de Cocais (MG); as barragens Capitão do Mato, Dique B e Taquaras, em Nova Lima (MG); as barragens Forquilha I, Forquilha II e Forquilha III, em Ouro Preto (MG).

Também estão na relação de alerta as barragens I, IV e Menezes II da Mina do Feijão, em Brumadinho. O MPMG argumenta que todas estão próximas a núcleos urbanos, o que exige mais atenção.

"Na zona de autossalvamento, não há tempo suficiente para uma intervenção das autoridades competentes em situações de emergência, de forma que as pessoas tem que se salvar sozinhas em caso de tragédia, sendo que os avisos de alerta são da responsabilidade do empreendedor".

Auditoria

Entre os pedidos apresentados à Justiça, o MPMG quer que a Vale seja obrigada a apresentar em 24 horas auditoria técnica independente que assegure a estabilidade das barragens listadas e de todas as demais estruturas que existem nos mesmos complexos minerários.

Há, ainda, a cobrança de um plano de ações emergenciais que contemple o cenário mais crítico e que as populações próximas sejam comunicadas caso se verifique a inexistência atual de condições de segurança. Em outra solicitação, pede-se que a mineradora seja proibida de lançar rejeitos nas barragens citadas.

Outro lado

Em nota, a Vale informou que todas as estruturas citadas receberam laudos de estabilidade e segurança emitidos por auditorias externas e independentes. "O documento citado é um estudo realizado com base em metodologia interna, na qual os geotécnicos da própria Vale reavaliam as estruturas já certificadas por auditorias externas como seguras e estáveis. Essa metodologia utiliza um padrão mais rígido que a legislação nacional e internacional vigente e, por isso, tem por objetivo prospectar medidas adicionais de prevenção", diz a empresa.

Diretores da mineradora também abordaram o assunto hoje (12) durante coletiva de imprensa onde contestaram algumas hipóteses para o rompimento. O diretor de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos e Carvão, Lucio Cavalli, afirmou que estava em desenvolvimento um modelo probabilístico, segundo a (certificação internacional) ISO 31000.

“Para sermos mais rigorosos ainda com as nossas estruturas e para garantirmos que as nossas estruturas estavam em condições. O foco é fazer um prognóstico para adotarmos ações preventivas nas nossas barragens", disse Lucio Cavalli.

De acordo com o diretor da Vale, a expressão "zona de atenção" não representan risco iminente. "Significa que devemos cumprir as recomendações feitas", disse Cavalli.

Para o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, a legislação brasileira observa a avaliação de risco conforme as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Segundo ele, a administração da empresa não tinha conhecimento das classificações das barragens baseadas nesse modelo probabilístico.

Paralisação

A ação do MPMG teve acolhida da Justiça Estadual que determinou no dia 4 de fevereiro a paralisação das atividades de oito barragens listadas.

Segundo a Vale, com exceção da barragem de Laranjeiras, todas as outras já estavam inativas antes da decisão. A mineradora também afirma que as providencias solicitadas pelo MPMG já estão em andamento.

A barragem de Laranjeiras fica na Mina de Brucutu, a maior da Vale no estado de Minas Gerais. O impacto estimado de sua paralisação é de aproximadamente 30 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.

Segundo Luciano Siani, trata-se de uma barragem convencional, que não adota o método a montante, o mesmo que era usado na estrutura da Vale, que se rompeu em Brumadinho (MG) e também na da Samarco que originou a tragédia de Mariana (MG) em 2015.

De acordo com o diretor, por este motivo, a Vale entende que não deveria ser incluída na ação. "A companhia vai tentar conversar com os envolvidos até para esclarecer essa situação e tentar uma solução amigável", acrescentou Siani.

A Comissão Nacional de Direito Ambiental, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), elaborou uma cartilha com orientações às vítimas da tragédia de Brumadinho (MG) sobre seus direitos e reivindicações. O rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, da Vale, completa hoje (12) 18 dias, com um total de 165 mortes e 155 desaparecimentos.

Com uma redação simples, o documento da OAB explica, na forma de pergunta e resposta, como as vítimas podem agir em diversas situações. A entidade recomenda, por exemplo, que a pessoa registre os bens que tenham sido danificados ou perdidos durante o rompimento da barragem da mina. Nesse caso, aconselha-se que a vítima liste todos os pertences, do modo mais detalhado possível e, em seguida, faça, em um Cartório de Notas, uma Escritura Declaratória contendo a relação desses bens.

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A cartilha enfatiza que o funcionário da Vale que tiver se acidentado durante o desastre da barragem, a ponto de ter de ficar afastado do trabalho, pode reclamar seu direito ao plano de saúde pago pela empresa, evitando que o serviço seja cortado. Há, ainda, na cartilha da OAB, informações sobre como proceder quando se tem um familiar desaparecido e outras obrigações da empresa em relação aos trabalhadores atingidos.

A cartilha recomenda a necessidade de se contratar um advogado para representação e alerta a população a ter cautela diante de pessoas que ofereçam vantagens fora do comum. "Caso seja abordado por pessoas oferecendo serviços de advogados, com promessas de vantagens imediatas e gratuitas, não confie. Procure se informar sobre esse profissional. Infelizmente em situações como a ocorrida muitos aproveitadores se valem de momentos de fragilidade dos familiares para buscar vantagens pessoais. Ocorre, não raras vezes, de tais pessoas sequer serem advogados habilitados", alerta a OAB, destacando que, ao suspeitar de tentativas de golpe, a pessoa pode registrar denúncia junto à entidade.

Quem necessitar de apoio jurídico e não tiver condições de pagar pelo serviço pode se dirigir ao posto da Defensoria Pública da União (DPU), instalado em Brumadinho, na Avenida Vigilato Braga, s/n - centro, ao lado do ponto de apoio. A equipe está disponível para atendimento de segunda-feira a sexta-feira, em dois turnos: das 9h às 12h e das 13h às 17h.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aplicou multa à mineradora Vale, responsável pela barragem da Mina Córrego do Feijão, que se rompeu no dia 25 de janeiro em Brumadinho, em Minas Gerais. O Ibama determinou multa diária de R$ 100 mil até que seja realizado, de forma satisfatória, o salvamento de animais silvestres e domésticos.

De acordo com o instituto, a Vale havia sido notificada um dia após a tragédia para que iniciasse o resgate dos animais em até 24 horas, entregando relatórios diários com informações sobre os animais salvos.  Para o Ibama, os documentos enviados pela empresa não cumpriram as exigências estabelecidas.

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O plano de salvamento que deveria ser seguido pela Vale prevê a instalação de hospital veterinário para reabilitação dos animais resgatados. "Em vistorias, agentes ambientais constataram atraso na realização das obras", declarou o Ibama em comunicado.

Esse é o sexto auto de infração aplicado pelo Ibama após o rompimento da barragem em Brumadinho. Nos cinco primeiros, as multas atingiram R$ 250 milhões, e a mineradora foi punida por causar poluição que pode resultar em danos à saúde humana; tornar área urbana ou rural imprópria para a ocupação humana; causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento de água; provocar o perecimento de espécimes da biodiversidade; e por lançar rejeitos de mineração em recursos hídricos.

 

Em uma cidade em que a principal atividade econômica é a mineração, não é de se estranhar que entre os planos de muitos jovens de Brumadinho estivesse o de conseguir um trabalho na Vale. Mas o desastre do rompimento da barragem local no dia 25, apenas três anos após a tragédia de Mariana, abala as certezas.

A lista de mortos da tragédia que eram alunos da Faculdade ASA simboliza bem a situação. Dois rapazes já funcionários da Vale tinham se matriculado no curso de Engenharia da Produção no dia anterior ao rompimento da barragem. Outros dois do mesmo curso e um da Engenharia Civil estão entre as vítimas. Também morreu a estudante de Enfermagem Letícia Mara Anizio de Almeida, de 28 anos, que tinha conseguido poucos meses antes um trabalho na mineradora. Amigos contam que a Vale era o sonho dela. Letícia deixou marido e um bebê de pouco mais de 1 ano.

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A instituição também formou, nos últimos anos, pelo menos dez turmas de técnicos. O professor Sandro Mauricio Lopes, de Mecânica e Mineração, contou pelo menos 21 ex-alunos entre as vítimas. "Parei de contar. Certamente tem mais. Cheguei a ter uma turma da Mecânica em que 90% dos alunos eram funcionários da Vale. Todos os que passam por aqui têm esse sonho", diz, emocionado.

Ele conta que quando houve o acidente em Mariana, os estudantes até se sentiram atingidos, mas não preocupados. "Aqui se achava que não havia risco. Agora vai tudo mudar." Relatos como esse são ouvidos em toda a cidade.

Jefson Pereira Soares, de 19 anos, que trabalha em uma fazenda de produção orgânica, há tempos tentava uma vaga na empresa. Tinha acabado de conseguir uma posição em uma empreiteira. Começaria em março. Apesar de ser categórico em dizer "agora, jamais", admite que o futuro é incerto. "Acho que, depois que a poeira baixar, e muita gente estiver desempregada, as pessoas vão voltar."

Opções

Soares trabalha em uma fazenda, de Marcia Cambraia Godoy, que tem uma das mais antigas lojas de orgânicos de Belo Horizonte, a João Caipira. Diante do desastre, ela agora espera poder ajudar na reconstrução da cidade com uma nova perspectiva. Diz esperar que a agricultura possa surgir como um "tratamento" para as feridas da mineração.

Outra atividade que espera conseguir se apresentar como alternativa econômica forte para a região é o turismo. O atrativo principal para isso já existe e já movimenta esse lado da cidade: o Instituto Inhotim, que reabriu as portas no sábado. "Hoje, praticamente todo jovem busca seu primeiro emprego aqui", afirmou na reabertura o diretor do Jardim Botânico, Lucas Sigefredo.

A condutora-guia Eduarda Ribeiro, de 20 anos, é uma dessas jovens. Mas tão logo foi aprovada em Ciências Contábeis, no início do ano, admite que pensou em "conseguir estágio na Vale". Vários de seus amigos, diz, tinham como meta trabalhar lá - e alguns morreram, assim como quatro primos. "Apesar de tudo, é um emprego que todo mundo queria." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na terceira semana após a tragédia do rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), a Defesa Civil de Minas Gerais busca concluir o levantamento de quantas casas foram atingidas pelo acidente. O boletim mais recente mostra que, além dos 165 mortos e dos 155 desaparecidos, 138 pessoas estão desabrigadas.

Essas famílias foram acomodadas em hotéis e pousadas de Brumadinho e cidades vizinhas, incluindo Belo Horizonte. A mineradora assumiu a responsabilidade pelo custo com essas hospedagens.

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Na lsita de desabrigados estão moradores das comunidades Vila Ferteco, Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira. A Agência Brasil pediu informações sobre o número de casas que foram destruídas, mas foi informada que o dado ainda não existe. "A individualização das residências atingidas está em andamento", informou a Defesa Civil.

De acordo com a prefeitura de Brumadinho, nem todos os desabrigados perderam suas casas. Há pessoas que foram acomodadas em hotéis e pousadas porque viviam na área que foi interditada após a tragédia ou por causa do mal cheiro provocado pela lama, entre outros motivos.

Pelos dados do município, cerca de 300 pessoas eram moradores do povoado de Córrego do Feijão. Nem todos precisaram deixar suas casas. Esse número inclui as pessoas que viviam na Vila Ferteco, que integra o povoado e é composta por poucas edificações.

Parque da Cachoeira, por sua vez, é um bairro de Brumadinho. No local, viviam aproximadamente 1,5 mil pessoas, segundo cálculos da prefeitura. O município informou que lá foi o local onde mais casas foram afetadas.

Vazamento

As causas do rompimento são investigadas em inquérito aberto pela Polícia Federal (PF). Houve oitivas e perícias no local do incidente. Em nota, a Polícia Federal informou que uma das linhas de apuração apontam para “a possibilidade de um acúmulo de água e saturação da barragem e para uma possível falha no sistema de drenagem como eventuais causas de saturação da barragem e de seu consequente rompimento".

Há quatro dias, a Vale também anunciou a contratação de quatro peritos externos para avaliar as causas técnicas do rompimento.

A barragem que se rompeu tinha capacidade para 12 milhões de metros cúbicos. Segundo a Vale, ela não recebia rejeitos desde 2014. De acordo com informações que a mineradora repassou à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), cerca de 10 milhões de metros cúbicos vazaram após o rompimento. Outros 2 milhões de metros cúbicos se mantiveram no que restou do reservatório. Os dados revelam que a barragem estava no limite de sua capacidade.

Considerando as informações que a Vale encaminhou ao órgão ambiental, o volume da lama que vazou em Brumadinho é cerca de quatro vezes menor ao total estimado no rompimento da barragem da Samarco, ocorrido em novembro de 2015 no município de Mariana (MG). Na ocasião, 39 milhões de metros cúbicos se dissiparam pelo meio ambiente, causando 19 mortes e destruindo comunidades. Ficaram desabrigadas famílias dos distritos de Bento Rodrigues e Paracatu, em Mariana, e do distrito de Gesteira, na cidade de Barra Longa (MG).

Atraso

Na região de Mariana, após três anos do rompimento da barragem, os desabrigados aguardam solução sobre suas casas e vivem em imóveis alugados pela Fundação Renova, entidade criada conforme acordo firmado em maio de 2016 entre a Samarco, suas acionistas Vale e BHP Billiton, o governo federal e os governo de Minas Gerais e do Espírito Santo.

Cabe à Fundação Renova, com recursos das três mineradoras, reparar todos os danos causadas pela tragédia, o que inclui também a reconstrução das comunidades.

A conclusão das obras de reconstrução das comunidades de Bento Rodrigues, Paracatu e Gesteira, que foram desvatadas na tragédia de Mariana era prevista originalmente para este ano. No entanto, o início dos trabalhos atrasaram e a entrega não vai ocorrer antes de agosto de 2020.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) chegou a ajuizar uma ação civil pública em que defende que as mineradoras devem indenizar os moradores pelos atrasos.

A Vale informou que deu início nesta segunda-feira, 11, ao processo de registro para doação a moradores, produtores rurais e comerciantes atingidos pelo rompimento da barragem em Brumadinho (MG). A doação é um tipo de apoio financeiro com fins humanitários e não se trata de indenização, como explica a Vale em nota à imprensa.

Podem receber o valor de R$ 50 mil os moradores da Zona de Autossalvamento (ZAS) numa extensão de até 10 km, definida no Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM).

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A doação é única por imóvel. O valor para produtor rural é de R$ 15 mil por núcleo familiar e mesmo valor para comerciante com estabelecimento comercial na área ou pequena atividade industrial.

A Vale informa que o valor da doação poderá ser cumulativo, caso uma mesma pessoa se enquadre em mais de uma categoria (residência, atividade produtiva rural ou estabelecimento comercial).

O atendimento é feito na Estação do Conhecimento, de segunda a sexta-feira, das 9 horas às 18 horas.

O Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira (11) publica portaria do ministro da Justiça, Sergio Moro, que formaliza o emprego da Força Nacional de Segurança Pública na cidade mineira de Brumadinho, onde uma barragem da mineradora Vale se rompeu no último dia 25 de janeiro e atingiu centenas de pessoas. Dados divulgados neste domingo (10) mostram que o número de mortos do desastre subiu para 165 e o de desaparecidos agora são 160.

De acordo com a portaria, as tropas federais ficarão no local por 30 dias, mas, se necessário, o prazo poderá ser prorrogado. A Força Nacional está desde a semana passada em Brumadinho para ações de busca e salvamento e outras de defesa civil em apoio às equipes do Estado de Minas Gerais.

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Subiu para 165 o número de mortos no rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho (MG), de acordo com balanço oficial divulgado nesta segunda-feira (11).

A quantidade de vítimas não era atualizada desde a última quinta (7), quando a tragédia contabilizava 157 falecidos. Ainda há 160 desaparecidos, e 156 corpos foram identificados.

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Mais de 350 pessoas estão envolvidas nas operações de busca, que já duram 17 dias. A barragem se rompeu em 25 de janeiro, e os rejeitos atingiram uma área administrativa da Vale, uma pousada e casas da região.

Da Ansa

Passadas pouco mais de duas semanas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, que já contabiliza 165 mortos, o perfil das buscas pelos desaparecidos começa a mudar, ficando mais dependente de máquinas pesadas para escavar em áreas muito profundas.

Segundo o último balanço da Defesa Civil, divulgado neste domingo (10), 160 pessoas ainda estão desaparecidas. Mas agora encontrar corpos ou segmentos vai ficando mais difícil. O capitão do Corpo de Bombeiros de Minas Leonard de Castro Farah explica que os primeiros corpos a serem achados estavam mais na superfície, o que permitia encontrá-los visualmente, "mas agora é preciso escavar, tirar tudo o que tem embaixo e procurar", diz.

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A área da mancha inundada tem cerca de 3,96 km² e 10 km lineares, mas alguns corpos foram achados além da mancha, no Rio Paraopeba. Segundo Farah, os trabalhos foram divididos em diversos quadrantes de 40 mil m², o equivalente a quatro campos de futebol. E cada quadrante foi dividido por quatro, ou seja, as buscas de cada equipe se concentram de cada vez em uma área de um campo de futebol.

"Na primeira fase as buscas foram mais superficiais, de pessoas e corpos resgatados que estavam na superfície. A nova fase agora é de fazer escavação, levando em conta várias questões: onde será colocado o rejeito retirado, se ele está fluidificado (com água) ou não. Se está, não dá para tirar com máquina", explica.

A atuação das máquinas está concentrada no local onde ficava a usina intensiva de tratamento de minério (ITM), nos setores próximos ao refeitório e ao clube e nos remansos que se formaram com a passagem da onda de rejeitos. "Mas na área da comunidade Parque da Cachoeira ainda está com muita água no terreno, e no leito do rio de lama que foi criado. Por isso ainda não estamos entrando lá. Estamos drenando essa água para que fique mais fácil fazer buscar", diz.

Um dos objetivos da nova fase é restabelecer os acessos da cidade, retirando a lama para a mineradora destiná-la em outro lugar. "Isso exige um plano de manejo de rejeito, que envolve várias etapas: fazemos a escavação, um militar confere o local para ver se não tem nenhum corpo ali, um caminhão basculante leva para outro lugar, espalha todo o rejeito, militares novamente conferem se não ficou nada ali, levam os cães para certificarem. A mineradora só vai destinar esse material a partir do momento que for descartada a possibilidade de haver corpos ali", explica.

O trabalho, porém, está longe de ser todo mecanizado. "Quando encontramos alguma máquina sob a lama, por exemplo, é preciso parar. Porque se tem máquina, a chance de encontrar um corpo dentro é grande. Então deixamos de usar maquinário porque não queremos danificar um possível corpo e o trabalho volta a ser manual", afirma.

Segundo ele, é feito um trabalho investigativo antes do uso dos equipamentos, mas como alguns pontos têm dez metros de lama, fica mais difícil ter certeza. "Através da dinâmica do fluxo a gente vai entendendo algumas coisas. Por exemplo, no refeitório havia uma escada gigante, eu sei onde ela foi parar, então a tendência é que tudo o que estava no refeitório pare aqui, a tendência dos carros no estacionamento é parar ali", explica, mostrando o mapa com a mancha da lama.

O trabalho de investigação em campo é manual, com a ajuda de um "bastão de tato" - uma barra de cobre ou de madeira usada para perfurar o solo em 2 metros a 2,5 metros. "A gente consegue sentir se bateu num metal ou num sofá. E isso também ajuda os cães, porque cria um 'cone de odor'", diz.

Farah não se arrisca a dizer quanto tempo isso tudo vai levar nem se há alguma previsão de fim de buscas. "O que queremos é dar conforto para todas as famílias", afirma.

Subiu para 165 o número de mortos pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG). Há ainda 160 desaparecidos, segundo informou neste domingo, 10, a Defesa Civil de Minas Gerais.

Na manhã deste domingo, 17º dia de buscas por vítimas, os trabalhos foram retomados pelos bombeiros com o auxílio de 35 máquinas pesadas e 11 aeronaves.

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Os focos de buscas por vítimas estão na usina de instalação de tratamento de minério (ITM) na parte administrativa - refeitório, casa e estacionamento -, na área da ferrovia e em locais de acúmulo de rejeitos.

O efetivo total envolvido é de 352 pessoas, com 35 equipes em campos, das quais 150 militares do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, 129 bombeiros militares de outros Estados, 64 integrantes da Força Nacional de Segurança e 9 voluntários. Também reforçam as buscas 19 cães farejadores.

A barragem 1 da mina Córrego do Feijão em Brumadinho se rompeu no dia 25 de janeiro. Os rejeitos atingiram a área administrativa da empresa, uma pousada e comunidades que moravam perto da mina.

As causas da tragédia ainda não foram esclarecidas. A principal linha de investigação sobre as causas do colapso é o acúmulo anormal de água e a falha no sistema de drenagem da barragem.

O jornal americano The New York Times estampa em sua capa deste Domingo, 10, uma reportagem especial sobre o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho e destaca que outra tragédia desta magnitude poderá acontecer novamente, uma vez que o Brasil possui outras 88 barragens do mesmo tipo da barragem da Mina do Córrego do Feijão.

"Há 88 barragens de mineração no Brasil construídas como a que falhou - enormes reservatórios de lixo de mineração retidos por pouco mais que muros de areia e limo. E todas, exceto quatro das barragens, foram classificadas pelo governo como igualmente vulneráveis ou piores", apontou o jornal.

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O The New York times destaca ainda outro dado mais alarmante: que pelo menos 28 delas ficam diretamente em cima de cidades ou vilas, com mais de 100 mil pessoas vivendo em áreas especialmente arriscadas se as barragens romperem.

"No desastre do mês passado, todos os elementos para a catástrofe estavam lá: um reservatório básico de lixo de mineração construído a baixo custo, assentado acima de uma grande cidade aninhada embaixo. Avisos negligenciados de problemas estruturais que poderiam levar a um colapso. Equipamento de monitoramento que não funcionou", informou o jornal americano.

A reportagem aponta também sobre a falta de regulação no setor de mineração no Brasil, destacando que "a segunda tragédia mortal no Brasil em três anos deixa claro que nem o setor de mineração nem os reguladores têm a situação sob controle".

O NYT diz que embora a Vale tenha afirmado que a barragem tinha um fator de segurança de acordo com as melhores práticas do mundo e que a estrutura era inspecionada regulamente, "as questões sobre a segurança da barragem foram deixadas de lado por anos. Além disso, a empresa conseguiu que seu plano de expansão do complexo de mineração em Brumadinho fosse acelerado para aprovação das autoridades locais", mostra o jornal.

"Quando você tem esse tipo de estrutura a montante próximo a um centro populacional, isso gera todos os tipos de bandeiras vermelhas", disse William F. Marcuson III, ex-presidente da Sociedade Americana de Engenheiros Civis.

De acordo com especialistas, esse tipo de barragem - a montante - é conhecida pela engenharia como "uma das mais assustadoras", que precisa ser projetada, construída e monitorada co grande atenção nos detalhes.

"Como qualquer barragem, elas podem falhar de várias maneiras não surpreendentes. Elas podem se romper se forem preenchidas muito rapidamente. Elas podem provocar um vazamento ou sofrer danos em um terremoto. Ou elas podem ser vítimas de uma construção ou manutenção desleixada", pontua o jornal.

De fato, "a estrutura de Brumadinho forçou a própria definição de barragem. Não tinha parede de concreto ou metal separada para conter seu conteúdo. Em vez disso, a estrutura, conhecida como represa de rejeitos a montante, dependia do lago de lama para permanecer sólida o suficiente para se conter. Basicamente, eles são como aterros, mas aterros molhados", disse Gregory B. Baecher, membro da Academia Nacional de Engenharia e professor da Universidade de Maryland.

"Tenho certeza que o Luiz, a Camila, a Fernanda teriam orgulho do que teriam visto aqui se não tivessem sido assassinados. Teriam tido muito orgulho do Brasil por ter um parque como esse. Teriam sido muito felizes. Mas, enfim..." Quinze dias após a tragédia de Brumadinho, o Instituto Inhotim reabriu suas portas na manhã desse sábado (9), com uma mensagem de recomeço, de reconstrução e de esperança, em meio aos esforços de funcionários de tentar superar as perdas de parentes e amigos. Mas ao menos um grupo entre os mais de mil visitantes que foram ao local também buscava homenagear seus mortos no desastre.

A frase que abre esse texto é de Vagner Diniz, padrasto de Luiz e Camila Taliberti Ribeiro da Silva, que estavam juntos na Pousada Nova Estância, soterrada pela lama. Era um grupo de seis pessoas: a namorada de Luiz, Fernanda Damian de Almeida, grávida de cinco meses, o pai biológico dos dois irmãos e a madrasta deles. Estavam todos em Brumadinho para visitar o Inhotim.

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Ele, sua mulher (mãe dos dois) - Helena Taliberti - e os pais de Fernanda estão na região já há 14 dias. Os corpos de Luiz e de Camila foram encontrados, mas o de Fernanda ainda não.

O museu a céu aberto, localizado a cerca de 18 km do ponto onde a barragem se desfez, não foi afetado pelo acidente, mas havia ficado fechado em respeito às vítimas da tragédia. Assim que as atividades se iniciaram, o diretor-executivo do museu, Antonio Grassi, pediu um minuto de silêncio. "Reabrir o Inhotim é sinalizar que existe possibilidade de reconstruir as coisas."

Quando a barragem rompeu, cerca de 500 pessoas visitavam o parque e foram retiradas por precaução. Cerca de 80% dos 600 funcionários do museu é de Brumadinho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Prefeitura de Brumadinho, em Minas Gerais, está com vagas abertas para contratação temporária de profissionais da saúde para reforçarem o atendimento de pessoas vítimas da tragédia causada pelo estouro da barragem da Vale, no dia 25 de janeiro. As inscrições vão até o dia 11 de fevereiro. Os salários variam de acordo com o cargo e vão de R$ 1.018 a R$ 16.280.

São 132 vagas, que podem ser ocupadas por médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e agentes de combate a endemias. O comunicado emitido pela Vale, na tarde desta sexta-feira(08) também prevê a contratação de pessoal administrativo e operacional.

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A mineradora ficará responsável por todos os custos das contratações, incluindo os gastos logísticos das equipes que atuarão em Brumadinho. "Ao todo, serão repassados R$ 3,23 milhões à administração municipal", informou a Vale.

Os profissionais terão contrato inicial de seis meses, podendo ser estendido por mais seis meses, de acordo com a necessidade local. A seletiva ainda deve contratar 10 pessoas para cargos de coordenação. Todos os aprovados neste concurso irão substituir os profissionais que estão trabalhando na cidade desde o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora na Mina Córrego do Feijão.

Segundo a Vale, o Ministério Público de Minas Gerais, a Defensoria Pública do estado, a Defensoria Pública da União e o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) também participaram do acordo firmado com o município.

No dia 05 de fevereiro, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz, alertaram para a possibilidade de agravamento de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, nas pessoas do município atingido pela lama de rejeitos, e localidades vizinhas, sobretudo pela dificuldade que estas pessoas terão para ter acesso aos tratamentos e medicamentos distribuídos pelo SUS e aos agentes de saúde, muitos afastados das funções por terem parentes e amigos entre as vítimas e outros deslocados do serviço para atender a demandas de emergência.

A Fundação ainda alerta sobre o risco de surto de doenças infecciosas. Pela alteração da provocada no meio ambiente, que mexe com a biodiversidade local, e podem favorecer a proliferação de caramujos, transmissores da esquistossomose e os mosquitos que transmitem doenças como dengue, chikungunya e febre amarela.

Outros riscos são contaminação da água do rio e a poeira, que podem causar doenças, pela presença de metais pesados decorrentes da mineração. A preocupação da fundação também se refere aos sobreviventes que precisam de atendimento psicológico e psiquiátrico para superar o trauma. Esse reforço dado pela contratação desses 132 profissionais para  saúde de Brumadinho será importante para o povo afetado pela explosão da barragem.

157 mortes já foram confirmadas, 6 corpos continuam sem identificação no Instituto Médico Legal de Belo Horizonte.  165 pessoas estão desaparecidas, entre elas 42 trabalhavam ou prestavam serviços para a Vale e 123 são moradores de Brumadinho e turistas.

De acordo com a Defesa Civil do município, foram localizadas 393 pessoas, 224 funcionários da mineradora e 169 entre pessoas da comunidade e turistas. 138 moradores perderam suas casas em meio à lama de rejeitos. Duas continuam hospitalizadas.

O Instituto Inhotim, o maior espaço cultural ao ar livre da América Latina, vai participar da recuperação de Brumadinho. Instalado na cidade há 12 anos, o museu vai poder colaborar, entre outros projetos, com o reflorestamento da região.

Fechado desde o dia 25 de janeiro, quando ocorreu o rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, o museu reabre hoje (9) com entrada gratuita para homenagear a população da região e os funcionários atingidos pela tragédia. Na cerimônia, haverá ainda um minuto de silêncio.

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O diretor executivo do Inhotim, Antonio Grassi, disse que o instituto já desenvolve um trabalho na área ambiental e, a partir do Departamento de Jardim Botânico, poderá atuar tanto no cultivo de sementes quanto no de mudas do próprio viveiro.

“O Inhotim tem uma conexão muito grande com a região que pode ser muito importante no momento seguinte, quando a gente for tratar de áreas de reflorestamento. Certamente aqui vai precisar”, destacou em entrevista à Agência Brasil.

Projetos sociais

Outra área de atuação do Inhotim poderá ser na extensão dos projetos sociais que já são desenvolvidos pela instituição, como a Escola de Cordas, que recebe jovens da região e deu origem à Orquestra de Cordas.

Além disso, tem o laboratório que trabalha também com jovens na conexão com outras instituições artísticas culturais do mundo. “Esse é um dos projetos bem-sucedidos em Inhotim que tem boa conexão com a região”, afirmou.

Jovens de Brumadinho têm a oportunidade de atuar em museus como o Tate, em Londres; o New Museum, em Nova York, e o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba). “É um projeto que temos muito apreço por ele, porque esses jovens começam a enxergar e vislumbrar nas suas carreiras e profissões outras possibilidades”, indicou.

Recuperação de Brumadinho

Segundo Grassi, ainda não há o desenho pronto de como serão as atividades que o instituto poderá desenvolver para a recuperação de Brumadinho, porque a tragédia é recente. Ele não afastou a possibilidade de, além das questões ambientais e educativas com os jovens, a instituição trabalhar em outras áreas.

“Temos um trabalho grande junto a comunidades quilombolas aqui da região. Isso tudo a gente entende como um conjunto de coisas que certamente vai trazer um efeito na construção desse lugar de volta”, disse.

Funcionários

Desde quarta-feira passada, os empregados do instituto participam de uma programação voltada para acolhimento e bem-estar, com meditação, ioga, exibição de filmes e rodas de conversa.

“A preparação desses funcionários para a reabertura do Inhotim não é simplesmente técnica operacional, também passa por trabalhar o espírito dessas pessoas. É nesse sentido que estamos trabalhando agora”, ressaltou o diretor.

Para Antonio Grassi, um fator importante para entender a conexão do Inhotim com os empregados é que a maioria é da região e tem o Instituto como seu primeiro emprego. “É um detalhe muito relevante”.

Segundo o diretor, no trabalho de acolhimento que o instituto está fazendo, os funcionários que perderam parentes ou têm entre os desaparecidos pessoas próximas não são obrigados a voltar ao trabalho hoje. De acordo com ele, a maioria informou, entretanto, que quer estar logo lá. “A grande maioria quis estar,  porque é uma forma também de continuar vivendo”, disse.

Os funcionários recebem também um acompanhamento psicológico. “Estamos trabalhando para dar assistência psicológica a esses funcionários e às suas famílias. Começamos com isso tão logo veio a tragédia e estamos atuando agora de uma maneira mais consistente. Tem sido um trabalho muito efetivo e temos visto que estamos avançando muito, nessa prioridade que é o atendimento aos seus funcionários e suas famílias”, completou.

A Vale informa que foi intimada a realizar um depósito judicial de R$ 7.413.790.458,03 em cumprimento das duas ordens de bloqueio de recursos no valor de R$ 10 bilhões, determinadas nas decisões liminares proferidas em requerimentos de tutela antecipada formulados pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais.

Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa destaca que não houve, portanto, aumento dos montantes totais de ordens liminares de bloqueio ou de indisponibilidade de recursos.

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O início do ano letivo nas escolas municipais e estaduais localizadas em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, foi marcado para a próxima segunda-feira (11). A informação foi divulgada hoje (8) na página de prefeitura.

Inicialmente previsto para começar no dia 4 deste mês fevereiro, o ano letivo foi adiado devido às dificuldades enfrentadas pelo município, há cerca de duas semanas, após o rompimento da barragem de rejeitos da Mina do Córrego Feijão, da mineradora Vale. O adiamento do início das aulas trouxe impactos para cerca de 6 mil alunos.

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Uma das dificuldades apontadas pela prefeitura para justificar o adiamento do início do ano letivo foi o bloqueio do acesso a algumas escolas pela lama que vazou.

A existência de professores e alunos que perderam parentes e pessoas próximas na tragédia de 25 de janeiro também pesou na decisão.

De acordo com o último boletim do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, já foram encontrados 157 corpos.

Subiu para 157 o número de mortos pelo rompimento da barragem 1 da mina Córrego do Feijão em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Há ainda 182 desaparecidos, segundo informou nesta quinta-feira, 7, a Defesa Civil de Minas Gerais.

O último balanço do órgão indica ainda que a tragédia 133 desabrigados. A barragem da mineradora Vale se rompeu no dia 25 de janeiro. Os rejeitos atingiram a área administrativa da empresa, uma pousada e comunidades que moravam perto da mina.

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As causas da tragédia ainda não foram esclarecidas. A principal linha de investigação sobre as causas do colapso é o acúmulo anormal de água e a falha no sistema de drenagem.

A Superintendência da Polícia Federal (PF) confirmou que "uma das linhas de apuração aponta para a possibilidade de acúmulo de água e saturação da barragem e para uma possível falha no sistema de drenagem como eventuais causas de saturação da barragem e de seu consequente rompimento".

Prisões

Nesta quinta-feira, 7, três executivos da Vale e dois engenheiros de uma empresa responsável pelos laudos de segurança da barragem foram soltos. Eles estavam detidos desde o dia 29 de janeiro na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Os executivos da Vale que estavam presos são Cesar Augusto Paulino Grandchamp, geólogo, Ricardo de Oliveira, gerente de Meio Ambiente do Corredor Sudeste, e Rodrigo Artur Gomes de Melo, gerente executivo do Complexo Paraopeba da Vale. Os engenheiros terceirizados, que atestaram estabilidade da barragem, são André Yassuda e Makoto Mamba.

Depois do rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, que causou a morte de 150 pessoas (até o dia 7 de fevereiro) a preocupação dos brasileiros com a situação das barragens espalhadas pelo país só vem aumentando. Em Pernambuco, com as fortes chuvas caindo em várias regiões, diante das secas de grande parte dos barramentos, acende-se o sinal de alerta para as cheias e a situação das barragens que fazem a contenção das águas.

De acordo com relatório anual de 2016, divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA), existem 22 mil 920 barragens registradas e catalogadas no Brasil, sendo 470 só em Pernambuco. Este número referente ao Estado diverge com os números mostrados pela Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos de Pernambuco. Segundo o órgão, o número de barragens somam 442 - o que representa menos 28 barragens do que o anunciado pela ANA.

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Segundo os números da Secretaria de Infraestrutura, do total de barragens em Pernambuco, 283 são de responsabilidade da administração estadual e de órgãos vinculados. As outras 159 - que contém 59% do volume da água acumulada - são de responsabilidade do Governo Federal, prefeituras e particulares.

Em relatório da Confederação Nacional de Municípios, 4 mil 159 barragens brasileiras estão classificadas como Dano Potencial Associado (DPA). Pernambuco corresponde por 10,9% desse total, tendo 453 barragens classificadas como DPA. De qualquer forma, é bom salientar que no Estado não existem barragens de rejeitos, sendo maioria usadas para abastecimento de água e combate à seca.

A secretária do Ministério de Infraestrutura e Recursos Hídricos, Fernandha Batista, explica que há diferença entre risco potencial e o risco de rompimento. "O risco de rompimento tem problemas estruturais, enquanto que os critérios de avaliação do risco potencial levam em conta o porte das barragens e o fato de ter população morando próximo ao local, sendo apenas este último caso apontado pelos relatórios técnicos da ANA em relação às nossas barragens”, diz.

De acordo com relatório do Governo de Pernambuco, 70% das barragens estão com o acúmulo de água abaixo de 3 milhões de metros cúbicos.

O monitoramento é feito de maneira constante em todas as barragens do Estado. Reprodução/ Gráfico de Volume/ Agência Nacional de Águas (ANA)

Considerada a segunda maior  barragem do Estado, a de Entremontes, localizada em Parnamirim, Sertão pernambucano, está em situação caótica. Podendo acumular 339 milhões de metros cúbicos de água, por conta da falta de chuvas na região, a barragem encontra-se atualmente com apenas 2,4 milhões de metros cúbicos de água.  

Situada em Ibimirim, no Sertão, a maior de Pernambuco é a barragem Engenheiro Francisco Sabóia, que represa águas do Rio Moxotó. Podendo acumular até 504 milhões de metros cúbicos de água, atualmente, a barragem está com acúmulo de 36 milhões de metros cúbicos e fora do levantamento dos 70% de barragens em situação crítica.

A previsão de chuva para o trimestre é de chuvas acima da média.  Reprodução/ Gráfico de Volume/ Agência Nacional de Água (ANA)

É justamente por conta do baixo acúmulo de água em maioria das barragens que o Governo de Pernambuco, juntamente com a Agência Pernambucana de Águas e Climas (APAC) esclarecem que laudos técnicos atestam que não há risco de rompimento dessas estruturas e anunciou a intensificação das ações de fiscalização na área com a criação de um grupo de trabalho multidisciplinar, composto por 29 profissionais.

Segundo o órgão, o grupo de trabalho tem o objetivo de atualizar o cadastro das barragens e envolve a ação coordenada das secretarias de Infraestrutura e Recursos Hídricos, de Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Urbano e Habitação, além de diversos órgãos vinculados à temática. Iniciado pela Região Metropolitana e pela Mata Sul - que possuem a maior concentração pluviométrica-, o processo de cadastramento será concluído no mês de junho.

Ação Federal

Nesta quarta-feira (6), o Ministério do Desenvolvimento Regional apresentou os planos de ações para 139 barragens que serão recuperadas pelo Governo Federal. O órgão garante que os diagnósticos apontam medidas e estratégias necessárias à reabilitação de barramentos que reservam água para diversos usos em 14 estados, nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste. "Apesar de demandarem atenção, as estruturas não apresentam risco iminente de rompimento", acentua o ministério.

As 139 barragens que serão recuperadas estão distribuídas nos seguintes estados: Ceará (31), Pernambuco (26), Bahia (26), Minas Gerais (15), Rio Grande do Sul (10), Rio Grande do Norte (7), Piauí (5), Santa Catarina (4), Paraíba (4), Alagoas (4), Maranhão (3), Rio de Janeiro (2), Sergipe (1) e Paraná (1).

Para as ações em Pernambuco, o Ministério do Desenvolvimento Regional divulga que os custos para implementar as ações de reabilitação das 26 estruturas no Estado somam mais de R$ 68 milhões.

Tragédias em Minas Gerais, o início das preocupações

Em um período de 4 anos, o Estado de Minas Gerais sofreu com dois estouros de barragens de rejeitos. A primeira, considerada a maior catástrofe ambiental do Brasil, aconteceu em Mariana, no ano de 2015, após o rompimento do barramento da Samarco, que deixou 19 mortos e um prejuízo incalculável para moradores e para a natureza.

A segunda aconteceu em janeiro de 2019, na cidade de Brumadinho, distante 86 quilômetros de Mariana. O rompimento da barragem na cidade deixou, até o momento, 150 pessoas mortas e outras 182 desaparecidas. A tragédia de Brumadinho está sendo considerada a maior tragédia humanitária do país.

 

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