A Polícia Civil de Santa Catarina identificou nesta quinta-feira (25) dez suspeitos de estarem envolvidos na morte de João Augusto Grah, torcedor do Avaí atingido por uma pedra na cabeça na BR-101, na madrugada de quarta-feira, em Balneário Camboriú. Ele foi alvo do ataque quando estava em micro-ônibus que transportava torcedores do time catarinense de volta à Florianópolis, após partida contra o Paraná, em Curitiba, pela Série B.
Entre os dez suspeitos está um adolescente de 16 anos, que prestou depoimento na Divisão de Investigação Criminal de Balneário Camboriú, nesta tarde. De acordo com o delegado Osnei Valdir de Oliveira, responsável pelo caso, ele apresentou versão contraditória, mas confirmou a participação no ataque.
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O delegado revelou que o adolescente e os demais nove torcedores identificados - há ainda mais um suspeito sem identificação - integram a torcida Fúria Marcilista, do Marcílio Dias, que disputa a primeira divisão do futebol catarinense. O clube está sediado em Itajaí, cidade vizinha a Balneário Camboriú, local do crime.
Estes nove torcedores devem se apresentar ao delegado nesta sexta-feira para prestar depoimento. "Eles se comprometeram a se apresentar amanhã, na companhia dos seus advogados", disse o responsável pelo caso. "A investigação ainda é prematura, mas já tivemos um avanço significativo."
De acordo com o delegado, a rivalidade entre a organizada do Marcílio e torcedores do Avaí é antiga. "Foi uma retaliação", garantiu. O episódio trágico desta quarta teria sido uma resposta a um confronto ocorrido no dia 6 de setembro, ao fim da partida entre o time catarinense e o América-RN, válido pela 20ª rodada da Série B.
Segundo depoimento do adolescente, os torcedores da Fúria Marcilista tiveram seus carros atingidos por pedras arremessadas por integrantes da organizada Mancha Azul, do Avaí, depois do apito final do jogo disputado no Estádio da Ressacada, em Florianópolis. Neste confronto, não houve ferimentos, apenas danos materiais aos membros da Fúria.
O ataque não foi relatado à polícia. "Eles não costumam procurar as autoridades. A forma de resolver é a revanche, o revide. Não comunicaram a polícia", declarou o delegado. Ele revela que o episódio do dia 6 já era uma retaliação a confrontos anteriores. "Os torcedores da Fúria foram até o estádio para tumultuar, para rivalizar com a torcida do Avaí."
O torcedor João Augusto Grah, de 27 anos, morreu ao ser atingido por uma pedra na cabeça quando estava sentado ao lado do motorista no micro-ônibus que trazia um grupo de 20 pessoas que viajaram à Curitiba para assistir ao jogo entre Paraná e Avaí, no Estádio Durival de Britto.
Depois da partida, o micro-ônibus deixou a capital paranaense rumo a Florianópolis. Por volta das 0h30, depois de percorrer 220 quilômetros, a 80 do destino final, o veículo foi atingido por três pedras grandes ao passar sob uma ponte na altura do km 136 da BR-101, em Balneário Camboriú. Sobrinho de um conselheiro do Avaí, João Grah foi encaminhado para o Hospital Ruth Cardoso, mas não resistiu ao ferimento.
A Federação Catarinense de Futebol e as diretorias do Avaí e do arquirrival Figueirense lamentaram a morte do torcedor em nota oficial, na quarta. Nesta quinta, foi a vez do Marcílio Dias se manifestar sobre o caso. O clube de Itajaí repudiou o envolvimento de membros da torcida organizada da equipe no episódio trágico.
"O Marcílio Dias encontra-se em choque com a atitude destes marginais, que em nada representam as pessoas de bem que fazem parte da grandiosa maioria da torcida marcilista. Bem como, deixa claro que a Torcida Organizada Fúria Marcilista não possui nenhuma ligação com o Clube, e não o representa.
"O Clube, além de se solidarizar com os familiares do jovem atingido, também demonstra sua total indignação com os fatos, e promete atitudes severas referentes a acessos de torcidas organizadas em seus domínios para os próximos campeonatos, bem como a total exclusão dos estádios de marginais travestidos de torcedores, que estragam um espetáculo tão bonito como o futebol", registrou a diretoria do Marcílio Dias, em nota.