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Um aluno de 17 anos foi apreendido, nesta sexta-feira (17), após agredir professor dentro da sala de aula. O estudante do Colégio Estadual São Geraldo, em Goianira, na Região Metropolitana de Goiânia, foi gravado por câmeras de segurança batendo no docente no dia 10 de novembro. Nas imagens é possivel ver que o profissional chegou a cair no chão depois de uma sequência de socos.

Na ocasião, o adolescente foi contido por coordenadores da instituição. Após o episódio, a unidade de ensino solicitou a transferência do estudante, que cumprirá mandado de internação provisória. Já o professor agredido, segundo a Secretaria de Educação de Goiás, está afastado das atividades escolares e passará por acompanhamento psicológico.

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As escolas são a base educacional da sociedade, desde as fases iniciais aos últimos anos do ensino médio. Além dos conteúdos concretos, as instituições de ensino básico também incentivam o pensamento crítico e a reflexão sobre a realidade.

Em alguns momentos, essa reflexão é feita por uma perspectiva religiosa, por meio da disciplina de ensino religioso.

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O tema faz parte da grade escolar da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como uma matéria facultativa, apesar de estar presente em boa parte das instituições de ensino. A forma de lecionar a disciplina pode ser feita de duas maneiras: através de um viés laico ou focado em uma única crença.

O Brasil, um país majoritariamente religioso e cristão, possui milhares de escolas confessionais, ou seja, aquelas que têm uma religião declarada e desenvolvem seus fundamentos durante suas aulas.

Segundo a Prospecta Educacional, em uma pesquisa de agosto de 2020, o país tem  mais de mil unidades escolares que são evangélicas. Já na página de associados da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC), estão presentes 901 mil escolas e 117 instituições de ensino superior católicas em 900 municípios brasileiros.

Desde 1890, o Brasil é declarado um país laico e tomou a responsabilidade de separar o Estado da religião para garantir que toda fé tenha direito de existir no país. Ao trazer o conceito religioso para dentro de salas de aulas, para crianças em diferentes fases de crescimento, um questionamento pode surgir: qual deve ser a metodologia utilizada?

Ensino religioso na história

Colonizados por um país católico, nativos e escravizados trazidos para o Brasil tiveram que enfrentar uma catequização para apresentar a religião cristã e seus fundamentos. Durante muito tempo na história do Brasil, a religião e o ensino religioso esteveram presentes com um único objetivo: catequizar e proferir ideais de uma religião específica, neste caso, a cristã.

A proposta de Estado Laico surgiu pela Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (1891), mas foi oficialmente estabelecida na Constituição Federal de 1988 que tornou o ensino religioso uma matéria facultativa nas escolas, ou seja, opcional, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

Confessional x interconfessional

O ensino confessional é voltado para os ensinamentos de uma determinada religião, realidade mais presente nas escolas particulares. Já o ensino interconfessional visa passar informações de mais de um grupo religioso, englobando maiores diferenças e crenças em seu ensino.

A LDB vigente até os dias atuais é a de 1997, que proíbe qualquer tentativa de converter estudantes dentro de sala de aula. Ela foi base para a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em que o ensino religioso aparece como uma área específica do conhecimento, com determinações de ensino e formação.

Hoje, o ensino religioso já é reconhecido como uma das cinco áreas de conhecimento do ensino fundamental de nove anos, segundo a Resolução CNE/CEB n.º 04/2010 e Resolução CNE/CEB n.º 07/2010. A disciplina, em teoria, visa transmitir a variedade de fundamentos e valores de diferentes religiões de maneira interdisciplinar e mais subjetiva que outros conteúdos.

O conteúdo segundo a teoria

A BNCC menciona que o ensino religioso tem um caráter científico e integrante das Ciências Humanas. A sua introdução no ensino fundamental I trabalha a escola como uma instituição social que mexe com a imanência e transcendência do ser humano.

“O ser humano se constrói a partir de um conjunto de relações tecidas em determinado contexto histórico-social, em um movimento ininterrupto de apropriação e produção cultural. Nesse processo, o sujeito se constitui enquanto ser de imanência (dimensão concreta, biológica) e de transcendência (dimensão subjetiva, simbólica)”, cita a BNCC.

Seguindo este pensamento, a criança começa a trabalhar e conhecer as diferentes identidades, o igual e o diferente dele. A unidade temática “Identidades e Alteridades” aparece no primeiro ao terceiro ano do fundamental e procura trabalhar as diferenças de cada pessoa, enquanto se aprende e valoriza cada uma delas.

O entendimento de símbolos, ritos, rituais, tradições, espaços e territórios sagrados é trabalhado na unidade temática “Manifestações religiosas”, no primeiro ao quarto ano e retomado no sétimo ano do fundamental. É aqui que as crenças começam a ser apresentadas com seus símbolos e significados para compreender e respeitar as várias religiões.

As “Crenças religiosas e filosofias de vida” estão presentes do quarto ao nono ano do ensino fundamental e trabalham o mito, a divindade, as doutrinas e a fé. O mito procura dar explicações para o que não se tinha explicação, e nele se encontram as divindades que juntas trabalham as doutrinas e as crenças existentes no país.

“No conjunto das crenças e doutrinas religiosas encontram-se ideias de imortalidade (ancestralidade, reencarnação, ressurreição, transmigração, entre outras), que são norteadoras do sentido da vida dos seus seguidores. Essas informações oferecem aos sujeitos referenciais tanto para a vida terrena quanto para o pós-morte, cuja finalidade é direcionar condutas individuais e sociais, por meio de códigos éticos e morais. Tais códigos, em geral, definem o que é certo ou errado, permitido ou proibido. Esses princípios éticos e morais atuam como balizadores de comportamento, tanto nos ritos como na vida social”, declara o texto da BNCC.

É assim que os alunos são apresentados à filosofia da vida e como se desenvolvem os códigos éticos de um povo, nem sempre presas a uma religião. A BNCC diz que “pessoas sem religião adotam princípios éticos e morais cuja origem decorre de fundamentos racionais, filosóficos, científicos”, que se unem à moral comum daquela sociedade.

Interessados podem conferir e ler a Base Nacional Comum Curricular referente ao ensino religioso e qual arranjo definido para as unidade temáticas e aprendizados ao longo dos nove anos de ensino fundamental clicando aqui.

O conteúdo colocado na prática

Todo conteúdo definido pela BNCC é apenas um modelo sugerido e não obrigatório. É verdade que o Brasil é um estado laico em que nenhum aluno pode sofrer proselitismo religioso, mas é difícil fugir das descendências históricas. Só no âmbito do catolicismo, existiam 2 mil escolas católicas com cerca de 2 milhões de alunos em 2018, um número que cresce cada vez mais.

A Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE-PE) declara que oferece o ensino religioso nas unidades escolares da Rede Estadual como não confessional e facultativo. Cerca de 83 professores atuam no estado lecionando a disciplina.

A SEE-PE também informou ao LeiaJá que o ensino é “baseado no respeito à diversidade cultural e religiosa do Brasil, como determina o art. 33 da LDB. As escolas são orientadas a consultar o responsável pelo estudante menor de idade, no ato de efetivação da matrícula, sobre a opção ou não pelo componente em pauta.”

A maior parte das escolas que vão além do ensino religioso e trabalham com uma educação religiosa declarada são instituições privadas e muito procuradas pelos pais.

A pedagoga Érica Viana entende que o ensino é muito polêmico por causa da diversidade étnica da população brasileira.

“O docente deve ter formação pedagógica assegurada na área de Ciências da Religião. A aula consiste em reflexões sobre os fundamentos e costumes das religiões presentes na sociedade brasileira, além de poder estender a outros territórios como religiões orientais e demais que permeiam o mundo”, defende Érica.

No entanto, a possibilidade de ensino confessional e interconfessional diferencia a abordagem de uma escola com educação religiosa e uma escola ‘laica’.

“A diferença da escola laica é que baseia-se no plano de ensino de uma corrente pedagógica. A escola confessional é uma corrente teológica, embora ambas não devem tratar da conversão de seus alunos. Os conteúdos devem explorar, de maneira interdisciplinar, com atividades de estímulo ao diálogo e respeito, e pontuar a solidariedade, amor, paciência, perdão, honestidade e justiça”, explica a pedagoga.

Érica reforça que, de modo algum, a escola pode utilizar seu papel de ensino para catequizar seus estudantes, mesmo no caso da abordagem confessional. Porém, ainda reconhece a preferência dos pais por colocar os alunos em instituições que sigam suas identidades pessoais.

“Proliferou em bairro, em escolas fundamentais, principalmente o fundamental I, que é até o quinto ano, as escolas confessionais, ou seja, que proferem uma fé. Mas termina sendo algo mais engessado que fere um pouquinho a ideia da BNCC”, afirma Viana.

“A BNCC, no fundamental II, cita o ensino religioso como uma matéria obrigatória, então ela já é mais tênue nesta questão. As escolas são mais abertas porque o Estado comporta esse nível de ensino, então elas são mais reguladas, já é mais organizado, digamos assim”, continua.

Érica finaliza seu pensamento ao citar que a responsabilidade que todas as unidades escolares precisam seguir ao ministrar o ensino religioso para seus jovens. Ir de acordo com o que é definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação e na Base Nacional Comum Curricular é de total importância pois “no mundo globalizado, se faz necessário essa abertura de entender a diversidade dos povos, de suas crenças e de sua fé.”

O ensino religioso como profissão

Wellington José da Silva é professor de ciências humanas e ministra aulas de ensino religioso há mais de 14 anos. Formado em história e pós-graduado em história da religião, o professor de 40 anos é um grande defensor da valorização do ensino religioso nas escolas.

Wellington José da Silva ministra aulas de ensino reliogoso (Foto: Mariana Ramos/LeiaJá)

“As pessoas acabam confundindo o ensino religioso com uma escola dominical, ou como se fosse uma catequese ou um crisma, né? Na verdade, as aulas de ensino religioso não trilham esses caminhos da doutrina dos ensinamentos mais específicos, mais dogmáticos, mais eclesiásticos das instituições religiosas”, relata o docente.

O professor explica que as aulas de ensino religioso são sobre a “análise do sagrado na sociedade” ao longo da história como um fenômeno social que "está presente há tempos, desde o meio paleolítico, em todas as sociedades".

“O sagrado tem uma relação intrínseca com o ser humano. Então quando a gente tá na escola e vai estudar a cultura religiosa, ensino religioso, a gente vai entender essa relação do ser humano com o sagrado na sociedade, como ele se manifesta. O sagrado é uma questão social, é uma questão que envolve uma relação do ser humano com como ele entende sua vida, como entende a pós-morte”, explica o historiador.

Ao LeiaJá, Wellington José deu maiores detalhes sobre o conteúdo que ministra em sala. Do sexto ano ao terceiro ano, o aluno experimenta o conhecimento diverso da história das religiões, seja judaísmo, islamismo, candomblé, umbanda, cristianismo, etc. São passados o surgimento de cada religião, os princípios delas, quem são seus principais líderes, como elas aparecem na sociedade, em que países predominam, entre outras informações.

“Nós vamos sempre por esse contexto histórico, social e filosófico. Nunca por um caminho doutrinário. O Colégio Maria Auxiliadora [escola em que trabalha] é uma instituição confessional, mas nós temos estudantes das mais variadas religiões possíveis, e também aqueles que não têm religião. São famílias bem plurais”, garante o professor.

Além dos valores, Wellington relembra que os conteúdos de ensino religioso também caem no vestibular. No Sistema Seriado de Avaliação (SSA) 1, 2 e 3, da Universidade de Pernambuco (UPE), há questões sobre sistema religioso, matrizes religiosas e cultura afro em Pernambuco. O Exame do Ensino Médio (Enem) também contempla o assunto desde a história antiga, idade média, a reforma e contrarreforma da idade moderna, as revoluções gloriosas.

Para ele, o ensino religioso deve estar presente em todas as escolas, como forma de conhecer e compreender a sociedade brasileira, que está tão envolvida com a religião em toda a sua história. É a partir deste conhecimento que a sociedade pode trabalhar na empatia e no respeito às diferenças culturais e religiosas.

“O ensino religioso vai, sobretudo, conduzir o estudante a entender que a religião dele não é a verdadeira, não é a mais importante, a religião dele não é que vai se sobrepor. Por isso, a disciplina de ensino religioso é muito importante no combate à descriminação religiosa, à intolerância religiosa que é muito forte no Brasil. A disciplina de ensino religioso conduz o estudante a entender que a gente vive uma pluralidade no mundo”, ressalta.

“Educação é um complexo de setores: Ciências Humanas, Linguagens, Ciências da Natureza e Ciências Exatas. A nossa disciplina também compõe um elemento, ela também compõe um currículo do conhecimento. Então, não é uma disciplina que deve ser vista com preconceito, é uma disciplina que tem que ser vista como um conteúdo essencial ao desenvolvimento humano, assim como é sociologia, história e filosofia”, assegura o docente de ensino religioso.

Instituições confessionais

Com 77 anos de casa, o Instituto Profissional Maria Auxiliadora Recife é referência em escola católica em Pernambuco. A unidade faz parte da Rede Salesiana de Escolas que possui mais de 100 unidades educativas espalhadas pelo Brasil, todas com a missão de “educar e evangelizar os jovens”.

O Instituto Profissional Maria Auxiliadora Recife possui cerca de 280 alunos, sendo duas irmãs trabalhando diretamente na casa, além dos 93 funcionários, que estão fora da missão Salesiana cristã mas ajudam na escola e são nomeados como “leigos” pela Rede, que são os professores, coordenadores, colaboradores de vários setores.

A diretora da escola Maria Auxiliadora, Irmã Robelvânia, de 54 anos, explica que o ensino religioso é “primordial na formação da pessoa” e que ele aparece nas salas de aula do instituto assim como em todas as outras escolas, por ser exigido pelo Ministério da Educação.

Além da discplina, também são apresentados diferentes projetos envolvendo a pastoral do colégio, como confissões com padre, catequese e crisma, acolhidas na capela, grupo de jovens, entre outros.

“A pastoral é a alma da nossa escola, é o que dá vida. O ensino religioso é uma disciplina que é apenas a cultura, a cultura religiosa. Mas a pastoral, o restante, é a gente que faz através de projetos. (...) Para sua vida, é esse conjunto: as disciplinas com a pastoral, a gente não pode imaginar uma escola católica, salesiana, sem essa identificação. Aí está nossa força e nossa resposta como missão”, defende a Irmã Francisca Dias, de 82 anos, apoio geral da escola.

Porém, apesar de se colocar como uma escola de ensino religioso confessional católico e com uma ligação direta com a pastoral, o colégio garante que recebe qualquer estudante de braços abertos para qualquer crença. 

A instituição salienta, ainda, que há uma variedade de credos entre seus alunos, mas que os pais sempre estão cientes que estão optando por uma escola católica.

“Nós temos uma variedade muito grande aqui de escolhas de opções formativas de vida. Como uma religião, a qual a pessoa escolhe. Então, nós não excluímos, jamais. Quando o pai procura a escola ele já vem ciente que aqui é uma escola católica e que a gente tem uma missão específica, mas que não fazemos discriminação nestas questões. Há um respeito muito grande às crenças e aos valores de outras famílias de outros tipos de crença, mas respeitam também a escolha que eles fizeram enquanto escola [católica]”, declara a diretora.

A Rede Salesiana possui mais de 100 unidades educativas e mais de 60 mil alunos. Estes números significativos apontam uma intensa procura dos pais por essa educação religiosa. As irmãs fazem parte da escola Maria Auxiliadora Recife acreditam que os responsáveis escolhem por um ensino confessional não só pelas aulas, mas também pelos valores que são ensinados no ambiente escolar.

“É comum os pais procurarem nossas escolas [Salesianas] por causa dos valores que a gente transmite, valores educativos, valores humanos, valores éticos, isso pesa muito também. A gente tem princípios, então isso também é uma busca, além dos valores cristãos”, afirma Irmã Francisca.

“Por isso, trabalhamos tanto os valores. Não adianta a gente pegar um jovem e somente passar conhecimento cognitivamente e ele se sentir a pessoa mais preparada para lidar com o mundo, mas ele ter a consciência que esse mundo passa primeiro por ele. O que a gente traz é formar um bom cristão e um honesto cidadão, que passa pelo viés desses grandes aspectos que são os valores que a gente trabalha quanto escola”, finaliza Irmã Robelvânia.

Machismo, feminismo, cultura LGBTQIA+. Esses são conceitos trabalhados durante a eletiva ‘Introdução ao Estudo de Gênero’ ofertada na Escola Estadual de Referência em Ensino Médio (EREM) Frei Caneca, localizada no município de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife. Com ementa própria, idealizada pela educadora de apoio e professora de história Myllena Lyra Valença, a eletiva traz conceitos básicos de gênero e sexualidades a serem trabalhados com os alunos do ensino médio inscritos na disciplina. No projeto, também estão as professoras Alessandra Lyra Valença, que leciona química e fora responsável pelo núcleo de estudos de gênero na instituição de ensino, e Jéssica Pereira da Silva, docente da disciplina de língua portuguesa.

“A temática é muito importante e os alunos precisam ter acesso a ela. Na eletiva, os estudantes conseguem problematizar e é possível trazer esses conteúdos para dentro da carga horária dos professores. Nesta eletiva, a gente começa com alguns conceitos básicos: patriarcado, machismo, a sigla LGBTQIA+, o que é cada uma dessas categorias. É algo muito dinâmico e a gente parte também do conhecimento que parte delas e deles [alunos]. As próximas etapas da eletiva, que provavelmente será no segundo semestre, terá feminismo negro, teoria queer e transfeminismo”, explica Myllena Lyra à reportagem.

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Educadora de apoio e professora de história Myllena Lyra Valença. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

O acesso a essas temáticas nas escolas estaduais de Pernambuco é uma premissa que existe desde o surgimento das Escolas de Referência com a implantação dos Núcleos de Gênero. Em entrevista ao LeiaJá, a coordenadora da Unidade para as Relações de Gênero e Sexualidades (UNERGS), vinculada à Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE), Aline Malta, calcula que cerca de 300 escolas da rede estadual possuem esses núcleos. Além disso, apesar do retrocesso nacional vivido nos últimos seis anos, ela ressalta que Pernambuco foi na contramão ao dar continuidade aos debates no ambiente escolar.

“A discussão acerca de gênero e sexualidades sempre existiu e vai existir. No entanto, essas questões não podem ser pautadas pelo 'achismo', é preciso ter embasamento. Muitas pessoas, para deslegitimar essa discussão, alegam que a escola não é espaço para isso e que os pais devem assumir esse debate. Entretanto, é necessário destacar que as escolas são espaços para essas discussões, as escolas são espaços para debater ciência, entre outras coisas”, frisa.

Diante desses 'achismos' e preconceitos sobre a temática, as professoras da EREM Frei Caneca apontam que poucos alunos ficaram interessados pela eletiva, que possui uma dinâmica de que, para ter acesso à disciplina, o estudante precisa realizar uma inscrição. De acordo com Alessandra Lyra, o tímido quantitativo de adolescentes que optaram pela iniciativa reflete na participação no debate em sala de aula. “É sempre o mesmo grupo que participa das discussões”, salienta.

A docente também ressalta que muitos discentes foram surpreendidos pelo formato e conteúdos da eletiva. “Muitos alunos chegaram a dizer que ficaram surpresos com a disciplina porque acharam que era uma coisa quando, na verdade, é outra. Tem também os que dizem que a eletiva está sendo a melhor e que não esperavam que a gente iria discutir esses temas de uma forma diferenciada. É nesse momento que a gente vê que, apesar da resistência, eles estão engajando os debates e espero que a repercussão seja grande ao ponto deles realmente escolherem a eletiva”.

Professora Alessandra Lyra Valença. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Questionada sobre os motivos das temáticas serem trabalhadas por meio de uma eletiva, Aline Malta afirma que conteúdos que abordam gênero e sexualidades estão previstos nas normativas educacionais do Estado em “todas as disciplinas de forma integrada, nas trilhas [em consonância ao Novo Ensino Médio] e devem estar presentes no Projeto Político Pedagógico (PPP) das escolas”.

Ademais, à reportagem, a coordenadora da UNERGS esclarece que as Gerências Regionais de Educação (GREs) trabalham por demanda, o que justifica a ausência do tema e de Núcleos de Gênero em algumas unidades de ensino de Pernambuco. “Nem todo mundo quer discutir”, expõe.

Ao LeiaJá, Aline Malta salienta que o Estado promove um debate qualificado acerca dos temas e, mais uma vez, reforça a importância da discussão no ambiente escolar. “Não há ilegalidade nas ações do Estado. Todo esse debate está previsto em Leis e normativas. Pernambuco está entre os 10 estados com o maior índice de violência, o período de pandemia colocou mulheres e crianças em situações de vulnerabilidade. Elas estavam sucintas à violência doméstica. Trabalhar gênero e sexualidade nas escolas vai muito além dos conteúdos. É nesses espaços que, muitas vezes, há essa percepção de violência, a denúncia”.

Um tabu em casa, mas um espaço de acolhimento na escola

Bia, Lara, Luana e Pilar* estão inscritas na eletiva. Em um primeiro momento, a iniciativa não foi uma escolha de Bia e Lara. “Quando eu escutei gênero, achei que tinha relação com gêneros textuais, do português, mas, eu vi que não tem nada a ver”, disse Bia.

A mesma justificativa foi dada à reportagem por Lara. “No meu primeiro contato com a eletiva, eu vi que não era o que eu pensava. Eu não escolhi a eletiva, mas estou gostando dela. Falei sobre ela para Bia, que é muito feminista, porque achei a cara dela”, disse.

Parte das estudantes ouvidas pela reportagem se autodeclaram integrantes da comunidade LGBTQIA+ e destacam que a eletiva de ‘Introdução ao estudo de gênero’, oferecida na Erem Frei Caneca, tornou-se um espaço de acolhimento e acesso à temas que, muitas vezes, não são debatidos em casa. Das quatro discentes, três alegaram que não chegaram a comentar com os pais ou responsáveis que estão inscritas na disciplina. “Não falei para minha mãe, principalmente, porque ela tem uma filha da comunidade LGBTQIA+”, lamenta uma delas.

Estudantes que participam da eletiva na Erem Frei Caneca. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Se em casa o tema é encarado como tabu, na sala de aula, as adolescentes vivenciam um espaço de acolhimento. Já para as professoras, a eletiva também é um sinônimo de troca. “A gente também aprende com eles [estudantes], é uma troca. Muitas vezes, eu levo para a sala de aula um determinado conceito, mas, a partir das colocações deles, o debate toma outro direcionamento. Uma vez, Bia* trouxe um depoimento bem forte que norteou as discussões daquele dia da eletiva”, relembra Jéssica Pereira da Silva.

Professora Jéssica Pereira da Silva. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Após a fala da professora, Bia* relatou que desde cedo sentiu o peso do machismo e da violência doméstica. À reportagem, ela comentou que, durante a infância, foi abusada sexualmente pelo primo e também foi vítima de comentários machistas por parte do pai. ''Ele queria que eu cuidasse da minha avó, que é a mãe dele. Eu tinha 10 anos na época e ele nunca teve essa responsabilidade porque dizia que mulher dele e as filhas tinham que fazer tudo para ele, ser submissa. Falei umas coisas para ele e, a partir daquele momento, passei a morar com a minha mãe". 

A adolescente conta ainda que, ao expor os episódios durante a eletiva, sentiu-se aliviada e percebeu também que não estava sozinha. "Quando eu relatei isso, percebi que outras colegas passaram por algo semelhante. Percebi que não estava sozinha". Atualmente, Bia* mora apenas com a irmã.

Mudança na comunidade escolar

Os debates promovidos na eletiva vão além da sala de aula. De acordo com Myllena Lyra, os efeitos desses dois meses da disciplina na Erem Frei Caneca refletem também na comunidade escolar como um todo. "É muito interessante que essas questões ultrapassam a sala de aula e chegam a todos os cantos da escola. Hoje, a gente já vê uma mudança de comportamento dos alunos, como também de professores. Muitos alunos da eletiva já promovem um diálogo, uma orientação quando percebem um discurso machista, homofóbico. Os professores estão revendo os discursos e posturas".

Atividade desenvolvida na eletiva leva a comunidade escolar a perceber o machismo na publicidade. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Ainda longe de ser o ideal, Myllena observa que debater gênero e sexualidades nas escolas não pode, por exemplo, ficar restrito à eletiva ou determinada disciplina. "Há tantas maneiras de se trabalhar o tema de forma transversal. Em matemática, a gente pode questionar os papéis de gênero. Por que Maria sempre está cozinhando, com uma boneca ou no supermercado e Joãozinho está jogando bola ou com bolas de gude?"

Apesar disso, para as estudantes, a eletiva é comemorada. "Se eu não tivesse essa eletiva, teria que buscar coisas na internet. Para mim, foi uma surpresa vê gênero e sexualidades em uma escola, principalmente, se tratando de uma escola pública. Eu acho importante e quero continuar nela", diz Luana.

*os nomes utilizados na matéria não são os reais para preservar as identidades das adolescentes entrevistadas.

No dia 20 de maio, das 8h às 12h, estudantes que estão se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e Sistema Seriado de Avaliação (SSA), vestibular promovido pela Universidade de Pernambuco (UPE), poderão sanar dúvidas e revisar conteúdos de biologia, matemática, história, química e redação de uma forma diferente. Com vagas limitadas, o aulão será no Cinépolis do Shopping Guararapes, localizado em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife.

De acordo com o professor Francisco Coutinho, organizador da iniciativa, a capacidade do espaço é para 450 pessoas e os ingressos custam R$ 45, para o público geral, e R$ 30 para estudantes oriundos de escola pública e estão à venda no cinema. Os valores, ainda segundo o docente, dão direito ao combo: ingresso, pipoca e refrigerante. Além disso, os estudantes presentes no aulão, que contará com presença dos professores Victor Caldas (matemática), Carrasco (bilogia), Diego de La Viega (história), Eduardo Pereira (redação) e Francisco Coutinho (química), poderão participar de sorteios de bolsas de estudos.

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O vídeo de um aluno discutindo com o professor na Escola Estadual Carlos Alberto de Oliveira, em Assis, município do interior de São Paulo, viralizou nesta segunda-feira (10). As cenas mostram o adolescente de 15 anos puxando a cadeira do docente e o intimidando enquanto outros estudantes riam na sala de aula. 

Nas imagens, ainda é possível ver o jovem apontando o dedo e chutando a mesa na qual estava o notebook do professor, que caiu logo em seguida. A discussão foi cessada quando uma funcionária do colégio interferiu e tirou o aluno da sala. A gravação foi registrada por outros discentes que estavam presentes. 

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Por meio de nota, a Secretaria de Educação de São Paulo (Seduc-SP), contou ao R7 que o conflito foi mediado pela direção escola, através de uma reunião com o aluno, os responsáveis e o professor. O comunicado também informou que será oferecido atendimento psicológico aos envolvidos, e o estudante, que está suspenso, deverá acompanhar as aulas de forma virtual até o final da semana.  

 

Uma professora de redação do Colégio Sagrada Família, localizado em Ponta Grossa, no Paraná, foi filmada fazendo saudação nazista para os alunos em sala de aula. No vídeo, que circula nas redes sociais, a docente aparece usando a bandeira do Brasil e bottons com imagens e frases do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A ação da mulher, que pode ser enquadrada como crime de apologia ao Nazismo, de acordo com a Lei 7.716/1989, acorreu no último sábado (8). Nas imagens, é possível peceber que alguns alunos soltam sorrisos enquanto a professora faz a saudação. 

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O LeiaJá entrou em contato com o Colégio Sagrada Família, no entanto, até a finalização do texto, a instituição não deu retorno. O espaço segue aberto. 

Depois de dois anos e quatro meses, o uso de máscara como medida de prevenção contra a covid-19 deixou de ser obrigatório na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A medida passou a vigorar ontem (20). 

De acordo com a coordenadora-geral da universidade, a infectologista Maria Luiza Moretti, o uso do equipamento de proteção passou a ser facultativo nos ambientes internos dos campi e dos colégios técnicos, como salas de aula e setores administrativos. A coordenadora alerta, no entanto, que a obrigatoriedade será mantida para toda a área da saúde – caso de hospitais, ambulatórios, consultórios e postos de saúde.

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A Unicamp continua recomendando o uso da proteção, especialmente para aqueles com 60 anos ou mais, portadores de comorbidades, imunossuprimidos e/ou que estejam apresentando sintomas respiratórios. 

Atualização de dados

A Coordenadoria Geral da Unicamp vai iniciar uma campanha para que servidores e estudantes façam a atualização dos dados referentes às doses de reforço nos cadastros internos da universidade.

Segundo Maria Luiza, a Unicamp conta com mais de 90% de vacinados com as duas doses iniciais. O índice, entretanto, é menor quando se trata da terceira ou quarta doses.

“Pode até ser que as pessoas tenham tomado as doses de reforço, mas não atualizaram os cadastros internos. Por isso, é importante que façam essa atualização. E, se alguém ainda não tomou a dose de reforço, é importante que tome”, adverte.

Para fazer a atualização dos dados, os servidores devem procurar o site da Diretoria Geral de Recursos Humanos – e buscar a aba “Vida Funcional Online”. Para os estudantes, basta acessar a página da Diretoria Acadêmica.

Até o momento, cerca de 70% dos servidores informaram ter tomado as doses de reforço. Entre os estudantes, esse índice cai para perto de 35%.

A decisão de suspender a obrigatoriedade do uso de máscara veio depois da queda consistente no número de casos de covid-19 e mortes provocadas pela doença verificada em todo o estado de São Paulo. 

Na última quinta-feira (11), uma professora do Colégio Municipal Castro Alves, na cidade de Posse, em Goiás, foi gravada pelos alunos ao apresentar um discurso homofóbico em sala de aula. No vídeo, é possível ver a Maria Elizete expondo sua opinião para os estudantes acerca do relacionamento homoafetivo.

“Qual a opinião de um homem ficar com homem e mulher ficar com mulher? Qual o problema? “, questiona. “Todos os problemas. Porque o homem foi feito para a mulher e a mulher para o homem.” A educadora ainda acrescenta que relação homossexual é impura. A atitude gerou revolta entre os estudantes, que saíram da sala rebatendo as críticas preconceituosas da professora.

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No domingo (14), a Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Posse (SEMEC) publicou uma nota de esclarecimento em sua rede social. No comunicado, a pasta afirma que tomou conhecimento do caso no dia 12 de agosto e que já se iniciou uma averiguação. Confira a nota:

Em relação ao caso na qual uma servidora do quadro de funcionários da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Posse-GO aparece em vídeo gravado pelos alunos do Colégio Municipal Castro Alves emitindo julgamento moral quanto à orientação sexual durante aula no dia 11 de agosto de 2022 esclarecemos que: O caso, que chegou ao nosso conhecimento no dia 12 de agosto de 2022 está sendo averiguado.

Foi realizada reunião pela direção do colégio na qual participaram a professora, pais e alunos que acompanhados de seus responsáveis legais foram ouvidos. A Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Posse aguarda a ata da reunião para dar andamento às providências cabíveis para resolução do caso de forma imparcial, garantindo a isonomia, preservando a lisura dos procedimentos e o respeito às legislações vigentes.

A Secretaria Municipal de Educação e Cultura não compactua com quaisquer manifestações de preconceito ou discriminação decorrente da orientação sexual, raça, credo, origem étnica, posicionamento político ou grupo social. A SEMEC adotará todas as medidas cabíveis para apurar os fatos e reforçará por meio de suas políticas pedagógicas um programa de combate ao preconceito, à homofobia e outras formas de discriminação.

A escola é o espaço da ética, justiça, dignidade, respeito, responsabilidade, amizade, honestidade, solidariedade, autodisciplina, amor, confiança, compreensão, paz e fraternidade. As atitudes isoladas de um profissional não devem desabonar o trabalho da equipe do Colégio Municipal Castro Alves.

O caso seguirá sendo tratado no âmbito administrativo e as repostas serão fornecidas em tempo para que sejam respeitados os trâmites necessários. A SEMEC se coloca à disposição frente às instituições da esfera jurídica colaborando com as autoridades, caso necessário.” 

​Um aluno do ensino médio de uma escola particular de Brasília exibiu uma bandeira com suástica na sala de aula, após pegar o pendrive que o professor de geografia havia esquecido. O estudante, de 16 anos, também realizou saudação nazista e o momento foi registrado e compartilhado nas redes sociais.

De acordo com o colégio, localizado na região da Octogonal, na capital federal, o adolescente foi suspenso por fazer apologia ao nazismo, o que qualifica crime na lei 7.716/1989. O caso ocorreu na última quinta-feira (31).

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Por meio de nota, a instituição de ensino afirma que a bandeira projetada é de um movimento separatista do Sul do país. O material seria usado na aula de geografia sobre "movimentos nacionalistas em todos os países do mundo". No comunicado, a escola também aponta que o conteúdo foi exibido "sem a autorização do professor e fora do contexto pedagógico".

Uma professora mexicana tem recebido elogios por dirigir duas hora por dia para visitar crianças não têm acesso a livros ou à internet para que estudantes não fiquem para trás. Identificada apenas como Nay, a professora do ensino fundamental atua em educação inclusiva.

De acordo com o Daily Mail, a professora Nay trabalha em turmas de ensino fundamental em Apaseo el Alto, Guanajuato. Com a atitude, ela pretende ajudar seus alunos autistas em trabalhos escolares durante a pandemia para que assim as crianças não sejam prejudicadas quanto ao aprendizado.

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O feito repercutiu no Twitter, após uma mãe de um aluno postar uma foto em que mostra a professora usando máscara, na parte traseira da caminhonete vermelha, sentada com um aluno em uma mesinha, assim como em uma sala de aula. “No México, as aulas foram canceladas por causa da pandemia. Esta professora transformou sua caminhonete em uma sala de aula portátil”, disse usuária em uma postagem.

A publicação ganhou mais de 215 mil curtidas e mais de 56 mil retuítes e comentários. A postagem até recebeu um retuíte da celebridade Kim Kardashian, que comentou com um emoji de coração. Ainda na publicação, outras pessoas comentam sobre a professora ser corajosa e pediram valorização dos profissionais da educação. “Os professores merecem ser pagos mais do que são pagos! [...] É desprezível o que os professores recebem, a menos, é claro, que dêem aulas em escolas particulares”, tuitou uma internauta. 

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Em resposta aos elogios, Nay explicou que naquele dia em específico estava avaliando 'para saber realmente como essa pandemia estava afetando o aprendizado [dos alunos], já que eles são os mais vulneráveis', disse em postagem na conta do Twitter. A professora ainda conta que gostaria de 'saber como eles se sentem [...] porque isso não tem sido fácil para ninguém', completou, segundo informações do Daily Mail.

A professora também relata que manteve todas as medidas de segurança. Além da máscara, Nay realizou limpeza na mesa e nos objetos. A educadora pediu que outros profissionais de educação façam algum esforço extra para ajudar estudantes nesse período em que passamos.

A pandemia de Covid-19 trouxe a necessidade de fechar as escolas, suspendendo as aulas presenciais e depois implementando o ensino remoto para não aumentar as taxas de contágio. Com o passar do tempo e o início da reabertura de alguns setores da economia, muitas pessoas começam a se questionar como e quando será a vez do retorno às salas de aula.

O LeiaJá ouviu o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco (Sinepe-PE), José Ricardo Dias Diniz, para entender como se dará esse processo nas escolas privadas. O retorno das atividades presenciais, cuja data depende da determinação dos órgãos de educação e saúde, segundo José Ricardo, ainda não tem uma previsão, apenas expectativas. No entanto, ele conta que as escolas já estão se preparando estruturalmente para receber os alunos quando esse momento chegar. 

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“As escolas vêm se preparando com muito afinco, porque a gente sabe que esse retorno vai ser gradativo, não vai ser de uma vez só, e por isso mesmo vamos ter um período de esquema híbrido. Claro que fará isso sabendo a necessidade de seguir estritamente os protocolos, as regras de segurança. Também observará as experiências de outros países que também já recomeçaram as atividades escolares presenciais”, contou o presidente do Sinepe.

No que diz respeito às normas de segurança para evitar o contágio, José Ricardo explica que o sindicato elaborou uma série de orientações que as escolas devem adotar para garantir a segurança de alunos, professores e funcionários. 

“Nosso sindicato publicou um e-book [livro digital] com orientações diversas sobre como receber os alunos, como preparar o espaço escolar, as questões de sinalizações na escola, EPI’s, álcool gel, termômetro na entrada, distanciamento na sala de aula, todos esses aspectos, além dos pedagógicos também, que estão sendo preparados pelas escolas, cada uma dentro da sua peculiaridade, da realidade de sua comunidade escolar”, disse o presidente do sindicato.

No tocante às mensalidades das instituições de ensino, elas devem permanecer inalteradas pois, de acordo com José Ricardo, as escolas terão custos adicionais se preparando para receber os alunos com segurança, na oferta do ensino híbrido e também na reposição de aulas.

“Nós continuamos com as mesmas folhas, vamos ter agora um custo maior. Temos reposições a fazer, então pelo contrário, a mensalidade se mantém normalmente, regularmente. O que está previsto no contrato foi assinado por ocasião da matrícula para 2020. O custo nosso já contando com o investimento para o retorno e com o ensino híbrido vai trazer gasto, um maior custo para a escola”, afirmou o presidente do Sinepe.

Sobre as provas e outras formas de avaliação dos estudantes, José Ricardo conta que há uma divergência de orientações entre os conselhos estadual e nacional de educação a respeito da possibilidade de realização das mesmas durante a pandemia. “O Conselho Estadual de Educação colocou que as avaliações formais deverão ser feitas no presencial. Mas o nacional abriu a possibilidade. As escolas estão fazendo algumas avaliações, mas aguardando um pronunciamento mais específico do conselho nacional. As escolas que estão fazendo vão ter isso documentado e no momento propício vão apresentar diante dos órgãos competentes para buscar a validação dessas atividades”, disse ele.

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O novo ministro da Educação nomeado nesta quinta-feira (25), Carlos Alberto Decotelli, declarou em entrevista ao jornal O Globo que diferentemente de seus antecessores Ricardo Vélez e Abraham Weintraub, não pretende fazer uma gestão pautada em discussões de cunho ideológico na pasta da educação. 

“Eu sou uma pessoa que sou professor da FGV há muito tempo e a minha questão é o trabalho. Eu não tenho nem preparação para fazer discussão ideológica. Vou conversar, dialogar. Minha visão é transformar o ambiente da política educacional em ambiente de sala de aula, e na sala de aula conversamos. A minha função é técnica”, afirmou o novo ministro.

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Militar da reserva da marinha, ex-presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com formação na área econômica, Decotelli comentou outros assuntos como a pretensão de tocar adiante temas como a continuidade do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) como uma de suas prioridades no ministério. 

“São três as prioridades: a primeira é ampliar o diálogo e interlocução para que haja divulgação correta em relação às políticas do MEC; atualizar o cronograma dos compromissos que estão estabelecidos; as ponderações em relação ao novo Fundeb; as políticas envolvendo a covid-19  e a parte de biossegurança. Queremos fazer um trabalho de gestão interna integradora, com diálogo mais forte entre FNDE e a Capes, e a estrutura operacional que é a estrutura estratégica no gabinete. A preocupação com a biossegurança para reativação das aulas e o Fundeb (são as principais questões)”, disse o novo comandante do MEC. 

No que diz respeito ao combate à Covid-19, Carlos Alberto Decotelli destaca o desejo de se aproximar do Conselho de Secretários de Educação (Consed) para discutir e viabilizar o retorno dos estudantes às aulas presenciais junto aos secretários estaduais de educação. 

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O Diretório Acadêmico de Direito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) divulgou na manhã desta terça-feira (9) uma nota de repúdio contra suposta ação machista de um docente dentro de sala de aula. Segundo a nota, o professor, que não teve identidade revelada, teria falado que "mulher reclamava demais" e expressado que se uma das estudantes fosse esposa dele levaria uma surra “com uma toalha molhada, para não deixar marcas”.

O DA afirma que as declarações foram proferidas após o professor, que ministrava uma aula em uma turma do oitavo período, receber reclamações por decidir mudar a ordem da chamada. “Sem esperar pela manifestação discordante da sua fala, o professor deu início a um discurso abusivo e humilhante, que foi piorando em uma curva decrescente”, diz o pronunciamento.

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A nota garante que a situação narrada é comum na Faculdade de Direito do Recife e que “com certeza, todas as alunas possuem uma história de assédio dos professores para contar”. Por meio de nota, A pró-reitoria de assuntos acadêmicos da UFPE informou que os alunos devem formalizar em protocolo na reitoria a denúncia sobre os supostos atos machistas. Confira nota completa:

"A Pró-Reitoria para Assuntos Acadêmicos (Proacad) da UFPE informa que os alunos devem formalizar, no protocolo da Reitoria, a denúncia sobre supostos atos machistas na Faculdade de Direito do Recife, publicada na rede social Facebook. A Proacad destaca que é preciso, ao oficializar o pedido de apuração, apontar o responsável ou responsáveis pelos atos, a fim de que seja aberto um processo de sindicância. Por fim, a pró-reitoria reafirma a posição da UFPE de repúdio e combate a qualquer atitude discriminatória e de desrespeito na instituição."

Confira denúncia dos alunos completa:

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A UNINASSAU – Centro Universitário Mauricio de Nassau Recife e o Centro de Inovação Overdrives em parceria com a Ensinar Tecnologia promovem nesta quinta-feira (27), o “Microsoft Inspira“. O objetivo é impulsionar o aprendizado dos alunos e tornar a sala de aula em um ambiente disruptivo. O evento acontece das 8h às 11h e 14h às 17h no auditório da Overdrives.

O Microsoft Inspira é um evento voltado para professores e diretores que querem conhecer e se aperfeiçoar em paradigmas de ensino modernos. O programa MIE (Microsoft Innovative Educator) busca formar profissionais inovadores que impactam disruptivamente as suas salas de aula, utilizando das tecnologias de ponta da Microsoft, como Minecraft, STEM e Microsoft Teams, a sala de aula digital da Microsoft.

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De acordo com o diretor de Inovação da Overdrives, Luiz Gomes, a atividade é importante para os professores e profissionais da área de educação abrirem seus horizontes a respeito da tecnologia na educação. “Na oportunidade será apresentado as melhores formas de aperfeiçoamento na área da educação. A intenção é provocar uma ruptura com os padrões, modelos ou tecnologias já estabelecidas no mercado, ser inovador em sala de aula, assim, nossos estudantes irão ser estimulados constantemente a inovar”, explica.

Os interessados devem se inscrever pela internet. A Overdrives está localizada na Av. Guararapes, 283 - Centro, Recife.

Por assessoria 

Um vídeo divulgado na última terça-feira (18), mostra o professor de língua portuguesa Thiago Santos Conceição, de 31 anos, sendo agredido por alunos em sala de aula enquanto tentava aplicar uma prova para uma turma do 9º ano. As filmagens foram feitas no Centro Integrado de Educação Pública (Ciep) Mestre Marçal, no município de Rio das Ostras, Rio de Janeiro.

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Thiago começou a lecionar no Ciep em fevereiro e conta que a escola vive uma rotina de agressões que vão desde insultos verbais até agressões físicas. “Eram constantes as agressões, mas a gente sempre acha que vai resolver com diálogo. (...) Eu tenho medo porque eu já vi ataques. [Perguntavam] se eu não tinha medo de amanhecer morto, que era para eu tomar cuidado para não ser atropelado, para eu tomar cuidado para não ir à escola de carro porque o pneu poderia aparecer furado. Então são diversos ataques que eu venho sofrendo”, afirmou em entrevista ao portal de notícias G1.

Após o episódio, o educador decidiu pedir afastamento de suas atividades alegando que não tem condições de voltar a dar aula para os estudantes. Thiago, que estudou em escola pública durante toda sua vida acadêmica, afirma que teme voltar para sala de aula. “Eu desejo continuar com a minha profissão, mas temo pela minha vida”, destacou emocionado.

Em nota, a Prefeitura de Rio das Ostras, informa que “os alunos envolvidos foram suspensos e que estuda tomar outras medidas socioeducativas”. Ainda de acordo com o órgão, “o professor vai receber suporte jurídico e psicológico e que vai ampliar o apoio aos educadores do município”.

A volta às aulas na França depois das férias de verão foi marcada, nesta segunda-feira (3), pela proibição do uso de aparelhos eletrônicos no ensino obrigatório, uma medida que deflagrou um amplo debate social.

A nova lei proíbe o uso de qualquer aparelho conectado (celular, tablet, relógio) nas escolas de Ensino Básico e nos "collèges", ou seja, até os 14-15 anos. Já os liceus (até os 18 anos) terão a possibilidade de aplicar a medida total, ou parcialmente.

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Esta prática já havia sido adotada por muitos centros, mas agora a lei se aplicará a todos os estabelecimentos.

Adotada no final de julho, a nova lei é uma promessa eleitoral do presidente Emmanuel Macron.

Os defensores da norma alegam que o uso do telefone celular prejudica a capacidade de atenção em classe, o ambiente escolar e reduz a atividade física nos pátios, além de servir para expor os menores a conteúdos violentos, ou pornográficos.

É uma lei "de entrada no século XXI", que envia uma "mensagem para a sociedade francesa" e também para o exterior, com "outros países interessados", disse o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer.

Quase nove em cada dez jovens de 12 a 17 anos (86%) têm celular na França.

Os críticos da medida denunciaram uma "operação de comunicação" e uma "lei de circunstâncias" que "não mudará nada". Também ressaltam a falta de recursos para sua aplicação, já que o governo aconselha, por exemplo, guardar os celulares em armários com chave, mas algumas escolas não têm.

A lei também permite que o aparelho seja apreendido, algo que os professores não tinham o direito de fazer até agora.

"É um bom sinal: na escola, se você estuda, não está com os telefones", disse à AFP Marie-Coline Madeleine, de 41 anos.

Sua filha, que começa este ano o Ensino Médio, deixará o celular na mochila.

"Com os adolescentes é difícil. Não controlamos o que veem (...) Minha filha já sabe que os eletrônicos podem ser apenas em pequenas doses", acrescentou Marie-Coline.

Vários alunos interrogados em um colégio de Paris disseram que manterão seus aparelhos desligados durante o dia, mas que continuarão com eles para se comunicar com os pais quando as aulas terminarem.

Mais de 12 milhões de alunos voltaram das férias nesta segunda-feira na França.

burs-lv-adp-lp/cac/app/zm/tt

Apesar de proibido na maior parte das salas de aula do país, o uso do celular em atividades pedagógicas cresce ano a ano. Mais da metade dos professores dizem que utilizam o celular para desenvolver atividades com os alunos, que podem ser desde pesquisas durante as aulas, até o atendimento aos estudantes fora da escola. O uso não se restringe aos docentes: mais da metade dos estudantes afirmam que utilizaram o celular, a pedido dos professores, para fazer atividades escolares.

A Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas Escolas Brasileiras (TIC Educação 2017), divulgada esta semana, mostra que o percentual de professores que utilizam o celular para desenvolver atividades com os alunos passou de 39% em 2015 para 56% em 2017. O aumento aconteceu tanto nas escolas públicas, onde o percentual passou de 36% para 53%, quanto nas particulares, crescendo de 46% para 69%.

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Entre os alunos, o uso também aumentou. Em 2016, quando a pergunta foi feita pela primeira vez, 52% disseram já ter usado o aparelho para atividades escolares, a pedido dos professores. No ano passado, esse índice passou para 54%. Entre os alunos de escolas particulares, o percentual se manteve em 60%. Entre os das escolas públicas, aumentou de 51% para 53%.

Segundo a coordenadora da pesquisa, Daniela Costa, diante da falta de infraestrutura, sobretudo nas escolas públicas, o celular tem sido um importante instrumento de acesso à internet. Os dados mostram que 18% dos alunos usuários de internet utilizam apenas o celular para acessar a rede nas escolas urbanas - nas escolas públicas, esse índice é 22%, enquanto nas particulares, 2%. Metade dos estudantes de escolas particulares disse ter acesso à internet na escola. Entre os estudantes de escolas públicas, esse percentual é 37%.

“Mais de 90% das escolas proíbem o uso de celular na sala de aula. Mas, ainda assim, como a internet muitas vezes não funciona, sobretudo nas escolas públicas, utiliza-se o celular”, afirma Daniela. “Quando pensamos em crianças e adolescentes que fazem a tarefa só com celular, isso é complicado. Aqueles que têm acesso a mais dispositivos possivelmente têm mais oportunidade de conhecimento e aprendizagem”.

De acordo ainda com a pesquisa, 48% dos professores deram aulas expositivas com o auxílio de tecnologias e 48% solicitaram a realização de trabalhos por esses meios. Outros 40% solicitaram exercícios e 40%, trabalhos em grupos pela internet.   

Nas escolas rurais, a situação é mais complicada - 36% disseram ter acesso à internet e 48% afirmaram que não há infraestrutura para acesso na região onde a escola está localizada. Em relação ao celular, 48% das escolas usam celulares em atividades administrativas, como acessar programas de gestão escolar ou mesmo para se comunicar com a Secretaria de Educação local, sendo que 42% desses aparelhos são pessoais e não custeados pelas escolas.

Na sala de aula

No Centro de Ensino Médio 01 do Paranoá, escola pública do Distrito Federal, os alunos não têm acesso à internet na sala de aula e, de acordo com a orientadora educacional Keila Isabel Ribeiro, a escola segue a Lei Distrital 4131/2008, que proíbe o uso de celulares em sala tanto em escolas públicas quanto em escolas particulares.

“A escola não oferece internet para os alunos. Tem laboratório, mas é pequeno, não atende nem à metade de um turma nossa, que tem de 45 a 47 alunos. O laboratório acaba sendo usado pelo aluno que precisa fazer alguma pesquisa no turno contrário ao das aulas e para fazer provas de dependência”, diz.

Keila observa que o celular é proibido na sala de aula, mas que cada professor tem autonomia. "Alguns são mais benevolentes, permitem o uso desde que não estejam dando aula, por exemplo. E tem aqueles com tolerância zero". .

A professora de redação Veronica Araujo Leal, do Colégio Madre Carmen Salles, escola privada de Brasília, defende que a internet ajuda no aprendizado, mas é preciso ter alguns cuidados. “A gente leva à risca a proibição de uso de celular em sala de aula. Eu mesma, no entanto, abro um parêntese para fazer pesquisa. Eu aviso aos alunos para trazer os aparelhos e delimito um tempo para fazer pesquisa sobre determinada temática”.

O uso, segundo Veronica, é monitorado. “Eles são jovens, adolescentes, não podemos dar autonomia, deixá-los livres, porque ao mesmo tempo em que estão pesquisando, estão conversando na internet. Tem que verificar, passar entre as carteiras, é preciso estar atento”.

Pesquisa

A pesquisa foi feita pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

A coleta de dados em escolas localizadas em áreas urbanas ocorreu entre os meses de agosto e dezembro de 2017. Foram entrevistados presencialmente 957 diretores; 909 coordenadores pedagógicos; 1.810 professores de língua portuguesa, de matemática e que lecionam múltiplas disciplinas (anos iniciais do ensino fundamental); 10.866 alunos de 5º e 9º ano do ensino fundamental e 2º ano do ensino médio.

A partir de 2017, a pesquisa TIC Educação passou a coletar dados relativos a escolas localizadas em áreas rurais. Foram entrevistados pelo telefone e presencialmente 1.481 diretores ou responsáveis pela escola.

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Os legisladores franceses decidiram em assembleia realizada nesta semana que os estudantes com menos de 15 anos terão que deixar seus smartphones e dispositivos inteligentes em casa ou desligados quando estiverem na escola, a partir de setembro.

As escolas secundárias francesas poderão decidir se implementam ou não a proibição. A medida inclui tablets, computadores e outros dispositivos conectados à internet também. A nova lei faz exceções para estudantes com deficiência, durante atividades extracurriculares e para uso pedagógico dos aparelhos.

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A medida foi uma promessa de campanha do presidente francês Emmanuel Macron. "Compromisso realizado", escreveu, em seu perfil. A proibição de smartphones, bem como outros tipos de dispositivos conectados à internet, aplica-se a crianças entre 3 e 15 anos de idade.

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Valiosos mestres, responsáveis por nos guiar da nostalgia escolar aos braços da universidade. Com horas de trabalho quase que intermináveis, extraem o melhor dos livros e compartilham conosco todo o aprendizado na esperança de que sejamos grandes profissionais e integrantes de uma sociedade menos desigual e com mais educação. Na empreitada de quem teve a oportunidade de estudar desde o ensino básico ao ensino superior, eles sempre serão primordiais. Salve os professores! No entanto, os salvem também de tantos problemas.

Nesta sexta-feira (28), o LeiaJa.com publica a série de reportagens “Profissão professor: desafios dos educadores brasileiros”, que mostra em detalhes os desafios, virtudes e problemas de uma das categorias mais importantes para a formação educacional e social dos brasileiros. Mesmo tão importantes para as escolas e universidades, os docentes ainda amargam dificuldades em um país que sofre com uma educação ferida, mas que ainda é, sem rodeios, a principal ferramenta de ascensão social.

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Baixos salários que resultam em jovens cada vez mais distantes da formação docente no ensino superior. Educadores marcados por uma remuneração que, em muitos momentos, não chega nem perto do seu real valor profissional. Violência, falta de estrutura principalmente nas escolas públicas. Escassos investimentos nas universidades. É longa a lista de problemas que marcam os professores brasileiros.

Problemas esses, no entanto, que não ofuscam o brilho de muitos mestres. Seja no empreendedorismo, no esforço dobrado da docência e pesquisa, ou na missão honrosa de quem abre mão de dinheiro por uma sociedade mais justa graças à educação, professores do Brasil inteiro superam as mazelas com muito raça para levar o melhor do aprendizado aos seus alunos.

Na nossa série “Profissão professor: desafios dos educadores brasileiros”, sete reportagens multimídia abordam a rotina de docentes brasileiros e suas relações com os estudantes. Apesar de não ser valorizada como verdadeiramente merecia, a carreira docente ainda representa uma ponte firme e forte entre a escola e a tão sonhada chegada à universidade. O LeiaJa.com convida os nossos leitores a analisarem o universo profissional dos professores do Brasil e compreenderem de que forma é possível reverter um quadro ainda muito distante do ideal. Confira, a seguir, um resumo das matérias e os links que direcionam para os textos multimídia na íntegra: 

Primeira reportagem: Baixa procura por licenciaturas exige sérias medidas –Diante de um cenário repleto de problemas como baixos salários e desvalorização profissional, os cursos de licenciatura sentem, cada vez mais, a baixa procura dos estudantes brasileiros. Nas universidades, os poucos jovens que resolvem iniciar uma graduação para ser professores acabam desistindo da carreira. Especialistas chegam a cogitar que há o risco de colapso de educadores no futuro. Acompanhe os detalhes da problemática na reportagem, assim como ações que podem mudar esse panorama.

Segunda reportagem: Remuneração adequada do professor ainda é desafio diário – É praticamente unanimidade. Nos protestos dos professores realizados Brasil afora, a pauta salarial sempre tem força, guiando as reclamações da categoria e travando as negociações com os gestores nos âmbitos municipais, estudais e federais. O problema, inclusive, tem relação direta com os investimentos que o Brasil faz em educação. Investimentos esses muito aquém dos aplicados nos países desenvolvidos. Confira os detalhes na reportagem. 

Terceira reportagem: Professores por vocação – Mais que voluntários, realizadores de sonhos. As dificuldades salariais de muitos professores não encobrem a vontade de quem entende que a educação é fundamental o fim da desigualdade social no Brasil. Nesta reportagem, contamos histórias de professores que dedicam-se ao voluntariado na esperança de ver seus alunos, muitos deles pobres e à margem de uma educação igualitária, ostentando um diploma de nível superior. Um cursinho para pessoas transexuais. Um preparatório para jovens pobres. Duas inciativas que somam milhões de sonhos.  

Quarta reportagem: Professor empreendedor, entre a sala de aula e o negócio – Nesta matéria, mostramos com a visão empreendedora dos professores resultam em que a educação é a alma do negócio. Detalhamos o mercado de preparatórios para as principais universidades do Brasil, em que há docentes que, além de dedicarem suas horas de trabalho às salas de aulas, se lançam em meio às contas e funções administrativas para manterem seus empreendimentos de pé diante de um cenário cercado por concorrentes. No final de tudo, a aprovação no ensino superior vira sinônimo de lucro.

Quinta reportagem: Professores encaram desafios e cobrança no ensino superior - Além dos ambientes escolares e preparatórios para cursos superiores, o ambiente acadêmico é desafiador para os educadores brasileiros. Na universidade pública, a rotina da sala de aula divide espaço com o universo da pesquisa científica. As faculdades privadas também exigem docentes com experiência de sala, mas não abre mão das habilidades aprendidas no mercado de trabalho. Saiba mais na reportagem. 

Sexta reportagem: Aprendendo a ensinar a distância, o desafio do professor. O espaço físico de uma escola ou universidade não é mais o intocável local de aprendizado. O ensino a distância é mais que uma realidade no Brasil e, consequentemente, passou a exigir dos docentes uma nova forma de compartilhar conteúdo. A relação da tecnologia EAD com o mercado profissional dos professores você vê em detalhes nesta matéria. 

Sétima reportagem: Da escola à universidade: análises sobre o futuro docente – O que podemos esperar das novas formas de aprendizado? Como será a relação dos professores com as novas ferramentas tecnológicas? E o estudante universitário, de maneira vai encarar a graduação e o mercado de trabalho? As respostas para essas e outras perguntas integram as análises de especialistas em educação entrevistados nesta reportagem. Eles traçam as tendências que configuram o que deve ser o professor do futuro, tanto no âmbito universitário quanto no escolar.

Reforçamos o convite, caro leitor! Acompanhe a nossa série e compartilhe. Nossos professores não podem ser esquecidos. Não existe profissional sem o trabalho do professor. Boa leitura!

Expediente da série:

Reportagens: Nathan Santos; Eduarda Esteves e Marília Parente.

Edição de textos: Nathan Santos

Repórteres fotográficos: Chico Peixoto, Rafael Bandeira e Júlio Gomes. 

Edição de vídeos: Danilo Campello 

Artes e pós-produção: Raphael Sagatio 

Era véspera de uma prova importante. Para muitos jovens, contudo, bem mais do que uma grande avaliação educacional, o exame representava a ponte mais firme no caminho entre a escola e a universidade. Todos sonhavam com as notas que os credenciariam ao ensino superior, porém, tão grande quanto os sonhos era a concorrência. Requisitado desde o ensino fundamental para ajudar os amigos de classe com os “assuntos difíceis”, Celso Lucas Gomes da Silva carregou, até o ensino médio, o costume de compartilhar o que sabia com os amigos que apresentavam dúvidas. E nos dias que antecediam a tal prova - o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) -, o garoto não deixou de lado os companheiros de sala: prontificou-se a estudar junto com eles, afinal, ensinar era o seu dom, mérito que ostenta com orgulho.

Biologia e química eram as especialidades de Celso. Porém, suas notas nas demais disciplinas também os honraram como um estudante dedicado, apaixonado pelos livros e admirador dos seus mestres. Os professores os inspiravam. Eram, para Celso, motivos de orgulho. Ele preservou o que gostava de fazer, de forma espontânea, movido pela educação. Dias antes do Enem, em 2016, não hesitou em ensinar a um colega. “Um amigo tinha dificuldades em química, praticamente não teve a base da disciplina e queria cursar a graduação de bioquímica. Ou seja, Natureza tinha um peso grande. Por isso, revisei durante um mês todo o conteúdo com ele. Quando ele foi fazer o Enem, conseguiu acertar mais questões do que eu. Fiquei muito feliz, me marcou bastante, essa história me deu a certeza de que eu deveria ensinar”, relembra Celso com largo sorriso.

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A relação de Celso com a educação reservou novos capítulos para o jovem. E nas suas veias, corre o sangue de uma educadora. Professora, a mãe do rapaz era a responsável por uma sala de aula inclusiva, em uma escola da rede municipal de ensino de Olinda, na Região Metropolitana do Recife. Quando sua mãe enfrentou um problema de saúde, o jovem recebeu a missão de continuar as aulas e conhecer de perto a rotina de alunos diagnosticados com autismo, dislexia e Síndrome de Down. Durante seis meses, o aprendizado foi mútuo; Celso compreendeu o poder inclusivo da educação e reforçou seu desejo de compartilhar conhecimento. Ele sabia que deveria tornar-se professor. “Percebi que dar aulas não era algo irritante, sabe? Os alunos me perguntavam e eu tinha prazer em repetir até eles compreenderem. Enquanto eu dava aula, me sentia incrível. Me sentia um agente modificador que estava contribuindo para as pessoas”, descreve Celso.   

Momento importante, muitas vezes que determina o futuro profissional dos jovens brasileiros, o fim do ensino médio para Celso foi marcado por um embate. Apesar do dom de ensinar e do amor pelo trabalho de professor, comentários negativos a respeito da carreira docente, oriundos em várias ocasiões de parentes próximos, criaram barreiras para ele escolher de vez a licenciatura como formação. “Ouvia: ‘tão estudioso para ser professor’”, recorda. As críticas, no entanto, não surtiram efeito. Inspirado por uma professora de biologia, ele resistiu, sustentou a vontade de ensinar e ser, como o próprio Celso classifica, um agente transformador da sociedade. “Tinha uma professora no ensino médio chamada Patrícia que mostrou como dar aula a partir de práticas pedagógicas inovadoras. Fazia muitos trabalhos interativos com os alunos, todo semestre ela dava os assuntos de forma lúdica. Ela provava que ensino não pode ser engessado, apenas no quadro”, conta.

Celso foi aprovado no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) em 2016. No ano seguinte, iniciou sua vida educacional no ensino superior, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Hoje, aos 19 anos, o jovem natural de um bairro periférico da cidade de Olinda e que sempre estudou em escolas públicas, faz o terceiro período de licenciatura em biologia. Continua fortalecendo seu desejo de chegar em uma sala de aula e disseminar educação entre seus alunos, com o discurso de que a figura do professor, apesar de tantos problemas, segue sendo fundamental para a sociedade brasileira. Ao recordar da aprovação no Sisu, que teoricamente deveria ser motivo de comemoração para toda a família e amigos, Celso revela mais uma crítica que ouviu de um parente: “Se você tivesse estudado mais teria passado em um curso melhor”. “Ele (o parente) sempre soube que eu queria ser professor, mas não aceitava, justamente pelo estereótipo de que professor não ganha bem e que não é valorizado”, relata Celso.

Celso no Campus Recife da UFRPE - Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens   

“Eu sei que ser professor no Brasil é terrível quando falamos das condições horríveis de trabalho, de desvalorização, de baixos salários. O Brasil ainda precariza muito o professor como profissional, enquanto em outros países é um trabalho muito mais valorizado. Até existem professores que não indicam aos seus próprios alunos de ensino médio a carreira de licenciatura, por causa de todos esses problemas. Mas, quando eu fui acompanhando as fases escolares, vi que gostava muito de ensinar, de ajudar os amigos. Sempre tive vontade de ajudar a sociedade, de fazer o bem para todo mundo, desde o fundamental até o ensino médio. E sempre reparei que professor tinha muito disso, de ajudar os estudantes”, finaliza o jovem Celso.

Agora, nos corredores da universidade, o jovem pernambucano busca retribuir toda inspiração que o fez escolher a docência. Celso faz do ensino superior uma valiosa oportunidade de enriquecer sua formação educacional e principalmente de fortalecer seu desejo de compartilhar saberes, não de maneira autoritária, mas disposto a receber de seus futuros alunos conhecimentos e vivências sociais. Para Celso, hoje a relação entre professor e aluno é uma troca. Segundo ele, não há mais espaço para que o docente seja o único dono da verdade. Celso diz, contudo, que apesar dessa troca, a figura do professor ainda precisa ser a de um mestre que contribuirá para todo o cidadão que almeja chegar à universidade e tornar-se um profissional qualificado. Por isso, o jovem repete, incansavelmente, que a educação carece de valorização, tanto do poder público quanto da própria população.

Celso é exceção. O desejo de tornar-se professor é cada vez mais escasso entre os jovens brasileiros. Diante de um cenário desmotivador, em que baixos salários, cargas excessivas de trabalho, violência nas salas de aula e falta de investimentos públicos assola a educação brasileira, poucos jovens almejam ingressar na carreira docente. Um recorte do Ministério da Educação (MEC) aponta que apenas 2% dos estudantes que saem do ensino médio escolhem a docência. 

Outro levantamento também expressa como a carreira de professor sofre com desistências. De acordo com um estudo do Movimento Todos pela Educação, que teve como base dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a cada 100 jovens que ingressam em licenciaturas ou cursos de pedagogia, somente 51 concluem as graduações. Além disso, o levantamento identificou que entre esses alunos que terminam os cursos, apenas 27 demonstram interesse em seguir na profissão de educador.

Nada promissores, os números sobre os cursos de licenciatura preocupam especialistas em educação e escancaram a necessidade de investimentos na carreira docente por parte do poder público. Enquanto não houver valorização da profissão, principalmente no quesito salarial, o quadro tenderá a ser crítico. Nos últimos anos, os índices decadentes reiteram que estudantes brasileiros estão evitando a formação docente na hora de se inscrever para as seleções de universidades públicas e privadas. De acordo com uma preocupante pesquisa do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), entre 2010 e 2016, a quantidade de alunos que entraram em cursos de licenciatura caiu 10%. O levantamento ainda aponta que só 39,5% dos formados em licenciatura continuaram trabalhando na área.  

Ainda sobre a queda na procura por licenciaturas, o MEC detalhou, a pedido do LeiaJa.com, os números das últimas edições de inscrições em formações de professor por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Assim como em outros levantamentos, o resultado não é positivo. Segundo balanço do Ministério da Educação, entre as edições 2015 e 2018 do Sisu, houve uma queda de quase 27% no quantitativo de inscritos em licenciaturas.

Como pesquisas apontam, começar um curso superior para ser professor não implica que o universitário continuará na graduação até o fim. Em outro levantamento a partir de um estudo do Inep realizado em 2015, o Movimento Todos pela Educação concluiu que nas licenciaturas, entre os que concluem as formações, um grande percentual de formados desiste da docência mesmo com o diploma na mão. Em biologia, química e física, por exemplo, os percentuais de desistência são 49,9%, 54,5% e 60%, respectivamente.

Apesar das dores da formação e dos empecilhos do mercado de trabalho docente, Berg Figueiredo, 30 anos, persistiu. Natural de Olinda, ele escolheu a carreira de professor, mas sente os efeitos de uma profissão que para render uma remuneração digna, exige uma carga horária extenuante. Berg prestou vestibular em 2006 e, no ano seguinte, entrou na universidade. “Rolou a química com a química”, brinca.

Já são dez anos na carreira de professor. Berg relembra que dos 40 alunos que ingressaram na sua turma de licenciatura, na UFRPE, apenas quatro concluíram a graduação. “Muitos desistiram principalmente por acharem que a profissão não traria dinheiro e muito menos valorização. Trocaram de curso! O próprio povo brasileiro ainda tem essa imagem ruim do professor, porque ainda existem inúmeros problemas que afetam a profissão”, conta. “E das pessoas que se formaram, além de mim, praticamente ninguém seguiu na profissão”, complementa. 

De acordo com Berg, as experiências em sala de aula ainda no período da graduação o fizeram continuar na carreira. Durante seis meses, participou de um projeto pré-vestibular e ajudou dezenas de alunos na preparação rumo à aprovação para o ensino superior. “Foi um contato marcante. Seis alunos foram aprovados para o ensino superior e percebi que tive minha contribuição na realização desse sonho. Revivi o momento da minha aprovação no vestibular, que é um sentimento mágico”, recorda o professor de química.

Durante os mais de dez anos como professor, Berg se dividiu em dar aulas em escolas privadas, pré-vestibulares e no próprio curso preparatório em que é sócio. “A motivação para continuar vem do meu amor pela educação. Amo estar em uma sala de aula. Quando um professor entra em uma turma, ele se depara com sonhos, histórias de vidas e uma meta em comum: chegar à universidade. Hoje, considero que o professor é um formador de opinião e principalmente é um realizador de sonhos”, descreve Berg. Ele trabalha em todos os turnos de segunda até sexta-feira, em, pelo menos, quatro cidades da Região Metropolitana do Recife e em municípios do interior de Pernambuco. Nos finais de semana, ainda se dedica a aulas-extras, eventos pedagógicos, entre outras atividades. “Não é fácil. A gente cansa. Não me sinto frustrado como professor, mas ainda falta muita coisa para valorizarmos a profissão. Falta respeito ao nosso trabalho”, desabafa o professor de química. 

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Diogo Xavier, 29 anos, também seguiu a profissão. Morador de Paulista, na Região Metropolitana do Recife, o docente da área de letras tem cerca dez anos como educador e reconhece os problemas enfrentados na carreira. Na sua rotina, longas jornadas de trabalho, mas há também a certeza de que a educação é uma ferramenta transformadora. De acordo com Xavier, ajudar seus mais de 600 alunos de ensino médio a chegar à universidade faz com que ele supere todos os empecilhos da profissão.

“Hoje a gente fica muito feliz quando há o reconhecimento do aluno. Certo dia um ex-estudante me parou e agradeceu pelas aulas que teve. Hoje esse aluno comemora a aprovação”, comenta o professor de letras. Sobre os desafios e problemas da profissão, Diogo detalha, no áudio a seguir, sua opinião:

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Na visão dos especialistas, um cenário que pede socorro

Para o diretor executivo do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior, Rodrigo Capelato, a baixa procura pela profissão de professor entre os jovens brasileiros se justifica além da questão salarial. Capelato não é nada otimista diante das pesquisas sobre a educação e traça um panorama que, na prática, não deve apresentar melhoras em um curto prazo.

“O grande problema é que a profissão é extremamente desvalorizada na sociedade atual, não só por uma questão salarial, mas além disso, somado a esse salário baixo, você tem uma precariedade muito forte nas condições de trabalho. Uma pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostrou que o Brasil está no topo do ranking da violência nas escolas”, argumenta o diretor executivo.

“Segundo a pesquisa da OCDE, 12,5% dos nossos professores disseram que foram agredidos ou intimidados pelo menos uma vez por semana na sala de aula, enquanto que a média internacional foi de 3,4%. A mesma pesquisa colocou que um em cada dez professores no Brasil acredita que a profissão é valorizada, ao mesmo tempo em que a média internacional é de três em cada dez professores. O levantamento foi feito com mais de 100 mil professores e diretores escolares”, acrescenta Capelato.

O diretor executivo do Semesp também explica a baixa procura pelas licenciaturas e a desvalorização da docência a partir da falta de condições adequadas de trabalho. “Você tem uma quantidade insuficiente de professores. Uma situação complicadíssima, porque é preciso que o próprio professor reponha as aulas ou porque os alunos estão totalmente dispersos. Faltam inspetores, auxiliares e apoio para esses professores. Os espaços físicos estão sucateados nas escolas públicas e ainda há insegurança grande no entorno das escolas. O docente acaba sendo o centro de todos esses problemas”, diz o diretor.

Segundo Rodrigo Capelato, a falta de investimentos adequados na educação brasileira também é um sério problema. Reforçando um cenário futuro nada promissor para os professores, o diretor também critica veemente a descontinuidade dos projetos educacionais. “Na pesquisa ‘Um novo olhar sobre a educação’, da OCDE, o investimento por aluno da educação básica no Brasil é de 3.800 dólares por ano, enquanto que a média dos 35 países que participaram do estudo foi de 10.500 dólares por aluno. Você não vê uma política de longo prazo para a educação pública, visando 30, 50 anos. Tive a oportunidade de visitar a Coreia do Sul e lá eles pensam um planejamento anos a frente. Isso nada mais é do que uma política de estado, que não importa quem está governando. É importante entendermos que o governo quando começa a investir em educação não vai colher os frutos nesse mesmo governo”, opina Capelato.

Ainda de acordo com diretor do Semesp, outra questão preocupante é a própria formação dos professores. “Hoje, o processo de educação está vivendo uma inovação muito forte, seja na sua concepção ou nas suas metodologias de ensino. No caso do Brasil, não há essa percepção na formação dos professores, a gente continua com os mesmos currículos, as mesmas formações de décadas atrás. Os programas de formação de professores também estão muito defasados”, acredita o diretor.

Em sua projeção, Rodrigo Capelato prevê um contexto extremamente preocupante. “Infelizmente, os dados não são animadores. As sondagens que a gente tem feito recentemente são de queda na procura por licenciaturas nas universidades públicas e privadas em 2017 e 2018. A impressão que tenho é que só vai mudar quando a gente entrar em um colapso, quando não teremos mais professor de física, matemática, história... Só assim a profissão vai começar a ter uma valorização, porque vai custar caro você contratar professor. Não vejo, a curto prazo, nenhuma mudança nesse cenário”, finaliza.

       

A gerente de projetos do Movimento Todos Pela Educação, Caroline Tavares, também acredita que em um determinando momento haverá falta de professores. Ela ressalta que esse colapso deverá acontecer com disciplinas específicas da área de Natureza, como química, física e biologia. “Já existem estudos que dizem que em dez anos vamos sentir essa falta”, comenta. Sobre a ideia de que a carreira docente é desvalorizada, Caroline acredita que uma cultura social, instaurada no Brasil, explica essa percepção, mesmo existindo exemplos de professores com bons salários, como os educadores donos de cursos preparatórios.

“Tem um problema cultural, que a gente precisa enfrentar quando pensamos em valorização profissional do professor. Ele ainda é visto como coitadinho, que ganha salários ruins. Em alguns casos isso ainda é verdade. Há um senso comum que ser professor você vai se dedicar a uma carreira onde você vai ser mal valorizado, mal remunerado e com péssimas condições de trabalho”, explica a gerente.

Caroline argumenta, contudo, que o Brasil tem um número significativo de professores. “Existem muitos professores no Brasil, é muito fácil você conhecer alguém na sua família que seja professor. Durante muitos anos, essa pessoa foi mal remunerada e, além disso, as condições de trabalho nas escolas ainda não são as melhores. Essa imagem é que propaga nacionalmente. Professor deveria estar recebendo bem mais do que ele recebe”, pontua. “Nos últimos estudos, o Brasil investe menos em educação na comparação com os países que são considerados referência em educação”, acrescenta, ao justificar a desvalorização da categoria.

No ano passado, Caroline iniciou um projeto no Todos Pela Educação que busca despertar nos jovens brasileiros o desejo de seguir a carreira de professor. Um dos pontos principais é fomentar a valorização da profissão e reunir estudantes altamente qualificados, tais como os que apresentam desempenhos elevados no Enem. Entre os pilares do projeto estão atratividade, ações de valorização e justamente a busca por jovens capacitados. “Queremos que os professores sejam bem mais capacitados. É preciso mexer na carreia, oferecer melhores salários e melhores condições de trabalho. O jovem brasileiro precisa entender que o ser professor requer enfrentar desafios. É, de fato, uma profissão muito desafiadora, porque você é o responsável pelo aprendizado e pelo futuro das gerações”, reforça a gerente.

De acordo com a doutora em educação e coordenadora da Pró-Reitoria para Assuntos Acadêmicos (Proacad) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Eleta Freire, a desvalorização dos professores no Brasil é clara. Uma das críticas dela refere-se à problemática da ausência de formação continuada, seja ainda no período da graduação em licenciatura ou após essa etapa. A doutora alerta a necessidade urgente dos docentes investirem em qualificação contínua, algo que pode fomentar melhores salários e melhores condições de ensino. 

“Acho que a gente pode fazer uma análise ampliada. A própria profissão docente precisa ser mais valorizada. Não só com formação inicial, mas formação continuada. Precisaria de um salário que não te obrigasse trabalhar dois, três horários. Temos professores da educação básica que para garantir uma renda que propicie uma vida não tão precária, ele vai ter que trabalhar manhã, tarde e noite. É uma carga de trabalho muito grande e na relação carga versus salário, não é das condições mais atrativas”, analisa a doutora em educação.

Eleta Freire indica ações que podem ajudar a valorizar a carreira de professor - Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Para ela, existe um aspecto fundamental que precisa ser carregado por todos os professores: a identidade docente. Segundo a doutora, essa característica não é tida apenas como um dom; é também um fator que se adquire durante a graduação e formação continuada, desembocando no que se entende por profissionalismo docente. “A identidade docente ajuda muito. Se constrói no processo de formação inicial e continuada. Para além dos bancos da escola, está no olhar sobre a docência. Formação em termos de investimento em mim. É uma profissionalidade que se constrói no exercício da profissão, que vai construindo o gosto pela docência”, opina Eleta.

A doutora salienta ainda que as formações superiores para professor precisam de uma reformulação. Assim como as características sociais mudaram ao longo do tempo, a maneira como se ensina nas escolas também precisa acompanhar a forma como os novos costumes sociais se intensificam. “A formação precisa ser dinâmica. A sociedade não parou há um século, as mudanças são rápidas, as crianças de hoje não são as crianças de anos atrás. Se como docente eu não for me atualizando, se como formação os cursos não vão se atualizando, a tendência é que o curso forme para uma sociedade que não existe mais. Eles precisam estar se reinventando a todo tempo”, alerta. No áudio a seguir, a doutora em educação ainda traz uma reflexão sobre o histórico das licenciaturas:

Para Eleta, hoje os professores enfrentam sérios desafios, mas ela acredita que os principais são as barreiras que dificultam a formação continuada e as mudanças sociais que impactam a rotina dos estudantes. “Como desafio é a própria dinâmica social que a gente vive hoje. O estudante de hoje não é o estudante de 20 anos atrás. Ele pensava muito antes de enfrentar o professor. Ele tem elementos negativos quando há violência física e verbal, e isso tem desestimulado muito gente. Muitos professores ficam sem ação e de mãos atadas. Mas tem um enfrentamento que eu acho que é bom, porque há 60 anos o aluno era totalmente dependente do que o professor transmitia. Hoje tem um professor que não pode se imaginar como alguém que sabe tudo. Ele não pode imaginar o aluno como alguém que não sabe nada. O estudante está na sala e ao mesmo tempo está conectado com o mundo”, argumenta. 

“A formação tem que ser uma constante, continuada e para sempre. É um desafio, porque se você pensar um professor que precisa trabalhar três horários, em que momento ele pesquisa, planeja, ele estuda? É o que acontece com a maioria. Que professor pode trabalhar um horário só? É uma minoria”, finaliza a doutora em educação.

O discurso da representação e o argumento governamental 

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, não economiza críticas contra a maneira como o professor é tratado no país. Para o representante da categoria, um conjunto de fatores explica o pouco interesse dos jovens brasileiros pela profissão e os problemas que prejudicam as condições de trabalho dos educadores. 

“São diversas ações que motivam essa falta de busca pela profissão. A violência no espaço escolar, o desrespeito com a carreira do professor. Nós trabalhamos com alguns indicadores de valorização profissional e todos estão afetados e prejudicam a procura da juventude. Falta política de formação continuada e o Estado deixa a cada profissional a responsabilidade, não investe em qualificações. As condições de trabalho também se tornam um problema extremamente sério, tem escola que você chega e não consegue ter um ambiente do trabalho”, frisa Araújo, além de reforçar o problema da questão salarial como um fator desmotivador entre os jovens.

De acordo com o presidente da CNTE, a administração das escolas públicas também afeta os profissionais da educação. Ele argumenta que muitos gestores são escolhidos por motivação política e não conhecimento na área pedagógica. “A gestão que se diz democrática nos afeta. Você tem uma lei que diz que tem uma gestão democrática e uma participação social na gestão das escolas, e o que você tem são gestores por indicação política. Ninguém quer passar por uma situação dessa, além de salários baixos, ainda passa por situações humilhantes”, opina o presidente. O representante da categoria ainda expõe sua visão social sobre a desvalorização do professor. “É uma questão social muito forte, vinculada com a concentração de renda brutal que existe no Brasil, de terra e dos meios de comunicação. Essa parcela rica não tem interesse na distribuição de renda no país. São gargalos que desprestigiam uma profissão tão importante, já que a educação não é valorizada e isso, consequentemente, afeta o professor”.

O presidente da CNTE acredita, contudo, que a população também precisa agir em prol dos educadores. “É preciso mobilização social. Todo mundo tem a clareza de que a educação é essencial. Este ano é de eleição, a gente precisa ouvir as propostas. Falta ter vergonha na cara de quem é eleito para prometer e cumprir. A educação de qualidade é um direito que está sendo negado à população. A mobilização é essencial para a gente ter acesso à educação e valorização dos trabalhadores de educação”, crava.

O LeiaJa.com procurou uma fonte do Ministério da Educação que pudesse responder acerca dos principais problemas que afetam os professores brasileiros. O órgão, por meio da sua assessoria de imprensa, preferiu não se posicionar. Por outro lado, a pasta indicou apenas a possibilidade de apuração junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que se resumiu em abordar os programas governamentais de formação docente. Confira a nota que detalha esses programas:

Com a finalidade de contribuir para o aperfeiçoamento da formação de professores nos cursos de licenciatura, a Capes lançou em março do corrente exercício os editais do Programa de Residência Pedagógica e do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid). Tais programas têm como premissas básicas o entendimento de que a formação de professores nos cursos de licenciatura deve assegurar aos seus egressos, habilidades e competências que lhes permitam realizar um ensino de qualidade nas escolas de educação básica. Sabe-se que essas habilidades e competências estão relacionadas, entre outros aspectos, ao conhecimento do conteúdo e de práticas pedagógicas em sala de aula e à preparação psicológica para atuação e abordagem das diferentes situações pedagógicas e relações do cotidiano escolar.

No entanto, observa-se que o distanciamento do discente de licenciatura, e até mesmo de seus formadores, do ambiente escolar afeta a qualidade da formação de professores no País. Essa é uma realidade que precisa ser mudada com urgência. O Programa de Residência Pedagógica e o Pibid são ações da Política Nacional de Formação de Formação de Professores para induzir e acelerar tal mudança.

O Programa de Residência Pedagógica tem por objetivo induzir o aperfeiçoamento do estágio curricular supervisionado nos cursos de licenciatura, por meio de imersão do licenciando que esteja na segunda metade do curso, numa escola de educação básica. A imersão deve contemplar, entre outras ações, regência de sala aula e intervenção pedagógica, acompanhada por um professor da escola com experiência na área de ensino do licenciando e orientação do docente da IES.

O Pibid, por sua vez, busca promover a iniciação do licenciando no ambiente escolar na primeira metade do curso, visando estimular, já no início do seu percurso formativo, a observação e a reflexão sobre a prática profissional docente no cotidiano das escolas públicas de educação básica e no contexto em que elas estão inseridas. No Pibid, os licenciandos também serão acompanhados por um professor da escola e por um docente da IES.

Ambos programas serão desenvolvidos em regime de colaboração com as redes de ensino. Assim, as IES devem organizar seus projetos institucionais em estreita articulação com a proposta pedagógica das redes de ensino que sediarão os subprojetos.

As IES serão selecionadas por meio de edital, que tem entre seus objetivos, ampliar o número de discentes de licenciatura atendidos; aprimorar os mecanismos de indução, incluindo critérios com vista à institucionalização das iniciativas de melhoria da formação prática dos licenciandos, valorização de seus formadores, a interiorização da oferta de bolsas; e, uma articulação mais efetiva com as redes de ensino.

Ainda no âmbito da Política Nacional de Formação de Professores, o Edital de articulação de ofertas do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) é uma das ações do Ministério da Educação para oferecer aos professores que atuam fora de suas áreas de formação, conforme Índice de Formação Docente (Censo da Educação Básica 2017), oportunidade de obterem a formação adequada, e consequentemente, melhorar sua ação docente.

O Sistema UAB completou, em 2016, 10 anos de existência. O programa, instituído pelo Decreto n.º 5.800, de 8 de junho de 2006, visa à expansão e à interiorização da oferta de cursos e programas de educação superior no país por meio da modalidade EaD (uso de tecnologias de comunicação e Informação no processo de ensino-aprendizagem) com intuito de democratizar o acesso a população com difícil acesso a este nível de ensino (Art. 1º). Tal expansão se dá articulados a dois objetivos estratégicos para o estado brasileiro:  minimizar o déficit de docentes, ampliando o quantitativo de profissionais docentes com formação em nível superior e ampliar a política de formação em nível de pós-graduação de docente que atuam na rede básica de ensino, oportunizando principalmente para municípios e estados que carecem de ações que ofereçam cursos de pós-graduação aos professores de sua rede de ensino.

As vagas que serão ofertadas nos programas – com início previsto para agosto deste ano - Residência Pedagógica, Pibid e UAD são apresentadas a seguir:

Pibid: 45 mil vagas

Residência Pedagógica: 45 mil vagas

UAB: 250 mil vagas

No caso dos programas Pibid e Residência Pedagógica o quantitativo de vagas corresponde ao número de bolsas que serão ofertadas aos licenciandos. Somando-se os dois editais, alcança-se o montante de 90 mil bolsas, número superior ao que era ofertado pelo Pibid implementado com o Edital 2013.

Três décadas de sala de aula

O professor André Luiz Vitorino de Souza, 49, vibra diante dos estudantes. Reitera o discurso em tom de conselho de que uma aula é como um prato de comida para quem sofre de fome. É uma maneira que ele encontrou de ilustrar para seus alunos a importância que o trabalho de um educador tem. No currículo, André coleciona passagens pelos principais colégios privados de Pernambuco, além de integrar o corpo docente das escolas estaduais.

André ama a sala de aula. Revela que o coração acelera a cada oportunidade de lecionar a biologia diante do alunato dos dez colégios onde ele trabalha. Segundo o educador, a vontade de se tornar professor se deu pela necessidade do Brasil melhorar a educação nacional, que para André é desvalorizada e desprezada pelos governantes. “Qual é a do país da gente? É não ter uma grande educação, porque se a gente tiver uma educação de qualidade, vamos mudar de categoria, iríamos sair de um país de terceiro mundo e brigaríamos com os países que tem saúde, educação de qualidade”, sustenta o docente, destacando que o problema é ainda mais sério nas escolas públicas.

De acordo com o professor, mesmo com todas as dificuldades que afetam a profissão, ele continua a carreira pelo propósito de oferecer aos estudantes uma oportunidade de ascensão social e profissional por meio da educação. André também frisa a importância de proporcionar aos alunos a chance de chegar ao ensino superior. “A universidade abre as portas e nos traz uma nova forma de pensar o mundo. Chegar à faculdade é o sonho da maioria dos jovens e o professor é um elo para a realização desse sonho”, comenta. 

O saudosismo de André ao se referir à profissão de professor não esconde, porém, sua indignação pela forma como a carreira docente é tratada no Brasil. Ele revela que sua maior frustração é a maneira como a figura do professor é vista no país; André arrisca, inclusive, que a profissão pode acabar. “Eu diria que é uma profissão em extinção. Você vê que os cursos de licenciatura a cada semestre têm menos procura, por causa da falta de reconhecimento financeiro. O professor forma todas as outras profissões e, entre elas, somos os que ganhamos menos. A única mágoa que eu tenho é que ganho menos do que eu merecia ganhar. Mas como amo muito o que faço e tenho muito tempo de estrada, acabo amenizando essa questão financeira, mas para um professor que está começando, a situação é difícil e atrapalha a continuação na carreira”, desabafa André Luiz.

“O que me motiva muito é colocar o aluno na universidade. É uma sensação indescritível, você vê um menino ou uma menina que saiu do zero chegando no ensino superior. É como se a gente, professor, estivesse passando no vestibular também. Quando chegamos na universidade, as portas se abrem, não só as do mercado de trabalho, mas também as das relações interpessoais, vamos conhecendo mais gente diferente da gente”, complementa o professor.

Ainda sobre a profissão, o professor de biologia ressalta um aspecto importante. De acordo com ele, na maioria das escolas onde trabalhou, ele teve uma relação respeitável com os alunos. Por outro lado, André confessa que alguns episódios são difíceis de enfrentar. “É difícil porque a gente tem que saber falar com o aluno, não podemos constranger o estudante, mas a aula tem que seguir mesmo quando ele está trabalhando, por exemplo. Noto hoje que o aluno está muito detentor de um poder de agredir a relação. Ou você tem muito tato, ou vai perder o controle. Graças a Deus não passei por situações muito graves, mas tenho conhecimento de colegas que passaram por sérios episódios”, conta. 

André encara 80 aulas por semana, entre escolas e cursos pré-vestibulares. Segundo ele, mesmo com o tempo apertado – contexto comum ao de muitos professores -, é fundamental investir em formação continuada. “Sou muito disciplinado e consegui fazer várias qualificações”. Desafios da profissão à parte, o professor ainda assim acredita que essa é a única carreira que ele pode seguir. “Não me vejo fazendo outra coisa. Não posso ser outra coisa, sou o professor André Luiz, de biologia. É a questão da vocação que sustento até hoje. Mesmo diante de tantos problemas, ainda sonho em ver minha profissão valorizada pelo país. Através de nós, docentes, a sociedade alcança seus anseios profissionais. Enquanto eu tiver saúde, serei professor”, conclui.

  

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