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Novas e promissoras perspectivas no tratamento da doença de Alzheimer foram apresentadas nesta quarta-feira (12) durante o Primeiro Encontro sobre Envelhecimento e Doenças Neurodegenerativas da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Pesquisa de laboratório descobriu um composto orgânico capaz de evitar o acúmulo de metais fisiológicos no cérebro, o que pode ajudar a retardar a progressão da doença.

A pesquisa é fruto de parceria entre o Departamento de Química do Centro Técnico Científico da PUC-Rio e o Instituto de Biologia Molecular e Celular de Rosario, na Argentina.

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Um dos coordenadores da pesquisa, Nicolás A. Rey, explicou que os testes experimentais comprovaram que o composto hidrazona mostrou-se eficaz no sequestro dos biometais zinco, cobre e ferro da beta-amiloide, proteína encontrada em grande quantidade nos pacientes com Alzheimer. "Os metais que se acumulam na beta-amiloide produzem radicais-livres, que atacam os próprios neurônios", explicou ele.

Os pequenos agrupamentos de beta-amiloide podem bloquear a sinalização entre as células nas sinapses, que é o primeiro passo para a série de eventos que leva à perda de neurônios e aos sintomas da doença. Nicolás disse que "o hidrazona tem boa absorção no cérebro, não é tóxico, e seu processo [de produção] é ambientalmente correto e de baixo custo".

Após testes preliminares em animais, a reação do grupo de controle foi muito positiva, segundo o cientista, sem mortes ou doenças entre os ratos que receberam enormes doses da substância. Os testes devem durar mais um ano e meio, e nesse período a equipe vai buscar parceiros para a fase de testes farmacológicos na busca por drogas anti-Alzheimer.

Uma molécula produzida a partir da saliva do carrapato Amblyomma cajennense, conhecido como carrapato-estrela, pode ajudar no desenvolvimento de um medicamento contra o câncer. A descoberta foi feita por pesquisadores do Instituto Butantan, da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Pesquisas identificaram que a proteína encontrada no parasita era capaz de destruir tumores cancerígenos sem causar danos a células saudáveis. O estudo obteve sucesso em camundongos e coelhos e aguarda autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para testar a nova droga em humanos.

Para coordenadora da pesquisa Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, responsável pelo Laboratório de Bioquímica e Biofísica do instituto, os resultados obtidos em dez anos de pesquisa indicam que há regressão significativa e até mesmo a cura de tumores no pâncreas, no rim e na pele. Ela lembra, no entanto, que os testes em animais são feitos em ambiente totalmente controlado. “[No laboratório] eu sei quanto injetei de célula tumoral no animal, quanto tempo depois eu comecei a tratar. Isso não é a realidade de um paciente. Você tem que fazer isso [testar em humanos] para provar que a molécula funciona”, disse.

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Os estudos mostraram que, em animais saudáveis, a molécula foi rapidamente eliminada pelo organismo. No entano, quando injetada em animais com câncer, se ligou diretamente ao tumor e demorou a ser excretada. “Ao analisar as proteínas que induzem à morte desse tumor, eu vejo que, sim, as células foram acionadas pela molécula. A gente está bastante animado com isso”, declarou Chudzinski-Tavassi. Ela explica que é preciso investigar se haverá necessidade de combinar o medicamento com outros tipos de tratamentos já estabelecidos, como a quimioterapia. “Ainda não é possível dizer se vamos conseguir ter um resultado melhor em humanos somente com a molécula”.

A descoberta da célula foi uma surpresa, de acordo com a pesquisadora. Ela conta que, inicialmente, a intenção era buscar moléculas capazes de produzir novos anticoagulantes. “Queríamos saber o que tinha no sistema desse carrapato que mantinha o sangue incoagulável. Se ele é hematófago [parasita que se alimenta de sangue], ele necessariamente tem algo ou que impede a coagulação ou que destrói coágulos já formados”, explicou. Durante o processo, percebeu-se que a molécula poderia atuar na proliferação celular. “Aí foi a surpresa. Começamos a testar tipos de células tumorais e [a molécula] sempre matava células tumorais e não matava as normais”, relatou.

Ao mudar o foco da pesquisa, o instituto solicitou a patente em território nacional e internacional, pois não havia registro dessa molécula. Nas etapas que se seguiram, os pesquisadores estabeleceram uma metodologia de produção escalonável. “Se vamos propor uma nova molécula, temos que ter um sistema de produção que dê conta, para virar de fato um medicamento”, explicou a coordenadora. Além disso, foi feita a formulação, que é a transformação da molécula em produto. “Foi analisada a estabilidade, para ter certeza de que é possível mantê-lo em um frasco por um tempo determinado para que possa viajar e chegar ao destino”, detalhou. Até o momento, todos os testes foram bem sucedidos.

Dave Gibson é pesquisador da Biblioteca do Congresso nos EUA, onde há uma grande coleção de videogames, e enquanto catalogava materiais de games para a seção de "Imagem em Movimento" da biblioteca, encontrou o código fonte da versão para PlayStation Portátil (PSP) do jogo Duke Nukem: Critical Mass, desenvolvido pela Apogee Software e lançado para o Nintendo DS em 2011. O desenvolvimento do jogo para PSP foi iniciado, mas terminou não sendo lançado. 

Gibson publicou sua descoberta no blog Digital Preservation da Biblioteca do Congresso americano, onde ele comenta que são recebidos centenas de games por ano, e muitas vezes é enviado material extra, como vídeos de gameplay. Ao receber um DVD-R rotulado "Duke Nuken: Critical Mass (PSP)", ele suspeitou de que se tratava de um vídeo com cenas do jogo, mas ao investigar foi surpreendido com o código fonte do game. 

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Ele comenta que não foi fácil se aprofundar nos arquivos do jogo, devido ao formato proprietário usado pela Sony, e que a versão de PSP ia ser bem diferente da do DS. Falando ao Gamasutra, o pesquisador comentou que acredita não haver nenhum outro jogo não-lançado na Biblioteca do Congresso, mas que vai organizar um projeto para investigar outros DVD-R que poderiam conter códigos ou arquivos do jogo, mas que foram guardados acreditando-se que se tratavam de discos com vídeos de gameplay. Entre as imagens publicadas do achado, está este GIF mostrando que haveria um jetpack no jogo.

 

O Mal de Alzheimer poderá ser, a partir de agora, diagnosticado de forma precoce e confiável, graças a novos marcadores biológicos, segundo um estudo feito por um grupo internacional de neurologistas.

"A partir de agora será possível, graças a este novo método, fazer um diagnóstico mais seguro e precoce", declarou o professor de Neurologia e pesquisador francês Bruno Dubois, que coordenou o estudo publicado na revista britânica The Lancet Neurology.

Após nove anos de trabalho, os cientistas definiram e validaram novos critérios para diagnosticar esta doença neurodegenerativa em plena expansão. O Alzheimer afeta 40 milhões de pessoas no mundo e previsões indicam que em 2050 o número de doentes terá triplicado.

A doença começa geralmente com transtornos de memória, seguidos de problemas de orientação espacial e temporal, transtornos de comportamento e perda de autonomia. Mas esses sintomas não são específicos do Alzheimer apenas e a doença "não podia ser diagnosticada até agora de forma segura em um estágio precoce", explicou o professor Dubois.

Era necessário, geralmente, esperar que a doença evoluísse para a demência ou que o doente morresse para poder examinar as lesões que ele tinha no cérebro. Após analisar os estudos publicados sobre o tema, os cientistas chegaram a um consenso de diagnóstico do Alzheimer, com dois perfis clínicos específicos.

Os casos típicos (80% a 85% dos casos) se caracterizam por problemas de memória episódica de longo prazo (lembrança voluntária de fatos), enquanto nos casos atípicos (15% a 20% dos casos) são encontrados transtornos da memória verbal ou de comportamento.

Cada um desses perfis, segundo os cientistas, deve ser confirmado por pelo menos um marcador biológico. Trata-se de uma punção lombar que mostra o nível anormal de proteínas cerebrais no líquido cefalorraquidiano ou de uma tomografia por emissão de pósitrons (TEP) do cérebro, um exame de imagem que permite visualizar a atividade dos tecidos.

Embora por enquanto não haja tratamento eficaz contra o Alzheimer, a detecção confiável e precoce deve facilitar a pesquisa, afirmou Dubois. Esses trabalhos permitiriam aos pesquisadores se dar conta de que muitos diagnósticos estabelecidos segundo os antigos critérios estavam errados, entre eles 36% dos falsos doentes de Alzheimer incluídos em um teste terapêutico anterior.

Fora da pesquisa, o uso de marcadores biológicos se limita atualmente a pacientes jovens ou a casos difíceis, pois a técnica é cara e invasiva.

Físicos anunciaram neste domingo (22) ter aprendido mais sobre o bóson de Higgs, partícula subatômica que torna a existência de massa possível e por esta razão é apelidada de 'partícula de Deus', cuja descoberta revolucionária foi anunciada quase dois anos atrás. Experimentos feitos no Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) - o acelerador de partículas situado na fronteira franco-suíça, onde a descoberta foi feita - responderam a antigas questões sobre como o Higgs se comporta, afirmaram.

A teoria sobre a existência do bóson de Higgs foi levantada nos anos 1960. Ele seria a partícula subatômica que dá massa a outras partículas. Sem ele, não haveria massa.

Décadas de trabalho se seguiram para explorar a ideia até que, em 4 de julho de 2012, duas equipes concorrentes no LHC anunciaram ter descoberto de forma independente uma partícula consistente com o bóson de Higgs. Mas, outras pesquisas foram necessárias para dar corpo a esta descoberta e ver como ela se encaixava no Modelo Padrão, o quadro conceitual utilizado para explicar a matéria visível no universo.

Em estudo publicado na revista Nature Physics, uma das equipes do LHC anunciou que o bóson se comporta conforme o previsto e que não é como um "impostor que se parece com ele". A análise da montanha de dados de colisões no LHC mostra que o bóson se decompõe em um grupo de subpartículas denominado férmions, em linha com a teoria do Modelo Padrão, destacou o estudo.

"É um avanço enorme", disse Markus Klute, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que chefiou a pesquisa no Solenoide de Múon Compacto (CMS), um dos detectores de partículas construídos no LHC. "Agora nós sabemos que partículas como os elétrons obtêm sua massa graças ao campo de Higgs, o que é muito empolgante", completou. Descobrir o bóson de Higgs só foi possível com a construção do LHC, o maior laboratório do mundo, construído em um túnel de 27 quilômetros em forma de anel.

Um exército de físicos de todo o mundo analisou cuidadosamente os vestígios deixados por bilhões de colisões de prótons, em busca de uma assinatura indicativa de uma partícula fugaz.

A descoberta inicial situou a massa do bóson de Higgs entre 125 e 126 Gigaelétron-volts, uma unidade de medida padrão em nível subatômico.

Análises de dados posteriores destes experimentos também revelaram que o bóson não tem "spin" e decai rapidamente em pares de fótons (partículas de luz), os chamados bósons W ou Z.

"Agora, estabelecemos as principais características desta nova partícula", afirmou Klute em um comunicado publicado pelo MIT.

"Todas estas coisas são consistentes com o Modelo Padrão", acrescentou.

Experimentos no LHC estão suspensos momentaneamente, enquanto o colisor passa por uma modernização, mas os cientistas ainda vasculham montanhas de dados gerados de colisões antes do desligamento.

As operações devem ser retomadas em 2015, com um programa de três anos no qual os cientistas usarão colisões mais potentes para explorar fenômenos teóricos, como a "super-simetria", que pode vir a explicar a matéria escura, substância que compõe a maior parte do universo.

O bóson recebeu o nome de Peter Higgs, físico britânico coganhador do Nobel no ano passado, juntamente com o belga François Englert.

Outros físicos que deram grandes contribuições à teoria foram Robert Brout, também belga, falecido em 2011, e a equipe americana-britânica integrada por Dick Hagen, Gerald Guralnik e Tom Kibble.

Uma pintura de Picasso que representa um homem barbudo foi descoberta debaixo de outra pintura do artista espanhol, "A sala azul", que pertence à Coleção Phillips, de Washington, durante uma investigação para descobrir mais detalhes sobre a obra.

Os especialistas suspeitavam desde os anos 1950 que havia outra pintura sob a tela de 1901, na qual se vê uma mulher se asseando, uma obra do chamado período azul (1901-1904) do artista, indicou Susan Frank, restauradora adjunta do museu.

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Em 2008, confirmou-se pela primeira vez que existia uma obra debaixo da outra, mas agora, com o estudo dos pigmentos, é possível afirmar que se trata de uma pintura de Picasso.

A análise foi realizada pelo museu, proprietário da obra desde 1927, em colaboração com a National Gallery of Art de Washington, o Wintherthur Museum de Delaware e a Universidade de Cornell (estado de Nova York).

O homem retratado tem barba e bigode, aparenta uns 40 anos e, entre os nomes atentados, está o do marchand de arte Ambroise Vollard e do crítico Gustave Coquiot, mas por ora ninguém sabe com certeza de quem seria o retrato.

Biólogos anunciaram nesta terça-feira (10) ter desenvolvido uma nova arma contra a malária, ao criarem mosquitos geneticamente manipulados para produzir principalmente descendentes machos, levando, eventualmente, ao desaparecimento de uma população inteira de insetos.

A técnica de seleção sexual produz uma geração de mosquitos em que 95% são do sexo masculino, enquanto nas populações normais este percentual corresponde a 50%, reportaram os cientistas em artigo publicado na revista Nature Communications.

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Restam tão poucas fêmeas que a população de mosquitos eventualmente desaba, reduzindo o risco de que os humanos entrem em contato com o parasita da malária, transmitido pelas fêmeas que se alimentam de sangue.

"A malária é uma doença debilitante, com frequência fatal, e nós precisamos encontrar novas formas de combatê-la", afirmou o chefe do estudo, Andrea Crisanti, professor do Imperial College de Londres.

"Achamos que nossa abordagem inovadora representa um enorme avanço. Pela primeira vez, fomos capazes de inibir a produção de descendentes fêmeas em laboratório e isto nos dá novas formas de eliminar a doença", continuou.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a malária mata mais de 600.000 pessoas ao ano, sendo as principais vítimas as crianças pequenas da África subsaariana.

Resultado de seis anos de trabalho, o método se concentra nos mosquitos "Anopheles gambiae", os transmissores mais perigosos do parasita da malária.

'Um trabalho muito legal' 

Os cientistas injetaram uma parte de enzima de DNA no código genético dos embriões de mosquitos machos. Basicamente, a modificação parte em pedaços o cromossomo X durante a produção de espermatozoides na idade adulta.

Como resultado, quase nenhum espermatozoide funcional continha o cromossomo X, que determina descendentes fêmeas. Ao contrário, a maior parte dos espermatozoides carregava o cromossomo Y, que produz machos.

Os mosquitos modificados foram testados em cinco jaulas, cada uma contendo 50 machos geneticamente modificados e 50 fêmeas silvestres normais. Em quatro das cinco jaulas, toda a população desapareceu em seis gerações devido à falta cada vez maior de fêmeas.

Os mosquitos machos modificados produziram apenas herdeiros machos modificados, que tiveram o mesmo tipo de descendentes até que não sobraram mais fêmeas. "A pesquisa ainda está no começo, mas estou muito esperançoso de que esta nova abordagem possa, enfim, levar a uma forma barata e eficaz de eliminar a malária de regiões inteiras", declarou um colega de Crisanti, Roberto Galizi.

Em um comentário independente, o especialista Michael Bonsall, da Universidade de Oxford, referiu-se à pesquisa como um "trabalho muito legal". "Isto tem implicações importantes para limitar a disseminação da malária", declarou à Science Media Centre britânica. "Será muito empolgante ver o avanço desta tecnologia específica", continuou.

Os cientistas já estão fazendo experimentos na natureza com mosquitos "Aedes aegypti", que transmitem a dengue, e que foram modificados para gerar descendentes que não chegam à idade adulta.

Eles sobrevivem durante apenas uma semana, enquanto mosquitos normais vivem um mês. O Brasil e a Malásia já soltaram nuvens desses insetos, e em janeiro o Panamá anunciou que também fará o mesmo.

No entanto, estes programas despertam a preocupação de ambientalistas, que chamam atenção para o impacto desconhecido de animais geneticamente modificados no equilíbrio da biodiversidade. Eles argumentam que se uma espécie de mosquito for eliminada de uma região, isto abriria a oportunidade para uma espécie concorrente - e potencialmente perigosa - vir à tona.

Uma vacina oral demonstrou ser eficaz no curto prazo para conter a cólera durante uma epidemia na Guiné, ao proteger da doença em mais de 86% dos casos, indicam os resultados de um teste clínico publicado esta quinta-feira (29), nos Estados Unidos.

Para esta campanha de vacinação, patrocinada pela organização não governamental Médicos sem Fronteiras (MSF), as autoridades sanitárias da Guiné distribuíram 316.000 doses da vacina, chamada Sanchol, durante um período de seis semanas em 2012. A taxa de imunização das populações superou os 75%.

A vacina, administrada em duas doses com duas semanas de diferença, reduziu drasticamente a transmissão da cólera. A maior parte dos casos confirmados da doença estava em pequenas comunidades com baixas taxas de imunização, afirmam os autores do estudo, publicado na edição online da revista New England Journal of Medicine.

Os pesquisadores dizem, no entanto, que ainda não têm dados suficientes para determinar se uma única dose é bastante para conseguir a imunização adequada. A vacina Sanchol também tem a vantagem de ser mais barata (US$ 1,85 dólar a dose), em comparação com os 5,25 dólares da vacina Duoral, também administrada por via oral e igualmente eficaz.

Os resultados do estudo confirmam que o uso deste tipo de vacinação oral é uma solução eficaz para conter futuras epidemias de cólera, doença que afeta sobretudo a África (onde estão mais de 90% dos casos) e o sul da Ásia.

Antes da campanha de vacinação na Guiné, havia muito poucas evidências que demonstrassem a eficácia da vacina contra a cólera durante a detecção de uma epidemia. Segundo os Centros Federais para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC), entre três e cinco milhões de pessoas são infectadas anualmente em todo o mundo, das quais 100.000 morrem.

A cólera é causada pela bactéria "Vibrio cholerae", transmitida principalmente através da água contaminada. A doença provoca diarreia e desidratação rápida.

Um grupo de crianças em excursão escolar encontrou por acaso uma múmia de 7.000 anos em Arica, norte do Chile, informou a imprensa local. Seria uma múmia completa, enterrada dos pés a cabeça e pertencente à cultura Chinchorro, com idade estimada em 7.000 anos. As autoridades responsáveis pelos monumentos nacionais já foram alertadas.

A descoberta aconteceu por acaso no sábado, quando as crianças realizavam uma das expedições habituais da Academia de Arqueologia da Escola América no Morro de Arica (2.062 km ao norte de Santiago), na região da praia El Laucho, segundo o professor e guia da excursão, Hans Neira, contou ao jornal La Tercera.

Os boatos diziam que depois do terremoto de 1 de abril era possível observar vestígios arqueológicos na região. As crianças participavam em tarefas didáticas de escavação quando uma delas detectou uma forma estranha. "Isto é um alerta de que este local deve ser protegido pelo que representa, com o entendimento de que é um grande cemitério pré-colonial que vai muito além do sul desta região", disse Neira.

Cientistas americanos descobriram uma proteína que gera anticorpos e pode ajudar a prevenir a multiplicação de parasitas da malária, abrindo caminho para uma vacina em potencial, segundo estudo publicado nesta quinta-feira (22).

Essa proteína pode ajudar os cientistas em suas pesquisas na luta contra as formas mais severas da malária, uma doença que mata mais de 600.000 pessoas todos os anos, particularmente crianças pequenas na África subsaariana.

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Denominada de PfSEA-1, a proteína, cuja presença semeia a formação de anticorpos, foi associada à diminuição no número de parasitas em algumas crianças e adultos da África, onde a malária é endêmica, segundo estudo publicado na revista científica americana Science.

Camundongos expostos à proteína em uma vacina demonstraram redução nos níveis de parasitas em seu sangue. A descoberta da proteína pode se somar a um grupo limitado de antígenos utilizados em vacinas potenciais contra a malária, afirmaram cientistas que conduziram o estudo no Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas.

Os anticorpos gerados pela proteína detêm o parasita da malária, pois vão abandonando um glóbulo vermelho para invadir outro, prevenindo que se multiplique. As populações que vivem em áreas onde a malária é comum costumam desenvolver respostas imunológicas naturais que limitam o número de parasitas no sangue e previnem febre alta e sintomas severos.

Os cientistas basearam seu estudo em amostras de sangue de crianças de dois anos, provenientes da Tanzânia, e que eram resistentes ou suscetíveis à malária.

A Fundação Gala-Salvador Dalí anunciou nesta terça-feira a identificação de duas obras com paisagens oníricas pintadas pelo gênio surrealista em 1930, que não tinham a autoria confirmada até agora.

As obras, com os títulos "Simulacro da noite" e "Livre inclinação do desejo", apresentam traços característicos do imaginário onírico de Dalí (1904-1989) e, apesar das suspeitas dos especialistas da fundação sobre sua existência, não haviam conseguido localizar nem atribuir os quadros ao artista espanhol.

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"As imagens haviam sido identificadas, mas não sabíamos onde estavam nem como ligá-las a Dalí. Diziam que eram dele, mas precisávamos verificar", afirmou Montse Aguer, diretora do Centro de Estudos Dalinianos ligado à fundação.

"São obras da época surrealista de Dalí, ambas muito significativas. Observamos as típicas paisagens oníricas de Dalí, com sombras, grandes pedestais", explicou.

A descoberta aconteceu a partir de um "exaustivo" trabalho de busca em bibliografia especializada e recortes antigos da imprensa.

Os especialistas descobriram que as duas obras foram expostas ao público, mas apenas uma vez.

A primeira delas, "Simulacro da noite", apareceu em uma mostra em San Francisco (Estados Unidos) em 1965, enquanto "Livre inclinação do desejo" foi incluída em uma mostra surrealista de 1935 em Santa Cruz de Tenerife (Espanha), na qual também havia obras de outro grande pintor espanhol do século XX, Pablo Picasso.

A descoberta das duas obras é parte de um projeto de catalogação e publicação digital de toda a obra do gênio surrealista, iniciada pela fundação em 2004 para "reunir e compartilhar informações precisas das obras pictóricas" de Dalí.

Uma equipe de cientistas majoritariamente francesa decodificou o genoma da truta arco-íris, um peixe muito popular na psicultura e nas peixarias, trazendo nova luz sobre a evolução dos genomas dos vertebrados.

Esta foi a primeira vez que o genoma de um peixe da família dos salmonídeos (salmões e trutas) é decodificado. O genoma da truta arco-íris apresenta uma particularidade interessante para os cientistas: ela sofreu uma "duplicação completa" relativamente recente.

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A duplicação completa do genoma corresponde a "uma duplicação repentina do conteúdo nos cromossomos", explicou à AFP Yann Guiguen, do Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica (Inra) de Rennes, que coordena a análise do genoma da truta. Ela pode servir "como motor para a evolução".

"Raros entre os vertebrados", estes eventos, entretanto, conformaram profundamente o conteúdo e a estrutura de seus genomas, incluindo o do homem. O problema é que eles ocorreram há centenas de milhões de anos e que os vestígios da reorganização que se seguiu foram completamente perdidos.

"O interesse da truta é que nós temos uma duplicação mais recente, datada de 100 milhões de anos", afirmou Yann Guiguen.

A análise de seu genoma mostrou um resultado "muito surpreendente", acrescentou o pesquisador, pois "recuperamos perfeitamente os dois genomas resultantes da duplicação".

Este resultado coloca em discussão uma hipótese comumente aceita, segundo a qual uma duplicação completa de um genoma implica numa evolução rápida de sua estrutura e de seu conteúdo em genes: os genes se perdem, enquanto outros podem evoluir para desempenhar novas funções.

O genoma da truta arco-íris, divulgado esta terça-feira na revista Nature Communications, comporta cerca 46.500 genes funcionais (codificados por proteínas). Os cientistas estimam que o genoma ancestral, antes da duplicação, deveria conter cerca de 31.400.

Após a duplicação, um certo número de genes ficou inativo, mas está sempre presentes no genoma na forma de "pseudogenes" ou "cadáveres de genes" para usar uma expressão cunhada por Yann Guiguen.

A "taxa de inativação" é avaliada em 170 genes por milhão de anos após a duplicação. Para Yann Guiguen, isto mostra o processo de reorganização pós-duplicação "é, provavelmente, muito mais lento que pensávamos".

Em seus trabalhos, os cientistas usaram trutas arco-íris ("Onchorhynchus mykiss"), fornecidas pela Universidade do Estado de Washington.

Originária da América do Norte, a truta arco-íris é atualmente criada em todos os continentes. A decodificação de seu genoma também abre perspectivas importantes para a aquacultura.

Ele é arredondado, gira em torno do Sol e tem anéis bem definidos de poeira e gelo ao seu redor. Mas não é Saturno. Nem qualquer um dos outros planetas gigantes: Júpiter, Urano e Netuno - que também possuem anéis, ainda que bem menos aparentes. Ele é Chariklo, um asteroide de 250 quilômetros de diâmetro, que orbita o Sol entre Saturno e Urano, e que se tornou ontem o quinto objeto com anéis - e o primeiro "não planeta" - conhecido no sistema solar.

A descoberta foi feita por um grupo internacional de pesquisadores, liderado por brasileiros ligados ao Observatório Nacional (ON), no Rio de Janeiro, e outras instituições. "Foi uma grande surpresa. Não imaginávamos que poderia haver anéis ao redor de pequenos objetos como esse no sistema solar", disse o astrônomo Felipe Braga Ribas, pós-doutorando do ON e primeiro autor do trabalho científico que descreve a descoberta, publicado na revista Nature.

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Surpresa, literalmente, pois não era isso que os pesquisadores estavam procurando quando apontaram seus telescópios para Chariklo na noite de 13 de junho de 2013. A intenção era aproveitar um evento de "ocultação", quando Chariklo passaria exatamente na frente de uma estrela brilhante, para medir com maior precisão o diâmetro e outras características do asteroide. Conseguiram isso, e mais: além do eclipse principal esperado, observaram outras duas rápidas ocultações do brilho da estrela, cerca de 10 segundos antes e depois da passagem da pedra na frente dela. Eram os anéis.

Análises mais detalhadas mostraram que eram dois: um anel mais interno e mais denso, com 6,6 km de largura; e outro, mais externo e bem menos denso, com 3,4 km de largura; ambos postados a cerca de 400 km do centro do asteroide. Entre eles, há ainda um "anel vazio" e perfeitamente delineado, de 8,7 km de largura. "São anéis parecidos com os de Saturno, muito brilhantes. Seria muito fácil vê-los se estivéssemos próximos", compara Braga Ribas. Assim como os do planeta gigante, uma boa parte (40%) dos anéis de Chariklo é feita de partículas de gelo. Segundo o pesquisador, é provável que outros objetos pequenos do sistema solar também tenham anéis. "Seria muita sorte termos detectado o único sistema com anéis logo na primeira ocultação", disse. Treze telescópios em 4 países foram usados na observação.

Planetoide- Em outro trabalho publicado na revista Nature, cientistas nos Estados Unidos anunciaram a descoberta de mais um grande objeto (de 450 km de diâmetro) nas periferias geladas do sistema solar - num limite maior do que 50 vezes a distância entre o Sol e a Terra, além do chamado Cinturão de Kuiper, que inclui Plutão. Registrado como 2012 VP, ele é apenas o 2.º planetoide encontrado nessa região.

Arqueólogos britânicos encontraram no Sudão o esqueleto de um homem de 3.200 anos que teria sofrido um câncer metastático, em uma descoberta que coloca em questão a ideia de que esta é uma doença moderna, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira (17), na revista PLOS One.

A universidade inglesa de Durham (norte), responsável pela expedição em parceria com o Museu Britânico, explicou que o homem teria entre 25 e 35 anos no momento de sua morte e que seu túmulo foi encontrado em Amara Ocidental, no norte do Sudão, a 750 km da capital Cartum.

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O esqueleto foi encontrado em 2013 por uma estudante da universidade e data do ano 1.200 a.C. Análises revelaram que o homem sofria de um câncer com metástases, mas não permitiram determinar se essa foi a causa de sua morte.

Este é o esqueleto mais completo e mais antigo já descoberto de um ser humano que sofria de um câncer deste tipo, segundo os pesquisadores da Universidade de Durban e do Museu Britânico. Apesar de o câncer ser atualmente uma das principais causas de mortalidade, é extremamente raro encontrar traços da doença em descobertas arqueológicas, o que faz pensar que o problema "está associado principalmente a um estilo de vida contemporâneo e ao aumento da expectativa de vida", explicam os pesquisadores.

"Esta descoberta sugere que o câncer já estava presente no vale do Nilo na antiguidade", acrescentam. A análise do esqueleto mostra "que a forma das pequenas lesões nos ossos foram causadas, com absoluta certeza, por um câncer nos tecidos moles, mesmo que seja impossível determinar a origem exata da doença apenas com os ossos", explicou Michaela Binder, arqueóloga que descobriu os restos mortais.

"Este esqueleto pode nos ajudar a compreender a história quase desconhecida do câncer. Tínhamos pouquíssimos exemplares do primeiro milênio antes Cristo", indicou a pesquisadora austríaca. "Nós precisamos entender a história da doença para acompanhar melhor sua evolução", completou.

Exames radiográficos permitiram observar lesões nos ossos, com metástases nas clavículas, escápula, vértebras, braços, costelas, ossos da coxa e pelve. Os pesquisadores podem apenas especular sobre a origem do câncer: fatores genéticos ou uma doença infecciosa causada por parasitas.

Cientistas americanos revelaram nesta segunda-feira (17) a detecção pela primeira vez de ecos do Big-Bang, ocorrido há 14 bilhões de anos, uma importante descoberta para entender as origens do Universo.

A "primeira evidência direta da inflação cósmica" foi observada com um telescópio no Polo Sul e foi anunciada por especialistas do Centro de Astrofísica (CfA) de Harvard-Smithsonian.

A existência destas ondulações de espaço-tempo, primeiro eco do Big Bang, previstas na teoria da relatividade de Albert Einstein, demonstra a expansão extremamente rápida do universo na primeira fração de segundo de sua existência, uma fase conhecida como inflação cósmica.

"A detecção destas ondulações é um dos objetivos mais importantes da cosmologia na atualidade e resultado de um enorme trabalho realizado por uma grande quantidade de cientistas", destacou John Kovac, professor de Astronomia e de Física no CfA e chefe da equipe de investigação BICEP2, que fez a descoberta.

"Era como encontrar uma agulha em um palheiro, mas em seu lugar encontramos uma barra de metal", disse o físico Clem Pryke, da Universidade de Minnesota, chefe adjunto da equipe.

Para o físico teórico Avi Loeb, da Universidade de Harvard, o avanço "representa um novo esclarecimento sobre algumas das questões mais fundamentais para saber por quê existimos e como o universo começou".

Um novo tipo de vírus gigante, chamado Pithovírus, sobreviveu por mais de 30 mil anos congelado em uma camada de permafrost na Sibéria, sendo contemporâneo à extinção dos neandertais, de acordo com estudo publicado nas Atas da Academia Nacional de Ciências de Estados Unidos (PNAS).

Capaz de infectar amebas, mas inofensivo para humanos e animais, esse vírus elevou para três o número de famílias de vírus gigantes conhecidos, ressaltam os autores dessa pesquisa divulgada na segunda-feira.

Descoberto no solo permanentemente gelado do extremo norte-oriental da Sibéria (na região autônoma de Chukotka), o Pithovírus é muito diferente dos outros vírus gigantes conhecidos, como o Mimivirus (família Megaviridae), o primeiro vírus gigante descoberto em 2003, ou o Pandoravírus, caracterizado na revista "Science" em julho passado.

Os vírus gigantes (de diâmetro superior a 0,5 milionésimos de metro) são, ao contrário dos outros vírus, facilmente visíveis com um simples microscópio óptico.

Esses vírus contêm um grande número de genes em comparação com os vírus comuns (como os da gripe, ou da Aids, que contêm apenas uma dúzia). Seu tamanho e seu genoma são comparáveis ao de muitas bactérias, podendo, inclusive, excedê-las.

"A demonstração de que os vírus enterrados na terra há mais de 30 mil anos possam sobreviver e continuar sendo infecciosos sugere que o derretimento do permafrost, devido ao aquecimento global e à exploração mineradora e industrial do Ártico, pode significar um risco para a saúde pública", disse Jean-Michel Claverie, do laboratório IGS-CNRS de Marselha, França, coautor do estudo.

- Possibilidade de reaparição do vírus -

A possibilidade do ressurgimento de vírus considerados erradicados - como o da varíola, que se multiplica de maneira similar ao Pithovírus -, a partir dessa grande geladeira que é o permafrost, já não é mais um cenário de ficção científica, afirmou Claverie, ressaltando que a varíola fez estragos na Sibéria.

O laboratório IGS-CNRS faz um estudo de "metagenômica" do permafrost que permitirá avaliar o risco.

"Trata-se da busca de DNA, ou seja, as impressões genéticas de vírus (ou de bactérias) patogênicos para os seres humanos para ver se, por exemplo, há rastros de varíola nas amostras dessa camada de permafrost coletadas a 30 metros de profundidade", disse o pesquisador.

Esse processo é seguro, já que é realizado apenas nas impressões que vão ser comparadas com as de bancos de dados já existentes, explicou.

Essa descoberta destaca como o conhecimento da biodiversidade microscópica continua sendo parcial, afirmam os cientistas.

A região de Chukotka, de onde provém o novo vírus gigante, inclui grandes reservas de petróleo, gás natural, carvão, ouro e tungstênio.

O estudo reuniu pesquisadores franceses de Marselha e Grenoble e uma equipe da Academia de Ciências da Rússia.

Pesquisadores encontraram recentemente um vírus "gigante" de mais de 30 mil anos atrás na camada de gelo permanente do nordeste da Sibéria. A descoberta foi revelada na mais recente edição da revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences.

O vírus siberiano não representa uma ameaça a seres humanos e é considerado "gigante" quando comparado a outros vírus - ele é microscópico e infecta apenas amebas.

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A descoberta revela um novo tipo de vírus gigante, categoria encontrada pela primeira vez por cientistas há apenas dez anos.

Segundo os pesquisadores, apesar de o vírus gigante não representar uma ameaça, é possível que germes perigosos venham a ser descobertos no futuro próximo, à medida que o gelo permanente derreter, seja por causa do aquecimento global ou da mineração. Fonte: Associated Press.

Um grão microscópico do mineral mais antigo da Terra foi datado com 4,4 bilhões de anos de idade, revelando detalhes sobre a infância do nosso planeta e de como ele se tornou propício para a vida, anunciaram cientistas. A descoberta prova que a Terra se manteve como uma bola indomável, coberta por um oceano de magma por um período de tempo mais curto após sua criação do que se pensava anteriormente.

Acredita-se que a Terra tenha se formado cerca de 4,5 bilhões de anos atrás, mas pouco se sabe sobre seus primeiros anos, particularmente quando se tornou fria o suficiente para que a crosta pudesse se solidificar a partir da rocha fundida e para que a água se formasse.

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Alguns afirmam que teriam sido necessários 600 milhões de anos para o resfriamento. Mas a descoberta, nas últimas décadas, de cristais de zircão, alguns com cerca de 4,4 bilhões de anos, pôs em dúvida essa teoria, mesmo que a idade dos minerais não tenha sido provada conclusivamente. Até agora.

O novo estudo, publicado neste domingo, confirma que os grãos de zircão coletados da região de Jack Hills, no oeste da Austrália, cristalizaram-se na época da formação da crosta terrestre, há 4,374 bilhões de anos, segundo seus autores.

Essa datação é 160 milhões de anos após a criação da Terra e de outros planetas do nosso sistema solar - "muito mais cedo do que se acreditava anteriormente", segundo um comunicado de imprensa. As descobertas fortalecem a teoria de uma "Terra primitiva fria", com temperaturas baixas o suficiente para permitir que água em estado líquido, oceanos e uma hidrosfera - massa combinada de água no planeta - se formassem não muito tempo depois da crosta, durante um período conhecido como Hadeano.

"O estudo reforça nossa conclusão de que a Terra teve uma hidrosfera antes de 4,3 bilhões de anos" e possivelmente abrigou vida não muito tempo depois disso, afirmou o co-autor do estudo, John Valley, geoquímico da Universidade do Wisconsin - Madison.

O estudo foi realizado com uma nova técnica, chamada tomografia de sonda atômica, que poderia determinar com precisão a idade do minúsculo fragmento mineral ao medir átomos individuais de chumbo contidos dele.

Devido à sua durabilidade, o zircão pode resistir a bilhões de anos de erosão e permanecer quimicamente intacto, contendo uma riqueza de informação geológica. Ele foi encontrado armazenado em rochas mais jovens e até mesmo na areia. Este novo conhecimento sobre quando a Terra esfriou "também pode nos ajudar a entender como outros planetas habitáveis se formariam", disse Valley.

Num acervo de 4.400 plantas coletadas no Pantanal Mato-Grossense, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz encontraram três espécies que inibem a replicação do vírus da dengue. Os extratos vegetais foram testados em células infectadas com os vírus dos tipos 2 e 3. A pesquisa caminha agora para nova fase, a de testes em animais, para avaliar a toxicidade.

O trabalho se tornou possível por causa de uma estratégia que tomou fôlego nos últimos cinco anos na Fiocruz - a de descentralizar as atividades e fazer ciência no interior do País, aproveitando as diferenças regionais. A instituição já está em nove Estados, além do Rio de Janeiro - Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Amazonas, Rondônia, Ceará, Mato Grosso do Sul e Piauí. Está em negociação a abertura de um polo no Rio Grande do Sul.

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No Mato Grosso do Sul, os trabalhos se dividiram em várias linhas de pesquisa - da saúde indígena à busca por novas moléculas a partir da flora local, além da formação de mão de obra.

O diretor da Fiocruz-MS, Rivaldo Venâncio da Cunha, diz que a primeira etapa do trabalho em Campo Grande foi identificar as instituições que poderiam ser parceiras da Fiocruz. "Não vamos repetir o que eles já estão fazendo. A história não começa com a chegada da Fiocruz." Nessa busca por parceiros, chegaram à Universidade Anhanguera-Uniderp, onde o curso de Agronomia já tinha catalogado 4 mil plantas do Pantanal Mato-Grossense.

Ao testarem as possibilidades terapêuticas das plantas, os pesquisadores chegaram a três famílias capazes de inibir a replicação do vírus da dengue. "Uma delas teve atividade fenomenal. Vamos tentar sintetizar a molécula e testar em modelo vivo", disse a pesquisadora Jislaine Guilhermino. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste foram escolhidas como prioritárias por causa de "vazios de desenvolvimento de ciência e tecnologia", diz o presidente da instituição, Paulo Gadelha.

Tecnologia

Se no início do século 20 cientistas como Oswaldo Cruz, Carlos Chagas e Artur Neiva deixavam o Rio para desbravar o País e desvendar as doenças que assolavam os cantos mais distantes, hoje o que se tem é investimento em tecnologia de ponta. Como a que está sendo levada para o Ceará. A Fiocruz começará a construir no Polo Tecnológico de Euzébio a primeira plataforma para a produção de medicamentos biológicos a partir de células vegetais. O processo de produção a partir da extração vegetal é uma novidade no País.

A tecnologia garante mais segurança do que os remédios produzidos a partir de vírus e bactérias - produz menos efeitos colaterais. E requer menos investimentos. "Vamos usar a célula do tabaco para expressar a proteína do envelope do vírus da vacina da febre amarela", exemplifica o presidente do conselho Político e Estratégico de Bio-Manguinhos, Akira Homma.

A fábrica também produzirá medicamentos para doenças raras, como a doença de Gaucher. O remédio será fabricado a partir da célula da cenoura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um novo coquetel de dois medicamentos demonstrou ser muito eficaz contra a hepatite C, segundo resultados de um teste clínico publicados nesta quarta-feira (15) revelando que esta infecção crônica do fígado estaria a ponto de ser derrotada. Essa notícia é acompanhada com muito entusiasmo nos Estados Unidos, já que a hepatite C mata mais americanos do que a Aids.

Este estudo, que se concentra na combinação de dois antivirais ingeridos oralmente, o daclatasvir e o sofosbuvir, dos laboratórios farmacêuticos Bristol Myers Squibb e Gilead Sciences, mostra que a mistura dos dois supõe uma taxa de cura de 98% sem gerar efeitos colaterais significativos.

"Esta pesquisa abre caminho para tratamentos seguros, bem tolerados e eficazes para a grande maioria dos casos de hepatite C", comemorou o doutor Mark Sulkowski, diretor do Centro de Hepatites Virais da Faculdade de Medicina John Hopkins (Baltimore, Maryland, leste), e principal autor do estudo publicado na revista New England Journal of Medicine de 16 de janeiro, que foi financiado pelos dois laboratórios.

"Os medicamentos padrão contra a doença vão ter uma melhora considerável até o ano que vem, o que levará a avanços sem precedentes no tratamento dos doentes", prometeu. O teste clínico de fase 2 foi realizado com 211 homens e mulheres infectados com uma das principais cepas do vírus responsável por esta infecção hepática crônica, que causa cirrose ou câncer de fígado, tornando necessário um transplante desse órgão.

O coquetel foi eficaz mesmo em pacientes de difícil tratamento, para os quais a tripla terapia convencional (telaprevir ou boceprevir, além de peginterferon e ribavirina) fracassou. Entre os 126 participantes infectados pelo genótipo 1 do vírus da hepatite C que não receberam um tratamento prévio, 98% ficaram curados. Essa cepa é a mais frequente nos Estados Unidos.

Além disso, 98% dos 41 pacientes que ainda estavam infectados após uma tripla terapia convencional demonstraram não ter vestígio algum do vírus no sangue três meses depois do tratamento experimental. A taxa de cura foi similar nos outros 44 participantes do estudo, infectados pelos genótipos 2 e 3 do vírus, menos comum nos Estados Unidos.

Tratamento simplificado - Os participantes tomaram de forma habitual uma combinação de 60 miligramas de daclatasvir e 400 miligramas de sofosbuvir, com ou sem ribavirina, durante um período de três a seis meses. Um teste clínico anterior, realizado com sofosbuvir, combinado com o antiviral ribavirin, cujos resultados foram publicados em agosto de 2013, mostrou uma taxa de recuperação de 70% em doentes de hepatite C com o fígado comprometido.

Em dezembro, a Administração de Alimentação e Medicamentos americana, FDA, aprovou a comercialização de sofosbuvir combinado com peginterferon e ribavirin, para o tratamento da hepatite C, devido ao genótipo 1 e combinado unicamente com ribavirina para tratar a hepatite C de genotipo 2 e 3.

O daclatasvir ainda não foi autorizado pela FDA. Se a agência der luz verde à comercialização de declatasavir e outras novas moléculas eficazes contra a hepatite C, as injeções semanais tão temidas de peginterferon poderiam se tornar coisa do passado, segundo Sulkowski.

O tratamento da hepatite C também seria simplificado, passando de 18 comprimidos por dia a uma injeção semanal ou dois comprimidos diários, destacou.

Segundo dados do organismo federal dos Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC), menos de 5% dos 3,2 milhões de americanos que sofrem de hepatite C ficram curados. Os CDC estimam também que de 50% a 75% ignoram estar infectados, frequentemente pelo uso de drogas injetáveis, transfusões de sangue contaminado dos anos 70 ou 80 ou relações sexuais.

Algumas ONGs, como a Médicos do Mundo, veem uma "grande esperança" nestes medicamentos, especialmente o sofosbuvir da Gilead, mas seu alto custo (mais de 70.000 dólares para um tratamento de 12 semanas) o deixa fora do alcance da maioria dos doentes dos países em desenvolvimento. Pelo menos 185 milhões de pessoas estão infectadas com o vírus da hepatite C no mundo.

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