A morte do ex-governador Eduardo Campos (PSB), após um acidente aéreo, na última quarta-feira (13), tem sido referência, para alguns socialistas, para garantir o êxito da campanha presidencial e estadual deste ano. Até então, Campos concorreria à presidência da República, ao lado da ex-senadora Marina Silva (PSB).
O primeiro passo foi à transformação de uma das últimas frases de Campos, como slogan da nova campanha que começa a ser estruturada a partir desta semana. Na entrevista que concedeu ao Jornal Nacional, um dia antes de falecer, ele pontuou que não desistiria do Brasil. Nos bastidores, o PSB usará os dizeres para referendar a postulação de Marina.
##RECOMENDA##Agora com a fatalidade e a divulgação de pesquisas que trazem de volta o ativo de votos da ambientalista, eles pontuam que a morte de Campos acelerou o processo de conhecimento já esperado.
“Hora nenhuma ele tinha dúvida que iria para o segundo turno. Ele sabia que quando as pessoas prestassem atenção ao programa de governo através da imprensa e da propaganda eleitoral ele seguramente iria ter adesão suficiente para ir ao segundo turno”, frisou o coordenador do programa de governo da coligação, Maurício Rands, antes de um encontro da Frente Popular, nesta segunda-feira (18), no Recife.
“A tragédia acelerou este processo. O Brasil acorda com a tragédia, na percepção de um projeto de futuro que foi articulado por Eduardo Campos. Vai ser agora continuado por Marina”, completou o coordenador.
A expectativa deles é que em Pernambuco o cenário tenha a mesma desenvoltura nacional, ampliando as intenções de voto para o postulante ao governo do estado, Paulo Câmara (PSB). Durante o evento de hoje, Câmara adaptou a frase de comoção nacional trazendo-a para o âmbito estadual. “Eduardo Campos disse que não ia desistir do Brasil. E eu não vou desistir de Pernambuco. É trabalho e coração”, discursou, frisando que os próximos dias serão embasados em “bons sentimentos” e referendando o desejo de Campos em elegê-lo.
Segundo Maurício Rands, o fator principal em Pernambuco é que antes do falecimento de Campos, a população não sabia que Câmara representava a continuidade e agora sabem. “Aqui em Pernambuco isso (a ampliação dos votos) também vai acontecer com Paulo Câmara, Eduardo queria que trivesse continuidade, mas nem todos sabiam que Paulo representava esta continuidade. Agora com a tragédia conhecem”, destacou.
Lembrando da última conversa que teve com Eduardo Campos, o candidato a senador, Fernando Bezerra Coelho (PSB), também reforçou a utilização do conhecimento tão rápido de Campos como base fundamental para endossar candidaturas. “Veja que peça a vida nos pregou. Em 48 horas o Brasil conheceu o que nós já conhecíamos. Na última vez que nos vimos, em Bodocó, ele disse ‘o jogo vai começar quando eu sentar na bancada do JN. O povo vai me conhecer’”, frisou.
Os socialistas agora têm pouco mais de 45 dias para reformular a agenda e voltar às ruas com as campanhas estadual e nacional. No palanque estadual, a voz de Eduardo Campos vai ecoar através de um vídeo onde ele pede votos para Paulo Câmara. No âmbito nacional, o apelo pela perda do presidenciável se unirá aos votos guardados para Marina, antes direcionados como nulos ou branco em pesquisas.