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O Instituto Miguel Arraes, presidido pelo advogado Antônio Campos (Podemos), ajuizou uma ação ordinária de preservação da imagem e outros atributos do ex-governador Miguel Arraes contra o PSB de Pernambuco e o governador Paulo Câmara (PSB). A iniciativa jurídica é baseada no programa partidário da legenda que estava sendo veiculado, além de atos subsequentes, bem como o uso nas redes sociais.

Como precedente para justificar a medida, Antônio Campos fez menção ao mandado de segurança da ex-primeira-dama Renata Campos para conter o uso da imagem do ex-governador Eduardo Campos em 2014 pelo senador Armando Monteiro (PTB).  Ele disputava contra o apadrinhado político de Eduardo, Paulo Câmara (PSB), e na época foi impedido de usar imagens do ex-aliado político. 

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No programa anterior do PSB, o Instituto Miguel Arraes notificou o PSB "sobre a indevida utilização da imagem, o que justificou ante a reincidência o ajuizamento da ação". De acordo com Antônio, a ação está sob a responsabilidade do corregedor eleitoral Henrique Coelho, mas ainda não foi analisada. Nesta quarta-feira (13), ele anexou aos autos informações sobre o apoio oficial do PSB ao prefeito de Olinda, Professor Lupercio (SD), e entrevista do presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, sobre a família Coelho.

De acordo com a nota do neto de Arraes, o objetivo é "demonstrar como o PSB trata os que não rezam na cartilha deles". "Deparando-se com tais questionamentos e ponderando-se os interesses em conflito, reputa-se sensato a proteção da imagem do ex-governador Miguel Arraes na propaganda citada e a sua memória”, frisa o texto.

O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Guilherme Uchoa (PDT), apesar de ser suspeito para falar sobre o novo Edifício Miguel Arraes de Alencar, novo local de trabalho dos deputados estaduais de Pernambuco, tem razão ao ter dito que o Estado vai sediar um dos melhores espaços de assembleias legislativas do país. O prédio fica localizado na Rua da União, na Boa Vista, área central do Recife. 

A estrutura do novo prédio chama bastante atenção desde a entrada, passando pelo corredor, até chegar na área principal, onde são realizadas as reuniões plenárias e na qual a população também poderá ser recebida, afinal, “é a casa do povo”, como muitos deputados fizeram questão de ressaltar, na inauguração, ocorrida na tarde dessa quinta-feira (29). 

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O valor gasto para erguer o Ed. Miguel Arraes foi de, aproximadamente, R$ 26 milhões, e a obra é assinada pelo arquiteto Fernando Pontual. O plenário, que começa a funcionar em agosto, leva o nome do ex-governador Eduardo Campos e possui 294 lugares com espaço para pessoas com deficiência física. Uma das novidades é que as votações serão monitoradas por meio de painel eletrônico da mesma forma que acontece no Senado e na Câmara Federal com voto biométrico. A edificação também conta com três plenarinhos, três elevadores e salas para realização de audiências públicas.  

Já o Palácio Joaquim Nabuco, onde também foi realizada nessa quinta-feira a última sessão, será restaurado e irá funcionar como um museu aberto para a visitação pública. Lá também podem ocorrer algumas reuniões especiais. 

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Trabalho incansável

Já no novo prédio, em seu discurso, o presidente Guilherme Uchoa disse que foi necessário “um trabalho incansável” da mesa diretora até a entrega. Fez, na ocasião, diversos elogios ao deputado Fernando Coutinho (PSB). “Um dos maiores idealizadores da obra chama-se João Fernando Coutinho, que foi primeiro-secretário desta Casa. Ele administrou como nunca as finanças desta Casa e preocupou-se a ir à Prefeitura conseguir licença para construção desta obra”, elogiou. 

Uchoa também disse que “a obra era bonita” e “a altura do povo de Pernambuco”. “Onde dá acesso a todas as pessoas com deficiência, além de um plenário que ainda mais aconchegante ficou. Essa é uma data de muita emoção”, pontuou. 

Presidente do Instituto Miguel Arraes (IMA), o advogado Antônio Campos encaminhou uma notificação ao governador Paulo Câmara e ao PSB solicitando a “cessação imediata” do uso da imagem e do nome do ex-governador Miguel Arraes nas propagandas do partido e da gestão estadual. No texto, o ex-pessebista diz que o IMA é responsável pela preservação da “imagem, história e coerência” política de Arraes e não autorizou a veiculação. 

Como argumento, Antônio diz que o avô dele é citado nas inserções do PSB que estão no ar na televisão “dentro de um contexto de continuidade política e não uma citação como homem público, que pertence a todos os pernambucanos, não se enxergando legitimidade para tanto”.  

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“É de se relembrar e registrar, ainda, que forças expressivas e preferenciais do seu governo [Paulo Câmara], foram as forças que mais agrediram política e moralmente a figura pública de Miguel Arraes de Alencar, que não passou as mãos nas cabeças dos seus adversários agressores, forças essas é que deveriam estar em sua propaganda partidária”, destaca o presidente do Instituto na notificação. 

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Veja a notificação na íntegra:

Recife, 30 de maio de 2017

Exmo Sr. Governador do Estado de Pernambuco

Paulo Câmara 

Referência: Notificação para cessação imediata do uso da imagem e nome do ex-governador Miguel Arraes dentro do conceito de continuidade/pertencimento 

O Instituto Miguel Arraes – IMA, detentor do acervo, imagem e o nome de Miguel Arraes, cedidos no inventário ao Instituto, devidamente registrados no INPI, inclusive como marcas, sendo uma das suas missões a de preservar sua imagem, história e coerência política, vem notificar Vossa Exa. e o PSB do Estado de Pernambuco para fazer cessar a utilização do nome e imagem do ex-governador Miguel Arraes, na propaganda partidária do PSB, que está sendo veiculada na televisão, que é citado dentro de um contexto de continuidade política e não uma citação como homem público, que pertence a todos os pernambucanos, não se enxergando legitimidade para tanto, nem houve prévia autorização para a utilização da imagem do ex-governador Miguel Arraes. 

É de se relembrar e registrar, ainda, que forças expressivas e preferenciais do seu governo, foram as forças que mais agrediram política e moralmente a figura pública de Miguel Arraes de Alencar, que não passou as mãos nas cabeças dos seus adversários agressores, forças essas é que deveriam estar em sua propaganda partidária. 

Cordialmente,

Instituto Miguel Arraes – IMA

Antônio Campos

Presidente do Conselho Deliberativo

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Uma homenagem à altura do grande líder sertanejo Miguel Arraes. Foi assim que amigos, políticos, familiares e admiradores celebraram em grande estilo o centenário de nascimento do ex-governador. Em uma apresentação simbólica, com uma plateia visivelmente emocionada, a Orquestra Sinfônica do Recife - regida pelo maestro, compositor e pianista Marlos Nobre - tornou o desfecho das comemorações desta quinta-feira (15), no Teatro de Santa Isabel, em um momento que ficará marcado na memória dos que participaram. 

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O maestro, em seu pronunciamento, definiu Arraes como “um grande político” e ainda declarou que foi o seu “herói” ao contar uma história na época em que sua irmã era militante do governo dele. “Arraes representou para mim uma figura muito importante. É com muita emoção que rejo esta peça e a dedico à memória de Arraes. A orquestra fica muito honrada e feliz por ser escolhida para esta homenagem”, declarou.

A abertura aconteceu com a participação da soprano Anita Ramalho com a “Bachianas brasileiras n° 5, de Villa-Lobos. O compositor reestruturou a obra de Johann Sebastian Bach utilizando ritmos brasileiros. “Essa é uma peça de Villa-Lobos, que se tornou símbolo do Brasil, e que Arraes adorava, o que a torna ainda mais significativa neste momento. Dedico esta noite à sua memória”, acrescentou o maestro Marlos, que coleciona um vasto currículo com premiações em concursos nacionais e internacionais.  

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O segundo repertório da noite foi o “Opus 124”, que também fez os presentes vibrarem com ritmos populares como o maracatu. A secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, falou sobre o espetáculo. “Essa foi mais uma homenagem a esse homem, cuja vida foi pautada por uma coerência muito grande. O que ele pensou e defendeu, ele viveu. Quem conviveu com ele sabe do que estou falando”. 

O evento também comemorou os 85 anos da Orquesta Sinfônica, considerada a mais antiga do Brasil. O primeiro concerto, em 30 de julho de 1930, também foi realizado no Teatro de Santa Isabel. 

Estiveram presente o prefeito do Recife, Geraldo Julio; o vice-prefeito Luciano Siqueira; o secretário de Turismo de Pernambuco, Felipe Carreras; e o chefe de gabinete do governo do Estado e bisneto de Miguel Arraes, João Campos.

Durante toda esta quinta, vários órgãos prestaram homenagem ao “Pai Arraia”, como também ficou conhecido. Nesta sexta-feira (16), o prefeito Geraldo Julio inaugura o busto em homenagem ao centenário de Arraes. O evento acontece no Parque da Macaxeira, na Avenida Norte Miguel Arraes de Alencar, às 9h30.

Em homenagem ao centenário de um dos grandes nomes da política, Miguel Arraes de Alencar, celebrado nesta quinta-feira (15), a Prefeitura do Recife irá realizar um concerto especial com a participação da Orquestra Sinfônica do Recife (OSR). A apresentação que marca o 10º concerto oficial da Orquestra irá acontecer sob a regência do maestro Marlos Nobre, às 21h, no Teatro de Santa Isabel, bairro de Santo Antônio, centro do Recife. 

O repertório contará com duas peças, que marcam os 85 anos de atividades contínuas das OSR. A primeira obra incorpora ritmos como o maracatu, unindo o erudito ao popular numa composição harmônica de sons, finalizada com alusão às notas do Hino Nacional nos metais.

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Já a segunda parte da noite, será composta de clássicos como Bachianas Brasileiras nº 5, de Villa-Lobos, para soprano e orquestra de violoncelos, em uma composição de nove peças, com participação especial da soprano Anita Ramalho, que fará a Ária (cantilena) de abertura da peça.

O evento é gratuito e aberto ao público. A entrega dos ingressos será realizada às 20h30, na bilheteria do teatro.

Serviço

10º Concerto Orquestra Sinfônica do Recife em homenagem ao centenário de Miguel Arraes

Quinta-feira (15) | 21h30

Teatro de Santa Isabel, Praça da República, s/n, Santo Antônio, Recife.

Entrega gratuita a partir das 20h30, na bilheteria do teatro.

 

Informações: 3355.3322

Entre as principais recordações que um dos netos de Arraes, o advogado Antônio Campos, tem do avô é quando na época do exílio, na Argélia. Ele tinha cerca de nove anos e o irmão, Eduardo Campos, 11, quando viajaram ao lado da mãe Ana Arraes e de sua avó dona Benigna, mãe de Arraes. Uma visita difícil já que, naquele tempo, as exigências eram muitas para conseguir um visto.

Apesar da pouca idade à época, Antônio Campos recorda do acontecimento. “Foi marcante porque quando descemos na Argélia, demorou um pouco a nossa liberação na alfândega e eu me lembro muito bem da cena da minha mãe porque meu avô avistava a gente ser liberado na alfândega e demorou cerca de 50 minutos. Eu via a emoção da minha mãe ao ver o seu pai alguns anos depois e me lembro, fortemente, a volta em um avião da TAP onde minha mãe chorava muito. Ela achava que nunca mais viria o pai novamente, mas, quis o destino e Deus que ela voltasse a ver o pai, em 79, quando ele retornou e teve um dos maiores comícios da história de Pernambuco”.

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“Meu avô foi um homem que dava um profundo valor à família, que teve 10 filhos e sempre teve uma ligação com todos, mas, teve uma ligação muito forte com a minha mãe Ana Arraes. Quando voltou do exílio, ele morou seis meses na casa de minha mãe e do meu pai Maximiano e depois foi morar na Rua do Santana, em Casa forte, onde residiu um tempo e depois foi morar na Rua do Chacon”, contou. 

Para o neto de Arraes, uma das grandes características de Arraes era sua humildade, apesar da força de seu nome. “Meu avô nunca contou uma vantagem na vida e se comunicava com o olhar. Essa era uma característica muito interessante de Arraes. Um homem de uma grande sensibilidade humana e marcado pelo sentimento de justiça, que deixou um legado político para o Brasil”. 

“Era uma pessoa de muita leitura e que teve uma experiência de vida muito grande. Conheceu da China a outros lugares do mundo. Conheceu profundamente o mundo árabe, inclusive, falava árabe, não profundamente, mas conhecia os problemas do mundo árabe por ter vivido um no Norte da África e que também pôde ajudar às lutas pela libertação de países como Moçambique, Cabo Verde e outros. Conviveu com pessoas interessantes, intelectuais, políticos, mas o meu avô era um homem muito simples”.

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O LEGADO DE ARRAES

Para Antônio, o grande legado de Arraes é a atualidade do seu pensamento e da sua ação política trabalhando os principais temas da atualidade como a educação e a questão da seca. “Ele criou o Movimento de Cultura Popular com Germano Coelho e Paulo Freire onde surgiu um método de alfabetização reconhecido pela Unesco, pelos pedagogos e educadores de todo o mundo. Foi um revolucionário, que trabalhou profundamente a democratização da água. Eu lembro dele dizendo uma vez que se elegeu três vezes governador de Pernambuco trabalhando o tema água, além de ter trabalhado a questão da reforma agrária não por uma questão ideológica, mas política importante presente em qualquer país do mundo. Arraes mostra, na sua ação política e no seu pensamento estratégico, uma grande atualidade. Ele tinha um projeto de nação como tinha um projeto para o Nordeste”.

                                                                            

 


Desde a infância, o ex-governador de Pernambuco Joaquim Francisco conviveu com o líder sertanejo Miguel Arraes. Seu pai, José Francisco de Melo Cavalcanti, segundo contou Joaquim era amigo de Arraes quando, o primeiro, era deputado estadual, na década de 40 e, este último, secretário da Fazenda no governo de Barbosa Lima. A convivência foi desde a infância. “Arraes também considerava o meu pai um amigo embora, na política, isso tenha limites”, disse.

Apesar de garoto, Joaquim disse que não se esquece das primeiras memórias. “Eu guardei aquela imagem mais jovem de um homem inteligente, sabido, que sabia fazer uma composição política. Sempre o achei com um jeitão, autenticamente, nordestino. Falava 50% do que queria e os outros 50% guardava. Gostava do chamado varejo da política, da rua, da feira, da praça, do poeta, do repentista, do cantor. Era um homem humano. Se relacionava bem com as pessoas, agora, como um sertanejo era desconfiado”.

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Para Joaquim Francisco, o ponto forte de Arraes era a firmeza das suas convicções. Contou que o governador não recuava do norte que queria seguir. “Ele tinha convicções de matriz muito forte na área socialista. Muitas delas não se concretizaram, não se materializaram, mas ele se manteve firme numa coerência em busca dos objetivos dele. Não trilhou caminhos convencionais porque ele sempre era um híbrido fértil. Navegava nos dois rios. Da direita e da esquerda. Essa dificuldade que, até hoje em dia algumas pessoas encontram numa convivência mais aberta, ele não tinha. Isso sem abrir mão das convicções dele. Aí era onde estava astúcia dele”.

                                                                                                

Joaquim declarou que, apesar da conjuntura não houve “guerras políticas” entre ambos. “Até porque ele era de um temperamento, quando queria, suave. Era muito experiente, muito jeitoso, fazia política e metade do que podia ele dizia, a outra metade você ficava esperando um novo encontro. Também era teimoso, ou seja, um político hábil, astucioso, coerente com as ideias dele e sabia o que queria”.

Ele também recordou da época em que era prefeito e Arraes, governador. “Era um aprendizado permanente. Ele conversava comigo, aquela coisa toda, eu era um adversário na prefeitura e ele um governador adversário. Eu ia lá despachar e ele conversava bem comigo, aquela conversa, mas, que as coisas que eu ia pedir, ele não atendia. Eu brincava com ele: “Dr. Arraes essas são soluções de gaveta”.

"Eu ia lá despachar com ele e ele conversava bem comigo, aquela conversa, mas, que as coisas que eu ia pedir, ele não atendia. Eu brincava com ele: “Dr. Arraes essas são soluções de gaveta”. “Eu sempre fui apressado, ansioso, queria soluções rápidas. Ele dizia: as coisas têm um ritmo. Você vai, espera um tempo, dá uma sequência e, assim, as coisas vão andando. Pedia para eu deixar de agonia. Ele não pegava no arranco, sempre mastigava o processo. Ouvia uma opinião. Era um político hábil, astucioso, obstinado, cabeça dura, coerente com as ideias dele e sabia o que queria. Um condutor, um líder, sem dúvida alguma, e conseguia em alguns momentos passar uma impressão completamente oposta”.

Joaquim acredita que os laços familiares facilitou o convívio. “Por exemplo, na transição de governo. Eu, que sou um animal rural e urbano, valorizo muito essa maneira de ser rural, de relembrar as ligações que você teve no passado, então, trouxe um clima de convivência cordial mesmo em polos opostos, sem radicalismo, eu o sucedi e depois ele disputou a eleição com Krause e ganhou a eleição. Eu sucedi ele e ele me sucedeu. Foi uma transição pacífica. Eu gostava de conversar com ele. Muitas pessoas reclamam que não conseguia conversar com ele. Eu conseguia”, contou.  

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UM HOMEM ALÉM DO SEU TEMPO

Entre as muitas histórias relembradas, Joaquim Francisco destacou um episódio, na época em que era governador [1991/1995], que confirmaria que Arraes era um homem além do seu tempo. Arraes teria se encontrado com ele, dois anos após assumir a gestão, para questioná-lo quem seria o seu candidato para a Prefeitura do Recife. “...Daí, ele se encontrou comigo e me perguntou. “Eu queria saber de uma coisa, Joaquim. Quem será o seu candidato a prefeito? Porque eu estou recebendo esse povo de marketing e eles estão dizendo que o povo não quer mais saber de político, que o povo não quer político. Falaram que o povo quer técnico, gerente. E, aí, Joaquim, você vai fazer o que?...”.

Sobre o fato, Joaquim disse para Arraes que não saberia o que iria fazer e questionou o mesmo. “Eu também quero saber do senhor se o senhor vai botar um político ou um técnico”, teria retrucado.

Arraes teria continuado. “...Eu fico aqui pensando, tantos anos que a gente faz política, eu, Pelópidas, você, Dr.Roberto, cada um no seu canto e, de repente, o povo não quer mais saber da gente. O que a gente faz? Tem que pegar um técnico. Estou pensando em ligar para uma das multinacionais e dizer me arranje um prefeito técnico...”.

Joaquim não se esquece dessa história. “Isso há 28 anos e não me esqueço porque hoje está se debatendo isso. Ele já dizia que o povo na rua não queria político, que queria técnico por alguma razão, por algum desgaste político. Isso, lá atrás, já tinha esse tipo de discurso”.

No final das contas, uma semana após, a decisão de Arraes foi feita. Não botou um “técnico”. “Não vou botar um técnico (...). Eu pensei, se a gente é político, colocar um técnico daqui a pouco o povo não gosta da gente. O candidato dele foi Eduardo Campos; o de Joaquim, André de Paula, e Jarbas foi candidato. Ganhou Jarbas, ou seja, a tese do gerente faliu. Arraes estava certo". 



Há dois fatos, dentre tantos, que o ex-governador Gustavo Krause considera marcante quando recorda Miguel Arraes. A primeira aconteceu quando Krause disputou a eleição para governador do estado com ele, no ano de 1994. Perdeu a disputa para Arraes, mas, em dezembro do mesmo ano, foi convidado por Fernando Henrique Cardoso para ser o ministro do Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente no seu primeiro mandato na presidência da República [1995/1999].

“Após o convite de FHC, eu liguei para o governador Joaquim Francisco e liguei para ele [Arraes] que era o governador eleito contando sobre o convite. Ele disse que já sabia e já havia me dito. Eu disse que queria fazer uma visita aos dois e ele me disse que vinha até a minha casa”.

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Krause disse que Arraes roubou a cena e que achou o gesto de ir até sua casa de uma elegância maior. “Ele, com aquele vozeirão dele, disse, eu vou à sua casa. É impressionante. Ele veio ao meu apartamento e roubou a cena política sem ter tido esse intuito, mas, a leitura era extremamente positiva. Achei um gesto de elegância de fundo político e outro de apreço. Um indicado ministro tinha perdido a eleição. O outro veio para a casa do que perdeu, o que significa que foi uma eleição decente. Ficamos nesta varanda. Conversamos quarenta minutos sobre Pernambuco, sobre o Brasil e sobre o Ministério. A imprensa estava toda aqui e ele disse que esse negócio de imprensa era comigo”.

Ainda contou outra história que marcaria quando Krause já era ministro e Miguel Arraes governador, por volta do ano de 1996I1997. Em uma reunião, o líder do povo teria dito que o charuto que Krause trazia no bolso de seu paletó era “fraco”. “Eu disse, de fato e ele disse que ia mandar um charuto bom para mim e, à tarde, chega no meu apartamento duas caixas de charuto cubanos de primeira linha. Esse lado humano, eu diria, de senso de humor era muito acentuado. Um senso de humor muito interessante com uma certa ironia. Às vezes, dava uma gargalhada. Ele administrava bem o mistério. Ele tinha esse raposismo no bom sentido. Esse lado, só nessas oportunidades, é possível contar. São fatos presentes e absolutamente relevantes para a história de Pernambuco”, ressaltou.

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ENTRAR PELA PORTA QUE SAIU

Krause era governador quando Arraes o sucederia, em 1987, e conta que o clima, na época, era de acirramento ideológico e havia uma propaganda muito forte para Arraes embasada no “Entrando pela porta que saiu”.

“Havia esse clima de resgate histórico que favoreceu ainda mais a expressiva vitória que ele teve. Eu tive que ter muito equilíbrio no exercício do governo de manter um clima de segurança e de harmonia para evitar a radicalização (...)Repassei o governo com todos os balanços. Não houve essa coisa de herança maldita. Eu convivi com o político Miguel Arraes em grande parte da minha vida e mesmo situado politicamente em campos opostos eu tinha com ele uma boa convivência, uma relação amistosa. Se existe uma qualidade que deve ser ressaltada em Miguel Arraes é o fato de jamais ele levou para o campo pessoal qualquer discussão, qualquer debate. Isso é absolutamente correto e verdadeiro”, relembrou.

Krause contou que, na época de Arraes, era feito muito mais política do que gestão. “Isso não acontecia só com Arraes, isso acontecia com pessoas boas e qualificadas que faziam política. Isso era uma característica de Getúlio, de Tancredo, característica de uma geração que delegava a gestão a pessoas capazes, competentes e fazia a costura. Como gestor ele fazia parte de um padrão. A gestão era uma coisa delegada. Agora, as prioridades políticas eram ditadas pela sensibilidade social”.

                                                                                            

DO POLÍTICO AO MITO

Para Krause, Arraes tinha uma capacidade enorme de administrar o mistério e o enigma no ponto de vista político. “Essa coisa que se fala muito do mito e, de fato, ele mexia muito bem com o imaginário popular. Ele era uma espécie de um dos pais dos pobres que a nação elegeu porque ele, vou dar a minha definição, como toda definição limitada e falha, foi um vocacionado líder popular. Os próprios adversários reconheciam isso. Não é porque morreu não”.

Ainda o definiu como uma personalidade que deixou fascínio. “Arraes tinha aquele olhar de soslaio. Aquela maneira desconfiada, às vezes, falava, você não entendia, mas ele falava para não entender mesmo. Também tinha um tipo de carisma que ficou colado na imagem dele ao longo da vida. Ele entrou para a história com essa percepção e se mantém vivo com essa percepção de um líder popular”.

“Todos esses líderes que atingem o patamar e passam para a história em vida, ou após a morte, todos eles são extremamente sedutores no contato pessoal e no ponto de vista coletivo. Uma capacidade enorme de ser amado ou ser temido. Ser enigmático. Faz parte do jogo da sedução do poder e do jogo pelo voto”, acrescentou.                                                             

                                                                                                                                                                                                                                                                      "Ser enigmático. Faz parte do jogo da sedução do poder e do jogo pelo voto”

A INFLUÊNCIA ACIMA DAS IMPERFEIÇÕES

Para Gustavo Krause, Arraes continuar a exercer uma influência política. “Temos uma breve passagem por essa coisa que se chama vida. Nosso ciclo biológico ele é finito e a nossa vida política, a vida de quem faz política, ela é uma enorme incógnita. Enquanto de vista biológico tem gente quem pensa que não morre, de ponto de vista político tem pessoas que pensam que não morrem e pessoas que, efetivamente, não morre mesmo após a morte. Eles continuam a exercer uma influência política. Arraes é uma delas. O poder da influência, da opinião. Ele manteve isso permanente e hoje tem o nome escrito na história”.

Krause diz que, muitas vezes, a obstinação de Arraes podia ser vista como teimosia. “Uma sabedoria que, às vezes, era considerada uma esperteza, o não dito, que podia ser confundido com dissimulação, que não é pecado em política. Você não pode ter essa transparência que poder ter na vida pessoal. Ele cultivava muito bem isso. Todos nós somos um mosaico. Eu não gosto de aproximação com os moralistas. Com os que querem ser o martelo da humanidade. O que me atrai nas pessoas é o fato das pessoas serem humana. Ele tinha essa face. Você pode fazer um mosaico de qualidades que superam os defeitos, as falhas humanas”.

“Ele não atacava ninguém, estava sempre do lado do bem. Quem quisesse que ficasse do lado do mal. Quem quiser que tomasse o caminho da perdição como ele disse com os ex- aliados dele, que romperam com ele. Ele manejava muito bem. Ele administrava isso com muita competência”.

 



As três passagens do ex-governador Miguel Arraes pela administração estadual deixaram marcas em Pernambuco que duram até hoje. Uma delas é o programa Chapéu de Palha, resultado de articulações firmadas entre o político e trabalhadores rurais, criado na década de 80 para garantir alternativas de renda durante a entressafra da cana-de-açúcar.

Na época, a indústria canavieira protagonizava uma porcentagem significativa da economia no estado empregando pernambucanos, na maioria das vezes com baixa instrução educacional, o que dificultava a conquista de outras forças de trabalho durante o período de seis meses que as usinas não moíam.  

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“Arraes foi um dos primeiros a reconhecer que o estado deveria criar um programa para este seguimento. A iniciativa, na época, foi recebida com euforia pelos trabalhadores que passavam por situações precárias. Criou uma animação na Zona da Mata e nas outras cidades que abrigavam as usinas”, lembra o presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais de Pernambuco (Fetape), Doriel Barros.

“Ele já tinha feito antes o acordo do campo, reunindo os patrões, usineiros e trabalhadores, e ao criar o programa ganhou um respeito maior ainda dos trabalhadores que passaram a se referir a ele como pai”, acrescentou. O Acordo do Campo fez parte da primeira gestão de Arraes como governador, de 1962 a 1964, quando foi deposto. Na ocasião, ele firmou um pacto que garantiria, entre outros benefícios, o pagamento do salário mínimo aos canavieiros.

Com a criação do Chapéu de Palha, Miguel Arraes concedia uma bolsa de meio salário mínimo para os trabalhadores em troca de outros serviços prestados ao estado, como capinação de estradas, e da participação dos chamados “ciclos de educação e cultura”.

Na linha de frente de implantação do programa, a então coordenadora do Grupo de Apoio aos Municípios (GAM), Antonieta Rocha, disse que na época “a linha dele era mais voltada para combater o analfabetismo que era em torno de 80%”.

“Depois dos ciclos de educação e cultura, baseados no método Paulo Freire, a gente conseguiu reduzir para em torno de 20% a 25%. Foi um grande avanço porque as pessoas assinavam sua ajuda financeira. Não só os ciclos de educação e cultura, mas também utilizamos as terras inutilizadas do governo do estado para o plantio, com a cultura de subsistência e do ciclo curto que vai de 3 a 6 meses. Plantavam e vendiam nas feiras durante a entressafra”, detalhou.

Chapéu de Palha não foi ‘de mão beijada’

Aos 66 anos, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife (RMR), Antônio da Nóbrega, foi um dos beneficiados pelo Chapéu de Palha durante os governos de Arraes. Tendo que ir ao campo de trabalho aos 12 anos para complementar a renda dos pais, ele não teve acesso à escola e precisou cortar cana para sobreviver.

“Era um Chapéu de Palha digno que atendia a todos os trabalhadores. Tirávamos trabalhadores daqui para limpar BR, para estudar, para limpar a linha do trem, para Dois Irmãos. Ninguém ficava parado não. Os ônibus chegavam aqui às 7 horas e antes de meio-dia voltava com os trabalhadores. Foi um período muito bom, mas ele não deu de mão beijada não”, conta Nóbrega.

Segundo o presidente do sindicato, foi preciso diversas reivindicações lideradas pela Fetape que no final foram atendidas pelo ex-governador. “Fomos para a rua, com 5 mil trabalhadores, e íamos para a porta do Palácio [do Campo das Princesas]. Ele sempre recebia a gente e procurava saber o que estávamos querendo. A gente dizia, estamos com fome governador, queremos o nosso direito, que o senhor nos ajude. Conseguimos”, detalhou.

Indagado sobre quem Miguel Arraes representava para ele e a classe trabalhadora rural, Nóbrega endossou um discurso emocionado. “Um pai. Um pai. Foi o único governador que recebeu os trabalhadores. Até hoje chamamos ele de ‘papai Araiá’, chega me arrepio”, disse, apontando para o braço. “O velho, o nosso governador Miguel Arraes, fez muita coisa. Sentimos muita falta de um governador como ele, não apenas para o Chapéu de Palha, mas nós, trabalhadores da cana, ele sempre estava ali, do lado, ajudava até nas negociações dos dissídios. Seu neto [Eduardo Campos] tentou imitar ele, mas passou longe”, acrescentou, criticando.

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O programa e os questionamentos atuais da classe

De Arraes ao governador Paulo Câmara (PSB), o Chapéu de Palha deixou de existir de 2000 a 2006, quando Jarbas Vasconcelos administrava o estado. Em 2007, quando Eduardo Campos passou a governar Pernambuco o programa virou política estadual, em forma de lei. Porém, de acordo com o presidente da Fetape, algumas mudanças deixaram a o formato da iniciativa a desejar. 

“Na época que foi criado por Arraes, tinha um formato de valores – com meio salário mínimo, atualmente ele paga um valor de R$ 246,00 por assalariado e é bem inferior ao programa original e está vinculado ao Bolsa Família, ou seja, beneficiário do programa federal só recebem o complemento. Os valores ficam muito pequenos. A Fetape tem cobrado isso, desde a época do governador Eduardo Campos”, salientou Doriel.

Sob a ótica dele, falta a Paulo Câmara “o mesmo sentimento que teve Miguel Arraes com os assalariados”. “Na época a sensibilidade dele foi muito grande. Hoje temos 70 mil assalariados do corte da cana, número bastante inferior. O Chapéu de Palha hoje, por si só, não daria condições mínimas aos assalariados. Hoje não conseguimos, por exemplo, ser recebidos para conversar sobre estas questões com o governador, apesar de já termos vários pedidos. Sendo Arraes, agiria diferente. Ele próprio teria vindo a Fetape, como já aconteceu”, ponderou.

Com as indagações da Federação, o Portal LeiaJá entrou em contato com a gestão estadual. Por nota, a Secretaria de Planejamento e Gestão, responsável pelo programa, disse que hoje o Chapéu de Palha “está mais amplo do que o original”, pois não foca mais apenas nos trabalhadores da cana-de-açúcar e atende aos “trabalhadores da fruticultura irrigada (desde 2009) e os pescadores artesanais e marisqueiros (desde 2012)”.

Quanto a falta de diálogo com a Fetape, a gestão nega. “O Governo Paulo Câmara reafirma seu compromisso com as políticas de proteção social e a abertura ao diálogo com quaisquer entidades que representem essas classes trabalhadoras, incluindo a Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape). Todos os anos, antes de iniciar os cadastramentos, o Governo do Estado, através da Seplag, reúne-se com representantes dessas entidades para alinhamento de todas as informações sobre o programa”, diz o texto, citando dois encontros entre a direção da Fetape e os secretários estaduais em 2015 e 2016.

 

A expressão de um olhar cheio de memórias marca o semblante de Maria Magdalena Fiúza Arraes de Alencar, viúva do ex-governador Miguel Arraes e a mulher que passou mais tempo como primeira-dama do estado. Apoiada pela neta, Elisa Arraes, de 18 anos, dona Magdalena, como é conhecida, recebeu a equipe do Portal LeiaJá na casa onde viveu junto com o marido por 30 anos, no Poço da Panela, na zona norte do Recife, local que hoje funciona o Instituto Miguel Arraes (IMA).

O ambiente, segundo ela, tem lembranças vivas e atrai ainda mais responsabilidade para fazer com que o legado do ex-governador seja contínuo. “Este terraço é quase um sacrário de lembranças. Isso aqui foi teatro de muitas e muitas coisas políticas e familiares... Quando ele não estava trabalhando estava aqui, na rede, com seu cachimbo... Faço questão de mantê-lo vivo aqui”, disse, sentada em uma das cadeiras de aramado de fios do terraço da casa, “as preferidas de Arraes”.

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Entre estalos de risos e seriedade, lembranças ativas e outras amenas, dona Magdalena frisou a saudade do marido e contou sobre como era o dia-a-dia do ex-governador, marido e pai de dez filhos [ver vídeo]. “Sinto mais falta da não presença. Sempre participávamos muito da vida um do outro”, salientou.

De acordo com ela, Arraes fazia questão de que os filhos e netos participassem, por muitas vezes, de conversas nas quais decidiria posturas políticas, para que eles fossem aprendendo sobre a conjuntura. O que, para ela, é um retrato da “vida dedicada” que Arraes teve por Pernambuco e a principal “herança” dos filhos e netos. “Eles são aqueles que devem tomar isto nas mãos e seguir em frente com esta herança e ver o que é possível fazer”, projetou.

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O avô Miguel Arraes

Durante toda a conversa, Elisa Arraes, filha de Mariana Arraes, reforçava as memórias da avó com o que recordava dos seis anos que morou junto com Miguel Arraes. “Muitos têm uma visão de vovô muito duro, mas não era nada. Ele de vez em quando dava umas gargalhadas, contava umas piadas”, afirmou.

Entre uma lembrança e outra, Elisa, que hoje é responsável pelo IMA junto com o tio Antônio Campos, contou que por diversas vezes via demonstrações de amor entre dona Magdalena e Arraes.

“Tem duas coisas muito bonitas que sempre recordo: uma delas e que toda terça ele ia para Brasília, bem cedo, e vovó, que acordava costumeiramente tarde, fazia questão de na terça-feira de manhã acordar cedo para se despedir dele. A despedida era sempre com um beijinho e eu acordava só para ver esta cena”, detalhou. “A outra é que vovô também não dançava muito bem não, mas de vez em quando eles colocavam uma música e dançavam na sala. Era lindo”, emendou.

Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco, não se preocupava com rótulos, como o mesmo disse em um discurso. “O rótulo de radical, conciliador, não tem nenhum sentido para mim (...). O que importa é a prática política, o que me importa são os posicionamentos que se tomam ao lado de determinadas camadas sociais”, declarou num tempo em que boa parte dessa camada citada pelo líder ansiava por dias mais igualitários e justos. 

O primogênito e único filho homem de Maria Benigna Arraes de Alencar e José Almino de Alencar e Silva, foi adorado muito mais do que pela criação do programa Chapéu de Palha, que atendeu os trabalhadores rurais da palha da cana e suas famílias, na região da Zona da Mata, durante o período da entressafra da cana-de-açúcar.

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Arraes trouxe, para muito deles, o significado da importância que eles tinham diante das suas próprias vidas ao colocar, numa mesma mesa, usineiro, os fornecedores de donos de engenho e os trabalhadores.

Um verdadeiro “choque cultural e político” como definiu o próprio neto Eduardo Campos, que herdaria o dom e o carisma do sertanejo que ficaria marcado na história brasileira. “Ele chegou ao governo e faz que a lei seja cumprida na realidade onde não existia lei para os pequenos. Um usineiro sentar na mesma condição diante de um governador com trabalhadores em busca que se cumprisse a lei”, chegou a dizer Eduardo. Ali, um tempo novo estaria por iniciar.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                    O sertanejo foi visto como um santo por muitos. Nascia o mito Arraes

O ex-governador de Pernambuco ficaria rotulado ora por ser um homem cabeça-dura, teimoso, de posturas convictas, ora pela sensibilide humana aguçada que o fez ser venerado pela população mais necessitada, que o tinham como um santo, principalmente, pelos camponeses, que diziam que ele era capaz de fazer chover. Era o mito Arraes que nascia, o mito do Sertão. O guerreiro do povo brasileiro, como a população entoava em diversas visitas que ele fazia pelos municípios do estado. Arraes deixaria marcas inigualáveis para a política brasileira. 

Arraes conseguiu realizar o que registrou em seu discurso quando assumiu pela primeira vez o Governo de Pernambuco, no dia 31 de janeiro de 1963, onde citou um poema do escritor Carlos Drummond de Andrade. Em sua lápide ficaria registrada uma parte do texto: “Luto com as velhas armas que sempre lutei: as minhas duas mãos e o sentimento do mundo”. Sentimento, esse, que marcaria a vida dos de milhares de pessoas eternizando o seu nome na história.

                                                                                                        

“Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”, diz a frase de Carlos Drumonnd de Andrade utilizada pelo ex-governador Miguel Arraes de Alencar no discurso de posse em 1962, quando assumiu pela primeira vez o comando da gestão estadual, e que até hoje é identificada como a marca da passagem do sertanejo pela política em Pernambuco. Nascido em 15 de dezembro de 1916, apesar de cearense, o filho de Maria Benigna e José Almino fez carreira política no estado, cumprindo mandatos deputado estadual, federal, prefeito do Recife e governador. 

Esquerdista nato, Arraes conquistou seu primeiro cargo eletivo em 1954, quando foi eleito para a Assembleia Legislativa. Cinco anos depois, assumia o comando da Prefeitura do Recife, sucedendo o então prefeito Pelópidas da Silveira. Na gestão municipal, a ação mais emblemática dele foi a criação do Movimento de Cultura Popular (MPC) utilizado inicialmente como meio de alfabetização e construção de escolas na capital pernambucana e, depois, na conscientização política e elevação do nível cultural das camadas mais populares. 

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O MCP abriu as portas para nomes como Paulo Freire, que hoje inspira métodos de ensino por todo o mundo. Na época, como descreve a jornalista Tereza Rozowykwiat no livro Arraes, publicado em 2007, o Recife tinha apenas três escolas e o movimento conseguiu criar 201 novas unidades de ensino com 626 turmas. Em 1964, entretanto, a sede do MCP – considerado um movimento comunista pelo regime ditatorial – foi invadida por militares, seus integrantes presos e todos os arquivos queimados. 

Naquele mesmo ano, Arraes que já era governador de Pernambuco, cumprindo o primeiro de três mandatos no Palácio do Campo das Princesas, foi deposto do cargo, por resistir a uma aliança com o novo regime, e preso. Antes de início da ditadura, durante pouco mais de um ano e meio, o então chefe do Executivo estadual ganhou espaço entre os agricultores rurais por, naquele momento, ser o primeiro gestor a sentar à mesa com trabalhadores e empresários usineiros para firmar um pacto que garantiria, entre outros benefícios, o pagamento do salário mínimo aos canavieiros. A ação ficou conhecida como Acordo do Campo.

Com o golpe militar de 1964, Arraes ficou preso por pouco mais de um ano passando por Fernando de Noronha e o Rio de Janeiro. Libertado após um habeas corpus e respondendo a oito processos, entre eles a acusação de comunismo, Arraes decidiu sair do país em exílio. “Não era possível ficar no Brasil, disse ao meu advogado, mas as embaixadas estavam todas cercadas de militares. Consultei um amigo e tinha apenas dois países disponíveis: Iuguslávia e Argélia. Escolhi a Argélia porque um artigo da Constituição de lá dizia que a Argélia vai acolher todos aqueles que lutam pela liberdade ou estejam sendo perseguidos”, contou o ex-governador em uma das suas últimas entrevistas antes de morrer, em agosto de 2005.  

Quatorze anos depois, beneficiado pela Lei da Anistia, Arraes voltou ao Brasil e a atuar na política, sendo eleito governador de Pernambuco por mais duas vezes. A primeira foi em 1986, pelo PMDB, quando lançou o Chapéu de Palha, destinado a beneficiar os canavieiros na entressafra da cana-de-açúcar. Já a segunda foi em 1994, quando investiu em eletrificação rural. Neste ano, Arraes já havia fundado o PSB. 

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Dois mandatos para refazer a história interrompida pela ditadura

Aos 70 anos, Miguel Arraes voltou ao comando estadual e, apesar do semblante sério, das marcas de alguém que viveu exilado por 14 anos e da voz forte que amedrontava a muitos, era considerado “um homem do povo”. Suas ações, durante os dois mandatos pós-ditadura, são considerados pelos que conviviam diretamente com ele como “voltadas para o social”. 

“Ele achava que se a pessoa, na época, tivesse energia e água era rica e, por isso, todos os seus programas estavam voltados para os mais pobres”, frisa Antonieta Cruz, coordenadora do Grupo de Ação Municipal (GAM) implantado a partir de 1987. Segundo ela, o GAM era um deles, já que atuava nos municípios independente do alinhamento político dos prefeitos. 

“Trabalhávamos diretamente com a população, fazendo pequenas obras. Levando água, alimento, incentivando a construção de poços e cisternas. A gente se reunia com as comunidades, eles discutiam, viam as prioridades e doutor Arraes fazia questão de executar aquele trabalho”, emendou, durante uma conversa com o LeiaJá no Palácio, onde trabalha até hoje.

Um retrato positivo da prioridade que Arraes dava as camadas mais populares podia ser visto, de acordo com ela, nas visitas que fazia as cidades pernambucanas. Entre um município e outro, um dos destinos certos eram as feiras municipais que, além dos agricultores, reunia, normalmente, a maior parcela da população menos favorecida. Nos locais, muitos comerciantes deixavam os seus postos para beijar a mão de “pai Arraiá”, como era carinhosamente referido pelos agricultores. O fato deixou Miguel Arraes conhecido entre os políticos como o “acaba feira”. 

“Doutor Arraes era dono de uma energia admirável. Nas feiras, por exemplo, muitas vezes eu puxava ele, quando alguém queria pegar ou insistia muito nas conversas longas, mas ele me reprimia. Quem vendia parava para falar com ele, quem comprava também. As feiras paralisavam sempre. Nas campanhas [de 1994 e 1998] mesmo, muitas vezes ele subia no caminhão sozinho, sem querer ajuda. Já estava na idade avançada, mas não queria ajuda de ninguém”, revela. 

Campanhas estas que, de acordo com o motorista Carlos Gilberto, mais conhecido como Carlinhos de Arraes, ele era capaz de ir a 10 cidades por dia. “Apesar da idade avançada, Miguel Arraes era capaz de visitar até dez municípios por dia. Eram muitas viagens. Passamos de morrer diversas vezes, porque tudo é hora não é? Eu voava nas estradas. Tudo muito puxado. Mas ele, estava lá sempre firme, mantinha o ritmo”, conta, após ter acompanhado o ex-governador nas estradas por 18 anos. 

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A derrota que abriria espaço para Eduardo Campos

Das dez vezes em que disputou uma eleição, Arraes perdeu três. A mais lembrada é a última delas, em 1998, quando foi derrotado por Jarbas Vasconcelos (PMDB), seu então ex-aliado, na disputa pela reeleição ao cargo de governador. A perda do mandato, entretanto, foi na ótica de Arraes o que garantiria a vitória do neto, Eduardo Campos, oito anos depois.  

“Doutor Arraes via muito na frente. Se ele não tivesse disputado esta eleição, na visão dele, Eduardo Campos nunca seria governador. Ele convidou outras pessoas, mas entre uma conversa e outra ele dizia, ‘eu tenho que disputar’. Já pensando no futuro da política do PSB”, contou Carlos, ao descrever conversas que chegou a ouvir entre Arraes e aliados. 

Apesar de derrotado e se negar a estar presente na transmissão de cargo, Arraes encarou a situação com tranqüilidade. “Quando a gente perdeu a eleição para Jarbas eu fiquei muito preocupado. Saí chorando do Palácio, uma lapada daquela era um negócio estrondoso. Nós saímos um dia antes, não passamos o poder para Jarbas. Quando ele me viu chorando perguntou o porquê, eu respondi: de raiva doutor. Ele disse ‘Carlinhos, você não deve ter raiva. Antes de chorar você tem que lembrar o que eu passei em 1964. Foi pior que isso’”, recordou o motorista, desta vez sorrindo.

A ausência do amigo

Funcionários de Arraes por anos, Antonieta e Carlos contaram ao Portal LeiaJá que também criaram laços com o ex-governador e desde 2005 sentem falta de alguém que era mais do que um chefe.

“Ele era uma pessoa fora de série, sempre disponível para ouvir e atender as pessoas, dar conselhos. Aprendi a fazer política com um homem muito correto e de excelente qualidade. A falta é muito grande. Ele deixa uma grande lição para nós, afinal muitos conhecem o mito, mas não conhecem o Arraes, homem preocupado com a pobreza. Esta história de vida dele”, observa Antonieta. 

Já Carlos, revela ter ouvido várias vezes que era o 11º filho. Miguel Arraes teve dez filhos, oito com a primeira esposa, Célia Leão, falecida em 1961, e dois com a viúva Magdalena Arraes. 

“Ele me considerava como o 11º filho, porque eu estava com ele durante todo o dia e a vida. Ele era uma pessoa séria, durona, mas comigo nunca foi assim. Sempre foi aberto, risonho, brincalhão. Dizia que eu era o que mais dava trabalho. Quando ele foi internado, lembro que além da família, fui a única pessoa que o visitou na UTI. É duro, passei 18 anos ao lado dele mesmo e não tinha tratamento diferente em nada”, destaca. 

Miguel Arraes faleceu em 13 de agosto de 2005, após sofrer de infecção respiratória, agravada por insuficiência renal. 

 

 

 

 

O Portal LeiaJá publica nesta quinta-feira (15) uma série de reportagens em homenagem ao centenário do ex-governador Miguel Arraes (PSB) que, se estivesse vivo, faria 100 anos de idade. Falecido no dia 13 de agosto de 2005, o cearense se consolidou como liderança política em Pernambuco ao gerir a Prefeitura do Recife, o Governo estadual - por três vezes, ser deposto de um dos mandatos de governador com o golpe militar e atuar como deputado federal.

As reportagens trazem histórias contadas por ex-governadores, aliados e adversários de Arraes; a perpetuação do legado político dele através de netos e bisnetos, que atualmente integram a política local; a postura dele como chefe e o “pai Arraiá” de milhares de agricultores pernambucanos; além do marido, pelas palavras da viúva Magdalena Arraes.

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Considerado um visionário político, o Portal LeiaJá também traz relatos sobre a frustração de Arraes por não ter ascendido ao Palácio do Planalto e curiosidades sobre as campanhas eleitorais dele.

Expediente - Os textos foram produzidos pelas repórteres Giselly Santos, Taciana Carvalho. As fotos e vídeos são dos repórteres fotográficos Chico Peixoto, Brenda Alcântara e Paulo Uchôa. A edição do conteúdo é de Thabata Alves. 

O neto de Miguel Arraes, Antônio Campos (PSB), iniciou, nesta terça-feira (8), a abertura das homenagens ao ex-governador Miguel Arraes - que completaria 100 anos, se estivesse vivo, no próximo dia 15 de dezembro. Em texto enviado à imprensa, Campos define Arraes como “um homem além do seu tempo”. Miguel foi prefeito do Recife, deputado estadual e federal, e por três vezes governador de Pernambuco.

Antônio Campos frisou que o líder cearense, que fez carreira política em Pernambuco, será “sempre lembrado como a de um homem que construiu através do diálogo uma compreensão do ser humano muito além das suas fronteiras territoriais”. 

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No artigo, que tem como título “A atualidade de Miguel Arraes”, o ex-candidato a prefeito de Olinda conta um pouco sobre a trajetória de Arraes desde quando era prefeito e criou, em 1960, o Movimento de Cultura Popular (MCP) até os episódios que vivenciou durante a Ditadura Militar, quando foi desposto pelo golpe. 

“Sua fidelidade ao povo que o elegeu fez com que não aceitasse a sugestão de renúncia proposta pelos militares por ocasião do Golpe de 1964. Preso, foi exilado na Argélia, onde, ao lado da família, viveu por 14 anos. No exílio, Arraes ampliou sua compreensão do mundo através de estudos e convivência com grandes lideranças mundiais (...) Estendeu sua compreensão de diálogo entre os homens para uma visão maior de diálogo entre os povos. Viva Arraes, guerreiro do povo brasileiro”, ressaltou Campos.

Hoje, o Instituto Miguel Arraes (IMA) anunciou a programação que irá celebra a data. As comemorações iniciam, no dia 13 de dezembro, com uma sessão solene no Congresso Nacional e a abertura de uma exposição na Câmara dos Deputados para homenagear o ex-governador. Na solenidade, o filho mais velho de Arraes, José Almino Alencar e Silva, fará um pronunciamento em nome da família.

A crise pós-eleição no PSB é cada vez mais latente. Depois do advogado Antônio Campos (PSB) acusar correligionários de interferir negativamente na sua campanha em Olinda, o vice-presidente estadual da legenda, Luciano Vasquez, inflamou o clima ao fazer uma dura análise sobre a atuação de socialistas na política local e nacional, entre elas, a do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). 

Em nota divulgada à imprensa, Vasquez classificou como “pequeno” e “precário” o fato dele ter sido exonerado do cargo de diretor de Relações Institucionais de Suape. Para o pessebista, a ação foi resultado de uma “retaliação” ao posicionamento de dissidência adotado por ele no pleito em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. No segundo turno, Vasquez apoiou a prefeita eleita Raquel Lyra (PSDB) que precisou deixar o PSB para se candidatar

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“Com a eleição de Eduardo, em 2006, pensávamos que havíamos vencido a velha política e as suas práticas mais nefastas, como a perseguição, a retaliação e o expurgo, mas estão vivas e ativas em Pernambuco”, desabafou. “A inexperiência, o amadorismo, a inércia e a falta de diálogo são as marcas efervescentes desse tempo”, disparou, emendando.

Segundo o vice-presidente, “estão jogando fora, de forma inconsequente, toda a história e legado de Arraes e Eduardo”. Ele afirmou que não houve um diálogo prévio, nem justificativa à sua exoneração do governo. “Sobre a minha saída, quem tem que falar é o governador. Ele é governador até 31 de dezembro de 2018 e está dentro das prerrogativas dele nomear e exonerar, não é assim?”, ironizou. 

Disparando diretamente contra Paulo Câmara, Luciano disse que “um governante não pode ficar reduzido a imagem de um pedinte de cargos”. “É um ato pequeno e precário que está em desarmonia com as tradições de bravura e honra de quem já exerceu tão dignificante cargo, de Governador de Pernambuco”, ponderou. Para ele, o chefe do Executivo precisa se preocupar com a “melhoria da qualidade de vida do nosso povo”.

Ao explicar a postura, Vasquez disse que antes de subir ao palanque da tucana conversou com o governador e o então candidato da legenda na cidade, Jorge Gomes. “Fiz o que minha consciência determinava: ter lado. Fiz a opção pela coerência histórica e política da Frente Popular, e estava certo. A vitória de Raquel é o resultado do acerto de quem faz política sintonizado com a luta do povo. Quando os governantes e os políticos erram, o povo conserta”, observou. Oficialmente, o PSB apoiou a postulação de Tony Gel (PMDB) ao cargo. 

A família Arraes terá mais um dia de homenagem póstuma esta semana. Após ter realizado missa no dia em que o ex-governador Eduardo Campos faria 51 anos (10 de agosto), se estivesse vivo. Neste sábado (13), a família Arraes fará nova missa em homenagem a Eduardo, desta vez em lembrança aos dois anos de morte do marido de Renata, pai de João, Maria Eduarda, Pedro e Miguel. A celebração católica será realizada na Igreja de Casa Forte, às 19h30. 

As comemorações do aniversário de morte de Miguel Arraes contarão com o lançamento de um blog sobre o centenário de vida do ex-governador, que é coordenado pela neta Elisa Arraes; além do lançamento do livro Porto do Renascimento – a última campanha de Arraes, escrito pelo jornalista pernambucano Marcos Cirano. A obra tem como mote a campanha pela reeleição de Arraes ao governo de Pernambuco, em 1998.

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Campos e Arraes – Os dois ex-governadores de Pernambuco, avô e neto, coincidentemente faleceram no mesmo dia, 13 de agosto. Eduardo morreu em um acidente de avião em Santos, no Litoral Paulista, durante o período de campanha presidencial em 2014. Miguel Arraes morreu em 2005, em decorrência de uma infecção generalizada, no Recife. 

Definitivamente na ala da oposição, o PSB endurece o discurso contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) no programa partidário que será exibido na noite desta quinta-feira (24), em rede nacional. O vídeo, com duração de dez minutos, aponta exemplos de erros cometidos pela gestão petista e critica a redução de investimento em saneamento, o corte de verbas em pesquisa e inovação, a falta de uma política industrial, a estagnação política e o rombo nas contas públicas.

“O governo está perdido e o rombo só cresce. A dívida pública explodiu. Ano passado estava em R$ 2,79 trilhões. E, só em juros, o governo pagou mais de R$ 500 bilhões. Enquanto o investimento no Bolsa Família não chegou a 6% desse valor. Isso é um governo social?”, questiona o partido. O PSB também cita a crise política e econômica, cita o aumento da taxa de desemprego e critica a justificativa do governo em apontar fatores externos para a crise. “Para o governo é tudo culpa da China, intriga da oposição, da mídia, ele nunca tem nada a ver com isso”, diz o vídeo. 

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Segundo o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, o vídeo mostra a incompetência do governo. "Nossa principal crítica não é nem à corrupção, mas à forma de desenvolvimento que o governo optou. Preferiram privilegiar o sistema financeiro ao invés do trabalho e da produção", pontuou. “É uma crítica visceral, mas, ao mesmo tempo, é acompanhada de proposições que acenam para uma renovação na política nacional, tanto no combate à corrupção, doa a quem doer, como no plano de uma visão de desenvolvimento”, acrescenta.

Como alternativa a crise nacional, a legenda defende a implantação do parlamentarismo a partir das eleições de 2018, um “sistema onde crises políticas seriam resolvidas de forma bem mais rápida e sem riscos”. O partido também propõe a aplicação mais rigorosa da Lei da Transparência, a luta por uma Reforma Urbana e a valorização do trabalho e da produção.

“Quem está no poder precisa fazer investimentos de longo prazo, que vão além das próximas eleições. Por isso, o PSB propõe um governo que tenha como lema a valorização do trabalho e da produção. Nosso projeto para o país prevê investimentos maciços em ciência, tecnologia, inovação e na economia criativa. Vamos recuperar a produtividade e a competitividade de nossa indústria”, diz a propaganda. 

O vídeo é finalizado com uma homenagem ao centenário ex-governador de Pernambuco e ex-presidente do PSB, Miguel Arraes, que se comemora em dezembro deste ano. O político foi responsável por implantar políticas sociais pioneiras na época em que governou o estado.

Assista o vídeo na íntegra:

Durante o ato festivo de filiação ao Partido dos Trabalhadores, nesta quinta-feira (3), a vereadora do Recife Marília Arraes não poupou críticas ao PSB, partido em que militou desde o ingresso a vida política. A parlamentar deixou claro que não deixou a legenda apenas por falta de espaço eleitoral, condenou a falta de democracia interna e a perda da identidade de esquerda. O que, segundo ela, foi o principal motivo para a mudança de partido. 

Na avaliação de Marília, o PSB deixou de lado as bandeiras de esquerda defendidas pelo ex-governador Miguel Arraes, criando um “imenso balcão de negociatas que, de um lado, a cúpula vomita ordens e, de outro, uma imensa massa de lagartixas ideológicas balança a cabeça em aprovação”. “Há quem diga que estas minhas atitudes são de coragem. Eu diria que é mais profundo, tem mais a ver com capacidade de se indignar”, observou.

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“O tempo está se encarregando de mostrar a verdade. De mostrar quem é que traiu o pensamento de esquerda e hoje pratica uma política de direita, e de quem permanece no campo do socialismo, da esquerda,ao lado do povo”, acrescentou a vereadora. 

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Emocionada e dizendo-se estar vivendo um recomeço político, Marília garante que chega ao PT para somar e defender a “luta do povo”, considerada por ela como as “principais conquistas que a elite brasileira não gostaria de ver”. “Por não estar à procura de caminhos fáceis e soluções pragmáticas pra minha vida pública, decidi ingressar na infantaria do Partido dos Trabalhadores neste momento de crise e de bombardeio covarde à sua história de luta, que se confunde com a minha, já que se deu no campo em que sempre estive”, argumentou, pontuando os avanços sociais dos governos do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff.

 

 

Apesar de todo apelo ao ingresso de um “sangue Arraes” ao PT, Marília deixou claro em seu discurso que a militância dela não tem sobrenome ou tradição familiar e aproveita o ensejo para soltar críticas sutis a família Campos. “Minha trajetória não é familiar, é política. O que tenho é uma história decorrente dos meus não tão poucos anos de vida”, cravou.

Cogitada para ingressar na chapa majoritária do PT na disputa pelo comando do Recife, Marília Arraes negou que estaria pleiteando um cargo majoritário e disse que pretende disputar a reeleição. Ela defendeu o nome de João Paulo para liderar a corrida municipal.

A Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara (CEMVDHC) quer incluir o nome do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, no Livro dos Heróis da Pátria. Para isso, o coordenador da CEMVDHC, Fernando Coelho, encaminhou um ofício ao governador Paulo Câmara (PSB), solicitando a inclusão. O pedido foi endossado por todos os membros da Comissão. 

Previsto na Lei 13.229, de 28 de dezembro de 2015, o acréscimo seria mais uma homenagem ao aniversário de 100 anos de Arraes, que se estivesse vivo celebraria o centenário em dezembro. 

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“Este é o ano do Centenário de Miguel Arraes, governador de Pernambuco por três vezes. Teve o primeiro mandato interrompido pela ditadura de 1964, que o destituiu pela força, em total desrespeito à vontade popular. Em 1987, retornara ao poder, depois de vários anos no exílio. Pelo mesmo voto popular se reelegeu ainda uma terceira vez, em 1994. Falecido em 2005, deixou enorme contribuição para o estado e para o Brasil”, justifica Coelho. 

Também conhecido como “Livro de Aço”, o monumento está localizado na Praça dos Três Poderes e presta homenagens a nomes como o dos presidentes Tancredo Neves e Getúlio Vargas; além do líder da Revolução Pernambucana de 1817, Joaquim da Silva Rabelo, o Frei Caneca, e o do ex-governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. 

Nesta terça-feira (15), o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), recebeu familiares do ex-governador Miguel Arraes de Alencar. O encontro foi o pontapé inicial para as comemorações do centenário de nascimento, que serão realizadas no próximo ano. Nesta terça, Arraes comemoraria 99 anos. 

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Ao lado de Câmara estavam a viúva Magdalena Arraes, os filhos Ana e Pedro, o neto Antônio Campos, a viúva do também ex-governador Eduardo Campos, Renata Campos, e os bisnetos Elisa, Luis Felipe e Miguel. “Ele foi uma pessoa que contribuiu muito para a redemocratização do nosso País. Um exemplo de homem público e de gestor comprometido com o social”, disse Paulo Câmara. 

Uma comissão organizadora do centenário será formada por membros do Governo, da Assembleia Legislativa, Instituto Miguel Arraes e do Partido Socialista Brasileiro (PSB). A ministra Ana Arraes salientou que “além da sua atuação no Brasil, é importante resgatar os detalhes da história de Arraes na Argélia. Ele contribuiu com as suas experiências no continente africano, na questão da água e das tecnologias de infraestrutura”. 

Miguel Arraes de Alencar foi, por três vezes, governador do Estado, além de ter sido também deputado federal e prefeito do Recife. Em 1964, teve o governo interrompido durante a ditadura militar. Arraes faleceu aos 88 anos, em 2005. 

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