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O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, (MDB-PE), disse que cortes em incentivos e subsídios são os "candidatos naturais" para bancar o programa de renda pretendido pelo presidente Jair Bolsonaro. O governo ainda tenta emplacar o Renda Brasil, aumentando os valores do Bolsa Família em 2021. A sugestão, porém esbarra no teto de gastos, a regra que impede que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação, e no tempo necessário para aprovação de medidas no Congresso.

No projeto orçamentário do próximo ano, o governo prevê R$ 307,9 bilhões em gastos tributários. São isenções, anistias, incentivos e outros benefícios que geram renúncia de arrecadação. Politicamente, são benefícios delicados para serem reduzidos, como é o caso da desoneração na cesta básica e dos incentivos para micro e pequenas empresas que optam pelo Simples Nacional. As medidas atendem em maior parte aos setores de comércio e serviços, saúde, indústria e agricultura.

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De acordo com o senador, é possível reduzir de 12% a 15% desse montante e abrir espaço de R$ 40 bilhões no Orçamento para o governo turbinar o Bolsa Família, calculado atualmente em R$ 34,9 bilhões. "São os candidatos naturais a abrir espaço fiscal para viabilizar o programa de proteção social, que vai ser quase uma necessidade imperativa da sociedade brasileira. Nós vamos ter de cortar incentivos e subsídios", afirmou ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O presidente Jair Bolsonaro deve ter uma reunião com líderes do governo no Congresso, nessa quarta-feira (19), para tratar da agenda. Após as eleições municipais, a base do governo deve colocar o programa social como prioridade no Legislativo. "Precisamos ter um programa que suceda o Bolsa Família, que precisaria ter um público maior e, se possível, um valor médio de benefício maior", disse Bezerra. Hoje, o Bolsa Família atende a 14,7 milhões de famílias e o benefício médio é de R$ 191.

"Agora, isso só será possível se a gente conseguir oferecer uma proposta que seja neutra do ponto de vista fiscal. Não pode ampliar despesas públicas. Tem de vir no lugar de despesas que possamos cortar", disse Bezerra.

Entrave

A proposta de cortar incentivos e subsídios para bancar o programa Renda Brasil esbarra no teto de gastos e também no tempo que a medida demoraria para ser implementada, afirmou o diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Josué Pellegrini.

O corte causaria um efeito de arrecadação, mas, mesmo assim, não diminuiria as despesas sob o teto de gastos. Nesse caso, o governo só conseguiria bancar o novo programa se também houvesse cortes em outras despesas ou se o novo programa ficasse de fora da regra. O ministro da Economia, Paulo Guedes, porém, vem prometendo rigor com o teto.

"Você só estaria aumentando a receita. Ajuda sim, no superávit. Do ponto de vista da expectativa dos agentes econômicos, não importa se o efeito é para a receita, melhora o primário e o impacto sobre a dívida. Mas, para o governo conseguir cumprir o teto, não resolve, afeta só o lado da receita e não entra no gasto", afirmou Pellegrini.

Fernando Bezerra apontou que todos os incentivos poderiam ser alvos de cortes, com exceção daqueles previstos na Constituição, como é o caso da Zona Franca de Manaus. A medida, porém, provoca ainda outro entrave técnico: a necessidade de alterar leis que estabeleceram os benefícios e o tempo que uma mudança levaria para entrar em vigor. Em alguns casos, a Constituição exige 90 dias após a aprovação da nova lei. Em outros, estabelece no mínimo um ano.

Além disso, aponta Pellegrini, haveria a necessidade de rever a estimativa de receita para 2021, já fixada nos projetos orçamentários enviados ao Congresso. "Teria de ser uma coisa planejada, fazer as mudanças em tempo hábil para aprovar o Orçamento com essa inclusão de retirada do benefício e considerar os prazos que existem para vigorar", observou o especialista.

O presidente Jair Bolsonaro propôs ao Congresso Nacional um corte de R$ 1,4 bilhão nos recursos do Ministério da Educação para acomodar gastos com obras e outras ações patrocinadas pelo Congresso Nacional. A pasta recebeu a maior tesourada na proposta de remanejamento de R$ 6,118 bilhões, formalizada ontem ao Legislativo.

O Ministério do Desenvolvimento Regional foi o maior beneficiado e deve receber R$ 2,3 bilhões. Outro R$ 1,06 bilhão ficará com a Infraestrutura. O restante será dividido entre Saúde, Minas e Energia e Agricultura.

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Como mostrou o Estadão/Broadcast, o remanejamento faz parte do acerto de Bolsonaro com o Congresso para destravar uma parte inicial do Plano Pró-Brasil de investimentos, cujo maior entusiasta é o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. O ministro tem viajado com o presidente para diversas regiões do País para inaugurações e tem repetido que a ordem de Bolsonaro é não deixar nenhuma obra paralisada.

Os parlamentares também cobraram maior espaço no Orçamento e ganharam poder para indicar mais de R$ 3 bilhões do crédito. Os cortes ainda precisam do aval do Congresso para serem efetivados.

Desde que Bolsonaro bateu o martelo sobre garantir o dinheiro para as obras, os ministérios travaram uma guerra silenciosa nos bastidores para tentar blindar o próprio cofre. Como revelou o Estadão, o corte inicial no MEC seria até maior, de R$ 1,57 bilhão.

A Defesa, que reclamou do possível corte de R$ 430 milhões, perdeu menos: R$ 330 milhões. A Cidadania também conseguiu reduzir a tesourada de R$ 487 milhões para R$ 385,2 milhões.

Também perderam recursos Economia (R$ 615,6 milhões), Justiça (R$ 300 milhões), Turismo (R$ 148,7 milhões) e Presidência (R$ 9,9 milhões).

'Poupança contábil'

Para evitar um aperto ainda maior nos órgãos, o governo ainda tirou R$ 724,5 milhões da reserva de contingência, uma "poupança contábil" para o governo ter de onde tirar dinheiro em emergências.

A Junta de Execução Orçamentária (JEO), formada pelos ministros da Economia e da Casa Civil, reviu os cortes após os órgãos terem lançado uma ofensiva para tentar escapar dos bloqueios. Muitos enviaram ofícios à equipe econômica elencando riscos aos programas em andamento e colocaram a "culpa" pelos cortes na Secretaria de Governo, responsável pela articulação política do Palácio do Planalto e pela ponte com os parlamentares.

A nova política de cortes de gastos implementada pela TV Globo não está poupando nem as ‘pratas da casa’. Os dispensados da vez foram tarcísio Meira e Glória Menezes, que deixam o quadro de contratados fixos da emissora após mais de meio século de serviços prestados.

Glória e Tarcísio trabalharam na Globo por 53 anos. Sua estréia aconteceu em 1967, na novela Sangue e Areia, de Janete Clair. De lá para cá, o casal participou de inúmeros sucessos globais, como Irmãos Coragem, Pátria MInha, O Rei do Gado, Rainha da Sucata e Pai Herói, entre muitas outras. Segundo a colunista Patrícia Kogut, a nota enviada pela Globo informando sobre o desligamento do casal de atores não usa a palavra ‘demissão’ e esclarece que eles poderão voltar a trabalhar na emissora em projetos futuros em suas diversas plataformas. 

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Na fase de retenção de gastos a Globo já rescindiu o contrato de grandes nomes da televisão brasileira. Entre eles estão Miguel Falabella, Renato Aragão e Vera Fischer, entre outros. A emissora, que parou todas as produções em virtude do coronavírus, conseguiu economizar cerca de R$ 560 milhões só no segundo semestre de 2020. 

A revisão automática das metas fiscais para o próximo ano impedirá que o Orçamento de 2021 sofra contingenciamentos (bloqueios) de verbas, disse hoje (31) o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues. Segundo ele, isso será possível porque as metas de déficit primário para o próximo ano passarão a ser alteradas automaticamente toda vez em que o governo revisar a estimativa de arrecadação.

A revisão automática das metas fiscais consta do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2021, que ainda está sob análise do Congresso. O projeto da Lei Orçamentária Anual (PLOA) para o próximo ano, enviado hoje ao Congresso, prevê que o déficit primário (resultado negativo nas contas do governo sem os juros da dívida pública), chegará a R$ 233,6 bilhões em 2021, mas a meta será ajustada de dois em dois meses, conforme a evolução das receitas do governo.

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Nesse novo modelo, explicou Rodrigues, a única âncora fiscal efetiva para 2021 será o teto federal de gastos, que limita o crescimento das despesas à inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre julho de dois anos antes e junho do ano anterior. Para 2021, o teto está fixado em R$ 1,486 trilhões, com alta de 2,13% em relação ao limite de 2020.

Com as metas fiscais variando ao longo do ano, o governo não precisará mais contingenciar valores do Orçamento para despesas discricionárias (não obrigatórias) a cada dois meses. Em 2019, o bloqueio de verbas provocou restrições no orçamento de diversas universidades federais. A situação só foi revertida por causa da arrecadação de cerca de R$ 69,96 bilhões do leilão da cessão onerosa, dos quais o Tesouro Nacional ficou com R$ 23,82 bilhões.

O Orçamento traz outra limitação fiscal: a insuficiência de R$ 453,72 bilhões da regra de ouro. Espécie de teto para a dívida pública, a regra de ouro estabelece o valor que o Congresso precisa autorizar o governo para emitir títulos da dívida pública para financiar gastos correntes. No entanto, basta a aprovação de um crédito suplementar por maioria absoluta pelo Plenário do Congresso para suspender o limite.

Gastos discricionários

Apesar da ausência de contingenciamento, o Orçamento de 2021 terá os gastos discricionários (não obrigatórios) limitados a R$ 92,05 bilhões, contra valor autorizado de R$ 126 bilhões em 2020. Se forem consideradas as emendas parlamentares impositivas, o volume de despesas discricionárias sobe para R$ 108,4 bilhões em 2021.

Embora não sejam obrigatórios, os gastos discricionários incluem despesas como água, luz, telefone, internet e material de escritório, entre outros. A redução dessas despesas pode comprometer a prestação de serviços públicos. No limite, baixos níveis de gastos discricionários elevam a ameaça de shutdown (paralisia) não apenas dos investimentos públicos, mas de serviços como concessão de bolsas para estudantes e atletas, ações de defesa agropecuária, vigilância em estradas e aeroportos, emissão de passaportes, manutenção da infraestrutura de atividades e outros.

Segundo o secretário especial de Fazenda, o risco de shutdown pode ser minimizado caso o Congresso aprove as reformas administrativa e tributária no próximo ano. De acordo com Rodrigues, essas medidas reduziriam as despesas obrigatórias e permitiriam a realocação de recursos para despesas discricionárias.

O American Airlines Group informou que cortará 19 mil funcionários em 1º de outubro, no momento em que se prepara para lidar com a demanda mais fraca por viagens em meio à pandemia, com a expectativa de que uma recuperação leve ainda anos. Os cortes - que junto com aposentadorias e licenças deixarão a companhia cerca de 30% menor do que em março - são o sinal mais claro até agora do impacto do vírus sobre o setor, conforme a ajuda do governo perde fôlego.

Os cortes incluem a própria American Airlines e outras duas companhias aéreas regionais dela. A empresa diz que deve ter menos da metade dos voos, em comparação com tempos normais, neste quarto trimestre.

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A pandemia do novo coronavírus e a paralisação de inúmeras empresas fizeram com que centenas de pessoas perdessem seus empregos ou tivessem suas rendas reduzidas.

A administradora Carolina do Vale e Souza, 40 anos, teve sua renda reduzida pela metade no mês de abril, quando passou a trabalhar três vezes por semana para a empresa da qual é contratada. No mês de maio, entrou para o regime de suspensão de contrato, onde a renda ficou em 30%. A outra parcela (de 50% e 70%) serão pagas pelo governo, ou seja, entre os meses de abril e maio, a empresa pagou apenas 50% e 30% do valor total do salário de Carolina.

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O mesmo aconteceu com João Vítor Lima, 27 anos, que atua como contador e teve seu salário reduzido em 50%. "Consegui negociar a queda do valor do aluguel pela mesma proporção", comenta. Ainda pensando em formas de renda extra, ambos expuseram que alteraram planos de serviços contratados, como aplicativos de músicas e plataformas de streaming, para os pacotes mais básicos, assim como a diminuição de serviços online. "Cortei o Spotify e continuo com a Netflix. Também reduzi as contas e planos de telefone", comenta Carolina.

Tais medidas vão ao encontro das dicas da economista Luciana Ikedo, assessora de investimentos e sócia-fundadora do escritório Ikedo Investimentos. Ela afirma a necessidade de assumir o controle das finanças e do orçamento pessoal. "Para que esse controle seja real, a pessoa deve saber realmente o que e quanto ela gasta para cada linha de despesa. Ter isso anotado, em um aplicativo ou planilha é essencial, avaliando tudo o que pode ser eliminado", comenta a especialista.

É possível adotar hábitos que possam resultar em diminuição de gastos, como reduzir o tempo de banho, desconectar aparelhos eletrônicos de fontes de energia e a redução da quantidade de água utilizada para a manutenção dos afazeres domésticos, como a limpeza das roupas e louças, podendo até ser transformado em algo divertido. "Propor que todos os moradores colaborem e deem dicas de como e onde poupar, pode até resultar que seja premiado aquele que teve a ideia mais legal ou que rendeu maiores frutos", finaliza.

A especialista abre espaço ao valer dos benefícios e sugere ceder às condições excepcionais a este momento, como por exemplo postergar as parcelas dos empréstimos junto aos grandes bancos, como financiamentos, ou dívidas mais caras (como utilização de cheques especiais ou parcelas de cartões de crédito) fazendo alongamentos dessas dívidas através de contratações de juros mais baratos.

Passados dois meses desde o início do isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus no Brasil, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) divulgou nesta terça-feira (19), através de uma nota oficial, um balanço das principais medidas de proteção e suporte ao esporte tomadas pela entidade. Ela informou ter reduzido despesas de ordem administrativa e de projetos em 2020 em cerca de R$ 43 milhões.

O COB diz que acompanha de perto as orientações dos órgãos governamentais e da Organização Mundial de Saúde (OMS) e está atento aos cenários nacional e internacional, bem como aos posicionamentos do Comitê Olímpico Internacional (COI) e do Comitê Organizador dos Jogos de Tóquio-2020.

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O objetivo do COB é zelar pela integridade física e saúde de seus públicos diretos (atletas, treinadores e colaboradores), garantir a sustentabilidade do Movimento Olímpico nacional através das Confederações Brasileiras, bem como propiciar a melhor preparação e condições de classificação para os atletas.

"Estamos trabalhando árdua e incessantemente para buscar alternativas que permitam que o Movimento Olímpico Brasileiro supere a crise provocada pela pandemia da melhor forma possível. Nossa preocupação é garantir a sustentabilidade de todo o sistema olímpico e também uma preparação adequada aos nossos atletas para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Além disso, o COB se mobiliza ainda para inspirar e sensibilizar a sociedade no combate à covid-19", afirmou o presidente do COB, Paulo Wanderley Teixeira.

Desde o dia 18 de março, os colaboradores do COB estão trabalhando no sistema de home office, no intuito de replanejar a missão Tóquio-2020, oferecer suporte a atletas e Confederações através de cursos, palestras e outras ações, e manter desta forma o sistema olímpico ativo e preparado para a retomada.

"Os acontecimentos são muito dinâmicos. Estamos tomando as decisões diariamente e trabalhando em parceria com a Secretaria Especial do Esporte e as Confederações para preservar o máximo possível o esporte brasileiro. O mais importante, porém, é que cada um de nós se cuide e cuide dos seus para vencermos a luta contra esse adversário comum que é o novo coronavírus", concluiu Paulo Wanderley.

Confira as principais ações do COB até o momento durante a pandemia:

- Redução de despesas do COB de ordem administrativa e de projetos em 2020 de cerca de R$ 43 milhões;

- Garantia do orçamento dos recursos descentralizados das Loterias no valor de R$ 120 milhões para as Confederações Olímpicas, conforme orçado e divulgado;

- Revisão dos critérios de distribuição dos recursos da Lei 13.756/18 para 2021;

- Estudo para uso de recursos da Lei 13.756/18 destinados à atividade fim em 2020 para 2021;

- Solicitação da revisão dos limites da portaria 341/18 à Secretaria Especial do Esporte;

- Repatriação de atletas em treinamento e competição no exterior nos meses de fevereiro e março;

- Em conjunto com as áreas médicas das Confederações Olímpicas, elaboração de protocolo de volta à normalidade para os treinamentos esportivos (em andamento);

- Cessão de material do Centro de Treinamento Time Brasil para uso de atletas das Confederações Olímpicas em suas casas no período de isolamento social;

- Elaboração de tutorial em vídeo com orientação de exercícios para atletas se manterem ativos em casa;

- Confecção de cartilha com cuidados de prevenção distribuída para toda a comunidade olímpica brasileira;

- Reunião com Chefes de Equipe das modalidades dos Jogos de Tóquio-2020 para atualização e ajuste do planejamento;

- Suporte de gestão às Confederações Olímpicas, com reuniões e seminários nas áreas: jurídico, comunicação e marketing, programa GET (Gestão, Ética e Transparência) e capacitação (cursos do Instituto Olímpico Brasileiro);

- Ampliação do prazo de envio de evidências pelas Confederações para atualização de sua situação no programa GET;

- Doação de cestas básicas a alunos das escolas municipais atendidas pelo projeto Transforma (em execução);

- Criação de material lúdico disponibilizado gratuitamente pelo site e redes sociais do COB para crianças (cadernos de colorir e passatempo);

- Campanhas digitais para conscientização dos protocolos de prevenção ao novo coronavírus (#UmÚnicoTime e #TimeBrasilemCasa) e apoio à linha de frente.

Estados e municípios começam a reduzir gastos com custeio para direcionar mais verbas para o combate ao coronavírus. Nessa quarta-feira, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), propôs corte de 20% nas despesas do Executivo, Legislativo e Judiciário do seu Estado para garantir o pagamento do salário dos servidores e direcionar recursos para a Saúde. O governador Helder Barbalho (MDB), do Pará, anunciou que vai doar três meses de salário a um fundo para combater a Covid-19. Em São Paulo, a Assembleia Legislativa e a Câmara Municipal devem votar hoje pacotes de cortes.

Nas últimas semanas, Caiado e os outros chefes de Poderes de Goiás vinham se reunindo para construir uma proposta que fizesse frente à queda de arrecadação do Estado. O corte de 20% nos gastos fixos da administração estadual, excluindo salários, também vale para o Ministério Público, a Defensoria Pública e o Tribunal de Contas do Estado de Goiás. Segundo Caiado, se o governo federal não repassar mais recursos, ele terá que fazer cortes diretamente na folha de pagamento.

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"Estou num impasse. Vou dosando de acordo com a arrecadação, mas não posso perder o apoio dos servidores. Se não chegarem recursos federais, o corte de custeio pode não ser suficiente e vou ter que entrar na folha de pagamento", disse Caiado.

No Pará, Barbalho diz esperar que sua iniciativa de doar salário seja copiada por outros Poderes. "Decidi que vou doar, a partir deste mês, três meses do meu salário para o fundo de combate ao novo coronavírus no Pará. O valor total é de R$ 67.148,19. Espero que esta pequena atitude estimule outros Poderes a se juntarem a mim", escreveu Barbalho no Twitter.

A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) apresentou ontem um plano de corte de gastos que deve gerar uma economia de R$ 320 milhões. O valor, que equivale a um quarto do orçamento da Casa, deve ser investido em ações de combate à pandemia do coronavírus. O projeto tramita em regime de urgência e deve ir para votação na tarde desta quinta-feira. A expectativa é que as medidas passem a vigorar a partir do dia 1.º de maio.

A proposta é que sejam reduzidos em 30% os salários e verbas de gabinete dos 94 deputados da Alesp. A Mesa Diretora também sugere um corte de 20% nos salários e benefícios dos funcionários comissionados da Casa, além da doação de 70% do Fundo Especial de Despesas e revisão de contratos.

Votação

"Estamos apresentando esse projeto, de maneira muito clara e explícita, de redução do custo operacional do Poder Legislativo, fazendo esse gesto importante, e esperamos que as demais casas legislativas do Brasil sigam nessa direção também", declarou o presidente da Alesp, Cauê Macris (PSDB). Situação e oposição devem votar a favor da proposta.

A Câmara Municipal de São Paulo também deve apreciar hoje um projeto que reduz em 30% os salários dos vereadores da capital enquanto estiver em vigor o estado de calamidade pública . O salário do parlamentar é de R$ 18.991,68. O texto ainda determina redução de 20% nos vencimentos dos servidores comissionados e em 30% da verba para despesas gerais dos 55 gabinetes.

Segundo a Câmara Municipal, "as medidas representam uma economia de R$ 3,92 milhões por mês, um total de R$ 31,4 milhões até dezembro". Na Câmara, tramita ainda projeto de lei para retomada das atividades econômicas, que prevê descontos de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para comerciantes atingidos pelo fechamento do comércio e prorrogação da validade de alvarás que venceram durante a pandemia. 

Começa a valer a partir desta quarta-feira (25) a decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de suspender durante 90 dias o corte no fornecimento de energia elétrica dos consumidores residenciais urbanos e rurais e também de atividades essenciais no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus (covid-19). O prazo poderá ser prorrogado, casos haja necessidade.

A decisão foi tomada ontem pela diretoria da agência em reunião extraordinária, realizada por meio virtual, e se aplica às distribuidoras de energia elétrica. Além da proibição da suspensão do fornecimento de energia elétrica, a Aneel também autorizou as distribuidoras a suspender o atendimento presencial e determinou que elas tomem medidas para priorizar os atendimentos telefônicos das solicitações de urgência e emergência e intensifiquem o uso de meios automáticos de atendimento ao consumidor.

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Além da suspensão do atendimento presencial, a Aneel também determinou outras medidas para evitar a circulação de profissionais que prestam serviços para as distribuidoras, como a suspensão da entrega da fatura mensal impressa no endereço dos consumidores e a permissão para que as distribuidoras realizem a leitura de consumo em horários diferentes do usual ou mesmo a suspensão da leitura.

Ao adotar a suspensão da entrega da fatura impressa, as distribuidoras deverão enviar fatura eletrônica ou o código de barras aos consumidores, por meio de canais eletrônicos ou disponibilizá-las em seu site ou aplicativo.

Já na hipótese de suspensão da leitura do consumo, o faturamento será feito com base na média aritmética do consumo nos últimos 12 meses. "A distribuidora deverá disponibilizar meios para que o consumidor possa informar a auto-leitura do medidor, em alternativa ao faturamento pela média", disse a Aneel.

Outra medida aprovada pela agência foi a suspensão dos prazos para que os clientes realizem pedidos de ressarcimento por danos em equipamentos, em razão de problemas no fornecimento de energia. Segundo a Aneel, a medida é necessária, "uma vez que o processo de ressarcimento envolve a circulação de técnicos até a casa do consumidor para verificar o dano."

O Supremo Tribunal Federal (STF), através do ministro Marco Aurélio Mello, suspendeu os cortes dos recursos recebidos por 158 mil beneficiários do Bolsa Família, medida que havia sido anunciada pelo governo federal. O ministro também determinou que a União justifique, através da publicação de dados, a concentração de cortes na região Nordeste e que a liberação dos recursos para novas inscrições no programa “seja uniforme considerados os estados da federação”.

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Ministro chamou postura de "descalabro". (Carlos Moura SCO/STF)

Para Mello, ao cortar 60% dos recursos no Nordeste, o presidente atua de forma discriminatória com a região. “A postura de discriminação, ante enfoque adotado por dirigente, de retaliação a alcançar cidadãos – e logo os mais necessitados –, revela o ponto a que se chegou, revela descalabro, revela tempos estranhos”, afirmou ministro.

Mello tambémreforçou que a lei não faz restrição de região ou estado. “Não se valora a extrema pobreza conforme a unidade da Federação, devendo haver isonomia no tratamento, tendo em conta o objetivo constitucional de erradicação da pobreza e redução das desigualdades sociais”, comentou.

Ministro lembrou ainda que a coisa pública precisa ser regida de forma impessoal. “A coisa pública é inconfundível com a privada, a particular. A coisa pública é de interesse geral. Deve merecer tratamento uniforme, sem preferências individuais. É o que se impõe aos dirigentes. A forma de proceder há de ser única, isenta de paixões, especialmente de natureza político-governamental”, completou.

A companhia aérea britânica EasyJet anunciou, nesta sexta-feira (28), uma série de cortes, devido ao novo coronavírus, epidemia que pesa sobre a demanda na Europa e gera cancelamentos de voos.

Em um comunicado, a EasyJet informou que congelará as contratações, reduzirá seus gastos administrativos e vai propor a seus funcionários períodos de licença não remunerada.

A maioria dos cancelamentos de voos tem como destino a Itália, principal foco da epidemia na Europa. "Também estamos assistindo a um freio da demanda em outros mercados europeus", acrescentou a empresa.

O presidente Jair Bolsonaro optou por blindar despesas ligadas aos ministérios da Defesa e da Ciência e Tecnologia de bloqueios de verba no ano que vem, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. Bolsonaro decidiu, porém, não livrar de eventuais tesouradas os gastos com compra de equipamentos para escolas infantis e de medicamentos para doenças raras, previstos no Orçamento de 2020.

A medida contrariou a equipe econômica, que havia recomendado ao presidente vetar qualquer tipo de tratamento diferenciado a ministérios na hora de contingenciar verbas. A estratégia é utilizada quando o governo enfrenta dificuldades para cumprir as metas fiscais. Neste ano, os sucessivos bloqueios de recursos ameaçaram paralisar o funcionamento da administração pública federal.

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Ao todo, Bolsonaro blindou R$ 7,2 bilhões em despesas ligadas aos dois ministérios, que incluem construção de submarinos, compra de aeronaves e de cargueiros militares. No caso da Ciência e Tecnologia, todo o orçamento da pasta no ano que vem - de R$ 11,7 bilhões - passou a ser imune aos bloqueios. Este ano o Ministério de Ciência e Tecnologia tinha previsão orçamentária de R$ 13,6 bilhões.

Dessa forma, caso o governo precise economizar dinheiro no ano que vem, por exemplo, poderá congelar gastos de universidades, mas estará impedido de bloquear o valor reservado para a compra dos blindados Guarani - veículos de combate do Exército -, sob pena de a medida ser interpretada como crime de responsabilidade.

Ao preservar investimentos vinculados às Forças Armadas, o presidente atende a uma solicitação antiga dos militares, uma das bases de sustentação do governo Bolsonaro. Ao longo do ano, comandantes das Forças reclamaram com o presidente dos bloqueios de verbas, que ameaçaram programas considerados estratégicos e até o pagamento de recrutas.

Produção científica

O Ministério da Defesa afirma que, ao ter os recursos protegidos, contribui para a produção científica do País em áreas militares, que empregam mais de um milhão de pessoas - entre empregos diretos e indiretos.

"Não quer dizer que o governo esteja dando uma prioridade (ao Ministério da Defesa). O orçamento que é destinado aos programas estratégicos está muito aquém das necessidades. Isso tem levado a aumentar cronogramas de entrega. Há projetos que só vão terminar em 2040, criando risco de obsolescência dos equipamentos", disse o general André Bastos Silva, assessor da Defesa para Assuntos Orçamentários. A ala militar ainda aponta que o orçamento total da pasta cairá de R$ 107,7 bilhões, em 2019, para R$ 72,4 bilhões no ano que vem.

De acordo com o secretário executivo do Ministério de Ciência e Tecnologia, Julio Semeghini, a atitude de Bolsonaro também garante o pagamento, em 2020, das bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) - que ficaram comprometidas neste ano, após os contingenciamentos -, além de fazer "decolar" o programa espacial brasileiro.

A escolha do presidente ocorreu quando ele sancionou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o próximo ano. Parlamentares sugeriram que o governo deixasse imune ao congelamento um número muito maior de despesas, que iam de reformas de aeroportos regionais ao programa Mais Médicos.

O Ministério da Economia recomendou o veto presidencial sobre todas as blindagens, mas Bolsonaro decidiu contrariar seus auxiliares e manteve a medida para os programas militares e de Ciência e Tecnologia.

O argumento da equipe do ministro Paulo Guedes foi o de que a limitação para contingenciar verbas contribui para "elevação da rigidez do Orçamento", dificultando o cumprimento das regras fiscais. Hoje, 96% do Orçamento é engessado.

A recomendação da equipe econômica foi seguida por Bolsonaro quando vetou 16 tipos de despesas que seriam blindadas, caso seguisse as propostas do Congresso feitas no projeto da LDO.

Procurado para explicar o motivo de manter a blindagem na Defesa e na Ciência e Tecnologia, o Planalto não se manifestou. O Ministério da Economia também não quis se posicionar. Para eventual revisão da decisão de blindar os orçamentos das pastas, será preciso que um novo projeto para alterar a LDO seja encaminhado ao Congresso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois que a página de humor Please come to Brazil publicou no Facebook um corte de cabelo com o rosto de Ana Maria Braga e do Louro José, internautas ficaram eufóricos para saber a identidade do profissional que havia feito a arte. Colecionando mais de 60 mil seguidores no Instagram, Vailson Antônio, mais conhecido como Vailson do Gueto, faz sucesso em São Paulo ao reproduzir rostos de celebridades em diversos desenhos capilares.

De acordo com a revista Veja, o barbeiro explicou que nunca se especializou na profissão. "Toda vez que eu ia ao salão cortar o meu cabelo, não achava difícil o que via as pessoas fazendo", afirmou. Vailson declarou que aos 17 anos experimentou o lado obscuro do crime. Após sofrimentos, ele resolveu dar a volta por cima e investiu em uma máquina para cortar os cabelos das pessoas nas comunidades periféricas da Zona Sul de São Paulo.

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Publicando no seu perfil do Instagram os resultados dos desenhos, Vailson já se inspirou em Paolla Oliveira, Juliana Paes, Anitta, Whindersson Nunes, Tirullipa, Snoop Dogg, Will Smith, Stan Lee e até no presidente da República, Jair Bolsonaro. Dominando os cortes, Vailson do Gueto já viajou para alguns lugares do Brasil a fim de mostrar o seu trabalho.

Confira:

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Em coletiva realizada no Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) na manhã desta sexta-feira (11), a reitora da instituição, professora Anália Keila Rodrigues, informou que, mesmo com a liberação de R$ 10 milhões por parte do Ministério da Educação (MEC), na última semana, a instituição só conseguirá manter o pleno funcionamento das atividades até o mês de novembro. Do orçamento previsto para 2019, 20% do valor segue bloqueado.

“A respeito do bloqueio, ainda temos profissionais que podem absorver a demanda das novas vagas”, disse a respeito da ampliação do número de oportunidades ofertadas no Vestibular IFPE 2020.1. “Nossa dificuldade, de fato, é de custeio, mesmo com o desbloqueio de uma parte do orçamento que tinha sido bloqueado”, contou. 

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A reitora também contou que espera que todo o orçamento previsto para o ano letivo seja desbloqueado, garantindo, assim, o funcionamento da instituição até o fim do ano. “Esperemos que todo orçamento seja descontingenciado, ou então enfrentaremos grandes dificuldades [...] Tomamos a decisão de que isso [bloqueio do orçamento] não seria impeditivo para que a gente pudesse ter toda nossa força de trabalho e toda nossa capacidade infraestrutural a serviço da comunidade e do estado de Pernambuco”, concluiu. 

O Vestibular IFPE 2020.1 vai ofertar 4.715 vagas distribuídas em 61 cursos de 16 campi. As inscrições podem ser realizadas online, no site do vestibular, entre os dias 14 e 24 de outubro. Para demais informações acesse o edital do certame.

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Nesta segunda-feira (30), após assembleia geral extraordinária, professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) decidiram participar da paralisação nacional pela educação, marcada para a quarta (2) e quinta-feira (3). A União Nacional do Estudantes (UNE) e a Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) são as entidades responsáveis pela convocação.

“A grande mobilização nacional em defesa da educação, ciência e tecnologia, marcada para os dias 2 e 3 de outubro, vai englobar diversas ações no Congresso Federal e nos demais estados do país. Ex-ministros da Educação e membros do Fórum Nacional Popular de Educação vão se reunir na quarta-feira (2) para apresentar documentos com diagnósticos, propostas políticas e estratégias destinadas ao campo educacional no intuito de reverter as constantes ameaças e restrições aplicadas aos setores. Em paralelo, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência programou uma Marcha pela Ciência, e a União Nacional dos Estudantes fará uma paralisação para chamar a atenção para as questões dos alunos, como os cortes das bolsas, integrando também a reação aos ataques contra os trabalhadores”, detalhou a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco (Adufepe), em seu site oficial.

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Na tarde desta segunda-feira, docentes decidirão, junto a integrantes do movimento estudantil, as atividades que serão realizadas no ato. Para o diretor da Adufepe, Audísio Costa, a paralisação é necessária diante do atual cenário educacional do Brasil. “Nós estamos vivendo a pior ditadura desse país, a ditadura do capital financeiro internacional, em que você não sabe quem é o inimigo. Sem uma grande mobilização, a gente não derrota o governo”, disse o diretor.

Algumas propostas de atividades por parte dos professores deverão ser colocadas em pauta nesta tarde. São elas: utilização de carro de som, panfletagem nesta terça-feira (30), às 7h e 17h, colocação de faixas nos campi, e disponibilização de ônibus para levar estudantes e professores a atos previstos para o Centro do Recife.

O senador Acir Gurgacz (PDT-RO) alertou nesta segunda-feira (23) em Plenário para o impacto dos cortes de recursos em áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento do país, previstos no projeto de Lei Orçamentária Anual de 2020 (PL 22/2019-CN). Para o senador, proposta encaminhada pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional compromete setores como Educação, Ciência, Tecnologia e Infraestrutura, além dos programas sociais.

Segundo Acir, o valor repassado para o Ministério da Educação será 18% menor do que em 2019. Ele citou que o valor absoluto cai de R$ 122 bilhões para R$ 101 bilhões.

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“O corte em 2020 vai ocorrer em todos os níveis educacionais, do ensino básico ao superior, incluindo a pesquisa e a extensão. A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) é a que mais sentirá os efeitos desse corte. Pela proposta, vai perder metade do Orçamento, que sai de R$ 4,5 bilhões em 2019, para R$ 2,2 bilhões em 2020”, citou.

Apesar de reconhecer que a peça orçamentária reflete o momento de crise financeira do país, Acir destacou que o corte se contrapõe à evolução na arrecadação da União em 2019. Ele informou que a previsão para este ano é de uma arrecadação de R$ 1,5 trilhão, aproximadamente 4% maior do que no ano passado, e pediu que o Congresso avalie alternativas aos cortes sugeridos pelo governo federal.

“Faço esse alerta para que possamos contribuir com o atual governo, no sentido de apontar caminhos para que possamos superar este momento de Orçamento curto, sem grandes impactos na educação de nossos filhos e no andamento de nossa economia”, pediu.

*Da Agência Senado

 

 

O aperto no Orçamento de 2020 tem potencial para deixar um rastro de precarização da infraestrutura e dos serviços públicos no País. Mesmo com o pedido do presidente Jair Bolsonaro à equipe econômica para que o governo não "morra de inanição", a tesourada, segundo proposta orçamentária enviada pelo Ministério da Economia ao Congresso no fim de agosto, se alastrará por obras de saneamento, reformas em hospitais universitários, manutenção de estradas, programas para a população idosa e construção de moradias.

Bolsonaro reclamou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que o Orçamento está dificultando a estratégia de deixar a sua marca. Publicamente, o presidente admitiu que a restrição orçamentária poderá atrapalhar uma tentativa de reeleição em 2022. Os ministros mandaram ofícios a Guedes, mas vão ter de "passar a faca" até em programas e ações que são bandeiras de cada pasta.

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A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, elegeu a população idosa como prioridade, mas o orçamento previsto para o Fundo Nacional do Idoso será de apenas R$ 15 milhões em 2020, 57% a menos que este ano.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, conseguiu R$ 5 bilhões a mais do que o inicialmente previsto para o ano que vem (R$ 21 bilhões), mas terá de cortar pela metade as verbas da Capes, responsável por manter a maior parte das bolsas de mestrado e doutorado no País, para garantir, segundo ele, recursos para as universidades federais. No Ministério da Saúde, comandado por Luiz Mandetta, o corte vai atingir 55,3% das verbas para obras que visam garantir água e saneamento para cidades com menos de 50 mil habitantes, e 32% dos recursos para reforma dos hospitais universitários em 2020.

No Ministério da Justiça, Sérgio Moro precisará congelar a expansão da Força Nacional, considerada estratégica para a contenção de crises de violência provocadas pelo crime organizado nos Estados. Operações da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal estão ameaçadas pela falta de recursos, segundo a pasta, incluindo emissão de passaportes. Os R$ 3,1 bilhões previstos para 2020 não chegam à metade do valor solicitado: R$ 6,6 bilhões.

Guedes precisou fazer as honras da casa e cortou de cafezinho a estagiário. Mesmo assim, a Receita disse ter ficado com o menor orçamento em 13 anos, o que deve causar impacto na manutenção dos sistemas das restituições de Imposto de Renda e da emissão de CPF.

A dificuldade existe porque as despesas com o funcionamento da administração federal e com investimentos estão esmagadas entre o teto de gastos (emenda à constituição que limita, por 10 anos, os gastos federais ao valor da despesa de 2016 corrigida a cada ano pela inflação) e o "piso" orçamentário, que são as despesas obrigatórias, como salários e aposentadorias - que o governo é obrigado por lei a executar.

Dificuldade

O espaço para as chamadas despesas discricionárias será de apenas R$ 89,16 bilhões no ano que vem, o que, segundo os ministérios, vai dificultar a execução de todos os programas. Com a infraestrutura sendo um dos principais gargalos do País, a pasta responsável pela área, comandada por Tarcísio Gomes de Freitas, só terá R$ 5,2 bilhões para investir e vai priorizar obras já em andamento. O valor, porém, não é suficiente sequer para compensar o desgaste natural que rodovias e ferrovias sofrem com o tempo, informou o ministério.

O futuro do Minha Casa, Minha Vida é incerto: o orçamento de R$ 2,7 bilhões é o menor desde a sua criação, em 2009, e, conforme o governo, é suficiente apenas para honrar o que já foi contratado. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, viu seu orçamento para 2020 encolher 30,4% em relação a este ano, para R$ 561,6 milhões. O jeito, segundo a pasta, vai ser cortar em aluguéis e renegociar contratos. Em meio a uma crise por causa das queimadas na Amazônia, Salles disse que buscará blindar as "atividades-fim" contra qualquer aperto, preservando as áreas de fiscalização de incêndios.

Estratégia

A equipe econômica resiste a mexer no teto de gastos, criado em 2016 como resposta à desconfiança sobre a política fiscal do País. O Brasil teria o terceiro ano de rombo nas contas, com gastos maiores que a arrecadação, ampliando sua dívida pública. O limite para as despesas serviu como uma âncora de credibilidade, e o temor é de que sua flexibilização possa fazer tudo desmoronar.

Guedes tem dito que o melhor caminho é "quebrar o piso" em vez de fazer um "puxadinho" no teto de gastos. Para isso, promete atacar as despesas obrigatórias. Depois da reforma da Previdência, quer aprovar medidas para reduzir o avanço de gastos com salários e outras despesas obrigatórias.

O receituário, porém, pode demorar a surtir efeito. Até lá, os demais ministérios terão de adequar as milhares de demandas com os recursos previstos disponíveis. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério da Saúde deve cortar 55,3% das verbas de obras que garantam água e saneamento para cidades com menos de 50 mil habitantes e 32% dos recursos para reforma dos hospitais universitários em 2020. A projeção é reflexo da proposta de orçamento enviada pelo governo ao Congresso, que prevê uma redução de R$ 397,6 milhões do que a pasta poderá gastar com despesas discricionárias - como é chamado o quinhão de recursos que gestores têm liberdade para aplicar.

Embora represente 0,3% do orçamento global da Saúde, que é de R$ 134,8 bilhões, o arrocho determinado na proposta representa 25% da fatia que a pasta hoje dispõe para investir. Em números gerais, o maior corte será na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), responsável pelas obras de saneamento em cidades de pequeno porte. No próximo ano, o montante para realização de obras que garantam água e saneamento nessas localidades será reduzido em R$ 184,2 milhões - o equivalente a 7% de todo o orçamento da fundação.

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Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, afirmou que a previsão de cortes no orçamento da Funasa não deverá afetar os serviços. A fundação, um braço do Ministério da Saúde, tem um orçamento de R$ 2,7 bilhões. Mas, de acordo com Gabbardo dos Reis, há cerca de R$ 1 bilhão que ainda não foi usado referente a projetos autorizados, mas não concluídos. Já o Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários, por sua vez, perderá R$ 131,2 milhões em relação ao que foi investido em 2019.

Ao comentar a previsão total do orçamento, Gabbardo tentou reduzir o impacto do corte. Ele observou que o montante para 2020 é R$ 920 milhões, maior do que o piso determinado na regra constitucional - de R$ 133,9 bilhões - e R$ 5,2 bilhões superior ao que foi previsto para 2019 - R$ 129,6 bilhões. O secretário executivo afirmou ainda ter esperanças de que mais recursos cheguem à pasta por meio de emendas parlamentares. A ideia é que a verba seja destinada para o pagamento de ações na atenção primária de saúde e também de média e alta complexidades.

O esforço é tentar reduzir ao máximo o quantitativo destinado por parlamentares à compra de equipamentos novos ou expansão de serviços. Tais ações, na avaliação da pasta, apenas aumentariam as pressões para os gastos em geral e poderiam, em última análise, representar um desperdício. O secretário executivo afirmou ainda que algumas ações estão em curso para trazer economia.

Como exemplo, ele citou compras na área da assistência farmacêutica. Até o ano passado, as aquisições para atender o fornecimento de medicamentos determinado por ações judiciais eram feitas trimestralmente. Agora há previsões anuais. A redução de custo com essa mudança varia entre 20% e 30%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com um orçamento 12% menor para o ano que vem, o Ministério do Meio Ambiente pretende cortar custos administrativos que envolvem desde faxina em seus escritórios até o aluguel de prédios ocupados por servidores. O propósito é adaptar a estrutura aos cortes de orçamento promovidos pelo governo em toda a Esplanada.

O orçamento para 2020 divulgado pelo governo para a área de Meio Ambiente é de R$ 561,6 milhões - em 2019, foram R$ 633,5 milhões. Quando considerado o projeto de lei orçamentária (Ploa) do início deste ano, a redução é ainda mais significativa, de 30,4%, uma vez que o valor inicialmente divulgado foi de R$ 807,4 milhões.

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Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que, apesar dos cortes, não haverá nenhum impacto no orçamento das "atividades-fim" da pasta, ou seja, as ações de fiscalização e combate a incêndios do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio).

"Conversei com o ministro da Economia, Paulo Guedes, por telefone. Talvez a gente seja um dos poucos ministérios que não tenham nenhuma redução. Mas, mesmo que tenhamos, já fizemos uma simulação de onde será reduzido", disse Salles.

Segundo o ministro, serão reduzidas despesas como aluguel de imóveis, além de renegociações de contratos de manutenção. "Estamos trazendo para dentro da sede do Ibama uma área que estava em outro prédio de Brasília, um aluguel de R$ 500 mil por mês", disse. "E estamos fazendo renegociação de contratos de limpeza, segurança, manutenção predial."

Opção

Ainda de acordo com o ministro, as ações de campo não serão alvo de cortes. "Não haverá nenhum impacto do orçamento nas atividades-fim, de fiscalização e combate às queimadas. O Ministério da Economia nos dá um número global de orçamento. Nós temos a liberdade de definir quanto vai para cada área. Estamos sacrificando despesas de custeio, mas mantendo aquelas que o orçamento, de fato, dá a dimensão de sua capacidade de ação na atividade-fim." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O vírus da zika é capaz de infectar o tecido cerebral de adultos - e não apenas de fetos como se acreditava. Feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o novo estudo explica complicações neurológicas apresentadas por adultos durante o surto da doença em 2015. Alguns pacientes apresentaram confusão mental, perda de memória e até dificuldades motoras.

O trabalho foi publicado na manhã desta quinta-feira, 5, na "Nature Communications", uma das mais prestigiadas revistas de divulgação científica do mundo. A descoberta revela que a infecção pode ter sérios desdobramentos, ainda desconhecidos, no longo prazo. Os recentes cortes das bolsas do CNPQ e da Capes, no entanto, devem interromper a continuidade da pesquisa, alertaram os cientistas envolvidos.

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Cientistas do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho infectaram com o vírus da zika amostras de tecido cerebral de adultos humanos. Para surpresa dos pesquisadores, o vírus se mostrou capaz de infectar os neurônios e se multiplicar.

"Para tentar entender as implicações disso, passamos, então, a usar, camundongos", explicou o professor Sérgio Teixeira Ferreira, um dos coordenadores do estudo. "Constatamos que a reação inflamatória disparada no cérebro dos animais permanece muito tempo depois de o vírus não estar mais presente. A inflamação provoca ainda a degeneração das sinapses (responsáveis pela ligação entre os neurônios), interrompendo a comunicação."

Estudos feitos até hoje tinham comprovado que o vírus contraído por mulheres grávidas tinha causado má formação do cérebro dos fetos e gerado vários casos de microcefalia. "Achávamos que o vírus infectava apenas os chamados precursores neuronais e os neurônios imaturos dos embriões em desenvolvimento", contou Ferreira. "Agora constatamos que ele afeta também os tecidos adultos."

Para o pesquisador, é necessário que a pesquisa tenha continuidade, que os adultos que apresentaram sequelas neurológicas sejam acompanhados no longo prazo, para que se estabeleça o real impacto do vírus.

Outra descoberta importante do estudo foi que um medicamento anti-inflamatório atualmente usado no tratamento da artrite reumatoide pode amenizar os problemas neurológicos causados pelo vírus. Os cientistas acreditam que as descobertas podem contribuir para o estabelecimento de políticas públicas de tratamento e também para o desenvolvimento de novas terapias.

"Os bebês que nasceram com microcefalia estão sendo acompanhados, mas não sabemos o que aconteceu com os adultos", disse o cientista. "Seria muito importante acompanhar também os adultos, investigar as consequências neurológicas."

A neurocientista Cláudia Pinto Figueiredo, da Faculdade de Farmácia da UFRJ, que também coordenou a pesquisa, teme pelo futuro do estudo diante dos cortes das bolsas do CNPq e da Capes.

"Com o corte dessas bolsas, ocorre uma paralisação de toda a ciência e tecnologia do País", afirmou a cientista. "Não temos força de trabalho visto que, nas universidades brasileiras, não existem postos de pesquisadores, só de professores. Quem ocupa os postos de pesquisador são os alunos de mestrado, doutorado e pós-doutorado."

A pesquisadora Fernanda Aragão, aluna do doutorado, que participou do estudo, já sabe que não conseguirá renovar a bolsa. "Eu tenho bolsa de doutorado até fevereiro, quando me formo", explicou. "Mas não há previsão de novas indicações pra bolsistas nas principais agências de fomento do Brasil. Então, eu não tenho perspectiva de conseguir uma bolsa de pós-doutorado. Eu apliquei para editais que foram suspensos. Ou seja, não poderei continuar pesquisando."

"Além da questão das bolsas", ressalta Ferreira, "há uma redução dramática do financiamento às pesquisas; recursos para projetos já aprovados não vêm sendo pagos".

Para o cientista, a situação é gravíssima. "Esse estudo foi iniciado em 2016, mas, posso dizer que, se estivesse sendo iniciado hoje, não teríamos condições de concluir o trabalho."

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