Muitos duvidaram que este dia chegaria: nesta terça-feira, 1° de janeiro de 2019, Jair Messias Bolsonaro (PSL), 63 anos, se torna oficialmente o 38° chefe do Executivo Nacional. O capitão reformado do Exército, que permaneceu no Congresso Nacional por quase três décadas, conseguiu conquistar o cargo almejado entre muitos políticos.
A cerimônia, que acontece a partir das 14h45, tem um gosto a mais para o militar, familiares e eleitorado de Bolsonaro: o então candidato do PSL saiu vitorioso mesmo praticamente sem ter feito campanha eleitoral, após a facada que levou no dia 6 de setembro do ano passado; tendo se recusado a participar da maioria dos debates entre os então presidenciáveis, além de ter tido pouco tempo de TV.
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O momento mais esperado de hoje será o discurso do militar. A plateia será grande: de acordo com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, 400 pessoas poderão assistir ao ato no Salão Nobre, considerada a melhor área. É nesse salão que ficam os principais convidados como os futuros ministros e familiares.
No térreo, a limitação é de mil pessoas e, no mezanino do Palácio, que fica no terceiro andar, podem ficar entre 120 a 160 pessoas. Também irão prestigiar a posse outros chefes de Estado e de Governo, além de chanceleres. A região terá um sistema de segurança que se diz inédito para a posse. Perto da praça dos Três Poderes, onde fica a bandeira do Brasil, bandeirinha verde-amarelas foram colocadas como parte da decoração da solenidade de posse.
A vitória de Bolsonaro mostra um Brasil dividido: ele venceu o segundo turno com 55,13% dos votos válidos, o que representa 57.796.986 votos. O segundo colocado, Fernando Haddad (PT) teve 44,87%, o equivalente a 47.038.963 votos. Há quem considere que o militar conseguiu a façanha pela forma despojada, discursos diretos em especial quando se trata sobre segurança pública. O presidente nacional do PSL, o deputado federal eleito Luciano Bivar, ao LeiaJá, chegou a dizer que a sua vitória representa “o sentimento do povo indignado”. Para outros, o sucesso alcançado significa um “pesadelo”, como definiu o parlamentar Jean Wyllys (Psol).
Mas, para o próprio, há uma resposta maior: Deus. Em maio de 2017, ainda bem distante do pleito presidencial, em entrevista exclusiva ao LeiaJá, Bolsonaro ressaltou que se fosse uma “missão de Deus”, ele seria candidato. Na época, também chegou a falar que estava se preparando para o que chamou de desafio. Logo após o resultado das urnas, no dia 28 de outubro passado, ele também fez um discurso religioso. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Nunca estive sozinho, sempre senti a presença de Deus e a força do povo brasileiro”, pontuou.
Mandato incerto
Nem mesmo os especialistas apostam em falar como será, de fato, o perfil que Bolsonaro vai ter no comando do país nos próximos quatro anos. Ele, no entanto, afirmou que o propósito maior é transformar o Brasil “em uma grande, livre e próspera nação”. Ainda garantiu que será um “defensor da liberdade” e que, por isso, seu governo será “constitucional e democrático”.
Apesar do pronunciamento mais leve, Bolsonaro é conhecido pelo perfil conservador. Em seu governo, uma das principais bandeiras que será defendida é o projeto Escola Sem Partido. Segundo ele, professores não devem se posicionar em relação a preferências político-partidárias, religiosas e nem ideológicas.
Bolsonaro também coleciona inúmeros episódios polêmicos. Um deles foi em abril de 2016, no voto a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT). Na ocasião, ele dedicou o seu voto ao coronel Ustra, que foi considerado pela Justiça brasileira um torturador na época da ditadura militar. Em outro, chegou a dizer que a deputada federal Maria do Rosário (PT) não merecia ser estuprada por ser “muito feia”.
Filho de Olinda Bonturi e Percy Geraldo, Bolsonaro, por diversas vezes falou que conseguiu realizar um sonho ao entrar na disputada Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende, no Rio de Janeiro, no ano de 1974, na época com 19 anos. Em meio às incertezas, uma coisa é certa. Bolsonaro cumpriu mais outro sonho que já vinha avisando, em meados de 2014, sem ter sido levado muito a sério: “que seria o candidato da direita em 2018”.