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A procuradoria de Illinois informou nesta quarta-feira (19) que 685 padres foram denunciados por pedofilia no Estado, um número muito maior do que o revelado pela Igreja Católica, em mais um escândalo envolvendo o clero.

A Procuradora-Geral de Illinois, Lisa Madigan, disse que as revelações da Igreja de que 185 membros do clero foram acusados de abuso sexual contra menores ficaram aquém do número descoberto por seu gabinete.

Os resultados preliminares de uma investigação que começou em agosto encontraram mais de 500 padres e membros do clero com alegações de abuso sexual infantil nas seis dioceses do estado, que somados aos citados pela Igreja totalizam 685 acusados.

"Ao optar por não investigar completamente as denúncias, a Igreja Católica fracassou em sua obrigação moral de fornecer aos sobreviventes, paroquianos e ao público uma contabilidade completa e precisa de todos os comportamentos sexualmente inapropriados envolvendo padres em Illinois", disse Madigan em um comunicado.

"As etapas preliminares desta investigação tem demonstrado que a Igreja Católica não consegue controlar a si mesma", destacou Madigan.

A investigação de Illinois foi motivada por um amplo relatório do júri em agosto que revelou denúncias confiáveis contra mais de 300 suspeitos de serem padres abusadores e identificou mais de 1.000 vítimas de abuso sexual infantil encobertas por décadas pela Igreja Católica no estado da Pensilvânia.

Em outubro, as autoridades federais abriram pela primeira vez uma investigação sobre o abuso do clero. Dioceses no estado relataram receber intimações federais do júri para produzir documentos.

A Arquidiocese de Chicago, a maior de Illinois, reagiu ao relatório de Madigan apoiando a investigação de todas as denúncias e sua comunicação às autoridadesA insistiendo en que todas las denuncias de abuso se investigan y se informan a las autoridades.

"Desde 2006 publicamos os nomes dos padres diocesanos sobre os quais pesam denúncias fundamentadas de abuso, e em 2014 publicamos mais de 20.000 documentos dos arquivos destes sacerdotes", destacou a Arquidiocese.

"As denúncias de abuso sexual contra menores, mesmo que derive de uma conduta que ocorreu há muitos anos, não podem ser tratadas como meros assuntos internos", declarou Madigan.

"Este relatório impactante é exatamente o que esperávamos", disse à AFP Zach Hiner, diretor-executivo da Rede de Sobreviventes dos Abusados por Sacerdotes (SNAP).

"Sabíamos há muito tempo que os funcionários da Igreja ignoravam ou minimizavam as acusações de abuso e este relatório é apenas mais uma prova de que trata-se de um problema sistêmico e não local".

Na segunda-feira, jesuítas dos Estados Unidos, que administram numerosas instituições de ensino, publicaram os nomes de dezenas de padres envolvidos em "acusações críveis" de pedofilia que remontam a 1950.

A lista com 89 nomes se somou à publicada há algumas semanas por outros grupos jesuítas, o que elevou a mais de 200 o número de padres da ordem envolvidos em supostos abusos de menores.

Em agosto, a promotoria da Pensilvânia publicou um devastador relatório sobre abusos sexuais especialmente sórdidos praticados durante décadas por mais de 300 padres, envolvendo cerca de mil menores durante sete décadas.

Os jesuítas dos Estados Unidos, que administram numerosas instituições de ensino, publicaram nesta segunda-feira (17) os nomes de dezenas de padres envolvidos em "acusações críveis" de pedofilia que remontam a 1950.

A lista com 89 nomes divulgada nesta segunda-feira se soma à publicada há algumas semanas por outros grupos da ordem, o que eleva a mais de 200 o número de padres envolvidos em supostos abusos.

A Companhia de Jesus, a ordem a qual pertence o Papa Francisco, segue assim os passos de numerosas dioceses dos Estados Unidos que abriram seus arquivos após a publicação, em agosto, do relatório estarrecedor sobre os abusos cometidos por padres na Pensilvânia.

Nesta segunda-feira, dois grupos regionais dos jesuítas - do Meio Oeste e Maryland - publicaram listas com 65 e 24 nomes de padres acusados de pedofilia, incluindo casos ocorridos há várias décadas.

Há dez dias, outros grupos regionais do centro-sul e do oeste dos EUA divulgaram listas com mais de 150 nomes. Alguns acusados integram as duas listas, pois atuaram em distintas dioceses. Todos os citados nas listas já deixaram a ordem. Parte dos envolvidos morreu e alguns foram condenados pela justiça.

"Hoje a Companhia de Jesus de Maryland publica os nomes dos jesuítas da nossa área e de outros grupos da região alvo de acusações críveis de abusos contra menores", declarou a sede local da congregação em um comunicado no qual pede perdão por uma série de supostos casos de abusos iniciados há quase 70 anos.

"Consideramos que a divulgação hoje da nossa vergonhosa história faz parte do nosso atual compromisso para prevenir a pedofilia", declarou a delegação de Maryland.

Em agosto, a promotoria da Pensilvânia publicou um devastador relatório sobre abusos sexuais especialmente sórdidos praticados durante décadas por mais de 300 padres, envolvendo cerca de mil menores durante sete décadas.

A terceira fase da Operação Luz na Infância foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (22) pelo Ministério da Segurança Pública. Policiais civis de 18 estados e do Distrito Federal (DF) estão desde as primeiras horas da manhã cumprindo 69 mandados de busca e apreensão

Nota divulgada pelo ministério diz que a operação dá “continuidade aos trabalhos de identificação de crimes relacionados ao abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes praticados no meio cibernético”. 

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Também participa da operação o Corpo de Investigações Judiciais (CIJ) do Ministério Público Fiscal da Cidade Autônoma de Buenos Aires, na Argentina. O CIJ cumpre simultaneamente no pais vizinho 41 mandados de busca.

“Os alvos internacionais foram identificados após atuação conjunta entre a Diretoria de Inteligência da Senasp e autoridades policiais da Argentina. As ações simultâneas realizadas no Brasil e na Argentina mobilizam um efetivo aproximado de mil policiais”, diz a nota. 

Todas as ações no Brasil estão sendo coordenadas entre a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e as Polícias Civis dos estados e do DF. 

Luz na Infância 

A Operação Luz na Infância teve início em outubro de 2017, quando foram cumpridos 157 mandados e presos 112 abusadores. Na segunda edição, ocorrida em maio de 2018, houve cumprimento de 579 mandados de busca, resultando na prisão de 251 pessoas.

Ex-cobrador de ônibus, Luiz Alves de Lima é autor de um processo contra o senador Magno Malta (PR-ES) por associá-lo a pedofilia. A informação é do jornal Folha de São Paulo. Luiz Alves foi preso em 2009, acusado de estuprar a filha de dois anos, mas foi inocentado em todas as instâncias judiciais. Segundo ele, durante os nove meses que passou no Centro de Detenção Provisória de Cariacica (CDPC) foi alvo de tortura, resultado do que chamou de "circo" feito pelo senador, que na época era presidente da CPI da Pedofilia, durante uma visita ao local três dias depois da sua prisão.

À reportagem, Luiz Alves detalhou que a esposa, Cleonice Conceição, tinha levado a filha de dois anos para uma consulta e lá uma médica desconfiou de violência sexual, chamou o Conselho Tutelar e o médico legista teria apontado o "desvirginamento da vítima" encaminhando o caso a Polícia Civil. Na realidade, Cleonice havia levado a filha para tratar um oxiúro, verme que pode provocar coceira na região genital, por inflamação. O que veio a se comprovar depois.

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Luiz Alves ficou preso nove meses e Cleonice 42 dias, por ter sido apontada como cúmplice. Eles chegaram a perder a guarda da filha e até hoje não a tem definitivamente, mas provisoriamente.

O ex-cobrador alega no processo que move contra Magno Malta que sua situação piorou por causa da postura do senador. No relatório sobre a prisão, o delegado do caso apontou que Malara "manifestou-se que, por sentimento pessoal e experiência profissional, entende ser o pai da criança o autor do delito". No mesmo mês, na CPI da Pedofilia, o aliado do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) prometeu que "os pedófilos desgraçados" estavam com "os dias contados".

Luiz ficou cego e processa, além de Magno Malta, o Estado do Espírito Santo e o médico que foi responsável pelo laudo que o colocou na posição de suspeito de pedofilia.

Em resposta, Magno Malta disse que está à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimento e, na época, esteve na delegacia ao lado de um delegado "capaz e digno". O senador ainda observou ter afirmado que "pedófilos devem ser investigados, condenados e presos", mas não tinha nenhuma ligação com as ações de tortura e ponderou que tais atividades deveriam ser investigadas.

O Ministério Público da França solicitou nesta quarta-feira (31) a prisão fechada ao abade Pierre de Castelet e ao ex-bispo de Orleans, monsenhor André Fort, por crimes de pedofilia e de omissão de denúncia, respectivamente. A decisão foi anunciada alguns dias depois de a Conferência dos Bispos da França (CEF) ter admitido, em Lourdes, que terá de enfrentar a "dolorosa questão" dos abusos sexuais no interior da Igreja. A decisão aumenta para dez o número de clérigos denunciados à Justiça, dos quais quatro já encarcerados.

O caso do padre Pierre de Castelet é um dos mais rumorosos envolvendo crimes sexuais cometidos por religiosos católicos no país. Os fatos que embasam o julgamento aconteceram em julho de 1993, em Arthez-d'Asson, na região dos Pirineus, sul da França e fronteira com a Espanha. Em um campo de verão do Movimento Eucarístico dos Jovens (MEJ), pelo menos três crianças sofreram agressões sexuais do padre, sob o pretexto de realizar exames médicos.

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A denúncia foi feita 17 anos depois por uma das vítimas, Olivier Savignac, em uma carta enviada a André Fort, que ocupou o cargo de bispo de Orleans entre 2002 e 2010. A denúncia, porém, jamais foi levada ao conhecimento da polícia, do Ministério Público ou da Justiça. Castelet continuou a atuar e só foi afastado de suas funções um ano depois - 18 anos após os primeiros casos conhecidos -, por ordem do monsenhor Jacques Blaquart, que substituiu Fort no posto de bispo de Orleans e denunciou o caso à Procuradoria de Justiça.

O atual julgamento envolve três homens, Olivier Savignac, de 38, Philippe Cottin, de 37, e Paul-Benoît Wendling, de 36 anos, as primeiras vítimas a denunciar o caso.

Em seu depoimento de ontem, Castelet, hoje com 69 anos, reconheceu as agressões sexuais, mas classificou seus atos como "uma derrapada". "Eu estava precisando de afeição. Estava isolado e muito cansado. Não sabia que era errado, não sabia que estava fazendo mal às crianças", justificou, dizendo-se arrependido. "Eu não deveria tê-lo feito. Tinha o desejo de me aproximar deles e a necessidade de proximidade afetiva."

Segundo o padre, o caso envolve "de cinco a dez crianças", todos restritos a 1993. A procuradoria definiu o caso como "um exemplo tristemente clássico de pedofilia". "Outros Pierre de Castelet, frustrados sexuais, estão sendo julgados em vários tribunais. Mas um bispo levado a julgamento acontecerá apenas pela segunda vez desde a ocupação nazista", explicou o procurador do caso, Nicolas Bessone.

Alegando problemas de saúde, o bispo Fort não compareceu ao julgamento desta quarta. O veredicto sobre os réus será conhecido em 22 de novembro. Se forem condenados, Castelet poderá pegar até três anos e seis meses de prisão, enquanto Fort pode pegar um ano em regime fechado.

O caso de Arthez-d'Asson ilustra a pressão crescente da pressão que a opinião pública vem fazendo sobre as autoridades públicas e a Igreja em razão dos crimes sexuais cometidos por católicos na França. Entre 2017 e 2018, o número de denúncias contra religiosos se multiplicou por seis em relação ao período entre 2010 e 2016.

A arquidiocese de Washington divulgou nesta segunda-feira (15) os nomes de 31 membros do clero que serviram nesta jurisdição e que foram acusados de abuso sexuais contra menores nos últimos 70 anos.

A maior parte dos casos já era de conhecimento público e 17 dos padres envolvidos já faleceram. Todos os citados na lista foram afastados da Igreja.

Na sexta-feira, o Papa Francisco aceitou a renúncia do cardeal Donald Wuerl, um proeminente cardeal americano e arcebispo de Washington.

Wuerl, no centro da polêmica envolvendo o acobertamento de padres pedófilos, foi quem decidiu publicar os nomes.

"Esta lista é uma dolorosa recordação dos graves pecados cometidos pelo clero, da dor imposta a pessoas inocentes e do dano provocado aos fiéis da Igreja, aos quais continuamos implorando perdão", disse Wuerl em um comunicado.

Wuerl, 77 anos, é acusado de negligência em relação a padres pedófilos que serviam na Pensilvânia quando era bispo em sua cidade natal, Pittsburgh, entre 1988 e 2006.

Uma investigação das autoridades da Pensilvânia, publicada em agosto, revelou abusos sexuais especialmente sórdidos durante décadas cometidos por mais de 300 padres.

A renúncia de Wuerl ocorre no momento em que o Papa Francisco enfrenta uma grave crise pelas denúncias de abuso sexual de padres contra menores em todo o mundo.

Uma mulher se passou pela filha de 10 anos para conseguir reunir provas contra um pedófilo. Segundo a mãe, o homem chegou a mandar fotos das partes íntimas e constantemente pedia fotos da garota pelada. Ele tem 30 anos e é estudante de educação física em Fortaleza, no Ceará.

De acordo com a mãe, ela sempre acompanhava as redes sociais da filha, que comentou que um adulto estava comentando as suas postagens. A mulher então percebeu que o homem tinha mais de 200 mil seguidores e que 90% eram crianças. Após o homem pedir para a criança usar outra rede social, ela começou a se passar pela menina. "Ele pediu que ela fizesse Snapchat porque as mensagens somem. Eu resolvi dar continuidade para ver até onde ia: fiz o Snap, coloquei o nome dela e me passei por ela. Ele pedia insistentemente foto dos seios dela", contou em entrevista ao portal G1.

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Ainda de acordo com a mãe, ela reforçava nas mensagens que era uma criança. "Ele dizia que gostava de peito pequeno, de menina pequena, que ia ensinar a beijar, a transar", disse. Durante cinco dias a mulher se passou pela criança e, seguindo orientações de uma advogada, conseguiu gravar o suspeito em um vídeo. "Quando me viu, ele desligou e depois mandou mensagem dizendo que minha filha que tinha procurado. Foi muito difícil. Eu não tenho sangue de barata. Agora eu não quero mais nenhum tipo de contato com ele, entreguei tudo na delegacia", afirmou.

De acordo com a polícia, o criminoso deve responder por crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente. "A gente vai tentar a qualificação dele. Tem um nome, mas a gente não sabe se é mesmo, porque é da rede social que ele usava. A gente precisa agora qualificá-lo, identificá-lo. Ela entregou algumas conversas trocadas entre elas e o suspeito", explicou a delegada Silmara Marcelino. "A princípio é 241, do ECA, aliciar, assediar, instigar ou constranger através de mensagem ou qualquer meio de comunicação com cunho sexual", afirmou. A investigação está a cargo do Núcleo de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) e da Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca).

Um relatório interno da Igreja Católica alemã foi divulgado nesta quarta-feira (12) pela revista alemã "Der Spiegel" e o jornal "Die Zeit", revelando que 3.677 pessoas sofreram abusos sexuais praticados por membros da Igreja do país entre 1946 e 2014.

Os documentos, segundo os veículos de imprensa, foram obtidos junto à Conferência Alemã dos Bispos e averiguados pelas universidades alemãs de Mannheim, Heidelberg e Giessen.

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Os pesquisadores concluíram que mais da metade da vítimas tinha 13 anos ou menos quando sofreram os abusos e a maioria eram garotos. O relatório também aponta que o número de vítimas deve ser ainda maior.

Foram analisadas 38 mil atas de 27 dioceses, que apontaram que 1.670 membros da Igreja estariam envolvidos nos abusos, o que representa uma fração de 4% dos sacerdotes alemães.

Segundo o "Die Zeit", 969 das vítimas eram coroinhas. As investigações também informam que, em muitos casos, os documentos foram destruídos ou manipulados e que após a descoberta dos incidentes, muitos sacerdotes foram transferidos de diocese após a descoberta dos incidentes, sem que as novas congregações soubessem do passado dos supostos abusadores.

A Conferência Alemã dos Bispos escreveu um comunicado em que lamenta que o documentos tenham sido vazados, mas confirma que os eles revelam "a dimensão do abusos sexuais" que aconteceram.

O relatório completo, que faz parte de um esforço da Igreja local de combater casos de conduta sexual inapropriada, serão apresentados ao cardeal alemão Reinhard Marx no próximo dia 25.

O papa Francisco anunciou nesta quarta-feira (12) que organizará uma reunião de bispos no mundo inteiro em para entre os dias 21 e 24 fevereiro de 2019 para discutir esforços para o combate aos abusos.

O Pontífice é acusado pelo arcebispo italiano Carlo Viganò de conivência com casos de pedofilia ocorridos no Estados Unidos desde 2013.

Da Ansa

Um médico espanhol de 29 anos será julgado pela justiça sueca por estuprar 52 crianças entre dois e 12 anos durante o exercício da sua profissão. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (12) pela promotoria em Estocolmo. O homem também é acusado de abusar de 18 adultos e de possuir material de pornografia infantil.

Os crimes aconteceram entre 2015 e 2017 em diversos centros médicos da Suécia e também através de um serviço de consulta na internet, de acordo com a AFP. Segundo a promotoria, quatro casos foram classificados como estupro com circunstâncias agravantes por causa de sua posição de autoridade e da baixa idade das vítimas. 

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De acordo com a investigação, em algumas consultas médicas, o homem convencia os pais das crianças a deixá-lo examinar seus órgãos genitais. Em outras, pedia que elas mesmas fizessem isso. Em diversos casos ele gravou as cenas. O homem pode ser condenado a até 14 anos de prisão.

A comissão contra a pedofilia criada pelo papa Francisco afirmou neste domingo que a luta contra os abusos de crianças deve ser um assunto prioritário para a Igreja católica.

"Esta deve ser a prioridade na qual devemos manter o foco agora", alertou o presidente do comitê, o cardeal Sean Patrick O'Malley.

Caso contrário, disse, "todas nossas outras atividades de evangelização, nossas obras de caridade e educação, vão se ressentir".

A Igreja continua sendo abalada por novos escândalos de sacerdotes pedófilos que foram encobertos pela hierarquia em nome da proteção à instituição.

Neste contexto, a Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, criada em 2014 e renovada no começo de 2018, celebrou sua reunião semestral entre sexta-feira e domingo.

"Levar a palavra das vítimas às hierarquias da Igreja é crucial para que todos compreendam quão importante é para a Igreja dar respostas rápidas e corretas a todas as situações de abuso, independentemente do momento em que se manifestem", disse o bispo O'Malley em uma entrevista ao site de notícias do Vaticano.

Os líderes católicos australianos se comprometeram nesta sexta-feira (31) a combater a pedofilia na Igreja, mas rejeitaram um pedido para suspender o segredo da confissão, mesmo quando envolve tais abusos.

A Igreja respondeu assim ao relatório final da comissão de investigação real que trabalhou durante cinco anos nas respostas institucionais aos crimes de pedofilia.

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"Muitos bispos não escutaram, não acreditaram, ou não agiram", declarou o presidente da Conferência dos Bispos Católicos Australianos, o arcebispo Mark Coleridge.

"Estes fracassos permitiram a alguns autores cometer seus crimes, com consequências trágicas e, às vezes, fatais. Os bispos e dirigentes de ordens religiosas disseram hoje: nunca mais", acrescentou.

Após uma década de pressões, o governo australiano cedeu em 2012 e criou uma comissão de investigação.

Em dezembro do ano passado, a comissão publicou suas conclusões, depois de ter ouvido mais de 15.000 pessoas que afirmavam terem sido vítimas de abusos que envolviam a Igreja, orfanatos, clubes esportivos, escolas, ou organizações para jovens.

Entre as recomendações da comissão estava a ideia de que os padres poderiam romper o sigilo da confissão para denunciar os abusos de pedofilia revelados neste âmbito.

Mas o segredo da confissão "não é negociável", declarou o arcebispo Coleridge.

"Não é porque consideramos que estamos acima da lei, ou porque não pensamos que a segurança das crianças tem uma importância suprema", disse ele.

"Mas não aceitamos a ideia de que a segurança e o sigilo da confissão sejam mutuamente excludentes. Não acreditamos que o fim do sigilo vai reforçar a segurança das crianças", alegou.

Em seu relatório, a comissão concluiu que a Austrália "falhou gravemente em suas obrigações" em relação às crianças durante décadas.

O documento concluiu que 7% dos religiosos católicos australianos foram alvo de acusações de abuso sexual contra crianças entre 1950 e 2010, sem que tais suspeitas levassem a qualquer acusação.

Em algumas dioceses, a proporção atingia 15% de padres suspeitos de pedofilia. O pior caso foi o da Ordem Hospitalar de São João de Deus, com acusações contra 40% de seus integrantes.

"Sabemos que apenas as ações, e não as palavras, podem restaurar a confiança. Todas as desculpas do mundo não serão suficientes", reconheceu.

Em maio, o então arcebispo de Adelaide Philip Wilson, 67 anos, foi condenado a um ano de prisão por omitir e não denunciar os abusos cometidos pelo padre pedófilo Jim Fletcher, nos anos 1970, no estado de Nova Gales do Sul.

Há poucas semanas, um tribunal concedeu permissão para uma prisão domiciliar.

Wilson foi um dos eclesiásticos de mais alto escalão na hierarquia católica mundial a ser condenado por esse tipo de crime. O papa Francisco aceitou sua renúncia no fim de julho.

Associações americanas de vítimas de padres pedófilos reivindicaram nesta quinta-feira (30) que o Vaticano torne público o arquivo de um ex-prelado acusado de agressões sexuais, denunciando uma política de "sufocamento sistemático" por parte da Igreja Católica.

O pedido é feito depois da divulgação no sábado de uma carta do ex-embaixador do Vaticano nos Estados Unidos Carlo Maria Vigano, que acusou o papa Francisco de encobrir os abusos sexuais cometidos há várias décadas pelo cardeal americano Theodore McCarrick.

Essa acusação causou problemas dentro da Igreja, dividida entre a tendência liberal defendida pelo papa argentino, e uma corrente ultraconservadora oposta ao pontífice.

O cardeal McCarrick, de 88 anos, renunciou no fim de julho apesar de negar as acusações. O bispo e arcebispo da arquidiocese de Nova York, antes de partir para Washington em 2001, é um dos cardeais americanos mais proeminentes no exterior.

Peter Isley, da organização Ending Clerical Abuse (ECA), disse que o arquivo "destaca ações sobre o como o papa Francisco e outros dois papas, Bento XVI e João Paulo II, encobriram o abuso sexual de um religioso". "Isso irá nos dar respostas", acrescentou.

Em uma entrevista coletiva em frente à embaixada da Santa Sé em Washington, rechaçou igualmente as correntes "liberais e conservadoras" da igreja.

Isley denunciou que existe "uma rede criminosa dentro da Igreja Católica (...) que é acobertada por bispos de ambos os lados, e devem ser expostos e processados, e o caso (McCarrick) esclarecerá isso", afirmou.

Becky Ianni, diretora da rede de sobreviventes dos abusos dos padres (SNAP) denunciou "o encobrimento sistemático do abuso sexual" do Vaticano.

A Igreja Católica americana também tem sido abalada há semanas por um escândalo de abuso sexual na Pensilvânia (leste) executado por mais de 300 "padres predadores" que agrediram sexualmente pelo menos 1.000 crianças.

A carta de Vigano "parece ser muito oportuna", comentou a advogada da SNAP, Pamela Spees, pedindo uma investigação federal sobre as acusações contra a Igreja e como os padres condenados por pedofilia escaparam da perseguição por serem transferidos ao exterior.

A Igreja chilena informou nesta quinta-feira que abriu uma investigação contra mais um padre por duas denúncias de abuso sexual, incluindo contra um menor.

Em meio à onda de denúncias, o Arcebispado de Santiago informou que na segunda-feira passada abriu uma investigação contra o padre Diego Ossa Errázuriz "por duas denúncias de abuso sexual e de autoridade que teriam ocorrido antes de 2005, quando uma das denunciantes afirma que era menor de idade".

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Enquanto durar a investigação - com prazo máximo de 60 dias - "o sacerdote ficará afastado do ofício de vigário paroquial (...) e não poderá realizar atos públicos próprios do ministério sacerdotal...".

Os elementos do caso foram entregues ao Ministério Público.

Ossa é um dos discípulos do antigo padre da paróquia de El Bosque Fernando Karadima, um influente sacerdote formador de vários bispos chilenos condenado pelo Vaticano em 2011 por abuso sexual de menores, em um caso que abalou a Igreja chilena.

No momento, há 38 processos em curso e 73 pessoas ligadas à Igreja católica chilena investigadas por abuso sexual, em sua maioria contra menores.

O papa Francisco voltou nesta quarta-feira (29) a se pronunciar sobre o escândalo de pedofilia na Igreja Católica, após ter sido acusado pelo arcebispo italiano Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico em Washington (EUA), de ter acobertado abusos sexuais cometidos pelo ex-cardeal norte-americano Theodore McCarrick.

Em sua audiência geral semanal, no Vaticano, o Pontífice disse que as autoridades eclesiásticas "não souberam enfrentar esses crimes de maneira adequada" e citou o caso da Irlanda, país do qual voltou recentemente e onde os escândalos causaram "dor e sofrimento".

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"O encontro com alguns sobreviventes me deixou uma marca profunda. Em diversas ocasiões pedi perdão ao Senhor por esses pecados, pelo escândalo e pelo senso de traição. Os bispos irlandeses iniciaram um sério percurso de purificação e reconciliação com aqueles que sofreram abusos", disse.

O Papa ainda afirmou que "esses problemas" estão entre os motivos da queda do número de padres. "Na Irlanda há fé, há gente de fé, é uma fé com grandes raízes, mas há poucas vocações para o sacerdócio", acrescentou.

A acusação contra o Papa está em uma carta de 11 páginas divulgada no último fim de semana e escrita por Viganò, ligado às alas conservadoras da Igreja e opositor de Francisco dentro do clero.

Segundo o documento, o arcebispo alertou Jorge Bergoglio logo no início de seu pontificado de que Bento XVI havia ordenado que McCarrick, hoje com 88 anos, adotasse uma vida de reclusão e penitência por causa das denúncias de que teria abusado de seminaristas e jovens padres.

Mais tarde, o prelado norte-americano seria também acusado de violentar um adolescente na década de 1970, o que o faria ser tirado do colégio cardinalício, em julho passado. De acordo com Viganò, Francisco não tomou na época nenhuma atitude contra McCarrick. "Falei porque agora a corrupção chegou às lideranças da hierarquia da Igreja", disse o arcebispo em entrevista ao jornalista Aldo Maria Valli.

O escândalo estourou enquanto o Papa visitava a Irlanda, país onde pediu desculpas em diversas ocasiões pelos crimes de pedofilia e abuso sexual na Igreja. Na viagem de volta a Roma, Bergoglio afirmou que a carta de Viganò "fala por si" e que não faria comentários a respeito. 

Da Ansa

Nos últimos 25 anos, a Igreja Católica enfrentou vários escândalos de pedofilia, como o que explodiu na Pensilvânia, onde centenas de padres abusaram sexualmente de mais de 1.000 crianças ao longo de décadas.

ESTADOS UNIDOS

Um relatório do Grande Júri da Pensilvânia, publicado na terça-feira passada, revelou abusos sexuais praticados por mais de 300 "padres predadores" e seu acobertamento pela Igreja católica neste estado americano, onde pelo menos mil meninos e meninas foram vítimas destes atos durante 70 anos.

Não é a primeira vez que um júri popular publica um informe revelando escândalos de pedofilia dentro da Igreja católica americana, mas nunca tantos casos haviam sido revelados.

Em julho, o papa Franciso aceitou a demissão do cardeal americano Theodore McCarrick, de 88 anos, já proibido de exercer seu ministério após acusações de pedofilia.

O ex-arcebispo de Boston Bernard Law, símbolo do silêncio da Igreja diante dos padres pedófilos e que morreu em 2017, havia se refugiado no Vaticano após renunciar ao cargo de arcebispo em 2002. Uma vasta investigação do jornal Boston Globe havia revelado que a hierarquia acobertava os crimes sexuais cometidos por cerca de 90 padres.

A Igreja americana recebeu entre 1950 e 2013 denúncias de cerca de 17.000 vítimas, acusando 6.400 membros do clero por crimes cometidos entre 1950 e 1980. Em 2012, especialistas evocaram no Vaticano o número de 100.000 crianças vítimas.

CHILE

A Igreja chilena também está no centro da tormenta: 158 pessoas - bispos, padres ou leigos ligados à igreja - são alvos de investigações por crimes sexuais contra crianças e adultos desde os anos 1960.

Por hora, 38 investigações, visando 73 pessoas por crimes contra 104 vítimas, foram abertas.

O caso obrigou a uma série de 'mea culpas' do papa Francisco, que primeiro havia defendido o bispo Juan Barros, acusado de encobrir por décadas o padre Fernando Karadima, condenado por abusos sexuais contra menores nos anos 80 e 90.

AUSTRÁLIA

Foi um dos escândalos mais recentes e sérios, já que envolveu o "ministro" da Economia e número três do Vaticano, o cardeal George Pell, de 76 anos, imputado por várias agressões sexuais entre 1979 e 1990.

Em 30 de julho, o papa Francisco também aceitou a renúncia do arcebispo de Adelaide, Philip Wilson, condenado por ter acobertado os crimes sexuais cometidos nos anos 1970 pelo padre Jim Fletcher.

ALEMANHA

Desde o início de 2010, centenas de casos de abusos sexuais de crianças e adolescentes em instituições religiosas foram revelados. Um dos casos mais divulgados foi o do colégio jesuíta Canisius em Berlim envolvendo cerca de vinte crianças.

Em 18 de julho de 2017, um relatório de investigação revelou um dos piores escândalos a atingir a Igreja alemã: ao menos 547 crianças do coral católico de Ratisbonne teriam sido vítimas de pedofilia entre 1945 e o início dos anos 1990.

IRLANDA

Nos anos 2000, acusações de abusos sexuais cometidos durante décadas coloca em xeque a credibilidade das instituições católicas. Mais de 14.500 crianças teriam sido vítimas. Vários bispos e padres, acusados ​​de esconder esses atos, foram punidos.

ÁUSTRIA

Após uma série de revelações no início de 2010 de casos de abusos sexuais e maus tratos por sacerdotes entre as décadas de 1960 e 1980, uma comissão de inquérito foi criada pela Igreja.

Cerca de 800 casos foram identificados e 8 milhões de euros concedidos às vítimas.

BÉLGICA

Em 2010, o bispo de Bruges, Roger Vangheluwe, renunciou após admitir ter abusado sexualmente de dois de seus sobrinhos.

Na sequência, milhares de testemunhos relataram casos de abuso sexual por monges belgas. Acusada de permanecer em silêncio, a hierarquia católica é atualmente alvo de um vasto inquérito judicial.

HOLANDA

No final de 2011, um relatório revelou o caso de "dezenas de milhares de crianças" abusadas sexualmente dentro da Igreja católica holandesa entre 1945 e 2010. Cerca de 800 supostos autores foram identificados.

- POLÔNIA: Em agosto de 2013, o polonês Jozef Wesolowski, núncio na República Dominicana, foi destituído, e uma investigação foi instaurada no âmbito de outro padre polonês suspeito de crimes contra menores de idade.

MÉXICO

O país protagonizou um dos casos mais graves e significativos, o do fundador da influente congregação ultra-conservadora Legionários de Cristo, o padre Marcial Maciel, punido e expulso em 2006 do sacerdócio por Bento XVI por ter abusado de menores, ter tido uma vida tripla, com duas mulheres e vários filhos.

CANADÁ

No final dos anos 1980, as revelações de abusos de crianças em um orfanato em Newfoundland (leste) nos anos de 1950 e 1960 provocaram um enorme escândalo. A hierarquia religiosa também foi acusada de não ter denunciado os casos de pedofilia em suas fileiras.

FRANÇA

Em 2016, o caso do padre Bernard Preynat, suspeito de ter abusado de cerca de 70 escoteiros, manchou a imagem do cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, alvo de denúncias por não denunciar os crimes.

Uma das vítimas do escândalo de pedofilia na Pensilvânia, Estados Unidos, afirmou que a carta do papa Francisco sobre os casos de abuso na Igreja Católica não oferece "soluções".

Jim Faluszczak, 49 anos, é um ex-padre que testemunhou perante a Justiça da Pensilvânia e disse ter sido violentado por sacerdotes. Ele é uma das mais de mil vítimas citadas em um relatório dos investigadores, que lista cerca de 300 religiosos envolvidos em crimes sexuais.

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Segundo Faluszczak, se o Papa não consegue encontrar soluções imediatas, ele deveria "renunciar", para permitir que os católicos achem outro líder que possa fazê-lo. O sobrevivente abandonou o sacerdócio e hoje trabalha com vítimas de abusos sexuais.

Na última segunda-feira (20), em uma ação inédita na história moderna da Igreja, Francisco divulgou uma carta ao "povo de Deus" em sua totalidade para tratar dos escândalos de pedofilia que abalaram a imagem do catolicismo.

Tal instrumento, a "carta ao povo de Deus", já havia sido utilizado anteriormente, mas em nível de país, como uma carta do próprio Jorge Bergoglio aos chilenos, ou de gênero, como uma de João Paulo II às mulheres.

No documento, Francisco insta toda a comunidade católica a se unir para coibir abusos na Igreja e evitar que crimes continuem sendo acobertados. Além disso, faz um "mea culpa" e reconhece que a Santa Sé demorou para agir.

"A solidariedade exige que denunciemos tudo o que possa comprometer a integridade de qualquer pessoa", diz a carta, em um claro recado a autoridades eclesiásticas que encobrem crimes de colegas.

Além do escândalo nos EUA, a Igreja se vê às voltas com casos de pedofilia em países como Chile e Austrália. Até mesmo um aliado próximo do Papa, o cardeal australiano George Pell, prefeito licenciado da Secretaria de Economia do Vaticano, é réu por abusos contra menores, supostamente cometidos nas décadas de 1970 e 1990.

O presidente da Conferência Episcopal da Austrália, Mark Coleridge, disse nesta terça-feira (21) que as palavras de Francisco são "importantes", mas ressaltou que é hora de "agir".

Da Ansa

O papa Francisco publicou uma carta aos católicos de todo o mundo condenando as "atrocidades" cometidas por padres pedófilos na Pensilvânia, EUA. Investigações apontam que mais de 300 padres cometeram abusos sexuais contra mais de 1.000 crianças.

Francisco pediu perdão pela dor sofrida pelas vítimas e disse que os católicos devem se envolver em qualquer esforço para erradicar o abuso e seu acobertamento. "Não mostramos nenhum cuidado com os pequenos; nós os abandonamos."

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O Vaticano publicou a carta antes da viagem do papa à Irlanda neste fim de semana.

Vítima

Nesta segunda, um homem testemunhou na Suprema Corte da Pensilvânia que foi molestado repetidamente por um padre quando adolescente. A vítima afirmou que a carta do papa Francisco divulgada hoje não oferece soluções para combater o abuso sexual de crianças por padres.

O relatório do grande júri divulgado na semana passada diz que mais de 300 "padres predadores" abusaram de mais de 1.000 crianças durante muitas décadas e os bispos falharam "repetidamente" em proteger seus rebanhos ou punir os estupradores.

O Papa Francisco condenou nesta segunda-feira "com força as atrocidades" ocorridas na Pensilvânia, Estados Unidos, contra mais de 1.000 crianças por padres, em carta dirigida ao "Povo de Deus".

"Nos últimos dias foi publicado um relatório que detalha a experiência de pelo menos mil pessoas que foram vítimas de abusos sexuais, de abusos de poder e de consciência, cometidos por padres durante quase 70 anos", escreve o pontífice na carta divulgada pelo Vaticano.

"Embora possamos dizer que a maioria dos casos pertence ao passado, podemos constatar que as feridas infligidas não desaparecerão nunca, o que nos obriga a condenar com força estas atrocidades", completa Francisco.

O papa Francisco reconheceu mais uma vez, com "vergonha e arrependimento", que a Igreja Católica demorou a agir para combater casos de pedofilia, em uma "Carta ao Povo de Deus" divulgada nesta segunda-feira (20).

O novo "mea culpa" do Pontífice chega aproximadamente uma semana depois de a Suprema Corte da Pensilvânia, nos Estados Unidos, ter apresentado um relatório que lista mais de 300 sacerdotes envolvidos em crimes sexuais, escândalo que se soma a casos em países como Chile e Austrália.

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Na carta, Francisco diz que a pedofilia é um crime que gera "profundas feridas de dor e impotência, em primeiro lugar nas vítimas, mas também em suas famílias e na inteira comunidade, tanto entre os crentes como entre os não-crentes".

"Olhando para o passado, nunca será suficiente o que se faça para pedir perdão e procurar reparar o dano causado. Olhando para o futuro, nunca será pouco tudo o que for feito para gerar uma cultura capaz de evitar que tais situações não só não aconteçam, mas que não encontrem espaços para serem ocultadas e perpetuadas", diz o documento.

O Papa ainda cita o relatório da Pensilvânia, que identificou cerca de mil vítimas ao longo de um período de 70 anos. De acordo com o líder católico, embora esses casos estejam no passado, as feridas "jamais prescrevem".

"A dor dessas vítimas é um gemido que clama ao céu, que alcança a alma e que, por muito tempo, foi ignorado, emudecido ou silenciado. Mas seu grito foi mais forte do que todas as medidas que tentaram silenciá-lo", afirma Francisco.

"Com vergonha e arrependimento, como comunidade eclesial, assumimos que não soubemos estar onde deveríamos estar, que não agimos a tempo para reconhecer a dimensão e a gravidade do dano que estava sendo causado em tantas vidas. Nós negligenciamos e abandonamos os pequenos", acrescenta.

O Papa ainda ressalta que a "omissão" deve dar lugar à "solidariedade", para que as vítimas de abusos encontrem uma "mão estendida que as proteja e as resgate de sua dor". "Essa solidariedade exige que denunciemos tudo o que possa comprometer a integridade de qualquer pessoa", diz, em um claro recado a autoridades eclesiásticas que encobrem crimes cometidos por colegas.

Além disso, o Pontífice pede "oração e jejum" para "despertar a consciência" do "povo de Deus" para o compromisso com uma "cultura contra qualquer tipo de abuso". "É imperativo que nós, como Igreja, possamos reconhecer e condenar, com dor e vergonha, as atrocidades cometidas por pessoas consagradas, clérigos e, inclusive, por todos aqueles que tinham a missão de assistir e cuidar dos mais vulneráveis", ressalta.

Além do escândalo nos Estados Unidos, a Igreja se vê às voltas com casos de pedofilia no Chile, que provocaram a renúncia de todo o episcopado do país, e na Austrália, que implicaram até um arcebispo, Philip Edward Wilson, condenado a 12 meses de prisão por ter acobertado crimes de abuso.

Ainda na Austrália, o terceiro na hierarquia do Vaticano, cardeal George Pell, também prefeito licenciado da Secretaria de Economia, é réu por episódios de pedofilia supostamente ocorridos nas décadas de 1970 e 1990.

Da Ansa

O Vaticano se manifestou nesta quinta-feira (16), reagindo com "vergonha e dor" à investigação dos abusos sexuais praticados por mais de 300 padres na Pensilvânia, e assegurou que o papa está do lado das vítimas.

"As vítimas devem saber que o papa está do seu lado. Aqueles que sofreram são sua prioridade, e a Igreja quer ouvi-los para erradicar este trágico horror que destrói a vida dos inocentes", declarou a Santa Sé em um comunicado.

Um relatório do Grande Júri da Pensilvânia, publicado na terça-feira, revelou abusos sexuais praticados por mais de 300 "padres predadores" e seu acobertamento pela Igreja católica neste estado, onde pelo menos mil meninos e meninas foram vítimas destes atos durante 70 anos.

Não é a primeira vez que um júri popular publica um informe revelando escândalos de pedofilia dentro da Igreja católica americana, mas nunca tantos casos haviam sido revelados.

"Padres violentaram meninos e meninas, e os homens da Igreja que eram seus responsáveis não fizeram nada. Durante décadas", escreveram os membros do júri no informe publicado na terça.

O Vaticano reagiu afirmando levar "muito a sério" o relatório e assegurou que "duas palavras podem expressar o que se sente diante destes crimes horríveis: vergonha e dor".

"Os abusos descritos no informe são criminosos e moralmente reprováveis. Estes atos traíram a confiança e roubaram das vítimas sua dignidade e sua fé", diz o comunicado.

A Santa Sé lembra, no entanto, que a maior parte dos casos mencionados é anterior ao começo dos anos 2000, quando a revelação de vários escândalos levou a Igreja americana e realizar "reformas".

Acredita-se que o relatório seja o mais abrangente até hoje sobre abusos cometidos dentro da Igreja americana desde o ano de 2002, quando o jornal The Boston Globe expôs pela primeira vez sacerdotes pedófilos em Massachusetts.

A investigação realizada pelo Grande Júri em quase todas as dioceses da Pensilvânia (exceto duas) levou dois anos e resultou em dezenas de testemunhos e 500 mil páginas de registros, contendo "alegações confiáveis contra mais de 300 padres predadores".

Mais de mil menores vítimas destes abusos foram identificados, mas o "número real" estaria na casa "dos milhares", estimou o Grande Júri.

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