As eleições começam antes do encontro nas urnas e seus rumos já se definem a partir das pesquisas de voto. Até o momento, Lula leva vantagem em todos os cenários, o que indica a saudade do brasileiro da gestão do PT. O doutor em Ciência Política e professor da Asces-Unita Vanuccio Pimentel comentou sobre o cenário.
##RECOMENDA##Ao prever o acirramento da polarização, o estudioso lembra que a liderança do petista não surpreende. Ele se apresentou como forte concorrente em 2018, mas teve a candidatura impossibilitada pela pena decretada pelo ex-juiz Sergio Moro, o que pavimentou o crescimento do então candidato Jair Bolsonaro.
Na visão de Vanuccio, além do “próprio desajuste que é o Governo Bolsonaro e da lembrança que as pessoas têm do Governo Lula”, a implosão do centro do antipetismo, sustentado pela Operação Lava Jato, justifica a reconciliação do eleitorado com o ex-presidente.
"Com a Lava Jato naufragando e as decisões de Moro sendo revertidas, isso sai do cenário real da Política, ou seja, já é um tema que não vai estar mais em discussão, o que beneficia muito o Lula pelo fato de que toda aquela estrutura se desabou e, queira ou não, justifica o discurso que sempre teve desde o começo da Lava Jato de que era uma operação política", afirma.
Eleito no 1º turno
Votado por aproximadamente 48% dos eleitores, as previsões possibilitam uma vitória ainda no primeiro turno. "Dependendo da quantidade de apoios que Lula possa vir a conseguir, ele tem uma possibilidade real de projetar uma vitória no primeiro turno. Ainda é muito cedo, mas é algo que pode ocorrer", comenta o professor.
Lula é maior que o PT
Como Fernando Haddad não foi suficiente em 2018 e Dilma Rousseff foi destituída pela pressão popular dos protestos de 2013, o cientista vê a popularidade do petista como o interesse fundamental ao invés da volta do PT em si.
"Dilma ainda mantém uma popularidade baixa comparada com Lula. Então, o eleitor soube diferenciar o que era o Governo Lula e o que era o Governo Dilma. Não sei se há esse arrependimento", considera.
Terceira via retraiu junto com a Lava Jato
Bem atrás, uma terceira via tímida se apresenta com Sergio Moro, que teve a credibilidade contestada quando assumiu o Ministério da Justiça a convite de Bolsonaro e, recentemente, se filiou ao Podemos para concorrer à Presidência. Como quarta força, Ciro Gomes (PDT) é ameaçado de ter que suspender a candidatura pelo baixo desempenho.
"A terceira via, no contexto de hoje, é muito restrita. Estamos falando de talvez, no máximo, 20% do eleitorado. Basicamente não impede uma polarização entre os dois principais atores. Então, acho muito difícil que esta terceira via ganhe fôlego eleitoral", complementa Vanuccio.