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A "lista suja" do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que é o cadastro de exploradores de mão de obra análoga à de escravo, foi atualizada nesta terça-feira (2). Foram incluídos 91 empregadores e realizadas 48 exclusões. Como saldo final, a nova "lista suja" passa a conter 609 infratores, envolvendo pessoas físicas e jurídicas com atuação nos meios rural e urbano.

O maior número de empregadores inscritos nessa lista é do Estado do Pará (27%), seguido por Minas Gerais (11%), Mato Grosso (9%) e Goiás (8%). A pecuária constitui a atividade econômica desenvolvida pela maioria dos empregadores (40%), seguida da produção florestal (25%), agricultura (16%) e indústria da construção (7%), informa o MTE.

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O governo ressalta que os procedimentos de inclusão e exclusão são determinados pela Portaria Interministerial nº 2/2011, que estabelece a inclusão do nome do infrator no Cadastro após decisão administrativa final relativa ao auto de infração, lavrado em decorrência de ação fiscal, em que tenha havido a identificação de trabalhadores submetidos a trabalho escravo.

As exclusões ocorrem depois do monitoramento, direto ou indireto, pelo período de dois anos da data da inclusão do nome do infrator no cadastro. Durante esse tempo, é verificado se realmente não houve reincidência na prática do "trabalho escravo", bem como do pagamento das multas decorrentes dos autos de infração lavrados na ação fiscal. A lista passa por atualizações de maior porte a cada seis meses.

O MTE não emite qualquer tipo de certidão relativa ao cadastro. A verificação do nome do empregador na lista se dá por intermédio da consulta à lista na internet, no site do Ministério do Trabalho (portal.mte.gov.br/trab_escravo). Os nomes são apresentados em ordem alfabética.

Descontentes com a falta de registro em carteira e a carga horária elevada nas indústrias de confecções na capital paulista, muitos bolivianos estão migrando para o Sul de Minas Gerais. No mês passado, dez deles começaram a trabalhar em uma indústria de garrafas térmicas em Pouso Alegre (MG), cidade que nos últimos meses recebeu muitas empresas e precisa de mão-de-obra para atender à nova demanda.

Um peruano também já está em atividade na companhia e outros quatro bolivianos devem chegar nesta semana. "Um vai comentando com outro e a notícia se espalha", diz Van Der Laam Oliveira, gerente de Recursos Humanos da Invicta, empresa que contratou os estrangeiros. Segundo ele, todos os contratados estão legalizados e têm desempenhado bem o trabalho.

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Quem chega portando apenas o chamado "RG Estrangeiro" tem ajuda da empresa para regularizar a situação. Segundo Van Der Laam Oliveira, os brasileiros também são bons de serviço, mas com a oferta de vagas em alta na cidade, a rotatividade é muito grande e a mão-de-obra nacional não está dando conta.

Condições

No novo emprego, os bolivianos têm, além do salário em carteira e horário fixo, benefícios como assistência médica. "Aqui a gente trabalha a quantidade certa de horas por dia", diz o auxiliar de produção Selvin Moreno. Boliviano, ele lembra que, nas confecções de roupas de São Paulo, a carteira não era assinada e a carga horária nem sempre se resumia às oito horas diárias de trabalho como combinado. Por isso, ele e os demais teriam optado por seguir para Pouso Alegre. Na cidade mineira, eles estão produzindo garrafas, galões e caixas térmicas que são exportados para mais de 40 países.

Pouso Alegre tem apresentado anualmente quase o dobro de crescimento econômico em relação ao índice nacional, sendo, em Minas Gerais, a primeira em desenvolvimento econômico. Na cidade, somente nos últimos cinco anos, foram criadas 11.350 vagas de emprego, de acordo com números fornecidos pela prefeitura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A rede de lojas C&A Modas foi condenada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), em decisão divulgada nesta segunda-feira (12) a pagar R$ 100 mil de indenização por reduzir seus empregados a condições análogas às de escravos em unidades instaladas em três shoppings de Goiás. As situações foram caracterizadas em denúncia feita pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), em Goiás.

O TST divulgou em sua página que a rede descumpriu uma série de normas trabalhistas, segundo a denúncia do MPT. A empresa havia tentado reverter a condenação através de um agravo interposto, que acabou negado na última quarta-feira (7), pela Quarta Turma do tribunal. Com isto, em decisão unânime, ficou mantida a punição.

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Procurada na noite desta segunda-feira, a rede se manifestou em nota afirmando que o processo refere-se a uma "discussão pontual sobre jornada de trabalho de seus empregados no Estado de Goiás". A rede ressalta que "repudia qualquer forma de trabalho análogo ao escravo" e que, pelo fato de ainda não ter sido notificada sobre a decisão, a C&A se restringe a reforçar "que preza pelas suas relações de trabalho e pelo respeito à legislação brasileira".

Infrações - Segundo a denúncia, o MPT constatou infrações praticadas nas unidades da rede nos shoppings Goiânia e Flamboyant, na capital goiana, e Buriti, na cidade de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital. Conforme os procuradores, entre outras irregularidades, "a C&A obrigava o trabalho em feriados sem autorização em convenção coletiva, não homologava rescisões no sindicato dos trabalhadores, não concedia intervalo de 15 minutos quando a duração do trabalho ultrapassava quatro horas, impedia o intervalo para repouso e alimentação em situações diversas, prorrogava a jornada de trabalho além do limite legal de duas horas diárias e não pagava horas extras no mês seguinte à prestação de serviços".

A ação civil pública foi baseada no entendimento de que havia um dano social e moral a ser reparado e que a empresa, ao impor jornadas exaustivas, "reduziu seus empregados à condição análoga à de escravo". Na ação, foi requerido o pagamento de indenização de R$ 500 mil a ser revertida para o Fundo de Amparo ao Trabalhador e que a empresa cumprisse uma série de obrigações de fazer, sob pena de multa diária de R$ 1 mil por trabalhador prejudicado.

Conforme o divulgado pelo TST, na contestação, a rede de lojas sustentou que não violou direitos e que, sempre que havia necessidade de trabalho além da jornada, pagava as horas extras, todas computadas nos registros de frequência dos empregados. Teria justificado, ainda, que a não homologação de rescisões não é prática usual da empresa, e que as folgas estavam dentro do estabelecido na legislação trabalhista, afirmando por fim que não impôs dano à coletividade.

Durante o trâmite do processo, contudo, ao julgar o caso, a 6ª Vara do Trabalho de Goiânia deu procedência parcial ao pedido referente às obrigações de fazer, impondo multa de R$ 5 mil por empregado, em caso de descumprimento. A decisão ainda condenou a empresa a cumprir as obrigações de homologar as rescisões no sindicato; abster-se de prorrogar, sem justificativa, a jornada de trabalho além do limite de duas horas diárias; pagar as horas extras no mês subsequente ao da prestação e conceder intervalo para repouso e alimentação, entre outras.

Recursos - Ocorre que tanto a empresa quanto o MPT recorreram. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 18ª Região, em Goiás, então, deu provimento ao recurso do MPT para condenar a C&A a arcar com indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 100 mil. No entendimento do TRT, o motivo foi porque, "desde 2009, a empresa descumpria de forma contumaz normas de ordem pública, violando a dignidade da pessoa humana enquanto trabalhador".

Após isto, a rede de lojas agravou da decisão, mas a Quarta Turma do TST negou provimento ao recurso. No entendimento da turma, o TRT apreciou corretamente o conjunto de fatos e provas e sua decisão está em sintonia com as normas constitucionais. Para julgar de outra forma, disse o relator, ministro Fernando Eizo Ono, a turma teria que reexaminar a extensão do dano e o grau de culpa, o que é vedado ao TST com base na súmula 126 do TST.

Uma investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Ministério do Trabalho e Emprego aponta para possíveis irregularidades nas condições de trabalho de tripulantes dos navios da empresa italiana MSC Crociere na costa brasileira. Treze funcionários reclamam de jornadas de 11 horas ininterruptas e de assédio moral e sexual. Eles dizem ainda que não havia dias de descanso. De acordo com o Ministério Público, as denúncias configuram "situação de trabalho degradante" e "análoga à de escravos".

Segundo o MPT, as denúncias partiram dos próprios colaboradores da empresa, que estavam a bordo do MSC Magnifica quando o navio atracou no Porto de Santos, há um mês. Na última terça-feira, uma força-tarefa envolvendo o MPT da Bahia, o Ministério do Trabalho e Emprego, a Polícia Federal, a Defensoria Pública da União e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos realizou uma operação a bordo do navio, quando já estava atracado no Porto de Salvador. Dos 13 tripulantes que se queixaram, 11 desembarcaram no terminal - os outros dois seguiram viagem. O MSC Magnifica conclui nesta semana a temporada na costa brasileira e volta à Europa. Cerca de 200 brasileiros trabalham na embarcação. No total, o navio tem aproximadamente mil tripulantes.

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Segundo o Ministério Público do Trabalho, os contratos entre as empresas de cruzeiros marítimos e os colaboradores são firmados com base em um acordo internacional, mas, no entendimento dos procuradores, brasileiros contratados e que prestam serviços no País estão submetidos à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Por isso, foram iniciadas negociações com a empresa para que sejam pagas verbas rescisórias, além das despesas dos trabalhadores desembarcados com hospedagem - eles estão em um hotel de Salvador - e com passagem de volta para as cidades de origem. Além disso, o MPT estuda entrar com uma ação trabalhista contra a empresa, pedindo à Justiça que determine a adequação dos contratos de trabalho à lei brasileira.

Inspeções - Em nota, a MSC Crociere nega as irregularidades apontadas pelos tripulantes. A empresa afirmou que seus quatro navios que estiveram no Brasil durante a temporada de verão, nos quais trabalharam 4.181 tripulantes - entre eles, 1.243 brasileiros -, "passaram por intensas e repetitivas inspeções por parte do Ministério do Trabalho e Emprego" e que a empresa "está em total conformidade com as normas de trabalho nacionais e internacionais".

O texto também salienta que a MSC "repudia as alegações feitas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, do qual não recebeu nenhuma prova ou qualquer auto de infração" e que a empresa "está pronta para colaborar com as autoridades competentes".

A Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados discutiu a situação dos funcionários terceirizados da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), que foi condenada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) por terceirização ilegal (trabalho escravo) em 2013. A reunião na Casa Legislativa foi realizada nesta quarta-feira (2) a pedido do deputado Eduardo da Fonte (PP). 

O deputado Eduardo da Fonte questionou o presidente da Celpe, Luiz Antonio Ciarlini, pela falta de assistência à família da vítima. “Cadê a assistência da Celpe? A Celpe foi condenada por trabalho escravo. Mas isso é pouco diante do lucro de 107 milhões só em 2013. Não podemos admitir o descaso dessa empresa, que já matou 63 pessoas desde 2012 por descarga elétrica na rua”, ressaltou o parlamentar. 

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A Procuradora do Ministério Público do Trabalho, Vanessa Patriota afirmou que a Celpe é conivente com a situação. “Constatamos várias irregularidades, entre elas, o excesso na jornada de trabalho, privando funcionários a ter intervalos até para almoçar”, destacou. 

Um grupo de 19 de trabalhadores de carvoarias de São Paulo foi resgatado nesta terça-feira durante operação da Polícia Rodoviária Federal, após ser constatado que trabalhavam em condições análogas à da escravidão. Na mesma ação foram afastados 7 adolescentes, cuja mão de obra era utilizada em desacordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Denominada Gato Preto, a operação mobilizou 90 policiais e também envolveu agentes do Ministério do Trabalho, Advocacia-Geral da União (AGU), Ministério Público Estadual e Instituto Florestal.

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A ação abrangeu os municípios de Joanópolis, Piracaia e Pedra Bela, a uma distância média de cem quilômetros da capital. De acordo com informações divulgadas pela assessoria de comunicação da Polícia Rodoviária, foram identificadas carvoarias e empacotadoras de carvão com "adultos trabalhando sob condições insalubres e sem o uso de equipamentos de proteção individual, em condições análogas à escravidão".

No município de Piracaia, o que chamou a atenção foi a instalação de carvoarias próximas ao gasoduto Brasil-Bolívia, a poucos metros da área onde passa o duto. Ignoravam completamente placas que alertam para a proibição de escavar e acender fogueiras no local.

De acordo com as autoridades que participaram da operação, as carvoarias vem intensificando suas atividades em decorrência do aumento, nos últimos meses, do preço do carvão vegetal para fins domésticos.

No total foram interditadas seis carvoarias.

A atualização semestral da lista de empregadores envolvidos em trabalho escravo foi divulgada nesta segunda-feira, 30, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Foram incluídos os nomes de 108 novos empregadores e voltaram à lista outros dois nomes, em razão de determinação judicial. Nesta nova versão, foram excluídos 17 empregadores em decorrência do cumprimento dos requisitos administrativos.

O cadastro tem, atualmente, 579 nomes de empregadores flagrados na prática de submeter trabalhadores a condições análogas à de escravo, sejam pessoas físicas ou jurídicas, cita o MTE. Desse total, o Estado do Pará apresenta o maior número de empregadores inscritos na lista, totalizando 26,08%, seguido por Mato Grosso (com 11,23%), Goiás (com 8,46%) e Minas Gerais (com 8,12%).

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A lista está disponível para consulta na internet, no site do MTE. A verificação do nome do empregador na lista se dá por intermédio da simples consulta, por ordem alfabética. O MTE não emite qualquer tipo de certidão relativa ao cadastro.

O Catar queria as glórias de receber uma Copa do Mundo. Mas ainda precisa saber lidar com tudo o que envolve sediar o Mundial de 2022. Quando todos os olhos se voltam para o povo catariano, eles vão ver os atrativos locais, mas também seus problemas. E um dos principais e mais graves atraiu a atenção da Anistia Internacional, que há mais de um ano produz um relatório sobre a exploração da mão de obra estrangeira no país - tal dossiê foi apresentado neste domingo, em Doha.

"É absolutamente indesculpável que, em um dos países mais ricos do mundo, os trabalhadores estrangeiros sejam explorados de forma tão cruel, privados de pagamento e com dificuldades até para sobreviver", comentou Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional.

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O relatório divulgado neste domingo chegou a conclusões estarrecedoras, ainda que não sejam novidade para quem conhece a vida no Catar. Os operários imigrantes chegam ao país com a expectativa de aproveitar a explosão do crescimento econômico e as muitas ofertas de emprego na construção civil - muitas delas relacionadas com a preparação para receber a Copa de 2022. No entanto, precisam lidar com péssimas condições de trabalho e moradia, em ambientes insalubres.

Ainda segundo o relatório, muitos trabalhadores não recebem o salário prometido, ou não recebem nada. E, por causa de uma legislação conhecida como o "sistema kafala", não podem mudar de emprego ou sequer retomar a seus países. Não sem a permissão dos patrões, que não tem por que fazê-lo, com os homens obrigados a trabalhar mesmo sem receber.

"Os empregadores no Catar demonstram um revoltante descaso com direitos humanos básicos dos operários estrangeiros. Muitas (das construtoras) estão se aproveitando de um ambiente permissivo e de frouxa aplicação das leis trabalhistas existentes para explorar os trabalhadores da construção civil", disse Salil Shetty.

Durante duas visitas ao Catar, uma em outubro de 2012 e outra em março de 2013, os enviados da Anistia Internacional entrevistaram 210 imigrantes, além de diretores de empresas e dirigentes do governo do país. Segundo os relatos, muitos trabalhadores disseram ser tratados "como gado". Em alguns dos locais visitados, havia esgoto à mostra e banheiros insuficientes.

Muitos trabalhadores disseram aos membros da Anistia Internacional que pensaram em suicídio, diante da impossibilidade de retornar a seus países. Como eles não recebem, seus familiares passam por necessidade, o que agrava do desespero dos estrangeiros da construção civil no Catar.

O crescimento econômico acelerado na diminuta península do Golfo Pérsico criou uma demanda enorme por mão de obra, que a pequena população catariana não pode prover. Assim, muitos homens de países africanos e do sul e sudeste da Ásia veem a oportunidade de sustentar sua famílias.

Com os preparativos para a Copa do Mundo de 2022 se intensificando nos próximos anos, tal demanda só tende a aumentar. Mas agora os olhos do mundo estão sobre o Catar. O governo local promete melhorar a fiscalização e a aplicação da legislação vigente, além de garantir que avalia mudanças nas leis trabalhistas.

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JOÃO PESSOA (PB) - Após uma semana de ações, o Ministério Público do Trabalho (MPT) divulgou, nesta quinta-feira (14), uma ação conjunta com Ministério do Trabalho e Emprego e Polícia Rodoviária Federal que resgatou trabalhadores escravos na cidade de Serra Branca, localizada a 240 km de distância de João Pessoa. Um vereador foi responsabilizado pelo ato e foi obrigado a fazer os pagamentos.

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Segundo o Procurador do Trabalho, Ulisses Dias de Carvalho, 21 pessoas estavam exercendo suas funções em duas pedreiras – Tamboril e Sítio Serra Verde - pertencentes ao vereador Carlos Kleber Ribeiro Barros.

“Os funcionários não tinham registro na carteira de trabalho e não usavam equipamentos de proteção individual. Não tinha banheiro ou local para fazer as refeições. Além disso, eles não recebiam salários, eram pagos por produtividade e, mesmo assim, estavam com atraso de pagamento”, relatou o Procurador.

Nesta quarta-feira (13), o cálculo da dívida do vereador com os empregados chegou R$ 60 mil. “Ele fez o pagamento e se comprometeu a continuar agindo dentro do que mandam as leis trabalhistas”, informou.

Carlos Kleber assinou um Termo de Ajuste de Conduta que explicita as obrigações, as normas trabalhistas e ainda as verbas rescisórias, esta última para o caso de descumprimento e de futuro desligamento dos funcionários.

Segundo Ulisses Dias, foi fixado também o valor de R$ 10 mil como Indenização Pelo Dano Moral Coletivo e o prazo para que o montante seja posto a disposição do MPT de Campina Grande será encerrado em maio de 2014. Após este pagamento, o Ministério decide o que será feito com a verba.

O procurador do Trabalho em Campina Grande, Raulino Maracajá, que ficará responsável pelo caso, explicou que uma pesquisa será feita na cidade para destinação deste dinheiro. “Nós vamos saber com a comunidade se tem algum órgão precisando. Nós podemos encaminhar para o Fundo de Amparo ao Trabalhador, para cursos de qualificação ou mesmo para compra de equipamentos”.

Fiscalizações continuarão sendo feitas no local. De acordo com Maracajá, em dois anos o MPT voltará para saber se estão seguindo as regulamentações, mas neste período o Disque Denúncia (100) poderá ser utilizado para repassar informações.

O vereador Carlos Kleber Ribeiro Barros foi procurador pela redação, mas as ligações não foram atendidas.

A regulamentação do que deve ser considerado trabalho escravo e análogo à escravidão foi aprovada nesta quinta-feira (17), na Comissão Mista de Consolidação de Leis e de Dispositivos Constitucionais do Congresso. O relatório define condições que podem ser enquadradas como escravidão, além de estabelecer o destino e as normas para a expropriação dos imóveis rurais e urbanos em que forem flagrados trabalhadores nessas condições.

O confisco do imóvel do "escravocrata" está previsto na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Trabalho Escravo aprovada em junho na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, mas que ainda aguarda análise do plenário da Casa para ser promulgada. O acordo no Legislativo Casa é que, após a aprovação da regulamentação, os senadores avalizarão a PEC.

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De acordo com a definição do texto aprovado nesta quinta-feira, os fiscais do trabalho, responsáveis pela vigilância das condições de emprego, podem classificar como escravidão "a submissão a trabalho forçado, exigido sob ameaça de punição, com uso de coação, ou que se conclua de maneira involuntária, ou com restrição de liberdade pessoal".

Dificultar o uso de meio de transporte ao trabalhador também pode ser enquadrado em tal definição, bem como vigiar constantemente ou se apropriar de algum bem ou documento do empregado afim de mantê-lo no local do serviço. O projeto também destaca como escravidão ou condições análogas às situações de restrição da locomoção do empregado por dívidas contraídas com o patrão.

Segundo o relator da comissão, Romero Jucá (PMDB-RR), a PEC não tem descrições detalhadas do que se enquadra nas definições de trabalho escravo e, por isso, há a necessidade de regulamentar a futura emenda. A PEC já define a expropriação de terrenos em que forem encontrados trabalhadores em condições escravas, o mesmo valendo para flagrantes de cultivo ilegal de plantas psicotrópicas, mas agora fica claro que isso só poderá ocorrer após o trânsito em julgado da sentença penal.

Esse era um dos pontos que o governo pediu ao relator que retirasse do texto. A administração municipal insistiu também para que se incluísse na regulamentação como condição de escravidão a jornada de trabalho exaustiva. "Não temos como confiscar a propriedade de alguém que ainda não foi condenado de forma definitiva. Além disso, como definir uma jornada exaustiva? Nesse caso, todas mulheres que trabalham fora vão poderão processar os maridos que não ajudam em casa por trabalho escravo", afirmou Jucá.

Conforme já determinava a PEC, a regulamentação estabelece que todos os bens apreendidos em decorrência da exploração da escravidão ou do tráfico ilícito de entorpecentes serão confiscados e revertidos ao Fundo Especial de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo e ao Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Drogas Afins (Funprestie). As propriedades passíveis de destinação à reforma agrária ou moradias sociais serão vendidas e o valor revertido a esse fundo. Na regulamentação, Jucá também deixou claro que o Funprestie deverá ser usado em benefício dos trabalhadores retirados das condições de escravidão, com programas de apoio, ofertas de emprego digno, cursos de capacitação, além da promoção de ações para inibir o trabalho escravo.

O Ministério Público Federal (MPF) em Palmares (PE) denunciou, à Justiça Federal, dois sócios e um administrador do Grupo Econômico, formado pelas usinas Vitória e Vitória Agro Comercial, situadas no Engenho Bom Destino, na zona rural da cidade, por submeterem 241 trabalhadores rurais à condição análoga à de escravo. Caso sejam condenados pela Justiça Federal, os denunciados poderão ser penalizados com até oito anos de prisão, pela redução à condição análoga a de escravo, além da aplicação de sanções criminais relativas à violência.

Uma fiscalização realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em novembro de 2008, confirmou que os denunciados sujeitavam os trabalhadores rurais a condições desumanas e degradantes de trabalho. Dentre as irregularidades, foi verificado que os empregados não tinham acesso a água potável, sendo incumbidos de trazer água de suas casas ou comprar garrafas comercializadas pelas usinas, no valor de R$ 20 a unidade.

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As investigações revelaram, ainda, o não fornecimento de alimentação adequada e a ausência de local para acondicionamento dos alimentos, situação que ocasionava, muitas vezes, o apodrecimento da comida, levando os trabalhadores a passar fome ou consumir o alimento estragado. Além disso, os empregados tinham de realizar suas necessidades fisiológicas sem higiene, segurança e privacidade, o que possibilitava a disseminação de doenças infectocontagiosas, além de expor os trabalhadores a animais peçonhentos.

Também não havia, no engenho, equipamentos mínimos de proteção, como chapéu e roupas adequadas, sendo fornecida ao empregado apenas uma luva. Os trabalhadores eram obrigados, ainda, a comprar o facão que usavam na lavoura, por R$ 15. Outro problema verificado foi o transporte irregular dos empregados, que era feito por meio de tratores e carregadeiras, o que acabava expondo os trabalhadores ao risco de queda, choques mecânicos e esmagamentos.

Os empregados eram submetidos a condições de trabalho fatigantes e a jornadas exaustivas, que se iniciavam às 4h e terminavam às 16h30, com dois intervalos para refeições, de apenas 30 minutos cada. Muitos não recebiam sequer um salário mínimo por mês. Além disso, não havia, nas usinas, serviço médico e comunicação via rádio para casos de emergência. Também não era feito treinamento ou oferecida proteção especial aos empregados que lidavam com agrotóxicos. Diante das irregularidades, todos os empregados das usinas foram resgatados pela equipe de auditores do trabalho.

Da Assessoria da Procuradoria da República em Pernambuco

A Lojas Americanas vai ter que fiscalizar seus fornecedores para coibir a ocorrência de trabalho análogo à escravidão em sua cadeia produtiva e pagar uma multa de R$ 250 mil. A decisão faz parte do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) divulgado nesta quarta-feira, 02, pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), após a descoberta de cinco bolivianos flagrados em condições precárias em uma oficina de costura, em Americana (SP), em janeiro deste ano.

Segundo a nota divulgada pelo MPT, o TAC indica que a Lojas Americanas terá que "verificar se a empresa contratada é constituída como pessoa jurídica e se os seus empregados estão devidamente registrados em carteira de trabalho, mediante vistorias e solicitação de documentos". O procedimento deve ser adotado antes da empresa efetuar os pedidos de compra.

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Fornecedores que estiveram em situação trabalhista irregular não poderão ser contratados. A rede varejista deve elaborar contratos em que constem advertência e pena de descredenciamento e devolução de peças a esses vendedores.

Os atuais fornecedores também estão sujeitos às exigências do MPT. "A Lojas Americanas tem o prazo de dois meses para identificar os fornecedores que não atendam às exigências do MPT e descredenciá-los, assim como efetuar o cancelamento dos pedidos já realizados", informa a nota.

Para lembrar

De acordo com fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego e procuradores do MPT, os trabalhadores bolivianos costuravam peças de vestuário infantil diretamente para a empresa HippyChick Moda Infantil Ltda., de Americana. A única cliente da empresa seria a rede varejista.

A oficina foi montada de forma clandestina nos fundos do quintal de uma casa em área residencial, na periferia da cidade. O dono, originário da Bolívia, mantinha parentes trabalhando em um barracão improvisado, com condições consideradas insalubres. A pequena fábrica têxtil recebia R$ 2,80 por peça feita para a HippyChick.

Além de não terem carteira de trabalho e serem submetidos à carga excessiva, os trabalhadores ficavam em espaço com calor intenso, sem ventilação, apertados entre pilhas de tecido, com ligações irregulares elétricas e sem extintores. No dia da fiscalização, os cinco bolivianos estavam com quatro crianças na oficina.

Na época a Lojas Americanas informou, por meio de nota à imprensa, que repudia qualquer tipo de trabalho realizado em condições degradantes, e que desconhecia o problema encontrado na oficina no interior paulista.

A construtora OAS e a GRU Airport, concessionária que administra o aeroporto de Guarulhos, foram acusadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por submeter 111 trabalhadores a condições análogas à escravidão em obra do novo terminal de passageiros.

A OAS também é alvo de 25 autos de infração no Ministério do Trabalho e pode ser incluída na “lista suja” do órgão. A empresa e um grupo de funcionários são investigados criminalmente por aliciamento de trabalhadores.

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Uma operação conjunta entre o MPT de Guarulhos e a Secretaria Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/SP) resgatou 111 trabalhadores de 11 alojamentos próximos à obra no período de 6 a 21 de setembro, vivendo em moradias precárias. Seis deles eram indígenas da tribo pankararu.

Conforme o jornal O Estado de S. Paulo antecipou na edição de quarta-feira, 25, esses trabalhadores vinham de Estados do Nordeste com a promessa de trabalhar na obra da OAS. Ao chegar a Guarulhos, descobriam que não tinham emprego garantido e ficavam em uma espécie de “cadastro de reserva” da empresa. Eles improvisaram alojamentos em barracos enquanto aguardavam a contratação pela empresa.

A legislação trabalhista prevê que as empresas contratem funcionários migrantes para uma obra que requer sua transferência quando eles ainda estão na região de origem. O recrutamento irregular e a falta de condições de moradia colocaram os trabalhadores em condições análogas à escravidão, segundo o MPT e a SRTE. A GRU Airport também é acusada da prática por responsabilidade solidária, já que a obra era do aeroporto. Além de fornecedora, a OAS é dona de 12% da Invepar, controladora da GRU.

Aliciamento

Os trabalhadores foram aliciados por funcionários da OAS no Nordeste, disse o coordenador das ações contra trabalho escravo da SRTE, Renato Bignami. Segundo ele, alguns pagavam propinas entre R$ 100 e R$ 300 para que o aliciador conseguisse uma vaga na obra. “Muitos pegaram empréstimos para trabalhar em Guarulhos e vieram em ônibus clandestinos”, disse.

Em comunicado, a OAS disse que os fatos apontados eram “desconhecidos pela empresa” antes da investigação e que “já afastou os colaboradores citados nos depoimentos”. A GRU Airport disse, em nota, que contribuirá com as investigações e exige que os fornecedores cumpram as regras trabalhistas.

As autoridades envolvidas na operação, batizada de “Espanta Gato”, esperam que o caso provoque uma onda de fiscalização nas obras da OAS e de outras construtoras. “Isso pode ser a ponta do iceberg. Os trabalhadores estão sendo aliciados nas grandes obras para a construção civil em condições análogas às de escravos”, disse o superintendente da SRTE/SP, Luiz Antonio Medeiros. “Temos de visitar o Itaquerão e todas essas obras do PAC que são feitas em situação de emergência.”

O Ministério Público entrou com uma ação cautelar no dia 19 contra a OAS e a GRU Airport para solicitar o resgate dos trabalhadores e o pagamento de indenizações. A Justiça concedeu liminar favorável ao MPT e bloqueou R$ 15 milhões em bens de cada empresa. A OAS registrou os trabalhadores retroativamente e pagou verbas rescisórias de cerca de R$ 6 mil por pessoa e passagem de retorno ao local de origem.

A procuradora do Trabalho de Guarulhos, Christiane Nogueira, disse que vai ingressar com uma ação civil pública contra as duas empresas por prática de trabalho análogo à escravidão. “Não adianta resolver apenas esse caso. Queremos que a empresa assuma uma série de compromissos nas contratações”, disse. Pela lei, o órgão deve esperar 30 dias para iniciar o processo após a ação cautelar. Colaborou Fernando Scheller. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A construtora MRV Engenharia, principal parceira da Caixa Econômica Federal no programa Minha Casa, Minha Vida, foi condenada a pagar um total de R$ 6,7 milhões referentes a indenização e multa por desrespeito a condições de trabalho. O Ministério Público do Trabalho (MPT) comunicou que o juízo da 1ª Vara do Trabalho de Americana (SP) condenou a empresa ao pagamento de R$ 4,0 milhões de indenização por danos morais pela prática de trabalho escravo.

A MRV também deverá pagar uma multa de R$ 2,6 milhões pelo descumprimento de uma liminar concedida nos autos do processo; e mais 1% do valor da causa por litigância de má-fé (intenção de prejudicar a correta instrução do processo), equivalente a R$ 100 mil. Caso a construtora descumpra a sentença, pagará multa diária de R$ 1 mil por item.

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Em nota, a MRV afirmou que recorrerá da decisão. Segundo a companhia, o objeto da ação é a terceirização de mão de obra, um tema considerado controverso, e que já teve ganho de causa em processos similares. Ela informou também que, desde o ano passado, está negociando a assinatura de Acordo sobre Terceirização com o MPT.

Casos

O MPT informou que, em fevereiro de 2011, uma ação conjunta com o Ministério do Trabalho e Emprego flagrou 63 trabalhadores em condições análogas à de escravo na construção do condomínio residencial "Beach Park", em Americana, que recebia, à época do inquérito, verbas federais do programa Minha Casa, Minha Vida. Os trabalhadores eram migrantes de Alagoas, Bahia e Maranhão, contratados diretamente pelas terceirizadas M.A Construções e Cardoso e Xavier Construção Civil, que prestavam serviços em áreas consideradas atividades-fim da MRV.

Segundo comunicado do MPT, essas contratações de mão de obra eram feitas por intermédio de "empreiteiras" subcontratadas, na tentativa de transferir a responsabilidade trabalhista da MRV a essas pequenas empresas, que eram criadas por ex-operários, sem que possuíssem capacidade para mantê-las.

"O resultado foi o não pagamento de salários, alojamentos e moradias fora dos padrões legais, aliciamento de trabalhadores, entre outras irregularidades graves", afirma o MPT, em nota. Segundo a Justiça de Americana, o fato se agrava por se tratar de obra do programa "Minha Casa, Minha Vida", do governo federal, financiada com dinheiro público.

A Justiça também autorizou envio de ofício do MPT ao Ministério das Cidades e às Superintendências Regionais e Nacionais da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, que também financia o programa habitacional, alertando que o numerário público não pode, mesmo por via indireta, sustentar a manutenção de trabalho escravo.

A Justiça do Trabalho também confirmou em sentença a liminar deferida em janeiro de 2012, que determina a responsabilidade da MRV no cumprimento da Norma Regulamentadora nº 18 em obras de Americana e Nova Odessa, no que se refere à aplicação de medidas de segurança e saúde do trabalho na construção civil (incluindo os alojamentos), além do pagamento de salários em dia, concessão de intervalos para repouso e a realização de exames médicos. Naquele ano, a fiscalização verificou o descumprimento dessa decisão, o que acarretou a multa de R$ 2,6 milhões.

A Polícia Federal informa que na noite desta quinta-feira, 18, prendeu dois homens responsáveis por reduzir trabalhadores à condição análoga à de escravo em uma fazenda localizada no município de Itirapuã (SP). A ação foi realizada por volta das 21 horas desta quinta-feira, em conjunto com o Ministério Público do Trabalho.

Em nota, a Polícia Federal informa que os trabalhadores, oriundos da Bahia, foram levados para São Paulo para trabalhar em lavouras de café. Em diligência no local de trabalho, a PF constatou que os trabalhadores residiam em alojamento em péssimo estado de conservação, sem banheiros e sem instalações adequadas para o preparo de alimentos.

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Os presos foram indiciados pela prática do crime de redução à condição análoga à de escravo, cuja pena é de dois a oito anos de reclusão. Será concedida entrevista coletiva sobre o caso às 15 horas, na delegacia de Polícia Federal em Ribeirão Preto (SP).

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quinta-feira, 27, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Trabalho Escravo. O texto determina a expropriação de propriedades rurais e urbanas onde forem flagrados trabalhadores em condições escravas ou o cultivo ilegal de plantas psicotrópicas. Nesses casos, os terrenos serão destinados à reforma agrária ou a programas de habitação popular, sem que os donos tenham direito a indenização.

Para o relator, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que manteve o mesmo texto já aprovado na Câmara dos Deputados após 11 anos de tramitação, atualmente são poucos os casos em que a Justiça condena criminalmente quem submeter alguém à escravidão. Segundo justificou em seu relatório, a principal repressão à prática é a recomendação dada aos agentes financeiros de se absterem de conceder financiamentos ou qualquer outro tipo de assistência financeira àqueles que constam na relação do Ministério Público de empregadores que mantêm trabalhadores em condição análoga à de escravo.

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Aloysio destacou que, para que a emenda tenha efetividade, ainda são necessárias outras duas leis, uma definindo o trabalho escravo e outra disciplinando o processo judicial de desapropriação. "Essas duas leis precisam ser feitas para que a emenda seja aplicada", ressaltou.

Por acordo de lideranças feito nesta quinta-feira, será constituída uma comissão mista, com deputados e senadores, para elaborar a proposta dessas duas legislações, que deixarão mais clara a PEC. Para valer, a emenda precisa ser aprovada no plenário do Senado com quórum qualificado, ou seja, três quintos dos senadores (49 senadores) devem votar a favor da proposta. Depois, segue para promulgação.

O presidente da Gep Indústria e Comércio, dona das marcas de moda feminina Cori, Emme e Luigi Bertolli, Nelson Volpato, negou o uso de trabalho escravo na cadeia produtiva da empresa. Em audiência na Assembleia Legislativa de São Paulo nessa quarta, 17, o executivo disse que desconhecia que sua fornecedora, a empresa Silobay, contratava uma oficina de costura onde 27 bolivianas viviam em regime semelhante ao de escravidão. Na sessão, um vídeo do Ministério do Trabalho mostrou o flagrante, feito no mês passado, durante operação conjunta com o Ministério Público e a Receita Federal, das péssimas condições do lugar onde as costureiras trabalhavam e moravam.

No local, havia extintores vencidos, ligações elétricas improvisadas, alimentos humanos misturados a alimentos caninos entre outras condições degradantes, como servidão por dívida. Foram encontrados documentos ligando a Gep à oficina de costura, que seria 'quarteirizada', porque entre as duas empresas havia ainda a fornecedora Silobay.

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O deputado estadual Carlos Bezerra (PSDB) disse que os delitos e as desculpas das empresas do ramo têxtil são muito parecidos entre si, e lembrou que a empresa Zara, acusada do mesmo delito, também usou como desculpa o desconhecimento de que havia trabalho escravo no seu processo produtivo. Bezerra disse ainda que só em São Paulo há 400 mil imigrantes da região andina dos quais dois terços se encontram em situação de clandestinidade. O sweat shop (como é chamado esse tipo de atividade) é uma modalidade de trabalho que acontece em ambientes insalubres, onde as pessoas trabalham por longos períodos e ganham muito mal. "É a chaga do nosso tempo", afirmou.

Em nota divulgada em seu site, a Gep repudia a tentativa de responsabilização da empresa pelo ocorrido e informa que prestou auxílio imediato às trabalhadoras. Na Assembleia, o presidente da empresa reforçou que vai cumprir não só o que determina o termo de ajustamento de conduta, como vai também contratar uma auditoria internacional para acompanhar e fiscalizar representantes e fornecedores da companhia.

Seis operários que trabalhavam em condições análogas à escravidão numa obra no luxuoso Hotel Santa Teresa, no bairro de mesmo nome, na região central do Rio de Janeiro, foram resgatados durante uma operação conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A ação ocorreu no início de março, após o MPT receber uma denúncia anônima. O grupo restaurava o salão de festas no prédio anexo ao hotel, na Rua Almirante Alexandrino. Os operários foram recrutados no interior da Bahia pela Alcap Empreiteira Ltda.

De acordo com a procuradora do Trabalho Guadalupe Louro Turos Couto, eles trabalhavam em condições degradantes, sem qualquer equipamento de proteção individual (EPIs) contra acidentes, sem direitos trabalhistas e dormiam num alojamento precário. Também eram submetidos a exaustivas jornadas de trabalho. "Os empregados não tinham as carteiras de trabalho assinadas nem EPIs suficientes. Os andaimes usados na obra estavam em péssimo estado, representando um risco à saúde e à integridade física deles. O alojamento, que não fica no terreno do hotel, possuía apenas um banheiro. As camas de madeira não tinham colchão. Foram eles próprios que arrumaram os colchões. A situação era tão grave que o Ministério do Trabalho embargou a obra na hora", afirmou a procuradora.

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Após serem resgatados, os operários receberam suas verbas rescisórias, tiveram as carteiras de trabalho assinadas e dado baixa, receberam guia do seguro-desemprego, bem como dinheiro suficiente para comprar passagens de volta para a Bahia. Em 15 de março, a Alcap Empreiteira Ltda. e o Hotel Santa Teresa firmaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com MPT.

A empreiteira se comprometeu a assinar a carteira de trabalho de todos os empregados (atuais e futuros) e realizar o pagamento de salários mediante recibo, dentre outras obrigações. Já o Hotel Santa Teresa Ltda prometeu cumprir todas as normas trabalhistas em suas obras civis. Também se comprometeu a destinar, junto com a Alcap, R$ 30 mil para realização de campanhas publicitárias, a serem veiculadas até outubro, sobre a obrigação da assinatura de carteira de trabalho e de outros direitos trabalhistas. O descumprimento do TAC implicará em multa diária de R$ 10 mil por infração e por trabalhador que vier a ser encontrado de forma irregular. "Não se trata de ficar acorrentado na senzala, mas privar os empregados de qualquer direito trabalhista. Temos que conscientizar a sociedade que não é só nos rincões do Brasil que ainda há trabalho escravo. Isso também acontece nos grandes centros, principalmente na construção civil", alertou Guadalupe.

De acordo com a procuradora, apesar de os trabalhadores terem sido contratados pela Alcap, o Hotel Santa Teresa tem uma "responsabilidade solidária". "O hotel tem obrigação de escolher uma boa empreiteira e de fiscalizar a obra. O engenheiro que acompanhava a reforma também é funcionário do hotel. É impossível que ninguém ali soubesse o que estava acontecendo". Após o cumprimento de todas as obrigações trabalhistas, o Ministério do Trabalho autorizou a retomada da reforma. O MPT vai encaminhar uma representação sobre o caso ao Ministério Público Federal, que pode abrir ou não inquérito para apurar se houve a prática de algum crime.

Famosos

Frequentado por celebridades internacionais, como a cantora Amy Winehouse, o ator Benício del Toro e o DJ Fat Boy Slim, o Hotel Santa Teresa, de cinco estrelas, cobra R$ 3.333 (além de 10% de taxa de serviço e 5% de Imposto Sobre Serviços) por uma noite de núpcias na suíte júnior, com direito a garrafa de champanhe Veuve Clicquot, decoração romântica, café da manhã e `day spa' para o casal. Na suíte loft, a mais luxuosa do hotel, recém-casados pagam R$ 6.553 mais os 15%.

A diária mais barata, no apartamento deluxe, sai por R$ 1.590. O estabelecimento conta com 40 quartos e suítes - todos com banheira, varanda externa, camas super king, isolação acústica, TV de LCD, internet, e uma decoração original que inclui peças de artistas brasileiros. Procurado pela reportagem, o Hotel Santa Teresa não se manifestou até o início da noite desta terça-feira. A reportagem não conseguiu contato com a Alcap Empreiteira.

Com a ameaça de retrocesso na legislação trabalhista no campo patrocinada por deputados ruralistas, o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Trabalho Escravo, deputado Cláudio Puty (PT-PA), encerrou os trabalhos sem a votação de um relatório final. Os ruralistas articulavam a aprovação de um parecer paralelo ao do relator, deputado Walter Feldman (PSDB-SP), para atenuar o conceito de trabalho escravo e dificultar a fiscalização no campo.

"Nós não queremos ser coniventes com os vários ataques a conquistas trabalhistas", disse Puty. Em comum acordo com Feldman, ele não permitiu mais a prorrogação da comissão, que foi extinta por decurso de prazo no sábado (16). "É um paradoxo. Em vez de a CPI implementar medidas para acabar com a vergonha do trabalho escravo no País, eles queriam flexibilizar as leis que protegem os trabalhadores. Para eles (ruralistas), simplesmente, não existe trabalho escravo no País", continuou Puty.

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Estrategicamente, deputados da Frente Parlamentar do Agronegócio se apoderaram da CPI, criada com o objetivo de investigar as causas do trabalho escravo no Brasil, ocupando dois terços das vagas do colegiado - 20 dos 28 titulares. Com esse número, os ruralistas conseguiram barrar requerimentos de investigação e de convocação de proprietários rurais apontados de manter trabalho escravo nas propriedades. Com essa maioria, eles poderiam também rejeitar o parecer do relator e aprovar um outro paralelo com projetos para alterar a legislação sobre o trabalho escravo.

De acordo com o presidente da CPI do Trabalho Escravo, os ruralistas queriam retirar do Código Penal as principais infrações praticadas contra os trabalhadores do campo pelos proprietários: os crimes por trabalho degradante e por jornada exaustiva. Além disso, os ruralistas queriam mudar o que consideram "fiscalização excessiva" do Ministério do Trabalho.

Durante o ano de funcionamento da CPI, o prazo da comissão foi prorrogado por duas vezes nesse período, foram feitas audiências públicas e diligências. "Encontramos trabalhadores bebendo água com os animais, alimentando-se com comida podre, trabalhando doentes", disse. Puty afirmou que o princípio geral do trabalho da comissão é proteger os trabalhadores e fortalecer a legislação. "Eles (ruralistas) queriam desmontar o sistema de fiscalização montado em três governos, de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff", disse. O presidente da CPI afirmou que um parecer será elaborado, mesmo que não seja votado pela comissão.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) informaram nesta terça-feira que vão apurar a responsabilidade das Lojas Americanas no caso de cinco bolivianos flagrados em condições análogas às de escravos em uma oficina de costura em Americana (SP). De acordo com fiscais do MTE e procuradores do MPT, os trabalhadores costuravam peças de vestuário infantil diretamente para a empresa HippyChick Moda Infantil Ltda., também de Americana. A única cliente da empresa seria a rede varejista Lojas Americanas, segundo o MPT.

Em nota, o MPT afirma que as roupas eram postas à venda nas Lojas Americanas, com a etiqueta "Basic+ Kids". A rede varejista possui o registro da marca no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) desde fevereiro de 2006, conforme consta do site da entidade na internet. A fiscalização do trabalho encontrou na oficina "peças piloto" (modelo do vestuário que é reproduzido pelos costureiros) e etiquetas da marca.

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Procurada, a Lojas Americanas informou, por meio de nota à imprensa, que repudia qualquer tipo de trabalho realizado em condições degradantes, e que desconhecia o que foi verificado pelo Ministério Público do Trabalho. "A Lojas Americanas informa ainda que cancelou as atuais relações comerciais com o fornecedor Hippychick", afirma a companhia, na nota.

A oficina foi denunciada ao Ministério do Trabalho e Emprego pela Polícia Federal, que um ano antes havia realizado diligência no local para verificar a situação dos vistos de permanência dos bolivianos. Ela foi montada de forma clandestina nos fundos do quintal de uma área residencial, na periferia da cidade. O dono, originário da Bolívia, mantinha parentes trabalhando em um barracão improvisado, com condições consideradas insalubres. A pequena fábrica têxtil recebia R$ 2,80 por cada peça produzida para a HippyChick.

No momento da fiscalização, que aconteceu no dia 22 de janeiro, nenhum trabalhador possuía registro em carteira de trabalho. Há indícios de aliciamento de mão de obra, fato que ainda está sob investigação. Segundo o MPT, os estrangeiros foram resgatados e receberam direito ao seguro-desemprego.

Nos dias 7 e 14 de fevereiro foram expedidas as carteiras de trabalho dos bolivianos e efetuadas as rescisões indiretas de contrato (com justa causa do empregador), com o pagamento de verbas salariais (proporcional de 13º, férias etc), FGTS e multa, e da indenização prevista no TAC, tudo por conta da HippyChick.

23 multas

 

A HippyChick recebeu 23 multas do Ministério do Trabalho pelas irregularidades apontadas, dentre elas, reduzir trabalhadores a condições análogas às de escravo, terceirização ilegal, falta de segurança e saúde do trabalho etc.

De acordo com comunicado do MPT, os envolvidos podem ser multados, processados na Justiça do Trabalho e até responder por crime de redução de trabalhadores a condições análogas às de escravo, que prevê de 2 a 8 anos de reclusão.

As empresas que se utilizam de mão de obra escrava têm seu nome incluído na lista de trabalho escravo, mantida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, que prevê a suspensão de financiamento e acesso ao crédito por instituições federais, como Caixa, BNDES e Banco do Brasil, além de serem submetidas a restrições comerciais com empresas signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo.

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