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Aos 59 anos de idade, Paulo Zulu contou aos seguidores que passou por um procedimento cirúrgico para a retirada de um tumor. O modelo abriu o coração em um vídeo publicado em suas redes sociais. Zulu começou a declaração explicando que este foi o segundo câncer que ele enfrentou, há dois anos ele já tinha retirado outro. A doença surgiu na bexiga do ator:

- Infelizmente, quando eu fiz aquele post do hospital, eu fiz uma prevenção, na verdade, eu tinha feito uma operação, porque foi descoberto um sistema canceroso pequeno na minha bexiga. Já é o segundo. Há dois anos eu tirei outro.

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O artista aproveitou para incentivar as pessoas a realizarem exames de prevenção. Como Paulo descobriu através de um procedimento de revisão e estava em uma fase inicial, ele pôde tirar com cirurgia mais facilmente.

- Não afeta nada a minha vida, porque eu sou super saudável, então, a recuperação é boa. Mas graças eu ter feito essa revisão, através da prevenção, eu consegui detectar em tempo hábil de poder operar e ficar bem.

Nos comentários, os fãs de Zulu elogiaram o famoso por compartilhar essa notícia e falaram da importância de se falar sobre exames preventivos.

O Rio Grande do Sul tem 374 municípios em situação de emergência por causa da estiagem, que ocorre desde dezembro. Os dados são os mais recentes da Defesa Civil do Estado. O número vem crescendo ante as 356 cidades que haviam decretado situação de emergência na última sexta-feira, 3.

Do total, 313 tiveram a situação de emergência homologada pelo governo do Estado e 287 foram reconhecidas pela União.

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O reconhecimento da situação pelo Estado permite aos municípios receberem ajuda humanitária, enquanto com a chancela da União as prefeituras podem receber recursos para enfrentar a seca. O reconhecimento estadual da situação de emergência possibilita também que os produtores rurais acionem o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro).

Na safra passada, 2021/22, 426 municípios gaúchos decretaram situação de emergência, enquanto 417 obtiveram reconhecimento da situação de emergência pela União.

A Polícia Federal (PF) começou nesta sexta-feira (10) a operação para retirar garimpeiros de comunidades Yanomami em Roraima. A primeira etapa da chamada Operação Libertação tem dois objetivos: reunir provas sobre a ação dos invasores e destruir a infraestrutura usada pelos garimpeiros, inclusive maquinário. "Os trabalhos visam à interrupção da logística do crime", afirma a PF em comunicado.

Foi montada uma força-tarefa com representantes da Polícia Federal, Ibama, Funai, Força Nacional e Ministério da Defesa para retirar os invasores. Ainda não se sabe quanto tempo o trabalho vai levar. O planejamento integrado da operação está sendo feito no Centro de Comando e Controle da Superintendência Regional da PF em Roraima.

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Uma das preocupações das autoridades é não dificultar a saída dos garimpeiros das terras Yanomami. Os responsáveis pela operação também estão atentos em evitar que o trabalho gere uma nova crise humanitária se essas pessoas ficarem sem meios mínimos para subsistência.

Além do trabalho operacional, a PF também investiga se os Yanomami foram vítimas de genocídio, omissão de socorro e crimes ambientais no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A crise vivida por essas comunidades é tema de uma ação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2020. Os ministros chegaram a ordenar a expulsão de garimpeiros e madeireiros ilegais, inclusive com uso da força, o que não foi cumprido. Também determinaram que todas as medidas necessárias para proteger a vida e a saúde da população Yanomami fossem tomadas. O STF disse ter encontrado indícios de que o governo Bolsonaro descumpriu decisões e prestou informações falsas sobre situação dos indígenas.

Neve, frio e estradas bloqueadas dificultaram os esforços para responder a dois fortes terremotos ocorrido na segunda-feira (6) que mataram mais de 5.150 pessoas no sul da Turquia e no norte da Síria, levando o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a declarar estado de emergência por três meses nas áreas afetadas do país.

"A escala do terremoto, é claro, nos obriga a tomar certas medidas extraordinárias", disse Erdogan nesta terça-feira (7) em um discurso televisionado. "Estaremos completando todos os procedimentos e formalidades necessárias muito rapidamente."

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O sul da Turquia experimentou 285 tremores secundários, incluindo alguns fortes o suficiente para causar o desmoronamento de novos edifícios, disse Orhan Tatar, funcionário da agência de gerenciamento de desastres do país. "A cada minuto novos tremores estão acontecendo", disse ele.

Na Síria, o desastre abalou uma região do país que abriga milhões de pessoas deslocadas pela guerra civil do país, muitas delas vivendo em acampamentos improvisados. Os terremotos na Síria mataram mais de 1.600 pessoas na região de Alepo e em várias outras áreas do país, segundo a organização de Defesa Civil da Síria e o Ministério da Saúde afiliado ao governo em Damasco.

O chefe do Crescente Vermelho Sírio pediu a suspensão das sanções internacionais impostas ao governo de Assad para permitir a entrada de ambulâncias, veículos de combate a incêndios e outros equipamentos pesados no país para operações de resgate.

Em toda a Turquia, a agência de emergência do país reuniu cerca de dez mil pessoas para um esforço de busca e resgate, disseram autoridades. O governo turco também mobilizou as forças armadas ao lado das autoridades de saúde para uma resposta nacional ao desastre. Fonte: Dow Jones Newswires.

O crime praticado contra a população Yanomami é irreparável, mas o governo está atuando em várias frentes para tentar minimizar o estrago feito pelos quatro anos do governo de Jair Bolsonaro, disse a ministra do meio ambiente, Marina Silva, antes do início da cerimônia de posse de Aloizio Mercadante na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.

Marina classificou a situação do povo indígena como "uma atrocidade inominável" e informou que o governo está atuando em várias frentes, com medidas emergências, estruturais e da recuperação cultural dos Yanomamis.

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"Todos os esforços estão sendo feitos na área de saúde, de combate à desnutrição, combate à violência seguindo as recomendações do presidente Lula. Para todas as denúncias estão sendo tomadas providências dentro dos órgãos de competência do governo", disse Marina antes do início da posse.

Segundo a ministra, o objetivo é que os Yanomamis retornem para as suas terras após estas serem recuperadas. Ela, porém, não quis precisar uma data para que isso aconteça. "Existem tecnologias de descontaminação das áreas e de recuperação. É um processo complexo e os esforços serão levados a cabo no tempo adequado para atingir os resultados. O projeto que está em curso é a recuperação do modo tradicional de vida da cultura Yanomami. A destruição é muito grande", ressaltou.

Grupos de inteligência do Governo Federal e lideranças do movimento indígena nas regiões Yanomami de Roraima registraram vídeos de grupos de garimpeiros deixando a região. A debandada acontece depois das ordens do presidente Lula para bloquear acesso à área pelas Forças Armadas e Ministério da Defesa para estrangular ações de grupos que sustentam garimpo ilegal na terra indígena.

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A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, desembarcou em Roraima no sábado, 4, para acompanhar as ações que tentam conter a crise humanitária envolvendo os Yanomami no estado. Em coletiva de imprensa, a ministra afirmou que esse movimento de saída espontânea desses grupos é um elemento necessário para que as ações de atendimento aos grupos indígenas afetados pela mineração ilegal seja efetiva e duradoura. "Para que a gente consiga sair dessa situação de emergência em saúde, é preciso combater a raiz, que é o garimpo ilegal. Não é possível que 30 mil Yanomami sigam convivendo com 20 mil garimpeiros dentro do seu território".

O governo de Roraima declarou que está acompanhando e mantendo o governo federal informado sobre essa saída voluntária das terras indígenas. A preocupação é que essa saída gere a ocupação de outras áreas de garimpo ilegal conhecias no estado como a Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

"Temos que ter estratégias, que não podemos compartilhar com todos vocês, para que isso não ocorra. Temos que ter vigilância maior em todas as terras indígenas", disse Lucia Alberta Andrade, diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Quando Carla Cristina Ferreira Rodrigues soube, em 2021, que havia sido aprovada no programa Mais Médicos para atuar em unidades de saúde dentro do território Yanomami, achava que estava preparada para todos os desafios logísticos e profissionais que enfrentaria. Graduada em 2016, a médica decidiu que faria a sua carreira atendendo populações negligenciadas. Passar 15 dias por mês dentro da floresta, sem cama nem banheiro e com escassez de recursos para o tratamento dos pacientes - condições que afastam a maioria dos profissionais dos territórios indígenas - já era esperado por Carla. "Fui preparada para o pior cenário. Fiz uma 'mochila consultório' com alguns equipamentos e itens de sobrevivência."

Mesmo preparada para as dificuldades, Carla deixou o trabalho 11 meses depois. O medo de morrer e a sensação de impotência de não poder salvar seus pacientes fizeram a médica desistir. "Dormia na rede com facão. Nas aldeias próximas do garimpo, havia violência dos garimpeiros e dos indígenas, que eram cooptados. Víamos tiroteios. Em um deles, começaram a atirar mirando o polo de saúde. Tivemos de nos esconder no banheiro e pedir resgate", afirmou.

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Historicamente, poucos profissionais topam passar 15 dias de cada mês dentro da floresta, isolados. Nos últimos anos, porém, com o avanço do garimpo e o enfraquecimento das políticas de saúde indígena, as condições de trabalho ficaram ainda mais precárias e a insegurança aumentou. "Quando cheguei, havia nove médicos no território, todos intercambistas do Mais Médicos que não tinham revalidado o diploma e, por isso, não podiam atuar fora do programa. Eu e dois colegas que chegamos na mesma data tínhamos nos formado no Brasil. Quando chegamos ao DSEI, sentíamos que as pessoas olhavam estranho, como se não entendessem como alguém podia querer trabalhar lá. Era um clima hostil", conta.

Quando passou a atender dentro da terra indígena, Carla encontrou situação de completa escassez. Faltavam itens básicos como luvas, dipirona e soro. "Depois de um tempo, comecei a separar R$ 600 do meu salário todo mês para comprar e levar alguns remédios e insumos básicos."

Os momentos mais difíceis, conta Carla, aconteciam quando essa escassez e precariedade se traduziam em mortes de pacientes. Foi no DSEI Yanomami que a médica perdeu a primeira criança. "Era uma bebê de 4 meses com problemas respiratórios. Não tinha oxigênio, não tinha maca, nada", diz.

Resgate

Em outro episódio, a médica foi acionada para ir até uma área mais afastada do território fazer o resgate de um indígena ferido. Foi sozinha apenas com o piloto do helicóptero e, ao chegar ao local, encontrou o paciente desacordado, com um ferimento na cabeça feito por um facão e hemorragia. "Não tinha ninguém para me ajudar a carregar. Quando ele chegou à cidade, também demorou para conseguir uma vaga de UTI e acabou morrendo", conta.

Carla sonha em voltar a atender os Yanomamis, com condições de trabalho melhores. "Os Yanomamis são muito diferentes do que estamos vendo nas notícias. É um povo forte, guerreiro e com quem aprendi muito. É preciso recuperar a dignidade deles."

70% das vagas para médicos na área estão vazias

Das 27 vagas existentes hoje no Mais Médicos para atuação no DSEI Yanomami, 19 estão vazias, segundo o Ministério da Saúde. A média de permanência é de 322 dias para formados no Brasil e 733 dias para graduados no exterior. A pasta diz que há um edital em andamento para as 19 vagas e a expectativa é de que sejam preenchidas no próximo mês.

Levantamento feito pelo Republica.org, instituto dedicado a melhorar a gestão de pessoas no serviço público, mostra que, no último edital do Mais Médicos, em julho, foram abertas 19 vagas para atuação no território indígena e só uma foi preenchida.

Para Paulo Cesar Basta, pesquisador da Fiocruz, o preconceito com os indígenas, as condições precárias de trabalho e a insegurança são alguns dos fatores que explicam a dificuldade de fixação de profissionais. "Situações que vivenciei há 20 anos atuando lá continuam se repetindo", diz.

Para Vanessa Campagnac, gerente de dados e comunicação do República.org, é preciso investir na formação de profissionais. "Políticas baseadas no aumento de vagas em universidades ou cotas nesses locais têm potencial de diminuir a desigualdade na distribuição de profissionais."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) instituiu a "Sala de Situação e Controle da Terra Indígena Yanomami", sediada na Superintendência do Ibama de Boa Vista em Roraima, com objetivo de coordenar, planejar e acompanhar as ações de combate ao garimpo ilegal na região.

A decisão está publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (2). De acordo com o ato, a Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro) do órgão ainda publicará Ordem de Serviço específica nomeando o coordenador da sala, que terá o prazo de 180 dias, podendo ser prorrogada mediante justificativa.

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A jovem Ana estava com seu bebê acampada em frente à feira do Produtor, em Boa Vista, capital de Roraima, juntamente com um grupo de 30 indígenas quando foi assassinada com um tiro na cabeça. Seu corpo foi abandonado no Instituto Médico Legal.

O bebê de Ana, de apenas seis meses, foi levado pelo Conselho Tutelar para um abrigo. Assim como ele, outras cinco crianças Yanomami, entre seis meses e 12 anos, estão abrigadas em Boa Vista, aguardando um posicionamento sobre sua situação. Elas ficam no abrigo infantil, sob responsabilidade do governo de Roraima, já que a prefeitura da capital não tem um local para atender as crianças.

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No momento há seis crianças indígenas Yanomami, com idades de 12 anos, sete anos, seis anos, um ano e três meses, um ano e um bebê de seis meses no local. Quatro dessas crianças estão de forma definitiva no local e duas chegaram recentemente. O governo afirma que, apesar de estarem abrigadas, nenhuma das crianças está disponível para adoção.

"Elas foram encaminhadas pelo Conselho Tutelar, via Vara da Infância. Todas as crianças e adolescentes que dão entrada nas nossas unidades de acolhimento seguem o protocolo. Quando se trata de abandono, maus tratos e vulnerabilidade, o Conselho Tutelar juntamente com a Justiça, após análise do caso, expede uma guia de acolhimento institucional para dar entrada nas unidades de acolhimento com a devida determinação Judicial" afirmou a Secretaria de Trabalho e Bem-Estar Social do governo de Roraima.

Representante Titular no Fórum Colegiado Nacional de Conselheiros Tutelares, Michela Livia Azevedo diz que, independentemente de cor, raça, credo ou etnia, toda criança em situação de risco e vulnerabilidade social tem direito à proteção do Conselho Tutelar e da Justiça. "Os indígenas estavam fazendo uso de bebidas alcoólicas e brigavam nas ruas, colocando as crianças em risco. Também ocorreram casos de crianças que estavam sendo embriagadas e situações em que pai e mãe foram mortos atropelados nas ruas e eles ficaram em situação de risco e foram abrigadas. São casos que ocorreram nos municípios de Boa Vista, Iracema e Alto Alegre."

O Tribunal de Justiça de Roraima informou que, em análise preliminar, foram identificados cinco indígenas Yanomami em acolhimento institucional e dois em processos de adoção. Os autos correm em segredo.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, determinou investigação sobre "altas autoridades federais" do governo Jair Bolsonaro por suposto crime de genocídio de povos indígenas, assim como delitos ambientais relacionados à vida, à saúde e à segurança de tais comunidades. Também deverão ser abertas apurações sobre desobediência de decisões judiciais e quebra de segredo de justiça. O ministro viu "quadro de absoluta insegurança dos povos indígenas, bem como a ocorrência de ação ou omissão, parcial ou total, por parte de autoridades federais, agravando tal situação".

A ordem de abertura de inquéritos é direcionada à Procuradoria-Geral da República, Ministério Público Militar, Ministério da Justiça e Segurança Pública e Superintendência Regional da Polícia Federal de Roraima. O ministro determinou o encaminhamento, aos órgãos, de uma série de documentos que, em sua avaliação, retratam situação "gravíssima e preocupante, sugestiva de absoluta anomia" na proteção dos indígenas, "bem como da prática de múltiplos ilícitos, com a participação de altas autoridades federais".

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Em despacho assinado nesta segunda-feira, 30, no âmbito de um processo sigiloso, Barroso chega a citar o teor dos documentos que lançam suspeitas sobre o governo Jair Bolsonaro. Entre eles está a publicação do Diário Oficial da União, feita pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres - hoje preso - com a data e local de uma operação sigilosa de intervenção em terra indígena. Também são citados indícios de alteração do planejamento da Operação Jacareacanga, "resultando em alerta aos garimpeiros, quebra de sigilo e inefetividade da iniciativa".

A determinação para a instauração de investigações foi acompanhada de outras três decisões com medidas para proteger as comunidades indígenas. Ao reforçar ordem para retirada de garimpos ilegais de terras indígenas, por exemplo, Barroso determinou a abertura de crédito orçamentário, "em valor suficiente para efetivar as providências e a adoção das medidas urgentes e necessárias à preservação da vida, da saúde e da segurança das comunidades em risco".

Emergência

De acordo com os representantes do Ministério Público Federal em Roraima, a União chegou a admitir que era impossível de combater o garimpo no Estado. O procurador da República em Roraima Alisson Marugal declarou que as operações coordenadas do governo federal durante a gestão de Jair Bolsonaro foram feitas para não funcionar.

Desde o último dia 20, o novo governo federal declarou emergência em saúde pública no território indígena Yanomami após identificar uma alta de casos de malária, desnutrição infantil e problemas de abastecimento. As imagens de indígenas magros e abatidos, entre eles várias crianças, chamaram a atenção nas redes sociais para a tragédia humanitária, reflexo de problemas de assistência e avanço do garimpo ilegal na região.

Marugal e o também procurador da República Matheus de Andrade Bueno dizem que "gradativamente, o garimpo vem crescendo desde 2017, atingindo seu pico em 2021 e 2022?.

Na época, o MPF estimava 20 mil garimpeiros no território Indígena em que vivem 30,4 mil Yanomamis. (COLABOROU EMILIO SANT'ANNA)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo federal vai publicar nesta terça-feira (31), por meio de decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mais uma série de medidas para combater a crise humanitária que atinge o povo Yanomami, em Roraima. As ações também têm por objetivo neutralizar o garimpo ilegal da região.

Entre as determinações estão a autorização para alguns ministérios requisitarem servidores, bens e serviços para o tratamento e proteção dos indígenas Yanomamis, incluindo desde o fornecimento de água potável, alimentos e vestuários até a perfuração de poços artesianos e aberturas de postos de apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e de Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

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Estão autorizados a fazer essas requisições os ministros de Estado da Defesa, José Múcio Monteiro; da Saúde, Nísia Trindade; do Desenvolvimento Social e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias; e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.

O decreto também amplia as ações da Aeronáutica no espaço aéreo para combater o tráfego de aviões suspeitos de atividades ilícitas. Para isso, será criada a Zona de identificação de Defesa Aérea (Zida), que ficará sobrejacente e adjacente ao território Yanomami enquanto durar o Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.

O governo federal também atribuiu à Força Nacional de Segurança a missão de atuar na segurança das equipes de saúde e assistência que vão trabalhar no território Yanomami.

Ainda segundo o decreto, o Ministério da Defesa vai atuar no "fornecimento de dados de inteligência e no transporte aéreo logístico das equipes da Polícia Federal, do lbama e dos demais órgãos e entidades da administração pública federal", que atuarão no combate da mineração ilegal na região.

No último dia 20, o Ministério da Saúde declarou emergência em saúde pública de importância nacional para a situação vivida pelo povo Yanomami. A medida foi tomada porque o território, com mais de 30 mil indígenas, tem sofrido com casos de insegurança alimentar, desnutrição infantil, malária e falta de acesso da população à saúde.

Muitos desses problemas foram agravados pela presença de garimpeiros ilegais. A atividade de mineração, proibida no local, contamina os rios e afugenta o animais que servem de caça e alimentos para os povos originários. Conflitos armados entre os garimpeiros e os Yanomami também têm vitimado parte dos indígenas.

No dia 23, profissionais da saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) foram à região para ajudar no tratamento dos indígenas e no diagnóstico da situação. Na terça-feira passada, 24 um hospital de campanha foi instalado na comunidade Surucucu para intensificar o atendimento emergencial aos locais.

Nos últimos trinta anos, a trajetória de Pedro Emiliano Garcia, 61 anos, se confunde com o caminho que levou à catástrofe humanitária que atinge hoje os Yanomami. Em julho de 1993, ele liderou um grupo de 20 garimpeiros ilegais que mataram ao menos 16 indígenas - três adolescentes, dois idosos, quatro crianças e um bebê, esfaqueado, entre eles -, no que ficou conhecido como o Massacre de Haximu.

Três anos depois, ele e quatro comparsas foram condenados por genocídio. Ao lado de outra chacina, a da Boca do Capacete, no Amazonas, contra os Tikunas, em 1988, são os dois primeiros casos julgados por esse tipo de crime no Brasil.

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Hoje, com uma tornozeleira eletrônica, Pedro Prancheta (como é chamado), aguarda em liberdade uma decisão da Justiça que pode levá-lo novamente para a cadeia, desta vez por até oito anos. Ele é acusado de chefiar um garimpo ilegal em terras Yanomami e de fornecer o auxílio logístico às operações. Em julho de 2020, 27 anos após o massacre, foi preso com dois quilos de ouro em sua casa, em Boa Vista.

Assim como na década de 1990, em 2020, quando Prancheta foi preso, o Território Indígena Yanomami sofria as consequências agudas da presença de mais de 20 mil garimpeiros ilegais em suas terras. Uma situação de total descontrole que culminou com centenas de mortes e no resgate de outras centenas por equipes do Ministério da Saúde em condições críticas de saúde e fome.

Emergência

Desde o dia 20 deste mês, foi decretado estado de emergência e a Polícia Federal passou a investigar as causas desse desastre humanitário que, segundo juristas ouvidos pelo Estadão, pode ser classificada como genocídio e levar à responsabilização de autoridades da Funai, Ministério da Saúde e, em última instância, do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nas redes sociais, Bolsonaro disse que a emergência na saúde Yanomami é uma "farsa da esquerda" e que a saúde indígena foi uma das prioridades da sua gestão.

"Já alertamos há muitos anos sobre essa crise humanitária e de saúde", afirmou a liderança Yanomami Dário Kopenawa, segundo quem o governo federal na gestão Bolsonaro abandonou a população indígena.

Investigação

Para o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, que conduziu o caso da Boca do Capacete e participou das investigações de Haximu, a crise humanitária atual mostra que em trinta anos pouco foi feito para evitar que a população indígena ficasse refém dos garimpeiros da ausência do Estado. "Não é uma questão de ontem, vem dos anos 90, 2000, 2010. Pouco aconteceu para que as mesmas situações se repitam", afirma.

A chacina de quase trinta anos atrás teve origem no contato entre indígenas e garimpeiros que ao chegar no território passaram a levar presentes como comida e roupas. Na manhã de 23 de julho, o grupo de garimpeiros liderado por Prancheta invadiu a aldeia e matou a tiros e golpes de facão ao menos 16 Yanomami. Apesar de o número de mortos nunca ter ficado claro, estimativas da época indicavam que até 70 indígenas podem ter sido mortos, a maioria mulheres e crianças.

"Se hoje, após a decisão do STF (que ratificou a condenação), as pessoas se tornaram mais conscientes das circunstâncias (de um crime de genocídio), quando fizemos a denúncia em 1993 colegas do Ministério Público perguntavam: 'Genocídio, como pode uma coisa dessas?'", afirma o jurista e ex-vice procurador-geral da República Luciano Mariz Maia. "Foi preciso fazer um trabalho delicado de apresentação das informações."

A diferença hoje é que a possibilidade de a crise humanitária dos Yanomami ser considerada um genocídio tem como agente de supostos crime não os garimpeiros (que incorrem em outras práticas), mas o próprio Estado brasileiro e seus representantes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma mulher indígena que estava internada em Boa Vista morreu na sexta-feira passada em decorrência do agravamento do seu estado de saúde. Rodênia Yanomami tinha 33 anos e estava na UTI do Hospital Geral de Roraima. Dois filhos estão internados com desnutrição severa no Hospital da Criança Santo Antônio, na capital roraimense.

Representantes também informaram sobre a morte de um líder e de uma criança de 9 anos na comunidade Surucucu, base da terra indígena no Estado. A mulher que morreu na sexta-feira havia dado entrada na unidade de saúde no último dia 24, com quadro clínico de diarreia, desnutrição e malária.

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Já os corpos do líder indígena e da criança, até as últimas atualizações, ainda não tinham sido resgatados por estarem em local de difícil acesso em Surucucu, região situada a cerca de 270 km da capital.

As principais causas das mortes na população são doença diarréica aguda, gastroenterocolite aguda, desnutrição, desnutrição grave, pneumonia e malária.

A denúncia foi feita pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana (Condisi), Júnior Hekurari Yanomami. "O número de profissionais não é suficiente para atender o Povo Yanomami, além de não terem as condições de trabalho necessárias. Existe também a presença dos garimpeiros na Terra Indígena Yanomami, o que colabora para o aumento do número de doenças e mortes, pois os mesmos impedem o funcionamento de postos de saúde", relatou Hekurari.

Ao menos 570 crianças Yanomamis morreram por causas evitáveis nos últimos 4 anos, segundo a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. A pneumonia foi responsável por 1/3 das mortes evitáveis de crianças Yanomami com até 5 anos de idade em 2022, segundo dados do Sisai (Sistema de Informações da Atenç?ão à Saúde Indígena). Ao todo, 99 indígenas nessa faixa etária morreram em 2022, sendo 33 deles por inflamação nos pulmões.

O Ministério dos Direitos Humanos enviou ontem uma comitiva de secretários a Boa Vista para apurar as violações de direitos humanos na região. grupo ficará até a próxima quinta-feirae pretende visitar comunidades indígenas, se reunir com lideranças de movimentos sociais e conversar com governantes, autoridades e membros do poder público local.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma recém-nascida com apenas um mês e outras três crianças foram resgatadas de avião do território Yanomami, no extremo Norte de Roraima, nessa sexta-feira (27). A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) investigam indícios de genocídio e omissão de socorro aos povos da região na gestão passada.

A recém-nascida contraiu malária, pneumonia e gripe. Ela precisou de oxigênio para o translado até a capital Boa Vista, onde deu entrada no Hospital da Criança Santo Antônio, o único hospital infantil de Roraima. 

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A unidade acomodava 59 indígenas nessa sexta (27), sendo 45 crianças Yanomami. Oito estavam internadas na UTI, duas intubadas com quadro de desnutrição grave, diarreia aguda, pneumonia e malária. Parte dos sintomas pode estar relacionada à contaminação por mercúrio decorrente do garimpo ilegal no território.

A única empresa de aviação que participa da operação de resgate indicou a média de 16 voos diários ao local, de acordo com o G1.

O atual governo federal estima que ao menos 99 crianças morreram na região só em 2022. Além do estado de emergência, um hospital de campanha foi montado na capital para suportar os atendimentos.

Ao reforçar, ao Supremo Tribunal Federal, pedido para que sejam retirados os invasores de sete terras indígenas em Roraima, com urgência nas operações de extrusão nos locais ocupados pelos povos Yanomami, Yekuana e outros em situação de isolamento voluntário, o Ministério Público Federal ressaltou ter alertado, desde setembro, para problemas nas ações do governo Jair Bolsonaro sobre a proteção dos povos originários.

Segundo a subprocuradora-geral da República Eliana Torelly, coordenadora da Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais, perícia entregue à Corte máxima em setembro já indicava que ações do governo Jair Bolsonaro sobre a desintrusão das terras indígenas 'apresentavam incompletude, possuindo efeitos localizados e temporários, que não se mostram suficientes para atender as determinações de retirada dos invasores'.

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Três meses depois, o Ministério Público Federal apontou descumprimento de ordens judiciais expedidas em ações que tramitam não só no Supremo, mas também no Tribunal Regional Federal da 1ª Região e na Justiça Federal de Roraima. Documentos da Polícia Federal e de procuradores que trabalham na área das sete terras indígenas também reforçaram o não cumprimento integral da desintrusão ordenada pelo STF.

Como mostrou o Estadão, o Supremo vai investigar se o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) descumpriu decisões judiciais e prestou informações falsas sobre a situação do povo Yanomami. Em comunicado divulgado nesta quinta, 26, o gabinete de Barroso afirma que as operações colocadas em prática pela União não seguiram o planejamento aprovado pelo STF e ocorreram com 'deficiências'.

Perícia divulgada no fim do ano passado, nos autos da PET 9.585, concluiu que os objetivos fixados no Plano Operacional de Atuação Integrada - Terra Indígena Yanomami nem no Plano Operacional 7 Tis não haviam sido atingidos. Também constatou o descumprimento de ordens judiciais expedidas pelo STF, Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) e Justiça Federal em Roraima.

O texto endereçado ao ministro Luís Roberto Barroso foi assinado nesta quinta-feira, 26. O documento foi levado ao STF no bojo da ação que a Apib pediu a 'desintrusão completa e imediata' das terras indígenas Karipuna, Uru-Eu-Wau-Wau, Kayapó, Araribóia, Mundurucu e Trincheira Bacajá, além da Yanomami.

Em uma ala destinada a indígenas do Hospital da Criança Santo Antônio, em Boa Vista, um dos pacientes é um menino de dez anos, de origem Yanomami. Diagnosticado com avançado quadro de desnutrição, ele aparenta ser bem mais novo. Deitado em uma rede, como é comum em blocos voltados aos indígenas, o garoto e o pai aguardam a transferência para a Casa de Apoio à Saúde Indígena Yanomami, unidade na zona rural da capital roraimense que atende pacientes menos graves

Ele não é o único. Outras 30 crianças indígenas foram internadas de 1º a 26 de janeiro deste ano com o mesmo diagnóstico, sendo 27 Yanomamis, etnia que vive uma grave crise sanitária e humanitária, reconhecida pelo governo federal na semana passada.

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"Malária. É meu filho. Malária aqui", tenta explicar Livaldo Yanomami, de 42 anos. A maioria dos indígenas dessa etnia não fala Português - por isso, as unidades de saúde precisam de intérpretes. O pai e filho foram trazidos da região de Surucucu no último dia 16. Pelo hospital, é possível também ver muitas mães abatidas, algumas delas amamentando os filhos.

São meninos e meninas, que cresceram muito pouco desde que nasceram e convivem com uma carência nutricional - e o baixo peso vira fator agravante para outras doenças. "A desnutrição aumenta o índice de mortalidade. Se outro paciente com quadro de infecção der entrada, ela (criança desnutrida) tem grande chance de ser contaminada e pegar outra doença", afirma o médico Ricardo Frota, do Hospital da Criança.

A unidade pediátrica é referência na região amazônica: além de atender todo o Estado de Roraima, recebe pacientes do sul do Amazonas e até de países vizinhos, como Guiana e Venezuela.

Em relação aos indígenas que têm sido levados para o hospital, diarreia, desnutrição grave, pneumonia, malária estão entres as principais causas de internações. Com o avanço do garimpo ilegal na terra indígena, os Yanomamis viram aumentar a contaminação dos rios por mercúrio e a fuga de animais, que antes serviam como caça, assustados com o barulho das máquinas para extrair o ouro.

Estima-se que haja 20 mil garimpeiros na área Yanomami. O governo federal diz que vai fazer operações para tirar os invasores do território.

Dieta balanceada

Nutricionista da unidade de saúde, Pedro Oliveira comenta que a alimentação fornecida tenta seguir a tradição e a cultura dos pacientes indígenas. "Oferecemos macaxeira (mandioca), batata-doce, abóbora, carimã, produtos à base de farináceos e implementamos nas preparações de tapioca, mingau de banana e do peixe, que a proteína mais consumida e ofertada", afirma Oliveira.

Com a falta crônica de vitaminas e nutrientes, muitas vezes o organismo fica desacostumado a receber uma quantidade normal de alimentos. Por isso, a solução problema não é só dar comida e exige acompanhamento multidisciplinar mais complexo.

"Além da alimentação, os pacientes recebem suporte nutricional, para aumentar o valor calórico e recuperar o peso", explica. Porém, quando as crianças recebem alta e voltam para a comunidade de origem, não conseguem manter essa alimentação balanceada.

Sobre as cestas básicas doadas às comunidades, o nutricionista afirma que a grande maioria dos alimentos doados - como macarrão e arroz - não faz parte do hábito alimentar dos indígenas. Desde o fim de semana passado, cerca de 30 toneladas de cestas básicas foram lançadas por aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) no território Yanomami - isolado no meio da floresta e com 30,4 mil indígenas.

Reforço

O Ministério da Saúde também enviou equipes médicas e de outros profissionais para atuar em Boa Vista, na Casa de Saúde Indígena, e também para a afastada região do Surucucu.

Na Casai (que tem 300 vagas e já havia recebido 715 pacientes no início da semana), também foi montado um hospital de campanha, para dar conta do aumento da demanda. O governo identificou pelo menos mil indígenas que precisam de atendimento emergencial.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal (PF) instaurou inquérito, por determinação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, para apurar os responsáveis pela crise humanitária na Terra Indígena Yanomami. Serão investigados crimes de genocídio, omissão de socorro, crimes ambientais e peculato. A investigação tramitará em Roraima, sob sigilo.

Em coletiva realizada na última segunda-feira (23), Dino disse ver "fortes indícios" de genocídio por parte da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. O ministro disse que "assassinar crianças é forma óbvia de levar a um extermínio de um povo". De acordo com a pasta, mais de 500 crianças indígenas morreram por causas evitáveis nos últimos quatro anos na região.

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O ministro também apontou para indícios de corrupção e disse que "milhões de reais foram alocados" a atendimento aos indígenas, "mas não encontraram eficácia". Outro eixo de ação do ministério, de acordo com o Dino, será a "desintrusão" de terras invadidas por garimpo ilegal.

Operação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), em novembro de 2022, mirou suspeitas de desvio no uso de verba para remédios na área Yanomami, onde foi decretada na sexta (20), emergência de saúde pelo governo federal. A suspeita era de que só 30% de mais de 90 tipos de medicamentos fornecidos por uma das empresas contratadas pelo distrito sanitário indígena local (DSEI-Y) teriam sido devidamente entregues.

Inspeção do MPF em julho apontou que a entrega do vermífugo albendazol, por exemplo, ocorreu em quantidade bastante inferior ao que constava em nota fiscal, relata a Procuradoria em documento ao Ministério da Saúde, em novembro. O MPF diz ainda que foi preciso cobrar várias vezes para que a direção do DSEI-Y providenciasse nova compra de remédios.

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"Dados relativos à cobertura de tratamento para verminose demonstram que o esquema implementado no DSEI-Y deixou 10.193 crianças desassistidas, aprofundando a tragédia humanitária dos Yanomami", diz o MPF, que pediu a nomeação de interventor para gerir o distrito sanitário.

Conforme o MPF, havia "claras evidências de que a mesma prática estenda-se a outros dos 95 medicamentos licitados", prejudicando a distribuição de outros itens, como Aciclovir, Ácido Fólico, Ácido Valpróico, Amoxicilina, Cefalexina, Cetoconazol, Clorexidina digluconato e Lidocaína. Segundo o documento, os indícios sugerem a participação de agentes públicos e privados em práticas fraudulentas. Entre 2020 e o ano passado, diz o MPF, o DSEI-Y recebeu mais de R$ 200 milhões.

A Operação Yoasi, da PF e do MPF, incluiu a expedição de 10 mandados de busca e apreensão pela 4ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal em Roraima.

Aumento da desnutrição desde 2021

O MPF alertava para a crise de saúde no território Yanomami pelo menos desde 2021. Em recomendação de novembro daquele ano, o órgão já cobrava ações do Ministério da Saúde para melhoria no atendimento à população indígena e solicitava a reformulação do plano de trabalho que vinha sendo adotado até então. Como causas para o pedido, destacou a piora nos quadros de desnutrição, mortalidade infantil e malária.

Assinado pelos procuradores da República Alisson Marugal (Roraima) e Fernando Merloto Soave (Amazonas), o documento traz uma série de indicadores. Em 2021, destaca, a taxa de mortalidade infantil atingiu o maior nível em mais de década e cerca da metade das crianças de até cinco anos tinha quadro de desnutrição.

As informações compiladas pelo MPF indicavam que, em 2019, foram registrados 117 óbitos infantis e 1.329 crianças nascidas vivas na reserva Yanomami, uma taxa de mortalidade nfantil (TMI) de 88,04. Em 2020, esse índice saltou para 112,38. Já no ano seguinte, apenas nos três primeiros meses do ano, foram 20 óbitos para 150 nascimentos, taxa de 133,33, afirma o documento.

A Terra Indígena Yanomami é a maior do País, com área de 9,6 milhões de hectares (equivalente à de Portugal). Nela, vivem 30,4 mil indígenas das etnias Yanomami - considerados de recente contato - e Ye'kwana, de cinco troncos linguísticos. O atendimento básico é feito pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami por meio de 37 Polos Bases, 78 unidades básicas de saúde e uma Casa de Saúde Indígena.

O documento do MPF aponta ainda queda de médicos para o DSEI. Em 2019, eram 21, total que caiu para 20 em 2020. Já em 2021, eram somente 16 (o ideal são 23). Após a cobrança do MPF, a pasta chegou a aumentar esse efetivo.

No sábado, 21, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que uma das prioridades era ampliar a capacidade da pista de pouso local, para facilitar o transporte de equipes. Em visita a Boa Vista, ele também prometeu eliminar o garimpo ilegal na região, apontado como uma das principais ameaças aos povos originários da Amazônia.

O ministério disse que estuda acelerar edital do Programa Mais Médicos para recrutar formados no País ou no exterior para atuar em distritos indígenas.

O Estadão tentou contato nesse domingo (22), com o ex-ministro Marcelo Queiroga, do governo Jair Bolsonaro (PL), para comentar as suspeitas de irregularidades e as medidas tomadas, mas não obteve retorno. A atual gestão do ministério afirma, em nota, que, além de declarar emergência, instalou o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública "como mecanismo nacional da gestão coordenada da resposta à emergência no âmbito nacional".

Flávio Dino, ministro da Justiça, determinou que haja um inquérito para apurar genocídio na área indígena. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi criticado durante seu mandato por enfraquecer os órgãos de apoio aos indígenas e por defender a liberação do garimpo ilegal em territórios cuidados pelos povos originários.

O Ministério da Saúde declarou emergência em saúde pública de importância nacional diante da necessidade de combate à desassistência sanitária dos povos que vivem no território Yanomami. Uma portaria, assinada pela ministra Nísia Trindade, foi publicada nesta sexta-feira, 20, em edição extra do 'Diário Oficial da União'.

O território tem sofrido com casos de insegurança alimentar, desnutrição infantil e falta de acesso da população à saúde. Também nesta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, anunciaram que devem ir à Roraima, neste sábado, 21, para acompanhar as ações diante da crise humanitária dessa população.

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De acordo com a portaria publicada nesta sexta-feira, um centro de operações foi implantado para coordenar uma resposta rápida ao cenário de emergência identificado no território Yanomami. Desde o início da semana, técnicos do Ministério da Saúde estão na terra indígena, onde habitam 30,4 mil pessoas, para fazer um diagnóstico das condições de vida da população local.

A proposta é fazer um levantamento da situação, identificar as demandas dos povos originários da região e estabelecer as ações a serem feitas para que os Yanomami superem um cenário de "crise humanitária", conforme descrito pela própria Sonia Guajajara. De acordo com a ministra, 570 crianças Yanomami "morreram de fome durante o último governo".

"O Ministério dos Povos Indígenas tomará medidas urgentes em torno desta crise humanitária imposta contra nossos povos", disse a chefe da pasta em uma postagem no seu Twitter, nesta sexta-feira. "A pedido do presidente Lula, visitaremos amanhã a Terra Indígena Yanomami para uma ação interministerial de emergência. Nossos parentes Yanomami enfrentam uma crise humanitária e sanitária. É inadmissível ver nossos parentes morrerem de desnutrição e fome", acrescentou Guajajara.

Um dos problemas que assolam a região são os constantes conflitos armados com garimpeiros, cujas atividades de garimpo em terras indígenas cresceram 495% entre 2010 e 2020.

No ano passado, Júnior Hekurari, líder indígena, relatou que pessoas da comunidade foram assassinadas em meio a esses confrontos.

A Polícia Federal, na época, não confirmou as mortes. Também em 2022, de acordo com o líder indígena, uma menina ianomâmi de 12 anos chegou a ser estuprada até a morte por garimpeiros na comunidade Aracaçá, na área de Waikás.

Depois de ter sido submetida a uma cirurgia para tratar uma hérnia que perfurou seu intestino, Mamma Bruschetta precisou passar por mais uma operação no último domingo, dia 25. Segundo o colunista Fefito, a apresentadora teve uma hemorragia interna após alguns pontos se romperem.

Apesar da primeira cirurgia ter sido considerada um sucesso, os médicos precisaram realizar um novo procedimento exploratório para cauterizar o sangramento e estabilizar os sinais da atriz. A apresentadora segue internada no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, mas passa bem.

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Ainda segundo o colunista, Mamma passou a noite de Natal sozinha no hospital, mas não deixou de entrar em contato com amigos e familiares através de ligações calorosas e cheias de carinho. Ela deve seguir em observação da UTI por mais alguns dias, mas não tem previsão de alta médica.

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