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Nasceram, nessa sexta-feira (18), no Hospital Universitário Júlio Müller, em Cuiabá, no Mato Grosso, os gêmeos siameses que dividiam um coração. Os recém-nascidos, no entanto, não resistiram e morreram 12 horas após o nascimento. As informações são do G1.

Os meninos foram reanimados e transferidos para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI), mas, logo após sofrer três paradas cardíacas, vieram a óbito. O hospital informou ao portal de notícias que os gêmeos morreram porque dividiam um único coração. Os bebês eram grudados do tórax ao abdômen.

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A mãe dos gêmeos, Arlete do Nascimento Pinheiro, de 22 anos, foi acompanhada pela equipe médica do Júlio Müller durante toda sua gestação. A mãe já havia ouvido dos médicos especialistas que não era possível fazer a cirurgia de separação. Após a perda dos filhos, ela passa bem e está se recuperando.

Um estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) identificou 68 casos de transferência de anticorpos do coronavírus da mãe para o filho durante a gestação. A pesquisa utilizou o teste do pezinho e testagem das mães para identificar os anticorpos e irá acompanhar as repercussões no desenvolvimento infantil dos recém-nascidos. Nenhuma das mães participantes do estudo havia sido vacinada para Covid-19.

Outros estudos também comprovaram a transmissão de anticorpos da mãe para o bebê durante a gestação, como o trabalho conduzido no Hospital Pennsylvania, na cidade de Philadelphia, onde das 83 grávidas que tinham testado positivo para infecções anteriores de Covid-19, sendo que 72 transmitiram o IgG via placenta para os bebês. Outro caso brasileiro de bebê que nasceu com anticorpos, mas proveniente da mãe imunizada pela vacina, ocorreu na cidade de Tubarão, em Santa Catarina.

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Os resultados preliminares da pesquisa mineira mostram que a maioria das mães que se infectaram pelo Sars-Cov-2 durante a gravidez podem passar anticorpos IgG (anticorpos de mais longa duração) para os bebês por meio da transferência placentária. Até agora foram testadas 506 mães e bebês nos cinco municípios mineiros participantes da pesquisa, Uberlândia, Contagem, Itabirito, Ipatinga e Nova Lima. O objetivo do estudo é chegar a 4 mil mães testadas.

Os casos serão acompanhados por dois anos, para avaliar a duração da imunidade adquirida pelo feto e se a infecção trouxe consequências para o desenvolvimento das crianças. Um grupo de controle, com mães e bebês com resultados negativos, também será acompanhado.

O resultado também pode auxiliar em pesquisas para uma futura vacinação de bebês. "A confirmação da passagem de anticorpos da mãe para o bebê durante a gravidez pode ajudar a planejar o momento ideal para vacinação dos bebês contra a covid. Em outras infecções, como no sarampo por exemplo, já se sabe que os anticorpos maternos reduzem a eficácia da vacina contra sarampo, e por isso ela é feita mais tardiamente", diz Cláudia Lindgren, a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG.

O governo do Amapá confirmou a morte de dois bebês, de 4 e 7 meses, por sarampo, as primeiras provocadas pela doença em menos 20 anos. Segundo a Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS-AP), os óbitos aconteceram entre março e abril, estavam sob investigação e a causa foi confirmada nesta sexta-feira, 14. Uma terceira suspeita foi descartada.

De acordo com a gestão Waldez Góes (PDT), a primeira morte, de uma menina de 7 meses, foi registrada no dia 28 de março, em Macapá. A criança não havia recebido vacina e começou a apresentar os primeiros sintomas da doença em 24 de fevereiro.

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"Este caso foi fechado pelo município como sendo de sarampo, no entanto, para melhor averiguação e confirmação do caso, o Laboratório Central do Amapá (Lacen) realizou testes e também enviou amostras para a Fiocruz", diz o governo do Amapá, em comunicado. "Ambos resultados confirmaram a causa da morte da criança como sendo sarampo."

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Macapá afirmou que a menina não tomou a dose zero do imunizante "porque durante a varredura vacinal que ocorreu no bairro onde ela morava, a mesma ainda não tinha os seis meses completos, que é um pré-requisito para iniciar o seu esquema vacinal".

O outro registro confirmado é de uma criança indígena, de 4 meses, no município de Pedra Branca do Amapari, na região central do Estado. Ela também não recebeu a vacina por estar "fora da faixa etária", segundo o governo. Já sua irmã gêmea, que também morreu, tinha o caso sob investigação, mas a hipótese de sarampo foi descartada pela SVS-AP.

"Eram duas irmãs gêmeas, sendo que uma faleceu no dia 19 de abril e a outra no dia 1 de maio", afirma o governo Góes. "As duas mortes estavam sob investigação, e o resultado foi que apenas a menina que faleceu no dia 19 de abril teve confirmação de sarampo. A irmã dela deu positivo para dengue como causa da morte."

Ainda de acordo com a gestão estadual, essas amostras também foram encaminhadas para análise da Fiocruz. "Os exames feitos lá confirmaram os resultados daqui", declarou o coordenador de Doenças Transmissíveis da SVS-AP, João Farias, segundo nota.

A gestão diz ter um plano de ação em conjunto com os municípios para enfrentar o surto de sarampo. "O Governo do Estado do Amapá em parceria com a Organização Panamericana das Américas (OPAS) executou, no início deste ano, uma ação de varredura vacinal alcançando mais de 50 mil pessoas com mais de 100 equipes visitando casas em sete municípios amapaenses na região metropolitana e áreas de fronteira", diz o comunicado. "No entanto, a cobertura vacinal ainda é considerada baixa."

O Amapá voltou a registrar o primeiro caso de sarampo em outubro de 2019, após 22 anos sem registro da doença, e desde então vive um surto. Só entre janeiro e maio, já foram notificados 320 casos -- número superior aos 297 registros confirmados ao longo de todo o ano passado.

"O sarampo é uma doença infecciosa grave, transmitida quando o doente tosse, fala, espirra ou respira próximo de outras pessoas", explica a SVS-AP. "A única forma de prevenção é por meio da vacina tríplice viral, que, aplicada em duas doses, protege contra sarampo, rubéola e caxumba."

Na última terça-feira, 11, a taxa de vacinação para a primeira dose no Estado era de 10,85%, segundo informações do Datasus. Já para a segunda dose, estava em de 4,66%.

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Antes da pandemia, uma gravidez era recebida com chá de bebê, festas, visitas à futura mamãe. Mas agora, com as restrições e distanciamento de pessoas para evitar o novo coronavírus, tudo isso teve que ser cancelado. Até mesmo o primeiro encontro com familiares teve que ser adiado.  Sem contar os problemas para conseguir vacinas ou consultas de rotina para as crianças. Esses são alguns dos relatos de mães que viram seus bebês chegarem ao mundo durante a pandemia.

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“Eu tinha medo de tudo, tinha medo de me infectar ou infectar minha filha, porque tava naquele pico e tinha muita gente morrendo. Eu pensava: como vou deixar uma filha tão pequena? Agora que a gente se conheceu. Fiquei tão apavorada que a gente não saía na rua”, contou a design de sobrancelhas Aline Oliveira, de 28 anos, mãe da Aurora Regina, 1 ano e 8 meses. “O que antigamente era medo dela cair, se machucar, virou medo de algo invisível, mas que tava levando muita gente.”

Essa também foi a preocupação da Adriene Furtado, 22 anos, que trabalha em shopping de Brasília. Segundo a atendente, o contato direto com clientes é perigoso para ela, mas principalmente para sua bebê de 6 meses, que também se chama Aurora. "Toda criança pequena é curiosa, quer colocar a mão em tudo e sempre leva a mão à boca. Em tempo de pandemia, é um risco, mas o meu medo maior é de eu transmitir para ela", afirmou.

Além do medo, a pandemia de covid-19 também impôs dificuldade para as duas mães conseguirem atendimento hospitalar para as crianças, pois muitos médicos tiveram que deixar seus postos para atender somente pacientes com a nova doença. "As consultas de rotinas foram cortadas por causa da covid. Já aconteceu de ter consulta marcada e, no dia, o médico estar na área da covid", disse Adriene.

Já Aline teve problemas até para conseguir a imunização da filha. "No posto, a maioria das vacinas foram canceladas e, depois, a agente de saúde veio em casa avisando que já podia levar as crianças, mas tinha que ter hora marcada", relatou a designer.

Rotina corrida

Atendendo on-line e presencialmente, a personal trainer Paula Lopes, 33 anos, contou que, apesar de ter pessoas que poderiam ajudá-la a cuidar da pequena Maytê, 2 meses, ela prefere restringir o contato devido ao risco sanitário. "A minha irmã não está vindo com frequência aqui em casa. O meu pai não pode vir. Isso pra mim é muito difícil porque a minha filha nasceu e eu não posso estar perto das pessoas que gostariam de estar aqui, de conhecer a Maytê", desabafou.

Para a personal trainer, um dos maiores obstáculos atuais é o acúmulo de várias atividades. "Meu desafio é lidar com essa rotina, tendo que conciliar com trabalho, cuidar da Maytê, cuidar da casa", disse.

Segundo a psicóloga Bárbara Sordi, esse tipo de situação tem sido comum entre as mães, que ficam sobrecarregadas de tarefas, pois além do trabalho "elas precisam dar conta da casa e de um novo bebê".

As creches fechadas e as mudanças no trabalho podem ser fatores estressantes para as mulheres, que não têm o apoio presencial da escola e não podem receber ajuda de familiares e amigos para evitar contato com o coronavírus, explicou Sordi. De acordo com a psicóloga, isso cria novas preocupações. "Com quem deixar essas crianças? Se precisarem largar o emprego, como alimentá-las? Como dar um sustento minimamente de qualidade para elas?", exemplificou.

Para a psicóloga, é importante entender que a pandemia de covid-19 é um momento inédito que vai causar mudanças na forma como todos se relacionam, inclusive mães e crianças. "É interessante que a gente olhe que um quadro de crise sanitária provoca sintomas psicossociais. Ele afeta a vida das pessoas e isso vai ter efeito nas mulheres, nas crianças etc., ressaltando que as mulheres são as mais sobrecarregadas nesse período", explicou.

Por Sarah Barbosa.

Ao menos nove bebês com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) aguardam por uma vaga de UTI no Hospital Barão de Lucena, na Zona Oeste do Recife. Além disso, há denúncia de que faltam materiais para intubação de pacientes com SRAG, respiradores e outros aparelhos, além de goteiras na ala vermelha da unidade de Saúde.

Médicos relataram à Folha de São Paulo que há duas semanas que os plantões estão sempre com bebês na lista de espera para a UTI. Alguns chegam a ficar até uma semana esperando por uma vaga e, com a demora para a transferência, o quadro das crianças vai se agravando, podendo evoluir para uma fadiga respiratória.

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Em resposta ao LeiaJá, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) afirmou que os plantões de emergência pediátrica foram reforçados em 75% para atender a demanda deste período. 

Além disso, garantiu que enquanto as crianças aguardam transferência para leito de UTI, os pacientes contam com a "devida assistência, com suporte ventilatório quando necessário e acompanhamento de equipe multiprofissional, inclusive com fisioterapeutas", disse.

A direção do hospital assegura que não há falta de kits para intubação nem insumos e medicamentos. Sobre a denúncia de goteira na área vermelha, o Barão de Lucena aponta que se trata de um gotejamento no sistema de refrigeração do setor. 

Por fim, a direção do HBL informa que, mensalmente, acolhe mais de 500 crianças em sua emergência e que muitos casos são de baixa complexidade, ou seja, deveriam receber a assistência nas unidades sob gestão municipal. Contudo, não nega atendimento, acolhendo e dando o devido encaminhamento para cada caso.

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-> Covid: PE tem recorde de casos desde o início da pandemia

A Polícia Civil de Goiás prendeu na segunda-feira (3) uma mulher de 28 anos, que não teve a identidade revelada, pelo crime de abandono de incapaz resultado em morte. A autuação aconteceu na Cidade Ocidental, nos limites do Distrito Federal, após a responsável abandonar seus dois filhos, gêmeos de 9 meses, em casa durante a noite e voltar somente na manhã do dia anterior.

Uma das crianças morreu, apesar da tentativa de socorro. As autoridades investigam se o menino foi vítima de maus-tratos, pois o corpo do bebê apresentou lesões.

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A priori, a progenitora tentou convencer os policiais de que o estado de saúde da criança falecida havia sido uma fatalidade. Ela pediu socorro aos policiais após notar que o filho não respirava mais e o gêmeo foi levado até uma unidade hospitalar local, à qual já chegou sem vida. Os agentes notaram contradições no depoimento da mulher e enviaram uma equipe até o local da residência para apurar os fatos e colher depoimentos.

Segundo testemunhas, a mãe saiu de casa por volta das 22h30 do dia anterior e só retornou às 10h30 do dia seguinte, quando já encontrou um dos filhos bastante roxo e sem respirar. No hospital, a médica responsável pelo atendimento solicitou que o corpo fosse encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), pelas lesões encontradas, que foram consideradas superficiais. A suspeita é de que a morte tenha sido por engasgamento.

A investigação continua para apurar a dinâmica dos fatos. A autora do crime encontra-se à disposição do Poder Judiciário local, após a prisão ter sido efetuada. Ainda de acordo com a Polícia Civil, a mãe já tinha sido denunciada duas vezes ao Conselho Tutelar do município. A primeira, em outubro de 2020, por não registrar os nomes dos filhos. A segunda, em abril deste ano, por condição insalubre na residência e por não alimentar as crianças.

Uma pesquisa realizada em Israel, entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, identificou dois anticorpos específicos no leite materno produzido por mais de 80 mulheres já vacinadas. O estudo, liderado por Sivan Haia Perl, do Shami Medical Center, foi publicado na revista científica americana The Journal of the American Medical Association (JAMA).

Ao todo, 84 mulheres participaram da pesquisa, realizada entre 23 de dezembro de 2020 e 15 de janeiro deste ano. Elas foram imunizadas com a vacina fabricada pela Pfizer-Biontech, respeitando o intervalo de 21 dias entre a primeira e segunda dose. 

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As amostras de leite materno foram colhidas antes e depois da administração da vacina. Após a aplicação do imunizante, os pesquisadores coletaram o leite materno semanalmente durante um período de seis semanas a partir do 14º dia após a primeira dose. Ao todo, foram colhidas 504 amostras de leite materno nas quais foram identificados os anticorpos IgA e o IgG, específicos contra o novo coronavírus. 

Dentre as amostras colhidas na primeira semana, 61,8% apresentaram anticorpos IgA. Após a segunda dose do imunizante, esse percentual subiu para 86,1%. Já o anticorpo IgG, permaneceu em níveis baixos durante as três primeiras semanas de testes, porém, com um aumento a partir da quarta semana, após a segunda dose da vacina. Entre as semanas cinco e seis, 97% das amostras de leite humano testadas apresentaram o anticorpo.

Os pesquisadores, no entanto, alegam que o estudo tem algumas limitações e não permite concluir que os bebês estão protegidos contra a Covid por terem recebido anticorpos no leite materno. A pesquisa foi publicada na revista científica americana The Journal of the American Medical Association (JAMA).

Ao menos 899 bebês com menos de 1 ano morreram ano passado no País vítimas de covid-19 - um dos maiores números do mundo nesta faixa etária. O dado consta do Painel de Excesso de Mortalidade no Brasil e foi divulgado pela organização de saúde Vital Strategies. Como bebês não são grupo de risco da doença, especialistas acreditam que a falta de protocolos de atendimento para grávidas e recém-nascidos e fragilidades do sistema de saúde explicam a elevada quantidade de óbitos.

"O número de mortes entre bebês é absurdo, um massacre", diz a epidemiologista Fátima Marinho, consultora da Vital Strategies e responsável pelo levantamento.

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"Não houve nenhum protocolo para atendimento de gestantes e recém-nascidos, não houve alerta para obstetras, pediatras, não se separou hospitais de referência para gestantes com covid-19, não houve nada para organizar e orientar os atendimentos", afirma.

"Teve casos de parto em gestantes intubadas na UTI." Assim como ocorre com a maior parte das vítimas adultas, o comprometimento dos pulmões causado pelo vírus leva os bebês à morte.

O número de bebês mortos no Brasil em decorrência do novo coronavírus é baixo quando comparado ao total de óbitos em outras faixas etárias. Já está estabelecido pela ciência que crianças são menos vulneráveis à covid, e os mais velhos estão entre os mais suscetíveis. O dado, porém, se destaca quando comparado aos da mesma faixa etária em outros países, revelando mortes que seriam evitáveis.

O número brasileiro é quase dez vezes o registrado, por exemplo, para o grupo de zero a 18 anos nos Estados Unidos, país com mais mortes pela covid (com cerca de 544 mil vítimas, ante quase 318 mil no Brasil).

Dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês), registram só 103 mortes pela doença naquela faixa etária (incluídos bebês) em 2020. O Brasil também apresenta excesso de internações de bebês (até 1 ano) pela covid. No ano passado, foram 11.996.

Estudo de julho da International Journal of Gynecology and Obstetrics já tinha mostrado que o total de grávidas mortas no Brasil por covid também era um dos mais altos do mundo. Das 160 mortes de gestantes em todo o mundo entre o início da pandemia e junho, 124 foram no Brasil. O 2.º lugar era dos EUA, com 16 óbitos.

Estrutura precária

Especialistas ouvidos pelo Estadão dizem que uma série de variáveis contribui para o quadro. A falta de pré-natal, a alta taxa de nascimentos de prematuros, a dificuldade de diagnóstico em crianças pequenas e vulnerabilidades socioeconômicas são algumas das causas apontadas. "O número (de bebês mortos) é chocante", afirmou a demógrafa Márcia Castro, coordenadora do Departamento de Saúde Global e População da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard (EUA). "Seria interessante saber o que aconteceu com as mães dessas crianças, porque já sabíamos que o número de grávidas infectadas no Brasil era alto."

Para o infectologista pediátrico Flávio Cczernocha, que integra o grupo técnico de imunizações da Sociedade de Pediatria do Rio, não há indício de que haja predisposição genética que pudesse levar à morte dos bebês. A assistência precária à gestante, à parturiente e ao recém-nascido explicam os números, segundo ele. "O número não chega a ser tão surpreendente assim", diz Cczernocha.

"Nossa assistência pré-natal é muito inadequada. A sífilis congênita é o que chamamos de sentinela da má assistência pré-natal. Porque é fácil de diagnosticar na grávida e de tratar. Para se ter ideia, o Brasil é um dos campeões mundiais de bebês nascidos com sífilis e o problema vem aumentando assustadoramente nos últimos anos; é uma calamidade pública."

A falta de pré-natal adequado leva também a mais partos de prematuros - bebês ainda mais vulneráveis a infecções em geral. E os sintomas de covid em bebês são diferentes dos apresentados por adultos, o que leva a subdiagnóstico. "Quanto mais novo o bebê, menos específicos os sintomas de qualquer doença. Vale para a covid também", diz o especialista. "Manifestações respiratórias comuns nos adultos com a doença não são tão frequentes nos bebês. Lesões na pele e diarreia são os sintomas mais comuns."

Gêmeos

A vida da estudante de Enfermagem Carla Vitória Pereira, de 22 anos, mudou em maio de 2020. Nessa época fez ultrassonografia de rotina para investigar a causa de ausência de menstruação. A surpresa veio quando o médico lhe disse que eram gêmeos. Sem planejamento, a gestação foi um choque para quem ainda tentava entender a pandemia. Resignada, Carla Vitória começou a preparar o enxoval das crianças - Benjamim e João Marcelo. Aos 7 meses de gravidez, porém, ela foi diagnosticada com o coronavírus, e, por complicações da doença, os bebês nasceram prematuros.

Dois dias depois de nascido, Benjamim não resistiu e morreu em decorrência da covid-19. "Foi um turbilhão de sensações", relembra Carla Vitória, que se recuperou da doença dias depois do parto. Em casa, estava tudo organizado para receber os gêmeos. "Enxoval igual para os dois e um quarto planejado para eles", conta a jovem, que divide sua vida entre estudo, trabalho e cuidados com João Marcelo, de 11 meses.

Para atenuar a saudade, Carla Vitória guarda sobre a cômoda do quarto do filho uma foto do bebê Benjamin tirada na UTI neonatal, em Maceió. Lá, ele lutou pela vida durante 48 horas.

Acre

Any Gabrielly Lima, de apenas 1 ano e 5 meses, morreu em Feijó (AC). De início, ela foi diagnosticada com anemia, mas um exame - cinco dias após o primeiro atendimento - mostrou que a criança tinha covid-19. "O médico colocou-a no oxigênio, porque ela estava muito fraca, cansada", conta a mãe, Maria da Conceição Pereira, de 25 anos. "Estamos muito abalados ainda", afirma a jovem. "A gente não achava que fosse covid porque ela não saía de casa comigo." Desde o início da pandemia, o Acre teve cinco mortes de bebês com menos de 1 ano por coronavírus. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mulheres que contraíram Covid-19 durante a gravidez foram capazes de passar os anticorpos adquiridos para os fetos, conferindo aos bebês proteção contra a doença. É o que mostra um estudo norte-americano publicado na sexta-feira (29) na revista Jama Pedriatrics. O trabalho, conduzido no Hospital Pennsylvania, na Filadélfia, observou que, de 83 grávidas que tinham testado positivo para infecções anteriores de Covid-19 (ou seja, elas apresentavam anticorpos para o coronavírus Sars-CoV-2), 72 conseguiram transmitir IgG (anticorpos de mais longa duração), via placenta, para os bebês. Também foram encontrados IgG no cordão umbilical.

Ao todo foram feitos testes de sorologia para a detecção de anticorpos em 1.471 grávidas que passaram pelo hospital entre 9 de abril e 8 de agosto do ano passado, com idade média de 32 anos.

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Entre elas, 83 tiveram resultado positivo para IgG e/ou IgM (que aparece alguns dias após a contaminação, quando já houve replicação viral considerável e o organismo começa a se defender) no momento do parto. O IgG aparece mais ao fim da infecção e tende a permanecer por um tempo mais longo no corpo, o que costuma ser relacionado à imunidade adquirida - apesar de isso ainda não ser uma garantia no caso da Covid-19.

Dos 11 bebês que não receberam anticorpos, cinco deles eram de mães em que foram detectados apenas o IgM e seis nasceram de mães com concentrações de IgG bem mais baixas do que as de outras mães cujos filhos apresentaram anticorpos.

A transferência dos anticorpos via placenta, nos demais casos, ocorreu tanto de mães que tinham sido assintomáticas quanto das que tiveram uma doença leve, moderada ou severa. E foi maior quanto mais tempo tinha se passado entre a contaminação e o parto.

Transmissão menor

Os pesquisadores, liderados por Dustin Flannery, do departamento neonatal do hospital, apontam que os resultados trazem algumas conclusões importantes. O fato de haver uma transmissão menor do IgM, que aparece em geral quando a pessoa ainda está doente, indica uma menor chance de a mãe passar a doença ao feto.

"Nossos resultados se alinham com as evidências atuais que sugerem que, embora a transmissão placentária e neonatal de Sars-CoV-2 possa ocorrer, tais eventos não são comuns. Não detectamos anticorpos IgM em nenhuma amostra de soro do cordão umbilical, mesmo em casos de doença materna crítica ou parto prematuro, apoiando que a transmissão materno-fetal da Sars-CoV-2 é rara", escrevem.

O estudo também traz pistas para possíveis encaminhamentos de grávidas para a vacinação e de cuidados no pós-natal. "Quando as vacinas estiverem amplamente disponíveis, o momento ideal para a vacinação materna durante a gravidez deverá levar em consideração fatores maternos e fetais, incluindo o tempo necessário para garantir a proteção neonatal", argumentam os pesquisadores.

Segundo o estudo, a maioria das mulheres soropositivas no estudo era assintomática (60%), com tempo incerto de exposição viral. "Entre o subgrupo de mulheres em nosso estudo cujo início da infecção pôde ser estimado pelos sintomas, todos os soros de cordão umbilical eram soropositivos se o teste de PCR (que detecta se a pessoa está doente naquele momento) materno tivesse ocorrido 17 dias ou mais antes do parto", dizem.

O estudo foi visto como boa notícia por outros pesquisadores. "O estudo de Flannery e colegas, junto e com observações semelhantes em relatos de infecção por Covid-19 durante a gravidez, tem implicações importantes. Especificamente para informar as estratégias de vacinação materna e infantil", escreveu a pesquisadora Flor Munoz, do Baylor College of Medicine, de Houston.

Os autores ponderam, no entanto, que os resultados ainda não permitem concluir se esses anticorpos presentes nos bebês serão suficientes para protegê-los. Ou seja, mais estudos serão necessários.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima que hoje (1º)  nasceram mais de 370 mil crianças em todo o planeta, metade delas em dez países, entre eles a Índia, China e Nigéria.

Segundo as previsões do Unicef, nasceram 371.504 bebês no primeiro dia de 2021, dos quais 60 mil na índia, cerca de 35.6 mil na China e mais de 21.4 mil na Nigéria.

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Além destes, 14.161 vieram ao mundo no Paquistão, 12.336 na Indonésia, 12.006 na Etiópia, 10.312 nos Estados Unidos da América, 9.455 no Egito, 9.236 em Bangladesh e 8.640 na República Democrática do Congo.

A organização prevê também que durante 2021 nascerão 140 milhões de crianças, que terão uma esperança média de vida de 84 anos.

"As crianças que nascem hoje chegam a um mundo muito diferente do que há um ano e um Ano-Novo traz novas oportunidades de ser reinventado", declarou a diretora executiva da Unicef, Henrietta Forre, que também recordou que em 2021 a organização cumprirá 75 anos de vida.

 

Miguel e Maria Eduarda foram os nomes masculino e feminino mais registrados nos cartórios do Brasil nos últimos dez anos, de acordo com levantamento divulgado nesta terça-feira (29) pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).

Entre 2010 e 2020, foram 321.644 bebês registrados com o nome Miguel, que também foi o preferido deste ano (27.371). Nessa mesma década, Maria Eduarda foi registrado 214.250 vezes. Em 2020, esse nome feminino composto ficou em nono (9.856).

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Arthur (287.886), Davi (248.066) e Gabriel (223.899) vêm a seguir de Miguel como os nomes mais registrados da década, numa lista única de nomes masculinos e femininos. Depois vem Maria Eduarda e Alice (193.788).

As listas de nomes masculinos e femininos mais registrados na última década confirma uma preferência do brasileiro por nomes simples para seus filhos. Dos dez primeiros, há apenas dois nomes compostos: Maria Eduarda, em quinto, e Pedro Henrique, em oitavo.

Confira abaixo as listas dos nomes de bebês mais registrados no Brasil neste ano e na última década:

10 nomes mais frequentes entre 2010 e 2020

Miguel - 321.644

Arthur - 287.886

Davi - 248.066

Gabriel - 223.899

Maria Eduarda - 214.250

Alice - 193.788

Heitor - 154.237

Pedro Henrique - 154.232

Laura - 153.557

Sophia - 147.579

10 nomes masculinos mais frequentes entre 2010 e 2020

Miguel - 321.644

Arthur - 287.886

Davi - 248.066

Gabriel - 223.899

Heitor - 154.237

Pedro Henrique - 154.232

Bernardo - 143.046

Samuel - 140.695

Lucas - 140.683

Guilherme - 131.634

10 nomes femininos mais frequentes entre 2010 e 2020

Maria Eduarda - 214.250

Alice - 193.788

Laura - 153.557

Sophia - 147.579

Maria Clara - 140.043

Julia - 138.675

Helena - 132.342

Valentina - 125.813

Ana Clara - 121.920

Ana Julia - 110.123

10 nomes mais frequentes em 2020

Miguel - 27.371

Arthur - 26.459

Heitor - 23.322

Helena - 22.166

Alice - 20.118

Theo - 18.674

Davi - 18.623

Laura - 17.572

Gabriel - 17.096

Gael - 16.667

10 nomes masculinos mais frequentes em 2020

Miguel - 27.371

Arthur - 26.459

Heitor - 23.322

Theo - 18.674

Davi - 18.623

Gabriel - 17.096

Gael - 16.667

Bernardo - 16.558

Samuel - 14.069

João Miguel - 12.746

10 nomes femininos mais frequentes em 2020

Helena - 22.166

Alice - 20.118

Laura - 17.572

Valentina - 12.653

Heloisa - 12.077

Maria Clara - 10.121

Sophia - 10.044

Maria Julia - 10.023

Maria Eduarda - 9.856

Lorena - 9.414

O BabyCenter Brasil finalizou o tradicional ranking de nomes de bebê, a partir de um levantamento dos nomes próprios que estão sendo mais usados atualmente, feito com base em cerca de 350 mil cadastros na plataforma digital gratuita de bebês nascidos ao longo de 2020. Há 10 anos, Miguel é o nome de menino preferido das famílias brasileiras. Para meninas, o nome mais escolhido em 2018, 2019 e 2020 foi Helena.

A plataforma BabyCenter inclui dados do próprio site, do aplicativo grátis Minha Gravidez e Meu Bebê Hoje, que acompanham a gravidez e o desenvolvimento do bebê até um ano. O ranking 2020 foi elaborado a partir do cadastro dos cerca de 350 mil bebês nascidos em 2020 na plataforma. No Brasil, nascem cerca de três milhões de bebês por ano.

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Totais de Nascimentos em 2020:

- Meninos: 170.112

- Meninas: 176.637

- Total: 346.749

Nomes que mais subiram:

- Meninos: Ravi, José, Matteo, Otto, Josué, Oliver, Theodoro, Levi e Gael

- Novos no top 100: Rael, Dante, Thales, José Miguel, Estevão e Ruan

- Meninas: Maria Liz, Aurora, Ayla, Ana, Luna, Louise e Melina

- Novos no top 100: Hadassa, Jade, Fernanda

Nomes que mais caíram:

- Meninos: Ícaro, Enzo, Luiz Felipe, Valentim, Enzo Gabriel, Arthur Miguel, Rodrigo e Martin

- Saíram do top 100: Davi Luiz, Vitor Hugo, Lucas Gabriel, Bruno, Pedro Miguel, Hugo

- Meninas: Pérola, Ana Júlia, Ana Clara, Ana Luísa, Maria Valentina, Isabelly, Ana Lívia, Gabrielly

- Saíram do top 100: Amanda, Isabel e Ana Sophia.

A Corvia, organização não-governamental (ONG) de Bruxelas, capital da Bélgica, ganhou o direito de instalar caixas de correio para recolher crianças abandonadas. A decisão judicial veio após três anos, tempo que a instituição recorreu aos tribunais para oferecer abrigo aos bebês deixados ao relento após nascidos.

Segundo reportagem da revista colombiana Semana, as caixas são em formato de berço e são equipadas com sistema de aquecimento. De acordo com a publicação, assim que o bebê é deixado no local, um alerta é enviado para que funcionários da ONG o recolham sem ter contato com as mães ou responsáveis biológicos das crianças. Embora o sistema permita que os pais se identifiquem, a iniciativa de deixá-los no anonimato requer que não haja punição judicial aos familiares.

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Para a ONG Corvia, além da vitória na justiça belga representar a possibilidade de amparar as crianças, a instalação das caixas vai contribuir para que índices de abandono nas ruas do país europeu diminuam. Países como Áustria e Estados Unidos têm localidades em que os compartimentos são distribuídos no mesmo formato do recém-aplicado na Bélgica. 

Gêmeas recém-nascidas morreram após serem atacadas pelo cachorro da família na tarde dessa terça-feira (23), no município de Piripá, na Bahia. Anne e Analú tinham apenas 26 dias de vida e chegaram a ser socorridas por uma técnica de enfermagem, mas não resistiram aos ferimentos.

A mãe, identificada como Elaine, teria ouvido o barulho e correu para socorrer as filhas. Ela conseguiu conter o cachorro e chamar uma amiga da área de saúde para realizar os primeiros socorros, segundo o G1.

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As bebês foram encaminhadas para o Hospital Municipal Maria Pedreira Barbosa, porém o médico plantonista informou que uma delas já chegou sem vida, enquanto a outra apresentava estado grave. Os procedimentos para tentar salvar a menina foram realizados, no entanto, sem sucesso.

Embora tenha sido apontada como negligente, a mãe das crianças foi defendida pelo profissional, que também foi responsável pelo acompanhamento pré-natal durante a gestação. O médico ressaltou que Elaine sempre foi muito cuidadosa enquanto estava grávida e após o nascimento das filhas.

O enterro das gêmeas ocorreu ainda no fim da tarde, no cemitério da Saudade Dois. A Prefeitura de Piripá emitiu nota de pesar pelo falecimento. Confira:

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Prática já adotada pela população de países asiáticos para se proteger de doenças respiratórias transmitidas principalmente no inverno, o uso de máscaras se mostrou um instrumento eficaz na prevenção ao novo coronavírus. Mas dependendo da faixa etária da criança e da condição clínica, o uso deve ser evitado. Especialistas lembram que para quem tem idade inferior a 2 anos, o uso da máscara facial pode dificultar a respiração e até aumentar o risco de asfixia.

A Associação Pediátrica do Japão fez um apelo aos pais sobre esse perigo em um momento de reabertura da economia no país. O Centro para Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos e a Academia Americana de Pediatria também já emitiram notas similares. O brasileiro Paulo Henrique Martinez, de 36 anos, que mora no Japão há 30 anos, observa que menores de 2 anos não estão usando máscaras no país por causa da recomendação pediátrica. "Apenas acima dessa idade usam e obrigatoriamente em escolas e hospitais".

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Sua amiga, a japonesa Akira Suzuki, de 27 anos, é mãe da Yua, de 6. Para a filha que está na primeira série, é mais fácil explicar sobre a doença. "Com a retomada das aulas, o uso de máscara será obrigatório mesmo dentro da sala de aula. Mas com essa idade, as crianças já entendem bem e sabem usar corretamente".

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) concordam com os médicos japoneses sobre a importância de orientar sobre os riscos aos menores de 2 anos e também crianças com doenças pulmonares e portadores de distúrbios neurológicos.

"O sufocamento é o principal risco. Não somente em crianças menores de 2 anos, mas crianças com doenças pulmonares, como asmáticos em crise, ou com distúrbios neurológicos não devem usar máscaras. No último caso, independentemente da idade o uso não é recomendado. A máscara deve ser evitada por aqueles que não conseguem manejar, ou seja, tirar a própria máscara do rosto", afirma o infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP.

"Não temos dados de segurança sobre o uso de máscaras em crianças menores de 2 anos. Existe o risco de sufocamento, principalmente em crianças com quadro respiratório. Você colocar a máscara pode piorar o desconforto respiratório e colocá-la em risco", afirma o pediatra e infectologista Marco Aurélio Safadi, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade de Pediatria da SPSP.

Durante consultas online também chegam muitas dúvidas sobre o uso correto de máscaras em crianças. "Os pais de bebês ficam muito preocupados. Orientamos o uso para maiores de 2 anos de idade e a higienização correta das mãos. As crianças menores não tem autonomia com relação ao controle do uso da máscara. Além disso, como babam muito, elas podem molhar a máscara e perder a efetividade contra a doença", acrescenta Rafael Placeres, pediatra da clínica de atenção integral à saúde da Central Nacional Unimed (CNU).

O recomendado é ficar em casa, mas caso precise sair com menores de 2 anos, deve-se manter distância de um metro e meio de outras pessoas e lavar as mãos com frequência, medidas de higienização que devem ser redobradas nessas situações. "No caso de crianças menores de 2 anos, precisam ser levadas no colo. Quando retornar da rua, todas as roupas precisam ser retiradas e colocadas para lavar", orienta Placeres.

"As máscaras são necessárias a todos, mas com certeza com as crianças pequenas temos de ter mais atenção. Estamos cumprindo a quarentena em casa, mas tivemos que sair recentemente. Percebi que minha filha de 1 ano e 11 meses estava com dificuldade para respirar com a máscara de algodão", constatou o gestor de Facilities Fábio Araújo, pai da Sofia.

A partir dos 2 anos, a criança já começa a ter mais autonomia e fica mais fácil explicar a forma correta de usar a máscara. Mesmo assim, no início desse processo é preciso ter supervisão. "As crianças se adaptam bem. Vão levar a mão ao rosto. Tudo é hábito e treino. No 'novo normal' vamos conviver com uso de máscara por muito tempo até tudo ser realmente normalizado. Quanto maior a idade da criança, mais fácil a adaptação para o uso correto", orienta Kfouri.

No Japão há mais de 20 anos, a brasileira Kalisa Kinoshita, de 34, diz que as próprias escolas enviaram um passo a passo para ensinar as crianças a produzirem as próprias máscaras. Sua filha Sarah, de 10, e a enteada de seu pai Hitomi, de 11, aproveitaram uma máquina de costura que ela tinha em casa para confeccionar máscaras com tecidos de personagens infantis. "As meninas aprenderam a fazer máscaras, pois não encontrávamos mais para comprar. Elas amaram", diz Kalisa.

Com bastante cautela, a situação está sendo normalizada no Japão. Depois de três meses suspensas, as aulas de Hitomi, Sarah e do irmão, Josué, de 5, serão retomadas na próxima segunda-feira, 1º. "Já fomos avisados que o uso de máscaras na escola será obrigatório. Na rua é opcional, mas os japoneses usam porque são muito obedientes. Como no Japão já é um costume usar máscara no inverno, as crianças também não se incomodam", completou Kalisa.

No Brasil, as crianças tiveram mais dificuldade em aceitar o uso. Algumas relataram que a máscara aperta as orelhas e dificulta para respirar e enxergar, mas começaram a entender que é preciso se proteger para não ficar doente. Aos poucos, foram se adaptando. "Muitas crianças entre 3 e 5 anos nos surpreenderam e começaram a entender melhor a necessidade de usar máscaras", diz Safadi.

"A gente não tem saído muito de casa. Mas quando precisamos circular pelo prédio ou retirar comida na portaria, ela vai junto, mas não aceita muito bem. Reclama que não dá para enxergar direito. A gente procura explicar para ela o que é o coronavírus, que a máscara vai mantê-la segura. Falando desta forma, usando coisas mais lúdicas, como uma brincadeira acaba aceitando", afirma a publicitária Kátia Oliveira, mãe da Laura, de 3 anos.

Para incentivar a criança, vale a criatividade. "Máscaras com personagens têm ajudado bastante e quando elas olham outras pessoas usando, entendem que se tornou uma prática do dia a dia. Existe a dificuldade, mas estão se adaptando. É importante usar máscara que seja bem acomodada ao rosto da criança", reforça o pediatra e infectologista. As máscaras cirúrgicas feitas para adultos não devem ser usadas, o ideal é adquirir máscaras caseiras (feitas de algodão em duas camadas) que podem ser melhor acomodadas aos rostos infantis.

Desta forma, os pequenos acabam aceitando melhor. "Eu gosto de usar máscara. Tem que usar por causa do vírus", disse Gabriel Xavier, de 4 anos, que apenas sai de casa com a mãe Cristiana Helena, de 28 anos, eventualmente para ir ao supermercado ou farmácia.

Com a retomada da rotina, o ensinamento de compartilhar objetos entre crianças tão estimulado por adultos dará vez ainda a uma nova realidade. "É preciso explicar que a máscara não deve ser compartilhada entre as crianças, nem mesmo entre irmãos, para a segurança delas", aconselha o presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade de Pediatria da SPSP.

Além de orientação com relação ao uso, a higienização precisa ser mantida. Se a criança usar a máscara por mais de quatro horas, deve ser trocada por outra limpa. Pode ser trocada antes, caso esteja suja ou molhada. Após uso, deve ser lavada com água e sabão. Alguns especialistas recomendam que a máscara de tecido seja colocada de molho em água sanitária (10 ml para meio litro de água) por meia hora antes da lavagem.

A bebê Laila Vitória fez 3 meses dia 28 com a mãe do outro lado do tablet. Nascida com um problema no intestino, a menina está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e já fez cinco cirurgias. Desde o começo de abril, a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, em Fortaleza, reduziu as visitas por causa da pandemia e passou a fazer vídeo chamadas com as mães. O hospital, que faz parte da Universidade Federal do Ceará, afirma que entende a importância do contato, mas que o melhor para a saúde dos internados era diminuir o fluxo de pessoas nas UTIs.

"As mães não são proibidas de visitar, mas muitas são do interior do Estado e têm dificuldade porque os carros das prefeituras que as traziam para o hospital foram suspensos", diz Socorro Leonácio, psicóloga da maternidade. Segundo ela, já há mães que testaram positivo e é grande o risco de infecção dos bebês.

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O Método Canguru, política incentivada pelo Ministério da Saúde, preconiza que mãe e bebê internado na UTI fiquem a maior do tempo juntos para favorecer o vínculo, reduzir o risco de infecção hospitalar, o estresse e a dor do recém-nascido, entre outros benefícios.

A mãe de Laila, a costureira Vanessa Costa, diz que entende a restrição porque teme que a filha se contamine. "Será que todas as mães teriam a consciência de não ir visitar se tivessem com sintomas?" Antes da pandemia, ela visitava a bebê todos os dias. "A chamada ameniza a dor." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Eles nasceram sem direito à visita da família. Sequer conheceram avós, tios, primos. Outros não puderam ter nem seus pais por perto nos exames pré-natal. Ou, pior, quando suas mães entraram em trabalho de parto ou se recuperavam após seu nascimento. Alguns tiveram que permanecer na UTI e precisam agora ver as mães por teleconferência. São os bebês da quarentena. Eles estão nascendo quando o mundo já não é mais o mesmo - e medidas de isolamento são impostas pela pandemia de coronavírus.

"Tenho momentos de desespero, a vida está passando, não tem volta e ninguém conheceu ele com dias de vida", diz a farmacêutica Camila Campos, de 35 anos, mãe de Benício. Ele nasceu em 26 de março, no início do período de quarentena em São Paulo, com visitas proibidas pelas maternidades. Só a mãe de Camila viu o bebê nos primeiros dez dias porque se mudou para a casa da filha um tempo antes e se isolaram juntas. Mas depois foi embora e nunca mais voltou. Nem ninguém.

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O mesmo acontece na casa da arquiteta Daniela Sodré, de 28 anos, que havia preparado lembrancinhas, enfeite de porta, fotógrafo, vídeo, tudo para quando Enrico chegasse. O bebê nasceu dia 23 de março e só foi visto pela família por uma vídeo conferência no celular, logo após o parto. "Minha mãe tinha tirado férias para me ajudar e não pode vir aqui porque mora com a minha avó. Nada do que eu tinha imaginado aconteceu."

É como se fosse um isolamento dentro do isolamento, explica a psicóloga especializada em saúde da mulher Daniela Andretto. Isso porque os pais já têm a liberdade tolhida após ter um bebê, não podem sair muito, dormem pouco, têm novas e difíceis funções. "É quase uma tensão constante e o isolamento potencializa algo que já é fora do habitual. A mulher pode entrar em estado de esgotamento físico e emocional", explica.

E as visitas não são apenas capricho. A ajuda da mãe, por exemplo, é um apoio prático e emocional para a mulher que acaba também de se tornar mãe. A psicóloga afirma ainda que mostrar o bebê para a sociedade ajuda a fortalecer esse papel. "Ouvir como ele é lindo e fofo para uma mãe que não dormiu a noite toda é muito bom. Ela fica com peito estufado e vê que o que está fazendo está dando certo, está valendo a pena."

Grupo de risco

As puérperas, mulheres que acabaram de ter filhos, e as grávidas foram declaradas como grupo de risco para o coronavírus pelo Ministério da Saúde no Brasil apenas em abril. Apesar de não haver pesquisas conclusivas, casos de morte de gestantes e bebês chamaram a atenção dos médicos.

Elas podem ter a imunidade e o sistema respiratório comprometidos principalmente no último trimestre da gravidez e logo após o parto. Foi recomendado então que as grávidas só saíssem de casa para os exames e consultas do pré-natal, e as puérperas, para ir ao pediatra.

A publicitária Larissa Leal, de 35 anos, e grávida de 36 semanas de Pietro, está indignada porque o hospital onde teria seu filho não permite a entrada do marido em todo o procedimento do parto, apenas no momento de expulsão do bebê. "É quando estamos mais vulneráveis emocionalmente e quem poderia me dar mais apoio não vai estar presente o tempo todo."

Uma nota técnica do Ministério da Saúde, de 13 de abril, diz que o acompanhante escolhido pela mulher pode permanecer durante o trabalho de parto e o parto depois de ser testado para a covid-19. Mesmo se o resultado der positivo, mas ele estiver assintomático e for do convívio diário da mulher, não deve ser proibido de participar desde que use proteção. Apenas se tiver sintomas, não poderá entrar. A permanência do acompanhante no pós parto no hospital é recomendada pela nota apenas "onde há instabilidade clínica da mulher ou condições específicas do recém-nascido".

Procurada pela reportagem, a prefeitura de São Caetano do Sul, que administra o hospital onde Larissa pretende dar à luz, informou que há "uma orientação e não uma proibição" de que as gestantes e seus familiares não permanecerem juntos durante o trabalho de parto "para evitar aglomeração".

Na França, a brasileira Aline Alves Bouley, de 37 anos, deparou-se com regras até mais rígidas. Grávida do primeiro filho e sem ter a família por perto porque as fronteiras estão fechadas, seu marido sequer pode entrar no hospital quando faz exames de ultrassom. Semana passada, Aline teve um sangramento e ficou internada dois dias sozinha.

O pai também só deve ser autorizado a entrar na sala de parto no momento em que o bebê estiver nascendo. "Estou com medo, vou ficar sozinha, não tenho para quem perguntar nada, não é minha língua", diz Aline. A bebê Ana Rose é esperada para nascer em junho.

Pesquisas mostram que a presença de um acompanhante aumenta a satisfação da mulher e diminui os riscos de o bebê não nascer saudável. "Mesmo no pós-parto, o acompanhante dá um apoio grande, a gestante precisa tomar banho e de ajuda", diz a ginecologista e professora da Universidade Federal de Campina Grande, Melania Amorim.

"Enfermeiras estavam mascaradas, falando de longe comigo, não tem acolhimento", conta a nutricionista Lucrécia Delfiori, de 34 anos, sobre o parto de Lara, em 12 de abril.

Fazendo o caderno de recordações da filha, ela reflete sobre como vai contar a ela sobre o ano em que nasceu. "Filho, o mundo estava de cabeça para baixo", completa Camila. No entanto, a farmacêutica e outras novas mães da quarentena - que têm um companheiro - apontam algo positivo: a presença constante do pai do bebê em casa. "Se não tivesse o coronavírus, ele já estaria trabalhando, agora o vínculo familiar tem se fortalecido muito", diz. "Estamos muito conectados. Somos só nós três", concorda Daniela.

'Crianças crescerão mais conscientes'

A psicóloga Daniela Andretto diz que para amenizar os efeitos do isolamento as mulheres devem se engajar em grupos de apoio online, fazer lives com família e amigos e até escrever um diário para depois contar ao filho sobre o momento que vivemos.

Ela também acredita que os bebês vão crescer com noção maior de coletividade por tudo que os pais estão passando, já que fica claro o quanto nossas ações podem afetar os outros. E ainda há a reflexão de que talvez precisemos de menos do que achávamos que precisávamos, do ponto de vista material, completa. "Ter um filho em época de pandemia e isolamento pode ajudar a criar crianças mais conscientes do coletivo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em terceiro lugar no País em números de casos confirmados do novo coronavírus, o Ceará registrou até o momento 65 bebês infectados por covid-19. No Estado, um recém-nascido de três meses morreu por causa da doença no início deste mês.

Segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), o Ceará notificou 28 casos de meninos e 37 de meninas, de até um ano de idade, com covid-19. No último balanço do Ministério da Saúde, o Estado aparece com o total de 7.267 ocorrências confirmadas do novo coronavírus, atrás apenas de São Paulo (26.158) e do Rio (8.869).

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Ainda de acordo com os indicadores da Sesa, foram confirmados 116 diagnósticos da doença entre crianças de zero a quatro anos - número que engloba os recém-nascidos. Já na faixa entre cinco e nove anos, há mais 34 casos. E mais 33 registros, entre dez e 14 anos.

Na primeira semana de abril, uma menina de três meses morreu em Iguatu, cidade a 380 quilômetros de Fortaleza, após apresentar sintomas semelhantes à gripe e evoluir para insuficiência respiratória. Portadora de Síndrome de Bartter, a recém-nascida foi internada no dia 30 de março e testou positivo para covid-19.

Nesta quinta-feira, 30, dados do governo do Ceará confirmam que já foram registrados 7.532 diagnósticos e 458 mortes por coronavírus. Considerando os óbitos, 74% das vítimas tinham acima de 60 anos.

Um recém-nascido foi diagnosticado com o novo coronavírus no Hospital e Maternidade Santa Joana, na cidade de São Paulo. Ele permanece isolado na UTI Neonatal exclusiva, sem proximidade com pacientes. O quadro é estável.

Inicialmente, o bebê apresentou um problema gastrointestinal, sintoma menos recorrente da doença causada pela covid-19. Os sintomas mais comuns são tosse seca, febre e dificuldade para respirar. Antes de ser diagnosticado, o recém-nascido dividia o mesmo ambiente com outros três bebês. Um deles também testou positivo para o coronavírus, mas, como estava assintomático, recebeu alta no sábado.

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O Hospital Santa Joana disse que os casos de coronavírus identificados na instituição estão "dentro da expectativa", por ser uma maternidade de grande porte e ter estrutura para atender gestantes com casos de alta complexidade. O Santa Joana registrou também a entrada de uma paciente com 32 semanas de gestação e quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), e, por isso, houve necessidade de antecipar o parto. O feto, porém, não sobreviveu, em consequência da gravidade do quadro de saúde materno. Outras gestantes que passaram pela maternidade e testaram positivo para o coronavírus estão em isolamento domiciliar, segundo o hospital, por apresentar quadro leve da doença e se recuperam "dentro do esperado".

Ceará

Uma bebê de 3 meses de idade diagnosticada com o novo coronavírus morreu na sexta-feira, no Ceará. A criança apresentava sintomas semelhantes à gripe e deu entrada em um hospital em Iguatu, a 380 km de Fortaleza, onde morreu em decorrência de complicações como pneumonia.

Os primeiros sintomas da bebê surgiram no dia 5 de março. No dia 11, a família viajou para Fortaleza para levá-la ao Hospital Albert Sabin, onde fazia acompanhamento médico por ser portadora da Síndrome de Bartter. A suspeita é que a criança tenha se contaminado com o vírus na viagem para Fortaleza. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A segunda-feira (6) começou com uma boa notícia em meio ao avanço do novo coronavírus em São Paulo. Cinco bebês internados na pediatria do hospital da Unicamp, em Campinas, cidade do interior do Estado, que na semana passada eram suspeitas de terem contraído a covid-19, testaram "negativo" para a doença. Dois deles seguem na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e três foram para a enfermaria.

O resultado dos exames mostra que as cinco crianças, todas com idade abaixo de dois anos, entre elas duas que necessitavam de ventilação mecânica na UTI, não têm a doença. A notícia foi recebida com alívio pela equipe médica chefiada pelo emergencista pediátrico Fernando Belluomini.

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Na semana passada, Belluomini relatou ao jornal O Estado de S. Paulo a preocupação da equipe em razão de suspeita de contaminação das crianças hospitalizadas. A pediatria da Unicamp tem uma UTI com 20 leitos, onde estavam as crianças e bebês, e uma enfermaria, com cerca de 30 leitos.

"Daqueles cinco, três já tiveram alta para a enfermaria. Outros dois continuam na UTI porque ainda têm insuficiência respiratória grave, um deles em ventilação mecânica", informou o chefe da unidade. O critério médico é o grau de dificuldade que os bebês têm para respirar. "Se é mais leve, fica na enfermaria no oxigênio; se é mais grave, vai para a UTI", explicou Belluomini.

Na enfermaria da pediatria da Unicamp, segundo o especialista, havia ainda outras dez crianças internadas aguardando resultados para exames da covid-19. "Já soube que quatro desses da enfermaria também já tiveram exames negativos", disse o médico. "Do ponto de vista prático, não isolamos ainda nenhuma criança com coronavírus", afirmou.

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