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Atenas, mundialmente conhecida por suas antiguidades, também possui um patrimônio arquitetônico dos séculos XIX e XX cujos escassos vestígios estão ameaçados devido à crise e à falta de políticas para sua conservação. Maria Daniil se beneficiou das subvenções dos empréstimos bancários dos anos 1980 para restaurar a casa da sua família, construída em 1936 perto da Acrópole.

"Atualmente, com a crise, é caro e difícil restaurar este tipo de construções, já não há ajudas do Estado e as pessoas preferem abandoná-las os demoli-las", aponta esta arquiteta, especialista em edifícios do final do século XIX e início do XX.

Sua casa, de 300 m2 e estilo de transição entre o neoclassicismo e o ecleticismo, foi construída com uma técnica mista de muros de pedra e pisos de concreto armado.

Na capital grega restam 10.600 casas residenciais em estilo neoclássico ou moderno, segundo a associação Monumenta, que criou uma base de dados para "sensibilizar autoridades e proprietários sobre a sobrevivência do patrimônio imobiliário moderno".

"A maioria está abandonada, em ruínas ou demolida. Mais de 80% desapareceram", lamenta Irini Gratsia, arqueóloga especialista em proteção de edifícios-monumentos e cofundadora da Monumenta.

Gropius e Le Corbusier

Muitos destes edifícios foram substituídos por imóveis de concreto armado nos anos 1960 e 1970, durante a caótica expansão urbanística da capital.

Na época foram construídos imóveis de cinco ou seis andares para responder à gigantesca urbanização que Atenas ia viver, e era uma forma de relançar a economia após a Segunda Guerra Mundial.

Uma lei de 1983 para a conservação de edifícios neoclássicos obriga os proprietários a restaurá-los, mas a crise econômica, os altos impostos e a ausência de empréstimos ou ajudas estatais levaram de novo ao seu abandono. Há dois anos, apesar dos esforços da Monumenta, se demoliu uma casa de 1875 de um dos bairros mais antigos da zona oeste da cidade.

Era uma das poucas testemunhas do primeiro apogeu de Atenas no século XIX, quando a cidade tinha apenas 15.000 habitantes. No início do século XX, a população atingiu meio milhão, e nas últimas décadas ultrapassou quatro milhões, explica Gratsia.

Nos anos 1930, o movimento Bauhaus atraiu rapidamente os atenienses ricos por seu aspecto funcional. Essas casas de formas cúbicas já não tinham os elementos decorativos neoclássicos e respondiam às normas da comodidade da classe média do momento, como calefação central e elevador.

A embaixada dos Estados Unidos, emblemática da arquitetura moderna de Atenas, foi concebida nos anos 1950 pelo arquiteto alemão Walter Gropius, fundador da Bauhaus.

Arquitetos gregos discípulos do franco-suíço Le Corbusier, expoente da arquitetura moderna, também se lançaram à construção de vivendas desse estilo ou de estabelecimentos públicos hoje dispersos em vários bairros populares. "Esses edifícios foram obras-primas em seu momento e é preciso conservar os que permanecem", disse Gratsia.

"Continuidade histórica"

"Atenas poderia destacar o que resta das suas pequenas joias arquitetônicas e se transformar em um ponto de atração turística graças aos seus diferentes estilos", afirma Monumenta. Para Maria Daniil, "a conservação de velhos edifícios permite mostrar a continuidade histórica de Atenas, da Antiguidade à atualidade".

No entanto, proprietários e inquilinos destes antigos edifícios sempre se queixam do alto custo da sua conservação. Dimitris Ioakim, inquilino há 40 anos de um edifício estilo Bauhaus de 1935, aponta que os gastos das reparações "são altos" e que o proprietário não tem interesse em pagá-los.

"A maioria dos proprietários destas casas as venderam nos anos 1990 para se mudar para a periferia ou as alugaram", acrescenta.

No entanto, a recente explosão de sites de aluguel como AirBnB abriu caminho para a venda destes edifícios a investidores estrangeiros que os renovaram para alugá-los, principalmente a turistas. "AirBnB representa uma solução, mas também são necessárias soluções a longo prazo", afirma Maria Daniil.

Uma arquiteta que conheceu a antiga sede do Banco de São Paulo aos 21 anos é a principal idealizadora de um projeto que tem a missão de colocar o prédio no mapa das atrações turísticas da cidade. O primeiro passo de Ivone Faddul Alves, agora com 51 anos, será dado nesta quinta-feira, 3, com a estreia da visita guiada ao edifício. Inédito, o tour ocorrerá semanalmente mediante inscrição gratuita - os ingressos para as duas primeiras edições já estão esgotados.

Ao longo de duas horas, os visitantes poderão conhecer detalhes do imóvel, tombado pelo Estado em 2003 e considerado "moderno" para a sua época de construção: 1938. "O edifício recebe visitas do exterior, de pessoas que o veem como referência, e nós não temos essa visão. Então, o meu objetivo é criar essa identidade", afirma Ivone. "Assim poderemos ter esse prédio para o resto da vida."

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Desde 1970, o arranha-céu é a sede da Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude, onde a arquiteta trabalha desde 1999. Apesar de estar no local há quase 20 anos, ela relata descobrir relíquias com frequência, como uma mesa de madeira maciça quase centenária que era utilizada ao lado de uma cadeira de escritório de plástico. "É o meu olhar que vê isso como uma obra de arte. Outra pessoa vai ver e falar: 'O que é isso? Que porcaria!'", compara.

Com as visitas guiadas, Ivone pretende atrair interessados em apoiar a restauração do edifício, que não passa por obras desde 1970. Ela conta que já conseguiu, por exemplo, o concerto do painel iluminado da fachada, que está apagado há 30 anos. Para o serviço, aguarda agora uma autorização do Estado, necessário em função do tombamento do imóvel. Um livro também está na perspectiva da arquiteta.

A funcionária pública afirma ser a segunda pessoa que melhor conhece o imóvel, estando atrás apenas do zelador, José Domingos Neto, de 68 anos, cearense de Alcântara que vive há 35 anos em São Paulo, 33 deles no 16.º andar do prédio.

Segundo Ivone, Seu Zé é o guardião do antigo banco e faz "mágicas" para suprir a falta de verba para manutenção, como quando cortou canos para transformá-los em calhas. O zelador conta que há comentários sobre a existência de assombrações no local. "Mas eu nunca vi nada. Só vê quem acredita, né?"

Tour

A visita começará na fachada e seguirá por espaços que vão do cofre até ao saguão, onde há ornamentos com ouro. Dentre os interessados no tour há arquitetos como Thales Sportero, de 24 anos. "Tenho pretensão de seguir carreira acadêmica e acho importante o conhecimento sobre os edifícios históricos, para poder passar a importância deles adiante", diz. Também há pessoas de outras áreas, como o cirurgião dentista Murilo Mauad, de 55 anos, que pretende visitar o local com a filha Helena, de 23 anos. "Adoramos ver a arquitetura e os acervos."

Serviço

Visitas guiadas de quintas-feiras, às 8h; agendamento: deborahturcultural@gmail.com ou (11) 98093-1744. visitação ao cofre: de segunda a quarta-feira, das 8h às 11h. Endereço: Praça Antônio Prado, 9; telefone para contato (11) 3104-8992. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um antigo moinho do século 19, tombado pelo órgão estadual de proteção ao patrimônio, o Condephaat, está sem uso e descuidado em Ribeirão Pires, na região metropolitana de São Paulo. O imponente imóvel, próximo da linha férrea que já foi a São Paulo Railway - hoje é Companhia Paulista de Trens Metropolitanas (CPTM) -, se transformou em reduto de pichadores e usuários de drogas.

Construída em 1898, a edificação já abrigou moinho, foi utilizada como depósito de pólvora durante a Revolução de 1932, tornou-se fábrica de adubos, depois de salitre, em seguida local de criação de bicho da seda e, por último, uma refinaria de sal. Nos anos 1990, a última empresa a ocupar o imóvel pediu concordata.

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A prefeitura de Ribeirão Pires tornou-se proprietária do centenário imóvel em 2001, após processo de desapropriação judicial. A ideia era transformar o local em centro cultural. "Inicialmente, a Prefeitura pretendia demolir todo o conjunto, após trabalhos com historiadores e memorialistas revelarem que o local tinha potencial para ser um sítio histórico. O projeto foi alterado, optando-se pelo restauro", conta Marcílio Duarte, coordenador de Patrimônio Cultural do município.

Obras foram feitas em 2003 e 2004. Em 2009, após o surgimento de sal nas paredes, o imóvel foi interditado. Em 2013, um novo projeto municipal pretendia transformar o prédio em um teatro com capacidade para 1,2 mil lugares. Não vingou.

Em 2016, a prefeitura de Ribeirão Pires encaminhou à Câmara um projeto que pretendia vender a área à iniciativa privada. Foi uma polêmica. O objetivo, segundo Duarte, era "a completa demolição do edifício histórico". Havia interesse de empreiteiras em construir um shopping no endereço.

Houve uma mobilização local e um trâmite no Condephaat. No papel, o imóvel é tombado, ou seja, protegido, desde dezembro. A reportagem do Estado visitou o imóvel e conferiu a degradação. "O abandono está destruindo este patrimônio", diz o estudante Keanu Oliveira, de 17 anos, morador das redondezas. "Quem entra vê pichações e resíduos deixados por usuários de drogas."

Questionada pela reportagem sobre o abandono e a degradação, a prefeitura de Ribeirão Pires informou, em nota, que a "Secretaria de Segurança Pública do município iniciou processo para a instalação de Inspetoria da Guarda Civil Municipal em imóvel que fica ao lado da Fábrica de Sal". A administração municipal também afirmou "que estuda projetos para o local, seguindo parâmetros legais e de segurança, dentro da proposta de preservação do espaço".

Histórico

Nascida como Molino di Semole Fratelli Maciotta (em português, Moinho de Trigo Irmãos Maciotta), "a edificação foi construída em 1898, durante o período da industrialização paulista, em conjunto com a Estação Ribeirão Pires da São Paulo Railway, também tombada", conforme esclarece, em nota, a Secretaria de Estado da Cultura, pasta responsável pelo Condephaat. "Sua localização estratégica, junto da ferrovia, e a proximidade do Porto de Santos, na Baixada Santista, facilitavam o transporte dos grãos importados e do produto acabado."

Nas décadas seguintes, o imóvel teve vários usos - possibilitados, como ressalta a secretaria, pelas próprias características da construção, "que possui planta ampla e livre". "O uso mais prolongado e que caracteriza o edifício, a Fábrica de Sal, teve início por volta de 1950, com a instalação da Indústria e Comércio Carmine Cotellessa S. A., ativa até 1994", informa a pasta.

Quando o imóvel foi tombado, Deborah Neves, historiadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico da Secretaria de Estado da Cultura, afirmou que "o edifício é um importante exemplar da arquitetura industrial voltada à produção de alimentos".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Inaugurado em 18 de maio de 1850, em homenagem à Princesa Isabel, e tombado pelo Iphan desde 1949, o Teatro de Santa Isabel completa 167 anos nesta quinta-feira, dia 18. Ele, que assistiu à Revolução Praieira, abrigou a campanha abolicionista e a campanha pelo advento da República, celebrará a data com jazz e diplomacia.

No palco, às 20h, se apresenta a banda austríaca David Helbock Trio. Na plateia, estará presente uma delegação das embaixadas dos países da União Europeia, juntamente ao resto do público. O show terá duração de 70 minutos, será gratuito e os ingressos devem ser retirados uma hora antes do início da programação, na bilheteria do teatro.

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Oferecida pela Embaixada da Áustria, a apresentação integra a programação da missão anual dos embaixadores da União Europeia (UE) no Brasil, que escolheu, em 2017, o estado de Pernambuco como cenário. A visita ocorre entre os dias 18 e 21 de maio, e tem como objetivo abrir caminho para novas parcerias nas áreas de ecônomia criativa, cultura, turismoe indústria.

No palco o trio composto por David Helbock (piano), Raphael Preuschl (ukulele e baixo) e Reinhold Schmölzer (bateria), trará composições clássicas e autorais. O grupo já foi premiado no Montreux Jazz Festival.

Serviço

Aniversário do Teatro de Santa Isabel
Quinta-feira (18) | 20h
Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n - Sto. Antônio)
Gratuito

A cidade de Florença recebe nesta quinta e sexta-feira a primeira reunião do G7 dedicada à cultura, uma iniciativa estimulada pela Itália, um país que busca um posicionamento de destaque na defensa do patrimônio mundial.

"Na origem deste projeto está uma avaliação que fizemos para o governo e que mostra que a Itália dispõe de uma liderança cultural pela importância de seu patrimônio", explicou o ministro italiano da Cultura, Dario Franceschini.

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"A Itália busca transformar esta força em ação no plano internacional para introduzir a noção de diplomacia cultural na agenda das nações", completou.

Este encontro acontecerá durante a presidência italiana do G7, o grupo dos sete países mais ricos do planeta.

Os chefes de Estado e de Governo do G7 se reunirão no fim de maio na cidade siciliana de Taormina.

Na reunião de dois dias, os ministros da Cultura dos sete países debaterão nesta cidade da Toscana o tema "cultura como instrumento de diálogo dos povos".

O primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, abrirá oficialmente o encontro cultural nesta quinta-feira.

Franceschini destacou o desejo de um documento final que perpetue as reuniões do G7 na área de cultura.

O G7 reúne Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Canadá e Itália.

Após realizar uma auditoria de preservação cultural no município de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife (RMR), o Tribunal de Contas (TCE-PE) constatou que a cidade não possui capacidade administrativa, técnica e operacional para uma adequada preservação do seu acervo histórico-cultural. Uma série de recomendações foram expedidas pelo órgão para a gestão municipal.

A auditoria também verificou a inexistência de um plano para gerenciar a preservação do patrimônio e de outro focado no ordenamento de mobilidade urbana que atenda ao centro histórico. A Lei Municipal nº 1670/1983, porém, prevê a implantação de um sistema de preservação, composto por um conselho e um fundo de preservação cultural, inativo na cidade.

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Segundo o TCE, a auditoria mostra que os imóveis especiais de preservação histórico ambiental encontram-se em estado de deterioração, arruinamento e alguns não existem mais. 

Recomendações - Entre as recomendações feitas estão a revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do município e a elaboração de um plano de trabalho para recuperação, preservação e revitalização de prédios históricos; a implementação do Sistema Municipal de Cultura e de um plano de mobilidade urbana que atenda ao Centro Histórico de Igarassu; reativação do Fundo e do Sistema de Preservação e o restabelecimento do regime de tombamento em nível municipal.

O estudo ainda cobrou estudos específicos que incluam na relação de Imóveis Especiais de Preservação (IEPs) a Capela de São João Batista, as casas seculares, os Fornos de Cal do Povoado de Cuieiras; e o Sítio Histórico/Arqueológico dos Marcos. Por fim, a administração municipal deverá elaborar e implementar um plano de controle urbano contemplando espaços públicos, casarios, monumentos e entorno.

Olinda - O município de Olinda foi o primeiro a passar pela auditoria. No dia 8 de março, foi entregue uma lista com os principais problemas e orientações. A fiscalização constatou ter havido um retrocesso no quesito de preservação do patrimônio na cidade histórica.  

Entre os problemas estão a descaracterização do casario e pouco controle do espaço urbano no Sítio Histórico. Nas recomendações estão a implementação de um plano de preservação, programa de educação patrimonial e condições para a implantação de usos e atividades comerciais e de serviços. As próximas cidades a receberem a visita do TCE serão Paudalho, nesta terça-feira (21), e Brejo da Madre de Deus.

O administrador do patrimônio de Prince, que durante muito tempo enfrentou a indústria da música, anunciou nesta quinta-feira (9) um acordo com a Universal Music, a maior gravadora do mundo, para lançar grande parte do amplo catálogo do ícone do pop.

Com esse acordo, a Universal ganhou os direitos sobre as músicas inéditas que Prince deixou em um cofre em sua propriedade em Paisley Park, em Minnesota, onde morreu em abril passado.

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A Universal também assumiu o controle de 25 álbuns que Prince lançou com seu próprio selo, NPG Records, a partir de meados da década de 1990.

A Universal havia dito que ia conseguir os direitos nos Estados Unidos sobre "alguns álbuns famosos de Prince de entre 1979 e 1995", a época mais emblemática da estrela, quando encabeçou as listas com "Purple Rain" e outros trabalhos.

"Prince foi um dos grandes talentos musicais de todos os tempos, um gênio incomparável como intérprete, artista e compositor", disse em um comunicado o chefe e CEO do Universal Music Group, Lucian Grainge, sem revelar o valor do acordo.

L. Londell McMillan, que foi advogado do cantor durante muito tempo e que atualmente representa seu patrimônio, disse confiar em que a Universal - que anteriormente alcançou um acordo separado pelos direitos sobre as composições de Prince - "apresentará a música de Prince com uma visão holística que celebre sua condição de ícone".

Prince faleceu aos 57 anos por uma overdose de analgésicos, sem testamento nem herdeiros, deixando seu legado em uma total confusão.

O administrador do patrimônio do cantor também parece ter fechado acordos para levar sua música aos principais sites de streaming, como o Spotify.

Prince era um crítico ferrenho das gravadoras e, mais tarde, da Internet, e considerava que as corporações submetiam os artistas a uma escravidão virtual.

Representantes de 40 países se comprometeram neste sábado a criar um fundo financeiro e uma rede de refúgios para proteger o patrimônio em perigo em zonas de conflito, durante uma conferência internacional em Abu Dhabi.

Estes dois compromissos estão incluídos na "Declaração de Abu Dhabi", adotada por consenso na conferência convocada após as destruições cometidas pelos extremistas em Iraque, Síria, Mali e Afeganistão nos últimos anos.

"Nos comprometemos a manter dois objetivos ambiciosos e perenes para garantir a mobilização da comunidade internacional em favor da preservação do patrimônio", afirma a declaração aprovada pelos participantes.

Por um lado, "a constituição de um fundo internacional para a proteção do patrimônio cultural em perigo em período de conflito armado, que permitiria financiar ações de prevenção ou de urgência, lutar contra o tráfico ilegal de bens culturais, assim como participar da restauração de bens culturais danificados".

Por outro lado, "a criação de uma rede internacional de refúgios para proteger de forma temporária os bens culturais em perigo devido a conflitos armados ou terrorismo, em seu território (...) em um país limítrofe, ou, em último recurso, em outro país, de acordo com as leis internacionais e a pedido dos governos afetados".

Esta declaração foi adotada por consenso na presença do presidente francês, François Hollande, do príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed ben Zayed al Nahyan, e da diretora-geral da Unesco, Irina Bokova.

Cinco ganhadores do Nobel convocaram nesta quinta-feira (30) os participantes da conferência de Abu Dhabi sobre o patrimônio em perigo a assumirem suas "responsabilidades" diante de um desafio "histórico", na véspera de sua abertura.

A conferência reunirá representantes de 40 países com o objetivo de criar um fundo especial de 100 milhões de dólares e uma rede internacional de refúgios para proteger os bens ameaçados por conflitos.

"Em Bamiyan (Afeganistão), Mossul (Iraque), Palmira (Síria), Timbuctu (Mali) e em outros lugares obras foram destruídas, atacando a humanidade inteira", disseram os premiados em um comunicado.

Assinam o texto os nobel da Paz Aung San Suu Kyi, ex-opositora e atual chefe da diplomacia birmanesa, Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU, e Helen Johnson Sirleaf, presidente da Libéria, assim como dois Nobel de Literatura, o peruano Mario Vargas Llosa e o turco Orhan Pamuk.

"É nossa esperança no futuro que o fanatismo quis minar", afirmaram os Nobel. "É urgente agir (...) Sem memória, não há sonhos nem horizontes comuns possíveis".

A conferência durará até sábado e será co-presidida pela França e pelos Emirados Árabes Unidos, sob o patrocínio da Unesco.

O presidente Michel Temer sancionou a Lei 13.364/2016, que eleva o rodeio e a vaquejada - e suas respectivas expressões artístico-culturais - à condição de manifestação cultural nacional e de patrimônio cultural imaterial.

De acordo com o texto, consideram-se patrimônio cultural imaterial do Brasil o rodeio, a vaquejada e expressões decorrentes, como: "montarias; provas de laço; apartação; bulldog; provas de rédeas; provas dos Três Tambores, Team Penning e Work Penning; paleteadas; e outras provas típicas, tais como Queima do Alho e concurso do berrante, bem como apresentações folclóricas e de músicas de raiz". A nova lei está publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (30).

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O Náutico publicou, nesta terça-feira (29),uma nota acerca das invasões e confusões ocorridas no último sábado (26), na Arena de Pernambuco. Revoltados com a derrota do Timbu para o Oeste, torcedores invadiram o gramado do estádio e ainda depredaram alguns espaços do local. Por meio da nota, o clube se prontificou a arcar com os custos de reparo.

“O Clube Náutico Capibaribe esclarece que repudia qualquer ato de vandalismo e que, diante dos prejuízos ocasionados por alguns torcedores na Arena de Pernambuco no jogo contra o Oeste, no último sábado (26), irá avaliá-los e se responsabilizará pelos danos causados ao equipamento”, prometeu o clube.

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Segundo a Arena de Pernambuco, foi constatada quebra de 40 cadeiras e de cinco tampas de vaso sanitário. Os custos de reparo ainda estão sendo contabilizados e serão repassados posteriormente ao Náutico.

Diante dos comentários proferidos entre torcedores de que o estádio não foi devidamente preparado para receber os cerca de 25 mil torcedores que foram à partida, a Arena de Pernambuco garantiu que “em momento algum subjugou o tamanho da partida”. 

“Para a partida, foram deslocados 82 agentes de segurança privada e 475 agentes públicos, envolvendo Batalhão de Choque, Polícia Rodoviária Federal, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Guarda Municipal. Para se ter uma ideia, a partida entre Náutico x Londrina, dia 30 de agosto, contou com 58 agentes de segurança privada e 343 agentes públicos. No incidente, foram autuados sete indivíduos por invasão de campo, desacato, resistência e desobediência”, informou a assessoria de imprensa do estádio, por meio de nota. 

“No despertar do vento verequete anunciou. Maré faceira na areia, com o olhar da sereia encadeou.” Neste trecho da canção “Aos mestres”, criada pela banda Cactos ao Luar, fica nítida a referência musical a um grande personagem paraense: Augusto Gomes Rodrigues, o mestre Verequete, que é homenageado em 2016 pelos cem anos de história na cultura regional.

A banda Cactos ao Luar é mais um grupo musical que tem como principal inspiração em suas melodias o mestre Verequete. Cleiderson Freire, percussionista da banda, afirma que as composições têm nas suas raízes o carimbó deste ícone. “Eu cheguei a conhecê-lo em seus últimos anos de vida através de um cortejo em homenagem ao seu aniversário. Ele já estava bem idoso e debilitado, mas mesmo assim cantava e passava a sua energia para todos os presentes”, diz Cleiderson.

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Os músicos do grupo se reúnem em um casarão histórico de Belém para cantar e mostrar um novo estilo de carimbó influenciado pelo antigo mestre. Bruno Barros, vocalista da banda, enxerga como principal contribuição cultural a tradição que Verequete passava em suas criações. “Nas nossas músicas eu canto sobre contos, magia, a floresta e misturo com coisas do cotidiano, é a nossa maneira contemporânea de pegar o tradicional carimbó e brincar com ele de diversas formas”, afirma o cantor de 38 anos.

A palavra “verequete” possui origem afrodescendente e tem relação direta com uma figura encantada da religião do Candomblé. O mestre, por ter grande aproximação com a afroreligiosidade, adotou esse personagem como seu próprio nome artístico. Para Alexandre Nogueira, professor de história e também percussionista da Cactos ao Luar, isso configura um caráter histórico na vida deste cantor, aumentando ainda mais a sua importância na construção cultural do Pará.

Alexandre conta que a canção “Chama Verequete” é a mais emblemática do cantor, pois, consegue emocionar todas as pessoas que a escutam. “Ela mexe comigo porque parece que estamos evocando o próprio mestre entre nós, e agora, após sua morte, essa canção se torna mais forte, quase como se o espírito dele viesse fazer parte da roda de carimbo.”

Ainda segundo o historiador, relembrar o Verequete em seu centenário é também mostrar que preservar o carimbó como patrimônio cultural é importante, uma vez que o ritmo ainda recebe pouco apoio e investimentos financeiros. “O carimbó sempre teve um caráter de resistência; hoje a resistência é sentida na falta de incentivo musical. Nossos mestres que impulsionaram a raiz desse ritmo são pouco lembrados e hoje nós ainda possuímos pouca para o desenvolvimento de novas produções.”

Por Bruno Menezes.

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“Rei do Carimbó”. Assim é conhecido Augusto Gomes Rodrigues, o mestre Verequete. Nascido no dia 16 de agosto de 1916, em Quatipuru, nordeste do Pará, Verequete foi um dos responsáveis pela popularização e difusão do carimbó no Estado. Foi através das composições feitas pelo mestre que o ritmo e a dança paraense ganharam destaque nacional nas décadas de 1970 e 1980. O carimbó se tornou Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. O registro foi aprovado por unanimidade no dia 11 de setembro de 2014, em Brasília, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.

Músicos tradicionais paraenses celebram o centenário de nascimento de Verequete neste ano de 2016. O mestre morreu no dia 3 de novembro de 2009. De acordo com o historiador Antônio Costa, Verequete iniciou a carreira ainda jovem, quando morava em Icoaraci, distrito de Belém. “Foi através do envolvimento com bois-bumbás e festas populares de quadra junina que tudo começou. E por volta de 1960 Verequete se dedicou quase exclusivamente ao carimbó”, contou Antônio.

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Tendo suas composições inspiradas principalmente no cotidiano e em seu universo, mestre Verequete usava elementos da Umbanda para compor suas músicas, principalmente com inclusão de tambores da religião afro. “As letras de Verequete eram inspiradas em comunidades locais, como as ribeirinhas, praianas e interioranas. Ele falava de relações amorosas. Verequete gostava de transformar a vida em canção”, disse Antônio.

De acordo com o historiador, Verequete dedicou sua trajetória na composição do carimbó tradicional, chamados de “carimbó pau e corda” e “carimbó de raiz”. Grande divulgador do ritmo paraense, Verequete compôs cerca de 200 músicas, além de lançar dez discos e quatro CDs. Ente os sucessos do mestre estão as canções: “O carimbó não morreu”, “Chama Verequete”, “Morena penteia o cabelo” e “Xô, peru”.

Canção “Chama Verequete” - O historiador Antônio Costa explica que a canção “Chama Verequete” não é de autoria do mestre, mas uma reinterpretação feita por Verequete, através de instrumentos do carimbó. Segundo Costa, Verequete ouviu a música pela primeira vez em um batuque, cantada por um pai de santo. “Apesar da música não ter sido escrita por ele, todo mundo conhece na sua voz, e lembra sempre do mestre Verequete”, explicou.

Além de ficar famosa na voz do mestre, a canção "Chama Verequete" também foi transformada em um curta-metragem, em 2002, que conta a trajetória de Verequete. O curta-metragem foi dirigido por Luiz Arnaldo Campos e Rogério José Parreira.

Verequete morreu aos 93 anos, três anos depois de ter recebido o título de Comendador da Ordem do Mérito Cultural, concedido pelo Ministério da Cultura, mas seu legado permanece vivo, e ainda inspira mestres e grupos de carimbó.

Ouça agora a música Chama Verequete:

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Por Karina Reis.


Uma pesquisa elaborada pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) traz um dado que chama atenção: em 32 cidades brasileiras, os prefeitos eleitos declararam um patrimônio 100 vezes maior que o Produto Interno Bruto (PIB), que é formado pela soma das riquezas do município. A maioria, nas regiões Centro-Oeste e Nordeste. 

Mato Grosso é o dono da maior média de patrimônio entre os prefeitos eleitos. Um exemplo é o prefeito do município São José do Xingu, Luiz Carlos Castelo, no Mato Grosso, que tem uma renda 369 vezes do PIB do município. A maior parte do seu patrimônio declarado de R$ 51,7 milhões se refere a cabeças de gado, equipamentos agrícolas e imóveis. O PIB de São José do Xingu é R$ 140 mil.

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Os três gestores eleitos com maior renda declarada são empresários. O novo prefeito de São Carlos (SP), Airton Garcia, tem renda declarada ao TSE de mais de R$ 439,6 milhões. O prefeito eleito de Betim (MG), Vittorio Medioli, tem patrimônio declarado superior a R$ 352,5 milhões. Já  João Doria, que venceu em São Paulo, declarou renda de mais de R$ 179,7 milhões.

Para o Inesc, o Brasil vive uma política dominada pelos ricos. “No Brasil existe uma desigualdade estruturante. As elites se reproduzem no poder. Não há uma política que gere diversidade”, disse a assessora política do Instituto, Carmela Zigoni. 

Ainda segundo a pesquisa, 62% dos prefeitos eleitos são homens de cor branca. “Não há uma política que gere diversidade. Sabemos que os representantes do povo são homens brancos de alto poder aquisitivo e com mais 40 anos”, acrescentou Zigoni.

O I Encontro de Patrimônio Cultural e Sociedade ocorreu na quinta-feira (13) e sexta-feira (14), promovido pelo curso de História da Universidade da Amazônia (Unama) e com o apoio do Departamento de Patrimônio Histórico Artístico e Cultural (DPHAC/Secult). O evento teve palestras, mesas-redondas e oficinas, com debates sobre a importância do patrimônio cultural na sociedade.

Patrimônio Cultural compreende um conjunto de manifestações populares, tradições materiais e imateriais, práticas e valores produzidos por uma sociedade com a intenção de assegurar, às gerações futuras, o conhecimento de seu passado. "Devido Belém ser uma cidade histórica que tem um grande patrimônio arquitetônico material e imaterial, tanto de expressões culturais artísticas, como de conhecimentos tradicionais, pensamos em discutir a ideia de patrimônio como conceito amplo, porque é um conceito que vem se democratizando", disse Letícia Barriga, uma das organizadoras do evento e professora de História da Unama.

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A professora Maria Goretti da Costa Tavares, uma das palestrantes do Encontro, afirmou que é interessante despertar o conhecimento dos alunos para ações voltadas para valorização do patrimônio. "É bom que os estudantes pensem em diferentes propostas pra discutir a questão do patrimônio na cidade de Belém, de como podemos ter uma melhoria de qualidade de vida na cidade ligada a essa questão da preservação do patrimônio", disse.

Thais Toscano, representando o DPHAC, falou sobre “Políticas Públicas e Patrimônio Cultural” em mesa-redonda. Ela disse que o tema patrimônio cultural é amplo e que a sociedade é muito responsável pela condução da gestão nessa área. "Eu acredito que a conscientização das pessoas sobre a importância do patrimônio cultural acontece através de educação patrimonial, através de mais eventos como este", afirmou.

O professor Mário Tito Almeida, diretor do Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCHS) da Unama, falou que o aluno não adquire conhecimento apenas na sala de aula, mas também em eventos que discutam esses assuntos. "Acredito que quando os alunos participam desses encontros acrescentam a possibilidade de enriquecimento de suas pesquisas acadêmicas", afirmou.

A estudante de História Fernanda de Souza disse que participar desse encontro vai acrescentar conhecimento para ela, e que é muito necessário estudantes de história saberem sobre patrimônio histórico e cultural. Para ela, as palestras vão ajudar a conscientizar sobre a importância do patrimônio tanto para as pessoas presentes quanto para as pessoas que não estão presentes. "Eu acredito que o conhecimento sobre patrimônio é muito importante para alunos de história e que a conscientização acontece não só com as pessoas que estão presentes no evento, mas contribui para que possamos estar levando essa conscientização de preservação de patrimônios culturais e históricos para nossos familiares e amigos", disse a estudante.

Por Leticia Aleixo.

Ao listar os indícios de que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) teria dedicado toda sua vida pública a "obter vantagens indevidas com a finalidade de possibilitar uma vida de gastos vultuosos" para si e sua família, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba aponta que o peemedebista pode ter um patrimônio até 53 vezes maior do que o declarado e que também pode ter outras contas ainda não descobertas nos Estados Unidos.

As suspeitas dos procuradores da República se baseiam nas informações obtidas por meio da cooperação internacional com o Ministério Público da Suíça, que identificou quatro contas, sendo três vinculadas ao peemedebista e uma a sua mulher Cláudia Cruz, que já renderam denúncias na Lava Jato.

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No documento de abertura de uma destas contas, a Triumph, no Banco Suíço Julius Baer, em 2007, o peemedebista declarou possuir um patrimônio de US$ 20 milhões.

Naquele mesmo ano, o patrimônio do peemedebista declarado ao Imposto de Renda foi de R$ 1,2 milhão.

Em 2008, cunha abriu outra conta, a Orion SP, no Banco Merril Lynch na Suíça (atual Julius Baer) e a própria instituição financeira avaliou seu patrimônio em US$ 16 milhões "proveniente de investimento no mercado imobiliário e na bolsa de valores". Naquela ocasião, o ex-parlamentar declarou que o patrimônio seria de US$ 11 milhões.

Além das disparidades em relação ao patrimônio de Cunha, a documentação das contas estrangeiras também levantou suspeitas da Lava Jato sobre a possibilidade de novas contas do peemedebista no exterior ainda não reveladas. No mesmo documento de abertura da conta Orion, a gerente do Merril Lynch na época afirmou que o ex-deputado possuía outra conta na instituição financeira em Nova York.

"Ademais, há informação da gerente da conta de que o conhece (Eduardo Cunha) há 6 anos, de que é cliente do Merril Lynch por 20 anos, bem como também proprietário das contas Orion, Triunph, Netherton e Kopek (todas estas já identificadas na Lava Jato)", assinalam os procuradores da República.

Para a força-tarefa, as informações reforçam ainda mais as suspeitas sobre a existência de um alentado patrimônio ainda oculto do peemedebista, considerando que, até agora, só teria sido bloqueado o valor de cerca de US$ 3 milhões em uma das contas do deputado cassado no exterior.

"As demais contas suíças foram fechadas pelo ex-deputado federal, sendo que permanece oculto um patrimônio de aproximadamente USD 13 milhões. Também não se tem conhecimento da localização das possíveis contas existentes em nome de Eduardo Cunha nos Estados Unidos, constando dos documentos suíços que a conta no Merril Lynch em Nova Iorque teria sido fechada no ano de 2008", segue a força-tarefa.

Um pedaço da história imperial do Brasil desprezado pelo poder público. Tombado como patrimônio de Pernambuco em 1984, o Cemitério dos Ingleses - a primeira necrópole do Recife, datada de 1814 - padece com a falta de investimentos. Localizado no coração do Recife, entre as avenidas Norte e Cruz Cabugá, no bairro de Santo Amaro, o espaço sobrevive às custas de doações dos associados, suficientes apenas para reparos básicos. 

Administrador do local há 22 anos, Esmeraldo Marinho explica que o terreno pertence ao Consulado Britânico, porém o órgão não se responsabiliza com a manutenção. "O Consulado abandonou. Já fiz repetidas reuniões, eles indicam empresas que poderiam ajudar (financeiramente), mas nada sai do papel. Nos mantemos aos trancos e barrancos". A reportagem entrou em contato com o Consulado Britânico e, até a publicação da matéria, não recebeu nenhum posicionamento sobre a situação.

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Ferrugem, rachaduras, túmulos cobertos pelo mato. O valor arrecadado pelas doações dos membros da Sociedade Administradora do Cemitério dos Ingleses não cobre todas as despesas necessárias para manter o local como se deve. "Dos 200 membros, cerca de 80 pagam a mensalidade de R$ 120. Só nos túmulos de parede, gastei R$ 15 mil ano passado, porque o gesso da parte de cima estava afundando. A gente faz o que pode, né?", lamenta Esmeraldo Marinho. 

Casos de invasões e furtos de objetos se tornaram comuns no cemitério. "Quando eu era menino, tinham vasos em cima dos túmulos que valiam uma fortuna. Roubaram todos. Os vândalos subiam aí direto, quebravam tudo, já levaram escada, carro de mão, até a fiação elétrica", testemunhou Luiz Augusto Vieiro, que morou em frente ao cemitério por vários anos e hoje tem um comércio no local. Na tentativa de coibir práticas criminosas, três câmeras de segurança e cercas elétricas foram instaladas ao longo do terreno.

Um projeto para restaurar o local foi inscrito no Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) e segue no processo de aprovação. Para o consultor aposentado Richard Conolly, descendente de irlandeses cujos familiares estão enterrados no Cemitério dos Ingleses, o projeto deve buscar retomar a identidade do espaço. "Gradativamente, a estrutura do cemitério foi alterada. A capela, a parte da frente que antes não tinha muro (só grades). É necessário colocar em ordem, sair do estado de abandono". Apesar de sempre parecer fechado, o Cemitério dos Ingleses é aberto ao público e continua a fazer sepultamentos. 

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História

Originalmente denominado de British Cemetery, o cemitério foi doado no século XIX por Dom João VI ao Cônsul Inglês, após o decreto da Abertura dos Portos às Nações Amigas. Um dos artigos do tratado versava justamente sobre a designação de lugares para o sepultamento de cidadãos britânicos que morressem em outros países. No Brasil, a Igreja Católica desautorizava o enterro dos não-católicos em seus templos e os súditos britânicos eram sepultados nas praias e nas campinas. Além do Recife, foram construídos cemitérios ingleses em Natal, Salvador e Rio de Janeiro. 

Mas não só cidadãos da Grã-Bretanha estão enterrados no Cemitério dos Ingleses do Recife. A lápide do General Abreu e Lima é a mais famosa do local: por ser maçom, o militar não pôde ser enterrado no Cemitério de Santo Amaro e foi sepultado no dos Ingleses, em 1869. Apesar de pertencer ao Consulado Britânico, pessoas de quaisquer nacionalidades podem ser enterradas no local. Atualmente, um jazigo no Cemitério dos Ingleses custa cerca de R$ 2 mil. Neste ano de 2016, oito sepultamentos foram realizados no local.

O Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) iniciou a divulgação do patrimônio dos candidatos às prefeituras de Pernambuco. O Portal LeiaJá fez o levantamento de todos os bens declarados pelos candidatos de Olinda e, de acordo com os dados do sistema de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais, o candidato que tem a maior renda declarada é o pessebista Antônio Campos.

No registro do detalhamento de bens do advogado e irmão do ex-governador Eduardo Campos, conta que ele tem um patrimônio de R$5.146.970,57. Entre os bens declarados por Antônio Campos estão quatro apartamentos, dois carros, quotas de capital em empresas e obras de arte. A candidata à vice de Campos, Ceça (PHS) ainda não teve seu patrimônio declarado. 

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O professor Lupércio tem o segundo maior valor em bens declarados pelos candidatos de Olinda. O prefeiturável pelo SD tem seu patrimônio estimado em R$ 1.070.821,66. Dois imóveis, contas bancárias e um carro estão na relação. O valor dos bens do vice de Lupércio, Márcio Botelho (SD) é de R$934 mil. 

A deputada federal e ex-prefeita de Olinda, Luciana Santos (PCdoB) declarou 481.407,87 em bens. O patrimônio da candidata conta com três imóveis, um carro e contas bancárias. Os valores dos imóveis chamam atenção. Isto porque a soma dos três imóveis chega a R$ 120 mil, enquanto o automóvel da deputada está avaliado em R$ 98 mil. O vice na chapa de Luciana, Alvaro Ribeiro (PSD) declarou apenas o valor de seu automóvel – R$ 79.990,00. 

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O valor do patrimônio da candidata pelo PSDB, Izabel Urquisa está estimado em 420.008,24 tendo algumas aplicações em caderneta de poupança, contas correntes e fundo de quota bancária, além de uma casa em Tamandaré. O vice André Siqueira não teve seus bens cadastrados. 

O patrimônio declarado pela prefeiturável Teresa Leitão (PT) figura entre os menores - 265.377,83. Contas bancárias, um carro e dois imóveis estão na relação de bens. O vice de Teresa, Gilberto Sobral (PHS) ainda não teve seu patrimônio declarado.  

Na declaração do peemedebista Ricardo Costa está listado um patrimônio com imóveis, lotes, contas bancárias num valor de R$255.658,28. Os bens do vice de Ricardo, Tota (PRP) não está cadastrado. 

Outro candidato nanico detentor de um patrimônio superior aos dos prefeituráveis do PT, PSDB, PCdoB e PMDB é Guga (PV). O candidato verde declarou R$530 mil, que é referente ao valor de duas casas e uma pousada compõem a lista de bens. O vice de Guga, Thiago não teve seus bens declarados. 

O candidato do PSOL, Jesualdo declarou R$381.728,25. Na descrição dos bens há quatro terrenos, quatro automóveis, quotas, título de capitalização e cadernetas de poupança. Os bens do vice, Jorginho (PCB) ainda não estão cadastrados. Já bens de João Luiz (PPS) somam R$372.500,00.  O vice de João Luiz, Lemos declarou R$15.580,41. 

O postulante com o menor patrimônio declarado até o momento é Raminho Chiquinho (PCO). Segundo os dados do TSE, ele tem um patrimônio de R$5 mil. Na descrição o valor é referente a um carro. Já o vice de Raminho tem o patrimônio estimado em R$ 200 mil, valor de sua casa. 

“Aqui em 10 de novembro de 1710 Bernardo Vieira de Melo deu o primeiro grito da fundação da república entre nós” está escrito em uma estrela no topo das Ruínas do Senado, monumento localizado em Olinda, na Região Metropolitana do Recife. Os turistas, que a todo momento passam e fotografam a estrutura, em breve estarão se perguntando “aqui onde?”.

As Ruínas do Senado estão sumindo, como denunciam os moradores do Sítio Histórico da cidade. Já não existe muito do monumento, que é um pedaço de parede externa da fachada do antigo Prédio do Senado. Mas pessoas estariam diminuindo ainda mais a construção e retirando pedaços de pedras na calada da noite.

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Olinda celebra o fato de que, naquele local, em 10 de novembro de 1710, Bernardo Vieira de Melo deu o primeiro grito de República no Brasil, que eclodiu na Guerra dos Mascates. Em Olinda, o dia 10 de novembro é o feriado do 1º Grito de República no Brasil.

O Seu Genésio Reis, 75 anos, é artista plástico e trabalha bem em frente às ruínas. Ele conta que o caso, a retirada de pedras da estrutura, já foi relatada às autoridades. “Já procuramos a prefeitura e nada. Dia desses é que vieram aqui de um órgão e tiraram algumas pedras que estavam no chão. Estava cheio de pedras aqui”, conta, apontando pra lateral da estrutura.

A esposa de Genésio e também artista plástica Rose de Presbítero conta que viu o vandalismo pela primeira vez há cerca de dois meses. “Vi três homens no local, dois tirando e um levando. Eles saíram com um saco e achei aquilo muito estranho. Aí, há mais ou menos duas semanas, vi dois homens fazendo aquilo de novo”, ela lembra. 

Mesmo com a tal limpeza que Genésio viu, é possível observar muitos pedaços de pedra ao chão e areias entre as pedras do monumento, revelando uma mudança recente no concreto. Essa deterioração é percebida apenas de um dos lados, enquanto o outro ainda não foi avariado. As ruínas também estão pichadas.

Além disso, plantas também crescem e preocuparam os olindenses. “A árvore criou raiz, a raiz já está bem profunda nas ruínas e está abrindo no meio. E está saindo ramificações na frente também, de dentro da parede”, denuncia Rose.

A reportagem do Portal LeiaJá entrou em contato com a Prefeitura de Olinda para obter informações sobre que medidas serão tomadas, mas até a edição desta matéria não houve retorno.

Até o dia 20 de agosto, o público vai poder conferir a IX Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco. Com o tema ‘Participação Social na Preservação do Patrimônio’, o evento itinerante vai percorrer nove cidades: Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Brejo da Madre de Deus, Caruaru, Paudalho, Cabo de Santo Agostinho, Tamandaré e Buíque. A iniciativa visa debater questões relacionadas à constituição, valorização, reconhecimento e preservação dos patrimônios culturais.

A abertura oficial acontece na próxima segunda-feira (15), no Teatro Arraial Ariano Suassuna. Na ocasião, o professor Albino Rubim (UFBA) vai falar sobre o tema ‘Política Cultural e Participação Social’. Além disso, a Gerência Geral de Preservação do Patrimônio Cultural lançará a primeira edição da ‘Aurora463 - Revista da Semana de Patrimônio Cultural’. Durante a semana, o público vai poder conferir os seminários, exposições, exibição de filmes e palestras.

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Para marcar o Dia Nacional do Patrimônio, que é comemorado na próxima quarta-feira (17), haverá a diplomação de todos os Patrimônios Vivos do Estado de Pernambuco, incluindo os três mais recentes: a Troça Cariri Olindense, a repentista Mocinha de Passira e o cineasta Lula Gonzaga. “Vamos fazer uma grande celebração no Teatro de Santa Isabel, uma homenagem à altura da contribuição que esses mestres e grupos têm dado à cultura do nosso Estado e à formação cultural do povo pernambucano”, confirma Marcelino Granja, Secretário Estadual de Cultura.

Segundo a Gerente Geral de Preservação do Patrimônio Cultural da Fundarpe, Márcia Chamixaes, “a Semana vai cumprir um papel de mobilização social em torno da temática, com foco na educação patrimonial e na tomada de atitudes por parte do Governo e da sociedade”. Confira a programação completa do evento. O evento é gratuito, mas para participar os interessados devem realizar a inscrição por meio da internet.

Serviço

IX Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco

Segunda-feira (15) | 9h

Teatro Arraial Ariano Suassuna (R. da Aurora, 457 - Boa Vista, Recife - PE)

Acesso gratuito

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