Tópicos | afastamento

A Câmara dos Vereadores de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, foi alvo de uma operação da Polícia Civil nesta terça-feira (20). Um inquérito foi instaurado em junho deste ano para apurar um suposto esquema de rachadinha.

A investigação visa identificar a atuação e os integrantes de um organização criminosa voltada à prática de peculato e lavagem de dinheiro dentro da Câmara. A Justiça determinou o afastamento de sete servidores, sequestro de bens e bloqueio de dinheiro. Também foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão na casa dos suspeitos.

##RECOMENDA##

A operação contou com 60 policiais. As investigações foram assessoradas pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de Pernambuco (DINTEL), pelo Laboratório de Lavagem de Dinheiro –(LAB/PCPE) e contaram com o apoio do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE).

Um padre foi afastado de suas funções em uma comunidade religiosa na Zona Leste de São Paulo, após presidir uma cerimônia de casamento coletiva, voltada a uniões homoafetivas. Apesar da Arquidiocese de São Paulo não ter dito explicitamente que o afastamento foi por esse motivo, foi notificado um erro grave de conduta e que “merece apuração”. O religioso em questão é Ivanildo Assis Mendes Tavares, de 39 anos, natural de Cabo Verde, mas radicado no Brasil desde 2012. 

Em 2013, Padre Assis iniciou um trabalho intenso ao lado da população de rua, encarcerada, de pessoas negras e LGBTQIA+. Sua atuação na comunidade São José Operário da Vila Prudente comoveu diversos grupos de fiéis, que têm se movimentado para pedir a revogação da decisão da Igreja. 

##RECOMENDA##

A cerimônia coletiva aconteceu no último dia 22 de outubro, em Franco da Rocha, e também foi interreligiosa. 20 casais foram abençoados não apenas pelo padre Assis, mas também a iyálorisá Tania ti Oyá, o pastor Sérgio Cunha e o kardecista José Lúcio Arantes. Ao menos três casais abençoados eram gays. O evento acontece há 15 anos na cidade. 

Após a benção ao casamento, Assis foi afastado. A decisão foi do Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer. Na carta de afastamento, o Arcebispo alega que o padre participou de uma "simulação de sacramento", conduta que é proibida pelo código canônico, uma espécie de ordenamento jurídico que rege a Igreja Católica. Com isso, o padre está proibido de celebrar sacramentos e de exercer suas funções sacerdotais. 

O afastamento gerou um abaixo-assinado publicado pela Comunidade São José Operário nas redes sociais, onde mais de 2.500 pessoas assinaram o documento pedindo que Dom Odilo reconsidere a punição. O título da carta diz que “Entre a lei e o amor, escolhemos o amor!” e pede que a Igreja Católica reconsidere o afastamento do padre. 

O documento foi escrito por lideranças de cinco comunidades carentes da região Episcopal Belém, onde o padre atua: a Favela de Vila Prudente, a Favela Jacaraípe, Favela Ilha das Cobras, Favela Haiti e Favela da Sabesp, todas na Zona Leste. Segundo a Arquidiocese de São Paulo, a comunidade da Vila Prudente continuará sendo assistida pastoralmente pelo setor episcopal do Belém. 

"As comunidades católicas da Vila Prudente continuarão a ser atendidas pastoralmente e a “retirada do uso de Ordem” ao referido Padre na Arquidiocese de São Paulo, como já dito, é cautelar, podendo ser mudada, após serem esclarecidos os fatos e as suas consequências e a depender da aceitação do sacerdote de observar as normas da Igreja", disse. 

LeiaJá também

--> 'Padre é suspenso na França por abuso sexual no Brasil'

O Ministério Público Federal (MPF) pediu ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) o afastamento imediato do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, por 90 dias. O pedido foi feito nesta sexta-feira (25). Antes, no mesmo dia, o MPF moveu uma ação civil contra Vasques por improbidade administrativa e pediu o afastamento do diretor-geral da corporação. O juiz federal José Arthur Diniz Borges deu prazo para defesa de Vasques e negou seu afastamento, sob alegação de que se encontra de férias até o dia 6 de dezembro.

O MPF reiterou o pedido, argumentando que “a relação hierárquica tem uma dimensão intersubjetiva e social que não se restringe ao ambiente físico de trabalho. Em outras palavras, o diretor-geral não deixa de ser diretor-geral porque está em férias; não deixa de ter ascendência sobre seus comandados, especialmente numa organização policial fardada; não deixa de ter o poder de causar temor reverencial”.

##RECOMENDA##

Ação

Na ação do MPF, o órgão disse entender que Vasques utilizou do cargo púbico para fazer campanha eleitoral para o então candidato à reeleição presidencial Jair Bolsonaro, entre agosto e outubro deste ano. No inquérito, o Ministério Público atesta que o diretor-geral da PRF, desde o começo das eleições, fez postagens em redes sociais com mensagens de cunho eleitoral. No dia 29 de outubro de 2022, véspera do segundo turno das eleições, na conta pessoal no Instagram, Vasques pediu explicitamente voto para Bolsonaro.

Para o MPF, a postura de Vasques está relacionada com a conduta da PRF no dia do segundo turno, quando vários ônibus, sobretudo no nordeste (onde o adversário de Bolsonaro tinha número superior de eleitores, segundo pesquisas), foram parados por agentes em operações policiais questionadas pelo próprio presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes. A inércia da PRF em bloqueios rodoviários promovidos por eleitores de Bolsonaro, insatisfeitos com a derrota do presidente, também foi lembrada na ação.

“Não é possível dissociar que as condutas do requerido, especialmente na véspera do pleito eleitoral, tenham contribuído sobremodo para o clima de instabilidade e confronto instaurado durante o deslocamento de eleitores no dia do segundo turno das eleições e após a divulgação oficial do resultado pelo TSE”.

O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF-RJ) pediu o afastamento imediato do diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, por 90 dias. O órgão afirma que ele fez uso indevido do cargo para beneficiar a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O documento cita a "intenção clara" de promover "verdadeira propaganda político-partidária e promoção pessoal de autoridade com fins eleitorais".

##RECOMENDA##

O MPF lista entrevistas e discursos do chefe da Polícia Rodoviária Federal em eventos oficiais que, na avaliação do procurador Eduardo Benones, associaram a imagem dele à "instituição PRF" e ao presidente no período eleitoral. A ação cita ainda o uso "símbolos" e da imagem da corporação para favorecer a campanha bolsonarista.

A Procuradoria do Rio lembra que Vasques chegou a pedir votos para Bolsonaro nas redes sociais na véspera do segundo turno. O órgão defende que o episódio não pode ser "dissociado" do "clima de instabilidade e confronto instaurado durante o deslocamento de eleitores no dia do segundo turno das eleições e após a divulgação oficial do resultado pelo TSE".

"Os sucessivos atos praticados pelo requerido, sobretudo o pedido de 'Vote 22 - Bolsonaro Presidente' na véspera do segundo turno da eleição, para além de configurar ilícito eleitoral, importa no reconhecimento do uso ilícito do mais importante cargo da hierarquia da Polícia Rodoviária Federal, para favorecer determinado candidato, violando de morte os princípios da legalidade, da impessoalidade e da moralidade", diz um trecho da ação de improbidade administrativa por suposta violação dos princípios da legalidade e da impessoalidade.

A PRF abordou veículos no dia do segundo turno, mesmo após a Justiça Eleitoral proibir operações relacionadas ao transporte de eleitores, o que levou o Ministério Público Federal a abrir um inquérito para apurar a conduta de Vasques. A investigação também vai analisar se houve demora deliberada para desmobilizar os protestos bolsonaristas nas rodovias que bloquearam as estradas federais após a derrota de Bolsonaro.

COM A PALAVRA, A PRF

A reportagem entrou em contato com a corporação em busca de um posicionamento do diretor-geral e ainda aguardava resposta até a publicação deste texto. O espaço está aberto para manifestação.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) entrou, nessa quinta-feira (3), com um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão que revogou o afastamento do governador de Alagoas Paulo Dantas (MDB).

O ministro Gilmar Mendes, relator do processo no Supremo, fundamentou a decisão no princípio da imunidade eleitoral, que limita a imposição de medidas cautelares aos candidatos no auge da campanha.

##RECOMENDA##

A decisão deixa expresso que a prerrogativa vale a partir dos 15 dias que antecedem o primeiro da eleição até as 48 horas seguintes ao término do eventual segundo turno.

O procurador-geral da República Augusto Aras afirma que o afastamento deveria ter sido suspenso temporariamente, pelo prazo reconhecido na decisão, e não completamente revogado.

Aras afirma que a imunidade eleitoral não é "absoluta" e sim uma "restrição temporal e circunstancial". "Para se conformar com o novo sentido dado à cláusula de imunidade eleitoral pelo Relator, a decisão referida haveria de ter os seus efeitos suspensos durante o processo eleitoral, voltando a viger 48 horas após o término do segundo turno", diz um trecho do embargo.

Paulo Dantas foi reeleito no segundo turno com 52,49% dos votos válidos. Ele havia sido afastado até o final do mandato atual por ordem do Órgão Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em uma investigação sobre um suposto esquema de "rachadinha" quando ainda era deputado estadual.

Os ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, assinaram três decisões distintas nesta terça-feira, 24, no sentido de liberar a volta de Paulo Dantas ao cargo de governador de Alagoas. O decano deferiu liminar revogando o afastamento imposto ao mandatário. Já Barroso determinou a suspensão não só do afastamento de Dantas do Executivo estadual, mas também de outras imposições feitas ao governador, como a proibição de manter contato com investigados e de acesso a determinados órgãos públicos. Os despachos tem validade até o Supremo julgar o mérito de pedidos feitos pela defesa de Dantas.

A decisão que afastou Dantas do governo de Alagoas foi dada pela ministra Laurita Vaz, do STJ, e abriu a segunda etapa da Operação Edema, com diligências cumpridas pela Polícia Federal no último dia 11. A investigação mira suposto esquema de 'rachadinha' - desvio de salários - de servidores fantasmas da Assembleia Legislativa alagoana. O inquérito apura possíveis crimes de peculato e lavagem de dinheiro.

##RECOMENDA##

A decisão de Gilmar foi dada no bojo de uma ação impetrada pelo PSB com pedido para que a Corte declare a impossibilidade de afastamento de governador do cargo não só nos 15 dias anteriores às eleições, mas também durante todo o período de eventual segundo turno. A liminar do decano assentou que a imunidade eleitoral vai até dois dias depois do segundo turno das eleições. Além disso, segundo o despacho, tal imunidade se aplica aos demais postulantes a cargos eleitorais majoritários.

O ministro indicou que a legislação proíbe a prisão de candidatos no período de 15 dias antes da eleição, salvo casos flagrantes ou de condenação irrecorrível, mas destacou que há 'várias outras medidas constritivas da liberdade', entre elas o afastamento cautelar. "A imposição de tão grave medida cautelar no período de quinze dias antes da realização das eleições tem o potencial de impactar ou desequilibrar de forma injustificada a livre manifestação das urnas, o que não deve ser admitido à luz dos princípios e parâmetros acima descritos de neutralidade, livre concorrência e paridade de armas eleitorais" indicou Gilmar.

Já Barroso, ao analisar uma reclamação feita pela defesa de Dantas, viu 'dúvida razoável' quanto à competência do STJ para supervisionar o inquérito instaurada contra o governador de Alagoas. Segundo o ministro 'embora graves e reprováveis', as condutas sob suspeita 'não parecem estar relacionados com as atribuições inerentes ao cargo de governador'.

"Ainda que tenham sido apontados desvios de recursos públicos da Assembleia Legislativa local em período posterior à posse do paciente/reclamante no cargo de Governador, em 15.05.2022, em linha de princípio, tais condutas não guardam relação direta e imediata com o exercício da função de chefe do poder executivo estadual. Em análise preliminar, esses fatos poderiam ser considerados projeção ou continuidade de um acordo espúrio delituoso relacionado à função de Deputado Estadual, anteriormente ocupada, não havendo elementos que os conectem às atribuições desempenhadas pelo paciente/reclamante na chefia do executivo local", ponderou Barroso.

O ministro pediu que seja convocada uma sessão extraordinária virtual para analisar o despacho.

A ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nessa terça-feira (18) o pedido do governador afastado de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), para voltar ao cargo. Ele disputa a reeleição e aparece como favorito nas pesquisas de intenção de voto.

A decisão diz que a volta do governador poderia colocar em "risco" o "patrimônio público e a moralidade administrativa". O pedido para anular o afastamento havia sido feito pela Procuradoria Geral do Estado de Alagoas (PGE-AL).

##RECOMENDA##

A presidente do STF também citou questões processuais: ela afirma que a ação proposta pela PGE não é adequada para a análise do recurso.

Dantas é investigado sob suspeita de operar um esquema de contratação de funcionários fantasmas para desvio de salários, a chamada "rachadinha", quando era deputado estadual. A investigação mira em pelo menos 93 nomeações de servidores em cargos comissionados na Assembleia Legislativa de Alagoas, que recebiam até R$ 21 mil. Os investigadores estimam que os supostos desvios podem chegar a R$ 54 milhões. Ele nega irregularidades e diz que o inquérito tem motivação política.

O afastamento do governador foi confirmado na última quinta-feira, 13, pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Por 10 votos a 2, os ministros decidiram mantê-lo fora do cargo até o final do mandato. A decisão não afeta uma eventual reeleição.

Ao acionar o STF, a Procuradoria Geral do Estado de Alagoas disse que o afastamento configura "interferência indevida" do Judiciário nos rumos da eleição.

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou nesta quinta-feira, 13, para a decisão da ministra Laurita Vaz que afastou o governador de Alagoas e candidato à reeleição Paulo Dantas (MDB). O afastamento vale até o final do mandato, em 31 de dezembro.

O governador é investigado sob suspeita de operar um esquema de contratação de funcionários fantasmas para desvio de salários, a chamada "rachadinha", quando era deputado estadual. A investigação mira pelo menos 93 nomeações de servidores em cargos comissionados na Assembleia Legislativa de Alagoas, que recebiam até R$ 21 mil. Os investigadores estimam que os supostos desvios podem chegar a R$ 54 milhões. Dantas nega irregularidades e diz que o inquérito tem motivação política.

##RECOMENDA##

Além do afastamento, o tribunal também confirmou outras restrições impostas ao emedebista, como o sequestro de bens e a proibição de entrar na sede do Governo de Alagoas e na Assembleia Legislativa do Estado. A Corte Especial é formada pelos ministros mais antigos do STJ.

O afastamento é cautelar, para preservar a investigação e evitar desvios. A medida não afeta a candidatura do governador à reeleição.

A investigação sobre peculato e lavagem de dinheiro foi aberta a partir de uma denúncia anônima no final do ano passado. Quando surgiram as primeiras suspeitas de envolvimento do governador, que tem direito a foro por prerrogativa de função, o inquérito foi transferido da 10.ª Vara Criminal de Maceió para o STJ.

A ministra Laurita Vaz, relatora do processo, disse que os indícios de corrupção são "contundentes" e "robustos".

"Há farto acervo potencialmente probatório", defendeu. "O caso concreto revela, ao que tudo indica, um engenhoso esquema de peculato por meio de simulação de nomeação de pessoas humildes que emprestavam apenas seus nomes para figurar como titulares de cargos em comissão."

Laurita disse que solicitou a transmissão ao vivo do julgamento em "homenagem à transparência e ao direito de informação". O processo, no entanto, seguirá correndo em sigilo. A ministra disse que há dados sensíveis que precisam ser mantidos em segredo de Justiça.

A decisão que mandou afastar Paulo Dantas teve dois fundamentos principais. O primeiro foram supostas tentativas de interferência na investigação.

A ministra narrou que o delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas, Gustavo Xavier do Nascimento, teria procurado uma delegada da superintendência da Polícia Federal em Alagoas para substituir o depoimento de uma testemunha-chave que delatou os crimes.

"Causa perplexidade o atrevimento", criticou Laurita. "O potencial poder da ingerência do governador sobre as autoridades locais parece justificar o sentimento de impunidade manifestado por participantes da organização criminosa", acrescentou a ministra.

O segundo fundamento foram as suspeitas de que o possível esquema continuou mesmo depois que Paulo Dantas deixou o mandato parlamentar. O Ministério Público Federal (MPF) afirma que os desvios teriam começado na Assembleia Legislativa de Alagoas em 2019 e continuado mesmo após a primeira fase da Operação Edema, em março, e a posse do emedebista como governador.

"Causa espécie o tamanho da ousadia dos criminosos, liderados pelo atual governado do Estado, de continuar um esquema de corrupção dessa magnitude", disse a ministra-relatora. "As condutas delituosas foram e continuam sendo cometidas com indizível escárnio, acumulando enormes prejuízos aos cidadãos."

Ao votar pela manutenção do afastamento, o ministro Francisco Falcão chamou atenção para a evolução patrimonial do governador e da mulher dele, Marina Dantas, que é prefeita de Batalha, município de 18 mil habitantes a 180 quilômetros de Maceió.

"Apenas no que se relaciona aos imóveis usados como residência pelo casal, foi possível apurar que no curso do espaço de tempo de aproximadamente cinco anos, 2018 a 2022, eles experimentaram um aumento exuberante do padrão de vida, pois passaram de um apartamento de classe média com 130 metros quadrados, avaliado por R$ 300 mil, para uma mansão recentemente adquirida, pasmem nos senhores, por R$ 8 milhões", disse o ministro.

A relatora foi acompanhada também pelos ministros Nancy Andrighi, Herman Benjamin, Og Fernandes, Benedito Gonçalves, Raul Araújo, Paulo de Tarso Sanseverino, Isabel Galotti e Antonio Carlos Ferreira.

Inicialmente, o prazo fixado para o afastamento na decisão monocrática da ministra Laurita Vaz foi de 180 dias, o que afetaria também um eventual segundo mandato de Paulo Dantas em caso de reeleição. Por sugestão dos colegas, a relatora reduziu o prazo para atingir apenas o mandato atual.

O ministro Humberto Martins, que é alagoano, se declarou suspeito por motivo de foro íntimo e não votou. "Eu conheço as partes e não considero que devo apresentar um voto em razão da minha consciência subjetiva", explicou.

Divergência

O ministro João Otávio de Noronha divergiu parcialmente. Ele foi contra o afastamento do governador por "mera presunção", mas votou para manter as demais medidas cautelares. Noronha considerou a proximidade do segundo turno e disse que não vê "contemporaneidade" nas acusações contra Paulo Dantas.

"A imposição de medida natureza exige do Poder Judiciário ainda maior cautela quando se tem por alvo agente público candidato à reeleição, pelo potencial risco de afetar o resultado do pleito eleitoral em curso", defendeu. "Não se tem nenhum fato narrado de que, no exercício do cargo de governador, o senhor Paulo Dantas teria determinado a prática deste ou aquele ato. Tudo se reporta ao tempo em que ele era deputado estadual."

Noronha também afirmou que não há nenhuma "prova direta" de interferência do governador na investigação. Para o ministro, não ficou provado que o chefe da Polícia Civil agiu a mando de Paulo Dantas para obstruir a investigação.

"O eventual risco que se pretende prevenir com o afastamento liminar do atual governador já está neutralizado pela circunstância de a Operação Edema ser conduzida pela Polícia Federal não havendo risco efetivo de obstrução das investigações por parte da Polícia Civil", afirmou.

Assim como Noronha, o ministro Jorge Mussi também foi contra o afastamento, por não verificar "fatos concretos" que justifiquem a suspensão do cargo.

"Não se pode fazer nenhuma aferição abstrata", disse. "Eu não posso atuar sobre conjecturas e muito menos por ilação. Há um processo eleitoral em curso."

Antes da votação, Laurita Vaz disse que não poderia esperar a conclusão das eleições para "cumprir o dever" como magistrada.

A diretoria da estatal federal Indústria Nucleares do Brasil (INB) afastou, por tempo indeterminado, a gerente de Comunicação Institucional da empresa, Cláudia Maria Rangel, após analisar as denúncias graves de racismo feitas por servidores contra a funcionária. A medida estava em análise pela empresa e acabou por ser confirmada.

"A INB informa que, após os fatos terem sido inicialmente analisados pela Comissão de Ética da empresa, foram tomadas outras providências, incluindo-se o afastamento da empregada do cargo e da empresa" declarou a INB. "Foi aberta também uma sindicância para dar prosseguimento às apurações e nortear outras possíveis medidas cabíveis."

##RECOMENDA##

Conforme mostrou o Estadão em reportagem publicada em 29 de setembro, as denúncias se referem a um episódio ocorrido na base da empresa, localizada em Resende (RJ). O caso ocorreu em 13 de setembro, quando Cláudia Rangel tomou conhecimento de que um novo servidor convocado para fazer parte de sua equipe de comunicação. Ele foi aprovado em 2018 em concurso público para cadastro de reserva e fazia parte da lista do regime de cotas. Por lei, a INB deve ter, ao menos, 20% de suas contratações dedicadas a pessoas pretas e pardas.

Cláudia Rangel ficou indignada ao saber da convocação, conforme relatos de funcionários da área de Recursos Humanos da empresa que presenciaram suas declarações. Quando foi comunicada de que a pessoa selecionada, que à época do concurso se inscrevera como mulher, havia alterado seu nome civil para o sexo masculino, por se reconhecer hoje como transgênero, se revoltou.

O Estadão teve acesso ao áudio da conversa de Cláudia Rangel com outro funcionário, no qual ela comenta o assunto. "Inclusão é o c..., passar na frente do outros? É p...", disse Cláudia Rangel. "Um monte de babaca, um monte de politicamente correto, vai pra p..., eles. Na hora que vieram me dar a notícia, 'primeiro transgênero da INB'. Eu falei 'me f...'. Todo mundo vibrando. Vai pra p.... Vai pra tua área então, c... Eu que tenho que ficar entubando essas p...? Eu, hein. Eu já te falei. E, por fim, deve ser petista. Deve, não, com certeza é petista. Vem de Lula lá, que vai levar é porrada", afirmou.

Em declarações feitas à Polícia Civil, os servidores relataram outro comentário feito por Cláudia Rangel a respeito do novo funcionário: "além de preto e viado, só falta ser petista essa p..."

Após as declarações, funcionários registraram queixas na Polícia Civil e na Corregedoria e à Comissão de Ética da INB, empresa especializada na produção de combustíveis de urânio. Cláudia Rangel não comenta o assunto, sob alegação de que o caso está sendo tratado pela empresa.

Segundo a estatal, "os processos de admissão de concursados ocorreram normalmente, conforme estabelecido no edital do concurso, e o candidato já assumiu o cargo nesta segunda-feira (03/10). A INB reforça que sempre primou pelo atendimento da legislação relativa às cotas raciais".

Os deputados estaduais Emídio de Souza e Paulo Fiorilo, ambos do PT, afirmaram nesta quarta-feira (14), que protocolaram na Assembleia Legislativa de São Paulo um pedido para que o deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) tenha seu mandato cassado.

Os ataques de Garcia contra a jornalista Vera Magalhães na última terça-feira (13), durante debate entre os candidatos ao governo de São Paulo, promovido pela TV Cultura, motivaram o pedido de afastamento. 

##RECOMENDA##

"Protocolei o pedido de cassação do deputado bolsonarista que agrediu a jornalista Vera Magalhães. A representação também é assinada por Paulo Fiorilo. Basta! Vamos por fim a esse tipo de agressão covarde que nossa sociedade não pode mais tolerar", publicou Emídio de Souza em sua conta no Twitter.

O deputado Paulo Fiorilo também se solidarizou com o jornalista Leão Serva, que pegou o celular em que Douglas gravava e intimidava a jornalista e o arremessou longe. "Ninguém aguenta mais o bolsonarismo", desabafou. 

"É contra esse tipo de postura que lutamos diariamente. Nojo desse tipo de pessoa que se esconde na imunidade parlamentar para intimidar e agredir", pontua o deputado paulista.

[@#video#@]

A 30 dias da votação em primeiro turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não conseguiu ainda arregimentar o apoio engajado de nenhum dos governadores dos três maiores colégios eleitorais do País: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Embora busquem eleitores que se enquadram no mesmo campo político que o presidente, a direita, os três chefes do Executivo nestes Estados evitam associação com o discurso radicalizado do bolsonarismo em temas como urnas eletrônicas, ataques ao Superior Tribunal Federal (STF) e ameaças à democracia.

São Paulo, Minas e Rio reúnem mais de 63 milhões de eleitores, o que representa cerca de 40% do total de votantes no Brasil.

##RECOMENDA##

Mais próximo a Bolsonaro na região Sudeste, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), tem usado pouco a imagem do presidente nas redes sociais e na TV. Mas por pressão do PL, a ideia é que Bolsonaro entre em comerciais nas próximas semanas, só que de forma moderada e falando de economia e Auxílio Brasil.

A mais recente pesquisa Datafolha no Estado, divulgada ontem, mostra que Castro se descolou do deputado federal Marcelo Freixo (PSB), candidato apoiado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT): 31% a 26%. Pesquisa Ipec (ex-Ibope) divulgada na semana passada aponta que o ex-presidente mantém pequena vantagem sobre Bolsonaro entre os eleitores do Rio: 39% a 36%.

A avaliação entre aliados de Castro é de que as campanhas para governador e presidente estão descoladas neste ano, ao contrário de 2018, e o eleitorado agora tende a buscar o voto seguro de quem já está no poder. "O eleitor do Rio está mais preocupado com a vida dele do que com a eleição nacional", disse o publicitário Paulo Vasconcellos, marqueteiro de Cláudio Castro.

A campanha à reeleição do governador do Rio ainda avalia como será sua participação nos eventos do 7 de Setembro no Rio de Janeiro. A ideia é de que o governador apareça ao lado de Bolsonaro, mas há um cuidado para evitar que o chefe do Executivo estadual fique vinculado a eventuais ataques ou declarações do presidente contra membros de outros poderes ou instituições democráticas.

No caso de Minas Gerais, a separação de interesses do eleitor é ainda mais emblemática. Na pesquisa Datafolha divulgada ontem, o governador Romeu Zema (Novo) ampliou a vantagem sobre Alexandre Kalil (PSD) e registrou 52% das intenções de voto, ante 22% do adversário - ex-prefeito de Belo Horizonte, que conta com o apoio de Lula.

Na pesquisa anterior, divulgada dia 18, Zema tinha 47% e Kalil 23%. O nome apoiado por Bolsonaro, Carlos Viana (PL) cresceu de 4% para 5%.

‘LUZEMA’

Antes considerado um aliado de Bolsonaro, Zema não só ignora o presidente da República em sua campanha na TV e redes sociais como seu entorno tem incentivado um movimento chamado "Luzema" (voto casado em Lula e Zema). Assim como nos casos do Lulécio (voto em Lula e Aécio Neves em 2002 e 2006 ) e Dilmasia (voto em Dilma Rousseff e Antonio Anastasia em 2010), o Luzema não tem chancela oficial, mas pode ser visto em adesivos, bonés e memes nas redes sociais.

A explicação, segundo integrantes do governo mineiro, é geográfica. Lula tem mais votos nas regiões mais pobres do Estado, em cidades que passaram a receber repasses do atual governo. Prefeitas petistas como Marília Campos, de Contagem, e Margarida Salomão, de Juiz de Fora, mantêm uma boa relação com Zema.

"Eles (governo) estimulam esse movimento Luzema, mas acho improvável que ele tenha consistência. Mas as pessoas estão desanimadas com a eleição estadual e isso favorece a inércia e o recall. Se as redes sociais e a TV não mexerem com as pessoas, vai dar Lula e Zema por inércia", disse Marcus Pestana, candidato do PSDB ao governo mineiro.

Mapas de votação da eleição em Minas em 2018 - conforme a ferramenta Geografia do Voto, parceria entre o Estadão e a agência Geocracia - mostram que no primeiro turno para governador, a então surpresa Romeu Zema obteve vitória sobre Fernando Pimentel com uma votação geográfica praticamente idêntica à de Bolsonaro no Estado.

Minas Gerais, com 16,2 milhões de habitantes aptos a votar neste ano, é o segundo maior colégio eleitoral do País, e costuma ser o fiel da balança da eleição presidencial.

Os petistas minimizam o movimento Luzema e atribuem a ideia a partidos como o Solidariedade, Agir e Avante, que estão com Lula no plano nacional e Zema no Estado.

"Ainda é cedo. Só 30% dos eleitores de Minas sabem que o Lula apoia o Kalil. Alguns partidos apoiam o Lula para presidente e o Zema para governador, mas a campanha é unificada", disse o deputado federal Reginaldo Lopes (MG), líder do PT na Câmara.

‘TERCEIRA VIA’

Em São Paulo, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) aumentou o tom nas críticas ao PT e reforçou o discurso sobre a segurança pública, mas sem se associar em nenhum momento a Bolsonaro.

A campanha de Garcia relativizou os números do Datafolha divulgados ontem. O governador tucano, conforme o levantamento, permanece em terceiro lugar na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, atrás de Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura, apoiado por Bolsonaro. Garcia pretende fazer uma "disputa de atributos" com seus adversários e aposta na alta rejeição a Bolsonaro em São Paulo para chegar ao segundo turno.

O eleitor bolsonarista está no radar da campanha do tucano, mas isso não significa que o governador vai acolher a agenda do presidente.

Os candidatos à Presidência têm concentrado suas agendas no Sudeste, região mais rica e mais populosa do País. Somente São Paulo concentra 34,6 milhões de eleitores. Segundo o Agregador de Pesquisas do Estadão, Lula supera Bolsonaro por 39% a 35% na região Sudeste.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, decidiu excluir do processo de fiscalização dos sistema eleitoral o coronel Ricardo Sant'Anna que usou redes sociais para divulgar informações falsas sobre o processo de votação do País. Fachin encaminhou ofício na manhã desta segunda-feira (8), ao ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, comunicando da exclusão.

A decisão foi tomada após veículos de imprensa noticiarem que o oficial do Exército fez diversas publicações nas redes sociais de conteúdos que, nas palavras de Fachin, "disseminaram informações falsas a fim de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro".

##RECOMENDA##

"Conquanto partidos e agentes políticos tenham o direito de atuar como fiscais, a posição de avaliador da conformidade de sistemas e equipamentos não deve ser ocupada por aqueles que negam prima facie o sistema eleitoral brasileiro e circulam desinformação a seu respeito", escreveu Fachin. "Tais condutas, para além de sofrer reprimendas normativas, têm sido coibidas pelo TSE através de reiterados precedentes jurisprudenciais", completou.

O coronel Sant'Anna é um dos nove oficiais indicados pela Defesa para inspecionar os códigos-fonte das urnas na sede do TSE. Veículos identificaram que o militar fez diversas publicações em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), contando até mesmo com fake news contra o sistema eleitoral.

Em uma das postagens, o oficial comparou a segurança dos dispositivos eletrônicos de votação com uma loteria e ainda escreveu que "nenhum país desenvolvido" adotou este sistema. Além do Brasil, nações como França e Estados Unidos também utilizam urnas eletrônicas. O processo eleitoral brasileiro é reconhecido internacionalmente como um dos mais seguros e confiáveis do mundo.

"A elevada função de fiscalização do processo eleitoral há que ser exercida por aqueles que funcionam como terceiros capazes de gozar de confiança da Corte e da sociedade, mostrando-se publicamente imbuídos dos nobres propósitos de aperfeiçoamento do sistema eleitoral e de fortalecimento da democracia", prosseguiu Fachin no ofício enviado à Defesa

Crise

A presença dos militares no TSE para inspecionar os códigos-fonte das urnas eletrônicas gerou um novo capítulo da crise entre a mais alta Corte da Justiça Eleitoral e o Ministério da Defesa. Na semana passada, o ministro Nogueira encaminhou um ofício ao tribunal cobrando acesso "urgentíssimo" às suas dependências para fazer a fiscalização desta etapa de preparação das eleições.

O acesso aos dispositivos, contudo, estava autorizado desde outubro do ano passado, após o então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, ampliar de seis meses para um ano o período de inspeção. A movimentação dos militares às vésperas do início da campanha eleitoral tornou ainda mais tensaa relação com a Corte.

O pedido de acesso aos códigos só foi feito após uma reunião entre técnicos das Forças Armadas e da Justiça Eleitoral - o ministro da Defesa pressionou os magistrados para que o encontro fosse realizado. Eles têm 10 dias para fazer as análises no sistema e, eventualmente, fazer sugestões.

"Ou você muda teu pensamento, abandonando as posições esquerdistas e todo o conteúdo marxista cultural que vem com elas, ou você deve, diante de Deus, renunciar ao Presbiterato. Esta relação está altamente incompatível." O recado do reverendo Ageu Magalhães, um dos líderes da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), veio em tom de ultimato. O aviso foi enviado ao teólogo Flávio Macedo Pinheiro, presbítero da instituição em São Paulo, no dia 12 de dezembro de 2019. Um ano e dois meses depois, Pinheiro foi afastado do cargo, conforme documentos ao qual o Estadão teve acesso.

A punição ocorreu em fevereiro do ano passado, após Pinheiro criticar o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e ser taxado como comunista e marxista por defender que mulheres não devem ser consideradas inferiores aos homens, falar em direitos da comunidade LGBT, de descriminalização do aborto e da maconha e divulgar um evento do PSOL sobre o pensamento do educador Paulo Freire.

##RECOMENDA##

A decisão foi revertida pela última instância de julgamento da igreja por erros processuais um ano depois e fez o presbítero sair da congregação que frequentava havia 19 anos em Cidade Dutra, na zona sul de São Paulo, para uma igreja no Butantã, também na capital paulista. O caso expõe o cerco de uma das igrejas evangélicas mais tradicionais do Brasil contra fiéis de esquerda enquanto a cúpula da instituição se alinha ao governo do presidente Jair Bolsonaro, como revelou o Estadão. Agora, a orientação pode se tornar oficial com a aprovação de uma resolução do Supremo Concílio, órgão máximo de decisão da igreja, ainda nesta semana. A minuta da resolução indica que os pastores devem orientar os fiéis a se afastarem da "nefasta influência do pensamento de esquerda".

"Eu fico triste porque a igreja não é para isso. A igreja não deveria usar o púlpito para defender nem quem é de esquerda nem quem é de direita. A política é menos importante, há temas muito mais importantes para tratar", diz o teólogo, hoje fora de qualquer cargo de liderança na IPB e que critica abertamente o governo Bolsonaro em suas redes sociais.

Ageu Magalhães, autor da denúncia contra o presbítero, é um líder influente na IPB, conhecido por ter um pensamento conservador. Ele dirige o Seminário Teológico Presbiteriano Reverendo José Manoel da Conceição, em São Paulo. Em 2018, Magalhães declarou voto em Bolsonaro e publicou uma foto de perfil no Facebook com a inscrição "PT não". Membros da igreja temem que essa postura se multiplique neste ano, no meio das eleições, e crentes que não concordam com a postura da cúpula sejam forçados a deixar os cargos e bancos da igreja.

Oficialmente, a IPB afirma que não apoia nenhum governo e que os fiéis têm liberdade para se posicionarem politicamente. O comando da igreja, porém, está diretamente ligado ao governo Bolsonaro. O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, preso no âmbito de uma investigação sobre o gabinete paralelo de pastores no Ministério da Educação, caso revelado pelo Estadão, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, indicado por Bolsonaro, são pastores da instituição. O relator da proposta de resolução para expurgar os "esquerdistas" da igreja, reverendo Osni Ferreira, usou o púlpito em Londrina (PR) para pedir apoio à reeleição do atual presidente. O reverendo Roberto Brasileiro, líder máximo da IPB no País, já participou de eventos com Bolsonaro e tem um filho que ocupou cargo de confiança do MEC.

Alvo do processo de afastamento, Flávio Pinheiro é professor de ensino médio, formado em Ciências Sociais, Filosofia, História pela Universidade de São Paulo e Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Em 2018, após a vitória da eleição de Jair Bolsonaro à Presidência, Pinheiro foi demitido do Colégio Mackenzie, que pertence à Igreja Presbiteriana. Ele acredita que as críticas ao governo e o alinhamento da IPB a Bolsonaro motivaram o afastamento do colégio e mais tarde do cargo de presbítero. "É uma inquisição porque perseguem alguém entendendo que essa pessoa é um perigo espiritual para a igreja e é também uma perseguição política porque entendem que uma certa visão política não é aceitável para aquele grupo", afirmou o teólogo. "É inconcebível você se dizer um discípulo de Cristo e pregar alguma forma de intolerância."

Nas publicações que motivaram o afastamento, o presbítero criticou Bolsonaro em função do discurso ideológico do presidente, se colocou a favor da descriminalização da maconha e do aborto e defendeu os direitos da mulher e da comunidade LGBT, temas sensíveis no meio evangélico. Até mesmo referências a Paulo Freire e aos teólogos Karl Barth e Ariovaldo Ramos foram usadas para pedir a punição.

Arrependimento

Flávio Pinheiro deveria ficar afastado do cargo por tempo indeterminado até que se "arrependesse" de suas declarações, conforme a decisão do Presbitério. A primeira decisão que chancelou a ordem de afastamento da igreja não cita as críticas a Bolsonaro que foram incluídas no processo pelo autor da denúncia. Mas ressalta que o presbítero agiu contra os mandamentos da igreja.

Entre os motivos usados para a punição estão o fato de o presbítero ter negado "a liderança do homem na função de cabeça sobre a esposa", ou ainda por ter feito interpretações erradas da Bíblia segundo a concepção presbiteriana, além de pregar a leitura de livros de Karl Marx. A punição só foi revertida por um erro processual: o tribunal de terceira instância da igreja entendeu que ele não foi devidamente orientado pessoalmente antes do afastamento.

A preocupação agora é com a aprovação do documento que orienta fiéis a se afastarem do "comunismo" e da "nefasta influência do pensamento de esquerda", discutido pelo comando da instituição. "Se esse documento for aprovado e quem é de esquerda não puder fazer parte da igreja, vou esperar ser expulso? Eu tenho um filho de quatro anos, não quero ver meu filho crescer em um ambiente desse."

Procurados, a Igreja Presbiteriana do Brasil e Ageu Magalhães ainda não se manifestaram.

O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) informou que o presidente do órgão, Clovis Bersot Munhoz, decidiu se afastar do cargo. O anúncio acontece após o relato de uma técnica de enfermagem de 26 anos que acusa o médico, de 72 anos, de fazer comentários de cunho sexual no centro cirúrgico do hospital Glória d’Or. Munhoz é cirurgião ortopédico e foi indiciado pela 9ª delegacia policial, no bairro do Catete, pelo crime de assédio sexual.

"Prezando pela lisura e pelo comprometimento com a transparência, o Cremerj informa que o conselheiro Clovis Bersot Munhoz, que atualmente ocupa o cargo de presidente do conselho, decidiu, junto à diretoria, se afastar. Isso porque será aberta uma sindicância em seu nome para apurar a denúncia sobre assédio sexual veiculada na imprensa”, destacou o conselho em nota.

##RECOMENDA##

O comunicado destaca ainda que o processo será encaminhado ao Conselho Federal de Medicina (CFM), que vai designar o caso a outra regional, com o objetivo de garantir isenção e imparcialidade. "O conselho reafirma seu repúdio por qualquer tipo de assédio e trabalha junto das autoridades para coibir essa prática antiética e criminosa".

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) afastou os agentes envolvidos no caso de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, morto em uma viatura da corporação nessa quarta-feira, 25, em Umabaúba, no interior do Sergipe. O caso provocou consternação nacional após circularem as imagens do homem preso no porta-malas de uma viatura da PRF tomada por gás lacrimogêneo. A vítima morreu asfixiada e, segundo familiares, sofria de esquizofrenia.

O órgão, que abriu processo disciplinar sobre o caso, não informou qual foi o número de agentes afastados. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, disse nesta quinta-feira, 26, ter determinado a abertura de investigações pelas Polícia Federal (PF) e pela PRF sobre o assassinato.

##RECOMENDA##

No Twitter, Torres escreveu que o objetivo da pasta é "esclarecer o episódio com a brevidade que o caso requer". A PRF informou em nota à imprensa que "está comprometida com apuração inequívoca das circunstâncias relativas à ocorrência".

Em nota, a PRF disse estar "comprometida com a apuração inequívoca das circunstâncias relativas à ocorrência, colaborando com as autoridades responsáveis pela investigação". A instituição reforçou ainda "seu compromisso com a transparência e isenção,valores que sempre marcaram sua atuação em 93 anos de história".

Os agentes envolvidos na ocorrência alegam que a vítima resistiu à abordagem e precisou ser contida com armas não letais. Nos vídeos que circulam na internet com o registro do ocorrido, os agentes rodoviários aparecem pressionando a perna de Genivaldo contra o porta-malas, a essa altura tomado por fumaça. É possível ouvir os gritos da vítima, enquanto cidadãos que filmam o caso dizem que a ação levaria a morte do homem.

Um sobrinho de Genivaldo contou que o tio foi abordado quando pilotava uma motocicleta. Ele transitava de moto pela BR-101, na área urbana de Umbaúba, quando foi parado pelos policiais rodoviários federais. De acordo com testemunhas e imagens divulgadas em redes sociais, Genivaldo obedeceu a ordem de parada, colocou as mãos sobre a cabeça e foi revistado.

Quando os policiais o questionaram sobre cartelas de comprimidos encontrados em seu bolso, ele esboçou uma reação. Os policiais usaram spray de pimenta para derrubar e imobilizar o homem. Um dos agentes chegou a colocar o joelho em seu pescoço. Em seguida, ele foi amarrado e colocado no porta-malas do camburão.

Genivaldo foi levado para a delegacia da Polícia Civil, onde foi constatado que a vítima estava desacordada. Ele ainda foi levado ao Hospital José Nailson Moura, onde posteriormente foi atendido e constatado o óbito. O corpo foi levado para perícia no Instituto Médico-Legal (IML) de Aracaju.

Os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) envolvidos na perseguição que resultou na morte da menina Heloysa Gabrielly, de seis anos, na comunidade de Salinas, foram afastados das atividades na praia de Porto de Galinhas, Litoral Sul de Pernambuco. A criança foi morta com um tiro no peito, dentro de casa. A origem do projétil centraliza uma investigação das polícias Civil e Militar do estado, mas a versão unânime entre família e populares é de que os policiais chegaram atirando.

O anúncio do afastamento foi feito pelo secretário estadual de Defesa Social, Humberto Freire, na tarde desta quarta-feira (6), no Palácio do Campo das Princesas, onde os pais da menina foram recebidos pelo governador Paulo Câmara (PSB).

##RECOMENDA##

"Os policiais que estavam na ocorrência, eles precisam realmente passar por todas as oitivas necessárias. E o comando da Polícia (Militar) já retirou daquela localidade, dessa atuação naquela localidade, e as investigações prosseguem. Não só nesse inquérito policial militar, mas na Polícia Civil, onde também serão ouvidos, e na Corregedoria", afirmou o Freire.

O secretário reforçou que os policiais não foram afastados das ruas, mas apenas da unidade que fica em Porto. "O Bope é uma unidade que normalmente fica aquartelada. Então, naquela localidade onde há um emprego, eles já foram retirados daquela operação", disse Humberto Freire.

Na saída do Palácio do Campo das Princesas, o pai de Heloysa deu uma declaração à imprensa. "Nós só queremos justiça. Eles (governo) estão em total apoio a nós. Eles passaram confiança de que não vai passar impune essa morte", afirmou o jangadeiro Wendel Fernandes.

“Nos solidarizamos com os pais de Heloysa, escutamos o que eles tinham a dizer, assim como os representantes das entidades de direitos humanos que os acompanharam, e asseguramos que a investigação do caso será rigorosa e célere”, completou o governador Paulo Câmara, por meio de sua assessoria.

Conflito entre as versões

Policiais do Bope alegam ter entrado em confronto com suspeitos de tráfico de drogas, que teriam fugido da abordagem policial em uma motocicleta durante patrulhamento na comunidade Salinas, onde a criança atingida morava. O coronel Alexandre Tavares, diretor Integrado Especializado da Polícia Militar, declarou anteriormente que não houve abordagem violenta e chegou a afirmar que os policiais não seriam afastados.

A família de Heloysa e diversas testemunhas da comunidade Salinas discordam da versão policial. Eles alegam que não houve confronto entre policiais e traficantes, e que o Bope chegou atirando, como já costuma fazer em operações na região. Moradores relataram medo e denunciaram abordagens ostensivas e abusos policiais

- - > LeiaJá também: 'Ninguém viu troca de tiros', diz tia de Heloysa

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) decidiu afastar preventivamente por 30 dias (prazo que pode ser prorrogado) os 25 estudantes suspeitos de aplicarem trotes violentos contra cerca de 20 calouros do curso de Medicina Veterinária, no câmpus de Palotina, no interior do Estado. Os universitários são suspeitos de terem jogado um líquido - supostamente creolina - nos corpos dos calouros e provocarem queimaduras durante a noite de 30 de março.

Muitos dos novatos foram levados para hospitais e estão recebendo acompanhamento médico e psicológico da UFPR. O objetivo do afastamento, de acordo com a instituição, é o de manter lisura no processo administrativo que investiga as ações. A polícia também está acompanhando o caso.

##RECOMENDA##

Na semana passada, a Polícia Civil chegou a prender quatro veteranos, porém, três deles pagaram fiança e foram soltos. Uma estudante continua detida.

Em vídeo divulgado nesta terça-feira, 5, o reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, voltou a condenar o trote violento. "Vamos acabar de uma vez por todas, daqui para o futuro, com situações de violência na recepção dos estudantes", disse o reitor.

Depois de sofrer problemas de saúde que provocaram uma ausência de vários eventos, a rainha Elizabeth II, de 95 anos, fez nesta terça-feira (29) sua primeira grande aparição pública em quase seis meses, durante uma missa em Londres para homenagear seu falecido marido, o príncipe Philip.

A lista de convidados da cerimônia inclui integrantes de várias casas reais de monarquias da Europa e do Oriente Médio.

##RECOMENDA##

A saúde da rainha é motivo de preocupação desde que os médicos obrigaram-na a manter repouso em outubro de 2021, e ela ficou uma noite internada para fazer "exames" que nunca foram especificados.

Nos últimos meses, ela desistiu de participar de vários eventos relevantes, foi vista caminhando com a ajuda de uma bengala e admitiu ter dificuldades de deslocamento.

Com todos os olhares voltados para sua saúde, a soberana, que em fevereiro completou 70 anos de reinado e celebra, em 21 de abril, o 96º aniversário, deveria ter feito o retorno aos holofotes há duas semanas, no Dia da Commonwealth.

Três dias antes, porém, a rainha cancelou sua participação. De acordo com a imprensa, esta decisão foi tomada por sua dificuldade de deslocamento e por sua recusa de usar uma cadeira de rodas.

A missa desta terça-feira tem, no entanto, um caráter muito pessoal, pois homenageia o homem com quem esteve casada por 73 anos e que ela chamava de sua "rocha".

Philip faleceu em 9 de abril de 2021, aos 99 anos. Devido à pandemia, apenas 30 convidados compareceram a um funeral restrito que deixou a imagem impactante de uma rainha sentada completamente sozinha.

Ao recordar o olhar "travesso" e o "sorriso familiar" de Philip, a monarca admitiu, em sua mensagem de Natal, que sentia muita falta do marido.

Com todas as restrições agora suspensas, a cerimônia desta terça-feira "incorpora alguns elementos previstos para o funeral do duque de Edimburgo, que não foram possíveis de observar", informou o Palácio.

Entre os elementos, estão corais e a presença de militares, em uma abadia decorada com flores nas cores vermelho, branco e azul.

- Crise incessantes -

A morte de Philip deixou um "enorme vazio" na vida de Elizabeth II, que agora tem que enfrentar sozinha as incessantes crises que abalam a popularidade da realeza.

Seu terceiro filho, Andrew, de 62 anos, concluiu recentemente um acordo financeiro milionário em um processo civil nos Estados Unidos por agressão sexual contra uma menor de idade. Afastado da vida pública por este escândalo, ele faria uma rara aparição pública na cerimônia em homenagem ao pai, ao lado das filhas Beatrice e Eugenie, além dos maridos destas.

O grande ausente é o príncipe Harry, de 37 anos, que abalou a família real quando ele e sua esposa, Meghan, anunciaram em 2020 que abandonariam as funções reais e se mudariam para a Califórnia, nos Estados Unidos.

Há um ano, Harry viajou sozinho para o funeral do avô. Desta vez, decidiu não fazer este deslocamento, devido a uma divergência com o governo britânico por sua recusa a oferecer proteção policial oficial.

Se, em uma explosiva entrevista em 2021, Harry e Meghan acusaram a família real de racismo, o passado colonial da monarquia e seu envolvimento histórico no tráfico de escravos também ofuscou a recente viagem do príncipe William, de 39 anos, e sua esposa, Kate, por ex-colônias britânicas do Caribe.

A viagem pretendia enviar um sinal forte na véspera do jubileu de platina - as celebrações pelos 70 anos de reinado - de sua avó, mas foi marcada pelos protestos dos manifestantes que exigem um pedido de desculpas pelo passado escravista britânico.

As grandes festividades do jubileu, de 2 a 5 de junho, tentarão reacender o amor dos britânicos por sua monarquia. Antes, porém, é possível que Elizabeth II delegue a seu filho Charles, de 73 anos, o tradicional discurso que abre o ano parlamentar, marcado para 10 de maio e que também pode ser evitado devido a sua saúde.

Pastores que apoiaram a eleição do presidente Jair Bolsonaro, em 2018, começaram a rever suas posições e a preparar terreno para conversas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa de outubro. Movimentações recentes de líderes evangélicos dão sinais de que Bolsonaro não terá o mesmo engajamento massivo desse segmento para se reeleger.

A tendência de figuras proeminentes de igrejas pentecostais e neopentecostais é a de adotar uma posição mais reservada, diferente da campanha escancarada de quatro anos atrás. Líderes dessas instituições mantêm interlocução com o Planalto, levando demandas por isenções tributárias, perdão de dívidas e maior espaço no governo, mas estão dispostos a negociar com quem for eleito em outubro. Ainda nesta quinta-feira (17), o Congresso promulgou a emenda constitucional que estende a templos religiosos alugados a isenção de pagamento do IPTU.

##RECOMENDA##

O pastor José Wellington Bezerra da Costa, líder da Assembleia de Deus do Belém, a mais tradicional dessa denominação, afirmou ter simpatia por Bolsonaro, mas indicou que não pedirá votos para ele neste ano. Além disso, disse estar aberto para um diálogo com o vencedor, mesmo se for Lula. O pastor já foi próximo dos governos do PT, mas apoiou Bolsonaro em 2018.

A reaproximação de Lula com o segmento tem sido promovida em várias frentes e conta com a ajuda do pastor Paulo Marcelo - que faz parte da ramificação liderada por José Wellington - e do ex-governador Geraldo Alckmin, nome cotado para vice na chapa.

A Assembleia de Deus tem 12 milhões de fiéis no Brasil, segundo o IBGE, divididos entre diferentes alas que foram se separando ao longo dos últimos anos. "Nós nunca tivemos problema pessoal. O presidente Lula é uma pessoa nordestina como eu, e a mim não interessa falar mal dele e de nenhum deles. Política é muito mutável, muito dinâmica. Hoje você entende uma coisa e amanhã pode entender outra. Estamos caminhando e pedindo para que Deus dê o melhor para o Brasil", afirmou José Wellington.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o pastor admitiu que a Assembleia de Deus faz a intermediação de emendas para três de seus filhos, que são parlamentares. A declaração causou mal-estar entre líderes evangélicos, mas mostrou a prioridade das igrejas em 2022, que é a de aumentar a bancada no Congresso. A Frente Evangélica quer ter pelo menos 30% das vagas na Câmara e no Senado. "Para os meus deputados, faço isso (peço voto). Para presidente, não precisa. Eles têm uma mídia tremenda e dinheiro. Não há necessidade de a igreja se envolver nessa altura", afirmou José Wellington.

Em dezembro, pesquisa Ipec mostrou empate entre Bolsonaro e Lula nas intenções de votos entre os evangélicos: o petista com 34% e o atual presidente, com 33%.

Desgaste

A atuação de Bolsonaro na pandemia de Covid-19 provocou perda de apoio em diferentes segmentos. "Já existe uma migração. Bolsonaro faz uso político da ideia de família tradicional, mas isso se desgastou porque você não tem ações que sejam diferentes de governos anteriores", disse o reverendo Valdinei Ferreira, da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo.

Frequentador do Planalto, o missionário R.R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, também tem filhos na política. Um deles é o deputado David Soares (DEM-SP), autor de um projeto que perdoou dívidas de igrejas. O missionário é um dos pioneiros entre os pastores televangelistas. A igreja tem programas diários na TV aberta, um canal próprio e mais de 3 mil templos. "Faz tempo que não falo com ele (Bolsonaro). O País está nessa crise da pandemia, fecharam as coisas, o povo ficou desempregado", disse Soares.

Ex-bolsonarista, o pastor Carlito Paes, da Igreja da Cidade, de São José dos Campos (SP), puxa agora críticas ao governo e ao PT e se aproxima do presidenciável do Podemos, Sérgio Moro. "Quando a política vira religião, a crítica consciente desaparece e cede lugar à alienação", escreveu Paes.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso afirmou que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016 aconteceu por falta de apoio político, não por conta do crime de responsabilidade fiscal - como foi justificado pelos parlamentares para o seu afastamento. 

“A justificativa formal foram as denominadas 'pedaladas fiscais’' violação de normas orçamentárias, embora o motivo real tenha sido a perda de sustentação política”, afirmou Barroso em artigo para a edição de estreia da revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), que será publicada em 10 de fevereiro.

##RECOMENDA##

No texto, ainda inédito, Barroso compara com a situação do ex-presidente Michel Temer (MDB), que sucedeu Dilma. Para ele, o emedebista, acusado de vários casos de corrupção à época, só se manteve no cargo por conta do apoio do Congresso.  

“O vice-presidente Michel Temer assumiu o cargo até a conclusão do mandato, tendo procurado implementar uma agenda liberal, cujo êxito foi abalado por sucessivas acusações de corrupção. Em duas oportunidades, a Câmara dos Deputados impediu a instauração de ações penais contra o presidente”, escreveu o ministro em seu artigo.  

Luís Roberto Barroso aponta que não acredita que o afastamento de Dilma tenha sido um golpe, como o PT e seus aliados fazem questão de afirmar até hoje. Para o ministro do STF, o impeachment da petista “cumpriu a Constituição”. 

 

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando