Em meio às articulações para uma possível fusão entre o PTB e o DEM, o Portal LeiaJá conversou com o presidente estadual da legenda, ex-deputado federal José Chaves. Na entrevista, Chaves esclarece que o “quadro político” é visto com “dificuldades” pelos petebistas pernambucanos. Segundo ele, a negociação ainda está no começo e muitas águas ainda devem rolar debaixo da ponte que liga o PTB ao DEM.
Sobre as especulações de que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro (PTB), deixe a legenda caso a fusão aconteça, Chaves foi bem claro e lembrou a importância do senador licenciado para a agremiação. Ainda na conversa com o LeiaJá, José Chaves contou sobre as pretensões petebistas para as eleições de 2016 e avisou que o partido vai disputar a Prefeitura do Recife no próximo ano.
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Confira a entrevista na íntegra:
LeiaJá (LJ)– As direções nacionais do PTB e do DEM estudam uma possível fusão entre as legendas. Caso aconteça os democratas vão se abrigar no PTB. Como o senhor vê essa possibilidade?
José Chaves (JC) – Está tudo no início, mas há movimentações. Existem obstáculos e caminhos também. É uma discussão madura entre aqueles que fazem política. Tem estados com maior dificuldade outros não, mas acho que conversar é sempre positivo. Esse quadro político é complicadíssimo.
LJ - O PTB ganha com isso?
JC - Qualquer fusão entre partidos que têm identidade compatível é boa e positiva. No caso com o Democratas, temos que aprofundar um pouco. Tem secções como o Rio Grande do Sul e Pernambuco que a gente precisa aprofundar para que possamos avançar.
LJ - Caso esta mudança aconteça, o ministro Armando Monteiro tem ameaçado migrar para o PDT. Seria uma grande perda para a legenda?
JC - Uma das coisas mais desagradáveis dentro dos partidos são os chamados ‘donos de partido’ e Armando não tem essa visão. Ele tem feito uma discussão intensa nos últimos 10 anos para favorecer a legenda, por isso é preciso que a gente aprofunde qual o papel dessa nova agremiação (o DEM). Armando não quer ser a voz única do PTB, mas no momento certo vai colocar o seu ponto de vista. A secção de Pernambuco tem dificuldades quanto a essa fusão.
LJ - O deputado federal Mendonça Filho, um dos líderes nacionais do DEM, seria bem recebido no PTB com a fusão? O senhor acredita que há possibilidades dele disputar o Senado em 2018?
JC - Entendo que Mendonça cumpre o papel estabelecido pelo partido dele. Mas hoje trabalhamos e participamos do governo de Dilma. Nós enfrentamos essa grave crise que o país passa. Mendonça tem uma posição contrária. Ele é um crítico ferrenho; quer dizer, é a posição do partido dele. E essa coisa avançando, vamos com o devido respeito conversar e ver que caminho nós tomamos. É muito cedo para montarmos este cenário.
LJ - Falando no governo da presidente Dilma Rousseff (PT), o senhor pontuou a aliança do PTB de Pernambuco, mas a presidente nacional da legenda, a deputada Cristiane Brasil, afirmou que o PTB é contra os reajustes propostos pelo governo e questionou as promessas de recuperação da economia brasileira. Como o senhor avalia esse cenário nacional?
JC - O partido é feito pelos seus filiados, dentro dos filiados temos os parlamentares, que têm contato direto com o eleitor; ainda temos os diretórios, presidentes, secções regionais e estaduais. Cristiane é a presidente do partido, mas muitas vezes ela repercute os assuntos com a visão dela, o que nós respeitamos, mas não se soma a posição dos demais parlamentares. Por sermos um partido democrático, respeitamos as opiniões de Cristiane, mas também se julga no direito de divergir em alguns instantes. Neste caso do governo Dilma, por exemplo, nós do PTB de Pernambuco não estamos alinhados a ela.
LJ - Quais os planos do PTB de Pernambuco para 2016?
JC - Estamos muito animados e firmes, fazendo uma discussão interna. Perdemos a eleição estadual no ano passado, ficamos no campo da oposição. Estamos definindo os novos caminhos e como atuar no Recife, Região Metropolitana, Sertão, Zona da Mata e Agreste. Recebemos todos os dias muitas solicitações de novas filiações. Acredito que nós temos muito futuro e possibilidades de reorganizar o partido em 2015 para chegar forte em 2016 e disputar as eleições municipais.
LJ - A prefeitura do Recife está entre as que a legenda pretende disputar?
JC - Quem faz política em Pernambuco tem que olhar o seu maior eleitorado. O de Recife é o maior. Recife é a joia da coroa. Nós temos aliados e vamos discutir no momento oportuno o nosso caminho. Mas de uma coisa estejam certos: vamos participar do processo eleitoral o próximo ano no Recife e na Região Metropolitana.
LJ - Estão sendo preparados seminários ou encontros da legenda para conquistar novas filiações e preparar os candidatos?
JC - Ainda não temos datas, mas teremos encontros sim, em toda a região do estado. Estamos ampliando as filiações com a prioridade de disputar as eleições do próximo ano.
LJ - Nas eleições de 2014, alguns prefeitos petebistas apoiaram Paulo Câmara (PSB) e não Armando Monteiro (PTB). Eles terão algum tipo de punição?
JC - O PTB tem respeito às normas que regem o partido, estamos notificando, convocando para defesa e esclarecimentos. Aqueles que pertencendo ao partido e não votaram com Armando, que eles tomem outros rumos. Queremos que cada um tome a sua posição.