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Uma recente pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou um sério problema do País. O Nordeste tem a maior taxa de analfabetismo do Brasil, com 14,8% do total. Outras regiões, como Sul e Sudeste, alcançam números cerca de quatro vezes menores, com 3,8% e 3,6%, respectivamente. Essa dificuldade no ato de alfabetizar crianças se faz presente no Recife, capital de Pernambuco.

O reflexo do déficit no aprendizado pode ser conferido em números. De acordo com o último Censo do IBGE, divulgado em 2010, 7,13% da população recifense com 15 anos ou mais não sabia ler, nem escrever. Na faixa etária dos idosos, acima de 60 anos, esse montante ultrapassa o dobro e aterriza em 16,33%. Mas, muito além dos números, a ideia de obstáculos para desenvolver o estudo na primeira escola está nos empecilhos do dia a dia.

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A professora Rebeca Simões fez o antigo magistério - capacitação em que o estudante adquiria para sair do ensino médio podendo dar aula -, graduou-se em licenciatura em letras e continua se especializando para estar sempre capacitada a ensinar seus alunos da educação infantil. As 20 crianças que ocupam a última sala, e a mais quente de todas, da Escola Municipal Professor Josué de Castro, localizada na Ilha de Joana Bezerra, área central da cidade, têm algo em comum: os desafios enfrentados para conseguir aprender a ler e escrever.

Os pequenos fazem parte do Grupo V, composto por alunos de cinco anos. “As pessoas confundem muito o papel da educação infantil, mas as crianças passam dois anos aqui para aprenderem uma base; saber que as letras são para ler, os números para contar, saber que existem sílabas”, explica Rebeca. Os dois anos citados pela docente são referentes, além do Grupo V, ao Grupo IV -onde estudam crianças de quatro anos -, ambos integrantes da pré-escola.

O único ventilador que funciona no espaço é o que refresca os pequenos do calor intenso característico da região Nordeste. No dia em que a reportagem do LeiaJá foi à sala de aula onde as crianças estudam, os termômetros alcançavam a marca de 26º C. O telhado, composto por telhas metálicas, causava a sensação de uma temperatura ainda maior. Quando o ventilador precisou ser desligado, o pequeno espaço materializou o motivo do apelido citado uma vez pela professora, o de “forninho”.

E essa também é uma realidade do dia a dia das crianças que têm aulas naquele ambiente. “Nós fazemos muitos trabalhos de colagem e de cortar papéis. Para isso, preciso desligar os ventiladores e fica um calor insuportável. Agora imagine umas crianças de cinco anos no calor, como elas ficam!”, narra a professora Rebeca Simões. Segundo a docente, a falta de estrutura é decisiva para o déficit no processo de aprendizagem, pois os alunos passam a apresentar dificuldade de concentração.

Além do calor, os alunos também têm que lidar com as adversidades sociais. “Tudo pode atrapalhar para o aprendizado. Até uma unha grande afeta isso. Um dia, peguei um aluno que disse pra mim: ‘tia, eu não tô conseguindo segurar o lápis por conta da minha unha que minha mãe não cortou”, conta a professora Rebeca.

Embora as adversidades sejam obstáculos, a docente não permite fragilizar a alfabetização das crianças. “Eu não posso enxergar isso [o contexto social das criança] como um problema, mas como uma forma de adaptar essa criança à aula. Chegam alunos aqui sem tomar café, e criança com fome não aprende, sem tomar um banho, com a farda suja da semana anterior. Essa é a realidade delas, e eu vou excluí-las do processo de aprendizado? Não, eu vou agregá-las de acordo com suas realidades”, opina.

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E, segundo Rebeca Simões, “matar um leão por dia” é um processo cuja responsabilidade vai além da alçada do professor. “Se o diretor ou gestor não sabe o que acontece na sala de aula, como se dá o trabalho, ele não vai saber a importância de quando falta uma cola, um papel, de quando acaba o toner”, explica.

Embora a estrutura física seja um problema sério, o que mais falta aos alunos, de acordo com a professora, é o capital humano. “Não é fácil organizar tudo. Aqui, nos falta uma coordenação pedagógica que possa ajudar. Se eu tenho a ideia de fazer uma atividade lá fora, eu tenho que ir lá e preparar tudo e deixá-los na sala. Quando eu volto, já estou pingando de suor. Se tivéssemos um apoio, a coordenação pedagógica iria lá, preparar e só viria buscar a professora e os alunos”, explica.

Se por um lado os múltiplos papéis que a professora Rebeca Simões desempenha na sala de aula geram cansaço, por outro não são suficientes para que ela não dê seu melhor. Sendo a única pessoa a cuidar de 20 crianças durante toda uma manhã, ao final do dia ela está exausta. “Mas mesmo assim preparo todas as atividades a desempenhar com os alunos em sala de aula”, explica.

A docente ainda aponta para a diferença de comportamento que alguns dos seus estudantes apresentaram desde que se tornaram seus alunos. “Tinha um menino aqui que me mordia, cuspia em mim, mas quando a mãe vinha buscar, se agarrava em mim e dizia que amanhã estaria aqui de novo comigo”, relembra Rebeca.

Enquanto o método de alfabetização aplicado em diversas escolas é composta apenas por alunos copiando letras do quadro, Rebeca desenvolveu um processo muito mais lúdico. “Nós lemos livros, ouvimos músicas. Eles sabem ler as figuras, identificam as letras e escrevem o nome deles”, diz.

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Reflexos para a vida

Uma das preocupações da docente é até quando existirá vontade da criança em estar na escola. “Eu tenho um aluno que está comigo há dois anos e ainda não sabe escrever o nome dele. E ele tem acesso ao que todos têm. O que acontece com uma criança assim? Ela vai avançando, avançando, porque ela tem até três anos para aprender, mas após isso, caso não aprenda, há duas possibilidades: ou ele será reprovado ou ele desiste da escola”, conta Rebeca.

Os três anos pontuados pela docente são referentes às primeiras séries do ensino fundamental. A pré-escola é uma base de aprendizado, segundo a rede municipal de ensino, onde o estudante irá ter noções de sílabas, letras, números. A alfabetização efetiva acontece nos primeiro, segundo e terceiro anos do fundamental. 

Gestão

O Centro de Formação de Educadores Professor Paulo Freire, localizado no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife, é o local onde os docentes da rede municipal de ensino têm acesso a capacitações e aprendizados. O espaço comporta salas de aula, auditórios e ambiente de convivência que fazem parte do processo de acolhimento do docente ao local. Lá, eles têm acesso a diversas capacitações que reciclam e resgatam o conhecimento.

Diretor executivo de gestão pedagógica do centro, Rogério Morais indica que as dificuldades passadas pelo aluno até alcançar a boa alfabetização estão dadas em dois processos. O primeira tem a ver com os obstáculos naturais por ser o início do processo da educação. Já o segundo se refere aos métodos de ensino, já que a pedagogia construtivista adotada pelo município perdeu força com o passar dos anos, segundo Rogério. “A forma de ensinar influencia diretamente a possibilidade e eficácia do aprendizado por parte do estudante”, afirma.

“Os resultados não são bons”

O diretor do Centro de Formação de Educadores Professor Paulo Freire ainda aponta que os resultados das pesquisas que avaliam o desenvolvimento da educação recifense não apresentam pontos favoráveis. “A gente vem evoluindo, mas os resultados não são bons”, confessa Rogério Morais.

Segundo ele, o processo de enfraquecimento educacional se dá por conta do atraso que a capital pernambucana passava. “Se pensarmos há cinco anos, o resultado era bem pior. A gente está satisfeito com a velocidade de avanço, mas hoje, como a gente estava muito atrás, os resultados continuam muito baixos”, explica Morais.

De acordo com o diretor, os resultados do Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco (Saepe) apontam que metade dos alunos do quinto ano do ensino  fundamental aprendeu o quantidade adequada de língua portuguesa. Quando a relação é feita com nono ano, essa quantidade cai para apenas um terço. “É claro que esse resultado nos incomoda, é importante que nos incomode”.

Professor afetado

“O professor não consegue fazer um planejamento porque enquanto ele deveria fazer, ele trabalha em três ou quatro turnos”, aponta a professora de linguagens do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ana Cláudia Rodrigues. A docente afirma que o processo de dificuldade de aprendizado se dá por conta da sobrecarga aferida ao professor, além dos problemas estruturais. “As salas não têm estrutura física e ainda há a excessiva burocratização”, explica.

Segundo ela, as decisões tomadas deveriam ser em favor dos estudantes. “O que temos observado ao longo do tempo é que precisamos ampliar a alfabetização plena, aquela que a criança domina o sistema de escrita e faça uso da leitura e da própria escrita. É um direito da criança a alfabetização e ele tem que ser garantido”, ressalta Rodrigues.

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Foi divulgada nesta quinta-feira (21), a taxa de analfabetismo do país. Segundo o IBGE, o Nordeste apresentou o maior índice (14,8%), o que chega a ser quase quatro vezes maior do que as taxas estimadas para o Sudeste (3,8%) e o Sul (3,6%).

Em 2016, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade no Brasil foi estimada em 7,2% (11,8 milhões de analfabetos). Esse percentual apresentou relação direta com a faixa etária, aumentando à medida que a idade avançava, até atingir 20,4% entre as pessoas com mais de 60 anos.

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A meta 9 do Plano Nacional de Educação (PNE), lei sancionada em 2014, previa a redução da taxa de analfabetismo para 6,5%, em 2015 no país, o que não foi alcançado, conforme mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) 2016, divulgada hoje (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No Norte, a taxa foi 8,5% e no Centro-Oeste, 5,7%. A meta 9 do PNE para 2015 só foi atingida nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Já a taxa de analfabetismo para as pessoas pretas ou pardas (9,9%) - nomenclatura usada pelo IBGE - foi mais que o dobro da observada entre as pessoas brancas (4,2%) em todas as regiões do país.

Para a analista do IBGE Marina Aguas, as políticas públicas de redução do analfabetismo devem focar as regiões Norte e Nordeste. No país, a taxa de analfabetismo para os homens de 15 anos ou mais de idade foi 7,4% e para as mulheres, 7%.

De acordo com a analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Helena Oliveira Monteiro, a pesquisa mostra a continuidade das diferenças regionais e a desigualdade por cor ou raça. “Historicamente, pessoas brancas têm mais acesso à escola. Isso está associado à renda, que produz maior oportunidade de acesso ao ensino”, disse a pesquisadora.

Nível de instrução

No Brasil, 51% da população de 25 anos ou mais tinham até o ensino fundamental completo ou equivalente em 2016; 26,3%, o ensino médio completo, e 15,3%, o superior completo.

Considerando a cor ou raça, as diferenças no nível de instrução são significativas: enquanto 7,3% das pessoas brancas não tinham instrução, 14,7% das pessoas pretas ou pardas estavam nesse grupo. Situação inversa ocorreu no nível superior completo: 22,2% das pessoas brancas tinham esse nível de instrução, ao passo que entre as pretas ou pardas a proporção era de 8,8%.

No ano passado, o número médio de anos de estudo das pessoas com 25 anos ou mais foi oito. As regiões Nordeste e Norte ficaram abaixo da média nacional, com 6,7 anos e 7,4 anos respectivamente, enquanto as regiões Sul (8,3 anos), Centro-Oeste (8,3 anos) e Sudeste (8,8 anos) situaram-se acima da média.

*Com informações da Agência Brasil

Para reverter o quadro de estagnação na alfabetização de alunos, o Ministério da Educação anunciou hoje (25) algumas medidas que constarão na Política Nacional de Alfabetização. Entre as medidas, assistentes passarão a trabalhar em conjunto com os professores titulares em sala de aula para ajudar na alfabetização dos alunos. No Brasil, existem cerca de 200 mil turmas de 1° e 2° anos do ensino fundamental.

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a política representará um conjunto de iniciativas que envolverá a Base Nacional Comum Curricular, a formação de professores, o protagonismo das redes e o Programa Nacional do Livro Didático. Por meio da política, será criado também o Programa Mais Alfabetização, com o intuito de atender, a partir de 2018, 4,6 milhões de alunos. 

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“A ideia é dar liberdade às redes [de ensino local] para que definam quem será esse professor auxiliar, podendo ele estar ou não na própria rede de ensino. Ele poderá ser de fora ou mesmo poderá ser um aluno concluinte que faça residência pedagógica. Estamos abrindo um conjunto de possibilidades para que esse professor assistente possa ajudar o professor na tarefa de alfabetização”, disse a ministra substituta da Educação, Maria Helena Guimarães.

Ela explica que o material didático a ser adotado também ficará a cargo das próprias escolas, uma vez que as unidades têm melhores condições de identificar o perfil adequado para atingir os objetivos de alfabetização.

Perguntada sobre quando devem surtir os primeiros resultados da política, a ministra disse que “não existe curto prazo em educação". "Tudo é a médio longo prazo. Por isso vamos trabalhar junto com os estados e municípios para estabelecer uma política de continuidade”.

O secretário de Educação Básica, Rossieli Soares da Silva, informou ainda que a política visa ainda facilitar o acesso de professores a cursos de mestrado.

Estagnação

Dados divulgados hoje (25) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apontam que a alfabetização estagnou entre 2014 e 2016. Para tentar reverter esse quadro, o Ministério da Educação apresentou medidas da Política Nacional de Alfabetização.

Mais da metade dos estudantes do 3º ano do ensino fundamental apresentaram nível insuficiente de leitura e em matemática para a idade, ou seja dificuldade em interpretar um texto e fazer contas.

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Fazer uma oração, vestir a roupa social e caminhar cinco minutos em direção à Escola Municipal Cidade Vitória da Conquista, em Itapuã, é um roteiro constante na vida de Lourival Emídio da Silva, de 94 anos. Ele é aluno da instituição e participa do programa de Educação para Jovens e Adultos (EJA) no período noturno, onde estuda há dois anos. Lourival nasceu na cidade de Guarabira, na Paraíba, em 15 de setembro de 1923 e veio para a Bahia ainda moço, após ser dispensado do serviço militar no Exército, por não saber ler.

De lá pra cá, ele guardou na memória uma frase do oficial que o acompanhou no alistamento: "podem ser dispensados mas, se precisarmos, vamos buscá-los onde estiverem", mote que ficou na lembrança e o motivou a estudar para buscar uma vida melhor. "Ler e escrever é muito bom. Desde que comecei a estudar estou sentindo muita coisa. Sempre tive emprego 'mais ou menos' porque não sabia ler. A vida já mudou um bom bocado por causa do estudo", comentou, orgulhoso.

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Em Salvador, trabalhou em diversos ramos, mas sua última atividade remunerada foi de gari pela Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), durante 15 anos. Com sete filhos, cinco netos e dois bisnetos, Seu Lourival se diz muito feliz por ter o apoio da família na empreitada dos estudos. Segundo sua professora, Eliene Fernanda, Lourival é um dos alunos mais dedicados da turma: já sabe escrever o nome, reconhece sílabas e está treinando para, em breve, estar engajado na leitura.

Mas não são apenas as ciências humanas e exatas que têm despertado o interesse do nonagenário. Através da escola, ele também foi pela primeira vez a um museu, o Palacete das Artes Rodin Bahia, na Graça, onde se encantou com a atmosfera do lugar. "Essa interação social faz com que eles venham para a escola. Ele é sempre um dos primeiros alunos a chegar, e não perde nenhum passeio ou festa. Além de museu, já o levamos ao circo e muitos outros espaços", afirmou a professora.

Na Escola Municipal Cidade Vitória da Conquista, duas turmas, cada uma com aproximadamente 25 alunos, se dedicam no período noturno à aprendizagem. Na faixa etária de seu Lourival ainda estudam mais dois alunos: um senhor com 93 anos e outro com 85 anos. Já na Escola Municipal Comunitária Cristo Redentor, no Rio Vermelho, outro caso bem sucedido é de Norberta Pereira de Assis, que aos 99 anos se dedica ao universo das letras e cursa o Tempo de Aprendizagem II (TAPII).

Da assessoria da Prefeitura de Salvador

O governo não deverá abrir mão da proposta de antecipar a alfabetização das crianças para o 2º ano do ensino fundamental, como está previsto no texto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) enviado pelo Ministério da Educação (MEC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE). Atualmente, as diretrizes curriculares determinam que o período da alfabetização deve ser organizado pelas escolas até o 3º ano do ensino fundamental. Esse também é o prazo previsto no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, que estabelece que todas as crianças estejam alfabetizadas até os 8 anos de idade. No entanto, o texto da Base Nacional encaminhado ao CNE prevê que as crianças deverão ser capazes de ler e escrever até o 2º ano do ensino fundamental, geralmente aos 7 anos.

O secretário de Educação Básica do MEC, Rossieli Soares da Silva, disse nessa segunda-feira (11) que a pasta poderá até avaliar alguma mudança proposta pelo Conselho, mas mantém sua convicção no modelo apresentado, que prevê a codificação da alfabetização até o 2º ano. “As crianças mais ricas já estão plenamente alfabetizadas ao final do 2º ano. Por que não devemos brigar pelo direito para as crianças que mais precisam? A convicção do MEC está mantida neste sentido. Qualquer posição que vier do CNE o Ministério vai avaliar, mas hoje temos essa convicção desse ponto internamente no ministério”, disse Silva à Agência Brasil.

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O presidente da comissão do CNE responsável pela análise da Base Nacional Comum Curricular, César Callegari, acredita que pode haver uma convergência entre as posições do Conselho e do Ministério da Educação sobre o assunto. “O tema será objeto de diálogo com o MEC antes de chegar a uma finalização aqui dentro. A ideia é que a gente tente buscar convergência naquilo que pode representar um avanço e continue discutindo temas que não são tão essenciais e que se ficarem com um ponto de impasse poderia atrasar todo o processo da Base”.

O texto da Base deverá ser analisado pelo CNE até dezembro. Até agora, cerca de 2 mil contribuições foram enviadas para aperfeiçoar o documento, que define os direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para todos os alunos da educação básica do país. Depois de aprovado pelo CNE, o texto será encaminhado para homologação do ministro da Educação.

Ideologia de gênero

Na segunda-feira (11), o CNE realizou a última audiência pública em parceria com o MEC para receber contribuições para a Base Nacional. Um dos pontos mais debatidos foi a forma como as questões de ideologia de gênero e de orientação sexual devem ser tratadas no documento. Durante a audiência, médicos e professores se manifestaram contra a abordagem das questões de gênero no texto.

A representante da Associação de Médicos pela Diversidade, Carla Dorgam, disse que a ciência desmonta a ideia de que as crianças nascem indiferentes em relação ao gênero. “Não há embasamento científico nenhum que sustente ideologia de gênero, portanto não há nada que justifique aplicá-la nacionalmente, em toda a rede pública de ensino”, disse.

Já o chefe de Educação do Fundo das Nações Unidas para a Infância no Brasil, Ítalo Dutra, disse que a garantia das expressões “orientação sexual” e “identidade de gênero” no texto da Base é importante para a proteção dos direitos de crianças e adolescentes. “Essa discussão é importante para dar visibilidade às necessidades de aprendizagem de muitas crianças brasileiras que são vítimas de racismo, homofobia, transfobia durante toda a sua existência.”

O secretário de Educação Básica do MEC explicou que a Base traz uma redação que trata das diversidades de maneira geral, entre elas, as diversidades de gênero, de opção sexual, de etnias. “Nós entendemos que a redação está em um ponto adequado, mas agora cabe ao CNE fazer qualquer apresentação de contraproposta ao Ministério da Educação. Estamos próximos para sentar e discutir todos os temas”, disse Silva.

De acordo com o conselheiro Callegari, as sugestões apresentadas ao colegiado vão ser consideradas, assim como todas as outras recebidas, mas ressaltou que o assunto já é tratado nas diretrizes curriculares que estão em vigor atualmente. “O Conselho não cogita revogar as diretrizes curriculares que estão vigentes hoje no país. E todas elas fazem referências explícitas aos cuidados que a escola deve ter no que diz respeito à discussão desses temas como gênero, orientação sexual. Então, isso não pode ser ocultado de um documento da Base Nacional Comum Curricular”, ressaltou. Desde julho, a BNCC vem sendo debatida em cada região do país, e já foram realizados encontros em Manaus, Olinda (PE), Florianópolis e São Paulo.

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Em processo de finalização, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) enfrenta novo impasse sobre a antecipação da alfabetização do 3º para o 2º ano do ensino fundamental. O Conselho Nacional de Educação (CNE), responsável por analisar e aprovar o documento, defende que o término do ciclo de alfabetização seja mantido como é hoje, ao final do 3º ano, quando as crianças têm 8 anos.

A antecipação está prevista na versão da base enviada em abril pelo Ministério da Educação (MEC) para análise do Conselho Nacional de Educação. O documento vai definir o conteúdo comum que deverá ser ensinado em todas as escolas do País da educação infantil ao 9º ano do ensino fundamental.

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No conselho e em audiências públicas nos Estados, a proposta do ministério tem sofrido resistência. Atualmente, como não há base nacional no Brasil, documentos como o Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e o Plano Nacional de Educação (PNE) apontam que as crianças devem estar alfabetizadas até o fim do 3º ano.

Membro do CNE e presidente da Comissão de Elaboração da BNCC, Cesar Callegari, disse que a mudança do ciclo de alfabetização altera as diretrizes curriculares nacionais, que têm origem na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). "O grande risco com a antecipação é que as crianças não alfabetizadas no 2º ano sejam reprovadas. Isso é uma calamidade, produz um drama que é gravíssimo, um marco de fracasso no início da vida escolar", diz Callegari.

Maria Helena Guimarães de Castro, secretária executiva do MEC, disse que o ministério mantém a mesma posição que está na terceira versão da BNCC. "Nossa posição continua a mesma. Defendemos, tanto do ponto de vista teórico como do de política pública, aquilo que é melhor para as crianças brasileiras: estar até o final do 2º ano plenamente alfabetizado, tendo aprendido a ler, escrever, saber contar, entender um texto curto".

Apesar da divergência, Maria Helena disse que o MEC mantém conversas com o CNE para um entendimento sobre a questão. Callegari também disse que a proposta do conselho ainda será apresentada e não há ainda nenhum parecer. "Nós da Câmara de Educação Básica (do CNE) temos uma visão recorrente de que a proposta do MEC para a Língua Portuguesa está ainda com muitos problemas, inclusive de progressão. Vamos fazer um esforço para melhorar a proposta do ministério e naturalmente isso envolve a alfabetização", disse o presidente.

A previsão do MEC é que o CNE termine de analisar e aprove o documento até novembro. O conselho pode fazer alterações ao texto, mas a sua versão pode ser rejeitada inteira ou parcialmente pelo ministro da Educação.

Outros pontos do documento que foram muito contestados nas audiências públicas e que podem ser alterados pelo CNE são:

- História: o texto foi criticado por ter uma proposta excessivamente estruturada na ordem cronológica, o que dificultaria aos estudantes contextualizar o que é ensinado.

- Gênero: Conceito de gênero não é apresentado no documento do MEC, que defende o texto atual por promover o "respeito à pluralidade".

- Religião: Ensino religioso foi excluído da terceira versão, sob alegação de que o ministério estaria respeitando que o tema seja optativo e de competência dos sistemas de ensino estadual e municipal. Para alguns especialistas, sem a orientação do governo federal sobre o tema, há risco de proselitismo religioso.

Com o lançamento do processo pelo Ministério da Educação (MEC) na segunda-feira (10), as prefeituras já podem aderir ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), que segue aberto até 11 de agosto. O programa é um compromisso formal entre a União e os estados e municípios para assegurar que as crianças sejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao concluírem o terceiro ano do ensino fundamental. 

“A adesão ao programa pode ser feita pelo Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle (Simec) e todos os municípios interessados em participar da ação já podem se inscrever a partir desta quarta”, explicou a coordenadora-geral da formação de professores da educação básica, Mirna de Araújo.

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A adesão ao Pnaic envolve a oferta de cursos de formação continuada aos professores alfabetizadores. O próximo passo é a publicação de uma segunda portaria que define os valores e as diretrizes para as concessões de bolsas de estudos e pesquisas, além de cursos de educação inicial e continuada e material didático específico.

Balanço 

Desde que foi criado, em 2013, o Pnaic já formou mais de 58 mil orientadores de estudos e mais de um milhão de professores alfabetizadores, espalhados pelos 5.570 municípios do País.

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As escolas já podem consultar a partir desta segunda-feira (22) os resultados preliminares dos estudantes na Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) através do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A ANA avalia os níveis de alfabetização e letramento em língua portuguesa, a alfabetização em matemática e as condições de oferta do Ciclo de Alfabetização das redes públicas.

Passam pela avaliação todos os estudantes do 3º ano do ensino fundamental matriculados nas escolas públicas no ano da aplicação da avaliação. No ano passado, os testes foram aplicados para 2,5 milhões de estudantes, de 50 mil escolas e 100 mil turmas. Caso discordem dos resultados, as instituições poderão interpor recurso até o dia 5 de junho. 

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Terão acesso aos resultados apenas as instituições de ensino com, no mínimo, 10 estudantes matriculados no momento da avaliação e que tiveram taxa de participação de 80% dos matriculados no 3º ano, de acordo com os dados do Censo Escolar 2016. As escolas têm de manter atualizado o cadastro no Inep para receber os resultados. A divulgação dos resultados finais será em agosto, quando a imprensa, os gestores públicos e demais interessados terão acesso aos dados da avaliação.

Últimos resultados

Os últimos resultados da avaliação, de 2014, mostram que pouco mais de 56% dos estudantes do 3º ano do ensino fundamental de escolas públicas não conseguiram superar os dois primeiros níveis do aprendizado de matemática, ou seja, não conseguem, por exemplo, resolver alguns tipos de problemas com número naturais maiores que 20 e ler horas em relógio analógico (de ponteiro).

Em leitura, a maioria dos alunos (55%) ficou nos dois piores níveis, dentre quatro, significando que eles não conseguem localizar informação explícita em textos de maior extensão e identificar a quem se refere um pronome pessoal.

No caso da escrita, que tem cinco níveis, cerca de 65% dos alunos alcançaram os dois melhores patamares da avaliação, o que significa que têm capacidade de escrever palavras com diferentes estruturas silábicas e textos correto e coerentes.

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Apresentada nesta quinta-feira, 6, pelo Ministério da Educação (MEC), a terceira versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê que, ao fim do 1.º ano do ensino fundamental, ou seja, aos 7 anos, as crianças saibam ler e escrever. É a primeira vez que o Brasil produz o documento - considerado essencial por educadores -, que define o que os alunos devem aprender em cada ano e etapa, da educação infantil ao 9.º ano.

O texto, que segue para análise e aprovação do Conselho Estadual de Educação (CNE), sugere que, ao fim do 1.º ano do fundamental, os alunos devem conseguir escrever "espontaneamente ou por ditado" palavras e frases "de forma alfabética", o próprio nome, os dos pais e o endereço completo, além de ler palavras e pequenos textos.

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Atualmente, como não há base nacional no Brasil, documentos como o Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e o Plano Nacional de Educação (PNE) apontam que as crianças devem estar alfabetizadas até o fim do 2.º ano do fundamental, isto é, até os 8 anos.

Segundo especialistas, as duas versões anteriores do texto já colocavam algumas habilidades que indicavam a alfabetização no 1.º ano, mas não de forma expressa. Na primeira versão, as habilidades esperadas para o aluno eram ler palavras e textos, "apoiando-se em imagens" e "segundo sua compreensão do sistema alfabético, ainda que não convencionalmente". Na segunda versão, era esperado que o aluno produzisse textos "ainda que de forma não convencional ou tendo o professor como escriba".

A consultora em educação Ilona Becskehazy avaliou como positivo colocar a alfabetização como meta para o fim do 1.º ano. "Consolida uma percepção de países que são referência em educação, de que o aluno, depois de dois anos na educação básica (desde 2016, a matrícula se tornou obrigatória para crianças de 4 e 5 anos), esteja preparado para a alfabetização", disse.

O diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos, destaca que, para alcançar o objetivo da alfabetização, o documento define habilidades esperadas para a criança ainda no ensino infantil. "É preciso potencializar a educação nessa fase."

Segundo o documento, crianças de até 5 anos e 11 meses devem saber reproduzir as próprias histórias orais e escritas, identificar gêneros textuais mais frequentes e levantar hipóteses em relação à linguagem escrita, "realizando registros de palavras e textos, por meio da escrita espontânea".

Para o ministro da Educação, Mendonça Filho, a mudança nas regras da alfabetização trará mais equidade à educação. Ele observa que, no modelo atual, crianças de classe média e alta são alfabetizadas antes do que as demais. "Com a nova diretriz, estamos assegurando o mesmo direito tanto para os que vão para as melhores escolas como para os que vão para escolas públicas."

Matemática

Em Matemática, também foram reforçados conteúdos que quase não apareceram nas versões anteriores da base. Probabilidade e Estatística, por exemplo, devem ser ensinadas desde o 1.º ano. Até os 7 anos, as crianças devem conseguir ler tabelas e gráficos de colunas simples, estimar e comparar quantidade de objetos de dois conjuntos com até 20 elementos e resolver problemas de adição e subtração de até dois algarismos.

"Foram incluídos itens que somente eram trabalhados a partir do 4.º ano. Trabalhar com estatística e contabilidade, por exemplo, ajuda muito o raciocínio lógico", diz a secretária executiva do MEC, Maria Helena Guimarães de Castro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As desigualdades na qualidade da educação começam desde cedo. No Brasil, crianças com famílias de níveis socioeconômicos mais altos têm desempenho considerado adequado desde a alfabetização. Entre aquelas com nível socioeconômico mais baixo, o percentual das que têm aprendizado considerado adequado chega a ser seis vezes menor.

Os dados são de levantamento feito pelo movimento Todos pela Educação (TPE), com base nos resultados da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) de 2014. Entre as crianças que pertencem a camadas mais pobres da população, ou seja, cuja família tem renda de até um salário mínimo (R$ 937), apenas 45,4% têm o nível adequado, estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC), em leitura, 24,9% em escrita e 14,3% em matemática.

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Entre as crianças de famílias mais ricas, com renda familiar acima de sete salários mínimos (R$ 6.559), esses percentuais aumentam: 98,3% têm nível considerado adequado em leitura; 95,4% em escrita e 85,9% em matemática.

"O que preocupa é notar que as desigualdades começam muito cedo", diz o gerente de Conteúdo do Todos pela Educação, Ricardo Falzetta. "Se tivesse um sistema funcionando muito bem, todos teriam as mesmas oportunidades, independentemente de raça, cor, religião, localidade. As condições socioeconômicas não mudam a capacidade de a criança aprender. Se tiver educação de qualidade, ela vai ter a mesma aprendizagem que qualquer outra criança".

A ANA é uma prova aplicada em todo o país para alunos do 3º ano do ensino fundamental, etapa em que se completa o ciclo de alfabetização. Pelos critérios do MEC, um desempenho adequado significa tirar pelo menos 500 pontos na prova escrita; mais de 425 em leitura; mais de 525 em matemática. No total, 2,5 milhões fizeram as provas em 2014. Desses, 1,4 milhão não tem aprendizagem adequada em matemática, 865 mil não têm em escrita e 558 mil não têm em leitura.

Esses estudantes não são capazes, por exemplo, de localizar informações em um texto ou entender a sua finalidade. Em matemática, não são capazes de comparar quantidades ou de dividir pela metade.

Alfabetização obrigatória

"Essas crianças estão avançando nas séries sem o devido desenvolvimento. O domínio da língua passa a ser cada vez mais fundamental para avançar em todas as áreas", diz Falzetta. Ele ressalta, no entanto, que não é possível desistir dessas gerações. "Não adianta dizer que a culpa é de quem não alfabetizou direito. Tem que entender que vai haver crianças em turmas heterogêneas e que é preciso ter estratégias para cada grupo".

Ele reforça que ter uma escola bem preparada, com infraestrutura básica, acervo de livros disponível e que seja usado pelos professores, uma boa formação dos professores e participação dos pais, colabora para uma educação de qualidade, não apenas nos anos iniciais, mas em toda a escolarização.

Além disso, atenção maior deve ser dada aos grupos mais vulneráveis, para que avancem juntos. Os dados mostram que as desigualdades existem entre aqueles que moram na cidade e no campo e entre as regiões do país. A diferença no percentual de crianças com alfabetização adequada entre área urbana e área rural chega a 14 pontos percentuais em leitura, 20,6 pontos em escrita e 17,5 pontos em matemática, sendo que aqueles que moram na cidade têm os melhores desempenhos.

Entre as regiões, o Norte e o Nordeste registram os menores percentuais de crianças com alfabetização adequada. A diferença dessas regiões para as de melhor desempenho – Sudeste em leitura e matemática, e Sul em escrita – chega a 32 pontos percentuais em matemática 38,6 em escrita e 23,7 em leitura.

Fundado em 2006, o movimento Todos pela Educação estabelece cinco metas para que, até 2022, o Brasil garanta a todas as crianças e jovens o direito à educação de qualidade. Entre as metas está a de ter toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos. Por lei, pelo Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado em 2014, o Brasil deve, até 2024, alfabetizar todas as crianças até o 3º ano do ensino fundamental.

O Ministério da Educação (MEC) lançou o Pacto Universitário pela Promoção do Respeito à Diversidade, da Cultura da Paz e dos Direitos Humanos na última quinta-feira (16) em parceria com o Ministério da Justiça. Durante o evento de lançamento, realizado na Assembleia Legislativa do Paraná foi formalizada a adesão de 43 instituições de ensino à iniciativa que tem como objetivo promover ações de respeito às diferenças e enfrentamento ao preconceito, à discriminação e à violência no ambiente universitário através do desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão voltadas à proteção e promoção dos direitos humanos. 

As instituições têm autonomia sobre o planejamento e desenvolvimento das ações e deverão apresentar o seu plano de trabalho dentro de um prazo de 90 dias. Além de instituições de ensino superior, também podem participar superior, organismos, associações e outras entidades da sociedade civil que pretendam exercer atividades em parceria. 

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A secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC, Ivana de Siqueira, afirma que a ideia é criar uma rede de respeito e paz nas universidades.  “A nossa expectativa é que possamos criar uma grande rede de instituições em todo o país que trabalhem com a educação em direitos humanos. É um chamamento que estamos fazendo às instituições de ensino superior para atuar na defesa dos direitos humanos” diz a secretária. 

*Com informações do MEC

Passados dois anos após a divulgação das metas para o Plano Nacional de Educação (PNE) 2014 – 2024, pouca coisa mudou. Esse foi o resultado do relatório do 1º Ciclo de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de Educação para o biênio 2014-2016. Das 20 metas previstas, nenhuma foi cumprida integralmente. Entre elas a que determina o investimento mínimo em educação.

Desde sua aprovação, o PNE foi motivo de certo otimismo para os ativistas da educação. A meta mais ousada é, sem dúvida, o investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a área até 2024. Essa também é uma das metas mais distantes depois da aprovação da PEC 55, que vai congelar os gastos primários (saúde, educação, assistência social, cultural e outros) do Governo Federal por 20 anos, fazendo com que o reajuste de cada ano aumente apenas de acordo com a inflação do ano anterior.

Algumas outras metas não cumpridas também chamam a atenção: sobre a alfabetização, o relatório diz que "o desafio brasileiro urgente e indiscutível é o de melhorar os níveis de proficiência em Leitura, Escrita e Matemática dos mais de 22% dos estudantes que, mesmo depois de três anos dedicados ao período escolar de alfabetização e letramento inicial, só desenvolveram habilidades elementares".

Já na educação profissional, a meta é triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% da expansão no segmento público. Entretanto, houve crescimento de apenas 13,9% entre 2013 e 2015.

A formação de professores também foi outro ponto que ficou pendente. A meta era criar, em até um ano, uma política nacional de formação de professores para assegurar que todos os professores da educação básica possuam curso de licenciatura de nível superior na área de conhecimento em que atuam. No entanto, no ano de 2015, esse percentual foi de 52,5% para a educação básica, 56,6% no ensino médio, 55,7% do ensino fundamental.

Junto a todas as metas inalcançadas, destaca-se no PNE 2014-2024 a ausência de metas de condições mínimas de infraestrutura das escolas dedicadas ao ensino infantil e médio, presentes no plano anterior (PNE 2001-2010), e, assim como as metas atuais, fracassadas. Outro ponto a ser ressaltado é que o processo de tramitação do PNE 2014-2024, deixou o Brasil sem plano educacional por quatro anos.

O fato de o PNE estar atrasado no cumprimento de suas metas, não quer dizer que a solução seja reduzir ou revisar as metas, mas buscar meios de acelerar e cumpri-las nos próximos anos. Se o país conseguir elevar os níveis de governança e apresentar um projeto claro, diria até que mais parecido com o das metas econômicas – que traga detalhes não só objetivos educacionais, mas estratégias e prazos para cada meta -, não faltará dinheiro para a educação, nem mesmo sob a vigência da PEC 55.

O PNE é, declaradamente, o reconhecimento da educação como um direito de cidadania. Seus objetivos e metas refletem as prioridades estabelecidas, ou seja, sua implementação exige expressivo investimento financeiro e mudanças na gestão de sistemas.

O Ministério da Educação prorrogou até 6 de março o prazo para que estados e municípios possam aderir ao programa Brasil Alfabetizado. Segundo a pasta, a ideia é atender prefeituras e estados com dificuldade de acesso à internet, além de contemplar novos gestores que assumiram as secretarias de educação este ano.

Os interessados devem enviar, para o endereço,os seguintes documentos: ofício para primeiro acesso do gestor local; ofício para alteração de gestor local; e ofício para vinculação de gestor à entidade. Até o momento, mais de 700 localidades, entre estados e municípios, já fizeram inscrição no programa.

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Este ano, o Brasil Alfabetizado vai atender 250 mil pessoas a partir de 15 anos de idade. O programa é considerado pelo governo federal como porta de acesso para a alfabetização de jovens, adultos e idosos, com atendimento prioritário a municípios que apresentam alta taxa de analfabetismo – 90% deles na Região Nordeste.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, no Brasil, 12,8 milhões de jovens e adultos com 15 anos de idade ou mais não são alfabetizados. O número representa 8% de toda a população nessa faixa etária.

O número de crianças fora das escolas ainda é um dos problemas mais graves no nosso sistema de educação. Em todo o Brasil, há 5.577.430 crianças na educação infantil, 22.756.164 estudantes no ensino fundamental e outros 6.811.005 no ensino médio.

Entretanto, ainda é preciso alcançar 600 mil crianças de 4 e 5 anos que ainda não tem atendimento escolar, número que representa 17,3% da população nesta faixa etária quando comparado os dados do IBGE e as matrículas colhidas pelo Censo Escolar em 2014. Ainda de acordo com o Indicador, os dados tornam-se mais preocupantes quando falamos dos jovens: há 1,6 milhão de jovens de 15 a 17 anos fora da escola. 

Também é preocupante a taxa de analfabetismo, que atinge 13 milhões de brasileiros ou 8,7% da população acima de 15 anos e os dados relacionado ao analfabetismo funcional - pessoas que apesar da capacidade de ler frases curtas, não desenvolvem a habilidade de interpretar textos e de fazer as operações matemáticas - que atinge 17,6% dos brasileiros.

Caros leitores, é pesaroso registrar que a Região Nordeste manteve-se com a taxa de analfabetismo funcional mais alta no País, 27,7% em 2013 e 27,1% em 2014.  A principal redução foi verificada na Região Norte, passando de 21,6% para 20,4%. Já  as Regiões Sudeste e Sul também continuam a apresentar os indicadores mais baixos, 12,7% e 13,8%, respectivamente.

No que diz pertinência ao assunto, cabe sugerir uma reflexão: o nosso PIB é maior do que o da Suíça, país com pouco mais de sete milhões de habitantes. Entretanto, não possuímos a mesma qualidade de vida dos suíços, que tem menos de 1% de analfabetos no país.

De logo, cumpre-nos salientar que países europeus possuem alto grau de alfabetização de sua população. Desta vez, citando a Irlanda, 99% da população é alfabetizada. Ainda pela Europa, a Grécia, que apesar da forte crise econômica atual, tem apenas 2,9% de analfabetos.

Voltando aos resultados  do Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf), menos de 30% da população brasileira é considerada plenamente alfabetizada e apenas 35% das pessoas com ensino médio completo podem ser consideradas plenamente alfabetizadas no Brasil e 38% da população com formação superior têm nível insuficiente em leitura e escrita.

Estamos evoluindo pouco. Faz-se estritamente necessário lembrar que, se no passado a educação condicionou a prosperidade dos países, ainda o faz no presente e fará no futuro. A educação é ainda mais importante hoje. Só e apenas ela é capaz de garantir o sucesso e desenvolvimento em um sistema marcado por incertezas e instabilidades econômicas.

Já dizia Paulo Freire, “A educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Sempre citamos a educação como principal pilar do desenvolvimento de qualquer país, e com o Brasil não é diferente.

Diante dessas afirmações, certamente, estamos muito distantes de sermos uma nação rica no mundo globalizado. O que falta ao Brasil é instituir, como prioridade, um sistema de educação eficiente, voltado para o mercado. É preciso abandonar a teoria do quadro, giz e livros e buscar diminuir o atraso que existe em relação ao uso de novas tecnologias.

O Ministério da Educação (MEC) anunciou que investirá R$ 340,2 milhões na capacitação de 310 mil alfabetizadores de todo o país até o fim deste ano. Segundo a pasta, o aperfeiçoamento de professores faz parte do novo desenho do Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), que propõe inserir os próprios alfabetizadores no grupo de orientadores de aprendizagem. “O MEC traz a ideia de aperfeiçoamento e formação entre pares, valorizando o protagonismo dos educadores que vêm se destacando na área de alfabetização”, informou.

O Pnaic visa a assegurar que todos os estudantes dos sistemas públicos de ensino estejam alfabetizados, em língua portuguesa e matemática, até o final do terceiro ano do ensino fundamental, como está previsto no Plano Nacional de Educação. Segundo o MEC, entretanto, os dados da Avaliação Nacional da Alfabetização de 2014 apontam que, em leitura, apenas 11% das crianças foram plenamente alfabetizadas na idade certa.

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O MEC informou que foi criado ainda um comitê gestor para o Pnaic, que deverá fortalecer a responsabilização das estruturas estaduais, regionais e locais de gestão na definição de metas e no acompanhamento direto das ações. O comitê será composto por um coordenador estadual, do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), um coordenador municipal, da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e coordenadores regionais e locais (um por município), para assegurar capilaridade, mobilização e controle social.

Outra novidade é que as instituições de capacitação – universidades públicas e centros de formação de docentes das redes públicas – organizarão a formação em serviço dos agentes envolvidos. Segundo o ministério, nesta nova versão, serão trabalhados projetos pedagógicos de formação em serviço, “marcados pela criatividade, a resolução de problemas, o uso de tecnologias educacionais e metodologias ativas, aproximando teoria e prática”.

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O Ministério da Educação vai realizar a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) no dia 25 de novembro em escolas brasileiras que possuam turmas regulares do 3º ano do ensino fundamental. O edital está publicado nesta segunda-feira (25) no Diário Oficial da União.

Dados da ANA realizada no ano passado comprovaram que a maioria dos estudantes do 3º ano do ensino fundamental, quando é finalizado o ciclo de alfabetização escolar, só conseguia localizar informações explícitas em textos curtos. O exame mostra ainda que 1 em cada 5 crianças só desenvolveu a habilidade de ler palavras isoladas.

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O primeiro dia das avaliações será composto por testes de leitura, com cerca de uma hora de duração, e de escrita, com extensão de 30 minutos. No segundo dia, a prova aplicada será de matemática e os alunos também terão 1 hora para completar a prova. As escolas participantes serão informadas no primeiro dia de agosto para o agendamento da ANA. Os resultados preliminares das provas poderão ser acessados por diretores escolares em maio de 2017 através do sistema do Inep. Até dezembro do próximo ano o relatório e o microdados da avaliação estarão disponíveis.

Para mais informações leia o edital do Diário Oficial da União.

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O projeto ‘Se liga na bicharada’, idealizado pela professora Nathalie Sena da Silva, da Escola Municipal Presbítero José Bezerra, no bairro da Macaxeira, Zona Norte do Recife, venceu a etapa Nordeste do 9º Prêmio Professores do Brasil. Inscrito na categoria Ciclo de Alfabetização, o projeto de Nathalie é a única iniciativa de Pernambuco que vai concorrer à premiação nacional, na próxima quinta-feira (3) de dezembro.

O Prêmio, que é realizado pelo Ministério da Educação (MEC), valoriza experiências inovadoras, desenvolvidas por professores da educação básica pública, que contribuam para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem. A etapa nacional vai premiar 30 experiências de todo o país, distribuídas em seis categorias, cada uma recebendo R$ 7 mil. Em cada categoria, deverá ser premiado um professor por região.

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A professora Nathalie Sena desenvolveu o projeto 'Se liga na bicharada' com seis estudantes que apresentavam déficit de aprendizagem e faziam parte do Se Liga, projeto de correção de fluxo e combate ao analfabetismo para alunos que não se alfabetizaram na idade correta. Alex Costa da Silva, Eduardo Ferreira da Silva, Rogério Barros da Silva Fonseca, Kevin Walker da Silva, Luiz Claudio da Silva Rodrigues e Thalita dos Santos Correia, que tinham entre 10 e 12 anos, foram orientados pela educadora a iniciar a leitura por meio de livros paradidáticos.

O projeto foi norteado a partir do livro ‘O sapo que engoliu a lua’, do escritor Celso Antunes. O grupo escreveu e ilustrou seu próprio livro, com o título ‘O sapo e a escada’. A obra foi bordada pelos alunos, com linhas, agulhas e tecidos recebidos em doações, sendo finalizada após oito meses de aulas. "O mais impressionante é que eles não sabiam ler, nem escrever. Eu percebi que eles se identificaram mais com o alfabeto de animais e surgiu o livro", afirma Nathalie.

Outra iniciativa da Rede Municipal do Recife que obteve destaque no prêmio foi o projeto ‘Tenho medo, mas dou um jeito’, desenvolvido na Creche Municipal João Eugênio, na Iputinga, vencedor da etapa estadual. Ao constatar que as crianças chegavam à unidade de ensino muito inseguras, a equipe formada pela professora Mirtes Ramos e pelos auxiliares Walter Mauro e Joanita de Paula pensou numa maneira de estimular os alunos a lidarem melhor com seus medos. "Elas tinham insegurança de ficar sozinhos nas salas e na hora de ir ao banheiro", conta Walter.

Para acabar com essa segurança, a equipe de professores começaram a contar histórias para trabalhar o tema a partir desses elementos, fazendo a ligação com o medo de escuro, de ir ao banheiro ou ficar na sala a sós. 

Com informações da assessoria de imprensa

Os dados da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), divulgados nessa quinta-feira (17) pelo Ministério da Educação, mostram que as regiões Norte e Nordeste têm os piores resultados. As áreas avaliadas foram leitura, escrita e matemática nas provas aplicadas a estudantes do 3º ano do ensino fundamental de escolas públicas.

Na escrita, a distancia é maior. Apenas 3,72% dos estudantes do Nordeste e 4,12% do Norte alcançaram o melhor nível da avaliação. No Sul e Sudeste, o registro de alunos nesse patamar foi, respectivamente, de 32,55% e 36,13%. Para a escrita alcançar o melhor nível de avaliação, os estudantes precisam ter capacidade de escrever palavras com diferentes estruturas silábicas e um texto corretamente e com coerência.

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Na avaliação de matemática, 11,76% e 13% dos alunos estiveram no patamar mais alto nas regiões Norte e Nordeste, enquanto nas regiões Sul e Sudeste 32,55% e 36,13% dos alunos alcançaram, respectivamene, esses níveis de avaliação. Esses estudantes são capazes, por exemplo, de resolver cálculos mais complexos.

A diferença entre as regiões se repete na avaliação de leitura. Enquanto 4,84% e 5,52% dos alunos do Norte e do Nordeste obtiveram o nível máximo na avaliação, nas regiões Sul e Sudeste 13,88% e 16,75% atingiram o mesmo resultado. Na leitura, entre as habilidades exigidas no nível máximo estão reconhecer referentes de pronomes possessivos e advérbios.

Segundo o ministro da Educação, Renato Janine, o único nível inadequado é o um."Os níveis dois, três e quatro são adequados. O nível um é francamente inadequado. Ele sequer lê uma palavra", informou o ministro.

O Centro-Oeste ficou com 7,49% dos estudantes no melhor patamar na avaliação de escrita, 10,47% na de leitura e 24,52% em matemática. Esta é a segunda vez que o exame é aplicado nacionalmente. Os dados da avaliação anterior foram divulgados apenas para as escolas.

O gerente de Conteúdo do movimento Todos Pela Educação, Ricardo Falzetta, acrescentou que, apesar dos números preocupantes das regiões Norte e Nordeste, quando analisados os estados é possível notar bons resultados. Em entrevista à Agência Brasil, Faizetta afirmou que a análise de cada região mostra bons caminhos no Ceará e Acre.

Estado mais rico do País, São Paulo tem 38,35% de seus alunos do 3º ano do ensino fundamental com domínio do conteúdo de Matemática abaixo do esperado. Entre os estudantes, 14,72% alcançaram baixo nível de Escrita e 11,49% de Leitura, segundo os resultados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA). O Estado obteve o segundo maior porcentual de alunos nos níveis mais altos de proficiência nas três áreas, mas, para especialistas em educação, o desempenho ainda é ruim e insatisfatório.

O porcentual de estudantes de São Paulo nos melhores níveis de proficiência ficou atrás apenas de Minas (em Leitura e Matemática) e Santa Catarina (em Escrita). Para Ilona Becskehazy, consultora em educação, os resultados desses Estados não são satisfatórios porque, além do baixo número de alunos nas faixas mais altas, as exigências desses níveis são muito pequenas. "É um escândalo que São Paulo tenha apenas 20,24% de seus alunos com o mais alto índice de proficiência em Escrita, que tem como parâmetro que o aluno saiba escrever, mas não exige que formule frases ou textos com sentido", diz. Para ela, os parâmetros estão muito abaixo dos padrões de escolas particulares e ainda mais longe de parâmetros internacionais.

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Para Maria Márcia Malavasi, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), São Paulo não tem uma política diferenciada para educação. "Apesar de ser o Estado mais rico, ainda falta alimentação adequada para os alunos e professores, os salários são baixos e não há recursos pedagógicos suficientes. É toda uma combinação de fatores que não deveria existir."

Wesley da Silva Teles, de 9 anos, está no 4º ano e diz ter pena de alguns colegas de sua sala que ainda não sabem ler e escrever. "Tenho cinco amigos que não conseguem, que têm muita dificuldade para fazer lição. Eu tento ajudar, mas é difícil para eles."

Municípios

A primeira etapa do ensino fundamental, quando ocorre a alfabetização, é em sua maioria feita pelas redes municipais de ensino. Na capital paulista, 38,99% dos alunos têm nível de proficiência em Matemática abaixo do esperado - em Escrita, o porcentual é de 15,12% e em Leitura, de 12,14%. "São as péssimas ações na educação básica, nas redes municipais e estaduais, que estão colocando nossas crianças cada vez mais em desvantagem", diz Maria Márcia. Para Ilona, não há perspectiva de mudanças no cenário da educação básica, pois a política para a formação dos professores é insuficiente. Para ela, a Base Nacional Comum, apresentada anteontem pelo Ministério da Educação, também não traz nenhum horizonte positivo.

Procuradas pela reportagem, tanto a Secretaria Estadual da Educação quanto a Secretaria Municipal de Educação destacaram que as redes avançaram no exame, na comparação com o ano anterior e ao se analisar o restante do País. A estadual destacou ainda, em nota oficial, que São Paulo dobrou seu desempenho em Escrita no nível mais alto e "conseguiu migrar os estudantes que estavam no nível 1 de ensino, o menos adequado, para os demais patamares, passando de 11,6% em 2013 para 4,95% em 2014".

A secretaria municipal ressaltou, também por nota, que neste ano "foi instituído o Núcleo de Apoio e Acompanhamento à Aprendizagem (Naapa), cujo objetivo é apoiar os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem".

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Foi pensando nas dificuldades de desenvolvimento do irmão de 25 anos, diagnosticado com síndrome de Down, que a professora Ameliara Freire criou o aplicativo Downex. A ferramenta facilita o processo de alfabetização de crianças e adolescentes com a doença, acelerando o reconhecimento de palavras e letras de maneira simples, intuitiva e, principalmente, gratuita.

“Durante a vida, meu irmão foi incluído dentro de escolas regulares, mas os professores não se preocupavam em dar tarefas para ele desempenhar a parte da alfabetização. Com essa necessidade, ele evoluiu muito socialmente, mas ficou a desejar a parte da alfabetização. A partir dessa problemática surgiu a ideia de desenvolver a ferramenta”, explica a mentora do Downex, que também é coordenadora do curso de Sistemas da Informação da Faculdade Joaquim Nabuco em Paulista.

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Ameliara levou apenas seis meses para criar o software, testar a ferramenta e disponibilizá-la na internet. A princípio, o Downex funcionava apenas em navegadores de internet, por meio de um site. Através de avaliações com pessoas que possuem a síndrome de Down, ela percebeu que a melhor saída seria disponibilizar o serviço também em smartphones e tablets.

“Muitos deles têm problema de coordenação motora e apresentam dificuldade para manusear o mouse. A partir daí, tive a ideia de transformar o programa em um aplicativo móvel, já que a tela touchscreen facilita a interação do usuário com a ferramenta”, complementa. Os testes do Downex foram feitos com integrantes da Associação Novo Rumo, localizada em Casa Amarela, na Zona Norte do Recife. A ONG fornece suporte terapêutico a pessoas com síndrome de Down desde 2006.

Os testes, segundo Ameliara, apresentaram resultados animadores. “A princípio eles sentiram dificuldade com algumas imagens que não faziam parte do cotidiano deles, como isqueiro ou avestruz, por exemplo. Mas depois de vê-las pela primeira vez no aplicativo, as crianças já chegavam falando a palavra nova aprendida. Isso significa que o app também ajuda a ensinar novos termos”, frisa a mentora do Downex.

Simples e com uma interface colorida, o Downex foi concebido com um visual específico para pessoas que possuem grande índice de dispersão. Ao abrir o programa, o usuário deve escolher uma das letras do alfabeto para, posteriormente, identificar imagens e palavras que tenham início com a letra selecionada. Além de cores, a pessoa com síndrome de Down ainda tem o recurso sonoro que identifica cada figura. Futuramente, a ferramenta deverá auxiliar também no aprendizado sobre cálculos, números, cores, tamanhos e animais.

“A proposta é fazer com que a ferramenta chegue a qualquer pessoa que tenha Down. Pra mim a tecnologia deve ser usada como um recurso para facilitar a vida de todo mundo. Fazer a ligação da tecnologia com a parte humana é primordial, só assim podemos facilitar o trabalho e atividade de qualquer ser humano”, pontua Ameliara.

O Downex pode ser acessado gratuitamente através do site www.downex.com.br ou através do aplicativo na Google Play.

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