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O novo medicamento ravidasvir, utilizado em combinação com sofosbuvir, que o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) detém o registro, poderá reduzir em até 20% o custo do tratamento de hepatite C pelo Sistema Único de Saúde (SUS), hoje entre R$ 6,2 mil e R$ 6,5 mil por paciente. A estimativa é feita pelo diretor de Farmanguinhos, Jorge Mendonça.

Por intermédio de Farmanguinhos, a Fiocruz assinou nessa semana acordo de parceria para registro do ravidasvir na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A parceria técnica e científica foi firmada com a organização não governamental (ONG) Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) e a farmacêutica egípcia Pharco Pharmaceuticals.

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À Agência Brasil, Jorge Mendonça detalhou que a farmacêutica egípcia Pharco fez testes, em conjunto com a DNDi, para mostrar a efetividade do ravidasvir, juntamente com o sofosbuvir, nas populações da Tailândia e da Malásia. Foi registrado percentual de cura, na média, de 97%. “Uma média bastante alta, comparada com padrões mais modernos utilizados para tratamento efetivo da hepatite C”. A hepatite C é uma inflamação do fígado provocada pelo vírus HCV que, quando crônica, pode levar à cirrose, à insuficiência hepática e ao câncer.

Etapas

Após a assinatura do acordo, Mendonça explicou que a próxima etapa será submeter o medicamento para aprovação na Anvisa. Em seguida, esperar o registro ser publicado pela Agência para, posteriormente, fornecê-lo ao Ministério da Saúde para tratamento da hepatite C, em conjunto com o sofosbuvir. Jorge Mendonça estima que esse é um processo longo, que deverá levar entre um ano a um ano e meio.

“Contudo, a gente entende que quanto mais ofertas para o tratamento da hepatite C estiverem disponíveis no SUS, a gente traz mais possibilidades para os médicos e mais possibilidades para os pacientes usarem medicamentos que são de primeira linha e que podem trazer mais conforto e mais adesão ao tratamento por parte desses pacientes”, manifestou o diretor de Farmanguinhos.

Além do sofosbuvir, Farmanguinhos já detém o registro do antiviral daclatasvir, o que reforça o papel do Instituto como apoiador do Complexo Econômico Industrial da Saúde (Ceis) e promotor da independência nacional no tratamento da hepatite C. "Durante muito tempo, não havia muitas opções de tratamento eficazes para a hepatite C. Agora, porém, com os medicamentos desenvolvidos por Farmanguinhos, já há chances de cura", diz Mendonça.

“Hoje em dia, é um tratamento, em média, de 12 semanas, com taxa de cura efetiva acima de 95%”. O diretor analisou que com o registro do Ravidasvir, não haverá aumento da taxa de cura. “Mas a gente pode, no futuro, que é um dos objetivos da transferência do Ravidasvir também, reduzir o custo do tratamento para o SUS e, com isso, a chance de aumentar o acesso das populações atualmente não atendidas também se torna mais sustentável pelo SUS”.

O principal objetivo do registro do Favidasvir é que a Fiocruz consiga contribuir para a sustentabilidade orçamentária desse programa de tratamento das hepatites virais pelo SUS, que é bastante custoso para o Ministério da Saúde, argumentou Jorge Mendonça. 

Busca ativa

Segundo o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, divulgado pelo Ministério da Saúde em junho de 2022, foram confirmados 718.651 casos de hepatites virais no Brasil registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), no período de 2000 a 2021. Desse total, 168.175 (23,4%) são referentes aos casos de hepatite A, 264.640 (36,8%) aos de hepatite B, 279.872 (38,9%) aos de hepatite C e 4.259 (0,6%) aos de hepatite D.

Como se desconhecem os casos ocorridos durante a pandemia da covid-19, Jorge Mendonça disse que o próximo passo que os programas de hepatites virais do mundo vão dar é chamado de “busca ativa”. Ou seja, em vez de ficar esperando o paciente vir em busca de tratamento, serão feitas testagens em massa para tratar esses pacientes, já que a hepatite C, nos primeiros momentos e até nos primeiros anos da doença, não traz sintomas. A ideia é buscar esses indivíduos e tratar logo antes que a hepatite C fique crônica nele. “Isso é fundamental para efetividade do tratamento e para a saúde do paciente”, conclui Mendonça.

O Prêmio Nobel de Medicina concedido aos descobridores do vírus da hepatite C revela os grandes avanços feitos no diagnóstico e tratamento da infecção nos últimos 30 anos, mas também os obstáculos que ainda existem para a erradicação da doença até 2030, de acordo com a meta da Organização Mundial de Saúde (OMS).

São pelo menos 70 milhões de casos hoje no mundo, com mais de 400 mil mortes por ano, segundo a OMS. No Brasil, cerca de 700 mil pessoas vivem com hepatite C. De acordo com o último boletim, foram 27.773 mil novos casos e 1.574 mortes em 2018. As regiões mais atingidas do planeta são as da Europa Oriental, Egito, Índia e algumas partes da Ásia. A hepatite C ainda é a principal responsável pelos casos de cirrose e câncer de fígado - que podem levar à necessidade de um transplante.

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Os pesquisadores americanos Harvey J. Alter e Charles M. Rice e o britânico Michael Houghton foram os laureados com o Nobel de Medicina por suas descobertas que levaram ao desenvolvimento de drogas capazes de curar a doença em 99% dos casos. "Pela primeira vez na história, a doença pode ser curada, aumentando as chances de erradicação do vírus da hepatite C no mundo", justificou o comitê do Nobel, no anúncio em Estocolmo.

O grande desafio agora é fazer com que os remédios se tornem disponíveis para todos a um custo mais baixo do que o atual, evitando a disseminação viral que ainda ocorre sobretudo entre usuários de drogas injetáveis. No Brasil, o remédio é distribuído gratuitamente pelo SUS. "O que precisamos agora é da vontade política de erradicar a doença", afirmou Alter, depois de ser informado sobr e a premiação.

Outro grande desafio é a subnotificação. Muitas vezes, a infecção no fígado leva até 30 anos para manifestar os primeiros sintomas (por isso é chamada de doença silenciosa) e as pessoas não sabem que estão infectadas. Não diagnosticada e não tratada, a doença evolui perigosamente para a cirrose e o câncer de fígado.

Os cientistas já conheciam os vírus da hepatite A e B, mas apenas em 1989 o grupo de Alter conseguiu identificar o vírus da hepatite C. "Hoje, tomamos como certo que, se recebermos uma transfusão de sangue, não vamos ficar doentes", afirmou Rice. "Mas não era assim antes de podermos testar todos os estoques de sangue."

Atualmente trata-se da única doença viral crônica que pode ser curada em praticamente todos os casos com apenas poucos meses de tratamento. "Esse é um dos maiores casos de sucesso da medicina moderna", resume o infectologista Alexandre Naime Barbosa, chefe do setor de infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp). "Em pouco mais de 30 anos, identificamos um agente não conhecido, isolamos o vírus, chegamos a um diagnóstico preciso e desenvolvemos um tratamento capaz de curar a doença em 99% dos casos."

Biografia

Alter, de 85 anos, trabalhou durante décadas no Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos e continua em atividade até hoje. Houghton, de 69 anos, trabalhou na farmacêutica Chiron, na Califórnia, antes de ir para a Universidade de Alberta, no Canadá. Rice, de 68, trabalhou com hepatite na Universidade de Washington, em St. Louis e, atualmente, está na Universidade Rockefeller, em Nova York, nos EUA.

Alter foi o primeiro a descobrir que muitos pacientes que não apresentavam o vírus da hepatite A ou B também desenvolviam a inflamação no fígado. Por anos, no entanto, inferia-se que haveria um outro vírus, que eles chamavam de não-A e não-B, mas não se conseguia isolá-lo. Somente em 1989, o grupo de Houghton conseguiu isolar o vírus.

"Trabalho com hepatite desde os anos 1980 e te digo que a gente apanhou, ela deu um baile na gente", afirmou o infectologista Celso Granato, da Escola Paulista de Medicina, referindo-se à dificuldade de isolar o vírus da hepatite. "Vi muita gente querendo rasgar o diploma."

Posteriormente, o grupo de Rice constatou que o vírus, de fato, era o responsável pela infecção e o desenvolvimento da doença em humanos, levando ao desenvolvimento de testes e tratamentos. "Não vemos casos de transmissão de hepatite C pelo sangue desde 1997", disse Alter. "Atualmente, podemos curar virtualmente todo mundo que é diagnosticado. Com isso, é possível que consigamos erradicar a doença ainda na próxima década, como espera a OMS."

Coronavírus

Alter e Rice estão trabalhando atualmente na pesquisa do coronavírus. Houghton tenta desenvolver uma vacina contra a hepatite C e espera começar os testes clínicos já no ano que vem, nos EUA, na Alemanha e na Itália.

Pela primeira vez desde 1944, a cerimônia de premiação física do Prêmio Nobel, em 10 de dezembro, foi cancelada, por causa da pandemia de covid-19. Será substituída por um evento online, no qual os laureados receberão os prêmios em seu país de residência. Uma cerimônia ainda está marcada em Oslo para o Prêmio Nobel da Paz, mas reduzida ao mínimo.

O tradicional banquete dos premiados, celebrado todo ano em dezembro em Estocolmo, na Suécia, também foi cancelado. O banquete havia sido cancelado anteriormente durante as duas Guerras Mundiais. Também não ocorreu em 1907, 1924 e 1956.

Os três cientistas vão dividir o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões). O prêmio de Medicina anunciado ontem é o primeiro de seis que serão revelados ao longo desta semana. Os demais são Física, Química, Literatura, Paz e Economia. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Identificação do vírus já havia levado à premiação em 1976

A inflamação do fígado, ou hepatite, a combinação das palavras gregas para fígado e inflamação, é causada primariamente por infecções virais, embora o abuso de álcool, toxinas ambientais e doenças autoimunes sejam também causas importantes. Nos anos 40, ficou claro que havia pelo menos dois tipos principais de hepatite infecciosa.

O primeiro, hepatite A, é transmitido por água poluída ou alimentos e geralmente tem pouco impacto a longo prazo no paciente.

O segundo tipo, a hepatite B é transmitido pelo sangue e fluidos corporais e representa uma ameaça muito mais séria, pois pode levar a uma condição crônica, com o posterior desenvolvimento de cirrose e câncer de fígado. Esta forma de hepatite é insidiosa, porque indivíduos saudáveis podem estar infectados por muitos anos antes de apresentarem complicações sérias. Hepatites transmitidas pelo sangue são associadas a uma significativa morbidade e mortalidade, e causam mais de 1 milhão de mortes por ano - tornando-a uma ameaça à saúde comparável à da infecção pelo HIV e à tuberculose.

Laureado

A chave para uma intervenção bem-sucedida contra doenças infecciosas é identificar o agente causador. Nos anos 1960, Baruch Blumberg determinou que uma forma de hepatite de transmissão sanguínea era causada por um vírus que ficou conhecido como vírus da hepatite B. A descoberta levou ao desenvolvimento de testes de diagnóstico e a uma vacina eficaz. Blumberg recebeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1976 por essa descoberta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O vírus da hepatite C, cuja descoberta foi recompensada nesta segunda-feira (5) pelo Prêmio Nobel de Medicina, é responsável por uma doença crônica, que progride em silêncio antes de muitas vezes levar à cirrose e câncer de fígado, mas que agora sabemos como tratar.

Qualificada pelo júri do Nobel como um "grande problema de saúde global", a hepatite C mata 400.000 pessoas a cada ano e 71 milhões são portadoras crônicas do vírus, ou 1% da população mundial, estima a Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Entre eles, apenas um em cada cinco (19%) tem conhecimento da sua doença, devido ao acesso muito limitado ao rastreio e diagnóstico, acrescenta a OMS.

Na França, "estima-se que quase uma em cada três pessoas não sabe que está infectada", segundo o Inserm.

Após uma fase de infecção aguda, geralmente assintomática, uma minoria dos pacientes (15% a 45%) elimina o vírus espontaneamente, mas na grande maioria ele se instala nas células do fígado e a doença assume uma forma crônica.

No entanto, permanece em silêncio por muito tempo: evolui por dez, vinte ou trinta anos antes que surjam complicações graves, como cirrose ou câncer de fígado.

Segundo a OMS, "entre os pacientes crônicos, o risco de cirrose hepática é de 15% a 30% em um período de 20 anos".

A hepatite C é transmitida principalmente pelo sangue. As transfusões têm sido um grande modo de contaminação mas, desde o desenvolvimento de um teste de triagem as transmissões por este meio foram reduzidas a praticamente zero.

Hoje, a OMS estima que 23% das novas infecções e 33% das mortes pelo vírus da hepatite C (VHC) são atribuíveis à injeção de drogas com equipamento não esterilizado.

Também pode ser transmitido durante tatuagens ou piercings com equipamentos sujos ou, mais raramente, durante o sexo e de uma mãe infectada para seu filho.

O tratamento dessa doença foi revolucionado na virada da década de 2010 com a chegada de novos tratamentos antivirais de "ação direta", capazes de eliminar o vírus em poucos meses em mais de 95% das pessoas infectadas, em especial o sofosbuvir, comercializado pelo laboratório Gilead sob o nome de Sovaldi.

Esses novos tratamentos fazem da hepatite C "a única doença viral crônica que pode ser curada", destaca o Inserm.

Desde o seu surgimento, a hepatite C vem diminuindo constantemente nos países com acesso ao tratamento.

Na França, 193.000 pessoas tinham hepatite C crônica em 2016, em comparação com 232.000 em 2011.

Em outras partes do mundo, sua distribuição é, no entanto, prejudicada por seu alto custo, mesmo que os preços tenham caído acentuadamente nos últimos anos com a introdução de versões genéricas.

No final de 2017, apenas 5 milhões de pessoas entre 71 milhões de doentes crônicos haviam sido tratadas com antivirais de ação direta, muito longe da meta da OMS de tratar 80% das pessoas infectadas até 2030.

"Para atingir esse objetivo” e, assim, erradicar a hepatite C, "são necessários esforços internacionais para facilitar os testes de triagem e tornar os medicamentos antivirais acessíveis em todo o mundo", enfatizou o comitê do Nobel nesta segunda-feira.

Os americanos Harvey Alter e Charles Rice e o britânico Michael Houghton são os vencedores do Prêmio Nobel de Medicina de 2020 pela descoberta do vírus da hepatite C - anunciou o júri do Nobel, nesta segunda-feira (5), em Estocolmo.

Os três foram escolhidos por "sua contribuição decisiva para a luta contra este tipo de hepatite, um grande problema de saúde mundial que provoca cirrose e câncer de fígado", explicou o júri.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula em quase 70 milhões o número de infecções por hepatite C, que provoca 400.000 mortes por ano.

No fim dos anos 1970, Harvey Alter identificou que, durante as transfusões, acontecia um contágio hepático misterioso, e não era nem hepatite A nem hepatite B, recordou o júri.

Anos mais tarde, em 1989, Michael Houghton e sua equipe foram reconhecidos pela descoberta da sequência genética do vírus. Charles Rice analisou durante anos a maneira como o vírus se replicava, pesquisas que levaram ao surgimento de um novo tratamento revolucionário no início dos anos 2010.

"Seu trabalho é uma conquista histórica em nossa luta contínua contra as infecções virais", afirmou Gunilla Karlsson Hedestam, integrante da Assembleia Nobel que decide os vencedores.

O prêmio é o primeiro diretamente relacionado a um vírus desde 2008.

Depois do concedido a dois virologistas em 1946 (de Química), este Nobel se une aos 17 prêmios direta, ou indiretamente, vinculados a trabalhos sobre os vírus, de acordo com Erling Norrby, ex-secretário da Academia Sueca de Ciências.

Os vencedores do Prêmio Nobel serão anunciados esta semana, como estava previsto, mas cerimônia presencial de entrega dos prêmios, em 10 de dezembro em Estocolmo, foi cancelada devido à pandemia do novo coronavírus.

Os laureados, que compartilham quase um milhão de euros, receberão os prêmios em seus países de residência.

No ano passado, o Nobel de Medicina foi concedido aos americanos Willial Kaelin e Gregg Semenza, assim como ao britânico Peter Ratcliffe, por seus trabalhos sobre a adaptação das células aos níveis variáveis de oxigênio no corpo, abrindo perspectivas no tratamento do câncer e da anemia.

Na terça-feira será anunciado o Nobel de Física; na quarta, o Química; e, no dia seguinte, o prêmio de Literatura.

O Nobel da Paz será revelado na sexta-feira em Oslo. E o prêmio de Economia, criado em 1968, encerrará a temporada na próxima segunda-feira.

Pelo menos 220 tratamentos de um medicamento caro e essencial para pacientes com hepatite C, o sofosbuvir, perderam a validade antes de serem entregues. O prejuízo potencial é de mais de R$ 1,8 milhão para os cofres públicos.

O Ministério da Saúde não informou se tentará negociar com fabricante a substituição do produto. A possibilidade, porém, é remota, uma vez que o medicamento ficou meses guardado no armazém do governo federal. A compra havia sido feita em 2017.

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Como o jornal O Estado de S. Paulo revelou em janeiro, os remédios foram distribuídos pelo Ministério da Saúde para vários Estados, pouco mais de um mês antes de o prazo de validade expirar - o que ocorreu em 28 de fevereiro. Somente o governo de São Paulo recebeu 2,2 mil. Diante do prazo apertado para a entrega nas cidades com pacientes cadastrados, o governo paulista chegou a cogitar a recusa do recebimento nos lotes. Mas, por causa da necessidade das pessoas que aguardavam na fila, montou uma distribuição de urgência.

Mesmo assim, cerca de 10% da remessa não foi usada, diante do pouco tempo disponível para a entrega. A exemplo de São Paulo, outros Estados, que inicialmente se mostraram resistentes no recebimento, também aceitaram montar uma operação de emergência.

O Ministério da Saúde não informou qual foi a perda total. Também não há definição sobre o que será feito com as drogas que agora não podem mais ser usadas pelos pacientes. A pasta informou que irá aguardar informações de todo o País para definir uma estratégia.

Pelas contas do ministério, cerca de 15 mil pessoas esperavam em 2018 o tratamento, que pode significar a cura da doença. Quando não tratada, a hepatite C pode levar à morte.

Desorganização

O prazo de validade tão curto para o sofosvubir foi atribuído a um descompasso na compra dos remédios usados no tratamento. O remédio havia sido adquirido há dois anos, dentro de uma compra maior e aguardava nos armazéns do Ministério da Saúde a chegada de outro medicamento, o daclastavir, usado na combinação para os pacientes. Por atrasos na licitação, no entanto, a compra somente foi feita em novembro passado, por meio de um pregão emergencial. Ao todo, foram comprados 15 mil tratamentos. Organizações ligadas a pacientes dizem que a compra foi num valor muito acima do praticado no mercado.

Pouco mais de um terço foi entregue para pacientes (5.337 tratamentos). Outros 5.666 chegaram ao ministério somente na semana passada e agora começarão a ser enviados para os Estados. A pasta não informou as causas da demora.

Os prazos do daclastavir também não são folgados. A primeira remessa tem de ser usada até maio. Diretor do Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite, Carlos Varaldo questiona os valores da última compra e pediu investigação no TCU. Pelo seu cálculo, o prejuízo do ministério foi de R$ 77 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Sistema Único de Saúde (SUS) terá o medicamento Sofosbuvir em ligação ao Velpatasvir para o tratamento da hepatite Crônica. Segundo a nota do Ministério da Saúde, o prazo para o recebimento dos medicamentos é de 180 dias.

De acordo com a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), entre o Sofosbuvir (400 mg) e o Velpatasvir (100 mg) será usada de acordo com a indicação dos médicos para o tratamento da doença. “Além disso, a medicação trata todos os genótipos do vírus da hepatite C e, dependendo da condição clínica dos pacientes, o tratamento pode durar 12 semanas com alta eficácia e segurança”, informou a organização.

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A hepatite C é uma doença infecciosa causada pelo vírus hepetite C (VHC), que afeta principalmente o fígado. A doença pode ser contraída por meio de contato sanguíneo, como o uso compartilhado de seringas, uso de material médico mal esterilizado e transfusões de sangue. (Por Beatriz Gouvêa)

 

O Sistema Único de Saúde (SUS) terá o medicamento Sofosbuvir em ligação ao Velpatasvir para o tratamento da hepatite Crônica. Segundo a nota do Ministério da Saúde, o prazo para o recebimento dos medicamentos é de 180 dias.

De acordo com a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), entre o Sofosbuvir (400 mg) e o Velpatasvir (100 mg) será usada de acordo com a indicação dos médicos para o tratamento da doença. “Além disso, a medicação trata todos os genótipos do vírus da hepatite C e, dependendo da condição clínica dos pacientes, o tratamento pode durar 12 semanas com alta eficácia e segurança”, informou a organização.

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A hepatite C é uma doença infecciosa causada pelo vírus hepetite C (VHC), que afeta principalmente o fígado. A doença pode ser contraída por meio de contato sanguíneo, como o uso compartilhado de seringas, uso de material médico mal esterilizado e transfusões de sangue. (Por Beatriz Gouvêa)

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou o registro de um medicamento genérico inédito destinado ao tratamento de infecções causadas por hepatite C crônica. O Sofosbuvir atua como inibidor da enzima essencial para a replicação do vírus que provoca a doença.

De acordo com a Anvisa, a aprovação do Sofosbuvir deve reduzir os custos do tratamento, pois os medicamentos genéricos entrarão no mercado com valor, no mínimo, 35% menor que o do produto de referência.

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Até o momento, não havia genéricos do medicamento Sofosbuvir, que está no mercado com o nome comercial Sovaldi, registrado pela empresa Gilead Sciences Farmacêutica do Brasil Ltda.

No dia 28 de julho é comemorado o Dia Mundial de Combate às Hepatites. A doença viral do tipo C é a mais comum e é meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) erradicá-la até 2030.

Com o objetivo de identificar e tratar o maior número de pessoas portadoras do vírus, a Semana Hepatite Zero realiza testes rápidos de hepatite C em todo o Brasil entre 24 e 28 de julho.

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A campanha é uma iniciativa da Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite (ABPH) em parceria com o Rotary Club. Em 2016, mais de 100 mil pessoas fizeram o teste, das quais 1.015 foram diagnosticadas com a doença e encaminhadas ao tratamento adequado.

O teste é rápido e feito com apenas algumas gotas de sangue retiradas da ponta do dedo. Com o diagnóstico positivo, as pessoas serão orientadas e encaminhadas para o tratamento adequado e gratuito em uma unidade da ABPH.

A hepatite C é uma infecção causada por um vírus transmitido através do contato com sangue contaminado. Embora ataque, principalmente, o fígado - chegando a desencadear cirrose ou câncer -, a doença interfere na ação da insulina no organismo e pode causar diabetes tipo 2.

Porém, a doença é silenciosa, ou seja, não há sintomas na maioria dos casos. No Brasil, ela atinge 2 milhões de pessoas, das quais 70% não sabem que a possuem e apenas 10% foram tratadas.

A boa notícia é que a doença tem cura: 95% dos casos mundiais em um período de três a seis meses de tratamento, segundo a OMS. Assim, entidades e sociedades médicas alertam para a importância de se fazer o teste.

 

Serviço - São Paulo

Quando?

De 24 a 28 de julho, das 8h às 17h

Onde?

Terminais rodoviários do Tietê, Barra Funda, Jabaquara e Guarulhos.

Estações Brás, Santana e Tamanduateí do Metrô.

Poupatempo Sé, Itaquera, Santo Amaro, São Bernardo, Cidade Ademar, Carapicuíba, Diadema, Guarulhos, Lapa e Osasco.

A campanha está em todo o Brasil, e as demais cidades serão atualizadas pela Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite no Facebook.

Em Pernambuco, na tarde desta segunda-feira (26), o chefe do Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, Rafael Franzini, falou que a Hepatite C tem causado "prejuízos" nas pessoas que injetam drogas. Ele declarou que o número de mortes entre usuários de drogas atribuídas a hepatite c é maior que outras causas.

A informação foi divulgada durante a divulgação do Relatório Mundial da ONU sobre Drogas, em solenidade na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Franzini destacou os números de portadores de HIV e de hepatite entre pessoas que injetam drogas (entre 15 e 64 anos): 1,6 milhão vivem com HIV; 6,1 milhões vivem com hepatite c e 1,3 milhão com ambos. 

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"A Hepatite C tem causado prejuízo nas pessoas que injetam drogas. Não tínhamos consciência clara dos estudos, que a hepatite c tem influência letal aos usuários de drogas", alertou ao também dizer que a então epidemia da HIV está atualmente "mais controlada". 

No geral,  Franzini destacou que "felizmente" o uso de Drogas a nível mundial está "estável" e que "não há incremento" no que se refere ao uso das drogas em geral. No entanto, alertou que "o problema das drogas é mundial", que necessita de esforços conjuntos e, ressaltou que apenas uma a cada seis pessoas conseguem o acesso aos serviços de saúde necessários. "É bem pouco", enfatizou.

O representante da ONU também disse que o relatório de 2017, o vigésimo lançado pela ONU, possui um formato "mais fácil de compreender". O documento é formado por cinco libretos, cada um com um assunto específico sobre o tema.

Rafael Franzini ainda ressaltou que a Europa é quem mais repassa informações sobre o tema para embasar o documento. "Muitas vezes não temos dados, o que é mito complicado para nós. Têm países que há muitos anos não têm estudos quanto ao uso das drogas. É complicado, por isso este relatório é um trabalho bem complexo e que têm desafia para chegar a um número", criticou.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta para o aumento de casos de hepatites virais em todo o mundo. A estimativa da entidade é que 325 milhões de pessoas no planeta vivam com um quadro crônico de infecção viral por hepatite B ou hepatite C – a maioria delas sem acesso a exames que atestem a doença e, portanto, sem tratamento.

“Como resultado, milhões de pessoas estão sob risco de uma progressão lenta para um quadro de doença crônica do fígado, câncer e morte”, destacou a OMS.

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A diretora-geral da entidade, Margaret Chan, afirmou que a hepatite viral hoje é reconhecida como um grande desafio de saúde pública, que exige uma resposta imediata por parte dos países-membros. “Vacinas e medicamentos para combater a hepatite existem e a OMS está empenhada em ajudar a garantir que essas estratégias cheguem a todos aqueles que precisam.”

Mortalidade e infecções

Dados da instituição mostram que as hepatites foram responsáveis pela morte de 1,34 milhão de pessoas em 2015 – um número comparável ao total de mortes provocadas por tuberculose e pelo vírus HIV. A diferença é que, enquanto as mortes por essas duas doenças estão caindo no mundo, os óbitos por hepatite viral estão aumentando.

Cerca de 1,75 milhão de pessoas foram infectadas por hepatite C em 2015, elevando o total de pessoas que vivem com a doença para 71 milhões em todo o planeta.

Já as novas infecções por hepatite B, segundo a OMS, estão caindo graças à ampliação da cobertura vacinal. Globalmente, 84% das crianças nascidas em 2015 receberam as três doses recomendadas. Entretanto, cerca de 257 milhões de pessoas, a maioria adultos nascidos antes da introdução da vacina, viviam com um quadro crônico de hepatite B em 2015

Epidemia no planeta

Segundo a OMS, os índices de infecção por hepatite B variam entre as regiões monitoradas pela entidade, mas são maiores na África e no oeste do Pacífico, onde 6,1% e 6,2% de toda a população, respectivamente, sofre com o problema. Na região leste do Mediterrâneo, a taxa de infecção é 3,3%; no sudeste da Ásia, 2%; na Europa, 1,6%; e nas Américas, 0,7%.

Um estudo brasileiro divulgado na quarta-feira (18), na revista científica internacional Scientic Reports, mostrou que o antiviral sofosbuvir, atualmente utilizado no tratamento da Hepatite C, trouxe bons resultados também contra o vírus zika, inibindo a replicação viral e protegendo as células da morte provocada pela infecção. Mais investigações ainda são necessárias antes da realização de ensaios com pacientes.

O efeito do medicamento foi verificado em testes com diferentes tipos de células, como as neuronais humanas e minicérebros, que são organoides produzidos a partir de células-tronco que reproduzem os estágios iniciais de formação do cérebro e são considerados um modelo para o estudo da microcefalia associada ao zika. Para os pesquisadores, os resultados apontam que o sofosbuvir tem potencial para se tornar uma opção no tratamento da doença.

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"Identificar a ação contra o vírus zika de uma droga que já é clinicamente aprovada é muito importante. Ainda não sabemos quando teremos uma vacina disponível contra o zika e o uso de um medicamento antiviral pode reduzir os danos provocados pela infecção. Dependendo dos resultados futuros, o tratamento poderia até ser considerado como medida profilática, como ocorre, por exemplo, no uso de certos medicamentos antirretrovirais no caso do HIV", avalia o pesquisador Thiago Moreno Lopes Souza, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz).

Um dos motivos que levou os cientistas a testar o medicamento foi a semelhança entre o vírus da hepatite C e o vírus zika. Eles fazem parte da mesma família e apresentam similaridades em algumas de suas estruturas, como a enzima RNA polimerase, responsável pela replicação do material genético do vírus e alvo da ação do sofosbuvir. Segundo a Fiocruz, outros fatores levados em conta foram os efeitos colaterais reduzidos do produto para os pacientes com hepatite C, na comparação com outros antivirais, e a ausência de prejuízos para a gestão de acordo com estudos em modelos animais.

Os estudos utilizaram uma linhagem do vírus zika em circulação no Brasil. Com resultados positivos observados em estudos com diferentes linhagens celulares, os cientistas decidiram testar o medicamento em modelos mais parecidos aos cérebros dos bebês quando afetados pelo zika na fase da gestação. 

A Fiocruz explica que as células-tronco neurais de pluripotência são produzidas em laboratório a partir de células humanas extraídas da pele e são semelhantes às células que originam os principais tipos celulares do cérebro no início do desenvolvimento dos embriões.

Nos experimentos, o sofosbuvir reduziu drasticamente a replicação do vírus zika tantos nas células-tronco neurais como nos minicérebros, protegendo as células dos danos. "Observamos proteção mesmo quando as células foram submetidas a títulos elevados de vírus", destaca Thiago.

O sofosbuvir é um medicamento lançado em 2013, tendo chegado ao Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento da hepatite C em dezembro de 2015. O medicamento não está disponível nas farmácias e sua utilização só pode ser feita com acompanhamento médico. Em maio de 2016, a Fiocruz e o consórcio BMK assinaram um acordo para produzir o remédio no Brasil.

Já o estudo da relação do sofosbuvir com o vírus zika foi realizado por pesquisadores da CDTS/Fiocruz, Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (Idor), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Inovação em Doenças Negligenciadas (INCT/IDN) e consórcio BMK.

Com informações da assessoria

Fazer o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é um caminho natural para qualquer brasileiro portador do HIV ou que sofre de esclerose múltipla. A rede pública também está se tornando referência para a hepatite C. Pelo SUS, os pacientes conseguem encontrar medicamentos que não estão disponíveis pelos planos de saúde, mas que são adotados em vários países do mundo e reconhecidos por serem de primeira linha.

Esse cenário, no entanto, ainda não é realidade para a oncologia, área onde medicamentos inovadores chegam mais rapidamente à rede privada do que à pública.

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Com diversas especificidades e pesquisas simultâneas apresentando novas opções de tratamento, o câncer acaba ficando para trás no que diz respeito à inclusão de novas tecnologias e medicamentos, quando comparado a outras doenças.

Neurologista da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem), Liliana Russo diz que o SUS tem ganhado reconhecimento no tratamento da doença por oferecer alguns dos medicamentos mais modernos que estão disponíveis no mercado. "O tratamento está bem equalizado com o que tem no mundo, podemos considerar o tratamento de primeira linha no Brasil. Para esclerose múltipla, temos nove medicações e seis já estão disponíveis (no SUS). Três aguardam liberação."

A oferta na rede pública é fundamental, de acordo com Liliana. "É um tratamento de alto custo. As medicações giram em torno de R$ 5 mil por mês. É uma doença que faz com que a pessoa se aposente precocemente, então, o custo é menor com a droga do que com a problemática individual e social."

Segundo a neurologista, estima-se que a doença atinja, em média, 15 pessoas em cada 100 mil habitantes. A esclerose múltipla afeta principalmente as mulheres, e os pacientes costumam ter entre 20 e 40 anos, fase em que estão no auge da produtividade. Se não for tratada, pode ser incapacitante. "Estão listados 86 sintomas, como perda visual de um olho, desequilíbrio, perda de força, descontrole de urina, fadiga. O tratamento modifica a evolução da doença. A pessoa passa a ter qualidade de vida maior com menos incapacidade."

Apesar da oferta de medicamentos mais avançados, Liliana diz que o diagnóstico ainda é um gargalo. "Algumas pessoas procuram ajuda e encontram dificuldade de acesso a serviços neurológicos especializados. Isso limita o diagnóstico e o início do tratamento. Sabemos que quanto mais precoce, melhor a resposta terapêutica", afirma.

Karina Juliete do Nascimento, de 28 anos, convive com a doença há cinco anos e foi acompanhada pelo SUS desde o diagnóstico. Ela começou a sentir um formigamento no braço direito que passou, mas procurou um médico quando acordou com a visão turva. "Estava estrábica e fui ao posto de saúde. O médico já me conhecia, viu que tinha algo errado e me mandou para o Hospital (Estadual) Sapopemba. Fiz tomografia e já fiquei internada. Foi muito rápido", relembra. Em menos de 15 dias, passou por uma bateria de exames e recebeu o diagnóstico. Após algumas consultas com uma neurologista, foi encaminhada para tratamento no Hospital das Clínicas.

"Não tenho do que reclamar, o tratamento é muito bom e nunca mais tive surtos. Quando tinha, ficava com problemas na visão, andava descoordenada, as pernas falhavam. Quando estou bem, parece que não tenho esclerose múltipla."

HIV

A aids pode ser considerada o melhor exemplo de oferta de tratamento de forma universal e gratuita, como previsto na Constituição, segundo Mario Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

"A resposta à aids é peculiar. Houve uma coincidência entre o início da epidemia e o fortalecimento do SUS. Além disso, a resposta governamental foi rápida com programas, corpo técnico, e teve a mobilização vigorosa das pessoas afetadas, porque era uma doença que não tinha tratamento."

Scheffer diz que, desde a década de 90, o Brasil oferece os melhores tratamentos disponíveis para os pacientes e um grande corpo de especialistas sempre discute quando há novos medicamentos para verificar a necessidade de incorporação. "Mas, há muitos anos, não temos uma grande novidade para a aids. É diferente do câncer, que sempre tem inovações."

Segundo o professor, outra doença que passou a se destacar no SUS foi a hepatite. "É mais recente. A inclusão de tratamentos de primeira linha é de 2015. Não tinha muita tecnologia a ser incorporada."

Scheffer avalia que, por serem problemas de saúde mais delimitados, aids e hepatite C têm mais potencial para conseguir tratamentos de primeira linha na rede pública do que o câncer. "É uma classe única de medicamentos, o que aumenta o poder de compra e negociação. A oncologia é um campo à parte. Há uma imensa prevalência e os tratamentos são complexos e caros", explica.

Complexidade

Coordenadora da oncologia clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Maria Del Pilar Estevez Diz afirma que a incorporação de novos tratamentos na área do câncer é mais complexa e precisa ser feita após discussões. "É difícil fazer comparações entre o câncer e outras doenças. Mas, para fazer qualquer inclusão, é preciso saber qual é o benefício para o paciente e qual é o impacto econômico. Tem uma demora na incorporação e temos muitas coisas para discutir para definir o que é incorporado, mas a discussão precisa ser feita de forma clara e transparente."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os pacientes de hepatite C em Pernambuco terão acesso a três novos medicamentos. O estado já começou a receber as drogas adquiridas no exterior e que irão beneficiar 409 pacientes. Com a medicação, as chances de cura passam para o dobro em relação à terapia convencional sem grandes efeitos colaterais. 

Na próxima quinta-feira (17), os medicamentos serão entregues no Instituto do Fígado de Pernambuco. A instituição existe há dez anos e atua na pesquisa, prevenção e tratamento das doenças do aparelho digestivo, principalmente as hepáticas. Atende, exclusivamente pelo SUS, pacientes portadores de doenças hepáticas.

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Os medicamentos de nome sofosbuvir, daclatasvir e simeprevir, são fabricados no Canadá, Estados Unidos e Holanda e serão disponibilizados pelo programa de medicamentos excepcionais e de alto custo do Governo de Pernambuco, Farmácia de Pernambuco.   

Serão beneficiados pacientes portadores de coinfecção com o HIV e cirrose descompensada, pré e pós-transplantados e pacientes com má resposta à terapia com interferon, ou que não se curaram com terapia prévia. Com o uso desses medicamentos, o Ministério da Saúde afirma que dobram as chances de cura da hepatite em relação ao tratamento até agora aplicado, que incluía a injeção de remédios com efeito colateral. Ainda acrescenta que no modelo convencional, as chances de cura variam de 40% a 47%, após tratamento realizado entre 48 e 52 semanas. Já a nova terapia, via oral, tem um período de cura entre 12 e 24 semanas.

Hepatite C

É uma doença causada pelo vírus VHC e prioritariamente transmitida pelo contato com sangue contaminado, vias sexuais e transmissão vertical (da mãe para o bebê durante a gravidez ou na hora do parto), além do compartilhamento de seringas, agulhas ou de instrumentos para manicure, pedicure, tatuagem e colocação de piercing. A tendência é que o paciente desenvolva a forma crônica da doença, que provoca lesões graves no fígado, podendo levar a complicações como cirrose, câncer no fígado e insuficiência hepática.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, em 2013, foram confirmados 385 casos de hepatite C em Pernambuco. Em 2014 foram 387. Neste ano, já são 112 confirmados e 129 em investigação.

Com informações da assessoria

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai anunciar nesta semana a aprovação do primeiro medicamento para hepatite C administrado via oral. Após a aprovação da agência, necessária para que o remédio possa ser comercializado no País, o Ministério da Saúde deverá incorporá-lo ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Já utilizado em outros países, o medicamento tem maiores porcentuais de cura e menos efeitos colaterais do que os atuais, que são injetáveis. O tempo de tratamento também é menor - três meses com o medicamento via oral contra nove meses dos injetáveis.

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Em outubro de 2014, o Ministério da Saúde já havia informado que pediu prioridade à Anvisa para a análise de três medicamentos via oral para a doença - sofosbuvir, daclatasvir e simeprevir. Apenas um deles deverá ter a aprovação anunciada nesta semana. Os demais terão a autorização emitida posteriormente.

A estimativa do Ministério da Saúde é de que, após aprovados pela Anvisa e incorporados ao SUS, os novos medicamentos beneficiem 60 mil pacientes da rede pública nos próximos dois anos.

Brasil e Rússia assinaram acordo de cooperação tecnológica para desenvolvimento de vacinas e soros. O documento, firmado durante o encontro entre o presidente russo Vladimir Putin e Dilma Rousseff, abre espaço para que o Instituto Butantã, de São Paulo, venda a vacina tríplice bacteriana (contra difteria, tétano e coqueluche) e soros para neutralizar efeitos de picadas de cobras, escorpiões e aranhas para o Instituto São Petersburgo. Em troca, o instituto russo repassará tecnologia para produção de vacina contra hepatite C e pneumococos.

"Não falamos em valores ou em prazos. Esse foi o primeiro passo", afirmou o diretor substituto do Instituto Butantã, Marcelo de Franco, que foi a Brasília para assinar o protocolo. Ele conta que o principal interesse do instituto é incorporar tecnologia usada para o preparo da vacina contra hepatite C.

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"O imunizante é feito a partir de partículas sintéticas do vírus da hepatite, uma vacina que ainda não é produzida no País e que tem baixa toxicidade", afirma. As técnicas usadas na produção da vacina de pneumococo também despertam a atenção dos integrantes do Butantã.

Além do instituto brasileiro e do russo, faz parte também do acordo a empresa pública russa Microgem. "Na primeira fase, vamos fazer visitas técnicas para identificar outras tecnologias que interessam aos institutos. Feito o diagnóstico, partimos para o intercâmbio de informações", disse Franco. A lista com produtos candidatos, afirmou, tem cerca de 15 itens.

Segundo Franco, acordos internacionais firmados têm como principal objetivo parcerias para produção e desenvolvimento de produtos. Entre eles, estão o feito com o National Health Institute (NIH) dos Estados Unidos, para produção da vacina da dengue e de rotavírus. Para que o fornecimento da vacina para a Rússia seja possível, o instituto terá de obter uma précertificação na Organização Mundial da Saúde.

Catorze países europeus se uniram pela primeira vez para negociar uma redução do preço de um novo medicamento contra a hepatite C, o Sovaldi, informou nesta quinta-feira (10) a ministra da Saúde da França, Marisol Touraine. O Sovaldi (sofosbuvir), do laboratório americano Gilead, é um tratamento inovador contra esta doença viral, mas seu preço elevado (70.000 dólares por um tratamento de 12 semanas) preocupa as autoridades de saúde.

O medicamento representa "um avanço terapêutico considerável", mas "se aceitarmos um preço tão elevado, não poderemos curar todos e isso vai colocar a segurança social em risco, isto é, os outros doentes", disse a ministra.

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"Por essa razão, lancei uma inciativa inédita há várias semanas em Bruxelas para mobilizar todos os países europeus e para que unamos nossas forças para pesar nas negociações sobre os preços com este laboratório americano", acrescentou.

"Pela primeira vez, catorze países europeus se comprometeram juntos. Por esta razão, vamos negociar, país por país, porque é assim que se faz, mas trocando informação e dialogamos entre países europeus", acrescentou.

"Estamos falando de bilhões e não de milhões ou centenas de milhões", advertiu Touraine, ao se referir ao custo do tratamento para o sistema de saúde francês. "Quanto mais pudermos reduzir os preços, mais poderemos curar as pessoas, acho que é um argumento que o laboratório pode comprometer", acrescentou. "O preço vai cair, a negociação acaba de começar", garantiu Touraine, sem detalhar de quanto seria a redução esperada.

Vestidos com as camisas das seleções que participarão da Copa do Mundo, os Bonecos de Olinda, invadiram, neste domingo (8), a Praia de Copacabana, na orla da zona sul do Rio de Janeiro. Eles quiseram chamar a atenção da população para os riscos da hepatite C, doença que atinge cerca de 3 milhões de brasileiros – muitos dos quais nem mesmo sabem da contaminação.

A campanha “O futebol contra a hepatite” está sendo lançada neste domingo pela Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite (ABPH) e pelo Fundo Mundial para a Hepatite, com sede em Nova York. O objetivo é tornar o tema uma das causas oficiais de uma das próximas copas do Mundo.

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“Nosso propósito é ajudar, por meio do futebol, que é a linguagem universal de nossos tempos, a dar a visibilidade de que a doença precisa. Pois, apesar de ser tão abrangente e uma calamidade no mundo [500 milhões de pessoas têm hepatites B e C] ela é silenciosa e silenciada, obscurecida”, alerta Humberto Silva, presidente da ABPH e do Fundo Mundial para a Hepatite.

O desfile começou por volta das 10h, no Forte de Copacabana, e terminou no hotel Copacabana Palace. Um quiosque com enfermeiros foi disponibilizado para oferecer exames gratuitos para detectar a doença: um furo no dedo e, em apenas três minutos, estava pronto o resultado. Os especialistas orientavam aqueles com diagnóstico positivo.

De acordo com a Lei 11.255, de 2005, todo brasileiro tem direito a tratamento da doença, incluindo os remédios, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Apenas 5% dos brasileiros têm conhecimento de ter hepatite, que, por ser uma doença silenciosa, quando se descobre, já é tarde demais. Por isso, a urgência da conscientização e do tratamento rápido”, avaliou Humberto Silva.

Há seis tipos de hepatite diagnosticadas, mas a maior incidência a doença é a do tipo C, com cerca de 3,2 milhões de brasileiros infectados. No mundo, as estimativas indicam a existência de mais de 500 milhões de pessoas infectadas, das quais apenas 5% têm conhecimento do fato. A hepatite C pode ser passada por meio de transfusão de sangue, compartilhamento de seringas ou de objetos que entrem em contato direto com o sangue, como os encontrados em manicures e dentistas, por exemplo.

A doença é mundo comum no mundo do futebol e já vitimou diversos ídolos do esporte. O caso mais recente foi o do jogador Marinho Chagas, que morreu no último dia 1º. O jogador foi ídolo do Botafogo nos anos 70, e morreu em consequência de uma hemorragia decorrente de uma hepatite. O caso mais marcante, no entanto, segundo a ABPH, ocorreu nos anos 70, envolvendo o time do time Sport Club Gaúcho, quando oito dos 11 dos jogadores faleceram em consequência da hepatite. Na época, era comum o uso do energético Glucoenergan, que era injetado diretamente na veia do atleta. “Com a troca da agulha, mas o uso da mesma seringa, a contaminação foi inevitável”, informa a associação.

Uma mutação do vírus da hepatite C (HCV) pode estar ligada ao surgimento de câncer de fígado em pacientes brasileiros, informa pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz. O estudo, publicado em fevereiro no Journal of Medical Virology, aponta para a descoberta de um marcador precoce desse tipo de câncer em pessoas com hepatite viral crônica - o câncer se mostrou mais comum em portadores do subtipo 1b do vírus com a mutação chamada R70Q.

O biólogo Oscar Rafael Carmo Araújo, que defendeu dissertação de mestrado sobre o tema, analisou amostras de sangue de 106 pacientes infectados pelo HCV em tratamento no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio - 40 tinham tumor no fígado, 40 cirrose (estágio que precede o aparecimento do câncer) e 26 não tinham câncer nem cirrose.

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Do total, 41 estavam contaminados por um subtipo do vírus da hepatite C, o genótipo 1b. Foi o grupo que se mostrou mais suscetível ao agravamento da doença, quando havia a presença da mutação R70Q. Desses 41, 30 tinham câncer ou cirrose - ao se analisar o DNA do vírus, a mutação estava presente em metade dos casos.

Dos pacientes que foram contaminados pela cepa 1b e tinham câncer, 42,9% apresentavam o vírus com a mutação. Entre aqueles com cirrose, a mutação aparecia em 56,3%. Já no grupo que tinha o vírus 1b da hepatite C, mas não tinha cirrose ou câncer, a R70Q só aparecia em 9,1%. Pacientes contaminados pelos genótipos 1a e 3a também apresentaram a mutação R70Q, mas os casos de câncer e cirrose entre esses pacientes não foi estatisticamente significante.

A ligação entre a mutação do vírus 1b e o surgimento do câncer de fígado em pacientes com hepatite C já havia sido descrita em pesquisas feitas no Japão, explica a pesquisadora Natalia Motta de Araujo, coordenadora do estudo. Mas foi a primeira vez que se mostrou essa associação também em pacientes brasileiros. "A taxa de sobrevida do paciente com câncer de fígado cai na medida em que a doença se desenvolve mais. É uma doença silenciosa, o que dificulta o diagnóstico. Queríamos encontrar um marcador que pudesse sinalizar para a possibilidade do aparecimento do câncer", explica Natália.

Dados da American Cancer Society apontam que a sobrevida dos pacientes, cinco anos após a descoberta do tumor, é de 15%. Essa proporção sobe para 50% se o câncer for descoberto em estágio inicial e alcança 70% se o paciente passou por transplante.

Natalia ressalta que a descoberta da associação entre a mutação genética e o hepatocarcinoma não impede o surgimento do câncer. "É um dado a mais para levar o médico a ficar mais atento, a pedir exames que podem identificar o tumor precocemente", afirma Natalia. A hepatite C é a principal causa de câncer de fígado no Brasil, e responde por 54% dos casos. Em seguida, vêm hepatite B (16%) e alcoolismo (14%).

Próximo passo

Na próxima fase do estudo, os pesquisadores vão analisar também os fatores que levam ao desenvolvimento do câncer. "Agora, vamos analisar o DNA do paciente", afirma Natalia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Testes rápidos e gratuitos de Hepatite C serão realizados na estação de metrô de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife (RMR), entre os dias quatro e oito de novembro. O intuito é ajudar a identificar a doença o quanto antes, já que 90% dos infectados no mundo só descobrem a doença quando o problema está em um nível avançado.

No Brasil, as estimativas mostram que aproximadamente três milhões de pessoas tem a doença. O resultado para o exame sai em dez minutos.

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Equipes especializadas estarão preparadas para fazer os testes em pessoas de 35 a 65 anos e que apresentam fatores de risco para a doença, como pessoas que recebem transfusão de sangue ou similares desde 1993, cirurgia de grande porte, tratamentos como hemodiálise e usuários de drogas.

A Hepatite C é uma doença que pode ficar no organismo por 20 anos sem se manifestar, o objetivo da campanha é “quebrar o silêncio” para contribuir com o rastreamento da infecção.

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